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CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

DOCUMENTO ELABORADO PARA SUBSIDIAR A OFICINA DE


PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE
MANEJO DO MONUMENTO NATURAL ESTADUAL SERRA DA PIEDADE

ELABORAÇÃO

Associação de Desenvolvimento Integral/Arquidiocese de Belo Horizonte

Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais

Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

APOIO

Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte

Recanto Monsenhor Domingos

Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço

VIABILIZAÇÃO

Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

JULHO DE 2019
Caracterização Ambiental – Oficina de Planejamento Participativo
Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

EQUIPE TÉCNICA

Associação de Desenvolvimento Integral (ADERI)

Prof. Miguel Ângelo Andrade (Coordenador)


Prof.ª Virgínia Simão Abuhid
Prof. André Rocha Franco (Coordenador Técnico)
Andressa Vitoria Miranda
Clarissa Lima Batista de Souza
João Vitor Lopes Ramos
Marcela Carreiro Alves
Valter Pinto Vieira Júnior

Equipe de Consultores

Thiago Mansur (Coordenador Técnico)


Alecir Moreira – Meio Físico
Benito Drummond – Estudos de Uso Público
Carlos Hubner – Cartografia e Geoprocessamento
Luciano Emerich Faria – Espeleologia
Luciano José Alvarenga – Estudos Geojurídicos
Marcelo Ferreira de Vasconcelos – História Natural

Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF/MG)


André Portugal Santana (Gestor do Monumento Natural Estadual Serra da
Piedade)
Helen Duarte Faria
Infaide Patrícia do Espírito Santo
Patrícia Ferreira de Souza Costa

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 10

2 PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DESTE DOCUMENTO ..................................... 14

2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 14


2.2 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................................... 16
2.3 MONTAGEM DE BANCO DE DADOS CARTOGRÁFICOS ......................................................... 18
2.4 ELABORAÇÃO DE DIAGNÓSTICO DE UNIDADES DE PAISAGEM ................................................ 18
2.5 DIAGNÓSTICO DE FATORES DE POTENCIAL INFLUÊNCIA ........................................................ 19

3 RESULTADOS .................................................................................................................. 20

3.1 UNIDADES DE PAISAGEM ................................................................................................. 23


3.1.1 UP CRISTA.................................................................................................................. 26
3.1.1.1 Subunidade Serra da Piedade .......................................................................... 30
3.1.1.2 Subunidade Serra do Descoberto ..................................................................... 32
3.1.1.3 Subunidade Estruturas de Mineração ............................................................... 33
3.1.2 UP VERTENTE SUL ........................................................................................................ 35
3.1.2.1 Subunidade Baú / Paneleiro .............................................................................. 37
3.1.2.2 Subunidade Ribeirão Sabará ............................................................................. 39
3.1.3 UP VERTENTE NORTE .................................................................................................... 40
3.1.3.1 Subunidade Brumado / Machados .................................................................. 44
3.1.3.2 Subunidade Peixe / Fazendinha ........................................................................ 45
3.1.3.3 Subunidade Córrego Formiga ........................................................................... 46
3.1.4 UP COLINAS............................................................................................................... 47
3.2 COBERTURA DO SOLO E UPS DO MONAESP ..................................................................... 51
3.3 FATORES DE INFLUÊNCIA SOBRE O TERRITÓRIO ..................................................................... 53
3.3.1 FORTALEZAS ................................................................................................................ 55
3.3.1.1 Paisagem ............................................................................................................. 55
3.3.1.2 Sinergia com o turismo regional ........................................................................ 55
3.3.1.3 Análise turística da área de estudo .................................................................. 62
3.3.1.3.1 Turismo religioso ................................................................................................ 62
3.3.1.3.2 Ecoturismo ........................................................................................................ 63
3.3.1.3.3 Meios de hospedagem ................................................................................... 64
3.3.1.4 Infraestrutura de uso público existente e Planejamento Futuro ..................... 73
3.3.1.5 Restrições para ocupação ................................................................................ 74
3.3.1.6 Patrimônio espeleológico .................................................................................. 77
3.3.1.6.1 Potencial espeleológico.................................................................................. 80
3.3.1.7 Fornecimento de recursos hídricos .................................................................... 84
3.3.1.8 Biodiversidade ..................................................................................................... 88

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3.3.1.8.1 Diversidade de paisagem ............................................................................... 88


3.3.1.8.2 Ecossistemas raros e diversidade de paisagem ............................................ 92
3.3.1.8.3 Espécies da biota de interesse para conservação ...................................... 96
3.3.1.8.4 Vegetação legalmente protegida ................................................................ 99
3.3.1.9 Referências históricas ....................................................................................... 104
3.3.1.10 Organizações e infraestrutura de suporte à proteção do monumento .... 110
3.3.2 OPORTUNIDADES....................................................................................................... 111
3.3.2.1 Sinergia e planejamento integrado ................................................................ 111
3.3.2.2 Medidas compensatórias planejadas ............................................................ 112
3.3.2.3 Potencialização turística .................................................................................. 112
3.3.2.4 Proposta de uso público futuro - PID ............................................................... 113
3.3.2.5 Pesquisas científicas .......................................................................................... 128
3.3.2.6 Apoio e educação ambiental para os proprietários .................................... 129
3.3.3 FRAQUEZAS .............................................................................................................. 130
3.3.3.1 Interesse minerário ............................................................................................ 130
3.3.3.2 Baixa resiliência do ecossistema...................................................................... 133
3.3.3.2.1 Vulnerabilidade Ambiental ........................................................................... 133
3.3.3.2.2 Susceptibilidade à queimadas ..................................................................... 137
3.3.3.3 Tipos de Superficiários ....................................................................................... 139
3.3.4 AMEAÇAS ................................................................................................................ 141
3.3.4.1 Alterações na paisagem do entorno pela mineração ................................. 141
3.3.4.2 Adequações na infraestrutura existente ........................................................ 142
3.3.4.3 Expansão urbana desordenada ..................................................................... 143
3.3.4.4 Caça, captura de animais e coleta de plantas raras .................................. 144
3.3.4.5 Abandono de animais domésticos ................................................................. 146
3.3.4.6 Escassez hídrica ................................................................................................. 147
3.4 ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO...................................................................... 150
3.5 ASPECTOS JURÍDICOS E PROTETIVOS SOBRE O TERRITÓRIO ................................................... 153
3.5.1 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO GERAL DE TEXTOS NORMATIVOS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
APLICÁVEIS .......................................................................................................................... 153
3.5.1.1 A discussão sobre os limites do MONAESP ...................................................... 162
3.5.1.2 Dificuldades à efetivação dos comandos de proteção do patrimônio
natural e cultural na Serra da Piedade e entorno ....................................................... 164
3.5.2 ÁREAS DE RESERVA LEGAL – CAR E APPS ................................................................... 165
3.5.3 SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO MONAESP ......................................................................... 168

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 171

5 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 172

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Limite definido para a área de estudo - AE. ................................................... 17


Figura 2: Informações biofísicas acerca da AE definida para o MONAESP. Já estão
sendo apresentadas as Unidades de Paisagem (UP), escopo que será abordado na
sequência. ......................................................................................................................... 22
Figura 3: Unidades de paisagem estabelecidas para a área de estudo, e demais
características do território. .............................................................................................. 25
Figura 4: Localização da UP Cristas e suas respectivas subunidades. ......................... 28
Figura 5: Localização da UP Vertente Sul e suas respectivas subunidades. ................ 36
Figura 6: Localização da UP Vertente Norte e suas respectivas subunidades. ........... 43
Figura 7: Localização da UP Colinas. .............................................................................. 48
Figura 8: Mapa Falado elaborado durante o DIPUC (2019). ........................................ 54
Figura 9: Mapa do Circuito do Ouro. .............................................................................. 56
Figura 10: Mapa do Circuito do Ouro. ............................................................................ 57
Figura 11: Mapa da Estrada Real..................................................................................... 59
Figura 12: Foto da sinalização do Caminho Religioso. .................................................. 62
Figura 13: Infraestruturas e atrativos existentes no Santuário. ....................................... 70
Figura 14: Infraestruturas e atrativos existentes no Santuário. ....................................... 71
Figura 15: Situação fundiária da área de estudo, com a classificação do tipo de
proprietário. ....................................................................................................................... 76
Figura 16: Situação fundiária da área de estudo, com a classificação do tipo de
proprietário. ....................................................................................................................... 83
Figura 17: Importância hídrica da área de estudo. ....................................................... 87
Figura 18: Índice de diversidade de Shannon da Paisagem. ....................................... 91
Figura 19: Hierarquia de raridade das tipologias vegetais nativas. .............................. 95
Figura 20: Área da área de aplicação da Lei 11.428/2006. ........................................ 101
Figura 21: Área protegida pela Lei 11.428/2006. .......................................................... 103
Figura 22: Ilustração de Warming do topo da Serra da Piedade no século XIX. Fonte:
Gomes et al. (2006) ......................................................................................................... 105
Figura 23: Linha do Tempo da História do Santuário Nossa Senhora da Piedade (Fase
1: 1650-1924). ................................................................................................................... 108
Figura 24: Linha do Tempo da História do Santuário Nossa Senhora da Piedade (Fase
2: 1949-2017). ................................................................................................................... 109

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Figura 25: Processos DNPM para a AE. .......................................................................... 131


Figura 26: Tipos de substratos requeridos no DNPM para a AE. .................................. 132
Figura 27: Vulnerabilidade ambiental (erosão) da AE................................................. 136
Figura 28: Locais de maior concentração de focos de calor (INPE) para a AE. ...... 138
Figura 29: Áreas prioritárias para conservação da área de estudo........................... 152
Figura 30: Situação das RLs e APPs das propriedades da AE. ..................................... 167

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Quantitativo de classes de uso do solo e cobertura vegetal da área de


estudo e do MONAESP. .................................................................................................... 21
Tabela 2: Unidades de paisagem estabelecidas para a área de estudo. ................. 24
Tabela 3: Quantitativos de cobertura do solo na UP Cristas, separados por
subunidades. ..................................................................................................................... 26
Tabela 4: Quantitativos de cobertura do solo na UP Vertente Sul, separados por
subunidades. ..................................................................................................................... 37
Tabela 5: Quantitativos de cobertura do solo na vertente norte, separados por
subunidades. ..................................................................................................................... 42
Tabela 6: Quantitativos de cobertura do solo na UP Colinas. ...................................... 50
Tabela 7: Cobertura do solo da área do MONAESP. ..................................................... 51
Tabela 8: Unidades de Paisagem do MONAESP. ........................................................... 52
Tabela 9: Rotas e Circuitos da área de estudo. ............................................................. 57
Tabela 10: Dados de trilha presente na Área de Estudo. .............................................. 66
Tabela 11: Dados de trilha presente na Área de Estudo. .............................................. 71
Tabela 12: Árvore hierarquizada para classificação do potencial espeleológico. .... 81
Tabela 13: Ações previstas organizadas em diferentes cenários de implantação. . 116
Tabela 14: Árvore hierarquizada para classificação da vulnerabilidade à erosão.. 134
Tabela 15: Superficiários que compõem o MONAESP e os respectivos quantitativos.
.......................................................................................................................................... 139
Tabela 16: Espaços Territoriais Especialmente Protegidos na Serra da Piedade e
Entorno – Textos Normativos Instituidores – Implicações Regulatórias e de Gestão. 154
Tabela 17: Situação das APPs e RLs da Área de estudo. ............................................ 166
Tabela 18: Quantitativos em área das propriedades e das respectivas RLs. Notar que
nem todas as propriedades em vermelho são aquelas que não apresentam 20% de
RL....................................................................................................................................... 170

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LISTA DE FOTOS

Foto 1: Crista composta por campos rupestres ferruginosos......................................... 30


Foto 2: Vista a partir da infraestrutura de visitação do Santuário. ................................ 31
Foto 3: Continuação do alinhamento formando a Serra do Descoberto. Notar menor
altimetria frente à Serra da Piedade, e predomínio de formação florestal. ............... 33
Foto 4: Cava de mineração em meio à crista. .............................................................. 35
Foto 5: Vista da subunidade Baú / Paneleiro. Predomínio florestal com alguns locais
ocupados por pastagens, condomínios e acessos. ...................................................... 38
Foto 6: Vista do dossel do reflorestamento de eucalipto. Notar florestas
remanescentes nas drenagens. ...................................................................................... 39
Foto 7: Vista da subunidade Ribeirão Sabará, predominantemente coberto por
vegetação nativa. ............................................................................................................ 40
Foto 8: Vista da subunidade Brumado / Machados. Notar predomínio de formações
savânicas, e processos erosivos associados à acessos existentes. ............................... 44
Foto 9: Vista da subunidade Peixe / Fazendinha. Notar predomínio de floresta
semidecidual. .................................................................................................................... 45
Foto 10: Vista da subunidade Córrego Formiga. Notar concentração de pastagens
nos trechos de topografia mais plana. ........................................................................... 46
Foto 11: UP Colinas, notar predomínio de pastagens, edificações e afloramento de
granito. ............................................................................................................................... 50
Foto 12: Trecho da UP Cristas (subunidade Serra da Piedade), com grande
diversidade de ambientes naturais. ................................................................................ 92
Foto 13: Vriesea minarum, espécie com distribuição restrita aos campos rupestres
ferruginosos do Quadrilátero Ferrífero, na Serra da Piedade (novembro de 2015). Foto:
V. H. M. Machado. ............................................................................................................ 96
Foto 14: Arthrocereus glaziovii, espécie com distribuição restrita aos campos rupestres
ferruginosos do Quadrilátero Ferrífero, na Serra da Piedade (outubro de 2015). Foto:
V. H. M. Machado. ............................................................................................................ 96
Foto 15: Sinningia rupicola, espécie com distribuição restrita aos campos rupestres
ferruginosos do Quadrilátero Ferrífero, nas partes mais elevadas da Serra da Piedade
(dezembro de 2012). Foto: D. Hoffmann. ........................................................................ 97

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Foto 16: O papa-moscas-de-costas-cinzentas (Polystictus superciliaris), espécie


endêmica dos topos de montanha do leste brasileiro nos campos rupestres da Serra
da Piedade (julho de 2015). Foto: L. N. Kajiki. ................................................................. 98
Foto 17: O rabo-mole-da-serra (Embernagra longicauda), espécie endêmica dos
topos de montanha do leste brasileiro nos campos rupestres da Serra da Piedade
(maio de 2011). Foto: M. F. Vasconcelos. ....................................................................... 98
Foto 18: Guaribas (Alouatta guariba) em trecho florestal da APA do Descoberto,
Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade (fevereiro de 2014). Foto: L. G. M.
P. Fernandes. ..................................................................................................................... 99
Foto 19: Duas onças-pintadas (Panthera onca) capturadas na Serra da Piedade em
2002. Foto: M. G. Diniz (IBAMA-MG). ................................................................................ 99

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Número de Visitantes no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade... 31


Gráfico 2: Distribuição dos tipos de uso do solo por UPs e suas subunidades. ............ 75
Gráfico 3: Representatividade das tipologias vegetais nativas, separadas pelas UPs.
............................................................................................................................................ 89
Gráfico 4: Quantitativo de área das propriedades que compõem o MONAESP. ... 169

LISTA DE ANEXOS

Anexo I ............................................................................................................................. 183


Anexo II............................................................................................................................. 184

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Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

1 INTRODUÇÃO

A Serra da Piedade constitui o ponto extremo nordeste da unidade


geomorfológica do Quadrilátero Ferrífero (QF), a nordeste do alinhamento
montanhoso da Serra do Curral, no centro do estado de Minas Gerais. O Quadrilátero,
por sua vez, integra o grande conjunto de feições paisagísticas moldadas em rochas
proterozóicas da Serra do Espinhaço, hoje compondo uma Reserva da Biosfera. Seu
ponto culminante, com 1.783 m de altitude, é uma das porções mais elevadas do QF
(Lage, 2011).

A história da Serra da Piedade confunde-se com a ocupação de Minas Gerais,


uma vez que sua forma e altimetria a mantiveram como referência espacial para os
primeiros exploradores do território mineiro. A então Serra do Sabarabuçu chamou a
atenção dos primeiros aventureiros por refletir a luz solar sobre sua peculiar geologia
- o que a remeteu, do ponto de vista imaginário, às lendas do povo Potosí. A primeira
menção a Serra foi feita em 23 de março de 1664, na Carta Régia, por Lourenço
Caetano Taques, (IEPHA, 2005). Nas imediações do alinhamento geomorfológico
foram encontradas ricas jazidas de ouro que atraíram povoadores de toda parte. O
primeiro conflito de interesses sobre as riquezas regionais ocorreu em 1708: a Guerra
dos Emboabas.

Relatos de aparições no topo da elevação e de um suposto milagre induziram


a construção de um templo católico no alto da Serra (IEPHA, 2005). Em 1770 terminou
a construção da capela em homenagem a Nossa Senhora da Piedade. Registros
históricos apontam que por volta do século XVIII, Antônio da Silva Bracarena e Irmão
Lourenço chegaram à Serra da Piedade e construíram um eremitério e uma igreja
devocional dedicada à Nossa Senhora. A devoção mariana local se fortaleceu a
partir da proclamação do Papa João XXIII, em 20 de novembro de 1958, que
reconheceu Nossa Senhora da Piedade como Padroeira de Minas Gerais. Esse
momento solene foi comemorado com a chegada, nesse mesmo ano, da imagem
que se cultua até hoje no Santuário da Piedade (PID/Santuário, 2018).

Bracarena, ao deixar-se tocar pela intensificação da religiosidade popular e


pela situação da cura de uma menina surda, a partir de uma experiência de fé e da
devoção mariana, tornou-se devoto de Nossa Senhora da Piedade e iniciou a

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Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

construção da capela no alto da Serra no ano de 1767, em posse de seus próprios


recursos financeiros (PID/Santuário, 2018).

Desde as origens da consagração desse território às expressividades


devocionais e religiosas, a Serra da Piedade valoriza os princípios de sustentabilidade
da vida, a partir da espiritualidade cristã. Reverberam-se nesse espaço múltiplas
dimensões da beleza que convocam os aspectos sensorial, espiritual e dos afetos,
proporcionando uma experiência de intensidade vital, que desperta o
aprofundamento no mistério do sublime (PID/Santuário, 2018).

Espaço litúrgico por excelência, o Santuário promove o culto cristão na Ermida,


desde 1767, e na Igreja das Romarias, fundamentalmente marcada pelo encontro
de grupos mais numerosos de peregrinos, pessoas de diferentes faixas etárias, grupos
com distintas motivações e práticas devocionais. A Basílica de Nossa Senhora da
Piedade valoriza momentos de grande significado para a liturgia cristã, congregando
irmãos e irmãs em Cristo, nesse símbolo maior do cristianismo, a fraternidade.
Evidencia-se, portanto, a experiência do sagrado possibilitada pela dimensão
celebrativa, da ação do culto a Deus. Diante de realidades sociais desafiadoras, o
Santuário da Mãe Piedade torna-se local distinto para o exercício da dimensão
orante e da promoção de uma espiritualidade de encontro pessoal consigo mesmo,
de experiência da alteridade e aprofundamento da fé em Deus (PID/Santuário,
2018).

No alto da serra da Piedade, foi construída uma capela muito grande,


contra a qual apoiaram, à direita e à esquerda, edifícios onde residem
os eremitas da montanha e os peregrinos que a devoção leva a esse
lugar. Todas essas construções são de pedra e datam de 40 anos atrás.
Em frente à capela veem-se rochedos, no meio dos quais foram
colocadas cruzes destinadas aos "passos" que, se celebram na
semana santa (SAINT-HILAIRE, 1818; tradução de PENA, 1941).

No século seguinte, exploradores europeus, em seus périplos pelo interior do


Brasil, visitaram a Serra e relatam a sua riqueza paisagística e biológica. Segundo Lage
(2011), encontram-se entre os visitantes: Spix, Martius, Eschwege, Saint-Hilaire,
Warming e Burton. À exploração aurífera, seguiram-se a de tantos outros metais e,
dessa forma, há mais de 250 anos, o Quadrilátero Ferrífero constitui uma das
províncias minerais mais exploradas do mundo. Esta riqueza é garantida por sua
geologia complexa e sua longa história geológica.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

As diferentes camadas criadas pela natureza ou pelo homem sobrepõem-se


e definem a importância geológico-geomorfológica, botânica, história e cultural da
Serra da Piedade. Suas camadas criaram uma paisagem original que a definiram
como patrimônio brasileiro e subsidiaram a criação dos diversos territórios para sua
proteção.

O Monumento Natural Estadual Serra da Piedade (MONAESP) foi criado pela


Constituição do Estado de Minas Gerais e seus limites estabelecidos pela Lei
15178/2004. A Serra da Piedade está protegida por tombamentos federal, estadual e
municipal, que assumem diferentes limites e superposições territoriais, que, de toda
forma, incluem o Santuário Basílica de Nossa Senhora da Piedade, situado no alto da
elevação que leva seu nome.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza


(SNUC), Monumentos Naturais (MN’s) são Unidades de Conservação (UC) de
proteção integral destinadas à preservação de lugares singulares, raros e de grande
beleza cênica, permitindo diversas atividades de visitação. Essa categoria de UC
pode ser constituída de áreas particulares, o que é o caso do MONAESP, desde que
as atividades realizadas nessas áreas sejam compatíveis com os objetivos da UC.

O Plano de Manejo é o principal documento para subsidiar o planejamento e


a gestão eficaz de uma UC, devendo este priorizar a manutenção dos modos de vida
tradicionais relevantes à conservação e à utilização sustentável da diversidade
biológica, por meio da participação das comunidades locais (ICMBio, 2017). Trata-se
de um documento obrigatório para todas as categorias de UC e, neste caso, esta
Caracterização Ambiental funciona como subsídio para elaboração do Plano de
Manejo do MONAESP.

Neste contexto, a Instrução Normativa (IN) Nº 7/2017/GABIN/ICMBio, de 21 de


dezembro de 2017, traz diretrizes para a elaboração do plano de manejo, com base
na vasta experiência do ICMBio na construção, implementação e revisão de Planos
de Manejo. Espera-se uma abordagem no princípio do manejo adaptativo,
possibilitando sua elaboração e revisão por meio de procedimentos mais eficientes
em termos de tempo e de custos de aplicação.

De forma a subsidiar a construção do Plano de Manejo do MONAESP, foi


elaborado este relatório diagnóstico, que tem por objetivo caracterizar a área de
inserção da UC estudada, através da identificação e descrição dos aspectos

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

ambientais, socioeconômicos, histórico-culturais, político-institucionais e de gestão


da UC e do seu entorno, além da identificação dos possíveis conflitos quanto ao uso
de recursos e do território. Também serão apresentadas análises e interpretações das
informações trabalhadas de forma integrada, contemplando: a identificação de
recursos e valores fundamentais, a avaliação de sua condição atual, as tendências
de ocupação do solo e as ameaças que a afetam. Estes produtos subsidiarão a
identificação das necessidades de dados e de planejamento para a gestão da UC,
de forma a responder à estrutura do Plano de Manejo do MONAESP, conforme
preconizado pela IN ICMBio/2017, a saber:

1. Declaração de propósito;

2. Declarações de significância;

3. Recursos e valores fundamentais;

4. Zoneamento;

5. Atos legais e administrativos;

6. Normas Gerais.

É importante mencionar que não é o objetivo deste trabalho a compilação


completa das informações e demais dados secundários já levantados para o
território. Trata-se de um documento focado nas prioridades de gestão da unidade,
auxiliando nas tomadas de decisões de planejamento, zoneamento e demais ações
de curto, médio e longo prazo para a melhor gestão da UC. Este deve ser um
documento aberto e flexível, podendo ser trabalhado, revisado, complementado,
de acordo com os interesses e prioridades dos envolvidos na gestão da UC.

O diagnóstico do território de inserção do MONAESP está estruturado a partir


de unidades de paisagem, para que as informações e dados sejam apresentados de
forma mais integrada possível, evitando-se assim diagnósticos extensos, altamente
especializados, compartimentados e pouco práticos no auxílio à gestão de uma UC.

O principal objetivo deste documento é o apoio às demais fases de


elaboração do Plano de Manejo do MONAESP, tais como elaboração do Guia do
Participante, Oficina de Planejamento Participativo, zoneamento, dentre outras
ações de planejamento e monitoramento.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

2 PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DESTE


DOCUMENTO

2.1 OBJETIVO GERAL

As tratativas para a cooperação técnica entre a Arquidiocese de Belo


Horizonte, proprietária e promotora de ações de desenvolvimento do Santuário
Basílica Nossa Senhora da Piedade (SENSP), e o Instituto Estadual de Florestas (IEF-
MG), estão em curso há mais de quatro anos: do Plano de Desenvolvimento
Integrado do SENSP (PID/SENSP), elaborado em 2017 pela ADERI, à cooperação em
brigadas de prevenção à incêndios florestais e apoio logístico em reuniões e pautas
no SENSP, este tem sido o caminho para uma gestão conjunta e cooperativa para a
região. O desafio é grande, dadas as dimensões dos trabalhos realizados pela
Arquidiocese de Belo Horizonte ao longo de mais de 250 anos na região e,
recentemente, as ações de gestão do IEF-MG, para a conservação deste rico
patrimônio.

Neste sentido, uma ação que se tornou prioritária nesta parceria foi a
elaboração do Plano de Manejo. Antes mesmo de instruí-lo por meio da IN do
ICMBio/2017, buscou-se ouvir diversos atores que se relacionam ao território do
MONAESP. Para tal, foi executado o “Seminário sobre Instrumentos para a Gestão de
Áreas Protegidas de Minas Gerais: Os Desafios de Integração de Conhecimentos na
Serra da Piedade”, de 9 a 12 de junho de 2018, na PUC Minas e no SENSP.

Este seminário teve como objetivo primordial discutir abordagens e


conhecimentos complementares referentes aos instrumentos de gestão utilizados em
áreas protegidas no estado de Minas Gerais. A proposta surgiu a partir da
publicação, no Diário Oficial da União, da Instrução Normativa n° 7, de 21 de
dezembro de 2017, do ICMBio, que estabelece diretrizes e procedimentos para
elaboração e revisão de planos de manejo de unidades de conservação da
natureza federais.

Consonante a isso, foram realizados workshops e encontros em Minas Gerais,


promovidos pelo ICMBio e pelo IEF-MG, órgão do estado responsável pela
identificação, criação e implantação de áreas protegidas, com o intuito de discutir
a delineação de um novo Termo de Referência e Roteiro Metodológico para a

Pág. 14
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

elaboração de Planos de Manejo para unidades de conservação estaduais, nos


moldes das diretrizes previstas na referida IN n° 7 do ICMBio. Buscou-se, também,
elucidar os novos princípios e diretrizes dos instrumentos de gestão para potencializar
o alinhamento com políticas públicas e o engajamento e o nível de participação de
diferentes atores sociais (instituições dos poderes público e privado; entidades do
terceiro setor; comunidades locais; universidade) relacionados às unidades de
conservação. Cumpre salientar que essa dinâmica de mobilização e participação
social, historicamente, era de certa forma incipiente, uma vez que não assegurava o
envolvimento direto dos atores principais do território com a gestão das áreas
protegidas. Com base nisso, estimulou-se uma interlocução de atores relacionados
ao planejamento e gestão de áreas protegidas em Minas Gerais, tendo como
iniciativa-piloto e como um dos produtos desse Seminário a delineação de
estratégias de governança participativa para o MONAESP.

É importante ressaltar que, mediante a construção de um Grupo de Trabalho


no Evento, fomentou-se a replicação do modelo de gestão, ora desenvolvido e
aplicado no MONAESP, para outras áreas protegidas de Minas Gerais.

Dos produtos gerados no Seminário, destacam-se: Diagrama de Venn,


realizado com a participação de mais de 50 pessoas no SENSP; base de dados e
artigos de diversos temas; rede de relacionamento e de interessados sobre o tema,
como gestores e funcionários de órgãos públicos e de empresas relacionados à
gestão de UC; Prefeituras e Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Cultural e
Patrimônio; povos e comunidades tradicionais e outros grupos sociais residentes no
entorno de áreas protegidas; entidades do terceiro setor; estudantes de graduação;
pós-graduação; docentes e pesquisadores de áreas correlatas e o intercâmbio de
saberes por meio de painéis, exposições orais, debates, oficinas, trabalhos de campo
e vivências artísticas e culturais. Ao priorizar o caso do MONAESP, as sessões temáticas
conduziram os participantes ao tratamento prático das informações, por meio de
oficina de planejamento estratégico para a gestão de áreas protegidas, ampliando
o engajamento dos diferentes interessados para a construção do Plano de Manejo
do Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade.

Pág. 15
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

2.2 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Para definir a área de estudo (AE) do Plano de Manejo do MONAESP, a equipe


técnica designada para elaboração do estudo, através de uma análise espacial e
territorial da região de inserção da UC, propôs uma área que contemplasse a maior
parte dos fatores de potencial influência sobre a MONAESP, tanto negativos quanto
positivos.

A AE definida possui cerca 11.2331.290 km2 (11.233ha), abrangendo de forma


majoritária os municípios de Sabará e Caeté e a oeste, uma pequena porção do
município de Santa Luzia, todos estes pertencentes a região da Grande Belo
Horizonte (setor norte do Quadrilátero Ferrífero).

Os limites da área de estudo coincidem com acidentes geográficos como


interflúvios, vales e cursos d’água bem como feições antrópicas como rodovias. A
norte, a delimitação levou em conta a rodovia Br-381 bem como divisores de águas
e córregos. A leste e a sul coincide majoritariamente com cursos d’água, no sul com
o Ribeirão Sabará e com o Córrego Caeté, no leste pelo Ribeirão Ribeiro Bonito e
Córrego Braga. Exceção e feita no limite sudeste que segue por interflúvios e no
perímetro urbano pela rua Azaleia e pela MG-435 e a Nordeste que o limite segue
uma rua sem denominação até o encontro com a Br-281. A oeste coincide com
interflúvios perpendiculares ao lineamento regional da Serra da Piedade.

Pág. 16
628000 632000 636000 640000 644000 648000

LIMITES DA ÁREA DE ESTUDO


SANTA LUZIA

CAETÉ
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté
7804000

Legenda
Referências Bibliográficas Projeção Universal Transversa de Mercator
MONAESP Limite do MONAESP (IEF); Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
Limite da área de estudo (ADERI 2018); 0 0,5 1 2 3
km
Área de estudo Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
Acessos (OSM 2018); PROJETO
Limite municipal Acessos Hidrografia (SUPRAM 2019); Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Estrada pavimentada Imagem Wordview 0,5m de resolução (2015))
Zona de amortecimento TÍTULO

3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos LIMITES DA ÁREA DE ESTUDO
3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias
ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 09/01/2020 A3 00
3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

2.3 MONTAGEM DE BANCO DE DADOS CARTOGRÁFICOS

A elaboração de um Banco de Dados Geográfico (BDG) em ambiente


computacional tem por objetivo armazenar e integrar informações espaciais
provenientes do meio físico, biótico e antrópico. Oferece também, junto aos
programas de sistema de informação geográfica (SIG), mecanismos para combinar
diversas informações, bem como a manipulação, análise, consulta, visualização e
produções cartográficas de maneira integrada (INPE 2005).

O uso do BDG junto ao SIG implica, segundo INPE (2005), em escolher as


representações computacionais mais adequadas para capturar a semântica do
estudo realizado de forma a garantir a gerência dos dados bem como análises
integradas que auxiliem na tomada de decisões e na gestão integrada da Unidade
de Conservação (UC).

Dessa forma, a pesquisa para composição do banco de dados cartográficos


buscou por bases que servissem de referência espacial para os temas abordados
considerando suas especificidades. É importante ressaltar o caráter de continuidade,
de forma que não se pretende esgotar todos os temas neste documento, mas sim
deixar as bases acessíveis para a evolução destas ao longo do tempo.

Para tanto, foram selecionadas, dentro das variadas bases cartográficas


disponíveis para cada tema, aquelas que apresentaram detalhamento e
classificação coerentes com os objetivos do presente diagnostico.

2.4 ELABORAÇÃO DE DIAGNÓSTICO DE UNIDADES DE PAISAGEM

A Área de Estudo (AE) apresenta elevada diversidade ambiental, com relevo,


disponibilidade hídrica e tipos de solo variáveis, cobertos por distintas tipologias
vegetais que variam de formações campestres a florestais. Esta diversidade
ambiental se reflete diretamente na comunidade biótica, influenciando aspectos
relativos à diversidade, distribuição espacial, riqueza, abundância e raridade,
sobretudo aquelas espécies com distribuições mais restritas e/ou especialistas em
determinados micro-habitat.

O uso do solo na AE apresenta estreita relação com os aspectos geológicos


(recursos minerários), topográficos (restrições à ocupação), cênicos (uso público –

Pág. 18
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

turismo) e espaciais (proximidade com rodovias e centros urbanos), apresentando


distinta intensidade e abrangência no território estudado.

Desta forma, optou-se por compartimentar a AE em quatro unidades


principais, tomando por bases as informações disponíveis para o território, analisadas
de forma integrada. A nomenclatura adotada para as unidades de paisagem foi
dada pela equipe técnica do Plano de Manejo, com contribuições feitas por
participantes do Diagnóstico Participativo de Unidades de Conservação (DIPUC). Os
nomes das unidades foram escolhidos com base nas principais características
apresentadas pelas unidades de paisagem.

2.5 DIAGNÓSTICO DE FATORES DE POTENCIAL INFLUÊNCIA

Este documento corresponde aos principais aspectos de influência (positivas e


negativas) que incidem sobre o território estudado, no que diz respeito às fortalezas,
oportunidades, fraquezas e ameaças. A abordagem foi feita com base na oficina do
DIPUC, realizada em abril de 2019.

O DIPUC (2019) procurou envolver proprietários de áreas do MONAESP,


instituições conselheiras da UC e de outras naturezas, além de comunidades do
entorno imediato. Desta forma, foram identificados os principais atores e processos
existentes na área, conforme identificação dos participantes. Posteriormente, esses
processos foram demarcados e espacializados em mapa temático.

Pág. 19
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3 RESULTADOS

A AE tem o alinhamento serrano (Serra da Piedade, Serra do Descoberto)


como área de identidade física para sua delimitação. A Serra da Piedade é
sustentada por itabiritos e outras rochas que lhe conferem grande amplitude
altimétrica. Os topos da Serra da Piedade apresentam em suas bordas grande
quantidade de nascentes que, juntas, formam os principais cursos d’água da região.
Na vertente norte, nascem cursos d’água de grande relevância pra a região, como
o Córrego dos Machados, o Córrego do Brumado, o Córrego Fazendinha e o Ribeirão
do Peixe. Na vertente sul destacam-se as cabeceiras do Ribeirão Sabará, do Córrego
do Baú, do Córrego Paneleiro e do Córrego do Enjeitado.

As limitações impostas pelas condições de solo e/ou topografia contribuíram


para manter a área em estado predominantemente natural. A despeito de se
localizar dentro da Região Metropolitana de Belo Horizonte e relativamente próxima
à capital, ainda se observa a floresta estacional semidecidual como tipologia vegetal
predominante no território.

