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É o indivíduo que repele com violência tudo que é diferente dele porque recusa
excepcionalidades, distinções. Seu senso de pertencimento é de mera conveniência tribal,
estribado em certezas sem fundamento racional que constituem o credo da tribo. Ele repugna,
assim, a solidariedade com quem não seja de sua seita, pois é alheio a obrigações de nobreza e
ética, indiferente até o desprezo cínico aos valores humanitários que incluam o outro.
É acrítico no sentido eminentemente intelectual, pois o que ele acha ser «a crítica» é
simples bravata e virulência. Ofender, deslegitimar, desvalorizar o que não cabe na brutalidade de
seu mundo é sua ocupação fundamental.
O homem-massa acha que dizer o que pensa é sua virtude maior. Daí, sentir-se confortável
em exercer a «liberdade de expressão» como seu escoadouro de ódio e intolerância, pois não
aceita o contraditório. Ele vive dos aplausos de seus correligionários, adeptos da mesma causa que
consideram sagrada sob os auspícios de líderes demagogos, condutores de rebanho, tocadores do
berrante da guerra santa: «Sigam o líder, ele sabe o que faz! Esperemos às portas dos quartéis,
pois ele conclamará as legiões rumo a uma nova era! »
A vida do homem-massa é uma ficção caricata em que ele se julga o paladino da última
causa a ele confiada por seu líder. Acha que existe um passado glorioso a que sua história
pertence, mas ele não tem história porque revolve na pobreza de significados como um suíno a
refestelar-se gozosamente na lama. Suas causas são bandeiras desbotadas e rotas que ele
enganadamente faz tremular como um pavilhão de glória apostólica, mas só deixam transparecer
feiúra repulsiva, abjeção moral, vulgaridade e hipocrisia.