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criminalidade organizada
1 de outubro de 2016
Resumo: O presente artigo tem por finalidade discutir a teoria geral de provas,
particularmente, a produção de provas em criminalidade organizada em conjunto
com o princípio da proporcionalidade. Também analisa as principais provas
utilizadas para o desmantelamento de organizações criminosas, como a
interceptação telefônica, a infiltração de agentes e a delação premiada.
Abstract: This article aims to discuss the general theory of evidence, particularly the
production of evidence in organized crime in conjunction with the principle of
proportionality. It also analyzes the main evidence used for the dismantling of
criminal organizations, such as telephone interception, infiltration of agents and the
award-winning tipoff.
1.Introdução:
Por prova, genericamente falando, podemos tê-la como aquele dado ou substrato
que permite fixar ou firmar a existência de um fato.
Nesse sentido, vale trazer à baila o que escreve VERA KAISER SANCHEZ KERR a
respeito da verdade material enquanto finalidade do processo penal e sua
impossibilidade de consecução integral: “Contudo, hodiernamente, entende-se que
a verdade material é inalcançável, pois o que deve ser buscado é a verdade
possível de ser atingida, a verdade processual”[2].
‘Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
não repetíveis e antecipadas.”
Esse aumento da criminalidade organizada vem exigindo uma reposta mais eficaz
tanto do direito penal como do processo penal, entretanto, a criminalidade com
matiz organizacional, com base piramidal ou de torres, com infiltração no poder
público e etc., consiste em matéria de difícil comprovação, haja vista a dificuldade
na obtenção de provas em um processo extremamente complexo e intrincado de
demonstração de condutas.
"Entende-se ser eficiente o processo que além de permitir uma eficiente persecução
criminal, também possibilita uma eficiente atuação das normas de garantia. Assim,
é dotado de eficiência o ordenamento formado por regras que permitam o equilíbrio
entre o interesse do estado em punir autores de infrações penais e o interesse do
acusado em se defender plenamente.[…]
Feito este escorço, passemos agora à análise dos tópicos delineados no título do
presente artigo.
Primeiramente, deve-se ter em mente que tanto o princípio como a regra são
espécies do gênero norma, no entanto, a despeito de serem do mesmo gênero,
possuem diferenças fundamentais em sua conceituação.
A grande problemática a respeito deste tema está relacionada aos conflitos entre as
espécies de normas, isto é, os conflitos entre regras e princípios. Nesta situação de
conflito é possível obter com maior clareza suas diferenças.
Porquanto, não se delineou ainda como a proporcionalidade irá definir qual princípio
deverá prevalecer, ou seja, prevalece o direito à segurança ou o direito à intimidade,
liberdade, englobados na dignidade da pessoa humana.
Pela tese comunitarista, significa dizer que em qualquer espécie de colisão entre
princípios constitucionais, prevalecerá aquele que atingir o interesse da coletividade.
Referida posição é de difícil aceitação, mesmo porque estaria muito próxima a
regimes totalitários, no qual as decisões do Estado são sempre fundamentadas no
bem da coletividade.
Esta posição tem como supedâneo a origem dos direitos fundamentais, os quais
foram concebidos como direitos e garantias dos cidadãos frente ao arbítrio do
Estado, o qual num passado não muito distante violava a dignidade da pessoa
humana, apresentando como justificativa a manutenção do bem comum.
Ocorre que esta posição nos dias atuais deve sofrer uma releitura. Concordamos
que a dignidade da pessoa humana deva prevalecer, a princípio, quando em colisão
com os demais direitos fundamentais.
Entretanto, deve-se destacar que ao lado dos direitos conferidos às pessoas há,
igualmente, suas obrigações junto à sociedade.
Em sua obra ele analisa dois exemplos claros e em sentido diametralmente opostos,
no qual ambas as modalidades foram admitidas: o primeiro exemplo seria
relacionado à obtenção, por parte do réu, de uma prova ilícita mediante
interceptação telefônica, prova essa que seria cabal para demonstrar sua inocência,
vale dizer, sem ela o réu seria condenado a uma pena injusta, dito de outro modo,
referida prova ilícita demonstraria que ele não foi o autor do fato que a ele seria
imputado, nesse caso, obviamente, a prova ilícita deve ser aceita, inclusive o próprio
Supremo Tribunal Federal já se posicionou a favor nesse sentido (STF, HC 74.678-
1/SP, 1a Turma, Rel. Min. Moreira Alves, votação unânime, DJ 15/07/1997); o
exemplo oposto diz respeito à abertura de correspondências no âmbito do sistema
prisional, visando com essa medida evitar a fuga de presos considerados perigosos,
na qual se descobriu um plano para assassinar um Juiz de Direito, pela
interpretação do texto constitucional tal prova seria de todo ilícita, por violação a
norma constitucional, porém, sabiamente o Supremo Tribunal Federal posicionou-se
pela admissão da prova em favor da sociedade (STF, HC 70.814-5, Rel. Min. Celso
de Mello, DJ 24/06/1994).
3.Escutas Telefônicas;
O tema é extenso, por isso faremos um recorte para delimitação do seu estudo; o
recorte feito será na delimitação de casos relacionados à criminalidade organizada.
Não somente a extensão do grupo, mas de que maneira ele afeta bens jurídicos
tutelados pela norma penal.
Destaque-se que a Polícia Federal, em que pese o respeito pelas outras forças
policiais do Brasil, assumiu o protagonismo em metodologia de investigações
relacionadas ao enfrentamento à criminalidade organizada; protagonismo esse
realizado mediante a provocação junto aos Juízes de primeira instância e de
Tribunais Superiores, ao apresentar provas atípicas que jamais tinham sido
utilizados dentro do panorama jurídico nacional.
4.Infiltração de Agentes;
5.Ação Controlada;
Quando falamos em simbiose com o poder público, temos que ampliar o nosso o
horizonte e perspectiva de análise, ampliar no sentido de entender qual o nível de
informações privilegiadas da qual o referido grupo criminoso organizado pode deter.
Para atuar com a desenvoltura que atuavam, pode-se dizer que tinham certeza da
impunidade, certeza porque tinham acesso a informações tanto sobre como o
Estado investiga, como também quem estava sendo investigado.
CONCLUSÃO:
Do que foi brevemente exposto neste artigo, conclui-se pela efetiva e real
necessidade de utilização de técnicas especiais de investigação para o
desmantelamento de organizações criminosas.
Além da utilização destas técnicas, especiais por excelência, necessário ainda ter
em mente a aplicação do princípio da proporcionalidade, especialmente, com base
no direito à segurança como direito fundamental, de modo a legitimar a flexibilização
de garantias fundamentais em prol da sociedade.
Referências