A área de estudo detém grande diversidade ambiental, fruto do complexo


geológico presente, resultando em condições muito distintas quanto à altimetria
(entre 742 a 1.723 m), relevo, hidrografia, pedologia e geomorfologia. Esta variável
condição física propicia a ocorrência de alta diversidade de tipologias vegetais,
destacando-se em áreas rupestres (campos ferruginosos, sobretudo), campestres,
savânicas e florestais.

As atividades antrópicas principais são: a) agropecuária (pastagens),


ocorrendo principalmente em locais com relevos suaves, em áreas de menor
altimetria, principalmente à oeste; b) silvicultura de eucaliptos na porção noroeste,
c) mineração, concentrada na porção central (topo), associada ao itabirito (rochas
ferríferas); d) chacreamentos e adensamentos urbanos, concentrados nas partes
mais baixas da paisagem, sobretudo nas colinas; e) turismo ecológico e religioso, no
topo da Serra da Piedade.

Considerando apenas o interior do MONAESP, 91,2% da área é coberta por


vegetação nativa. Mesmo ao entorno do MONAESP (AE), a proporção de vegetação
nativa é elevada: 76,0% (Tabela 1). Esta informação mostra a vocação/importância
da área para conservação de recursos naturais.

Pág. 20
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Considerando que as condições físicas se refletem diretamente no tipo de


cobertura vegetal e biota associada que, por sua vez, influenciam a forma e o tipo
de ocupação do território, este documento será trabalhado de forma sistêmica, por
meio da identificação e análise de unidades de paisagem (UP). Esta opção foi
tomada para se obter resultados integrados, de forma a possibilitar uma visão clara
do funcionamento do território, facilitando o planejamento e a gestão da unidade
de conservação e entorno.

Tabela 1: Quantitativo de classes de uso do solo e cobertura vegetal da área de estudo e do


MONAESP.
Área de Estudo MONAESP Total
Classe de cobertura
Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) %
Antrópico 2.224,65 24,0% 171,61 8,8% 2.396,26 21,3%
Acesso pavimentado 40,59 0,4% 14,19 0,7% 54,78 0,5%
Acesso terra 62,85 0,7% 8,82 0,5% 71,67 0,6%
Área urbana 287,86 3,1% 40,19 2,1% 328,05 2,9%
Cultivo 73,18 0,8% 14,59 0,7% 87,77 0,8%
Edificação 224,73 2,4% 8,75 0,4% 233,48 2,1%
Mineração 92,67 1,0% 2,75 0,1% 95,42 0,8%
Pastagem 730,57 7,9% 64,10 3,3% 794,66 7,1%
Silvicultura 648,62 7,0% 9,69 0,5% 658,32 5,9%
Solo exposto 63,58 0,7% 8,53 0,4% 72,11 0,6%
Natural 7.058,96 76,0% 1777,91 91,2% 8.836,87 78,7%
Afloramento de rocha 0,21 0,0% 0,17 0,0% 0,38 0,0%
Água 15,62 0,2% 0,93 0,0% 16,55 0,1%
Brejo 15,60 0,2% 0,08 0,0% 15,67 0,1%
Campo cerrado 391,35 4,2% 51,04 2,6% 442,39 3,9%
Campo ferruginoso arbustivo 136,28 1,5% 225,84 11,6% 362,11 3,2%
Campo ferruginoso herbáceo 145,35 1,6% 120,29 6,2% 265,64 2,4%
Cerrado sentido restrito 711,19 7,7% 103,15 5,3% 814,34 7,2%
Floresta semidecidual 5643,36 60,8% 1276,42 65,5% 6919,78 61,6%
Total 9283,61 100,0% 1949,52 100,0% 11233,13 100,0%

Pág. 21
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Figura 2: Informações biofísicas acerca da AE definida para o MONAESP. Já estão sendo apresentadas as Unidades de Paisagem (UP), escopo que será abordado na sequência.

Pág. 22
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.1 UNIDADES DE PAISAGEM

O conceito de paisagem traz consigo uma forma de pensar o ambiente: um


conjunto que não se dissocia, onde o natural e as construções humanas formam um
conjunto.

A paisagem é a materialização de relações entre o potencial ecológico, a


exploração biológica e a ação antrópica. Por potencial ecológico pode-se
entender, à grosso modo, o ambiente físico (a geologia, as formas do relevo, o clima).
O potencial ecológico pode ser entendido como as formas de organização da vida,
numa teia de relações entre si (interdependência) e, finalmente, por ações
antrópicas, aquilo que o homem constrói de acordo com sua cultura e sistema
econômico. No relacionamento entre estes elementos forma-se a paisagem.

Existe uma hierarquia de paisagens, baseada em ordem de grandeza. Trata-


se de uma estratégia para permitir a sua interpretação. As classes superiores de
paisagens possuem grandes dimensões, de abrangência global e regional. As classes
inferiores são menores e sua abrangência é de escala regional a local, na qual a
equipe técnica entendeu que é a melhor forma para subsidiar a gestão do
MONAESP.

Dadas às dimensões do MONAESP e sua área de influência, propôs-se que a


AE fosse dividida em quatro unidades paisagísticas básicas, que foram segmentadas
em subunidades, nos casos em que as ocorreram características predominantes que
justificaram esta subdivisão.

A Tabela 2 apresenta os quantitativos de área das UPs definidas para a área


de estudo, com suas respectivas subunidades.

Pág. 23
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Tabela 2: Unidades de paisagem estabelecidas para a área de estudo.


MONAESP Área de Estudo Total
UP Subunidade
Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) %
Colinas Colinas 18,3 0,94% 3447,14 37,13% 3465,43 30,85%
Estruturas de Mineração 0,00 0,00% 139,04 1,50% 139,04 1,24%
Cristas Serra da Piedade 455,58 23,37% 310,83 3,35% 766,41 6,82%
Serra do Descoberto 149,91 7,69% 131,65 1,42% 281,56 2,51%
Brumado / Machados 24,51 1,26% 1422,68 15,32% 1447,19 12,88%
Vertente Norte Peixe / Fazendinha 543,71 27,89% 495,58 5,34% 1039,29 9,25%
Córrego Formiga 164,41 8,43% 64,86 0,70% 229,26 2,04%
Baú / Paneleiro 224,57 11,52% 1680,86 18,11% 1905,43 16,96%
Vertente Sul
Ribeirão Sabará 368,53 18,90% 1590,98 17,14% 1959,51 17,44%
Total 1949,51 100,00% 9283,62 100,00% 11233,13 100,00%

Pág. 24
628000 632000 636000 640000 644000 648000

UNIDADES DE PAISAGEM
SANTA LUZIA

CAETÉ
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Unidades da Paisagem
Santa Luzia Colinas
Caeté
Brumado / Machados
Peixe / Fazendinha
Pastagens do córrego Formiga
Baú / Paneleiro
7804000

Ribeirão Sabará
Serra do Descoberto
Estruturas de Mineração
Serra da Piedade

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

MONAESP Limite do MONAESP (IEF); Unidades da Paisagem


Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Área de estudo Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010); PROJETO
Limite municipal Acessos Acessos (OSM 2018); Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Hidrografia (SUPRAM 2019);
Zona de amortecimento Estrada pavimentada Unidades de Paisagem (ADERI 2019). 0 0,5 1 2 3
km
3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias
ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 09/01/2020 A3 00
3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.1.1 UP CRISTA

A unidade de paisagem Cristas ocupa a parte mais elevada da área de


estudo. Ela é uma faixa estreita e alongada, de orientação SSW/ENE,
correspondendo à linha de crista da Serra. Deve-se ressaltar que esta serra compõe
o limite norte do Quadrilátero Ferrífero. As rochas que sustentam esta crista são
compostas majoritariamente por itabiritos, com lentes de hematita. Sua altitude varia
entre 1.600 m e 1.740 m aproximadamente. A UP Cristas está subdividida em 3 outras
subunidades, que serão detalhadas a seguir. São elas: Estrutura de Mineração, Serra
da Piedade e Serra do Descoberto.

A Tabela 3 apresenta os quantitativos de uso do solo e cobertura vegetal da


UP Cristas e suas subunidades.

Tabela 3: Quantitativos de cobertura do solo na UP Cristas, separados por subunidades.

Cobertura do solo / subunidades Cristas - área (ha)

Estruturas de Serra da Serra do


Tipo Cobertura Total
Mineração Piedade Descoberto

Água Água 0,00 0,00 0,06 0,06


Acesso pavimentado 0,00 5,30 0,23 5,53
Acesso terra 2,77 7,44 0,00 10,21
Área urbana 0,00 0,00 0,10 0,10
Edificação 0,00 2,87 0,00 2,88
Antrópico
Mineração 79,98 4,25 0,00 84,22
Pastagem 0,00 0,00 10,95 10,95
Silvicultura 0,00 0,68 0,01 0,69
Solo exposto 0,60 3,54 0,83 4,97
Afloramento de rocha 0,00 0,00 0,11 0,11
Campo cerrado 2,11 60,24 0,03 62,38
Campo ferruginoso arbustivo 33,30 298,71 8,71 340,72
Natural
Campo ferruginoso herbáceo 14,49 237,71 11,44 263,64
Cerrado 2,10 29,41 12,78 44,28
Floresta semidecidual 3,70 116,26 236,32 356,28
Total 139,04 766,41 281,56 1187,01

A riqueza em ferro destas rochas (itabiritos, com lentes de hematita


compactas) é o que atrai interesses de mineradores. Ainda sobre a crista da serra

Pág. 26
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

existe uma camada de canga que recobre parcialmente os itabiritos. As cangas são
formadas a partir de depósitos formados por detritos derivados dos itabiritos e são
cimentados por hidróxidos de ferro (Ruchkys et. al, 2007. p.5).

Pág. 27
628000 632000 636000 640000 644000 648000

UNIDADES DE PAISAGEM
SANTA LUZIA

CAETÉ
CRISTA
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté
7804000

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO
Zona de amortecimento Limite do MONAESP (IEF); Unidades da Paisagem - Crista
Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Unidades da Crista da Serra MONAESP
Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
PROJETO
Acessos (OSM 2018);
Área de estudo Acessos Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Serra do Descoberto Hidrografia (SUPRAM 2019);
Limite municipal Estrada pavimentada
Unidades de Paisagem (ADERI 2019);
Estruturas de Mineração Imagm Word View 0,5 m de resolução (2015) 0 0,5 1 2 3
km
3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Serra da Piedade Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias
Demais Unidades ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 03/07/2019 A3 00
3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Os afloramentos de itabiritos e de canga dão origem a uma superfície


bastante dura. A dureza e a declividade nesta UP dificultam a decomposição das
rochas e o solo é quase inexistente. A vegetação rupícola penetra suas raízes por
entre fraturas de rochas, dando origem a um campo rupestre ferruginoso. Nestas
condições, a natureza impõe severas condições de adaptação aos vegetais. Estes
campos, em geral, formam superfícies descontínuas e reduzidas em todo o
Quadrilátero Ferrífero, além de ocuparem áreas pequenas em termos espaciais. Esta
descontinuidade potencializa a existência de espécies de interesse para a
conservação, tais como endêmicas, raras, ameaçadas de extinção e novas para a
ciência. Por se tratar de uma vegetação de distribuição reduzida e, ao mesmo
tempo, de grande interesse para os mineradores (pois estão sobre as jazidas de ferro),
os campos rupestres ferruginosos estão fortemente ameaçados (Jacobi 2008), o que
requer atenção especial dos gestores.

São nestes ambientes em que estão concentradas as cavidades. Embora em


pequenas dimensões, podem abrigar comunidades biológicas de interesse para a
conservação (raras, endêmicas, ameaçadas de extinção e novas).

Sobre os recursos hídricos, deve-se ressaltar que os itabiritos e outras rochas


desta formação dão origem a importantes reservatórios de águas subterrâneas com
elevada capacidade de armazenamento e condutividade. Em função da espessura
deste pacote de rochas, pode-se afirmar que elas apresentam elevado potencial de
armazenamento hídrico. Estas características conferem a esta unidade de paisagem
uma grande importância no contexto de fornecimento de serviços ecossistêmicos.
Estas rochas armazenam a água das chuvas e a redistribuem ao longo do tempo,
dando origem a diversas nascentes no contato com outras rochas menos
permeáveis.

Dada a presença das reservas ferríferas (o que também pode ser considerada
uma forma de riqueza), existe o interesse do setor minerário. Riqueza ou ameaças é
uma questão de posição sobre os projetos dos diversos atores que existem neste
território. Interesses minerários podem colocar em risco os patrimônios cultural e
ambiental locais. Destaca-se, ainda, entre suas fragilidades, o impacto causado pela
atividade turística sobre ecossistemas ferruginosos.

A UP crista foi subdividida em três subunidades: A) Serra da Piedade, trecho de


maior altitude, onde estão as áreas extensas de campo rupestre ferruginoso, além

Pág. 29
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

das infraestruturas da Serra da Piedade; B) Serra do Descoberto, correspondendo à


trechos de itabirito mais intemperizadas, onde os campos rupestres já foram
substituídos pelas formações florestais e C) Estruturas de Mineração: áreas mineradas
que pela intensidade da intervenção, desconfigurou a condição natural e
paisagística do local.

3.1.1.1 SUBUNIDADE SERRA DA PIEDADE

Esta subunidade corresponde ao alinhamento contínuo dos campos rupestres


ferruginosos, associados ao itabirito e às carapaças de canga, ocupando as porções
mais elevadas da paisagem (Foto 1). A dureza desta litologia ajuda na manutenção
da altitude da Serra da Piedade, o que confere a ela uma grande beleza cênica.
Não é à toa que nos topos estão localizados os principais equipamentos e a
infraestrutura turística.
Foto 1: Crista composta por campos rupestres ferruginosos.

Do alto da Serra, pode-se observar uma paisagem de grande beleza cênica.


A visão dos grandes panoramas constitui um atrativo por si só, que somada ao
patrimônio aí instalado potencializa a atratividade da serra como destinação
turística.

A região onde a AE está localizada possui potencial turístico em diferentes


vertentes, como história, cultura, espeleologia, religião e natureza. Mas o que mais
vem se destacando neste cenário turístico, ao longo do tempo, é o segmento

Pág. 30
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

religioso. Somente o Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade (Foto 2) recebe


uma média de 336 mil visitantes por ano. No ano de 2017, chegou à marca de 498.955
visitantes conforme Gráfico 1.

Foto 2: Vista a partir da infraestrutura de visitação do Santuário.

Gráfico 1: Número de Visitantes no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade.

Fonte: Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade. Organizado por: Benito Drummond (2019)

Não menos importante do ponto de vista ambiental é a existência de um


microclima, muito mais fresco do que das áreas situadas nas proximidades da Serra.
Este microclima atrai visitantes e pode atrair interessados em explorar esta
peculiaridade ambiental local. O microclima da Serra da Piedade possui outra
característica que merece atenção: a altitude e a inclinação favorecem a ascensão

Pág. 31
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

do ar e criam condições de umidade particulares. Ainda que não haja precipitação


de chuva, a condensação do vapor d’água que se materializa na forma de neblina.
Esta neblina é uma fonte do que se convenciona chamar “chuva oculta” e pode ser
observada na superfície das rochas e vegetais que ali estão localizadas. Este
fenômeno possibilita a vida de diversas espécies e pode ser uma pequena fonte de
recursos hídricos. Não menos importante para o conjunto da área de estudo é o seu
potencial como um geossítio. Em outras palavras, a estrutura geológica exposta na
serra é de grande beleza, além do fato de que neste local estão expostas estruturas
que contam parte da história ecológica do planeta em geral, e do território brasileiro
em particular. Seu valor para fins de educação é inestimável.

3.1.1.2 SUBUNIDADE SERRA DO DESCOBERTO

A dinâmica da evolução desta UP é um pouco distinta, dentro da área de


estudo. Enquanto os demais topos da serra são formados por campos ferruginosos
sobre os afloramentos de itabirito e/ou canga, aqui a superfície ferruginosa encontra-
se descontínua e mais suscetível ao intemperismo. Em outras palavras, as florestas
avançaram sobre a superfície coberta por itabiritos de forma mais acelerada que a
UP Serra da Piedade. Com o intemperismo natural da Serra do Descoberto, a
tendência é que acabará reduzindo a altitude da serra e dará a lugar a formas de
relevo menos elevadas e menos declivosas. Aos poucos, a floresta estacional tenderá
a substituir as áreas cobertas pelos campos ferruginosos. Esta é uma perspectiva para
um longo tempo futuro. É como se a paisagem da Serra do Descoberto (Foto 3) hoje,
representasse o que será toda a Serra da Piedade, no futuro.

Pág. 32
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Foto 3: Continuação do alinhamento formando a Serra do Descoberto. Notar menor


altimetria frente à Serra da Piedade, e predomínio de formação florestal.

Os usos antrópicos nesta unidade de paisagem são pequenos, fato


relacionado às condições do relevo, bastante acidentado, e pela predominância de
solos rasos, majoritariamente rochosos.

Também se destaca por sua beleza cênica e a capacidade de interferir na


circulação da atmosfera, criando condições microclimáticas de temperatura e
umidade que para a região aqui, tendem a justificar a existência de uma floresta
estacional. Esta UP apresenta maior potencial erosivo, dada à descontinuidade das
rochas mais resistentes. Sua posição, nas imediações da borda da área ocupada por
pastagens e outros usos, podem expor esta área ao risco de incêndios e queimadas
que podem exercer impactos severos sobre a flora e a fauna.

Assim como a Serra da Piedade, a Serra do Descoberto também é sustentada


por rochas de itabirito e apresenta grande potencial minerário, inclusive com
requerimento minerário (DNPM), o que pode resultar em futuros empreendimentos
minerários e, consequentemente, na substituição da vegetação nativa por
infraestrutura de mineração e outras externalidades negativas.

3.1.1.3 SUBUNIDADE ESTRUTURAS DE MINERAÇÃO

As cavas de mineração podem ser consideradas uma subunidade do topo da


Serra da Piedade. Do ponto de vista geológico, ela possui as mesmas características

Pág. 33
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

desta superfície. Entretanto, ela assume uma identidade própria na medida em que
cria uma dinâmica ambiental especial. A mineração suprime a vegetação nativa,
muda a topografia e desfigura a paisagem original (Foto 4). A atividade minerária
impõe a ocorrência de explosões, tráfego pesado, e desmontes de relevo. Tais
atividades, por sua vez, causam fissuras e trincas na superfície rígida das rochas que
sustentam a crista da serra e podem produzir ameaças importantes aos ecossistemas
tanto quanto ao patrimônio constituído (infraestrutura turística e religiosa). Ou seja, a
mineração é uma atividade conflitante com o uso público e a conservação de
ambientes naturais.

Conforme já mencionado, potencialidades e fragilidades são uma questão de


ponto de vista em relação ao uso dos recursos do território. Embora a mineração
resulte na geração de riquezas financeiras, tal atividade é antagônica à vocação
para a conservação ambiental, patrimonial e turística do MONAESP. Acredita-se que
as cavas sejam uma ameaça real a todo o conjunto da UC.

Destaca-se que as vibrações e a trepidação favorecem o ataque dos agentes


naturais como a chuva, propagando fraturas e instabilizando a superfície. Uma vez
rompida a dureza superficial da superfície ferruginosa, abre-se um processo de
desmonte mais acelerado da paisagem. Dentre os elementos mais ameaçados pelas
cavas de mineração estão as cavidades desenvolvidas na estrutura ferruginosa,
além da demanda hídrica para exploração do minério de ferro, podendo
comprometer as comunidades à Jusante.

Pág. 34
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Foto 4: Cava de mineração em meio à crista.

3.1.2 UP VERTENTE SUL

A unidade de paisagem Vertente Sul corresponde à área que vai dos topos, a
norte, até as colinas na parte mais baixa do relevo (Figura 5). Suas altitudes variam
entre 900 m e 1.600 m. Sua declividade é acentuada com presença de rupturas,
cornijas e cicatrizes de desmoronamento. Suas rochas são diferentes daquelas que
sustentam as colinas e o topo da serra. Aqui predominam rochas vulcânicas, muito
ricas em ferro. Elas são muito antigas e foram formadas em um ambiente oceânico.
Sua declividade pode superar os 47% e raramente é inferior a 10%. Seus solos são
muito rasos como uma função da própria declividade, que carrega os sedimentos
para as partes mais baixas. Graças aos altos teores de ferro e à declividade, observa-
se dificuldade de aprofundamento da rede de drenagem.

Do ponto de vista dos recursos hídricos, os aquíferos daqui são fraturados,


possuem baixa porosidade e tendem a ser pouco produtivos. Águas desta vertente
tendem a serem mais ricas em ferro e magnésio. As falhas geológicas desta vertente
podem funcionar como reservatórios menos importantes de água além de
orientarem a drenagem em direção à sede de Caeté. Em áreas restritas de
ocorrência de outras rochas pode haver um potencial de acumulação maior de
água.

Pág. 35
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

A vegetação desta UP pode ser compartimentada em dois tipos distintos: o


ambiente florestal do sopé da serra (relacionado aos depósitos de sedimentos e solos
mais profundos) e o ambiente de transição da área mais inclinada, seja com
influência do campo rupestre ferruginoso ao das formações savânicas,
principalmente entre as cotas de 1000 e 1350m. onde predomina uma mata de
candeias.

Na média baixa vertente, alguns lugares naturais foram substituídos por outras
formas de uso e ocupação, posto que a paisagem torna- se mais atraente para o
parcelamento do solo e a formação de chácaras que funcionam como residências
secundárias de moradores de Belo Horizonte.

Figura 5: Localização da UP Vertente Sul e suas respectivas subunidades.

Pág. 36
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Foi possível subdividir esta UP em duas subunidades: Ribeirão Sabará: diz


respeito ao setor mais a sudoeste, correspondendo ao alto curso do ribeirão Sabará,
e relaciona-se a sua potencialidade para a conservação. Esta área é mais declivosa
e impõe mais restrições ao uso e ocupação, o que resultou em uma área mais
preservada de vegetação. Baú / Paneleiro: mais a leste, encontra-se mais
intensamente ocupada. Parte da vegetação nativa deu lugar ao cultivo de
eucaliptos e à ocupação por pastagens. Por suas condições ambientais este setor é
mais vulnerável à implantação de infraestrutura.

A Tabela 4 apresenta os quantitativos de uso do solo e cobertura vegetal da


UP Cristas e suas subunidades

Tabela 4: Quantitativos de cobertura do solo na UP Vertente Sul, separados por subunidades.

Cobertura do solo / Subunidade Vertente Sul - área (ha)


Tipo Cobertura Baú / Paneleiro Ribeirão Sabará Total
Água Água 1,45 0,00 1,45
Acesso pavimentado 14,45 0,00 14,45
Acesso terra 10,83 7,34 18,17
Área urbana 86,23 0,00 86,23
Cultivo 1,80 0,00 1,80
Antrópico
Edificação 34,70 18,30 53,00
Pastagem 81,25 2,21 83,46
Silvicultura 466,41 0,00 466,41
Solo exposto 4,61 6,74 11,36
Brejo 0,58 0,00 0,58
Campo cerrado 5,44 163,93 169,37
Campo ferruginoso arbustivo 7,38 0,60 7,99
Natural
Campo ferruginoso herbáceo 1,57 0,33 1,90
Cerrado 104,51 195,66 300,18
Floresta semidecidual 1084,20 1564,40 2648,60
Total 1905,43 1959,51 3864,94

3.1.2.1 SUBUNIDADE BAÚ / PANELEIRO

A subunidade Baú/Paneleiro, embora seja predominantemente florestal (Foto


5), se encontra mais antropizada que a subunidade Ribeirão Sabará. Esta subunidade
ocupa metade inferior da vertente, em seu lado mais a leste.

Pág. 37
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Foto 5: Vista da subunidade Baú / Paneleiro. Predomínio florestal com alguns locais
ocupados por pastagens, condomínios e acessos.

Parte da floresta estacional semidecidual foi substituída pelo cultivo de


eucaliptos (Foto 6), que cria outra dinâmica do sistema ambiental, e resulta em
fragmentação da cobertura florestal, criando uma nova relação com a atmosfera e
a superfície. O processo exploratório do eucalipto aumenta as taxas de erosão, já
que o solo fica exposto e há maior movimentação de maquinário, com o
consequente incremento da turbidez das águas e o assoreamento dos canais fluviais
das bacias.

As pastagens, por seu turno, ocupam as áreas mais baixas e menos declivosas.
Elas ocupam uma área relativamente pequena no contexto desta subunidade, mas,
em função de seu manejo e condições ambientais, tornam-se áreas bastante
suscetíveis à ocorrência de incêndios, particularmente importantes durante o período
seco e intensos nas áreas próximas aos eixos de circulação (rodovias) e
adensamentos urbanos.

Cabe mencionar a presença de condomínios / chácaras que ocupam


terrenos maiores, atraídos pela beleza paisagística. Tais empreendimentos são
potencialmente menos problemáticos que áreas mais adensadas, pois normalmente
seus moradores podem se tornar importantes parceiros na tarefa de conservação e
gestão do território.

Pág. 38
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Foto 6: Vista do dossel do reflorestamento de eucalipto. Notar florestas remanescentes nas


drenagens.

3.1.2.2 SUBUNIDADE RIBEIRÃO SABARÁ

Esta unidade de paisagem ocupa toda porção sudoeste da AE. Do ponto de


vista natural, ela apresenta as mesmas características da subunidade Paneleiro / Baú,
mas apresenta relevo mais movimentado e áreas mais declivosas. Esta subunidade é
a que apresenta menor ação antrópica (Foto 7), que se deve, principalmente, às
fortes restrições impostas pela topografia, e à baixa densidade de vias de circulação,
onde muitas vias não são transitáveis por veículos automotores.

Além disso, na maior parte da área, que é de propriedade da Anglo Gold


Ashanti, foi mantida com vegetação nativa por não haver infraestrutura minerária na
AE. Outro aspecto positivo é que há inibição e restrição para ocupação irregular e a
conversão de áreas naturais para outros tipos de uso do solo, como exemplo a
pastagem, fato relacionado à gestão da propriedade (monitoramento e
fiscalização) pela empresa.

Esta subunidade apresenta uma proporção de áreas antropizadas muito


baixa, formando um contínuo de vegetação nativa de grande relevância para a
região, que extrapola a área de estudo.

Pág. 39
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Foto 7: Vista da subunidade Ribeirão Sabará, predominantemente coberto por vegetação


nativa.

3.1.3 UP VERTENTE NORTE

A Vertente Norte da Serra da Piedade é a unidade que conecta o Topo da


Serra às Colinas situadas na parte menos elevada do território, ao norte, tal como a
Vertente Sul (Figura 6). Entretanto, há significativas diferenças entre as duas vertentes.
Do ponto de vista topográfico, a altitude varia entre 900 m e 1.600 m. Sua topografia
exibe menores declividades que se reduzem em direção às colinas da base.

Suas rochas incluem filitos (extremamente frágeis à erosão) e quartzitos


(bastante resistentes). A vertente norte, dada a sua estrutura e composição
geológica, é menos escarpada e declivosa. Parte das rochas que compõem seu
substrato são, em geral, menos resistentes aos processos erosivos. Sua declividade
oscila principalmente entre 20 e 45% e nunca abaixo de 8%. Os solos locais não são
profundos, são facilmente erodíveis e pouco férteis. Por este motivo, a vertente norte
possui áreas ocupadas pela floresta estacional semidecidual em sua porção mais
baixa, além de formações de cerrado em diversos pontos da média vertente,
normalmente associadas a solos rasos e pedregosos. Desta forma, esta UP exibe uma
porção territorial bastante expressiva ocupada majoritariamente por formações de
cerrado e campo cerrado.

Pág. 40
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Do ponto de vista dos recursos hídricos as rochas desta vertente geram


aquíferos que podem ser granulares ou fissurais e possuem uma porosidade e
permeabilidade elevadas, o que permite uma boa capacidade de armazenamento
de água. Como resultado, a rede de drenagem da vertente é mais densa que a da
Vertente Sul.

Nesta vertente há grande diversidade ambiental, conferindo um mosaico


vegetacional composto por formações campestres, savânicas e florestais. A
representatividade de áreas antrópicas é majoritariamente baixa, o que também
favorece o quadro ambiental local.

Cabe destacar as características de suscetibilidade ambiental: potencial de


erodibilidade, à declividade e à presença de rochas pouco resistentes ao
intemperismo, como os filitos, solos litólicos e cambissolos; e uma proteção
relativamente menor à ação da água como agente modelador do relevo
relacionado à presença de cerrado e campos cerrados. Neste caso, há ainda a
suscetibilidade à ação do fogo, que aliado à presença de pastagens, apresenta
maior recorrência e intensidade de queimadas.

Algumas características marcantes na UP Vertente Norte levaram a uma


subdivisão, principalmente quanto à concentração de pastagens (Córrego Formiga)
(Tabela 5), e à tipologia vegetal predominante (predominantemente florestal –
subunidade Peixe / Fazendinha; mosaico de floresta e formações savânicas –
subunidade Brumado Machados).

Pág. 41
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Tabela 5: Quantitativos de cobertura do solo na vertente norte, separados por subunidades.


Cobertura do solo / UP Vertente Norte - área (ha)
Brumado / Córrego Peixe /
Tipo Cobertura Total
Machados Formiga Fazendinha
Água Água 0,57 0,33 0,72 1,61
Acesso pavimentado 0,00 1,17 14,74 15,91
Acesso terra 6,40 2,80 4,56 13,77
Área urbana 14,65 0,00 18,68 33,32
Cultivo 1,54 2,04 0,42 4,00
Antrópico Edificação 16,32 6,57 5,48 28,38
Mineração 0,15 0,00 11,05 11,20
Pastagem 54,48 87,86 34,04 176,39
Silvicultura 0,00 7,52 0,00 7,52
Solo exposto 3,47 0,65 7,99 12,12
Afloramento de rocha 0,00 0,00 0,13 0,13
Brejo 0,00 0,00 1,49 1,49
Campo cerrado 197,37 0,00 5,77 203,14
Natural Campo ferruginoso arbustivo 0,20 0,00 4,85 5,05
Campo ferruginoso herbáceo 0,51 0,00 0,16 0,67
Cerrado 404,25 0,00 45,16 449,42
Floresta semidecidual 747,27 120,32 884,03 1751,62
Total 1447,19 229,26 1039,29 2715,74

Pág. 42
628000 632000 636000 640000 644000 648000

UNIDADES DE PAISAGEM
SANTA LUZIA

CAETÉ
VERTENTE NORTE
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté
7804000

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

Limite do MONAESP (IEF); Unidades da Paisagem - Vertente Norte


Zona de amortecimento Limite da área de estudo (ADERI 2018);
MONAESP
Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
Unidades da Vertente Norte Área de estudo Acessos (OSM 2018);
PROJETO
Acessos Hidrografia (SUPRAM 2019); Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Brumado / Machados Limite municipal Unidades de Paisagem (ADERI 2019);
Estrada pavimentada Imagm Word View 0,5 m de resolução (2015)
0 0,5 1 2 3
km
Peixe / Fazendinha Basílica Nossa Senhora da Piedade
3
& Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
Pastagens do córrego Formiga 3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 03/07/2019 A3 00
3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.1.3.1 SUBUNIDADE BRUMADO / MACHADOS

Esta subunidade mais a oeste e situada na média-alta vertente da Serra,


recebeu a denominação de Brumado/Machados. Sua principal identidade, frente
às outras está relacionada à presença de uma vegetação mais aberta, do tipo
cerrado e campo cerrado, além de fragmentos florestais ocupando os fundos de
vale e encostas, conferindo elevada diversidade ambiental. Esta condição está
relacionada à posição topográfica e ao tipo de solos que a sustenta.

Solos nesta condição de topografia e declividade costumam ser bastante


rasos. Além disso, quando a rocha que lhes dá origem é do tipo filito, eles não
apresentam grande fertilidade. O filito apresenta forte potencial de erodibilidade,
sobretudo dos solos rasos e pedregosos, comumente vistos nesta região,
principalmente nas imediações das estradas e trilhas existentes (Foto 8).

A vegetação do tipo cerrado é bastante suscetível à ocorrência de incêndios.


Observa-se que nesta subunidade encontra-se a comunidade do Brumado. Esta
relação entre formação savânica e a existência de uma comunidade em suas
imediações pode potencializar a ocorrência do fogo, embora este seja mais
frequente na unidade de paisagem limítrofe, ao sopé da vertente norte.

Foto 8: Vista da subunidade Brumado / Machados. Notar predomínio de formações


savânicas, e processos erosivos associados à acessos existentes.

Pág. 44
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.1.3.2 SUBUNIDADE PEIXE / FAZENDINHA

A subunidade Peixe / Fazendinha encontra-se na posição mediana da


Vertente Norte, fazendo limite, em sua porção inferior, às colinas do embasamento
granítico e a leste, com a subunidade do Córrego Formiga. Diferentemente da
subunidade vizinha a leste, a Subunidade Peixe / Fazendinha se encontra
majoritariamente coberta por formações florestais (Foto 9), compondo um dos
maiores blocos de cobertura contínua da área de estudo. Sua declividade
ligeiramente menor e o processo de transporte de sedimento das vertentes superiores
para sua base podem ter dado origem a solos mais espessos, aliado à maior
disponibilidade hídrica, que se traduzem na forma de suporte a uma vegetação
florestal.

Devido à posição topográfica, litologia e cobertura vegetal, o potencial para


a erosão é menor do que as outras subunidades da Vertente Norte.

Cabe destacar a proximidade com a BR-381 que, juntamente com a presença


de vilas e povoados e pastagens associadas, intensifica a recorrência de incêndios,
sobretudo nas áreas de contato com a UP Colinas. A presença de vilas e povoados
próximos (na UP Colinas) também pode favorecer a caça de animais silvestres.

Foto 9: Vista da subunidade Peixe / Fazendinha. Notar predomínio de floresta semidecidual.

Pág. 45
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.1.3.3 SUBUNIDADE CÓRREGO FORMIGA

A subunidade Córrego Formiga possui, em geral, as mesmas características


estruturais do restante da Vertente Norte. Ela se encontra limitada por vertentes
declivosas da Serra do Descoberto. Estas vertentes não se encontram protegidas
pelas couraças ferruginosas, em geral, posto que sua superfície superior exibe sinais
de desgaste, passando a exibir outras litologias depositadas originalmente em
posições topográficas inferiores. Desta forma, as vertentes, estão cobertas
principalmente por uma floresta estacional semidecidual, enquanto a posição mais
baixa, correspondendo ao Córrego Formiga, encontra-se, majoritariamente, coberta
por pastagens e outras atividades, o que denota forte atividade antrópica. A posição
topográfica do Córrego Formiga aponta para a possibilidade de existência de solos
mais profundos.

Esta maior representatividade de pastagem está associada ao tipo de


proprietário, que nesta região é predominantemente de pessoa física, e apresentam
pequenas dimensões (Foto 10).

Por se tratar de pequenas propriedades, e por apresentar áreas de pastagem,


faz-se supor a maior presença do fogo, derivado de atividade humana (manejo de
pasto), além do risco de aumento das pastagens.

Foto 10: Vista da subunidade Córrego Formiga. Notar concentração de pastagens nos
trechos de topografia mais plana.

