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Quando se fala em diversidade literária é comum que nossos pensamentos nos levem

a uma multiplicidade de gêneros literários, como biografia, contos, fantasias e ficções,


informativos e outros. Mas além disso é necessário ter um foco na diversidade dentro da
literatura.

Nós somos tudo o que consumimos, diante disso, é perceptível o nível de influência
que a literatura tem em nossas vidas. Ela é capaz de influenciar desde nossos gostos até
mesmo atitudes, fazendo também com que passemos a desenvolver valores morais e
éticos importantes para viver em sociedade, como a empatia. A diversidade na literatura
torna-se de suma importância nesse sentido, porque essa diversidade nos traz um pouco
de cada mundo, experiência, vivência e realidades.

Tânia Dourado, escritora, linguista, e doutora em Comunicação pela Universidade


Estadual do Ceará (UECE) com co-orientação da Universidade de Sorbonne (França),
explica a importância da literatura na infância, principalmente quando abordam as
diversidades que fazem parte do nosso cotidiano:
“A literatura como um todo é um discurso fundador, é um discurso constituinte. Ela nos
constitui como sujeitos e constitui o imaginário coletivo. Ela ativa em nós o sentimento de
pertença. A literatura, portanto, que a gente chama 'diversa' é uma literatura que traz o
humano pra dentro dela, das suas narrativas, e o humano é complexo, tem dores, tem
frustrações, tem limitações, tem choro, tem angústia, tem sofrimento, tem perdas, tem
desigualdades, tem inseguranças na escola, tem tantos sentimentos quanto esse adulto e a
criança precisa conviver com essa realidade.”
A escritora Tânia Dourado é autora do livro “Cadê a criança que estava aqui?”, que
foi publicado em 1998 e foi considerado o primeiro livro da literatura infantil mundial a
trazer um personagem dentro do espectro autista. Ela reforça o papel da diversidade na
literatura:
"É muito importante, a diversidade. É muito importante que a gente entenda que precisamos
desconstruir estereótipos, o engessamento de tentar colocar todas as pessoas no mesmo grupo
funcionando da mesma forma. A diversidade é fundamental. Ela precisa existir. Então
qualquer engessamento, que retira a diversidade, estimula o preconceito, o estereótipo, e causa
sofrimentos profundos em cada indivíduo e no corpo social.”
De origem indígena, Daniel Munduruku é escritor, professor e graduado em história,
filosofia e psicologia. Autor de livros para todos os públicos, ele traz as raízes indígenas
em suas histórias. Para ele, a importância de abordar assuntos que envolvem minorias
sociais surge da necessidade de conhecer culturas e tradições para romper com a
resistência a esses temas:

"As palavras não precisam ser ditas de uma maneira muito quadrada. Quando a gente fala de
minorias, quando a gente fala de pessoas ou de grupos em risco social, como o feminismo e os
LGBTQ+, essas palavras que foram inventadas para definir pessoas, às vezes, criam uma certa
resistência. Então eu penso que mais do tratar de minorias, a gente tem que tratar de
conhecimentos, de tradições e culturas. E mostrar que isso faz parte da gente, faz parte da
construção da nossa humanidade. É claro que alguns assuntos são mais delicados porque
efetivamente atingem um espectro da sociedade brasileira e isso precisa ser abordado de uma
maneira doce e inclusiva, de uma maneira que faça com que crianças e jovens se sintam parte
dessa população."

A partir disso podemos entender o quão importante é estar diante dessa diversidade na
literatura, que vai muito além de uma variedade de gêneros textuais, mas envolvem dessa
forma, uma quebra de estereótipos e um movimento de inclusão da pluralidade de
indivíduos presentes em nossa sociedade e no mundo inteiro.

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