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MANIFESTO
Jornalistas são jornalistas porque são apaixonados. A profissão, em
geral, paga pouco. As redações sofrem para fechar as contas e resistir às
pressões que vêm de obscurantistas e reacionários no poder. Tem o
problema da grana e a luta cotidiana para não sermos jogados na terra de
ninguém on-line, um espaço onde é muito difícil saber quando acaba a
honestidade do discurso e começam as parcerias pagas, muitas vezes
bem escondidas por uma outra classe de comunicadores que resolveram
priorizar os bolsos cheios.
Jornalistas observam, descrevem e comentam o mundo. Aplicam a
plenitude de suas experiências, paixões e convicções no processo para
enxergar e entender. Mas para escrever e publicar, muitas vezes
submetem esse entendimento e essa voz a um filtro de parcimônia,
comedido e medido pela necessidade de calibrar o discurso e gerenciar o
impacto na base de leitores. É preciso atender ao zeitgeist que no
momento nutre a visão de mundo dos que consomem aquele conteúdo e
pagam as contas. Na busca por uma massificada base de leitores, essa
cautela representa força constante pressionando o discurso para o médio,
um pouco mais seguro, um pouco mais neutro, em um exercício muitas
vezes sufocante de esterilização parcial da voz apaixonada.
Só que tratar tudo pela média e com parcimônia rouba parte do colorido das coisas. Os
temas importantes não podem ser abordados em tons pastéis.