Pág. 46
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.1.4 UP COLINAS

Esta unidade de paisagem está situada na base da área de estudo do


MONAESP, nos trechos de menor altitude (Figura 7). Embora esteja inserida na AE, não
está presente no MONAESP. As rochas que compõem a paisagem são basicamente
os gnaisses e outros tipos de granitoides. Em decorrência desta estrutura diferenciada
em relação à crista, seu relevo é caracterizado pela presença de colinas convexas,
como meias laranja, intensamente dissecadas por pequenos cursos d’água. Sua
declividade é variável, ora apresentando vertentes mais íngremes, ora mais suaves.
Dado o material ser de origem predominantemente granítica e menos resistente que
os itabiritos, ali se formam solos mais profundos (latossolos vermelho-amarelos). Faixas
de solos mais argilosos podem estar associadas a outras rochas que possuem outras
composições de minerais, como os xistos.

Pág. 47
628000 632000 636000 640000 644000 648000

UNIDADES DE PAISAGEM
SANTA LUZIA

CAETÉ
COLINAS
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté
7804000

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

Limite do MONAESP (IEF); Unidades da Paisagem - Colinas


Limite da área de estudo (ADERI 2018);
MONAESP
Zona de amortecimento Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
PROJETO
Acessos (OSM 2018);
Área de estudo Acessos Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Unidade das Colinas Hidrografia (SUPRAM 2019);
Limite municipal Estrada pavimentada
Unidades de Paisagem (ADERI 2019); 0 0,5 1 2 3
Colinas Imagm Word View 0,5 m de resolução (2015) km
3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 09/01/2020 A3 00
3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Do ponto de vista dos recursos hídricos os granitoides dão origem a aquíferos


de produtividade baixa. São aquíferos fraturados, o que equivale dizer que a água
se encontra depositada apenas nas fraturas e descontinuidades das rochas. São
depósitos relativamente pequenos. Já o solo, mais espesso, pode armazenar um
pouco mais de água, que redistribui lentamente para as rochas e cursos d’água,
quando estão saturados.

Em relação à vegetação, sobre estas colinas predominam florestas estacionais


semideciduais, tipologia vegetal predominante nesta UP. Há grande variação na
estrutura e na composição das florestas desta unidade de paisagem. Isto, por sua
vez, está relacionado à profundidade da rocha. Quanto mais próxima a rocha da
superfície, maior o nível de deciduidade da floresta (os indivíduos perdem parte das
folhas), podendo ocorrer manchas de floresta estacional decidual (perdem todas as
folhas). Normalmente, nos fundos de vale as florestas são verdes em todas as
estações do ano, e apresentam maior porte. Áreas brejosas são mais comuns nesta
UP, devido à presença de planícies nas imediações de rios e/ou barramentos
artificiais de cursos d’água.

As condições de topografia e solo possibilitaram a sua ocupação parcial por


pastagens (Foto 11), seu principal tipo de uso do solo. Nesta UP que estão
concentradas vilas, povoados e malha viária de maior uso (Tabela 6). Em outras
palavras, ela suporta bem a implantação da infraestrutura, sendo mais susceptível à
conversão de vegetação nativa para uso antrópico.

Pág. 49
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Foto 11: UP Colinas, notar predomínio de pastagens, edificações e afloramento de granito.

Os solos são mais erodíveis que as rochas expostas. Os solos mais argilosos, uma
vez desmatados, podem dar origem a cicatrizes como sulcos e ravinas. Os latossolos,
por sua vez, tendem a ser mais arenosos. Sua estrutura possui algumas fragilidades e
o desmate e uso de técnicas inadequadas podem favorecer ao desmonte do relevo
e o aparecimento de erosões profundas (voçorocas). Em todos os casos, a erosão
levará os sedimentos para os cursos d’água, assoreando-os. Outro problema relativo
aos usos e práticas destas colinas está associado à formação de pastagens. As
transformações das condições microclimáticas pela supressão das florestas e o seu
manejo inadequado (pelo fogo), torna esta área mais suscetível a incêndios.

Tabela 6: Quantitativos de cobertura do solo na UP Colinas.

Tipo Cobertura do solo Colinas - área (ha)


Água Água 13,45
Acesso pavimentado 18,89
Acesso terra 29,55
Área urbana 162,20
Cultivo 73,48
Antrópico
Edificação 105,43
Pastagem 579,83
Silvicultura 182,48
Solo exposto 37,34
Afloramento de rocha 1,15
Brejo 13,60
Natural Campo cerrado 32,87
Cerrado 37,40
Floresta semidecidual 2177,76
Total 3465,43

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.2 COBERTURA DO SOLO E UPS DO MONAESP

Primeiramente, cabe mencionar que a atual delimitação do MONAESP


apresenta pouco sentido geoambiental. Com exceção do fato de que a
infraestrutura do Santuário Serra da Piedade está na porção central do MONAESP, os
limites não respeitam drenagens, bacias hidrográficas, ecossistemas raros, cavidades,
nem mesmo limites de propriedades.

O MONAESP apresenta 1.949,51ha de área, sendo coberto


predominantemente por vegetação nativa. Destacam-se as florestas semideciduais,
que representando 65,49% do total, seguido do campo rupestre ferruginoso (arbustivo
+ herbáceo: 17,86%) e do cerrado (campo cerrado e cerrado sentido restrito: 8,84%)
(Tabela 7). As demais tipologias vegetais nativas são pouco representativas e
ocupam pequenas dimensões.

Em relação aos usos antrópicos, destacam- se as pastagens, que representam


4,97% do MONAESP. As edificações e áreas urbanas (adensamentos de residências)
somam 0,93%. Os demais tipos de uso antrópico ocupam pequenas dimensões.

Tabela 7: Cobertura do solo da área do MONAESP.

Tipo Cobertura do solo Área (ha) %


Água Água 0,95 0,05%
Acesso pavimentado 14,2 0,73%
Acesso terra 8,82 0,45%
Área urbana 0,04 0,00%
Cultivo 4,15 0,21%
Antrópico Edificação 9,38 0,48%
Mineração 2,75 0,14%
Pastagem 96,9 4,97%
Silvicultura 9,8 0,50%
Solo exposto 4,94 0,25%
Afloramento de rocha 0,17 0,01%
Brejo 0,08 0,00%
Campo cerrado 53,44 2,74%
Natural Campo ferruginoso arbustivo 223,76 11,48%
Campo ferruginoso herbáceo 124,47 6,38%
Cerrado 118,96 6,10%
Floresta semidecidual 1276,71 65,49%
Total 1949,51 100,00%

Pelas unidades de paisagem definidas para a área de estudo, a maior parte


do MONAESP está inserida na UP Vertente Norte, sobretudo na subunidade

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Brumado/Machados. A UP Cristas e a UP Vertente Sul representam, cada uma, 31%


do MONAESP (Tabela 8).

Tabela 8: Unidades de Paisagem do MONAESP.

Unidade de Paisagem - UP Subunidade Área (ha) %


Colinas Colinas 18,3 1,0%
Serra da Piedade 455,58 23,0%
Cristas
Serra do Descoberto 149,91 8,0%
Brumado / Machados 24,51 1,0%
Vertente Norte Peixe / Fazendinha 543,71 28,0%
Córrego Formiga 164,41 8,0%
Baú / Paneleiro 224,57 12,0%
Vertente Sul
Ribeirão Sabará 368,53 19,0%
Total 1949,51 100,0%

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3 FATORES DE INFLUÊNCIA SOBRE O TERRITÓRIO

A presente abordagem foi feita com base no Diagnóstico participativo de


unidade de Conservação (DIPUC), realizado em 30/03/2019 (Anexo I), na qual
participaram os proprietários e outras organizações envolvidas no território.

Durante as atividades, realizou-se uma oficina que indicou os aspectos


relacionados ao fortalecimento da UC, potencialidades, fraquezas e
vulnerabilidades.

A elaboração do mapa falado, no âmbito do DIPUC (2019), auxiliou a


elaboração do presente diagnóstico de caracterização, orientando o tratamento
das informações de forma mais assertiva e com grande envolvimento com os
proprietários que compõem o MONAESP - principais interessados em se ter uma boa
gestão do território. O Mapa Falado elaborado durante o DIPUC (2019) é
apresentado na Figura 8.

Observa-se que os proprietários e demais envolvidos no MONAESP têm maior


conhecimento da porção oeste e porção vizinha à centro-noroeste, onde há maior
concentração de propriedades de pessoas físicas. O trecho da área de estudo a
noroeste, oeste e sudoeste é pouco conhecido. Este desconhecimento é pelo fato
de que são áreas de propriedade de empresas minerárias, de baixa circulação / uso
das pessoas residentes na região.

A equipe técnica entende que esta oficina reflete, de forma clara, a realidade
do território, uma vez que foram os próprios envolvidos (proprietários e organizações)
que elencaram tais aspectos. Os fatores de influência sobre o território (positivos e
negativos) foram incorporados neste relatório e são apresentados na sequência.

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628000 632000 636000 640000 644000 648000

MAPA FALADO RESUMO


SANTA LUZIA

CAETÉ
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

$
1
`
^
-3 8
1 `$
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BR
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1 #
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Sabará $
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7808000

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33&3
#
0
$
1

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté

MONAESP
Área de estudo
7804000

Limite municipal
Zona de amortecimento
3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade
3
& Igreja Nova das Romarias
3
& Observatório Astronômico Frei Rosário

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

Limite do MONAESP (IEF); Mapa Falado Resumo


Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Estrada Descoberto
#
0 Aumento do Número de Proprietários
$
1 Caça Armada #
0 Loteamentos Irregulares
X Redução de Água
Muros Descoberto
Limites Municipais (IBGE 2010);
PROJETO
Mapa falado (ADERI 2019)
!
. "
) Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Cachoeira
$
1 Extração Vegetal Muros?
E Sondagem Tráfego intenso de caminhões
Brumado
0 0,5 1 2 3
!
. Caverna #
0 Fazendo Ouro Fino - Teor Arqueológico
!
. Nascentes
$
1 Supressão Arbórea Condomínio Irregular km
Projeção Universal Transversa de Mercator
$
1 Caça $
1 Incêndios
`
^ Onça Parda
n portaria Recanto Monsenhor Domingo
Pedra dos Portugueses
Ravena - casa Minas Agroecologia - Muro de Pedra
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
#
0 Invasões Cavalgada Área de incêndios ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Thiago Mansur 09/01/2020 A3 00
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.1 FORTALEZAS

3.3.1.1 PAISAGEM

Conforme mencionado, as principais infraestruturas de uso público estão


inseridas no topo da Serra da Piedade, na UP Cristas – subunidade Serra da Piedade,
e, por isso, apresentam condições privilegiadas quanto ao cenário: infraestrutura
religiosa em meio a uma paisagem singular (predominantemente natural e
heterogênea), com clima típico e com vista panorâmica privilegiada.

3.3.1.2 SINERGIA COM O TURISMO REGIONAL

• Circuito do Ouro

O Circuito do Ouro é uma entidade civil, de direito privado, sem fins lucrativos,
que visa organizar e desenvolver a atividade turística em seus 17 municípios, onde
estão inclusos os municípios de Caeté e Sabará (Figura 9). A missão da entidade é
representar seus associados, apoiar e promover o desenvolvimento do turismo
sustentável na região do Circuito Turístico do Ouro por meio da articulação dos
setores empresariais, governamentais e da sociedade civil.

O Circuito do Ouro trabalha atualmente com quatro roteiros oferecidos ao


turista, sendo Entre Serras: da Piedade ao Caraça; Entre Trilhas, Sabores e Aromas;
Entre Cenários da História; Entre Ruralidades e Personalidades. Somente um roteiro

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

possui um dos dois municípios (Caeté) contidos na área de estudo que é o Entre
Serras: da Piedade ao Caraça. O Roteiro abrange os municípios de Caeté, Barão de
Cocais, Catas Altas e Santa Bárbara e pode ser divido em três opções de rotas dividas
quanto ao segmento: ecológica, gastronômica e religiosa (Figura 10). Portanto, é
possível perceber que o Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade e suas estruturas
enquadram-se nos três segmentos do Roteiro conforme é demonstrado na Tabela 9.

Figura 9: Mapa do Circuito do Ouro.

Fonte: Circuito do Ouro, Belo Horizonte, MG. 2018. Disponível em: ‹www.circuitodoouro.tur.br

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Figura 10: Mapa do Circuito do Ouro.

Fonte: Circuito do Ouro, Belo Horizonte, MG. Disponível em: ‹www.circuitodoouro.tur.br›

Tabela 9: Rotas e Circuitos da área de estudo.


Rotas / Circuitos

Rota Ecológica
Município Atrativos
Serra da Piedade, Cachoeira Santo Antônio, Pedra Branca, Canela de Ema e Hotel
Caeté
Vovó Duda.
Barão de Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, Cachoeira de Cocais, Pousada das Cores e
Cocais Butiquim Santana.
Santuário do Caraça, Bicame de Pedras, Vale das Borboletas, Balneário do Morro da
Catas Altas
Água Quente e Pousada Escarpas do Caraça.
Santa
Parque Recanto Verde e Pontilhão.
Bárbara
Rota Gastronômica
Serra da Piedade, Hotel Vovó Duda, Pousada Serra da Piedade, Hotel JM Ferreira,
Caeté Lanchonete Guaka, Hotel Cassino, Restaurante e Pousada Adega Estoril e Delícias do
Céu.
Barão de Fazenda Rancho da Praia, Pousada das Cores, Butiquim Santana, Bar e Restaurante
Cocais Pé da Serra e Pousada e Restaurante Vila Cocais.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Rotas / Circuitos
Santa
Casa do Mel
Bárbara
Santuário do Caraça, Restaurante História Taberna, Aprovart, Pousada Ecos da Serra,
Catas Altas Pousada Casa Pietá, Confraria Cultura Bar, Restaurante Ora-pro-nobis e Cantinho da
Roça.
Rota Religiosa
Igreja Nossa Senhora do Rosário, Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, Igreja de
Caeté
Nossa Senhora de Nazareth, Serra da Piedade.
Barão de Santuário de São João Batista, Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Capela de São
Cocais Benedito.
Santa
Igreja Matriz de Santo Antônio e Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
Bárbara
Santuário do Caraça, Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Capela de Santa
Catas Altas
Quitéria e Capela de Nosso Senhor do Bonfim.

• Instituto Estrada Real

Criado em 1999 e ligado ao Sistema FIEMG, o Instituto Estrada Real (IER) tem
como objetivos organizar, fomentar e gerenciar o produto turístico Estrada Real - ER.
A Estrada Real é um antigo caminho, aberto há mais de 300 anos pela Coroa
Portuguesa e, hoje, é a maior rota turística do país. Possui mais de 1.630 km de
extensão, passando por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

O IER trabalha a rota turística através de quatro caminhos, onde o de


Sabarabuçu é o único que interfere diretamente na área de estudo, adentrando-a
ao sul, passando pelo vilarejo de Pompéu, bairro de Sabará. Entretanto, os limites do
MONAESP não são transpostos pela rota, apesar de estarem próximos.

Um dos pontos mais fortes da Estrada Real é a sinalização através de seus


marcos. São, ao todo, 1.926 marcos em seu eixo principal e, dentro dos limites da área
de estudo, existem alguns marcos instalados demarcando a rota turística.

O IER divulga vários pacotes comercializados por diversas agências,


operadoras e receptivos turísticos. O único atrativo turístico existente na área de
estudo, divulgado pelo IER, é o Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade no
pacote “Serra da Piedade Primórdios da Cozinha Mineira”.

Novamente, o atrativo âncora da região presente no interior do MONAESP é


ofertado e promovidos pela ER.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Figura 11: Mapa da Estrada Real.

• Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais – SETUR

Criada em 1999, a Secretaria de Estado de Turismo (SETUR) tem por finalidade


planejar, coordenar e fomentar as ações do turismo, objetivando a sua expansão, a
melhoria da qualidade de vida das comunidades, a geração de emprego e renda
e a divulgação do potencial turístico do Estado.

Desde 2011 a SETUR trabalha e investe em ações no segmento de turismo


religioso. Brasil é o 3° país a enviar turistas ao caminho de Santiago, atrás apenas da
Espanha e França. Conforme pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (FIPE 2010), foram realizadas 8,1 milhões de viagens domésticas
motivadas pela fé, isso representa 3,6% de todas as viagens realizadas no Brasil. Só
em Minas Gerais, segundo o Ministério do Turismo foram 3,94 milhões de viagens desse
tipo.

O Santuário da Serra da Piedade recebeu, em 2017, aproximadamente 489 mil


visitantes e o Santuário da Serra do Caraça, cerca de 70 mil. São quase 400 mil
visitantes motivados pela fé.

Nesse contexto, a SETUR atua no território da Serra da Piedade em duas ações


em específico: a reforma do Santuário da Serra da Piedade, bem como a
implantação do projeto CRER – Caminho Religioso da Estrada Real.

A reforma do Santuário da Serra da Piedade, localizado em Caeté, consistiu


em obras de restauração geral, intervenções de acessibilidade e implantação de

Pág. 59
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

sinalização turística bilíngue com placas educativas, de advertência, indicativas e


painéis informativos.

O projeto CRER – Caminho Religioso da Estrada Real é uma rota turística


totalmente baseada no conceito do Caminho de Santiago de Compostela,
localizado na Espanha. O CRER utiliza a Estrada Real como seu eixo principal, porém
com algumas adaptações. O Caminho parte da Serra da Piedade, passa pelo
Santuário do Caraça e segue para o Santuário Nacional de Aparecida no Estado de
São Paulo. A intenção é fazer desta rota um grande produto turístico para peregrinos
que queiram completar a grande rota turística.

Para isto, foram elaborados um Guia Turístico do caminho religioso, um


passaporte onde o peregrino recebe um carimbo em seu passaporte ao visitar os
municípios ou pontos de passagem. São certificados aqueles que apresentarem
todos os carimbos no passaporte ao final da rota, em ambas as extremidades.

Guia turístico Passaporte

Passaporte

Certificado

Folhetearia do projeto CRER

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Foi implantada, ainda, sinalização indicativa através de totens, informativas


com indicação da localidade, distâncias dos próximos destinos, planilha de
quilometragem e perfis altimétricos do caminho bem como paraciclos e placas de
advertência.

Esta rota turística adentra a área de estudo pela MG-435, transpassa o


MONAESP e depois continua em direção à estrada que permite acesso à área do
Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade.

Na Figura 12, há a foto da sinalização do Caminho Religioso instalado dentro


da AE, especificamente na Praça Dom Cabral, no Santuário Basílica Nossa Senhora
da Piedade.

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Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Figura 12: Foto da sinalização do Caminho Religioso.

3.3.1.3 ANÁLISE TURÍSTICA DA ÁREA DE ESTUDO

A área do MONAESP está inserida em municípios com considerável patrimônio


histórico e artístico, que contribuem para contar a história de Minas Gerais. O território
do MONAESP faz parte, também, do Circuito do Ouro - uma das principais e mais
visitadas regiões de Minas Gerais. Além deste importante contexto, a área do
Monumento também está inserida na Serra do Espinhaço, declarada como Reserva
da Biosfera pela UNESCO, o que eleva este território não só para o cenário regional e
nacional, mas também internacional. Cabe destacar, ainda, que a área de estudo
faz parte da Estrada Real, do Caminho Religioso da Estrada Real e está próxima ao
Santuário do Caraça. Os dois Santuários, Piedade e Caraça, atraem sozinhos
aproximadamente 500 mil pessoas por ano movidas pela fé (turismo religioso).

O Monumento pode ser acessado pela BR-318 que liga Belo Horizonte a Vitória
ou através dos municípios de Sabará e Caeté pelas rodovias BR-262 e MG-434,
respectivamente.

3.3.1.3.1 TURISMO RELIGIOSO

O turismo no território em que o MONAESP se encontra tem o segmento mais


relevante o religioso, devido a presença dos dois Santuários, Caraça e Piedade

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

somado a Estrada Real, especificamente o Caminho Sabarabuçu e o Caminho


Religioso da Estrada Real - CRER.

O turismo de destaque do MONAESP corresponde a uma visitação voltada


para as práticas religiosas e espirituais. Além disso, observa-se o crescente uso para
contemplar a paisagem e para reuniões em família, como almoços e passeios, e até
mesmo, para hospedagem em um dos quatro meios de hotelaria existentes no interior
do Monumento. Destes quatro, três estão vinculados: Recanto Monsenhor Domingos;
Retiro da Piedade e Casa dos Peregrinos, no alto do Santuário Basílica Nossa Senhora
da Piedade. Em conversa com os gestores destes equipamentos de hospedagem,
notou-se que eles estão cada vez mais abertos a receber públicos além daqueles de
retiros espirituais, comuns em diversas excursões vindas de todo o Brasil e até mesmo
de outros países para este fim. Os gestores das hospedagens estão entendendo o
mercado e se profissionalizando cada vez mais em hotelaria e recepção turística:
apresentam estruturas de hospedagem muito bem arquitetadas e organizadas,
capazes de receber diversos públicos motivados a outras experiências que não
somente a fé e agreguem outras vivências ao território.

3.3.1.3.2 ECOTURISMO

Existem diversas trilhas no entorno, que por fezes transpassem, a área do


MONAESP onde são praticados esportes de aventura como mountain bike, trekking
(caminhadas), moto trail, off road (jipe). Majoritariamente são turistas vindos de Belo
Horizonte e região metropolitana que aos finais de semana e feriados buscam
ambientes naturais para realizarem suas práticas outdoor. Por essa razão, buscou-se
identificar estes usos através de relatos de pessoas que atuam e/ou residem no
território. Para tal, foi utilizada a ferramenta Wikiloc. O Wikiloc é um banco de dados
geográficos mundial para compartilhamento de atividades outdoor. Os usuários
disponibilizam nesta plataforma as atividades realizadas, como, por exemplo, trilhas,
off road, mountain bike, montanhismo. Este banco de dados oferece uma
perspectiva de como os esportes e turismo de aventura estão ocorrendo em
determinada região e, principalmente, onde estão ocorrendo.

Percebe-se no mapa a seguir, onde são especializados estes usos, que a maior
concentração de usos se encontra ao sul dos limites do MONAESP, vindos de Caeté
por meio dos condomínios residenciais e, também, através do bairro Pompéu em
Sabará.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Existem três trilhas que adentram a área do Monumento: uma utiliza a rodovia
MG-434 que dá acesso ao portão de entrada do Santuário da Piedade, subindo pela
via pavimentada de asfalto, porém em alguns momentos utiliza atalhos
perpendiculares às curvas de nível que a via oficial segue; a outra se trata de trilha
de fato que vem das áreas de condomínios residências de Caeté e sobe em trilha
bastante íngreme até quase a área de topo do santuário; a última está a oeste, onde
os limites do Monumento forma um bico e trata-se de atividades de moto e trekking
na estrada que permite acesso à mina da AVG e, em determinado momento,
adentra os limites do Monumento.

Todos os demais caminhos e trilhas encontram-se fora dos limites do


Monumento. Eles foram percebidos em quantidade ao entorno dos limites.

3.3.1.3.3 MEIOS DE HOSPEDAGEM

Foram identificados quatro meios de hospedagem no interior do MONAESP,


sendo quatro diretamente administrados pela Igreja e uma pousada que, apesar do
nome, trata-se de um empreendimento turístico com fins lucrativos.

Pousada Santuário - Localizada na borda leste do Monumento, área onde há


mais proprietários particulares, encontra-se a Pousada Santuário. Ela possui dez
unidades habitacionais (Uhs) divididas em duas suítes standard, sendo uma
quádrupla e outra tripla; três suítes standard maior, sendo uma tripla, uma quádrupla
e outra quíntupla; duas suítes Premium, sendo uma dupla e outra tripla; e dois
bangalôs, sendo um duplo e outro triplo e, por fim, um chalé com dois quartos com
capacidade para seis pessoas, sala de Tv, cozinha e varanda. As Uhs possuem
frigobar e Tv a cabo.

A pousada possui estacionamento, piscina, deck panorâmico e restaurante.

A hospedagem trabalha com regime de pensão completa nos finais de


semana e nos dias de semana, com café da manhã incluso.

Seu público é diversificado, variando entre casais, famílias com filhos e turma
de amigos. É oferecido passeio até a Serra da Piedade aos finais de semana com
agendamento.

Total de leitos: 34

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Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Recanto Monsenhor Domingos - Antigo Asilo São Luiz fundado em 25/08/1878


por Monsenhor Domingos, nome este que batiza o atual complexo de hospedagem,
alimentação, lazer e retiro espiritual. Localizado próximo à Pousada Santuário.

No local, hoje, funcionam uma pousada; uma casa de retiro; um restaurante;


dois memoriais; uma lojinha de souvenires com lanchonete; uma capela; e espaço
de lazer com playground, piscina, lago, área de churrasco e piquenique, quadras e
salão de jogos. Há, ainda, um eremitério no prédio São Luiz que abriga as Irmãs
Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade que cuidam e administram o complexo.

A pousada possui dois prédios. O primeiro e mais antigo, denominado São Luís,
é composto por sete quartos. O outro prédio, mais novo, denominado Dom Silvério,
contém 12 quartos além de um grande espaço para eventos.

O restaurante Espaço São José tem capacidade para 644 pessoas sentadas e
91 em pé. Ele possui um amplo salão moderno com palco, saídas de emergência e
acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais e banheiros
amplos. Ao lado, encontra-se o espaço de lazer composto por um grande
playground, piscina, lago artificial, área de churrasqueira com banheiros, espaço
para piqueniques, quadra e salão de jogos. Este espaço é locado para eventos
como casamentos, aniversários, excursões de retiros espirituais dentre outros. O local
é aberto também para quem não está hospedado.

Casa Retiro Monsenhor Domingos - Apesar do nome se referir a “casa de


retiro”, o local possui trinta e seis quartos com duas camas cada. Possui outras duas
casas, sendo uma com quatro e outra com cinco camas, recepção e um memorial
dedicado ao Monsenhor Domingos (antigo missionário que no século XIX contribuiu
para o desenvolvimento e evangelização da comunidade). Há, ainda, uma capela,
amplo espaço para refeições, auditório e pátio de convivência. O local fica mais
isolado do complexo, possui cercamento e portão e é utilizado para grupos que
alugam o espaço para realização de retiros espirituais.

Memorial Irmã Benigna e Lojinha/Lanchonete - O Memorial é dedicado à serva


de Deus Irmã Benigna que chegou ao local, ainda Asilo São Luís, em 1948 e por lá
atuou, trabalhou e ganhou fama de santa. A visita desta edificação é interessante,
pois há um roteiro que sugere a passagem por um caminho único, que exibe diversos
painéis e objetos de uso pessoal e cotidiano além de réplicas em tamanho real, que
contam a história da Irmã. Ao final do percurso, chega-se à lojinha onde são

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

comercializadas quitandas locais bem como produtos produzidos dentro do


complexo com marca própria.

Retiro Piedade - O Retiro da Piedade fica localizado aos pés da Serra de


mesmo nome, na estrada que dá acesso a AVG Mineração. Administrado pela
Arquidiocese de Belo Horizonte, assim como o Santuário Basílica de Nossa Senhora da
Piedade, o local funciona como um espaço para vivência de momentos de reflexão,
silêncio e repouso. Atende a retiros espirituais, serve de apoio para grandes eventos
que ocorrem no Santuário e recebe também turistas que desejam conhecer a região.

O local dispõe de uma edificação com seis suítes e outra com dois quartos e
três suítes. Há ainda um refeitório, capela, campo de futebol gramado, piscina, lago
com peixes e uma quadra de vôlei de praia.

O Retiro possui uma pequena e agradável trilha que é apresentada no quadro


a seguir:

Tabela 10: Dados de trilha presente na Área de Estudo.


TRILHA

Trilha da Cachoeira do Retiro

Inclinação máxima
Tempo Altitude Altitude Altitude Ganho de Perda de Inclinação
Extensão:
médio: mínima: média: máxima: elevação elevação média
Ascendente Descendente

1 km 30 min 1177 m 1231 1280 m 9m -111 m 10% 40% 4%

PERFIL ALTIMÉTRICO:

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TRILHA

VISTA DE PLANTA

DESCRIÇÃO:

A Trilha está localizada dentro de propriedade particular, no caso uma hospedagem denominada Retiro da Piedade voltada para

receber hópedes em retiro espiritual e, eventualmente, turistas a lazer na região. Em formato linear o pequeno percurso de apenas

1.000 metros de extensão vai adentrando a mata, seguindo e cruzando por diversas vezes o leito de um curso d’água é bastante

agradável e de fácil acesso para diversos públicos como alunos de escolas da região, por exemplo. Há uma cavidade no meio

do caminho que desperta a curiosiade de quem passa. Trata-se de um pequeno abrigo formado em um afloramento rochoso. O

barulho constante da água correndo no pequeno curso d’água e em quase toda sua extensão sombreada pelas copas das

árvores a trilha é um passeio bastante agradável para quem está hospedado ou mesmo um potencial para a gestão do

monumento trabalhar a visitação orientada para públicos que buscam atividades extra curriculares, por exemplo. Desde que

previamente acordado e autorizado pelos proprietários. A trilha tem seu desfecho em uma pequena cachoeira de

aproximadamento 10 m de altura sem poço para banho. Nela é possivel se aproximar da água que escorrer em uma parede

rochosa e se molhar com as mãos ou enfiar a cabeça na água.

INFRAESTRUTURA:

A trilha possui diversas intervenções realizadas pelos funcionários que dão manutenção na propriedae como, por exemplo,

degraus, corrimãos e pinguelas. Não há sinalização. A trilha se encontra suja em alguns trechos, principalmente devido a árvores

e galhos caídos o que obriga em certos momentos desviar de seu leito original, gerando obstáculos que restringem crianças e

pessoas com alguma dificuldade motora. Nada que uma pequena limpeza e manutenção não resolvam.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS:

Caminhadas sem condução e interpretação para os hóspedes do Retiro bem como caminhadas agendadas de educação

ambiental organizadas pela gestão do Monumento.

USOS:

Lazer, recreação, contemplação, educação ambiental, reflexão, silencio e repouso.

PERIGOS E RISCOS:

Escorregar, tropeçar, cair da própria altura, picada de insetos e animais peçonhentos, choque de partes do corpo com

vegetação, queda no vazio, queda de galhos dentre outros.

Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade – No século XVIII, quando fidalgos


portugueses chegaram para fundar o Colégio do Caraça, foram construídos na Serra
da Piedade um eremitério e uma Igreja dedicada a Nossa Senhora. No ano de 1958,

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

o Papa João XXIII decretou a Santa como Padroeira do Estado de Minas Gerais. Por
essa razão, a Serra conquistou numerosos títulos como, por exemplo, o tombamento
da Serra pelo IPHAN para o conjunto paisagístico e artístico do Santuário. Em 2004 o
Governo do Estado, seguindo as diretrizes do IEPHA em acordo com a constituição
Mineira de 1988, considerou a Serra como Área de Proteção Ambiental, no caso um
Monumento Natural e, por fim, em 2012, o Governo do Estado decretou o Santuário
como Atrativo Turístico de Especial Interesse para o Estado.

Em meio a tantos títulos recebidos ao longo do tempo, o Santuário é um


atrativo turístico âncora, ou seja, além de atrair muitos visitantes por ano,
consequentemente contribui para a cadeia do turismo da região, sendo um indutor
benéfico para outros atrativos, equipamentos e serviços turísticos de menor porte ou
expressão.

O Santuário possui uma grande e vasta infraestrutura que oferece


comodidade de acesso, estacionamento, infraestrutura completa de hospedagem
e alimentação, venda de souvenires, missas, eventos. Além disso, a vista panorâmica
360° deslumbrante da região faz, por si só, um espetáculo à parte, até mesmo para
quem não tem fé. Este é um aspecto que chama a atenção a respeito da visitação
no local, pois não necessariamente os turistas que vão ao Santuário estão
relacionados diretamente com a espiritualidade e/ou religião. O local é bastante
atrativo em razão de suas belezas naturais, que é favorecido pelo ambiente de
altitudes elevadas (>1.700 m), que possibilita vista panorâmica de todo o conjunto
paisagístico.

A visitação ao Santuário é permitida de segunda a sábado de 08:00h às 18:00h


e aos domingos e feriados das 07:00h às 18:00h. Não é cobrada taxa de visitação,
porém pode ser cobrado algum valor a depender do tipo de veículo que adentra a
Unidade.

Existem regras de visitação pública na área do Santuário. Não é permitido,


portanto:

• Consumir bebidas alcoólicas, fazer churrasco ou uso de fogareiro.

• Levar qualquer animal para dentro da reserva.

• Escalar e/ou subir nas pedras, caçar ou aprisionar animais.

• Causar danos à vegetação, retirando mudas.

Pág. 68
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

• Sair das trilhas ou abrir novos caminhos.

• Invadir a propriedade, desrespeitando a entrada principal.

• Ligar música em alto volume.

• Acampar e pernoitar em carros.

• Andar de bicicleta nas trilhas, por causa da fragilidade do solo.

• Praticar esportes radicais.

• Comercializar produtos – com exceção dos artesãos cadastrados no


Santuário.

• Passeio de crianças sem acompanhante.

O Santuário oferece alguns serviços como cessão de imagem para realização


de ensaios fotográficos na área do santuário, sejam para casamentos, publicidade
ou outros fins, desde que agendado previamente. Além disso, há, ainda, a locação
de espaços para celebrações, casamentos, eventos.

Diante disso, há um calendário de eventos bastante concorrido, seja por


demandas externas ou por eventos da própria arquidiocese.

No ano de 2018, contabilizou-se um público de 115.634 pessoas somente em


eventos programados no Santuário. A visitação geral atingiu a marca de 457.793
visitantes, quase meio milhão de pessoas no ano e uma média de quarenta mil por
mês, aproximadamente.

O Santuário é um local também de recebimento de muitas peregrinações. No


ano de 2018, foram contabilizados 66.538 peregrinos que tiveram suas peregrinações
agendadas e recebidas pelo Santuário.

Nas duas imagens a seguir são demonstradas as infraestruturas e atrativos


existentes no Santuário.

Pág. 69
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Figura 13: Infraestruturas e atrativos existentes no Santuário.

Fonte: Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade


(www.santuarionossasenhoradapiedade.arquidiocesebh.org.br)

O restaurante tem capacidade para 304 pessoas e a lanchonete/café, para


90.

A hospedagem Casa dos Peregrinos possui 43 leitos distribuídos em dez


quartos, com diária incluindo regime de pensão completa. Em 2018, foram
contabilizados 1.072 hóspedes pela gerência do Santuário.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Figura 14: Infraestruturas e atrativos existentes no Santuário.

Fonte: Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade


(www.santuarionossasenhoradapiedade.arquidiocesebh.org.br)

Há, ainda, na área do Santuário, uma trilha denominada Trilha dos Peregrinos,
na qual se apresentam as informações no quadro a seguir.

Tabela 11: Dados de trilha presente na Área de Estudo.


