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MANIFESTO:

4ª VIA_ AS PERIFERIAS NO PODER

E O SOCIALISMO NEGRO

Abutres do dinheiro público!

O roubo histórico desse patrimônio está chegando ao fim.

Politiqueiros de todo país! Seus dias de “glória” estão contados.

É CHEGADA A HORA DO POVO NEGRO E PERIFERIAS DO PAÍS ASSUMIREM

A VANGUARDA DAS DECISÕES E REALIZAÇÕES

DE SEUS INTERESSES DIRETOS.

Tomando como referência os trabalhos de CHEIK ANTA DIOP, sabemos que a raça negra é a raça matriz da

humanidade e a África o berço civilizatório do planeta, nestes termos, vamos reavaliar os conceitos teóricos

eurocêntricos de revolução democrática (socialista) e suas raízes eminentemente científicas, bem como, redefinir o

sujeito histórico desse novo processo revolucionário rumo a democratização da “democracia”.

Nestes termos, analisaremos as propostas norte americanas, européias e russas de administração do interesse

público que foram apresentadas.


As mais modernas são: as democracias republicanas nos estados nacionais, que embora tenham

cumprido seu papel histórico de superação da perspectiva absolutista das monarquias na Europa e em suas

colônias, ao longo do tempo, a partir de Montesquieu, evoluíram para um frágil conceito de

representatividade, e mais não foi do que a proteção dos interesses do capital exercida institucionalmente

pela estrutura burocrática dos Estados-nação (capitalismo de estado); a proposta nacionalista, que embora

defenda o protecionismo nacional do mercado interno e das riquezas nacionais, é desprovida de fundamento

teórico (nem propriamente socialista nem capitalista), se transformando em uma colcha de retalhos

ideológicos, onde o que prevalece é a idolatria ao personalismo paternalista do Estado branco eurocêntrico,

expondo muitas vezes, o espectro das grandes ditaduras registradas na história; e finalmente, a proposta

comunista, que prometia a ditadura de um conceito racista de proletariado, sedimentou a utopia da

desconstrução civilizatória eurocêntrica mas, ao mesmo tempo, promovendo a garantia de que a população

negra na Europa e em suas colônias, onde o negro é maioria em muitos estados-nação, nunca chegasse ao

poder.

Quando se fala em DEMOCRACIA ou dēmokratía, em grego antigo (demos = povo e kratus = poder),

aquela em que o povo deveria ter o poder, pressupõe-se que, independente de sua cor de pele, aqueles que

hoje são excluídos da produção de riquezas materiais e imateriais no país, deveriam ver resolvidos

definitivamente os seus interesses mais primários, como: trabalho, alimentação, saneamento básico,
educação, saúde, etc..., tudo que estiver fora desse conceito objetivo e básico de poder, por ignorância ou má

fé, será uma exclusão tácita, sistêmica, segregacionista e contraditoriamente real.

Diante desse choque de realidade, o povo excluído, seja branco negro ou índio, já está secularmente

cansado de ser iludido com falsas promessas.

Vivemos no Brasil em um sistema representativo carente de credibilidade (executivo, legislativo e

judiciário), literalmente falido e agonizante.

No Brasil, mesmo em governos de “direita” ou de “esquerda”, milhões de marginalizados, principalmente

OS NEGROS (pretos e pardos segundo o IBGE e 56% da população brasileira), sobrevivem indignamente e

(ou) abaixo da linha da pobreza.

Historicamente, esses NEGROS e os demais excluídos nas favelas e periferias do país, tem esperado que a

ética e a moralidade constitucional se sobreponham aos vícios históricos da personalidade humana

agravados pela ganância de uma minoria branca.

Sempre esperamos que “esse ou aquele” (personalismo representativo), aparentemente defensores dessa

“ética” e dessa “moralidade”, sejam quando eleitos, os messiânicos “salvadores dessa pátria agonizante”.

Sempre dependemos de eleger uma minoria branca (presidente, governador ou prefeito), cercado de

puxa-sacos brancos bem pagos (ministros e secretários), achando que eles, só porque prometeram, por
misericórdia, responsabilidade moral ou por “amor a Deus”, vão amenizar a agonia das vítimas civilizatórias

da exclusão social: A RAÇA NEGRA.

Mas para os moradores das FAVELAS e PERIFERIAS do mundo, até agora, essa famigerada

“democracia republicana” ou o “socialismo branco” com Estados genocidas de seus povos e do planeta, tem

sido as únicas opções que as elites brancas européias impuseram às nações.

No campo da economia, sabemos que entre as empresas que assimilam a maior parte da mão-de-obra

disponível no país, 80% é formada por micros, médias e pequenas empresas de serviços.

Atualmente, os institutos de pesquisas (IPEA / DIEESE) indicam um valor algo em torno de R$ 4.000,00

como um salário mínimo constitucionalmente correto para um casal e três filhos, incluindo é claro, aluguel,

alimentação, material didático escolar, passagens, vestuário, etc. (CF, art. 7º, IV).

