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Todos do mesmo lado

MANIFESTO
Jornalistas são jornalistas porque são apaixonados. A profissão, em
geral, paga pouco. As redações sofrem para fechar as contas e resistir às
pressões que vêm de obscurantistas e reacionários no poder. Tem o
problema da grana e a luta cotidiana para não sermos jogados na terra de
ninguém on-line, um espaço onde é muito difícil saber quando acaba a
honestidade do discurso e começam as parcerias pagas, muitas vezes
bem escondidas por uma outra classe de comunicadores que resolveram
priorizar os bolsos cheios.
Jornalistas observam, descrevem e comentam o mundo. Aplicam a
plenitude de suas experiências, paixões e convicções no processo para
enxergar e entender. Mas para escrever e publicar, muitas vezes
submetem esse entendimento e essa voz a um filtro de parcimônia,
comedido e medido pela necessidade de calibrar o discurso e gerenciar o
impacto na base de leitores. É preciso atender ao zeitgeist que no
momento nutre a visão de mundo dos que consomem aquele conteúdo e
pagam as contas. Na busca por uma massificada base de leitores, essa
cautela representa força constante pressionando o discurso para o médio,
um pouco mais seguro, um pouco mais neutro, em um exercício muitas
vezes sufocante de esterilização parcial da voz apaixonada.
Só que tratar tudo pela média e com parcimônia rouba parte do colorido das coisas. Os
temas importantes não podem ser abordados em tons pastéis.

Quando é preciso quebrar barreiras estúpidas que insistem em


sobreviver ao seu próprio anacronismo, quando é necessário resistir às
forças de cercamento da liberdade e dos direitos, somente a voz
apaixonada, corajosa e clara é capaz de cumprir o papel; usando todas as
cores como arma. Dinâmicas como essa travam muita gente, mas não
todo mundo. Alguns ficam putos com as amarras e partem para romper
barreiras e ajudar a construir uma nova conversa social. Ainda bem.
Juntando uma galera dessas aí – loucos para falar da alma sem desconto
– nasceu a Elástica.
Em um momento em que figuras importantes no centro do poder
brasileiro desejam silenciar vozes dissonantes, nós somos aqueles que
querem calar. Estamos juntando brancos, pretos, indígenas, asiáticos,
héteros, gays, trans, não-binários e fluidos para falar juntos.
Convocamos da elite e da periferia os insatisfeitos com a narrativa que
querem nos impor e que nunca vamos engolir. Na nossa corrente se
somam ateus, os que se inspiram em Deus, Cristo, Alá, Buda e Krishna,
quem é filho de Orixá e quem está no caminho da ayahuasca e do yoga.
Somos um canal que dá voz para quem gosta de arte, política,
tecnologia, psicodelia, sexo e espiritualidade.
Jornalismo sobre as coisas boas da vida, e por vezes inconformado e irado na oposição à
truculência e ao fascismo. Sempre de resistência e em defesa da liberdade, do amor, das
igualdades e da diversidade.

Acreditamos que, na nova era, a comunicação só funciona quando se


torna agregadora, quando é feita por quem vive aquilo que escreve. Por
isso, queremos que vocês vivam a Elastica com a gente, porque depois
do jornalismo nos encontramos em festas, exposições, restaurantes,
bares e nos cortejos de carnaval país afora. Nossa voz será ouvida nas
ruas, porque delas saímos e para elas voltamos quando o mundo digital
nos cansa. Somos a nova geração dos anos 20, e nossa revolução não
será televisionada. Quando perceberem o mundo já estará em nossas
mãos. Porque quem ama o passado não vê que o novo sempre vem. E o
novo já está aqui, independente do que dinossauros em posições de
poder ficam twittando por aí.

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