TRILHA

Trilha do Peregrino

Inclinação máxima
Extensã Tempo Altitude Altitude Altitude Ganho de Perda de INCLINAÇÃO
Ascendent Descendent
o: médio: mínima: média: máxima: elevação elevação MÉDIA
e e

2.75 km 3h 1313 m 1464 m 1641 m 59 m -385 m 43% 53% 17%

PERFIL ALTIMÉTRICO:

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

VISTA DE PLANTA

DESCRIÇÃO:

A trilha está localizada dentro de propriedade particular, no caso da Arquidiocese de Belo Horizonte, gestora do Santuário Basílica

Nossas Senhora da Piedade. A trilha sai da estrada entre o Santuário e o estacionamento e segue acompanhando as curvas de

nível com um traçado agradável, apesar de ser íngreme, haja vista a trilha apresentar uma inclinação média de 17%. Segundo

manuais internacionais de construção e manejo de trilhas entende-se que inclinações superiores a 20% necessitam de intervenções

artificiais visando vencer obstáculos o que não é o caso aqui. A trilha segue sobre rocha ferruginosa granulada o que pode facilitar

escorregões e quedas da própria altura. O caminho possui vegetação rasteira que não gera sombra para os

caminhantes/peregrinos.

INFRAESTRUTURA:

A trilha não possui infraestrutura.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS:

Caminhadas sem condução e interpretação para os peregrinos que vêm visitar o Santuário em datas e feriados religiosos. O

percurso conforme pode ser visto na Vista de Planta foge da via carroçável asfaltada e passa por outra vertente da Serra seguindo

suas curvas de nível e oferecendo uma experiencia bastante diferente para quem deseja acessar o alto da serra.

USOS:

Lazer, recreação, contemplação, educação ambiental, reflexão, silencio, peregrinações e repouso.

PERIGOS E RISCOS:

Escorregar, tropeçar, cair da própria altura, picada de insetos e animais peçonhentos, choque de partes do corpo com

vegetação, queda no vazio, dentre outros.

Há outro caminho conhecido por Trilha São Francisco, que liga o


estacionamento à estrada já bem próxima a Praça Dom Cabral. Atualmente, o
caminho é utilizado como atalho para quem estaciona no estacionamento e quer
encurtar o caminho até a área do Santuário. Com aproximadamente 1.250m de
extensão a trilha possui uma inclinação média de 15% e um ganho de altitude de
184m partindo do estacionamento, ou seja, trata-se de uma subida considerável,
porém não muito íngreme. Esta trilha tem potencial para tornar-se atrativo e conter
interpretações temáticas ligadas ao meio ambiente ou ligados ao aspecto religioso.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Outro caminho que serve de atalho para peregrinos é a Trilha do Cascalinho,


que parte da Portaria do Santuário próximo à rodovia e sobe perpendicularmente a
Serra em um traçado praticamente reto e bastante íngreme, que faz com que a
atividade se torne bastante cansativa.

Com 1.070m de extensão, inclinação média de 31% e um ganho de elevação


de 232m, a trilha do Cascalinho serve de atalho para chegar à área do Santuário no
cume da Serra sem ter que se estender pela estrada de asfalto sendo que a Via do
Peregrino se apresenta como um traçado mais coerente, que respeita as boas
práticas para construção e manejo de trilhas e tem o mesmo objetivo, ou seja,
oferece maior conforto e segurança para os caminhantes bem como minimiza os
impactos no leito da trilha e seu entorno como, por exemplo, a formação de
processos erosivos, surgimento de atalhos paralelos dentre outros.

3.3.1.4 INFRAESTRUTURA DE USO PÚBLICO EXISTENTE E PLANEJAMENTO FUTURO

Desde idos do século XVI, a Serra do Sabarabuçu (ou Serra Resplandecente e


Serra das Esmeraldas) atraía as bandeiras de Fernão Dias para a busca de ouro, prata
e esmeraldas da então Província das Minas dos Gerais. Certamente, o berço da
história mineira se mistura com a busca dos metais preciosos da Serra da Piedade,
onde se confundem também a internalização das bandeiras e um dos maiores
marcos geográficos do estado de Minas Gerais. Sua predisposição como destaque
já estava posta. Suas identidades são ressaltadas nos caminhos das Gerais.

Os patrimônios materiais e imateriais da Serra da Piedade fazem deste lugar


único no mundo. São territórios dentro de outro território ainda maior, configurando
um caleidoscópio de rara perfeição, com ativos e potenciais que são janelas e
vitrines de oportunidades e que atraem os desafios de conciliar o desenvolvimento
com a proteção. Seus títulos são muitos e, assim, trata-se de um local que reflete a
cultura brasileira, nas mais diversas manifestações. E mais, a serra tem, em seus limites,
aspectos únicos em diversas escalas e de reconhecimento internacional e nacional:
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, reconhecida pela UNESCO; Monumento
Natural Estadual; Patrimônio Tombado como: conjunto arquitetônico e paisagístico
pelo IPHAN, como conjunto paisagístico pelo IEPHA, como Atrativo Turístico de
Especial Relevância pelo Governo de Minas Gerais; Área de Proteção Ambiental das

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Águas da Piedade; Caminho Religioso da Estrada Real; Basílica Ermida da Padroeira


de Minas Gerais – Nossa Senhora da Piedade e da Basílica Estadual Nossa Senhora
da Piedade – Padroeira de Minas Gerais; Mosaico de Áreas Protegidas da Serra do
Espinhaço e do Quadrilátero Ferrífero, dentre outros títulos e reconhecimentos. Dessa
forma, considerando a governança e o grande arranjo institucional que compõe a
Arquidiocese de Belo Horizonte, cujas âncoras são fortes e convergentes que visam
promover o desenvolvimento de base espiritual, humana e conservacionista neste
singular território, patrimônio natural e cultural do Brasil.

3.3.1.5 RESTRIÇÕES PARA OCUPAÇÃO

Mesmo próximo ao município de Belo Horizonte, algumas características da


paisagem de inserção do MONAESP restringiram a ocupação antrópica do território,
o que garantiu a manutenção de extensas áreas naturais, majoritariamente em bom
estado de conservação.

A começar pelo histórico de ocupação da Serra da Piedade pela


Basílica/Santuário (Basílica construída em 1770), onde os proprietários não
apresentam interesses econômicos de exploração intensa destas áreas - como é o
caso de outras atividades econômicas comuns na região, tais como agropecuária e
da mineração. A intervenção nas propriedades adquiridas pelos grupos religiosos foi
pontual, correspondendo principalmente às edificações que compõem o complexo
da Ermida Nossa Senhora da Piedade e a infraestrutura viária associada. As demais
áreas das propriedades, que são extensas, foram mantidas com a vegetação nativa
natural.

Outro aspecto de restrição de ocupação é a baixa aptidão agrícola (solos


litólicos) da maior parte da área de estudo que, aliado à declividade acentuada,
dificultaram a conversão da vegetação nativa para usos do solo ligados a
agropecuária.

A UP Colinas é mais vulnerável à conversão da vegetação nativa para


agropecuária, devido às condições edáficas (mais aptas frente aquelas de maior
altimetria), por apresentar topografia menos acidentada e por se tratar de áreas
predominantemente compostas por proprietário pessoa físicas (normalmente
associado à conversão de vegetação nativa para outras atividades econômicas,
como pastagem).

Pág. 74
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Há grande correlação entre o tipo de uso antrópico e as UPs (e respectivas


subunidades), devido às suas singularidades já apresentadas neste documento.

Gráfico 2: Distribuição dos tipos de uso do solo por UPs e suas subunidades.

A agropecuária (pasto, cultivo) é a atividade antrópica de destaque na área


de estudo, ocorrendo com maior representatividade nas colinas, e em menor
expressividade na Vertente Norte e Vertente Sul. Nas Cristas, praticamente inexiste
pastagem ou cultivo. A silvicultura também se destaca na área de estudo, e sua
concentração está majoritariamente na Vertente Sul e na Colina. Neste caso, seu
arranjo espacial apresenta maior correlação com o tipo de superficiário, a Saint
Gobain.

As subunidades da UP Cristas: Serra da Piedade, Serra do descoberto e da UP


Vertente Norte: Ribeirão Sabará, se destacam pela baixa atividade antrópica.

Pág. 75
632000 636000 640000 644000 648000

SUPERFICIÁRIOS Tipo de Propriedade

µ
Pessoa Física
SANTA LUZIA
Anglo Gold Ashanti
Grupos Religiosos
Propriedade Imobiliária
CAETÉ
Prefeitura Municipal de Caeté

SABARÁ Saint Gobain Pam Bioenergia Ltda


BELO HORIZONTE
Vala S.A.

¯
7812000

Superficiários no CAR

Superficiários
1 - Santuário N. S. da Piedade/Faz da Montanha
26
21 2 - Fazenda Camboeiro
22
1 3 - Fazenda Cuiabá
-3 8 16 28
BR
4 - Fazenda do rego
11
27 5 - Instituto São Luis da Serra da Piedade

M
18 13 23 24 6 - Fazenda do Rego

G
9 4

-4
7 10 25 30

35
8 7 - Fazenda do Rego
5 14 6 15 20
8 - Fazenda do Rego
9 - Fazenda do Rego
Sabará 10 - Fazenda do Rego
11 - Fazenda do Rego
1
7808000

1 12 - Fazenda do Rego
13 - Fazenda do Rego
3&
&3&3 14 - Sem Nome
15 - Fazenda Thomaz do Rego

MG
-4 3
19 16 - Fazenda Thomaz do Rego

5
17 - Fazenda Pedras Altas
18 - Sítio Nova Romênia
31 19 - Fazenda Montanha
2
29 17 20 - Leonardo Couto Oliveira Santos e outros
32
Santa Luzia 21 - Sem Nome
3 Caeté 22- Fazenda do Rego
23 - Fazenda do Rego
24 - Sem Nome
25 - Roça de Dentro - Fazenda do Rego
7804000

26 - Sem Nome
27 - Roça de Dentro - Fazenda do Rego
28 - Faz dos Bragas e Boa Vista
29 - Quintas da Serra
30 - Fazendo do Rego
31 - Fazenda das Machadas
32 - Quintas da Serra

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

MONAESP Limite do MONAESP (IEF); Superficiários


Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Área de estudo Limites Municipais (IBGE 2010);
Acessos Acessos (OSM 2018);
PROJETO
Limite municipal Imagm Word View 0,5 m de resolução (2015)
Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Estrada pavimentada
Zona de amortecimento Superficiários (IABS 2016 e CAR) 0 0,5 1 2 3
Trilhas e caminhos km
3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Projeção Universal Transversa de Mercator
Rodovias Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
Igreja Nova das Romarias
Estradas não pavimentadas
3
& ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
3
& Observatório Astronômico Frei Rosário Thiago Mansur 09/01/2020 A3 00
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.1.6 PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO

Auguste de Saint-Hilaire, naturalista francês que visitou o interior de Minas


Gerais em viagens no início do século XIX, destaca em um de seus livros a
oportunidade de conhecer sua fauna e flora, e deixar relatos de sua importância
religiosa. Saint-Hilaire ainda aponta, em 1818, a existência de cavidades nas altas e
média-vertentes da Serra da Piedade que eram utilizadas por ermitões, pelo fato
destes homens acharem o topo da serra muito fria nas temporadas de inverno.
Atualmente são os turistas e residentes da atual Região Metropolitana da capital
mineira aqueles que procuram os rumos por entre as serras do Quadrilátero Ferrífero.
Muitos deles encontram no Santuário da Serra da Piedade a redenção e conforto
espiritual. Nos pontos cimeiros, pequenos abrigos sob rochas chamam a atenção de
visitantes, romeiros e curiosos que buscam conhecer e explorar a serra. Uma delas, a
Gruta do Eremita que, de acordo os responsáveis pelo Santuário, era uma caverna
que servia como refúgio temporário para o Frei Rosário Joffily (1913-2000). O Frei fez
constar essa e demais cavidades em um croqui da serra elaborado além de outras
potenciais grutas. É provável que Joffily já tivesse em mente a possibilidade de
amadurecimento de queijos, assim como é feito na França onde o Frei fez parte de
seus estudos. Os responsáveis pelo Santuário realizam atualmente a cura de queijos
em uma “caverna” artificial próximo ao restaurante e o produto tornou-se um dos
atrativos da serra, sendo destaque em sites brasileiros que versam sobre gastronomia
de Minas.

No século seguinte às viagens dos naturalistas, as primeiras evidências


publicadas em trabalhos científicos já relacionavam cavernas em formações
ferríferas a Caeté e às margens da serra. Isso foi descrito no livro “As Grutas em Minas
Gerais” de 1939, editado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE,
criado há apenas cinco anos desta publicação. No livro são descritas dezenas de
cavernas no território mineiro e, especificamente, a “Gruta do Paneleiro” é
apresentada como uma caverna “situada a 9 km da fazendo Ouro Fino... escavada
(sic) em uma rocha de natureza ferruginosa”. É provável que esta cavidade, com 12
m de profundidade e 5 m de altura, tenha sido uma das primeiras cavernas em
formações ferruginosas cadastradas no Brasil. O livro sugere que a gruta se situava
entre as proximidades do atual condomínio Quintas da Serra e a MG-435. Infelizmente
os moradores dos bairros e fazendas próximas desconhecem a existência de grutas

Pág. 77
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

naquela região, mas afirmam que no local, o córrego de mesmo nome foi alvo de
intensa atividade de olarias.

Na última década, diversos trabalhos espeleológicos revelaram centenas de


cavernas em formações ferríferas em quase todas as serras do Quadrilátero Ferrífero
bem como na Serra da Piedade. Apesar da maior parte destas cavernas não
apresentar relevante projeção horizontal (PH), os primeiros trabalhos espeleológicos
nesta litologia indicaram que, mesmo sendo pequenas, tais cavidades poderiam
abrigar comunidades biológicas raras e que haviam ainda servido de abrigo a
visitantes e populações pretéritas. Um dos primeiros trabalhos sobre fauna
subterrânea já realizado e divulgado apontou uma imensa diversidade de fauna nos
quase 400 m de desenvolvimento da Gruta da Piedade. O trabalho indica a
existência de 43 diferentes espécies na cavidade, com especial destaque a
indivíduos troglomórficos dos grupos Aranea, Collembola e Hemiptera. Os progressos
dos trabalhos de biologia subterrânea, a partir da análise de cada um dos grupos
classificados nas coletas realizadas na caverna, indicam que algumas espécies
troglomórficas podem correm perigo de extinção. Isso porque algumas delas podem
ser consideradas como ‘ameaçadas e vulneráveis’ de acordo com as definições da
‘lista vermelha’ da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos
Recursos Naturais (IUCN). Tais artrópodes cavernícolas (e também espécies
mamíferas como morcegos) dependem das cavernas para sua sobrevivência e
podem ser extintos no Brasil, pois sofrem com as atividades de “mineração, projetos
de hidrelétricas, poluição de águas e turismo irregular”.

Em outras cavidades, como as Grutas do Triângulo, Chuveirinho e Cascalhinho


também abundam em espécimes que apresentam características troglomórficas. Ou
seja, muitos habitantes destas cavernas apresentam anoftalmia (redução ou
ausência de estruturas oculares), despigmentação e alongamento de apêndices
sensoriais. Tais propriedades são comuns à exemplares da aranha Tisentnops mineiro
(Brescovit & Sanchez-Ruiz), uma espécie com tamanho que varia em média a 3,7
mm, que é encontrada na Gruta do Triângulo. O lento e cuidadoso processo de
avaliação taxonômica ainda poderá revelar a existência de novas espécies dentre
o material coletado nos trabalhos de bioespeleologia no Brasil e, muito
provavelmente, nas grutas da Piedade.

A Caverna do Triângulo, além de sua importância biológica, ainda traz


vestígios da ocupação humana de significativa importância. O fato inclui desde

Pág. 78
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

restos de material cerâmico, a vestígios de uma estrutura de fogueira e prováveis


incisões em baixo relevo. Somado a tudo isso, pode-se ainda inferir pela razão de seu
nome: um curioso triângulo amarelo, pintado em sua entrada. Outras cavidades
como as Grutas dos Romeiros, dos Monges, da Macumba e das Latinhas apresentam
ainda sinais manifestações religiosas que incluem desde elementos da fé católica até
ritualísticas de origem africanas. Tudo isso constitui uma enorme notabilidade para o
patrimônio cultural das cavernas que, de forma geral, estão intimamente ligadas a
diversos tipos de religiões e que por si só “mostra a necessidade de estudos
espeleológicos em planos de manejo de áreas protegidas. Ainda se recomenda que
este patrimônio seja inserido em atividades de caráter científico, educativo e
recreativo” (Pereira et al. 2015).

Para proteger este patrimônio, em outubro de 1990, foi criado o Decreto


Federal n° 99.556, o qual dispõe sobre a proteção das cavidades naturais
subterrâneas e dá outras providências. De acordo com esta norma legal, “as
cavidades naturais existentes no território nacional constituem patrimônio cultural
brasileiro, e, como tal, serão preservadas e conservadas de modo a permitir estudos
e pesquisas de ordem técnico-científica, bem como atividades de cunho
espeleológico, étnico-cultural, turístico, recreativo e educativo”. (Decreto Federal N°
99.556, 1990). Entende-se como cavidade natural subterrânea (CNS) todo e qualquer
espaço subterrâneo penetrável pelo homem, com ou sem abertura identificada.
Popularmente conhecido como caverna, também designada como lapa, gruta,
toca, abismo, furna ou buraco, incluindo seu ambiente hipógeo e epígeo, conteúdo
mineral e hídrico, a fauna e a flora ali encontrados e o corpo rochoso onde os
mesmos se inserem, contanto que a sua formação tenha ocorrido por processos
naturais, independentemente de suas dimensões ou do tipo de rocha encaixante.

O Decreto supracitado prevê a obrigatoriedade da elaboração de estudo de


impacto ambiental para as ações ou os empreendimentos de qualquer natureza,
ativos ou não, temporários ou permanentes, previstos em áreas de ocorrência de
cavidades naturais subterrâneas ou de potencial espeleológico, os quais, de modo
direto ou indireto, possam ser lesivos a essas cavidades (Decreto Federal N° 99.556,
1990). Já a resolução CONAMA N° 347/2004 estabelece que pelo princípio da
precaução, fica definido que o raio mínimo de proteção em torno das cavidades
naturais subterrâneas será de 250 m

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.1.6.1 POTENCIAL ESPELEOLÓGICO

O Potencial Espeleológico é entendido como a probabilidade da ocorrência


de feições espeleológicas, em determinada região, analisando-se características
como: geologia, declividade, hipsometria e densidade de lineamentos estruturais.

Os principais parâmetros impactantes na formação de cavidades em


ambientes ferríferos são: litologia, declividade, altitude e densidade de lineamentos
estruturais. Destaca-se que destes a litologia é o principal agente devido a
determinados tipos de rochas serem mais propensas à formação de cavernas.

Dessa maneira utilizando a base cartográfica construída para o plano de


manejo realizou-se uma análise multicritério para poder ponderar os locais com maior
potencial à ocorrência de cavidades dentro da área de estudo do MONAESP. O
intuito é entender a correlação entre os aspectos físicos da área com a formação de
cavidades naturais para assim gerar subsídio para o gerenciamento do monumento
bem como realizar análises integradas para área prioritárias a preservação.

A metodologia utilizada foi a de análise multicritério através da ponderação


das classes através de uma árvore hierarquizada. Moura (2007) descreve como uma
metodologia de cruzamento de dados, conhecida também como árvore de
decisões ou análise hierárquica de pesos, utilizando o emprego da média
ponderada, portanto, seus pesos devem totalizar 100%. Para a realização de uma
análise de multicritérios é importante se ter em mente que os resultados cabem em
uma situação e tempo específicos. Xavier (1999, p. 15), explica que tal análise parte
dos pressupostos:

Todo fenômeno é passível de ser localizado; todo fenômeno tem sua extensão
determinável; todo fenômeno está em constante alteração; todo fenômeno
apresenta-se com relacionamentos, não sendo registrável qualquer fenômeno
totalmente isolado.

Para realização dessa análise definiu-se classes de importância que


influenciam a probabilidade de formação de cavidades como litologia, declividade,
altitude e densidade de lineamentos estruturais, dando-lhes pesos em porcentagem,
os pesos somados devem totalizar 100%. Para as subclasses foram atribuídas notas de
1 a 5 sendo 1 menor probabilidade de se encontrar feições espeleológicas e 5 maior
probabilidade de se encontrar feições espeleológicas (mesmas classes utilizadas pelo
CECAV). Tais atributos são descritos na Tabela 12 a seguir.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
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Tabela 12: Árvore hierarquizada para classificação do potencial espeleológico.

Classes Peso (%) Subclasses Nota

Itabirito 5
Lentes de Hematita 5
Formações Ferríferas 5
Cangas 5
Quartzitos Ferruginosos 4
Filito, Filito grafitoso e quartzito. 3
Filito cinza e Filito prateado 3
Quartzitos - porções conglomeráticas e xisto e filitos interestratificados 3
Xistos, filitos, grauvacas e quartzitos 3
Litologia 40 Rochas vulcanoclásticas metamorfisadas 2
Rochas Metassedimentares 2
Rochas metavulcanossedimentares intermediárias 2
Rochas vulcanossedimentares químicas 4
Diques de metadiabásio 2
Rochas máficas-ultramáficas 2
Embasamento granito-gnaissico 2
Solo laterítico residual 1
Coluvião 1
Aluvião 1
1a5 1
5 a 10 1
10 a 15 2
Declividade em
25 15 a 20 3
graus (º)
20 a 25 4
25 a 30 4
>30 5
<850 1
850 a 950 1
950 a 1050 2
1050 a 1150 3
Altitude em
15 1150 a 1250 3
metros (m)
1250 a 1350 2
1350 a 1450 5
1450 a 1550 4
>1550 5
0a1 1
1a2 1
Densidade de 2a3 2
estruturas 20 3a4 4
(Km/Km2) 4a5 5
5a6 3
>6 2
Total em % 100

Pág. 81
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Após esta separação, utilizou-se a calculadora raster presente no software


QGIS para realizar a interação entre os dados utilizando média ponderada para
cada variável como apresentada pela Equação 1. O resultado é o mapa de
potencial espeleológico apresentado abaixo.

Equação 1: Equação utilizada na calculadora raster para realização da análise multicritério.

Pág. 82
628000 632000 636000 640000 644000 648000

POTENCIAL ESPELEOLÓGICO
SANTA LUZIA

CAETÉ
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté

NOTAS TÉCNICAS:
O mapa de potencial espelógico foi gerado através do cruzamento dos dados de
litologia, densidade de lineamento estruturais, altimetria e declividade.
7804000

Foram processados utilizando ponderadores para cada item conforme sua


importância na formação de cavernas.

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

MONAESP Potencial Espeleológico


Cavidades Limite do MONAESP (IEF);
Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Potencial Espeleológico Área de estudo Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010); PROJETO
Limite municipal Acessos Acessos (OSM 2018); Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Ocorrência Improvável Hidrografia (SUPRAM 2019);
Zona de amortecimento Estrada pavimentada Cavidades e área de proteção (CECAV);
Baixo 0 0,5 1 2 3
km
Potencial Espeleológico (ADERI 2019).
Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Médio 3
&
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
Igreja Nova das Romarias Rodovias
Alto 3
&
ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas
Muito Alto 3
& Thiago Mansur 09/01/2020 A3 00
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.1.7 FORNECIMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

A área de estudos possui algumas características em relação à disponibilidade


de recursos hídricos que a tornam bastante peculiar. Do ponto de vista da sua
disponibilidade, já foi explicitada a relação entre topografia, geologia e circulação
atmosférica que condicionam a interceptação da água circulante na forma de
vapor. Esta interceptação da topografia, por seu turno, é aproveitada pela
vegetação que reduz a velocidade dos fluxos superficiais e favorece a percolação,
alimentando a si, tanto quanto estimulando a pedogênese e o abastecimento dos
aquíferos. Igualmente já foi mencionado que o processo geológico de formação da
serra condicionou a criação de aquíferos granulares e fissurais, criando uma
dinâmica específica de subsuperfície. Em outras palavras, as bacias que ora se
identificam, são definidas a partir de critérios de sua forma em superfície
(geomorfológicos). Em subsuperfície a dinâmica pode ser diferente. Estes
condicionantes subsuperficiais não se encontram mapeados, mas também já se
apontou que os movimentos crustais promoveram fraturas e falhas que vertem em
direção ao município de Caeté, o que pode ser uma boa característica de
distribuição, tendo em vista uma relativa escassez local. Destaca-se que os dois tipos
de aquíferos identificados na área provavelmente sejam intercomunicantes.

Tendo em vista que as variações climáticas e as crescentes pressões sobre o


uso de recursos hídricos apontam, em escala global, tanto quanto em escala local,
para o surgimento de conflitos tendo estes por fundamento, o país como um todo
vem fazendo um esforço de melhor compreensão e gestão do território para sua
proteção. É nesta perspectiva que iniciativas como o Zoneamento Ambiental
Produtivo-ZAP são produzidos. Ele deve apontar para os sistemas ambientais em sua
relação com os usos do território para uma gestão mais adequada. O ZAP é um
instrumento de gestão territorial, criado através do Decreto Lei 46650/2014, cuja
finalidade é avaliar de forma preliminar o potencial de adequação conservacionista
produtivo-ambiental de uma bacia hidrográfica.

Um ZAP foi produzido para o contexto do MONAESP através de acordo de


cooperação técnica entre ADERI, EMATER, SEMAD, SEAPA. Neste documento foram
identificadas cinco sub-bacias hidrográficas com a seguinte distribuição geográfica:
na vertente meridional: sub-bacias do Ribeirão Sabará (alto e médio cursos) e

Pág. 84
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Ribeirão Ribeiro Bonito. Em posição setentrional encontram-se as bacias do Ribeirão


Vermelho, em seu alto-curso; Ribeirão do Peixe (alto e médio cursos), além do
Córrego do Engenho Velho. As bacias, então cortam e compõem as Unidades de
Paisagem deste estudo e se relacionam a elas criando potencialidades (fortalezas),
fragilidades (fraquezas) e as ameaças e oportunidades para seu manejo. Assim,
entende-se que a adequabilidade conservacionista-produtiva seja produto da
relação entre os atributos naturais e os usos que se fazem do território e se materializa
nas UPs.

O ZAP apontou a existência de diversas Unidades de Paisagem naturais:


(rampas de colúvio, vertentes côncavas, colinas convexas, vertentes ravinadas e o
grande conjunto de cristas referentes ao alinhamento serrano da Piedade); e
produzidas pelo homem (pequenas áreas de cultivos agrícolas e pastagens, além de
cavas de mineração e pequenas áreas urbanas).

Nesta pesquisa as Unidades de Paisagem foram agrupadas a partir do


reconhecimento de quatro unidades básicas, definidas prioritariamente por critérios
geológico-geomorfológicos e subdivididas em função de cobertura e uso do solo.
Estas unidades foram então avaliadas conforme sua capacidade de acumular água
precipitada. Para tal, foi levada em consideração para a definição de áreas de
recarga, a cota altimétrica e o potencial de recarga (hidrogeologia). Neste caso, os
itabiritos da superfície cimeira são capazes de reter até cerca de 30% pluviosidade
precipitada. Neste caso, isto equivale a montantes superiores a 450mm/ano (IGAM,
2010). Feições geomorfológicas também exercem papel importante na capacidade
de acumulação de água. É o caso dos depósitos de tálus, que abundam na forma
de depósitos ao sopé das UPs: Vertente Meridional e Vertente Setentrional. O
resultado deste modelo pode ser observado na Figura 17.

Observe-se a quantidade de nascentes posicionadas no contato entre os


itabiritos da superfície cimeira e outras litologias subjacentes.

Entende-se que a disponibilidade do recurso não diz respeito apenas ao


volume disponível ou potencial, mas dialoga com a sua qualidade, de forma direta.
Neste caso, usos locais indevidos podem comprometer a qualidade do recurso, em
superfície, tanto quanto em subsuperfície. Para este estudo não foram levados a
cabo estudos referentes à qualidade das águas locais, o que pode constituir uma
recomendação das ações de monitoramento e manejo. Não obstante, o desenho

Pág. 85
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

das UPs pode apontar para suscetibilidades referentes à qualidade do recurso. Isso
pode ser depreendido avaliando-se a vulnerabilidade ambiental. A vulnerabilidade
geral e das UPs quanto ao abastecimento dos recursos hídricos está descrita no
campo de fraquezas ambientais.

Dada a dimensão da crise hídrica enfrentada pelo município de Caeté a


iminência da existência de conflitos ambientais, cabe ressaltar que além do reforço
à proteção do MONAESP, diversas ações de manejo sejam desenvolvidas nas áreas
limítrofes, com vistas à manutenção da prestação dos serviços ambientais relativos
aos recursos hídricos.

Iniciativas interessantes podem ser estimuladas para a gestão do território


limítrofe ao MONAESP, extensivas ao restante de Caeté e, eventualmente Sabará.
Uma delas é o Projeto Plantar Água, Trata-se de um estímulo a produtores rurais,
bairros e comunidades tradicionais ou não, para o (re)plantio de árvores,
especialmente naquelas áreas estratégicas para a proteção de mananciais:
nascentes e matas ciliares. Além desta ação, podem ser estimuladas: a instalação
de infraestrutura adequada de saneamento (É importante proteger os aquíferos de
contaminação); o monitoramento da qualidade da água; e educação ambiental.
Pode ser estimulada a instalação de cisternas, cloradores, fossas sépticas, jardins
filtrantes e a agroecologia, que em sinergia com o potencial turístico do monumento,
pode criar alternativas de renda às famílias que habitam o entorno.

Pág. 86
628000 632000 636000 640000 644000 648000

IMPORTÂNCIA HÍDRICA
SANTA LUZIA

CAETÉ
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté
7804000

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

MONAESP Limite do MONAESP (IEF 2006); Importância Hídrica


Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Área de estudo Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
PROJETO
Importância Hídrica Limite municipal Acessos
Acessos (OSM 2018);
Hidrografia (SUPRAM 2019); Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Base da Serra Zona de amortecimento Estrada pavimentada Importância hídrica (ADERI 2019) 0 0,5 1 2 3
km
Talus 3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
Área de Recarga 3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias
ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 07/01/2020 A3 00
3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.1.8 BIODIVERSIDADE

3.3.1.8.1 DIVERSIDADE DE PAISAGEM

A área de estudo contempla áreas contínuas com vegetação nativa


remanescente, com grande heterogeneidade ambiental, intimamente ligada à
diversidade biológica. Vários estudos têm demonstrado efetivamente a relação entre
a complexidade de fatores ambientais e a diversidade de espécies. A variabilidade
de ambientes ajude a criar condições especificas para a ocorrência de espécies
endêmicas. Assim, quanto maior a variação nas características ambientais
(topografia, geologia, solo, vegetação), maiores as chances de encontrar alta
diversidade biológica. Explorar informações cartográficas referentes às
características ambientais tem sido a maneira de baixo custo e eficaz de
planejamento de unidades de conservação no mundo, pois a representatividade
das diferentes condições ambientais pode ser facilmente identificada, garantindo
assim a persistência da diversidade de espécies na região de enfoque (MMA, 2008a).

Conforme já abordado, a AE é dotada de alta heterogeneidade ambiental,


reflexo do complexo histórico de evolução geomorfológica da paisagem, o que
influenciou fortemente a diversidade de ambientes. Associadas a esta diversidade,
estão presentes várias fitofisionomias, algumas das quais são estritamente ligadas ao
substrato, como é o caso das formações savânicas e refúgios vegetacionais
montanos (campo rupestre). Regiões com a presença de várias fitofisionomias
apresentam maior probabilidade de abrigar elevada diversidade biológica, pois se
somam as espécies típicas de cada uma tipologia vegetal, sobretudo aquelas
restritas e endêmicas de cada ambiente. Neste contexto, se destacam as UPs Cristas,
Vertente Norte e Vertente Sul, que correspondem às áreas de contato/ecótonos
entre as fitofisionomias abertas (topos) e florestais (encostas e fundos de vale).

Há uma distribuição bastante desigual das tipologias vegetais na área de


estudo, conforme apresentado no Gráfico 3. A floresta semidecidual é a tipologia
vegetal mais expressiva, que com exceção seguida das tipologias de cerrado
(campo cerrado e cerrado sentido restrito). Os campos ferruginosos estão
concentrados na UP Cristas, e as formações savânicas ocorrem principalmente nas
Vertentes, Norte e Sul, entre a UP Cristas e a UP Colinas.

Pág. 88
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Considerando esta premissa, o índice de diversidade de Shannon pode ser


considerado um parâmetro de grande importância (LANG, 2009), pois este indica
aquelas áreas com maior probabilidade de riqueza e diversidade, incluindo aquelas
restritas e endêmicas.

Gráfico 3: Representatividade das tipologias vegetais nativas, separadas pelas UPs.

Com o intuito de identificar as regiões de maior diversidade fitofisionômica na


paisagem, foi calculado o Índice de Diversidade de Shannon. Para isso, toda a AE foi
subdividida em hexágonos de 100 ha, unidade de avaliação estabelecida para esta
análise. O Índice de Diversidade de Shannon (H’) é calculado da seguinte forma:

Onde: S é o número de fitofisionomias; Pi é a


abundância relativa de cada fitofisionomia, que
corresponde à proporção de cada fitofisionomia
(área em ha) pela área total da Área de Estudo.

A AE apresentou um total de 11 tipos de habitat (incluindo água). O índice de


diversidade variou de 0,0 a 1,6, sendo a média obtida de 0,67. Os menores valores
indicam baixa riqueza fitofisionômica, normalmente com predomínio de uma única
fitofisionomia, ou sem cobertura vegetal nativa. Em contrapartida, os maiores valores
indicam elevada diversidade fitofisionômica, com dimensões equilibradas entre elas.

Os locais que apresentaram maiores valores quanto ao índice de diversidade


de Shannon estão na porção oeste da AE, sobretudo na UP Cristas e no contato desta
com as UPs Vertente Norte e Vertente Sul (Figura 18). Nesta região ocorrem

Pág. 89
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

fitofisionomias específicas associadas ao substrato litólico e/ou raso, predominando


as formações savânicas campestres e rupestres. Com a menor altimetria, as florestas
predominam pela maior disponibilidade edáfica e hídrica.

Esta diversidade de paisagem elevada encontrada na AE é um atributo


significativo para a conservação da biodiversidade regional, pois, associado a isso,
está um elevado número de espécies pertencentes a cada uma das fitofisionomias,
principalmente aquelas de distribuição natural restrita.

Pág. 90
628000 632000 636000 640000 644000 648000

DIVERSIDADE DE PAISAGENS
SANTA LUZIA

CAETÉ
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté

NOTAS TÉCNICAS:

O índice de diversidade de Shannon foi calculado com o intuito de identificar as


regiões de maior diversidade fitofisionômica na paisagem. Para isso, toda a
7804000

AE foi subdividida em hexágonos de 100 hectares, unidade de avaliação


estabelecida para esta análise.