Nestes termos, somos obrigados a concluir, que é um sonho esperar que essas micro, pequenas e médias

empresas, que empregam 80% da mão de obra disponível no país, hoje ou no futuro possam, por um decreto

ditatorial, pagar um salário constitucionalmente correto, sem falir completamente todas essas empresas,

gerando como conseqüência, um irreversível desemprego em massa, onde os negros, historicamente já

estavam excluídos há séculos.

Depois desses quase 300 anos de capitalismo no planeta, é uma grande ilusão achar que o Estado

capitalista branco (principal beneficiado pela escravidão negra no processo colonizatório), os políticos, os
sindicatos ou os próprios trabalhadores brancos, vão um dia conseguir por bem ou por mal, aumentar o

salário mínimo ao nível constitucional da dignidade humana, sem destruir a própria estrutura econômica que

hoje os emprega, e que ainda hoje mantém a raça negra distante do resgate civilizatório de sua histórica

exclusão. Qual a solução?

A história demonstra que a atividade reivindicatória e a greve, foram, e ainda são muito importantes

como contrapesos sociais, nesse complexo, vergonhoso processo de construção racista do sistema capitalista

na história européia e “colonizatória” do planeta. E que durante todos esses 300 anos de escravidão física e

moral da classe proletária negra e mestiça, o capitalismo de Estado e um conceito deformado de

“DEMOCRACIA”, tem sido a única opção institucional que as antigas e novas gerações de trabalhadores

tiveram, para construir no salário mínimo vergonhoso de hoje, espelho de sua histórica e inexorável

miserabilidade.

Este manifesto não se limita apenas à crítica dessa violenta realidade.

Este manifesto, vai mais longe, ousa indicar um novo rumo para a administração do interesse da classe

proletária como um todo (proletariado - termo romano em que a única riqueza para o estado, produzida pelos

despossuídos era a sua prole-filhos). Mas tendo A RAÇA NEGRA COMO PROTAGONOISTA E

NÚCLEO DURO DESSE PROCESSO DE LIBERTAÇÃO.


Este novo rumo proposto pelo SOCIALISMO NEGRO: AS PEERIFERIAS NO PODER, utilizará

inicialmente o meio institucional (o voto), não como instrumento demagógico de manipulação popular, mas

que, com o devido suporte teórico, funcionará historicamente como a mais poderosa e revolucionária arma

na história da civilização humana. Principalmente, nas mão de um partido voltado exclusivamente para um

imprescindível e radical protagonismo negro desse processo de libertação.

Não para prometer que, uma vez no poder, uma legião de novos mercenários "tudo fará para melhorar a

vida de todos", mas para que, através da descentralização constitucional dos impostos e do poder legislativo,

executivo e judiciário ao nível das comunidades organizadas, realizar a transferência definitiva às

Comunidades Organizadas e ao protagonismo negro, do poder da administração direta do volume financeiro

que representa o bolo fiscal e tributário, para que esse imenso volume financeiro que representa o dinheiro

público (nacional, estadual e municipal), seja administrativamente descentralizado, ao nível dessas

comunidades de bairro devidamente organizadas e protagonizadas pela raça negra revolucionária e todos

os demais membros das favelas e periferias do país.

Transformando o dinheiro público, que será então administrado diretamente pelos Conselhos de Bairro,

na mola mestra para a construção de uma nova força produtiva dignamente remunerada (cooperativas

populares), que em curto prazo, irá revolucionar o conceito de Estado, cidadania e representatividade, mas, à

médio e em longo prazo, em função de poder remunerar dignamente sua mão-de-obra, essa nova força
produtiva irá progressivamente transferir voluntariamente do sistema capitalista para si esta mão-de-obra,

que por séculos, tem sido à base explorada do velho sistema capitalista, mas que agora, por sua capacidade

superior de competitividade e remuneração dessa mesma força de trabalho, a COMUNOCRACIA

(KRATUS = poder / COMMUNITAS = da comunidade) superará o conceito eurocêntrico e desgastado de

poder popular (“DEMOCRACIA”), e de forma progressiva, irá superá-lo quantitativa e qualitativamente.

Este manifesto entra em confronto direto com os interesses de poder de grande maioria da classe branca

que controla o poder nos estados nacionais e internacionais das “democracias” republicanas, e também

com os aqueles que ainda tem esperanças de conquistar a mina de ouro que representa um cargo público, em

qualquer instância administrativa de qualquer país, nesse sistema pseudo-representativo e falido.

O SOCIALISMO NEGRO é uma antítese qualitativa ao “socialismo branco”, e entra em confronto direto

com todo o sistema eurocêntrico da separação elitista montesquiana de poderes, porque expropria

nacionalmente o gerenciamento centralizado do dinheiro público nas “tetas” históricas que as estruturas

administrativas brancas codificaram no capitalismo de Estado (constituições republicanas) que

financeiramente representaram e representam (executivo e legislativo e judiciário).