Legenda
Referências Bibliográficas
Diversidade de Shannon
TÍTULO

Limite do MONAESP (IEF); Diversidade da Paisagem


Muitio Baixa Limite da área de estudo (ADERI 2018);
MONAESP Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
PROJETO
Acessos (OSM 2018);
Área de estudo Acessos Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Hidrografia (SUPRAM 2019);
Limite municipal Estrada pavimentada Diversidade de Shannon (ADERI 2019)
0 0,5 1 2 3
Média km
3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias
ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Muito Alta Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 03/07/2019 A3 00
3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.1.8.2 ECOSSISTEMAS RAROS E DIVERSIDADE DE PAISAGEM

Mesmo partindo do princípio que todas as tipologias vegetais apresentam sua


importância para a conservação, uma vez que todas elas detêm características
físicas e biológicas únicas, a distribuição delas no território nacional é bastante
desigual. Algumas são mais restritas e outras são de maior abrangência no território
nacional. Um fator que pode ser considerado para hierarquizar a importância de
cada vegetação é a raridade das tipologias vegetais que estão presentes na AE

A presença de enclaves campestres e rupestres em meio a matriz florestal


(Foto 12) é um fator extremamente relevante para a região, pois o isolamento natural
destas áreas abertas eleva a probabilidade de ocorrência de espécies novas para a
ciência, endêmicas e raras.

Foto 12: Trecho da UP Cristas (subunidade Serra da Piedade), com grande diversidade de
ambientes naturais.

Segundo MARTINELLI (2007), os ecossistemas montanhosos tendem a


apresentar uma combinação de características físicas e biológicas: altitude elevada,
declividade variável, diversidade climática e uma composição de espécies nativas
endêmicas relativamente altas, além de apresentarem certo grau de fragilidade.
Estas áreas normalmente funcionam como fontes de água e podem servir como
refúgio para muitas populações da biota (fauna e flora).

Pág. 92
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Na paisagem da AE, a principal elevação é o alinhamento serrano sustentado


pelo itabirito, ilhado em meio à paisagem predominantemente florestal do entorno.
A diversidade topográfica e geológica é elevada, refletindo em uma alta
biodiversidade e grande representatividade de espécies endêmicas (MARTINELLI,
2007; DALY & MITCHEL, 2000; POREMBSKY, 2007). Vale ressaltar que estes ecossistemas
montanhosos apresentam certo grau de fragilidade em relação às intervenções
antrópicas (baixa resiliência), e dependem de um “cinturão” de cobertura vegetal
nativa em seu entorno para que os impactos antrópicos não afetem de forma direta
estes ecossistemas, tais como o fogo e a propagação de espécies exóticas e/ou
invasoras.

Neste cenário, se destacam os campos ferruginosos, predominantes na UP


Cristas, subunidade Serra da Piedade. Os campos rupestres apresentam por espécies
vegetais bastante específicas, em função das fortes restrições edáficas e climáticas
impostas pelo meio. As restrições edáficas aliadas ao isolamento natural dão aos
campos rupestres um potencial ainda maior de ocorrência de elevados taxa de
espécies novas, raras e endêmicas (Jacobi & Carmo, 2013; Jacobi, 2012).

Com base nestas considerações, admite-se que o campo ferruginoso seja a


tipologia vegetal de maior importância mapeada na área de estudo, por ser singular
(de baixa distribuição espacial) tendem a abrigar grande quantidade de espécies
de interesse para conservação. Considerando que o campo ferruginoso arbustivo
apresenta menor representatividade de espécies típicas de campo rupestre
ferruginoso herbáceo, optou-se por considera-lo em uma categoria inferior.

Os afloramentos de granito com vegetação rupícola associada são mais


comuns que o campo rupestre ferruginoso, até porque o granito é um litotipo mais
comum. Contudo, locais com ocorrência de granito normalmente são cobertos por
floresta, e os afloramentos de granito com vegetação rupícola são mais raros.

Devido ao histórico de desmatamento da floresta estacional, típica da Mata


Atlântica, pode se dizer que a raridade desta é também elevada.

O campo cerrado, embora seja uma tipologia bastante comum no Brasil


Central (bioma Cerrado), está associado normalmente a neossolos litóticos,
comumente encontrados em topos de morro. Desta forma, pode-se dizer que o
campo cerrado ainda é mais restrito que o cerrado sentido restrito.

Pág. 93
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Por fim, as áreas brejosas, no caso da área de estudo, foram formadas pelo
assoreamento das planícies aluviais, muitas vezes associadas ao barramento de
cursos d’água por acessos. Por isso, atribui-se menor valor ao brejo desta região.

Com base nestas considerações, foi feita uma hierarquia da raridade das
tipologias de vegetação da área de estudo, com o intuito de identificar quais são as
tipologias mais raras, e onde estas estão localizadas (Figura 19). Nota-se que os
ecossistemas mais raros estão localizados na UP Cristas, subunidade Serra da Piedade.

Pág. 94
628000 632000 636000 640000 644000 648000

RARIDADE DOS ECOSSISTEMAS


SANTA LUZIA

CAETÉ
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté

NOTAS TÉCNICAS:

O mapa de raridade de hábitat foi feito utilizando uma hierarquia dos condicio-
nantes que influênciam na raridade das tipologias de vegetação da
7804000

área de estudo.
Foram utilizados aspectos biofísicos das Unidades de Paisagem, Litologia e Uso
do Solo. O intuito é identificar quais são as tipologis mais raras e onde elas estão
localizadas.

Legenda
Raridade dos Ecossistemas Referências Bibliográficas TÍTULO

MONAESP Limite do MONAESP (IEF); Raridade dos Ecossistemas


Área antrópica Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Área de estudo Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
Baixa PROJETO
Acessos Acessos (OSM 2018);
Limite municipal Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Hidrografia (SUPRAM 2019);
Zona de amortecimento Estrada pavimentada Raridade dos ecossistemas (ADERI 2019) 0 0,5 1 2 3
km
Média 3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias
ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Alta Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 09/01/2020 A3 00
3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.1.8.3 ESPÉCIES DA BIOTA DE INTERESSE PARA CONSERVAÇÃO

Um estudo recente compilou o máximo de informações sobre a flora de várias


serras do sudeste do Brasil, apontando 940 espécies de plantas vasculares no
Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade (Carmo et al., 2018 – anexo mídia
digital)). A Serra da Piedade foi apontada como a localidade mais bem amostrada
de todas as serras ferruginosas do sudeste do Brasil, com cerca de 3.500 amostras
coletadas.

Os campos rupestres ferruginosos da UP Cristas abrigam importantes espécies


endêmicas e ameaçadas e da flora. Dentre as plantas mais raras registradas na Serra
da Piedade e que apresentam distribuição geográfica bastante restrita, ocorrentes
em apenas uma ou poucas serras do Quadrilátero Ferrífero, destacam-se: Staurogyne
warmingiana (Asteraceae); Dyckia simulans e Vriesea minarum (Bromeliaceae –
Figura 1); Arthrocereus glaziovii (Cactaceae – Figura 2); Paronychia fasciculata
(Caryophyllaceae); Jacquemontia linarioides (Convolvulaceae); Paepalanthus
amoenus (Eriocaulaceae); Chamaecrista secunda, Mimosa calodendron e M.
pogocephala (Fabaceae); Sinningia rupicola (Gesneriaceae – Figura 3);
Cinnamomum quadrangulum (Lauraceae); Gomesa gracilis (Orchidaceae);
Barbacenia cyananthera e Vellozia sellowii (Velloziaceae).

Foto 13: Vriesea minarum, espécie com Foto 14: Arthrocereus glaziovii, espécie
distribuição restrita aos campos rupestres com distribuição restrita aos campos
ferruginosos do Quadrilátero Ferrífero, na rupestres ferruginosos do Quadrilátero
Serra da Piedade (novembro de 2015). Ferrífero, na Serra da Piedade (outubro
Foto: V. H. M. Machado. de 2015). Foto: V. H. M. Machado.

Pág. 96
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Foto 15: Sinningia rupicola, espécie com distribuição restrita aos campos rupestres
ferruginosos do Quadrilátero Ferrífero, nas partes mais elevadas da Serra da Piedade
(dezembro de 2012). Foto: D. Hoffmann.
Embora estes dados indiquem uma impressionante riqueza da flora regional,
não se conhece o tanto que as alterações humanas ocorridas nesta área resultaram
na modificação de sua biota, especialmente em relação a espécies que sofreram
declínio populacional, extinção, além de espécies invasoras que colonizaram a
região. Nesse contexto, sabe-se de dois casos de extinções locais: o da licófita
Phlegmariurus ruber, que sobrevive atualmente apenas nos mais altos picos da Serra
do Caraça (Vasconcelos et al., 2002), e o da leguminosa Lupinus laevigatus, com
ocorrência atual restrita à Serra do Rola-Moça (Carmo et al., 2018).

Com relação à fauna, com base na compilação de dados dos invertebrados


ocorrentes no Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade, obteve-se uma
espécie de molusco, 71 táxons de insetos e seis de aracnídeos. Uma vez que os
invertebrados, principalmente os insetos, são os grupos faunísticos mais ricos em
espécies (LEWINSOHN e PRADO, 2002), estes números estão bastante subestimados.

Os vertebrados com registros na região do Monumento Natural Estadual da


Serra da Piedade são representados por seis táxons de peixes, 28 anfíbios, 20 répteis,
233 aves e 43 mamíferos.

Nos campos rupestres ferruginosos UP Cristas, destacam-se: o caracol


(Thaumastus caetensis), a cobra-de-pé (Heterodactylus lundii), o beija-flor-de-
gravata-verde (Augastes scutatus), o papa-moscas-de-costas-cinzentas (Polystictus
superciliaris – Figura 4) e o rabo-mole-da-serra (Embernagra longicauda – Figura 5).
Tais espécies apresentam distribuição restrita às partes mais elevadas de algumas
serras do leste brasileiro. Destaca-se, também, que a cobra-de-pé está ameaçada
de extinção.

Pág. 97
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Foto 16: O papa-moscas-de-costas-


Foto 17: O rabo-mole-da-serra
cinzentas (Polystictus superciliaris),
(Embernagra longicauda), espécie
espécie endêmica dos topos de
endêmica dos topos de montanha do
montanha do leste brasileiro nos campos
leste brasileiro nos campos rupestres da
rupestres da Serra da Piedade (julho de
Serra da Piedade (maio de 2011). Foto:
2015). Foto: L. N. Kajiki.
M. F. Vasconcelos.
Na UP Cristas, em pequenas formações de florestas nebulares ocorrentes entre
os grandes afloramentos de itabiritos, também vive o tapaculo-serrano (Scytalopus
petrophilus – Figura 5), espécie de ave que foi descrita recentemente da Serra da
Piedade, apresentando distribuição associada aos ambientes serranos do Sudeste do
Brasil (Whitney et al., 2010).

Nos trechos de floresta estacional semidecidual ocorrentes nas UPs Colinas,


Vertente Meridional e Vertente Setentrional, há uma elevada riqueza florística,
incluindo ipês, quaresmeiras, cássias, embaúbas, bromélias e orquídeas (BRAGA e
GRANDI, 1992). Nessas florestas, vivem espécies da fauna que merecem especial
atenção quanto a sua conservação. Dentre elas, duas espécies de anfíbios – a rã-
do-folhiço (Ischnocnema izecksohni) e a ranzinha-de-riacho (Hylodes uai) –
apresentam distribuição geográfica restrita ao Quadrilátero Ferrífero. Ainda, nas
florestas estacionais semideciduais destas três unidades paisagísticas, ocorrem 43
espécies de aves endêmicas da Mata Atlântica (18% do total registrado em todo o
Monumento Natural). Três espécies de aves ameaçadas de extinção também
ocorrem nessas florestas: o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), o gavião-de-
penacho (S. ornatus) e o pixoxó (Sporophila frontalis), ave especialista em se
alimentar de sementes de taquaras nativas (SICK, 1997; ARETA et al., 2009; 2013;
CESTARI e Bernardi, 2011; PARRINI, 2015; MAZZONI et al., 2016).

Pág. 98
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Figura 5. O tapaculo-serrano (Scytalopus Figura 6. O pixoxó (Sporophila frontalis),


petrophilus), espécie típica das florestas espécie de ave ameaçada de extinção e
nebulares das partes mais elevadas da Serra endêmica da Mata Atlântica registrada na
da Piedade (dezembro de 2012). Foto: D. APA do Descoberto, Monumento Natural
Hoffmann. Estadual da Serra da Piedade (fevereiro de
2014). Foto: L. G. M. P. Fernandes.

Ainda, nos remanescentes de floresta estacional semidecidual das UPs Colinas,


Vertente Meridional e Vertente Setentrional, também foram encontrados mamíferos
ameaçados de extinção, dos quais se destacam a anta (Tapirus terrestris), o barbado
(Alouatta guariba – Figura 7) e a onça-pintada (Panthera onca – Figura 8).

Foto 18: Guaribas (Alouatta guariba) em Foto 19: Duas onças-pintadas (Panthera
trecho florestal da APA do Descoberto, onca) capturadas na Serra da Piedade
Monumento Natural Estadual da Serra da em 2002. Foto: M. G. Diniz (IBAMA-MG).
Piedade (fevereiro de 2014). Foto: L. G.
M. P. Fernandes.
Por fim, na Subunidade Brumado / Machados foram registradas quatro
espécies de aves endêmicas do Cerrado: o tapaculo-de-colarinho (Melanopareia
torquata), a gralha-do-campo (Cyanocorax cristatellus), o bico-de-pimenta
(Saltatricula atricollis) e o capacetinho-do-oco-do-pau (Microspingus cinereus).

3.3.1.8.4 VEGETAÇÃO LEGALMENTE PROTEGIDA

A área de estudo e o limite do MONAESP estão inseridos entre os biomas Mata


Atlântica e o Cerrado. O tratamento jurídico dado à Mata Atlântica foi estabelecido
pela Lei Federal nº 11.428/2006, regulamentada pelo Decreto Federal nº 6.660/2008.
Em Minas Gerais, adota-se também a Deliberação Normativa COPAM nº 73/2004,

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

que dispõe sobre a caracterização da Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais, as


normas de utilização da vegetação nos seus domínios e dá outras providências, no
que se refere à proporção de área a ser destinada para compensação (IS 02/2017).

Estão sujeitas ao regime jurídico dado à Mata Atlântica todas as tipologias de


vegetação natural que ocorrem integralmente no bioma, bem como as disjunções
vegetais existentes, quando abrangidas em resoluções do CONAMA específicas
para cada estado, que no caso do bioma Cerrado, ainda são protegidas as áreas
de floresta estacional semidecidual e decidual e refúgios vegetacionais (campos
ferruginosos) tipologias florestais presentes na área de estudo.

No bioma Cerrado, as áreas de vegetação nativa consideradas como


disjunções são: as seguintes formações florestais nativas (disjunções): floresta
estacional semidecidual, floresta Estacional decidual e refúgios vegetacionais.

O MONAESP está totalmente inserido no bioma Cerrado e a AE está inserida,


em parte, no bioma Mata Atlântica (Figura 20).

Tendo em vista que as disjunções vegetais são consideradas para fins de


aplicação da Lei Federal nº 11.428/2006, entende-se que essas áreas também podem
integrar proposta de compensação ambiental, desde que se obedeça a todos os
critérios pertinentes, bem como sua supressão deve seguir o regime jurídico
estabelecido pela mesma lei.

O limite de bioma apresentado pelo IBGE não apresenta uma escala tão
refinada quanto aos dados cartográficos gerados para este estudo, e quando se está
próximo ao contato entre dois biomas, é evidente um enquadramento grosseiro
frente ao bioma. Contudo, esta é a base oficial, regulamentada pela legislação
estadual e federal, e por isso é ela que se deve usar.

Com base nestas considerações, foram enquadradas as áreas legalmente


protegidas pela Lei 11.428/2006 da área de estudo, de forma a saber os
procedimentos a serem tomados em caso de proposta de intervenção, sobretudo
no entorno do MONAESP.

Pág. 100
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Figura 20: Área da área de aplicação da Lei 11.428/2006.

As normativas e diretrizes estão vinculadas ao estágio sucessional da


vegetação protegida. A Lei Federal nº 11.428/2006 condiciona o corte e a supressão
de vegetação primária e secundária em estágio avançado de regeneração, no
caso de utilidade pública, ao disposto em seu art. 14, além da realização de Estudo
Prévio de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA, conforme
parágrafo único do art. 20 e art. 22. Verifica-se que o art. 32 da Lei Federal nº
11.428/2006 também traz tratamento diferenciado às atividades minerárias,
possibilitando a autorização da supressão de vegetação secundária em estágio
médio e avançado de regeneração, mediante o licenciamento ambiental,
condicionado à apresentação de EIA/RIMA, pelo empreendedor, e desde que
demonstrada à inexistência de alternativa técnica e locacional ao empreendimento
proposto; além de observada a obrigatoriedade de medida compensatória prevista
no inciso II do mesmo artigo.

Para as tipologias vegetais protegidas pela Lei 11.428/2006, nos estágios médio
e avançado de regeneração, caso seja viável a supressão, deve-se realizar a
compensação na proporção de 2 para 1 (DN 73/04).

Pág. 101
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Considerando que a maior parte da área de estudo apresenta vegetação


nativa protegida pela Lei 11.428/2006, recomenda-se ao gestor do MONAESP utilizar
desta proteção legal para canalizar as compensações na área do MONAESP, seja
através de ampliação de área ou regularização fundiária, caso seja do interesse do
IEF. Para a escolha das áreas, recomenda-se usar como diretriz o item “Áreas
prioritárias para Conservação da Área de Estudo”.

Pág. 102
628000 632000 636000 640000 644000 648000

SANTA LUZIA

CAETÉ
VEGETAÇÃO PROTEGIDA
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté
7804000

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

Limite do MONAESP (IEF); Vegetação Protegida


Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Zona de amortecimento MONAESP
Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
PROJETO
Acessos (OSM 2018);
Vegetação Protegida - Lei 11.428/2006 Área de estudo Acessos Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da serra da Piedade
Hidrografia (SUPRAM 2019);

Sem proteção Limite municipal Estrada pavimentada


Vegetação Protegida (ADERI 2019) 0 0,5 1 2 3
km
Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Vegetação protegida
3
&
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
3
& Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 03/07/2019 A3 00
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.1.9 REFERÊNCIAS HISTÓRICAS

A região do Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade destaca-se no


estado de Minas Gerais como um importante ponto de passagem de diversos
naturalistas-viajantes do século XIX, que catalogaram, pela primeira vez, espécies da
flora e da fauna local (e.g., Burton, 1976; Spix & Martius, 1981; Silva, 1997; Saint-Hilaire,
2004; Gomes et al., 2006).

O botânico francês Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire, em


janeiro de 1818, relatou que boa parte da Mata Atlântica de encosta da serra já se
encontrava alterada: “Atravessa-se então terrenos outrora cultivados e hoje cobertos
de matas. São matas do tipo capoeirão, que sucedem às capoeiras...” (Saint-Hilaire,
2004). No entanto, ao sair da floresta e entrar na zona dos campos rupestres das
partes mais altas da serra, o naturalista relatou diversas espécies de plantas raras,
algumas das quais ele descreveu. Além dessas, Saint-Hilaire relatou espécies exóticas,
introduzidas da Europa no topo da serra.

A dupla de naturalistas bávaros, Johann Baptist von Spix e Karl Friedrich Philipp
von Martius, em maio de 1818, também relataram as encostas da serra já
desmatadas e apresentaram uma breve descrição dos campos rupestres (Spix &
Martius, 1981).

Em setembro de 1824, a expedição liderada por Georg Heinrich von Langsdorff


passou pela Serra da Piedade. Em seu diário, Langsdorff relatou a presença de
plantas típicas de climas amenos, a exemplo dos brincos-de-princesa (Fuchsia) (Silva,
1997). Langsdorff também apontou a presença de plantas exóticas (morangos
europeus) plantados no cume da serra (Silva, 1997).

No entanto, de todos os naturalistas do século XIX que passaram pela Serra da


Piedade, o botânico dinamarquês Johannes Eugenius Büllow Warming foi aquele que
descreveu com mais detalhes a flora, a paisagem e o microclima da região (Gomes
et al., 2006). Warming também apontou as encostas da serra já desmatadas e
cobertas por samambaias invasoras (Pteridium). Foi, também, o primeiro naturalista a
descrever a vegetação dos campos rupestres (tratada como “flora alpestre”) com
tamanho detalhamento, apontando para sua riqueza e singularidade em
comparação com vegetações de clima temperado da Dinamarca, do Cerrado e
das serras do estado do Rio de Janeiro. Em seu relato, Warming mencionou dezenas

Pág. 104
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

de plantas típicas de campos rupestres (Ericaceae, Melastomataceae, Asteraceae,


Velloziaceae, Amaryllidaceae, Orchidaceae, Bromeliaceae, Verbenaceae e
Piperaceae) e austrais-antárticas, típicas de climas amenos (Fuchsia e Drimys). Além
disso, apresentou uma prancha da paisagem regional (Figura 22) e fez importantes
comentários sobre o microclima do topo da serra (Gomes et al., 2006).

Outros importantes naturalistas que passaram pela Serra da Piedade,


principalmente como o foco na coleta de plantas, mas que não deixaram relatos
específicos foram: Peter Claussen e Ludwig Riedel (século XIX), além de Henrique
Lahmeyer de Mello Barreto e Frederico Carlos Hoehne (primeira metade do século
XX).

Figura 22: Ilustração de Warming do topo da Serra da Piedade no século XIX. Fonte: Gomes
et al. (2006)

Na segunda metade do século XX, um levantamento florístico preliminar da


região foi apresentado por Brandão & Gavilanes (1990), que registraram 444 espécies
de plantas vasculares. Logo após, destaca-se a publicação de um livro de
divulgação sobre a Serra da Piedade, incluindo um capítulo sobre sua flora (Duarte,
1992). Nas décadas seguintes, foram efetuados importantes estudos sobre
bromeliáceas (Marques, 2002; Marques & Lemos-Filho, 2008; Marques et al., 2012;
2014), leveduras (Safar et al., 2013; Gomes et al., 2015) e interações entre beija-flores
e plantas nas partes mais elevadas da Serra da Piedade (Vasconcelos & Lombardi,

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

2001). Mais recentemente, Carmo et al. (2018) compilaram informações sobre a flora
de várias serras do sudeste do Brasil, incluindo a Serra da Piedade.

Ao contrário da flora, a fauna regional ainda apresenta diversas lacunas de


conhecimento, especialmente no que tange os invertebrados, com escassas
contribuições (Horta, 2001; Pena et al., 2011; Brandt Meio Ambiente, 2014).

Dentre os vertebrados, a herpetofauna é o grupo melhor amostrado na região,


principalmente devido aos recentes esforços de coleta realizados pela equipe da
Profa. Luciana Barreto Nascimento (PUC-Minas), sendo importante material
testemunho de diversas espécies de anfíbios e répteis depositado na Coleção
Herpetológica do Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais (SpeciesLink, 2019).

Embora não levantada sistematicamente como a herpetofauna, a avifauna


do Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade foi divulgada de forma
fragmentária em diversas contribuições (Pinto, 1952; Ruschi, 1962; 1963; 1982; Vielliard,
1994; Sick, 1997; Machado et al., 1998; Vasconcelos, 1999; 2008; Vasconcelos et al.,
1999; 2003; 2007; Willis, 2002; Vasconcelos & Rodrigues, 2010; Whitney et al., 2010;
Salvador-Jr. et al., 2011; Brandt Meio Ambiente, 2014; Mazzoni et al., 2016; Carvalho,
2017). Apesar do grande volume de publicações envolvendo este grupo, a maior
parte dos dados é baseada em observações de campo e não na coleta de material
testemunho, considerada a melhor fonte para levantamentos avifaunísticos (Remsen,
1995).

Os outros grupos de vertebrados (peixes e mamíferos) ainda são pouco


estudados, com a maior parte dos dados baseada em um estudo ambiental (Brandt
Meio Ambiente, 2014).

Quanto aos aspectos históricos relacionados, com destaque para a questão


da peregrinação e às ações de cuidado e desenvolvimento do Santuário Basílica
Nossa Senhora da Piedade, apresentam-se as Figura 23 e Figura 24(PID/SENSP, 2017),
que trazem, em dois momentos, e representam o Santuário e a Serra da Piedade na
história e os fatos que contribuíram para a delineação de sua conjuntura atual.

Nesta perspectiva, tratando-se das peregrinações e visitações ao Santuário


Basílica Nossa Senhora da Piedade um fenômeno dinâmico com bases sustentáveis,
entre natureza e ação humana, a interpretação do patrimônio se torna um exercício
do olhar para este território, com interfaces com o turismo religioso, conservação,

Pág. 106
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

preservação e políticas de desenvolvimento local e regional e com os investimentos


e planejamentos da Arquidiocese no sentido de programar ações na área do turismo
ecológico, destacadamente.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Figura 23: Linha do Tempo da História do Santuário Nossa Senhora da Piedade (Fase 1: 1650-1924).

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Figura 24: Linha do Tempo da História do Santuário Nossa Senhora da Piedade (Fase 2: 1949-2017).

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.1.10 ORGANIZAÇÕES E INFRAESTRUTURA DE SUPORTE À PROTEÇÃO DO MONUMENTO

O território do MONAESP já apresenta instituições e organizações que


envolvem a proteção do território e isso pode ser considerado como uma fortaleza:

• Proprietários: há grande interesse na manutenção/conservação das áreas


naturais por parte dos proprietários, sobretudo a Mitra Arquidiocesana de Belo
Horizonte, Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Serra da Piedade
e Anglo Gold Ashanti (na qual sua RPPN – Cuiabá - se encontra inserida na
MONAESP);

• O MONAESP possui um Conselho Consultivo, instituído pela Portaria nº 37 de


04 de maio de 2017, e reconduzido recentemente pela Portaria N° 49, de 30 de abril
de 2019. Ele é composto pelas seguintes instituições: Secretaria Municipal de Meio
Ambiente de Sabará; Serviço Autônomo de água e Esgoto de Caeté – SAAE;
CODEMA – Caeté; Ministério Público do Estado de Minas Gerais; Corpo de Bombeiros
Militar de Minas Gerais – Sabará; Polícia Militar – Meio Ambiente Caeté; CBH do Rio
das Velhas; Universidade Federal de Minas Gerais; EMATER; Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais; Movimento Artístico Cultural e Ambiental de Caeté;
Sociedade Brasileira de Espeleologia; Saint-Gobain Pam Bioenergia Ltda.; Sindicato
da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais; Sociedade Civil Espírito Santo; Instituto
Guaicuy - SOS Rio das Velhas; Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte

• Já existe infraestrutura no local que atende o turismo, apoio a reuniões,


brigada voluntária de prevenção e combate à incêndios florestais (Mitra
Arquidiocesana de Belo Horizonte e Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa
Senhora da Serra da Piedade), e por isso já auxilia na gestão, fiscalização e controle
do território. A ADERI, por meio da Arquidiocese de Belo Horizonte tem se pautado no
apoio à projetos junto ao MONAESP;

• O Instituto Estadual de Florestas tem um gestor de UC e uma monitora


ambiental para atender as principais demandas do Monumento. Estes têm articulado
junto às demais instituições do território para atender as demandas da UC;

• Presença de ONGs engajadas na proteção do território, tais como: SOS Serra


da Piedade; MACACA; Associação para o Desenvolvimento Integral (ADERI);

• Envolvimento de universidades com o território, seja através de pesquisa, por


ser proprietária (indireta) da área, como a Pontifícia Universidade Católica de Minas

Pág. 110
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Gerais (PUC Minas); a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Instituto Newton
Paiva;

•Presença de uma Brigada Solidária Caeté-Sabará, coordenada pelo Corpo


de Bombeiros Militar de Minas Gerais onde diversos atores do território participam (IEF-
MG, Santuário, Anglo, Prefeituras) no intuito de prevenir e combater crimes
ambientais (incêndios) e desastres na região (queda de árvore).

3.3.2 OPORTUNIDADES

3.3.2.1 SINERGIA E PLANEJAMENTO INTEGRADO

A Serra da Piedade é uma região onde instrumentos de gestão e proteção


convergem. Estes são de instituições diversas, de todas as esferas públicas e
particulares. Além disso, mesmo sendo sobrepostas, muitas vezes os objetivos de
criação ou preocupação com o território podem ser distintos, e mesmo
fragmentados, enquanto gestão. No entanto, novas possibilidades de engajamento
e união destes órgãos e instituições presentes na serra são possíveis e já vem
demonstrando sinais de parcerias viáveis e factíveis. Atualmente, o MONAESP já
integra a Reserva da Biosfera do Espinhaço e o Mosaico do Quadrilátero Ferrífero,
possibilitando um diálogo mais próximo com outras áreas e órgãos participantes. A
existência de um Conselho Consultivo atuante na UC também já aprimora este
engajamento de entes públicos e privados. A participação de integrantes da gestão
em fóruns de relevância discussão, principalmente hídrica, como os três subcomitês
de bacias hidrográficas que compõem o MONAESP, aumenta a união.

Todos estes movimentos de participação e integração permitem a otimização


dos recursos para uma melhor gestão da UC e seu entorno. A aproximação, portanto,
do órgão gestor com os proprietários da área de estudo, empresas e demais
instituições públicas favorecem ações mais eficientes de fiscalização e
monitoramento, inclusive com a viabilidade de se instalar métodos mais modernos e
eficientes como videomonitoramento; programas de uso público, educação
ambiental e patrimonial e pesquisas científicas; ações de proteção e recuperação
integrada com os proprietários incluindo as de prevenção e combate a incêndios
florestais e demais crimes ambientais; os planos de adequação a partir do
Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP da Serra da Piedade) e pagamento por
serviços ambientais e celeridade e transparência nas autorizações e anuências, bem

Pág. 111
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

como ações dialógicas com diversos setores, visando melhorias de infraestrutura e


projetos para apoio ao MONAESP, com destaque para o Santuário.

O estreitamento de parcerias e cogestões aperfeiçoa todos os recursos e


infraestruturas já existentes além do aumento de facilidades de melhorias e
complementações. Atualmente a UC já realiza o Plano Integrado de Prevenção e
Combate a Incêndios Florestais com a maioria dos atores envolvidos nesta questão
de proteção, além de compor fóruns de decisão conjunta como a Brigada Solidária
Sabará-Caeté, a ser instituída oficialmente através de um termo de cooperação
futuro

3.3.2.2 MEDIDAS COMPENSATÓRIAS PLANEJADAS

O processo de licenciamento ambiental resulta em diversos tipos de


compensação, seja ela através de recursos financeiros (Lei do SNUC), regularização
fundiária de unidade de conservação (Portaria IEF-MG 30/2015), reconstituição da
flora (DN 114/2008), criação de RPPN ou criação de servidão ambiental (Portaria IEF
90/2015 e Portaria IEF-MG 30/2015). Além destas, também é possível realizar as
compensações relativas às cavidades.

Para os empreendimentos em licenciamento da região, é possível que estas


compensações sejam direcionadas para a área de inserção do MONAESP, de forma
a beneficiar a condição de conservação do território.

Sugere-se que estas compensações sejam feitas em áreas prioritárias para


conservação e/ou nas áreas prioritárias para restauração, tanto dentro do MONAESP
como em seu entorno imediato. Estas áreas serão apresentadas neste diagnóstico.

3.3.2.3 POTENCIALIZAÇÃO TURÍSTICA

O Monumento Natural Estadual Serra da Piedade existe conforme a legislação


vigente apresentada neste estudo, porém sua gestão de fato começou a ocorrer
com presença no território há pouco tempo. Em contraponto percebe-se que as
atividades turísticas já ocorrem no território a bastante tempo conforme demonstrado
a demanda consolidada do turismo religioso e, também de atividades outdoor
através da pratica de esportes de aventura, como mountain bike, jipe, moto e
trekking, por exemplo.

Pág. 112
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Diante disso é preciso que o Monumento em um primeiro momento foque em


comunicar com este público sobre sua existente, objetivos de criação através dos
eixos temáticos de interpretação ambiental apontados neste estudo. O público que
transita neste território precisa perceber que o local além de ser um santuário religioso
é, também, uma área protegida que precisa da colaboração e reconhecimento de
todos. Portanto a potencialização turística deve começar com a divulgação para o
público sejam os hóspedes dos meios de hospedagem existentes, aos peregrinos e
visitantes esporádicos do Santuário ou os praticantes de esporte para possam
receber uma mensagem ambiental e se tornem parceiros e protetores deste
ambiente.

A partir daí pode-se pensar na regulamentação dos esportes identificados


com planos específicos para cada um de maneira participativa e que já é praticado
pela equipe de uso público do IEF e as Gerencias das UCs.

Além disso, fomentar que os empreendimentos turísticos existentes no território


adotem medidas sustentáveis de gestão através de tecnologias que diminuam o
consumo dos recursos naturais e os valorizem e deem o exemplo aos usuários
compartilhando e engajando junto à gestão do Monumento uma mensagem
ambiental conservacionista.

Projetos de sinalização para as trilhas, materiais informativos, condução nas


trilhas através de monitores ambientais, fomento à visitação de escolas da região
dentre outras ações complementam as atividades de gestão da visitação e
potencializam o turismo consciente. A atual gestão do Monumento possui recursos
humanos com atividades de sucesso em outras UCs Estaduais que já começaram a
serem executadas neste território e que com certeza serão ampliadas.

3.3.2.4 PROPOSTA DE USO PÚBLICO FUTURO - PID

A proposta de uso público futuro se estabelece a partir das realidades do


presente, a serem reconhecidas e implementadas. Com o propósito de garantir a
qualidade dos serviços já ofertados e a busca de melhorias, arranjos institucionais em
curso e outros em construção, mantendo e melhorando a funcionalidade e
eficiência dos serviços ambientais e culturais, a Arquidiocese de Belo Horizonte, por
meio da Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte, o do Santuário Nossa Senhora da
Piedade, a PUC Minas e a Associação de Desenvolvimento Integral (ADERI) propõem

Pág. 113
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

a orientação institucional e de forma compartilhada e dialógica com instituições


gestoras dos territórios tombados (IEF, IPHAN, IEPHA) entre territórios e pessoas, que se
encontra apresentada neste Planejamento Integrado de Desenvolvimento do
Santuário Estadual Nossa Senhora da Piedade – PID/SENSP (2017).

Conforme já apresentado ao Conselho do MONAESP, o PID/Santuário prevê


ações de curto, médio e longo prazo, considerando, em todo o momento, o contexto
histórico e as realidades atuais dos atributos ambientais, culturais, o potencial
educativo e formativo, as forças já instaladas e em curso. Busca-se, também, a
projeção de cenários, respeitando e fortalecendo os marcos legais e os elementos
de identidade física, tangível, e também o intangível, tal qual a promoção cultural e
espiritual das pessoas.

O macro objetivo deste documento é apresentar um planejamento integrado


de desenvolvimento sob uma perspectiva sociocultural, ambiental e espiritual,
definindo, organizando e escalonando as demandas do Santuário em uma
perspectiva local, com reflexos regionais.

Seus objetivos específicos são:

i. Qualificar os espaços, fluxos e vias existentes, considerando o cuidado e a


manutenção dos serviços ecossistêmicos e aspectos históricos do Santuário e de suas
paisagens naturais e culturais;

ii. Integrar aspectos culturais e ambientais, tendo em vista a vocação do


Santuário;

iii. Recuperar e restaurar, ambientalmente, os alvos de intervenção, integrando


os ambientes construídos aos aspectos e recursos naturais e medidas mitigadoras de
ocupação em locais já impactados;

iv. Descentralizar o uso público do alto da Serra da Piedade, requalificando


setores com identidades distintas e autônomas e, ao mesmo tempo, integradas ao
conjunto da Serra;

v. Tornar a mobilidade mais eficiente com fluxos versáteis, menos impactantes


com base em equipamentos, vias e trilhas, que favoreçam a interpretação e uso de
outros espaços ainda pouco utilizados;

vi. Criar espaços que favoreçam uma gestão compartilhada do Santuário,


fortalecendo parcerias e arranjos institucionais;

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

vii. Implementar ações de comunicação e educação patrimonial (cultural e


ambiental, material e imaterial), entendendo o Santuário como uma grande escola
aberta, assumidas como parte do programa do Ecomuseu “Casa Comum da
Piedade”.

viii. Dialogar com as instituições responsáveis pela guarda e fiscalização


compartilhados – IEF/MG, IPHAN e IEPHA, prioritariamente, buscando ações que
impulsionem os projetos e programas pretendidos.

Foram idealizados cenários para o Santuário Estadual Nossa Senhora da


Piedade onde, dois vetores sistêmicos são representativos na configuração territorial,
sendo: o sistema de objetos e o sistema de ações por uma natureza cada vez mais
humanizada, das relações sociais existentes. Uma estratégia fundamental no
planejamento integrado do Santuário, frente ao seu exponencial crescimento, é a
infraestrutura básica. Para tanto, foram elaborados diagnósticos referentes à
situação atual da infraestrutura existente (fornecimento e rede elétrica, iluminação
externa, abastecimento e fornecimento de água, rede de esgoto, etc.). O objetivo é
verificar se os sistemas existentes são suficientes para manter o Santuário e também
atender as novas intervenções propostas. Caso necessário, serão elaborados projetos
para redimensionar a infraestrutura.

1º CENÁRIO: curto prazo. Levantar, verificar o estado das demandas atuais do


Santuário, qualificando os espaços (setores e seus equipamentos), caminhos (vias,
Ecotrilhas, estrada), usos e fluxos existentes, considerando urgências de reformas
edificadas, melhorias para a gestão ambiental e cultural e mobilidade.

São alguns exemplos de ações pretendidas que compõe este 1º Cenário:

- A revitalização da Via do Peregrino, via histórica do século XIX, hoje


abandonada. Pretende-se qualificar o seu uso, recuperando áreas degradadas e
estimulando o seu valor intrínseco (peregrinação) e o seu potencial para educação
patrimonial e ambiental, além de poder servir como rota de segurança e aceiro para
prevenção e combate à incêndios florestais.

- Integração de trilhas interpretativas existentes, a exemplo da 1ª “estrada de


rodagem” do Santuário, utilizada pelo Frei Rosário, que liga a Praça Barcarena à
Praça Dom Cabral, sendo uma via potencial para trânsito de peregrinos e para
realização de pesquisas ecológicas, de ações pedagógicas e de esporte de
natureza, e que tem grande apelo como alvo de intepretação ambiental e histórico.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Tal trilha deve ser adequada, com projeto próprio, para contribuir com a
descentralização e a qualificação do uso público.

- A mobilidade pretendida com a instalação da Locomotiva da Piedade


redefine novos espaços e requalifica outros existentes, sobretudo na Praça Antônio
Barcarena, onde hoje se tem uma grande e intensiva ocupação por veículos e
pessoas, além de proporcionar melhorias com segurança, fluxo e inclusão de
pessoas. Como ações integradas, seja neste cenário e/ou conjuntamente com ações
em outros, a requalificação e a descentralização do estacionamento atual (na Praça
Antônio Bracarena) é necessária. Para tal, exemplo disto é a instalação do novo
estacionamento e receptivo, mais próximo à estrada MG-435, em uma área
degradada, a ser recuperada com esta nova proposta.

2º CENÁRIO: curto e médio prazo. Fundamentando-se na qualificação e no


desenvolvimento do 1º Cenário, em que pretende-se monitorar as ações realizadas,
integrando-as a novos espaços e projetos socioambientais locais e regionais do
Santuário, implementando ações em novos os espaços, caminhos (vias, trilhas
interpretativas) e fluxos existentes, oportunizando a convergência entre instrumentos
de planejamento e gestão desse território (Plano Diretor do Santuário, Plano de
Manejo da Unidade de Conservação, Plano de Desenvolvimento Regional
Integrado).

3º CENÁRIO: médio e longo prazo. Implantar novos equipamentos


(edificações, trilhas, vias), com a promoção integrada de novos programas,
balizados e monitorados pelo Plano Diretor do Santuário, Plano de Manejo da
Unidade de Conservação, Plano de Desenvolvimento Regional Integrado. Tendo sido
estabelecidos referenciais conceituais, as ações previstas organizadas em diferentes
cenários de implantação, por setores, conforme tabela abaixo.

Tabela 13: Ações previstas organizadas em diferentes cenários de implantação.


Cenários Setor Alvos/Projetos
Praça Dom Cabral: Pavimentação,
1 Relógio e Termômetro

2 Caminho Jardim da Meditação

2 Casa dos Peregrinos

1 Basílica Ermida Cripta São José (Ossuário e Cinzas)


Nossa Senhora da
1 Piedade Subestação

2 Abrigo Mãe da Piedade –CAVE

Pág. 116
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Cenários Setor Alvos/Projetos

2 Queijo Frei Rosário

2 Residência Mãe da Piedade(Casa dos Padres)

1 Igreja das Romarias

1 Basílica Estadual Velário


Nossa Senhora da
2 Mirante Santo Onofre
Piedade
2 Mosaicos/Pinturas nas Lajes (Rochas)

3 Museu Maria Regina Mundi (MMRM)

1 Travessa Dom Observatório Frei Rosário Joffily


Viçoso
2 Arena da Amizade

Ecomuseu “Casa Comum da Piedade” (Ala de


Personagens na História do Santuário +
2 Jardim dos Eremitas + Espaço Alimentação + Boas
Lembranças)
Praça Antônio
1 Bracarena Abrigo de Pessoas
1 Heliponto
1 Central de Recolhimento de Resíduos Sólidos

1 Portaria
1 Receptivo Centro de Atendimento ao Turista (CAT)
Domus
(Central de Operações, Serviços, Coordenação,
1
Monitoramento e Servidores - Almoxarifados,
Brigada de Prevenção e Combate a Incêndio)
1 Estacionamento MG-435
1 Praça de Alimentação
2 Posto de Serviços
3 Teleférico

3 Sete platôs Centro de Convenções/Hospedagem

1 Via do Peregrino + Via Sacra


1 Ecotrilhas
Vias e Trilhas
1 Aceiros e cercas

Retiro da
2 Hospedagem, trilhas eformação
Piedade

Pág. 117
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Cenários Setor Alvos/Projetos

3 Lagos Lagos/reservatório de água

Fonte: Arquidiocese de Belo Horizonte (2017).

Desta forma no quadro a seguir são apresentadas as propostas existentes neste


Planejamento para o território.

Item Local Proposta

Substituição da pavimentação em asfalto da Praça Dom


Cabral, utilizando do sistema de piso intertravado UNI- BRICK,
1 Praça Dom Cabral
conforme orientação do IPHAN e IEPHA, para fins de
requalificação e melhoria ambiental do local.

Adequação de percurso panorâmico no entorno da


edificação da Basílica Ermida Nossa Senhora da Piedade, que
Caminho Jardim da
2 inclui mirante e atrativos paisagísticos existentes, visando
Meditação
proporcionar aos peregrinos um caminho para a busca da
espiritualidade, oração e contemplação.

• Revitalização para melhor acolher os peregrinos e


visitantes. As 22 suítes disponíveis, que atualmente
hospedam 48 pessoas, serão internamente adequadas
para a ampliação do número de leitos, possibilitando
receber até 66 pessoas.

• Ressalta-se que será realizada reforma apenas


Casa dos Peregrinos
3 internamente, sem acréscimo de área, contemplando
Dom Silvério
reforma geral na parte elétrica, hidráulica e civil
(revestimentos, novo layout), com previsão de 12 meses
de obra.

• A edificação existente será requalificada e contará com


os seguintes espaços:

o nova recepção, sala de estar e convivência;

Pág. 118
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Local Proposta

o auditório para 80 pessoas e salas de reuniões;

o ampliação de varanda coberta com vista


panorâmica;

o novo refeitório;

o reforma da cozinha e lavanderia; e

o melhoria das acomodações.

• Requalificação, mantendo suas características originais,


em que serão executados os seguintes serviços:

o eliminação das infiltrações existentes;

o nova iluminação;
4 Cripta São José
o polimento dos revestimentos em mármore;

o recuperação das esquadrias; e

o finalização do piso, recobrindo o cimentado


existente.

Por questões de segurança e para um perfeito


funcionamento do complexo, a construção de uma nova
subestação de energia, visando à adequação dos sistemas
elétricos principais de acordo com as novas normas, é
5 Subestação urgente e necessária. A nova subestação será construída
acoplada à subestação existente, onde está localizado o
transformador com o fornecimento de energia, sem que haja
supressão vegetal. O projeto encontra-se em processo de
aprovação junto àconcessionária.

Adaptação interna do antigo abrigo das cabras para uso


como um local de degustação e comercialização do queijo
Frei Rosário. Trata-se de um espaço rústico (“ambiência de
Abrigo Mãe da
6 “caverna”), com uma vista panorâmica privilegiada e com
Piedade – CAVE
grande possibilidade de ser transformado em espaço
gourmet, com adequação do acesso – instalação de
corrimão.

Pág. 119
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Local Proposta

A antiga Casa dos Padres será revitalizada para ter,


novamente, a função de moradia dos presbíteros que
Residência Mãe da
residem no Santuário. Os dois pavimentos, que totalizam
7 Piedade (Casa dos
280m², serão reformados, sem que ocorra ampliação de área
Padres)
construída, para atender a demanda necessária: salas de
estar e jantar, cozinha, serviços e quartos.

O conceito da proposta apresentada para o projeto de


intervenção na Igreja das Romarias busca em primeiro lugar
a manutenção da saúde da edificação para otimizar sua
utilização e, consequentemente, promover a revitalização e
a preservação do patrimônio edificado, corroborado pelo
recente título de Basílica Estadual das Romarias.

Outro ponto importante a ser executado na Igreja é a


recuperação da estrutura em concreto aparente existente,
pois existem várias fissuras e trincas com ferragens expostas e
grande infiltração.

Basílica Estadual Nossa As instalações sanitárias existentes são precárias e insuficientes

Senhora da Piedade ao grande número de peregrinos. Para resolver essa questão,


8 propõe-se a construção de uma bateria de instalações
(Igreja das Romarias)
sanitárias com aproximadamente 24m², acesso externo, atrás
da grande alvenaria na qual está localizada a cruz. As
instalações existentes (internas) serão totalmente reformadas e
novas instalações sanitárias destinadas aos portadores de
mobilidade reduzida serão criadas.

A proposta inclui também a elaboração de projetos


complementares, como: elétrico, hidrossanitário,
luminotécnico, acústica, sonorização, Sistema de Proteção de
Descargas Atmosféricas (SPDA), TELECOM (incluindo sistema de
transmissão das missas para televisão). A proposta é refazer
todas as instalações prediais, seguindo as normas de
segurança vigentes.

Construção de um espaço especial, com suportes próprios


9 Velário
para o acendimento das velas. Esse novo espaço

Pág. 120
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Local Proposta

proporcionará a visita dos devotos que desejam acender suas


velas para representar sua fé, agradecer ou pedir bênçãos.

É importante ressaltar que, atualmente, a queima de velas


não é concentrada num local apropriado, aumentando os
riscos de acidentes, como incêndios florestais e prediais. A
oferta de um local adequado para tal finalidade reduziria
significativamente o risco de incidentes. Além disto, serão
efetuadas medidas, como o aceiramento e pavimentação
externa do Velário, para se evitar princípios de incêndios.

Nessa perspectiva, propõe-se a criação de Velário próximo


à Igreja Nova das Romarias – local estratégico, de fácil acesso
e com segurança apropriada.

O Mirante dedicado a Santo Onofre é um espaço de grande


tradição no Santuário e muito utilizado pelos visitantes. Está
localizado na vertente Sul, no alto da serra, e proporciona aos
visitantes uma linda visão panorâmica. Seu acesso pode ser
feito tanto pela Praça Alcides da Rocha Miranda quanto pela
10 Mirante Santo Onofre
Casa dos Peregrinos. Atualmente, o local está fechado por
questões de segurança. A proposta é a readequação e
requalificação do espaço para que os visitantes e peregrinos
possam desfrutar de um local propício à espiritualidade,
oração e contemplação da bela paisagem.

Existem quatro painéis de concreto junto às rochas, em locais


estratégicos e com grande visibilidade, sobre os quais serão
11 Mosaicos aplicados trabalhos artísticos em mosaico com temas
religiosos. Esses painéis foram construídos por um dos grandes
bem feitores do Santuário, Frei Rosário, na década de 80.

Criação de um novo espaço para devoção dedicado a


Maria, mãe de Jesus. Localizado após o Observatório
Museu Maria Regina Astronômico da UFMG esta nova construção tomará o lugar
12
Mundi de antigas edificações militares que serão demolidas e darão
lugar a estruturas que se encaixem suavemente na montanha
e esteja integrada a paisagem.

Pág. 121
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Local Proposta

Área coberta ser construída: 1.298m². Área externa descoberta:


3.318,17 m².

A proposta é a revitalização da arena para melhor acolher os


romeiros e visitantes e a construção de um quiosque anexo ao
13 Arena da Amizade Observatório Frei Rosário, com o objetivo de descentralizar
esse tipo de serviço, para, assim, melhorar o atendimento no
que se refere à alimentação.

Os atuais espaços de alimentação no Santuário (restaurante


e lanchonete) não conseguem atender de forma plena o
grande número de visitantes e peregrinos. Nos dias de grande
movimento as filas são extensas e o tempo de espera é grande.
Observatório Frei Com o objeto de solucionar esse problema e descentralizar a
14
Rosário concentração de pessoas no topo da serra, tem-se a
proposta de construção de um quiosque anexo ao
observatório. A construção deste espaço poderá também
atender as visitas noturnas do observatório, melhorando a
acolhida e segurança das pessoas neste local.

A Estação Locomotiva da Piedade (veículo sobre pneus)


consiste num abrigo onde será realizado o embarque e
desembarque dos peregrinos e visitantes do Santuário.
Ressalta-se que um novo abrigo será projetado e edificado no
local em que será implantado o setor Receptivo. A
Locomotiva será utilizada como meio de transporte, sobre

Estação Locomotiva rodas, até o alto da Serra, percurso com aproximadamente

15 da Piedade/Abrigo 5,3km.

de pessoas A Estação será composta por uma bilheteria, instalações


sanitárias masculinas e femininas, sanitários destinados a
portadores de mobilidade reduzida, uma pequena
lanchonete e um amplo espaço onde os peregrinos poderão
aguardar de forma confortável e segura o transporte. O
projeto foi desenvolvido dentro das normas de acessibilidade
vigentes.

Pág. 122
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Local Proposta

A construção desse espaço é fundamental e necessária para


garantir uma mobilidade adequada até o alto da Serra, em
razão do crescimento exponencial do número de visitantes e
peregrinosnoSantuário.

Com a construção dessa estação e com a aquisição da


Locomotiva, os veículos particulares deixarão de circular no
ponto mais alto do Santuário, que será exclusivamente
dedicado ao peregrino, o que contribui com o aumento da
qualidade de visitação e a oferta de mais um atrativo.

O Heliporto é uma demanda represada para o uso cotidiano


do Santuário. Trata-se de espaço destinado ao pouso e
decolagem de aeronaves, que carece de demarcação
específica para fins de atendimento a diversas ações: trânsito

16 Heliporto de autoridades, monitoramento e pesquisas da Unidade de


Conservação, além de local fundamental para os processos
de prevenção e combate a incêndios florestais.

Dessa forma, pretende-se instalar tal marcação na Praça


Bracarena, local hoje já utilizado para este fim.

Atualmente, o Santuário não possui um espaço adequado


para o recolhimento dos resíduos sólidos. A coleta do lixo é
realizada pela Prefeitura Municipal de Caeté, duas vezes por
semana.

Com o objetivo de reduzir impactos negativos no meio


ambiente advindos do crescente número de visitantes e
Central de
novos projetos, faz-se necessária a construção de uma
17 recolhimento de
Central de Recolhimentos de Resíduos Sólidos.
resíduos sólidos
A proposta é a construção de um abrigo coberto, com
espaços separados, para possibilitar a implementação do
Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos do
Santuário. Visando a uma melhor integração da Central com
a paisagem e com as premissas da sustentabilidade, propõe-
se a instalação de telhado verde com jardim rupestre,

Pág. 123
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Local Proposta

associado a um sistema de irrigação proveniente de


captação de água pluvial.

Trata-se da edificação principal do ECOMUSEU, localizada na


Praça Bracarena, que contribuirá, dentre outras funções, com
a dissolução do público ora concentrado no pico do
Santuário.

A proposta do Ecomuseu Casa Comum da Piedade ocupa-


se de dar forma e visibilidade, explorando com “inteligência
funcional” os múltiplos elementos presentes no território, a
Ecomuseu “Casa partir: do alinhamento de conceitos e valores; da
18
Comum da Piedade” qualificação dos espaços existentes; da articulação de
equipamentos e iniciativas; da diversificação de acessos e
linguagens; da gestão participativa do território.

Importante ressaltar que o Ecomuseu vai muito além de um


espaço físico, ampliando a visão de interpretação ambiental
e territorial em todo o MONAESP. Trata-se, pois, de importante
equipamento para o desenvolvimento de ações ambientais,
de gestão e promoção de economias locais.

A atual portaria e o estacionamento na Praça Bracarena não


conseguem atender o volume de veículos (carros, vans e
ônibus). Nesta perspectiva, propõe-se a criação de um novo
acesso ao Santuário, no qual estarão localizados: nova
portaria, Centro de Atendimento ao Turista (CAT) e
estacionamento. A área útil estimada disponível é de

Portaria/CAT/Domus/ aproximadamente 35.000m². Será o local de chegada e

19 Estacionamento MG- acolhida dos visitantes e peregrinos. Ao chegar, o peregrino

435 poderá escolher como chegar ao alto da Serra: a pé pela Via


do Peregrino, por meio de Locomotiva, van ou teleférico.

A proposta do Receptivo contempla, também, local dotado


de bens, serviços, infraestrutura, atrativos, pronta a acolher e
atender as expectativas dos indivíduos. Trata-se da
edificação principal do novo acesso, cuja proposta preliminar
se esboça a seguir:

Pág. 124
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Local Proposta

o Recepção e balcão de informações;

o Copa;

o Instalações Sanitárias;

o Praça de Alimentação;

o Loja (souvenires) Centro de apoio ao


Peregrino;

o Espaço de descanso para motoristas;

Anexo ao receptivo estará localizado o DOMUS (Central de


Operações, Serviços, Coordenação, Monitoramento e
Servidores). Este será o local de chegada e apoio de todos os
funcionários. Segue esboço preliminar:

o Sala monitoramento;

o Sala coordenação;

o Sala operações;

o Sala reuniões;

o Sala brigadistas;

o Deposito brigadistas;

o Sala manutenção;

o Almoxarifado;

o Vestiários funcionários;

o Copa e refeitório; e

o Achados e perdidos.

Neste local, estará o grande estacionamento destinado a


todos os veículos: carros, motos, vans e ônibus. Será construído
um abrigo coberto para espera e embarque e desembarque
das pessoas que utilizarem o transporte oferecido pelo
Santuário (Locomotiva, van). Somente carros autorizados
terão acesso ao alto da Serra. O projeto para o
estacionamento, bem como para o novo acesso e vias, está

Pág. 125
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Local Proposta

sendo elaborado pelo DEER. As edificações serão projetadas


pelo escritório Gustavo Penna e Associados.

Diante da necessidade de ampliar as alternativas de


mobilidade ao alto da serra, aproveitando o desnível
existente, a bela e privilegiada vista, o Santuário planeja a
20 Teleférico
construção de um teleférico. Os estudos técnicos e de
viabilidade estão sendo desenvolvidos pela empresa
Dopellmeier.

Devido ao crescente número de visitantes, com o


desenvolvimento da região, e com o objetivo de buscar
sustentabilidade e parcerias para construção e operação, a
Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte e o Santuário tem
como meta a edificação de um centro de convenções e

Centro de hospedagem, a fim de oferecer equipamento qualificado

21 convenções e para encontros empresariais, Seminários, Assembleias e ainda

hospedagem proporcionar hospedagem para os usuários, peregrinos e


visitantes do complexo, suprindo demandas reprimidas no uso
público rotineiro do Santuário.

A área disponível para a implantação possui área útil


estimada de 20.000m². O projeto arquitetônico será
elaborado pelo escritório Gustavo Penna e Associados.

O projeto da Via do Peregrino consiste no resgate do antigo


caminho do sec. XVIII com adequação/estruturação, não
finalizada, pelo Governo do Estado de Minas Gerais no final da
década de 80, como acesso alternativo ao Santuário Nossa
Senhora da Piedade. Os projetos viários foram desenvolvidos
Via do Peregrino – Via
22 pelo DEER-MG em parceria com o Setor de Projetos e Obras da
Sacra
Arquidiocese de Belo Horizonte, conforme já apresentados ao
IPHAN e ao IEF/MG.

O percurso é de aproximadamente 2,8km, com 4m de largura


(trânsito previsto apenas para veículos de serviço de
manutenção, de combate a incêndios e ambulâncias, caso

Pág. 126
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Local Proposta

necessário), e pavimentação com piso intertravado na cor


de minério.

A iluminação será por meio de postes com placas


fotovoltaicas de baixa intensidade, visando redução no
impacto sobre a fauna silvestre. A Via do Peregrino contará
com três pontos de apoio em áreas estratégicas que terá
pequenas praças e bancos para descanso e uma praça
maior com infraestrutura de instalações sanitárias, posto de
atendimento médico e bebedouros.

Ecotrilhas possibilitam perfazer um caminho e definem-se


como condição de possibilidade da partida de um ponto e
da chegada em outro ponto, do encontro e do desencontro.

Serão compostas, para a conformação das trilhas, estratégias


de acesso a espaços fundamentais do Santuário, integrando
os aspectos ambientais, históricos e culturais, com objetivo de
fomentar a espiritualidade da peregrinação, o acesso para
atividades turísticas.

Dessa forma, contribui- se com a redução da degradação


23 Ecotrilhas ambiental, por meio de acessos oficiais aos locais estratégicos
do Santuário, e com a melhoria do trânsito local, conciliando
a malha de trilhas já existentes com a real demanda deste
projeto, evitando-se, dessa forma, a abertura de novas trilhas.

A proposta de projeto para as trilhas perpassa pelas suas


devidas formatações, sinalizadas com placas indicativas e
interpretativas, com a presença de painéis explicativos
adequados. Serão definidos pontos de parada e que
favoreçam, inclusive, atividades guiadas de interpretação
ambiental, com viésinterdisciplinar.

O Retiro da Piedade, na incorporação de atividades


atrativas, se destaca como um lugar de vivência de reflexão,
24 Retiro da Piedade silêncio e repouso. Esse espaço abriga, atualmente, leitos para
acolher retiros, reuniões, minicursos e confraternizações em um
espaço de convivência delimitado por belezas naturais, além

Pág. 127
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Local Proposta

da Capela Imaculada Conceição, inspirada na Igreja do Ó,


em Sabará (MG).

Nesse espaço privilegiado, propõe-se, também, a instalação


do “herbário” Santa Hidelgarde de Bingen, composto de 100
canteiros para cultivo de plantas medicinais, podendo estes
terem seus usos ampliados com práticas de Educação
Ambiental, realização de pesquisas científicas e para fins
terapêuticos.

Sabedores que a Serra da Piedade, em especial o Santuário


Estadual Nossa Senhora da Piedade, mesmo como grande
produtora de águas, não detém este recurso na forma de
córregos, cachoeiras ou outros corpos d´água naturais,
25 Lagos
propõe-se estudos que possam viabilizar o armazenamento
desse recurso estratégico em lagos e lagoas. Salienta que este
projeto se encontra em fase inicial e, por isto, encontra-se no
Cenário 3 de prioridades aqui apresentadas.

3.3.2.5 PESQUISAS CIENTÍFICAS

A diversidade ambiental encontrada no MONAESP e entorno leva a um


grande potencial para pesquisas científicas. O fato da presença de universidades
próximas (PUC-Minas, UFMG), facilita ainda mais o desenvolvimento de pesquisas.

Apesar do grande volume de coletas botânicas efetuadas na região, com


início há cerca de 200 anos, não há uma compilação atualizada sobre a flora do
MONAESP, principalmente visando identificar casos de extinções locais e
colonizações por espécies invasoras. Já os levantamentos faunísticos são incipientes
ou incompletos e não foram baseados, em sua maioria, na coleta de espécimes,
essencial para a documentação científica mais apropriada e checagem dos
registros ao longo dos séculos, mesmo após mudanças de nomenclaturas e
taxonômicas. Em ambos os casos, parcerias com instituições científicas que incluam
coleções taxonômicas são recomendáveis. Neste aspecto, apesar da proximidade
com centros de pesquisa em biodiversidade, a exemplo da UFMG e da PUC-Minas, a
biota regional ainda é muito pouco estudada, sendo sugerido que o órgão gestor da

Pág. 128
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

UC facilite e fomente pesquisas visando suprir estas lacunas de conhecimento. Além


disso, sugere-se o encaminhamento de animais encontrados mortos (por
atropelamento, eletrocussão, choque contra vidraças) a estas coleções.

A proposta do Ecomuseu Casa Comum da Piedade, da Arquidiocese de Belo


Horizonte, que aqui se delineia, ocupa-se de dar forma e visibilidade, explorando com
“inteligência funcional” os múltiplos elementos presentes no território, a partir: do
alinhamento de conceitos e valores; da qualificação dos espaços existentes; da
articulação de equipamentos e iniciativas; da diversificação de acessos e
linguagens; da gestão participativa do território.

Esta proposta baseia-se em premissas que fundamentam os programas e


projetos que devem compor o EcoMuseu Casa Comum da Piedade. Desta forma,
constituem-se como Diretrizes e Parâmetros para a Proteção e Preservação da
Paisagem Cultural da Serra da Piedade a partir do ECOMUSEU:

a- Planejamento e Gestão Territorial Participativa

b- Conservação da Biodiversidade

c- Monitoramento e Controle Ambiental

d- Mobilização Social

e- Educação Ambiental e Patrimonial

f- Desenvolvimento Científico e Tecnológico

g- Desenvolvimento Econômico

h- Inovação Técnica e Política

i- Transparência e compartilhamento de informações

ii- Memória

3.3.2.6 APOIO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA OS PROPRIETÁRIOS

Por se tratar de uma UC formada por propriedades particulares, atuar junto


aos proprietários que compõem a MONAESP para se obter, da melhor forma possível,
uma ocupação sustentável do território.

Para tal, podem ser trabalhados os direitos, deveres e demais ações que
possam subsidiar a melhoria do quadro ambiental local. Devem ser planejadas ações

Pág. 129
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

específicas, considerando as diferentes categorias/tipos de proprietário (pessoa


física, Mineração, grupo religioso).

3.3.3 FRAQUEZAS

3.3.3.1 INTERESSE MINERÁRIO

A riqueza minerária (sobretudo de ferro e ouro) da área de inserção do


MONAESP resultou em grande quantidade de requerimentos de exploração
minerária (DNPM). Atualmente há no entorno imediato ao MONAESP uma mineração
de ferro (AVG), localizada na UP Cristas. Sua presença tem impactado diretamente
as condições ambientais (inerentes ao processo minerário), tais como: redução da
qualidade da biota, comprometimento de recursos hídricos, perda parcial da beleza
cênica, aumento de circulação de veículos pesados (impactos sobre o turismo).

A produção de ruídos e vibrações, decorrentes de atividades minerárias e


rodovias, apresenta potencial para afetar o comportamento e a distribuição local
da fauna. Como exemplo, em um recente estudo efetuado no Quadrilátero Ferrífero,
Duarte et al. (2015) avaliaram o impacto dos ruídos gerados pelo trânsito de
máquinas de uma área de mineração de ferro sobre a biofobia de um fragmento de
vegetação nativa, encontrando resultados divergentes para áreas próximas e
distantes do ruído e sugerindo que estes impactos alterem comunidades,
comportamentos e a capacidade de comunicação das espécies animais.

Pág. 130
628000 632000 636000 640000 644000

PROCESSOS MINERÁRIOS -
SANTA LUZIA

CAETÉ
FASE
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

3&
&3&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté
7804000

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO
MONAESP Limite do MONAESP (IEF); Processos Minerários - Fase
Processos Minerários - Fase
Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Área de estudo
Disponibilidade Acessos Limites Municipais (IBGE 2010);
PROJETO
Limite municipal Acessos (OSM 2018);
Requerimento de Pesquisa Estrada pavimentada Processos minerários (ANM 2018) Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade
Zona de amortecimento
Autorização de Pesquisa Trilhas e caminhos 0 0,5 1 2 3
km
Requerimento de Lavra 3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Rodovias Projeção Universal Transversa de Mercator
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
Concessão de lavra 3
& Igreja Nova das Romarias Estradas não pavimentadas ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Observatório Astronômico Frei Rosário Thiago Mansur 09/01/2020 A3 00
3
&
628000 632000 636000 640000 644000

PROCESSOS MINERÁRIOS -
SANTA LUZIA

CAETÉ
SUBSTÂNCIA
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

3&
&3&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté
7804000

Processos Minerários - Substância


Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO
MONAESP Limite do MONAESP (IEF); Processos Minerários - Fase
Não Cadastrado Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Área de estudo
Minério de Ferro Acessos Limites Municipais (IBGE 2010);
PROJETO
Limite municipal Acessos (OSM 2018);
Gnaisse Estrada pavimentada Processos minerários (ANM 2018) Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade
Zona de amortecimento
Minério de Manganês Trilhas e caminhos 0 0,5 1 2 3
km
Basílica Nossa Senhora da Piedade Rodovias Projeção Universal Transversa de Mercator
Ouro 3
&
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
Igreja Nova das Romarias Estradas não pavimentadas
Minério de Silicio 3
&
ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO

Quartzido e Quartzo Observatório Astronômico Frei Rosário Thiago Mansur 09/01/2020 A3 00


3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.3.2 BAIXA RESILIÊNCIA DO ECOSSISTEMA

Os (ecos)sistemas inseridos no contexto do MONAESP foram agrupados na


forma de Unidades de Paisagem definidas, por critérios geológico-geomorfológicos
e subdivididas em função de cobertura e uso do solo. Em seguida, definiu-se a
vulnerabilidade ambiental, (principalmente no tocante à erosão). Os resultados
apontaram para uma vulnerabilidade maior na vertente norte e nas diversas
(sub)unidades ali inseridas. Uma análise dessa vulnerabilidade apontou para a
relação entre uma geologia mais suscetível à erosão, (presença de filitos), neossolos
e cambissolos, associados, por seu turno, à presença de uma maior quantidade de
manchas de vegetação de cerrado e campos cerrados. Não menos importante é a
presença de pequenas áreas urbanas e áreas de cultivo e pastagens. Este resultado
coaduna com o modelo teórico de Tricart (1977) que se baseia no conceito de
biostasia/resistasia. Em outras palavras, quanto mais densa e protegida a vegetação
local, menor é a propensão à erodibilidade. Faz-se mister mencionar que certas
litologias são muito resistentes à erosão, a despeito de estarem praticamente
desnudas.

3.3.3.2.1 VULNERABILIDADE AMBIENTAL

A vulnerabilidade do terreno é entendida como a susceptibilidade do terreno


de ser erodido, seja naturalmente ou por influência antrópica, para isso se analisa
aspectos do meio físico, como a geomorfologia, geologia e cobertura vegetal, bem
como aspectos antrópicos como estradas, pastos, silvicultura, edificações e áreas
urbanas.

É importante a análise de ambos os fatores (naturais e antrópicos), pois o meio


físico tem inerente a ele uma susceptibilidade natural de erosão que pode ser
agravada por ações antrópicas no meio.

A metodologia utilizada para realização da análise de vulnerabilidade foi


semelhante à utilizada para realização do potencial espeleológico, sendo realizada
uma análise multicritério através da ponderação das classes na estrutura de uma
arvore hierarquizada, por sua vez adaptando o modelo para a realidade pretendida.
Essa adaptação foi realizada entendendo as variáveis através do estudo do modelo
de Crepani, bem como por meio de análises de integrantes da equipe da ADERI
capacitado e responsável pelos estudos geomorfológicos da área estuda.

Pág. 133
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Os parâmetros utilizados para a realização da análise de vulnerabilidade do


terreno foram a litologia, declividade, altimetria, proximidade com drenagens e uso
e ocupação do solo. Foram atribuídos a estes pesos em porcentagem, onde os pesos
somados devem totalizar 100%. Para as subclasses foram atribuídas notas de 1 a 5
sendo 1 menor de menor vulnerabilidade e 5 maior vulnerabilidade do meio físico.
Tais atributos são descritos na Tabela 14, a seguir.

Após esta separação, utilizou-se a calculadora raster presente no software


QGIS para realizar a interação entre os dados utilizando média ponderada para
cada variável como apresentada pela Equação 1. O resultado é o mapa de
vulnerabilidade apresentado abaixo.

Tabela 14: Árvore hierarquizada para classificação da vulnerabilidade à erosão.

Classes Peso (%) Subclasses Nota

Itabirito 1
Lentes de Hematita 1
Formações Ferríferas 1
Cangas 1
Quartzitos Ferruginosos 1
Filito, Filito grafitoso e quartzito 5
Filito cinza e filito prateado 5
Quartzitos - porções conglomeráticas e xisto e filitos
4
interestratificados
Xistos, filitos, grauvacas e quartzitos 5
Litologia 40 Rochas vulcanoclásticas metamorfisadas 2
Rochas Metassedimentares 2
Rochas metavulcanossedimentares intermediárias 2
Rochas vulcanossedimentares químicas 2
Diques de metadiabásio 1
Rochas máficas-ultramáficas 2
Embasamento granito-gnaissico 2
Solo laterítico residual 5
Coluvião 5
Aluvião 5
1a5 1
5 a 10 2
Declivida 10 a 15 3
de em 15 15 a 20 5
graus (º) 20 a 25 5
25 a 30 4
>30 4
10 <850 1

Pág. 134
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Classes Peso (%) Subclasses Nota

850 a 950 2
950 a 1050 3

Altitude 1050 a 1150 4


em 1150 a 1250 5
metros 1250 a 1350 5
(m) 1350 a 1450 4
1450 a 1550 3
>1550 2
Dist <50 1
drenage 5
m >50 5
Água 1
Acesso pavimentado 3
Acesso terra 4
Afloramento de rocha 1
Área urbana 4
Brejo 1
Campo cerrado 4
Cerrado 4
30 Campo ferruginoso arbustivo 1
Campo ferruginoso herbáceo 1
Cultivo 4
Edificação 2
Eucalipto 4
Floresta semidecidual 2
Mineração 5
Pastagem 3
Solo exposto 5
Total em
100
%
Equação 2: Equação utilizada na calculadora raster para realização da análise multicritério.