Este capitalismo branco de estado, estrategicamente se comporta como caixa-dois do próprio sistema

capitalista racista, e paralelamente, sempre representou generosa fonte de recursos para um perdulário poder

executivo, legislativo e judiciário branco, com raríssimas e inexpressivas exceções personalistas é claro.
Para aqueles que decidirem caminhar no partido revolucionário negro, um aviso - não tenham esperança

de utilizar o poder em benefício próprio. De adquirir cargo eletivo para decidir os rumos do dinheiro

público. Pois vocês irão lutar para não tê-lo. Irão lutar para descentralizá-lo em todos os níveis (nacional,

estadual e municipal) horizontalizando a administração do dinheiro público, transferindo realmente esse

poder às comunidades organizadas, através da formação dos Conselhos Comunitários de Bairro.

Serão as assembléias dos cidadãos deliberantes, com a estrutura técnica e econômica necessária, para

viabilizar o poder executivo de suas decisões.

Este manifesto expõe uma síntese de uma proposta ampla e cientificamente estruturada, que expõe o

paradigma racista na construção do capitalismo,do comunismoclássico e do conceito de Estado,

revelando sistemicamente, as razões imprescindíveis do protagonismo histórico negro e periférico na

inversão dessas relações de poder.

Durante mais de 30 anos, toda a problemática social, política e econômica foi arduamente estudada e

confrontada, para que ao final, significasse uma concepção nova de administração do interesse público, que

não revolucione apenas este conceito deformado de “democracia” e “cidadania”, como também, inviabilize

qualquer tipo de macro-hegemonia pessoal ou de grupos negros e não negros nessa nova estrutura

centralizada mas provisória de poder.


Para quem já conhece a capacidade de uma comunidade em gerir seus próprios interesses, o proletariado

(em destaque os negros) não é uma massa informe de idiotas, incapazes de se auto-administrar, e por isso,

condenados a tutela eterna de organismos representativos e administrativos centralizadores do poder e do

bolo fiscal e tributário, que com o tempo, se corromperam, se desgastaram, e hoje, integram a frágil

estrutura política, jurídica e econômica branca dos estados nacionais das chamadas “repúblicas

democráticas”.

Todo argumento contra a administração direta do dinheiro público é: por ignorância ou má fé, uma defesa

da prática branca da histórica farsa e desrespeito à dignidade humana das etnias do planeta, que através

dos séculos, excluiu do poder daqueles que fundamentalmente possuem competência civilizatória para

exercê-lo, em especial negros e nativos.

A frágil “democracia representativa” republicana branca capitalista (personalismo democrático), já cumpriu

seu papel histórico na superação da estrutura política monarquista (personalismo hereditário), mas que

agora, desgastada pela omissão na realização dos anseios populares básicos, esse conceito personalista de

democracia precisa ser qualitativamente superado pela verdadeira classe proletária: AS PERIFERIAS.

O SOCIALISMO NEGRO – O COMUNITARISMO REVOLUCIONÁRIO, defende um discurso

(teoria e prática) que viabilizrá o caráter revolucionário da UNIDADE PERIFÉRICA a um projeto

concreto e qualitativo de revolução social, eliminando a possibilidade de que, à curto e médio prazo, a
radicalidade dessa transição, ponha em risco a fragilidade estrutural da economia de mercado e das

liberdades democráticas fundamentais já conquistadas.

Através de um conceito pleno de cidadania, institucionalizamos a dignidade humana, em um exercício

superior de democracia, cidadania, economia e Estado: A COMUNOCRACIA (poder das comunidades).

Esse desafio se propõe a reconstruir e ser a antítese científica e teoricamente da proposta revolucionária

socialista marxiana, atualizando a sua estrutura científica e dinâmica, restaurando a credibilidade teórica do

socialismo, pela reavaliação de sua base científica (política e econômica), na redefinição histórico-

científica de seu NOVO sujeito revolucionário: AS PERIFERRIAS.

Para aqueles que costumam julgar sumariamente, adianto que essa proposta de trabalho não pretende

extinguir o conceito geográfico e político de nação, e demonstrará ser bem diferente do que significa essa

estrutura degenerada e branca que chamam de Estado.

A COMUNOCRACIA CONSTITUCIONAL pretende impedir que essa forma caricata de

administração pública branca continue sendo a opção mais próxima de um conceito sério de poder popular,

dignidade e cidadania.

Pois nesse atual sistema representativo, sempre damos um cheque assinado a uma minoria branca distante

do clamor popular, privilegiada por um poder que na verdade não lhe pertence, e com raríssimas exceções,

históricos parasitas brancos do dinheiro público e privado.

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