Pág. 135
628000 632000 636000 640000 644000 648000

VULNERABILIDADE
SANTA LUZIA

CAETÉ
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3

MG
-4 3
5
Santa Luzia
Caeté
7804000

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

MONAESP Limite do MONAESP (IEF); Vulnerabilidade


Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Área de estudo Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
Vulnerabilidade PROJETO
Acessos (OSM 2018);
Limite municipal Acessos Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade
Baixa Hidrografia (SUPRAM 2019);
Zona de amortecimento Estrada pavimentada Vulnerabilidade à erosão (ADERI 2019). 0 0,5 1 2 3
km
Média 3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
Alta 3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias
ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 09/01/2020 A3 00
3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Algumas considerações entre a vulnerabilidade à erosão e o


comprometimento dos recursos hídricos pode ser traçada. Processos erosivos podem
comprometer alguns parâmetros da qualidade das águas afetando, por exemplo, a
turbidez, a temperatura, etc. Neste caso, sugere-se que ações de manejo com vistas
à despotencializar a erodibilidade sejam levadas em consideração, também para
fins de proteção hídrica. As áreas com maior potencial de acumulação e menor
potencial erosivo devem ser valorizadas para fins de (re)abastecimento de
mananciais (como nas subunidades da vertente Meridional).

3.3.3.2.2 SUSCEPTIBILIDADE À QUEIMADAS

Além da susceptibilidade à erosão, outra vulnerabilidade do território é o


impacto do fogo, uma das principais ameaças sobre os ambientes naturais,
principalmente áreas cobertas por vegetação savânica (mais propensa a
queimadas).

O tipo de uso do solo é um aspecto que influencia diretamente na recorrência


de queimadas. Atividades associadas as pastagens normalmente apresentam
maiores recorrência e intensidades de fogo, isto porque o fogo é usado para o
manejo do pasto, que nem sempre se restringe apenas às pastagens, podendo
extrapolar as pastagens, queimando os ecossistemas naturais adjacentes, com maior
vulnerabilidade ao fogo as tipologias de cerrado.

Outro aspecto que pode influenciar a intensidade/recorrência de queimadas


é a presença de acessos. As margens das estradas normalmente apresentam muitos
focos de calor, fato relacionado às guimbas de cigarro, lixo e maior facilidade de
acesso para as pessoas que tenham o interesse em queimar áreas.

Ao verificar o banco de focos de calor do INPE, de 2000 a 2018, observa-se


que há maior concentração de focos de calor na porção noroeste e porção norte
da área de estudo, na unidade de paisagem Colinas. Esta maior concentração está
relacionada principalmente ao tipo de cobertura vegetal (formações savânicas e
campestres) e também a presença de pastagens.

Pág. 137
628000 632000 636000 640000 644000

FOCOS DE INCÊNDIO
SANTA LUZIA

CAETÉ
(2000 - 2018)
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
7808000

3&
&3&3

MG
-4 3
5
7804000

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

MONAESP Limite do MONAESP (IEF); Focos de Incêndio


Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Área de estudo Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
Focos de incêndio (período de 2000 a 2018) Acessos (OSM 2018); PROJETO
Limite municipal Acessos Hidrografia (SUPRAM 2019); Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade
Densidade de focos de incêndio Focos de Incêndio (INPE 2000 à 20018);
Zona de amortecimento Estrada pavimentada 0 0,5 1 2 3
Densidade de focos de incêndio (ADERI 2019)
km
Baixo
3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator

3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias Médio Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
3
& Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Alto Thiago Mansur 07/01/2020 A3 00
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.3.3 TIPOS DE SUPERFICIÁRIOS

Unidades de Conservação na categoria Monumento Natural, mesmo sendo


de proteção integral, podem ser compostas por propriedades particulares. Como
não se pode controlar o interesse econômico e ambiental destes proprietários sobre
o território, a situação fundiária e o relacionamento saudável dos proprietários de um
Monumento Natural e de seu entorno se destacam no contexto da gestão da UC.

O planejamento da UC deve ter apoio máximo dos proprietários, pois eles que
fazem o uso da área, e tem todo o direito legal de usar suas terras, seja para
atividades turísticas, conservação, expansão urbana, silvicultura, mineração ou
pecuária. Os proprietários do MONAESP de destaque, em termos de área (Tabela 15),
são: da Arquidiocese e Belo Horizonte, da Congregação das Irmãs auxiliadoras de N.
S. da Piedade, Anglo Gold Ashanti, de empresa imobiliária e também da Saint
Gobain, além de pequenas propriedades de pessoas físicas (à oeste do MONAESP).

Tabela 15: Superficiários que compõem o MONAESP e os respectivos quantitativos.


Superficiário Área (ha) %
Imobiliário 167,59 8,5%
LS Imobiliária 167,59 8,5%
Mineradoras 432,59 22,0%
Anglo Gold Ashanti 361,94 18,4%
Saint Gobain Pam Bioenergia Ltda 70,65 3,6%
Pessoa física 192,48 9,8%
Adilson Gonçalves de Oliveira e outros 46,39 2,4%
Alexandre de Marcos Moura Oliveira 2,05 0,1%
Amauri Cesar Leal 2,95 0,2%
Antônio Dias 0,06 0,0%
Davi Corra Maia 0,39 0,0%
Geraldo Cleber dos Santos 5,59 0,3%
Izolina Souza Santos 1,15 0,1%
Jaime Assis Santos 1,98 0,1%
James Antônio Ferreira 0,00 0,0%
José Gonçalves Franco 1,22 0,1%
José Tavares Ferreira 37,19 1,9%
José Venâncio Rodrigues 8,74 0,4%
LS Imobiliária 1,28 0,1%
Luciene Menezes de Oliveira 1,82 0,1%
Maurício dos Santos 2,94 0,1%
Mauro José de Souza 2,75 0,1%
Prefeitura Municipal de Caeté 25,33 1,3%
Sérgio Albenir Henriques 1,02 0,1%

Pág. 139
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Superficiário Área (ha) %


Sidney Vieira 0,76 0,0%
Silvio Dias Ribeiro Filho 15,07 0,8%
Tereza Antônia Carneiro 4,12 0,2%
Valdenei Inácio de Lima 24,95 1,3%
Vlad Eugen Poenaru 4,74 0,2%
Religioso 1075,35 54,8%
Congregação das Irmãs Auxiliares de N.S. da Piedade 343,87 17,5%
Igreja Batista da Lagoinha 5,76 0,3%
Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte 725,72 37,0%
Sem informação 95,30 4,9%
Total 1963,31 100,0%

Por se tratar de categoria de Monumento Natural, onde se trata de


conservação em terras privadas, sobretudo, torna-se fundamental estabelecer um
programa de mapeamento das realidades fundiárias de todo o MONAESP, associado
ao mapeamento e comunicação com os proprietários, entendendo então as
realidades enquanto uso conservação e tipo de produção econômica de cada
propriedade. O ZAP da Serra da Piedade pode ser um mecanismo importante neste
sentido, sobretudo a partir dos Planos de Adequação de Propriedades decorrentes
deste projeto.

Alguns proprietários utilizam as áreas para fins de conservação, como é o caso


da Anglo Gold Ashanti, que detém uma RPPN (sem Plano de Manejo), que está
inserida no MONAEP. Outras usam a áreas para exploração de eucalipto (Saint
Gobain). A Arquidiocese usa uma pequena parte da propriedade para fins religiosos
e turísticos, e o restante das terras é destinado para preservação. Os proprietários
particulares majoritariamente apresentam parte das áreas convertidas para
agropecuária (pastagem). Uma grande propriedade do MONAESP é de uma
empresa do ramo imobiliário, e pode haver o interesse em empreender no local,
provavelmente para implantação de condomínios e chácaras.

Entende-se que o MONAESP formado por propriedades particulares é uma


fraqueza, uma vez que todas as propriedades têm o potencial de conversão de
áreas naturais para usos econômicos diversos.

Com este contexto, destacam-se as propriedades com fins exclusivamente


econômicos, sobretudo aquelas inseridas em locais de maior aptidão para a
atividade principal. Medidas de incentivo econômico (pagamento por serviços

Pág. 140
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

ambientais, ICMS ecológico), compensações florestais, minerárias e de APPs e


implantação / realocação de reservas legais podem ser alternativas eficazes de
garantir na região a predisposição para a preservação de áreas naturais.

Por outro lado, com a implementação da gestão do território e seu plano de


manejo, aliado aos Planos de Adequação do ZAP, bem com processos de
comunicação e formação contínua dos proprietários em relação às oportunidades
trazidas pela UC (PSA, Compensações Ambientais e Florestais, Fomento Florestal,
dentre outras) e o engajamento da gestão do MONAESP junto aos parceiros e
proprietários, pode-se transformar esta fraqueza temporária em potencialidades
contínuas.

3.3.4 AMEAÇAS

3.3.4.1 ALTERAÇÕES NA PAISAGEM DO ENTORNO PELA MINERAÇÃO

Atualmente, apenas a AVG Mineração está presente na área de estudo


estabelecida para o MONAESP. Contudo, considerando a quantidade de
requerimentos para exploração minerária (DNPM), e também ao potencial de
expansão da Mineradora AVG, pode-se dizer que existe um risco de alteração na
paisagem do entorno do MONAESP, ampliando o conflito entre a vocação de
conservação e do turismo ecológico e religioso com o local.

A supressão de novas áreas de vegetação nativa pela mineração causa


perda de habitats singulares no MONAESP: os campos rupestres ferruginosos, que
abrigam espécies da flora e da fauna com distribuição bastante restrita a esses
ambientes, estando algumas delas ameaçadas de extinção. Associada à supressão,
há fragmentação desse importante habitat, com o possível isolamento de
populações de espécies estreitamente associadas aos campos rupestres
ferruginosos. Além disto, não se tem um plano de recuperação de áreas degradadas
pela mineração a partir de espécies nativas, sobretudo com grande riqueza e
protocolos de cultivo e restauração, o que poderia trazer efetividade de corredores
ecológicos estruturais e funcionais à área que deve ser recomposta.

Em um cenário com a expansão minerária no entorno do MONAESP, pode-se


dizer que a atividade turística e a qualidade ambiental do local já vem sendo
comprometida. Prova disto é o trânsito de centenas de caminhões que transportam

Pág. 141
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

minério diariamente na estrada do Santuário, em especial aos impactos junto às


atividades do Retiro da Piedade (que pertence ao SENSP), e riscos junto aos
motoristas e pedestres que trafegam na MG 435. Em caso de aumento no processo
de exploração minerária (movimentação de veículos, alteração da paisagem,
poeira, ruído), haverá uma perda parcial de aspectos que dão a singularidade do
local enquanto Monumento Natural: a beleza cênica, ações educativas, o silêncio,
e o predomínio de cobertura vegetal natural.

3.3.4.2 ADEQUAÇÕES NA INFRAESTRUTURA EXISTENTE

Durante o DIPUC (2019), foi levantada a preocupação em alterar o contexto


paisagístico do MONAESP pelas propostas que estão sendo feitas pela Arquidiocese,
sobretudo no que diz respeito ao Plano de Desenvolvimento Integrado do Santuário
(PID/SENSP, 2017).

Ao mesmo tempo em que nas oficinas feitas para o presente Plano de Manejo
é citada a necessidade de melhoria da infraestrutura para o turismo, também há a
preocupação em não desconfigurar a paisagem da Serra da Piedade pelas obras
propostas no plano supracitado.

Cabe ressaltar que a Arquidiocese está preocupada com a qualificação e


alinhamento frente às demandas turísticas, aliada à conservação do MONAESP, e
por isso desenvolveu o Plano de Desenvolvimento Integrado do Santuário (PID/SENSP,
2017). É importante ressaltar que este documento reorienta ações de melhorias para
o turismo, tal com destaque para novo receptivo, estacionamento, incremento de
trilhas interpretativas, central de resíduos, reformas na Casa dos Peregrinos e outras
estruturas, deslocamento de ações do topo da serra para outros espaços,
configurando em amortecimento e reorientação dos turistas, ampliando a
infraestrutura para a área do Santuário. Tal proposta tem sido intensamente
dialogada junto ao Conselho do MONAESP e com os gestores de guarda do território,
com destaque para a Prefeitura de Caeté, IEF, IEPHA e IPHAN.

Outras ações se destacam para o acolhimento em novos leitos, recuperação


de vias históricas (tal qual a Via do Peregrino), melhorias de transporte interno
(Locomotiva da Piedade) e estacionamentos, bem como instalação de espaços de
formação e conhecimento, como o Museu Maria Regina Mundi e o ECOMUSEU Casa
Comum da Piedade (Vide PID/SENSP, 2017).

Pág. 142
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.3.4.3 EXPANSÃO URBANA DESORDENADA

Na área de estudo têm aumentado a presença de empreendimentos de


loteamento / parcelamento do solo, podendo ser irregulares. Normalmente, nestas
áreas parceladas a cobertura vegetal nativa é convertida em pastagem, o que
resulta em perdas consideráveis para a biota.

Alguns aspectos potencializam a ocupação para este fim:

• Locais próximos à estradas e rodovias, principalmente aquelas principais


(MGs, BRs);

• Locais próximos de vilas / povoados, já com infraestrutura econômica mínima;

• Locais com relevo suave. Normalmente facilita a implantação de edificações


e apresenta maior predisposição à atividade agrossilvipastoril;

• Áreas com maior aptidão agrícola. Embora a maior parte da área de estudo
seja de menor aptidão agrícola, principalmente pelos aspectos litológicos e
geomorfológicos;

• Propriedades particulares de pessoa física ou ligadas a empresas imobiliárias.


O interesse em implementar projetos para retorno financeiro é maior do que
outros proprietário que apresentam interesses distintos para as áreas, tais
como a mineração (que usam a propriedades para fins de proteção
ambiental – RPPN Anglo Gold Ashanti;

• Invasões de propriedades e uso irregular de água (sem outorgas ou cadastro


como uso insignificante).

Neste contexto, a UP Colinas é a que apresenta maior vulnerabilidade à


expansão desordenada de empreendimentos de loteamento / parcelamento do
solo. Isto porque as Colinas se destacam quanto ao relevo (mais suave que as demais
UPs), presença de infraestrutura viária mais densa, a maiorias das propriedades são
de pessoa física, onde há maior concentração de vilas/povoados.

Os loteamentos causam parcelamento do solo e a consequente


fragmentação de tratos de vegetação nativa. Os efeitos negativos da
fragmentação de ecossistemas sobre as comunidades bióticas já são bem
conhecidos na literatura, culminando na extinção local de espécies de maior valor
conservacionista – ver revisão em Rambaldi e Oliveira (2003). A maior ocupação da

Pág. 143
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

região por áreas residenciais também leva ao aumento no número de animais


domésticos, a exemplo de cães e gatos, que atuam como importantes predadores
da fauna nativa. Pesquisas recentes demonstraram que a predação da fauna nativa
por cães e gatos representa um dos maiores desafios para a conservação da
biodiversidade (Walsberg, 1994; Woods et al., 2003; Galetti & Sazima, 2006). Além
disso, outros fatores de origem antrópica são responsáveis pela morte anual de
bilhões de aves, a exemplo de colisões com edificações e janelas (Erickson et al.,
2005).

As estradas e o tráfico de veículos a elas associado causam vários impactos


negativos sobre a fauna, tais como supressão e fragmentação de habitats, poluição,
dispersão de espécies invasoras, efeitos de borda, isolamento de populações e
atropelamentos de fauna (Scoss, 2002; Scoss et al., 2004; Prado et al., 2006; Rico et al.,
2007; Bager & Rosa, 2012; Dornas et al., 2012; D’Amico et al., 2013; Peter et al., 2013;
Rosa & Bager, 2013; Bager et al., 2016; Silva et al., 2017). Dentre esses impactos, o
atropelamento de fauna é o mais perceptível. No Brasil, estima-se que mais de 475
milhões de vertebrados sejam atropelados por ano, o que corresponde a 15 animais
atropelados por segundo (Bager et al., 2016). Neste aspecto, o MONAESP é
entrecortado por várias vias de acesso, que representam uma ameaça a sua biota

3.3.4.4 CAÇA, CAPTURA DE ANIMAIS E COLETA DE PLANTAS RARAS

Segundo Robinson (1996), fragmentos tropicais isolados são mais afetados, em


curto prazo, por pressão de caça, do que por fatores biológicos intrínsecos, tais como
competição e predação. Neste contexto, houve relato de caça com o uso de
armadilhas ou armas de fogo na porção nordeste da UC, especialmente na Serra do
Descoberto. Na área de estudo destacam-se as seguintes espécies que apresentam
valor cinegético, podendo ser usadas na alimentação humana: Crypturellus
obsoletus (inhambuguaçu), C. parvirostris (inhambu-chororó), C. tataupa (inhambu-
chintã), Penelope superciliaris (jacupemba), P. obscura (jacuaçu), Aramides saracura
(saracura-do-mato), Laterallus leucopyrrhus (sanã-vermelha), Pardirallus nigricans
(saracura-sanã), Columbina talpacoti (rolinha-roxa), C. squammata (fogo-apagou),
Claravis pretiosa (pararu-azul), Patagioenas picazuro (pombão), P. plumbea (pomba-
amargosa), Leptotila verreauxi (juriti-pupu), L. rufaxilla (juriti-gemedeira), Geotrygon
montana (pariri), Cabassous unicinctus (tatu-de-rabo-mole), Dasypus novemcinctus
(tatu-galinha), Euphractus sexcinctus (tatu-peba), Tapirus terrestris (anta), Mazama sp.

Pág. 144
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

(veado), Pecari tajacu (cateto), Sylvilagus brasiliensis (tapeti) e Cuniculus paca


(paca). A paca, em especial, foi relatada como espécie caçada na Serra do
Descoberto com o uso de cevas (jiraus) ou de armadilhas (gaiolas).

Aves de rapina e mamíferos carnívoros também tendem a ser perseguidos e


abatidos pela população residente na zona rural, especialmente porque são
potenciais predadores de animais domésticos (Sick, 1997; Lessa et al., 2008; Trinca et
al., 2008). Na área do MONAESP, as seguintes espécies podem ser alvo desta
perseguição: Accipiter bicolor (gavião-bombachinha-grande), Rupornis magnirostris
(gavião-carijó), Geranoaetus albicaudatus (gavião-de-rabo-branco), G.
melanoleucus (águia-chilena), Buteo albonotatus (gavião-de-rabo-barrado),
Spizaetus tyrannus (gavião-pega-macaco), S. ornatus (gavião-de-penacho),
Megascops choliba (corujinha-do-mato), Pulsatrix koeniswaldiana (murucututu-de-
barriga-amarela), Strix virgata (coruja-do-mato), Glaucidium brasilianum (caburé),
Athene cunicularia (coruja-buraqueira), Caracara plancus (caracará), Milvago
chimachima (carrapateiro), Herpetotheres cachinnans (acauã), Micrastur
semitorquatus (falcão-relógio), Falco sparverius (quiriquiri), F. femoralis (falcão-de-
coleira), Cerdocyon thous (cachorro-do-mato), Chrysocyon brachyurus (lobo-guará),
Leopardus pardalis (jaguatirica), Panthera onca (onça-pintada), Conepatus
semistriatus (jaritataca), Eira barbara (irara), Lontra longicaudis (lontra), Nasua nasua
(quati) e Procyon cancrivorus (mão-pelada). Embora não conste na compilação de
fauna a partir das fontes pesquisadas, moradores locais relataram a ocorrência de
Puma concolor (onça-parda) na região do Descoberto.

Além dessas espécies, foi relatada a matança indiscriminada de primatas em


decorrência da má informação sobre o risco de transmissão de febre amarela, sendo
citadas as observações das seguintes espécies encontradas mortas por morador
local: Callicebus nigrifrons (guigó) e Callithrix spp. (micos). Segundo o informante, os
primatas estavam sendo mortos a tiro ou por envenenamento.

A criação de aves silvestres como animais de estimação é um hábito comum


da população brasileira, principalmente envolvendo as aves canoras (Santos, 1992;
Sick, 1997). Simplesmente como um hobby ou como fonte de renda, há estimativas
de que existam aproximadamente 50 milhões de animais confinados em cativeiros
em todo o país, muitos deles originários de capturas ilegais (Hernandez & Carvalho,
2006). Geralmente, essas espécies são bastante cobiçadas pelo mercado ilegal,
principalmente devido a seu canto ou por sua bela plumagem (Sick, 1997). Na área

Pág. 145
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

do MONAESP foram registradas as seguintes espécies de aves que são comumente


vítimas da captura e do comércio ilegal: Primolius maracana (maracanã-
verdadeira), Psittacara leucophthalmus (periquitão-maracanã), Eupsittula aurea
(periquito-rei), Forpus xanthopterygius (tuim), Brotogeris chiriri (periquito-de-encontro-
amarelo), Pionus maximiliani (maitaca-verde), Turdus leucomelas (sabiá-barranco), T.
rufiventris (sabiá-laranjeira), T. amaurochalinus (sabiá-poca), T. subalaris (sabiá-
ferreiro), T. albicollis (sabiá-coleira), Gnorimopsar chopi (graúna), Saltator similis
(trinca-ferro-verdadeiro), Sicalis flaveola (canário-da-terra-verdadeiro), Sporophila
frontalis (pixoxó), S. nigricollis (baiano), S. caerulescens (coleirinho) e Spinus
magellanicus (pintassilgo). A captura maciça de canários, envolvendo a observação
de uma camionete carregada de gaiolas, foi reportada por dois moradores da
região do Descoberto.

É possível que ocorra maior concentração de caça e captura de animais


silvestres nas colinas, por haver maior adensamento de infraestrutura residencial. É
provável que este impacto sobre a fauna também apresente relação com os tipos
de superficiários, sendo que quanto maior a fiscalização / monitoramento, menor
deve ser a intensidade de caça / captura de animais silvestres. Os mapas falados,
elaborados no DIPUC (2019), indicaram que as caças são mais intensas à leste,
justamente onde há maior concentração de superficiários pessoa física, e também
onde há maior concentração de residências / povoados.

A coleta depredatória de plantas raras e de distribuição restrita é fato


conhecido e reportado na área do MESP há décadas (Duarte, 1992; Marques et al.,
2012), especialmente por romeiros e turistas que caminham pelos campos rupestres
ferruginosos da Serra da Piedade. Dentre as plantas que sofrem esta pressão, incluem-
se bromélias, orquídeas, cactáceas e gesneriáceas, que incluem táxons de
distribuição restrita e ameaçados de extinção (Marques et al., 2012; Carmo et al.,
2018). Neste contexto, a UP Cristas, subunidade Serra da Piedade, pode ser
considerada a área de maior susceptibilidade a este tipo de coleta depredatória.

3.3.4.5 ABANDONO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS

O abandono de animais domésticos (cães e gatos) em ao longo da rodovia


MG-435 foi relatado por moradores locais, o que compromete a conservação de

Pág. 146
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

várias espécies da fauna nativa que podem sofrer predação por estes animais
(Walsberg, 1994; Woods et al., 2003; Galetti & Sazima, 2006).

É provável que este abandono de animais domésticos ocorra ao longo de


toda área de estudo, mas com maior recorrência nas proximidades com acesso.

3.3.4.6 ESCASSEZ HÍDRICA

A escassez hídrica pode ser analisada em diversas escalas temporais. A escala


sazonal é a primeira delas já fora definida. Nesta região do estado de Minas Gerais,
o período que se estende de abril a setembro é a redução da disponibilidade hídrica
em superfície, como decorrência da redução das chuvas. O período de setembro e
outubro é caracterizado pela reposição das águas em subsuperfície, para um retorno
ao fluxo superficial de novembro em diante.

Além do ciclo sazonal outros ciclos, alguns dos quais ainda pouco conhecidos
podem afetar a estação chuvosa, impactando a disponibilidade de água.
Fenômenos de variabilidade interanual como o El Niño – Oscilação Sul pode afetar,
de diferentes formas a abundância de água. Para fins de volume de precipitação,
este volume produz pouca alteração, mas, por outro lado, pode afetar a forma como
a precipitação se produz, concentrando-a no tempo e afetando indiretamente a
infiltração e os fluxos (sub) superficiais. Outros fenômenos meteorológicos de ciclos
mais longos também podem se influenciar. Dentre estes cabe menção a Oscilação
Multidecadal do Atlântico, que tem ciclos de aquecimento e resfriamento e
disponibilização de mais ou menos vapor d’água para a formação das chuvas.
Avaliações de escassez sazonal começam a ser avaliadas pelos órgãos gestores.

Uma avaliação da disponibilidade hídrica em termos quantitativos pode ser


obtida através de dados de vazão de cursos d’água. Na área de estudo do
MONAESP se encontram duas estações fluviométricas pertencentes ao IGAM: A
primeira, posicionada no córrego do Galinha , a montante do ribeirão Gaia (estação
9401.0), e a segunda no ribeirão Caeté, a jusante do lançamento de efluentes do
núcleo urbano.(9104.0), ambas na vertente sul da área de estudo e ambas
pertencentes à Unidade Territorial Estratégica-UTE Sabará-Caeté.

A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA 357/2005


estabeleceu critérios para enquadramento de cursos d’água para uma vazão de
referência. Entende-se por vazão de referência a vazão do corpo hídrico utilizada

Pág. 147
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

como base para o processo de gestão, tendo em vista o uso múltiplo das águas e a
necessária articulação das instâncias do Sistema Nacional de Meio Ambiente -
SISNAMA e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGRH”.
Utiliza-se, para fins de referência, os valores Q95 e/ou Q7,10. Por Q95 entende-se que
as vazões sejam maiores ou iguais a esta em cerca de 95% do tempo, enquanto o
por Q7,10 seja a vazão mínima por 7 dias consecutivos, para um período de
observação de 10 anos.

Segundo dados disponíveis no IDE-SISEMA em sua desembocadura, o Ribeirão


Caeté apresentou uma vazão média igual a 0,1483m³/s. Em momentos de menor
vazão sazonal, aqui denominados Q7, 10, sua vazão média é de estimados 0,0859
m³/s. Para o Ribeirão Sabará, o Q951 é de 0,635 m³/s e o Q7, 10 são de 0,3925 m³/s.
Analisados na perspectiva da sua sazonalidade, observa-se que o ribeirão Caeté tem
reduzida sua vazão em cerca de 43% durante o período de estiagem, enquanto para
o Sabará a redução é de aproximadamente 39%.

De acordo com as fontes consultadas, há a existência de aproximadamente


40 pontos de captação de águas, considerados insignificantes, no contexto do
MONAESP. Destas, 10 captações estão diretamente inseridas nos limites do
MONAESP. As demais se encontram posicionadas em seu entorno, com
concentração mais acentuada, nas UPs do setor leste-meridional, nas Colinas e
Unidade Baú-Paneleiros e nas Pastagens do Córrego Formiga. Sua presença pode
estar relacionada aos usos como pastagens e outras atividades econômicas locais.
Embora se aponte as captações e derivações, acredita-se que estas estejam
subavaliadas no contexto geral. Outras captações podem existir e não estarem
devidamente documentadas. Esforços no sentido de esgotar a documentação das

1 Notas:
Por Q95 entende-se que as vazões sejam maiores ou iguais a esta em cerca de 95% do tempo, enquanto
o por Q7,10 seja a vazão mínima por 7 dias consecutivos, para um período de observação de 10 anos.
A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA 357/2005 estabeleceu critérios para
enquadramento de cursos d’água para uma vazão de referência. Entende-se por vazão de referência
a vazão do corpo hídrico utilizada como base para o processo de gestão, tendo em vista o uso múltiplo
das águas e a necessária articulação das instâncias do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA
e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGRH”. Utiliza-se, para fins de
referência, os valores Q95 e/ou Q7,10.
Os usos insignificantes das águas estão definidos na Deliberação Normativa CERH nº9 de 16 de junho de
2004. São captações feitas em captações superficiais e subterrâneas feitas em cisternas, surgências e
nascentes. São consideradas insignificantes captações superficiais menores que 1l³/s e acumulações de
até 5000m³.Para captações subterrâneas o valor é menor ou igual a 10m³/dia

Pág. 148
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

captações poderão auxiliar na gestão dos recursos, na medida em que permitirá


melhor visão do estresse hídrico das diversas bacias.

Do ponto de vista da qualidade de suas águas, o Relatório referente ao 4º


trimestre de 2018, aponta que o córrego do Galinha se encontra classificado como
de classe 2 para fins de seus usos e o Ribeirão Sabará, por seu turno, encontra-se
classificado como pertencente à classe 3. O ribeirão Caeté também foi classificado
como pertencente à classe 2. Para fins de esclarecimento ressalta-se que cursos
d’água de classe 2 podem servir ao abastecimento e consumo humanos e irrigação
de frutíferas, hortaliças, parques e jardins após tratamento convencional. A classe 3
exige tratamento convencional ou avançado para abastecimento e consumo
humanos e se presta a irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras. Em
todos os casos, ressalta-se que as águas dos afluentes situados em posições
topográficas mais elevadas e de nível hierárquico 1, podem contribuir para a
melhoria da qualidade das águas do ribeirão Sabará e devem merecer atenção
especial nas recomendações de manejo de sua bacia e suas APPs, com destaque
para as áreas de importância para os recursos hídricos (Cristas e tálus).

Segundo dados do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio das Velhas, a UTE


Sabará-Caeté a captação de águas para fins de abastecimento urbano é pequena.
Tanto Sabará quanto Caeté captam água da UTE Taquaraçu e do sistema Velhas,
apresentando elevado desperdício na distribuição das águas. Ainda segundo o
mesmo órgão, os principais contaminantes das águas da UTE Sabará-Caeté é
composta por lançamento de esgotos domésticos e por carga difusa. A mineração
já foi apontada, em diversos momentos como um problema no que diz respeito aos
recursos hídricos. Cabe, mais uma vez, destacar que o desmonte da geologia mais
propícia ao acúmulo de água (itabiritos), situados na superfície cimeira. Neste caso,
a retirada destas rochas implica em afetar diretamente a capacidade de
armazenamento. Não menos importante é o uso robusto que a atividade minerária
faz dos recursos hídricos, seja para a redução de particulado, viabilização de
transporte, etc. No caso específico do MONAESP a atividade minerária parecer ser
pouco compatível com fins de conservação de recursos e patrimônio.

Em sendo assim, o MONAESP, por conter as cabeceiras dos córregos da UTE


Sabará-Caeté, tornam-se importantes no sentido de prover o contínuo
abastecimento destes, bem como a manutenção (e/ou possível melhoria) da
qualidade de suas águas.

Pág. 149
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

No que diz respeito à vertente norte da Serra da Piedade, não foram obtidos
dados de monitoramento de cursos d’agua que drenam a área. De toda forma,
chama atenção especial os diversos usos que se fazem do solo nesta área. Conforme
apontou o mapa de vulnerabilidade, trata-se do setor mais suscetível a processos
erosivos. Nesta perspectiva, há que se considerar a possibilidade do maior aporte de
sedimentos para os canais fluviais, o que pode se traduzir em maior turbidez, com
consequentes alterações de outros parâmetros de avaliação de qualidade da água,
como temperatura, pH, etc. Ações de manejo devem sugerir especial atenção à
proteção das APPs e de medidas de proteção ao solo, como forma de proteção aos
recursos hídricos.

3.4 ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO

De forma a sintetizar, em parte, os resultados obtidos acerca das fortalezas da


área de estudo do MONAESP, foi feito um mapa de áreas prioritárias para
conservação da área de estudo. Para a elaboração deste mapa, foram
considerados os seguintes parâmetros:

• Vulnerabilidade à erosão: quanto mais vulnerável, mais prioritário é o local


para conservação;

• Importância hídrica: a área foi segmentada em três unidades: 1) base da serra;


2) tálus, onde se concentram as nascentes e o início dos principais cursos
d’água da área de estudo e 3) as cristas, onde estão os itabiritos, um dos
principais aquíferos da área de estudo;

• Raridade de hábitats: hierarquia das tipologias vegetais, considerando como


de maior importância os ecossistemas naturalmente restritos e/ou mais
ameaçados;

• Índice de diversidade de Shannon: quanto maior o índice, mais prioritário é o


local para conservação. Índices elevados correspondem à locais com maior
riqueza de tipologias vegetais, e com dimensão equilibrada entre elas.
Concentram mais espécies específicas e, portanto, são prioridades de
conservação;

Pág. 150
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

• Proporção de áreas antrópicas: locais com menor proporção de áreas


antrópicas tendem ser mais conservados, e por isso são prioritários para
conservação.

• Potencial espeleológico: quanto maior o potencial espeleológico, mais


prioritária é a área para conservação, dada a importância destes ambientes
para o cenário de conservação.

Pág. 151
628000 632000 636000 640000 644000 648000

ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA


SANTA LUZIA

CAETÉ
CONSERVAÇÃO
µ
Áreas prioritárias
SABARÁ
BELO HORIZONTE
Muito Baixa

¯
7812000

1
-3 8
BR

Baixa

M
G
-4
35
Sabará
7808000

&&
33&3 Média

MG
-4 3
5
Alta
Santa Luzia
Caeté
7804000

Muito Alta

Legenda
Referências Bibliográficas TÍTULO

MONAESP Limite do MONAESP (IEF); Áreas Prioritárias para Conservação


Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Área de estudo Hidrografia Limites Municipais (IBGE 2010);
PROJETO
Acessos (OSM 2018);
Limite municipal Acessos Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade
Hidrografia (SUPRAM 2019);
Zona de amortecimento Estrada pavimentada Áreas Priorirárias (ADERI 2019). 0 0,5 1 2 3
km
3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
3
& Igreja Nova das Romarias Rodovias
ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Observatório Astronômico Frei Rosário Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 07/01/2020 A3 00
3
&
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.5 ASPECTOS JURÍDICOS E PROTETIVOS SOBRE O TERRITÓRIO

3.5.1 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO GERAL DE TEXTOS NORMATIVOS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL


APLICÁVEIS

O conceito de Espaços Territoriais Especialmente Protegidos (Etep), que se


extrai do art. 225, §1º, III, da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB),
concerne a porções geográficas de extensões variadas, com os componentes
ambientais naturais e culturais que elas possuem, que devem ser especialmente
protegidas, “sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção”. O conceito de ETEP concerne às

[…] áreas geográficas, públicas ou privadas (porção do território


nacional), dotadas de atributos ambientais que requeiram sua
sujeição, pela lei, a um regime jurídico de interesse público que
implique sua relativa imodificabilidade e sua utilização sustentada,
tendo em vista a preservação e a proteção da integridade de
amostras de toda a diversidade de ecossistemas, a proteção ao
processo evolutivo das espécies, a preservação e a proteção dos
recursos naturais. Nem todo Espaço Territorial Especialmente Protegido
se confunde com Unidades de Conservação, mas estas são também
Espaços Especialmente Protegidos.

O conceito compreende sítios ou territórios aos quais se aplicam restrições


(comandos proibitivos) e imposições de medidas (comandos positivos) quanto ao uso
dos bens especialmente valorosos para a sociedade, em razão de atributos naturais
ou culturais que contêm. Ele abrange não apenas as Unidades de Conservação (UC),
previstas em termos gerais na Lei Federal 9.985, de 2000, instituidora do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), mas também as Áreas
de Preservação Permanente (APP) e de reserva legal, previstas na Lei Federal 12.651,
de 2012, as áreas tombadas nos termos do Decreto-lei 25/1937, entre outros muitos
exemplos.

Ao se lançar um olhar para a Serra da Piedade e suas cercanias, vê-se que a


especial relevância patrimonial ambiental desse território é patenteada pela
justaposição de diversos Etep. O estudo intitulado “Levantamento das Áreas
Protegidas na Serra da Piedade e seu Entorno – Sabará e Caeté/MG”, elaborado
pelo Núcleo de Geoprocessamento do Ministério Público (Nugeo) em razão do
Inquérito Civil MPMG-0045.14.000182-2, indica a existência de 12 Etep no território em

Pág. 153
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

foco. A Tabela 16, a seguir, apresenta a identificação e caracterização desses Etep,


com destaque para a apresentação, ainda que geral, das restrições e condições de
uso de cada um deles, segundo os textos normativos pertinentes.

Cabe lembrar, antes disso, que esses 12 Etep, entre eles o MONAESP, estão
inseridos na Reserva da Biosfera do Espinhaço, sob os auspícios da Unesco. Assim, eles
devem ser submetidos, a priori, a um modelo de gestão integrada, participativa e
sustentável dos recursos naturais, que tenha por objetivos básicos a preservação da
biodiversidade e o desenvolvimento de pesquisa científica, para aprofundar o
conhecimento da diversidade biológica, o monitoramento e a educação ambiental,
o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das populações,
nos termos do art. 41 do Decreto 4.340, de 2002, que regulamenta a Lei 9.985.

Tabela 16: Espaços Territoriais Especialmente Protegidos na Serra da Piedade e Entorno –


Textos Normativos Instituidores – Implicações Regulatórias e de Gestão.

Item Espaços Territoriais Especialmente Protegidos

TOMBAMENTO DO CONJUNTO ARQUITETÔNICO E PAISAGÍSTICO DO SANTUÁRIO DE


1
NOSSA SENHORA DA PIEDADE
TERRITÓRIO TOMBADO DO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE: CONJUNTO
ARQUITETÔNICO E PAISAGÍSTICO—LIVRO DO TOMBO ARQUEOLÓGICO, ETNOGRÁFICO
2
E PAISAGÍSTICO, INSCRIÇÃO 16, DE 26-9-1956 e 11-5-2015; LIVRO DO TOMBO
HISTÓRICO, INSCRIÇÃO 316, DE 26-9-1956 E 11-5-2015
TOMBAMENTO MUNICIPAL DA SERRA DA PIEDADE—LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE
3
CAETÉ, 14-8-1990 (EMENDA DE REVISÃO Nº 1, DE 18-12-2001)

Eficácia jurídica, condições de uso e restrições ambientais segundo normas


pertinentes
Equiparação de bens do patrimônio nacional (cf. Decreto-lei 25/1937, art. 1º, §2º),
submetendo-se a finalidades coletivas;
– Deveres dos proprietários:
• Realizar obras necessárias à preservação do bem ou, se não tiver
meios, comunicar sua necessidade ao órgão competente (cf.
Decreto-lei 25/1937, art. 19);
• Não destruir, demolir ou mutilar o bem tombado, nem, sem prévia
autorização do órgão administrativo competente, repará-lo ou
restaurá-lo (cf. Decreto-lei 25/1937, art. 17);
• Suportar a fiscalização do bem pelo órgão técnico competente (cf.
Lei 9.605/1998, art. 69);
• Deveres dos poderes públicos:
• Imposição de sanções administrativas a quem destruir, inutilizar,
deteriorar ou alterar os bens tombados;
• Executar obras para preservação do bem, quando o proprietário não
puder fazê-lo, ou desapropriar o imóvel;

Pág. 154
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Espaços Territoriais Especialmente Protegidos

• Vigilância permanente do bem pelo Iphan, sem direito a objeção dos


proprietários em relação a inspeções periódicas;
– Cf. Decreto 46.013/2012:
• Estimular o desenvolvimento do potencial turístico;
• Preservar a diversidade biológica no entorno do Santuário de
Nossa Senhora da Piedade;
• Incentivar o investimento privado em infraestrutura para o turismo;
• Promover e divulgar o Conjunto Paisagístico, Artístico e Cultural do
Santuário de Nossa Senhora da Piedade.
– Em relação às cercanias:

• Dever de não proceder à construção ou intervenção (óbice à vista


do cenário tombado, modificação do ambiente circundante ou
do estilo arquitetônico predominante, desenvolvimento de
atividade econômica incompatível com os objetivos do
tombamento, etc.) que impeça ou reduza a visibilidade do bem
tombado (cf. Decreto-lei 25/1937, art. 18).

4 PARQUE MUNICIPAL FLORESTAL CHÁCARA DO LESSA (LEI 856/1999)

Eficácia jurídica, condições de uso e restrições ambientais segundo normas


pertinentes.
Em linhas gerais, admitem-se atividades que importem na preservação dos
ecossistemas, nomeadamente a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de
recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (cf. Lei 9.985/2000,
art. 11, caput).
A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no plano de
manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração e às previstas em regulamento (cf. Lei 9.985/2000, art. 11, §2º).
As propriedades particulares devem ser desapropriadas, uma vez que o parque é de
domínio público (cf. Lei 9.985/2000, art. 11, §1º).
A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições estabelecidas por
ele, bem como àquelas previstas em regulamento (cf. Lei 9.985/2000, art. 11, §3º).

5 APA MUNICIPAL PEDRA BRANCA (LEI 2.128/1999)


6 APA MUNICIPAL JUCA VIEIRA (LEI 2.307/2002)
7 APA MUNICIPAL RIBEIRO BONITO (LEI 2.308/2002)
8 APA MUNICIPAL ÁGUAS DA SERRA DA PIEDADE (LEI 2.335/2003)
9 APA MUNICIPAL DESCOBERTO (MORRO DO BICUDO) (LEI 2.363/2004)
10 APA MUNICIPAL ÁGUA LIMPA (LEI 2.399/2004)

Eficácia jurídica, condições de uso e restrições ambientais segundo normas


pertinentes.

Pág. 155
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Espaços Territoriais Especialmente Protegidos

As APA indicadas possuem objetivos específicos, os quais devem ser identificados


consultando-se os textos normativos que as instituíram. A lei municipal de Caeté, pela
qual foi criada a APA Ribeiro Bonito, por exemplo, estabelece que tal Etep tem como
objetivos:
• Proteger o principal manancial de água para abastecimento
público de Caeté;
• Assegurar o bem-estar das populações humanas ali residentes;
• Conservar e melhorar as condições ecológicas locais;
• Conservar e melhorar a qualidade e a quantidade dos recursos
hídricos locais;
• Promover o desenvolvimento sustentável das comunidades
residentes em seu interior.
A Lei 2.335/2003, também do Município de Caeté, preceitua que a APA Águas da
Serra da Piedade tem como objetivos:
Proteger o principal manancial de água para abastecimento público de Caeté;
Assegurar o bem-estar das populações humanas ali residentes;
Conservar e melhorar as condições ecológicas locais;
Conservar e melhorar a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos locais;
Promover o desenvolvimento sustentável das comunidades residentes em seu
interior.
A Lei 2.496, de 2007, do Município de Caeté, que dispõe sobre o Plano Diretor e
Participativo Municipal, estabelece as seguintes diretrizes de uso para as APA Juca
Vieira, Águas da Serra da Piedade, Ribeiro Bonito, Descoberto, Pedra Branca e Água
Limpa:
Estimular a conscientização ambiental e a responsabilidade individual e coletiva
quanto à conservação das áreas de proteção ambiental;
Compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos
recursos naturais existentes;
Manifestar fundamentadamente nos pedidos de licença para qualquer intervenção
antrópica nas APA;
Permitir usos econômicos compatíveis com a preservação dos ecossistemas locais,
de acordo com o Zoneamento Ecológico-Econômico e com o Plano de Manejo;
Melhorar o padrão de qualidade ambiental das APA já consolidadas.
À partida, antes da análise das exigências específicas concernentes às APA
mencionadas, tenha-se presente que atores públicos e privados têm o dever geral
de salvaguardar os atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, bem
como de proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais (cf. Lei 9.985/2000, art. 15).

11 MONUMENTO NATURAL DA SERRA DA PIEDADE (LEI 15.178/2004 – Lei 16.133/2006)

Eficácia jurídica, condições de uso e restrições ambientais segundo normas


pertinentes

Pág. 156
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Item Espaços Territoriais Especialmente Protegidos

Se houver degradação ambiental nos limites do MONAESP, submeter à apreciação


do órgão ambiental competente Plano de Recuperação de Área Degradada e a
executá-lo conforme aprovado, nos termos da legislação, sob pena de multa (Lei
15.178/2004, art. 3º);
Cf. Lei 9.985/2000:
Dever de preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica (art.
12, caput);
Dever, para os proprietários particulares, de compatibilizar os objetivos do MONAESP
com a utilização da terra e dos recursos naturais do local (art. 12, §1º);
Dever de regulamentação da visitação pública no plano de manejo (art. 12, §3º).

12 RPPN ANGLOGOLD ASHANTI CUIABÁ (PORTARIA IEF 61/2008)

Eficácia jurídica, condições de uso e restrições ambientais segundo normas


pertinentes
Cf. Lei 9.985/2000:
Dever de preservação perpétua (art. 21, caput);
Proibição de outras atividades que não sejam a pesquisa científica e a visitação com
objetivos turísticos, recreativos e educacionais (art. 21, §2º);
Observância do plano de manejo da UC (art. 21, §3º).

A presença, por si só, desses vários Etep no território da Serra da Piedade é


indicativa da relevância especial que assumem os protocolos de conservação dos
bens do patrimônio natural e cultural que esse território contém. Pela justaposição
dos Etep, é como se a legislação ambiental enfatizasse a mensagem de que se trata
de um território riquíssimo em atributos físicos (geodiversidade), ecológicos
(biodiversidade) e histórico-culturais.

Cabe referir, adicionalmente, a inclusão do MONAESP entre as unidades de


conservação integrantes do Mosaico da Serra do Espinhaço – Quadrilátero Ferrífero,
nos termos da Portaria 473, de 28 de dezembro de 2018, do Ministério do Meio
Ambiente. Essa inclusão favorece a implementação de protocolos de gestão
integrando o MONAESP às outras unidades que compõem o mosaico (Parque
Nacional da Serra do Gandarela, Área de Proteção Ambiental Sul – RMBH, Área de
Proteção Ambiental Cachoeira das Andorinhas, Área de Proteção Ambiental
Seminário Menor de Mariana, Estação Ecológica de Arêdes, Estação Ecológica do
Cercadinho, Estação Ecológica de Fechos, Estação Ecológica do Tripuí, Floresta
Estadual do Uaimii, Monumento Natural Estadual de Itatiaia, Monumento Natural
Estadual Serra da Moeda, Parque Estadual da Baleia, Parque Estadual do Itacolomi,
Parque Estadual Serra do Ouro Branco, Parque Estadual Serra do Rola Moça, Parque

Pág. 157
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Fort Lauderdale; Parque Ecológico Roberto Burle Marx, Parque Municipal das
Mangabeiras, Parque da Serra do Curral, Parque Aggeo Pio Sobrinho, Parque Mata
das Borboletas, Parque Natural Municipal das Andorinhas, Parque Natural Municipal
Arqueológico do Morro da Queimada, Parque Natural Municipal Gruta Nossa
Senhora da Lapa, Parque Natural Municipal Chácara do Lessa, Reserva Particular do
Patrimônio Natural Santuário Caraça), conforme prevê o art. 2º da Portaria. Cabe
lembrar que a gestão do mosaico deve ser feita de forma integrada e participativa,
considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de forma a
compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o
desenvolvimento sustentável no contexto regional (Lei 9.985/2000, art. 26, caput).

Sem prejuízo do Mosaico da Serra do Espinhaço – Quadrilátero Ferrífero


compreende-se que o MONAESP e os outros onze Etep situados na Serra da Piedade
e entorno poderiam constituir um mosaico adicional, por forma a propiciar a gestão
ambiental integrada do patrimônio natural e cultural existente no território em foco.

Para além das implicações jurídicas dos Etep existentes na Serra da Piedade e
entorno, importa considerar que a Lei 2.406, de 2007, que dispõe sobre o Plano Diretor
e Participativo do Município de Caeté, também incluiu o que denominou “complexo
da Serra da Piedade” entre as Áreas de Interesse Turístico na macrozona rural (art. 96,
I). Correlativamente, previu diretrizes (art. 97) para a gestão da Área de Interesse
Turístico - Complexo Serra da Piedade, a saber:

• Identificação das áreas e formações notáveis do Município de Caeté;

• Elaboração de plano de ação para o desenvolvimento das potencialidades


turísticas;

• Submissão à aprovação municipal de qualquer intervenção a ser realizada


dentro do perímetro da Área de Interesse Turístico;

• Desenvolvimento de projetos paisagísticos para as Áreas de Interesse


Turístico, melhorando as condições de acesso para visitantes;

• Ampliação da divulgação do patrimônio ambiental e paisagístico do


Município;

• Elaboração de mapa turístico do Município de Caeté com informações


sobre horários de funcionamento, localização e hospedagem para ser
divulgado aos turistas;

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

• Criação de Centros de Atendimentos ao Turista nos Distritos e demais pontos


turísticos;

• Estímulo à conscientização turística e à responsabilidade individual e


coletiva quanto à proteção do bem cultural;

• Busca de parcerias para desenvolver o potencial turístico e ecológico na


Bacia Hidrográfica do Ribeiro da Prata e demais áreas;

• Incentivo e apoio a ações de implementação de atividades radicais.

Em Sabará, a Lei Complementar 32, de 2015, que dispõe sobre o perímetro da


zona urbana, a expansão urbana, o zoneamento, o uso e a ocupação do solo no
Município, não contém referência direta à gestão ambiental da Serra da Piedade e
entorno. O art. 11, caput, dessa lei refere-se às chamadas “Zonas Especiais de
Interesse Ambiental – ZEIA”, que correspondem a extensões a serem “protegidas,
preservadas, conservadas e/ou recuperadas em função de suas características
ambientais naturais específicas, bem como pela ocorrência de paisagens naturais
notáveis e de sítios arqueológicos e, ainda, pela sua localização especial em relação
às áreas de interesse com relação ao patrimônio cultural”. Esse preceito alude
indiretamente à Serra da Piedade, que não é incluída, porém, entre os 17 sítios ou
territórios declarados ZEIA (art. 11, itens I a XVII).

Já a Lei Complementar 5, de 2014, sobre uso e ocupação do solo no Município


de Sabará, inclui o Conjunto Paisagístico da Serra da Piedade entre as chamadas
“Áreas de Interesse Ambiental II”, definidas na lei como “necessárias à preservação
de mananciais ou à proteção do solo, flora e fauna e de monumentos naturais e
paisagísticos, conforme relacionados na Lei Orgânica, destinadas à implantação de
Unidades de Conservação” (art. 9º, II e §2º, XVI).

A gestão do MONAESP deve considerar, também, o Plano Diretor de Recursos


Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, inclusive porque o art. 3º, III, da Lei
Federal 9.433, de 1997, fixa como diretriz da Política Nacional de Recursos Hídricos
(PNRH) “a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental”. Com
fundamento no art. 6º, caput, da Lei 9.433, o referido plano serve para fundamentar
e orientar a implementação da PNRH e o gerenciamento dos recursos hídricos,
concretamente no território da bacia do rio das Velhas. O plano deve conter, em
adição, propostas de criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à
proteção dos recursos hídricos (Lei 9.433, art. 6º, X).

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

O plano elaborado para a bacia do rio das Velhas faz referência a oito eixos
estratégicos, divididos em programas, os quais são subdivididos em diversas ações.
Os eixos são: instrumentos de gestão; gestão da oferta da água; saneamento
ambiental; mineração e atividades industriais; manejo de recursos hídricos em área
rural; conservação ambiental; educação ambiental, comunicação e mobilização
social; gestão. O programa conservação ambiental, aqui sublinhado por sua relação
direta com a gestão do MONAESP e demais UC presentes na Serra da Piedade,
orienta ao desenvolvimento das seguintes ações:

• Realização de planos de recuperação hidroambiental — ação que


“consiste em aprimorar e dar continuidade aos projetos já existentes,
implementados pelos subcomitês da bacia do rio das Velhas e aplicados no
Alto e Médio Alto rio das Velhas, principalmente, com maior foco em
programas de recuperação relacionados a aspectos qualiquantitativos de
recursos hídricos”;

• Proteção de áreas para conservação — o qual se destina a “ampliar as


áreas de proteção ambiental de modo a garantir a preservação da
biodiversidade local”;

• Recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APP) — para “apoiar


a recomposição da mata ciliar e das nascentes em áreas rurais”;

• Recuperação das UC — o plano diretor de recursos hídricos da bacia do rio


das Velhas orienta à recuperação das unidades de conservação presentes
no território dessa bacia, reconhecendo-se que a proteção da vida e dos
meios físicos que permitem a sua manutenção e perpetuação, “além de
representar um compromisso da nação com suas riquezas naturais e as
gerações futuras, vem apresentando uma relevância cada vez maior, ao
incorporar aspectos relacionados aos efeitos sobre as atividades
econômicas, influenciando a produtividade agrícola e a gestão dos recursos
naturais de uma forma geral. As Unidades de Conservação (UC)
compreendem espaços territoriais cujas características ambientais
relevantes determinam a necessidade de proteção e/ou conservação dos
atributos naturais que justificam seu status. A simples presença de uma rede
de unidades de conservação em um dado recorte territorial (no caso em

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

tela, a bacia do rio das Velhas) é utilizada usualmente como um indicador


relevante à hora de avaliarem-se suas características ambientais”;

• Ecoturismo — que visa a “desenvolver a potencialidade turística associada


aos recursos hídricos na bacia e promover a gestão da balneabilidade
associada com o turismo, o lazer e a educação ambiental”;

• Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) — cuja proposta é “implementar


ações voltadas à proteção de mananciais, nascentes e recursos hídricos
através do pagamento a proprietários de áreas que prestam serviços
ambientais para que estes conservem estas áreas ou ainda empreendam
ações de recuperação. Colaborar com a discussão e aprovação de
legislação de PSA no Estado de Minas Gerais e nos municípios que fazem
parte da bacia”.

O plano de ações previsto no Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia


Hidrográfica do Rio das Velhas, nomeadamente no eixo conservação ambiental,
orienta à implementação de medidas que vão desde a proteção de Etep, passando
pela sua recuperação, até a sua ampliação. A previsão da ampliação dos Etep da
Serra da Piedade e entorno reforça a pertinência da discussão em torno da
necessidade de extensão dos limites do MONAESP, principalmente a oeste da UC, tal
qual indica o mapa de áreas prioritárias para conservação do monumento natural.

Cabe considerar, também, que o projeto de lei complementar que visa instituir
o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo
Horizonte, inclui a Serra da Piedade no âmbito da Zona de Interesse Metropolitano
(ZIM) Serras. No projeto de lei, a ZIM é definida como “um território delimitado no qual
o interesse metropolitano é preponderante ao local”, especialmente no que se refere
a temas transversais, entre os quais “complexos ambientais e culturais” e “bens
comuns de alcance metropolitano, tais como áreas de preservação, rede de
recursos hídricos articulados com a ocupação e apropriação das margens” (art. 4º,
II, alíneas f e g). Nos termos do art. 10, caput, do projeto de lei, às ZIM “correspondem
margens para o estabelecimento dos parâmetros urbanísticos de parcelamento,
ocupação e uso do solo […], considerando a criação de centralidades em rede, o
controle da expansão urbana e o equilíbrio e a distribuição densidades e atividades
no território, a proteção ao meio ambiente, a criação de eixos de desenvolvimento
e a promoção da atividade rural”. A ZIM Serras, particularmente, é “caracterizada

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

pela importante conexão entre os eixos das Serras do Itatiaiuçu, Serra do Rola Moça,
Serra da Moeda, Serra do Curral e Serra da Piedade, orientando o interesse
metropolitano a proteção e gestão dos recursos naturais e o desenvolvimento
socioeconômico ambientalmente sustentável”.

3.5.1.1 A DISCUSSÃO SOBRE OS LIMITES DO MONAESP

Para que a gestão ambiental sustentável da Serra da Piedade e suas cercanias


tenha lugar, é preciso implementar as garantias de salvaguarda ambiental previstas
em lei, nomeadamente ante as recorrentes propostas de intervenções, usos ou
explorações do território em foco.

Tomada essa premissa, cabe ter em conta, em primeira linha, a atual discussão
em torno dos limites do MONAESP. Como se sabe, a Lei Estadual 15.178, de 2004,
definiu as poligonais do monumento natural, densificando o comando previsto no art.
84, §1º, da Constituição do Estado de Minas Gerais, de 1989. Os limites da unidade
foram alterados, entretanto, pela Lei Estadual 16.133, de 2006 — resultante do Projeto
de Lei 2643/2005, que, originariamente, não tinha a ver com o MONAESP, tratando,
sim, de doação de imóvel ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio
Pomba (Cefet/RP) pelo Poder Executivo Estadual. No transcorrer do processo
legislativo, foi acrescido ao projeto um preceito com o fim de alterar os limites do
MONAESP. Essa alteração resultou no art. 3º da Lei 16.133, modificativo do art. 1º da
Lei 15.178.

A alteração dos limites do MONAESP foi judicialmente questionada,


entretanto, pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por meio de ação civil
pública, contendo pedido incidental de declaração de inconstitucionalidade da Lei
16.133, nomeadamente no que toca à modificação dos limites da UC. Pela ação,
pediu-se a não aplicação da Lei Estadual 16.133 e a não concessão de atos
autorizativos, para intervenções ambientais impactantes, em áreas retiradas dos
limites originais do MONAESP. Os pedidos do Ministério Público foram julgados
procedentes em primeira instância. Todavia, uma empresa de extração mineral, com
interesse na exploração de área originariamente pertencente ao MONAESP, mas
retirada por força da Lei 16.133, interpôs apelação no Tribunal de Justiça do Estado
de Minas Gerais (TJMG). No tribunal, porém, decidira-se pela extinção do processo

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

sem julgamento do mérito, entendendo-se que o controle de constitucionalidade


requerido pelo Ministério Público não poderia ser feito por via de ação civil pública.

Desde a Lei 16.133 e a discussão judicial que seguiu à sua promulgação,


intervenções exploratórias de grande impacto tiveram lugar na Serra da Piedade,
notadamente em área que, originariamente, estava salvaguardada pelos limites do
MONAESP. A discussão foi então levada ao Superior Tribunal Justiça (STJ), passando
a ocorrer no âmbito do Recurso Especial 1.364.679. Aos 22 de fevereiro de 2019, o STJ,
em último e definitivo pronunciamento sobre o caso, determinou o retorno dos autos
ao Tribunal de origem (TJMG), para que prossiga no julgamento da apelação
interposta pela sobredita empresa de extração mineral.

Nesse contexto, a discussão em torno da constitucionalidade das alterações


promovidas nos limites do MONAESP permanece em aberto, e devem ser
consideradas, a não ser que o TJMG modifique a decisão de primeira instância que
deu provimento aos pedidos do Ministério Público, as poligonais originariamente
fixadas pela Lei 15.178. A necessidade dessa consideração baseia-se nos seguintes
fatores:

(1) a própria sentença de primeiro grau obtida pelo Ministério Público, pela
qual foram declaradas inconstitucionais as alterações levadas a efeito na Lei 15.178
pela Lei 16.133;

(2) o princípio jurídico-ambiental da prevenção, aqui entendido como uma


orientação efetiva à tomada de posturas de cautela e reserva perante a discussão
em foco;

(3) o princípio do nível elevado de proteção, segundo o qual, em situações de


dúvida, deve prevalecer a solução mais favorável à proteção dos bens naturais e
culturais. Concretamente, a observância do princípio do nível elevado de proteção
significará, inclusive, a justaposição cartográfica cautelar das poligonais
estabelecidas pelas Leis 15.178 e 16.133, até que haja um pronunciamento judicial
final sobre a discussão acerca dos limites do MONAESP.

Nesse contexto, cabe ter em conta o “Levantamento das Áreas Protegidas na


Serra da Piedade e seu Entorno – Sabará e Caeté/MG”, elaborado pelo Núcleo de
Geoprocessamento do Ministério Público em razão do Inquérito Civil MPMG-
0045.14.000182-2. Os mapas associados a esse trabalho consideram, justapostos, os
limites do MONAESP derivados das Leis 15.178 e 16.133.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Evidentemente, um possível restabelecimento dos limites do MONAESP


segundo a Lei 15.178, na linha da decisão de primeira instância obtida pelo Ministério
Público, implicará mudanças significativas no que diz respeito à gestão ambiental do
MONAESP. Particularmente, títulos minerários, autorizações ou licenças para pesquisa
ou extração mineral na área recortada pela Lei 16.133 deverão ser declarados nulos,
porque incompatíveis, em origem, com o regime jurídico da UC

3.5.1.2 DIFICULDADES À EFETIVAÇÃO DOS COMANDOS DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL E


CULTURAL NA SERRA DA PIEDADE E ENTORNO

Em que pese a diversidade de textos normativos protetivos da Serra da


Piedade e entorno, nos planos da gestão e das práticas sociais, parecem insuficientes
ou mesmo ausentes ações de esclarecimento, conscientização e sensibilização no
que diz respeito ao patrimônio natural e cultural presente nesse território, como
também em relação aos modos de fruição e conservação dos bens naturais e
culturais que a legislação ambiental estabelece para ele. As normas jurídico-
ambientais sobre a Serra da Piedade são pouco conhecidas entre os atores sociais,
e importa registrar a dificuldade de acessibilidade aos textos dessas normas. Segundo
relatado pela equipe do Nugeo, foi necessário um cuidadoso trabalho de pesquisa
documental, nomeadamente no que atine aos Municípios de Caeté e Sabará, para
aceder às normas em questão.

Nesse contexto, compreende-se que o direito pode contribuir para a gestão


ambiental sustentável da Serra da Piedade. Para que isso seja factível, entretanto,
tornam-se necessárias ações de:

• informação social sobre as condicionantes e lógicas de gestão territorial


previstas nas leis aplicáveis ao território em foco, com destaque para os
regimes para a gestão dos Etep ali existentes;

• promoção da percepção, entre atores sociais e governamentais, da


legislação ambiental aplicável à Serra da Piedade como ferramenta de
gestão sustentável e integrada do território;

• implementação das garantias de salvaguarda ambiental ante as


recorrentes propostas de intervenções, usos ou explorações que transgridam
a lógica de gestão e as restrições previstas na sobredita legislação, atinentes

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

não apenas ao monumento natural, mas a vários Etep existentes no território


em foco;

• avaliação quanto à pertinência de criação de um mosaico para a gestão


integrada das 12 UC localizadas na Serra da Piedade e entorno, nos termos
do art. 26 da Lei 9.985/2000, bem como criação de corredores ecológicos;

• avaliação quanto à necessidade de ampliação dos limites do MONAESP,


nomeadamente no sentido oeste da UC, considerando-se o mapeamento
das áreas prioritárias para conservação do monumento natural.

3.5.2 ÁREAS DE RESERVA LEGAL – CAR E APPS

Para avaliar a situação das propriedades existentes na AE, foi consultada a


base de dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) do IEF-MG, e também o estudo
fundiário feito pelo IABS (2016). Nota-se que nem todas as propriedades são
registradas no CAR, inclusive algumas inseridas no MONAESP. Parte da área não
apresenta informação de propriedades.

As Áreas de Preservação Permanente (APPs) foram disponibilizadas pela


SEMAD / EMATER, no âmbito do Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) da Serra da
Piedade. Cabe mencionar que estas APPs não foram checadas em campo, e por
isso existe a possibilidade desta informação não ser 100% fidedigna à realidade.
Podem haver drenagens efêmeras, e também nascentes em localizações erradas.
Contudo, é um grande indicativo/informação da situação hídrica do local, podendo
este dado ser constantemente melhorado / atualizado.

Do total de 1.953,63ha de APPs mapeadas para a AE, 370,38ha (19%) estão


com uso alternativo do solo (antropizadas). Ressalta-se que este dado foi obtido a
partir de geoprocessamento, usando informações que foram trabalhadas em
diferentes bases, escalas e projeções, ou seja, podem haver algumas divergências.
Contudo, cabe verificar e melhorar estas informações constantemente.

As Reservas Legais (RLs) da AE foram disponibilizadas pelo IEF-MG, e ocupam


17,8% do total. Este valor pode ser maior, pois parte da AE não tem informações de
localização das propriedades e de suas RLs. Do total de 1.705,65ha de RL, 331,29ha
também são APPs e 107,74ha (6,32%) estão antropizadas.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Tabela 17: Situação das APPs e RLs da Área de estudo.


Em APP Fora de APP
Área protegida Total
Antrópico Natural Total Antrópico Natural Total
Fora de Reserva Legal 347,27 1275,07 1622,34 1898,32 6081,31 7979,63 9601,98
Reserva Legal 23,11 308,17 331,29 84,62 1289,74 1374,36 1705,65
Total Geral 370,38 1583,25 1953,63 1982,94 7371,06 9354,00 11307,63

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628000 632000 636000 640000 644000

SITUAÇÃO DAS RLs E


SANTA LUZIA

CAETÉ
APPs NAS PROPRIEDADES
µ
SABARÁ
BELO HORIZONTE

¯
7812000

1
-3 8
BR

M
G
-4
35
7808000

3&
&3&3

MG
-4 3
5
7804000

Legenda
Reserva Legal 3
& Basílica Nossa Senhora da Piedade Referências Bibliográficas TÍTULO
Limite do MONAESP (IEF); Situação RLs e APPs nas Propriedades
Reserva Legal antropizada 3
& Igreja Nova das Romarias Limite da área de estudo (ADERI 2018);
Limites Municipais (IBGE 2010);
MONAESP Observatório Astronômico Frei Rosário Reserva Legal e APP (CAR) PROJETO
APP hídrica
3
&
Plano de Manejo do Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade
Acessos
APP em áreas antrópicas Área de estudo
Estrada pavimentada 0 0,5 1 2 3
Limite municipal km
Propriedades Trilhas e caminhos Projeção Universal Transversa de Mercator
Zona de amortecimento Sistema de Coordenadas: SIRGAS 2000 | 23S
Sem Informação Rodovias ELABORAÇÃO
Carlos Víctor Hubner DATA FORMATO VERSÃO
Propriedades
Estradas não pavimentadas Thiago Mansur 07/01/2020 A3 00
Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

3.5.3 SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO MONAESP

De acordo com o levantamento fundiário feito pelo IABS (2016), são 29


proprietários que compõem o MONAESP, com destaque para a Mitra Arquidiocesana
de Belo Horizonte, Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade,
Anglo Gold Ashanti e LS Imobiliária, que juntas respondem por 86% da área do
MONAESP.

De acordo com os limites de propriedade disponibilizado pelo IABS (2016), e


com base nas informações de Reserva Legal disponíveis no CAR, as maiores partes
das propriedades não estão regulares, ou seja, não apresentam os 20% RL exigidos
por lei. Importante ressaltar que há ainda confusão nos limites de propriedade do
MONAESP, pois os limites levantados pelo IABS (2016) não estão compatíveis com
aqueles cadastrados no CAR (IEF-MG). Ou seja, uma delas está errada.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

Gráfico 4: Quantitativo de área das propriedades que compõem o MONAESP.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
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Tabela 18: Quantitativos em área das propriedades e das respectivas RLs. Notar que nem
todas as propriedades em vermelho são aquelas que não apresentam 20% de RL.
Propriedade Fora de RL RL % RL Total
Alexandre de Marcos Moura Oliveira 3,45 0,00 0,00 3,45
Alvimar Tavares de Souza 4,10 0,00 0,00 4,10
Antônio Dias 1,69 0,00 0,00 1,69
Igreja Batista da Lagoinha 20,05 0,00 0,00 20,05
Izolina Souza Santos 1,16 0,00 0,00 1,16
Jaídes Henrique Moreira 0,57 0,00 0,00 0,57
Jaime Assis Santos 2,12 0,00 0,00 2,12
Luciene Menezes de Oliveira 1,82 0,00 0,00 1,82
Maurício dos Santos 4,52 0,00 0,00 4,52
Mauro José de Souza 2,75 0,00 0,00 2,75
Sidney Vieira 1,90 0,00 0,00 1,90
Tereza Antônia Carneiro 4,81 0,00 0,00 4,81
Vlad Eugen Poenaru 7,13 0,00 0,00 7,13
José Tavares Ferreira 38,53 0,00 0,00 38,54
Davi Corra Maia 10,84 0,01 0,06 10,84
Amauri Cesar Leal 2,95 0,00 0,13 2,95
James Antônio Ferreira 30,04 0,07 0,23 30,11
Silvio Dias Ribeiro Filho 15,01 0,06 0,37 15,07
Valdenei Inácio de Lima 47,17 0,68 1,43 47,84
Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte 771,68 23,08 2,99 794,76
Prefeitura Municipal de Caeté 109,04 7,97 7,31 117,02
José Venâncio Rodrigues 7,65 1,08 14,16 8,74
Geraldo Cleber dos Santos 19,12 3,33 17,40 22,44
José Gonçalves Franco 2,82 0,54 18,99 3,35
Congregação das Irmãs Auxiliares de N.S. da Piedade 356,44 72,32 20,29 428,76
Vale S.A. 48,21 10,51 21,81 58,72
LS Imobiliária 305,95 76,56 25,02 382,52
Sérgio Albenir Henriques 1,60 0,40 25,27 2,00
Saint Gobain Pam Bioenergia Ltda 826,12 222,27 26,91 1048,39
Leonardo Couto Oliveira Santos e outros 2,62 0,89 33,99 3,52
Anglo Gold Ashanti 979,48 489,70 50,00 1469,18
Adilson Gonçalves de Oliveira e outros 27,53 26,27 95,41 53,80
Total Geral 3658,87 935,74 25,57 4594,61

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para facilitar a compreensão integrada dos aspectos de influência sobre o


território de inserção do MONAESP, este documento focou em questões que possam
apoiar a gestão da UC. Reforçamos que não foi nossa pretensão diagnosticar e
compilar todos os aspectos ambientais do território, mas apoiar a análise de
informações pré-existentes, bem como subsidiar a execução das etapas de
planejamento participativo (DIPUC e OPP) e construção final do Plano de Manejo.

Com base em todo o histórico de resultados obtidos nas etapas preliminares à


construção do plano, pode-se dizer que esta caracterização, sobretudo as
informações cartográficas, foram fundamentais para a condução de todas as
etapas do plano de manejo do MONAESP.

Este documento elucidou, ainda, a complexidade jurídica, ambiental e social


do território de inserção do MONAESP, e apoiou as etapas de participação pública.
Ressalta-se que muitos dos aspectos aqui abordados poderão ser detalhados ou
modificados no futuro, a depender das prioridades definidas no âmbito da gestão
da UC.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

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ANEXO I
Relatório do Diagnóstico Participativo de Unidade de Conservação – DIPUC.

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Caracterização Ambiental para Elaboração do Plano de Manejo do
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade

ANEXO II
Listagens das espécies registradas no MONAESP (arquivo digital)

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