Práticas Inclusivas em Educação Física Tema 02 – História da Inclusão Escolar e Esportiva das Pessoas com Deficiência Bloco 1
Dra. Aline Miranda Strapasson
Vamos conhecer um pouco sobre a história da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência? 1. Introdução
A história das pessoas com deficiência
sempre foi marcada pela segregação, exclusão econômica, política, social e cultural, demonstrando que o preconceito e a discriminação acompanham o deficiente desde a antiguidade. Ao analisar as condições de existência ao longo dos anos, podem ser encontrados diferentes modelos de tratamento e compreensão destinados às pessoas com deficiência resumidos nos modelos de: • Abandono ou extermínio; • De institucionalização ou internação; • De integração; e • De inclusão (CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2006). Nomadismo: as sociedades primitivas abandonavam as pessoas com deficiência (PD) (CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2006; BIANCHETTI, 1998). Crença: as sociedades escravista, grega e romana exterminavam as PD para não contaminar o povo (ROSADAS, 1989). Diversão: as PD sobreviventes serviam de bobos da corte ou atividades circenses (SILVA, 1986; ROSADAS, 1989). Internação ou condenação: no final da Antiguidade e início da Idade Média as PD eram internadas em hospitais psiquiátricos e asilos passando a viver juntos com doentes, idosos e loucos ou condenados às fogueiras da inquisição (SILVA; 1986; CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2006; ASSUMPÇÃO JÚNIOR; SPROVIERI, 2000). Ciência: no Renascimento e na Idade Moderna, a deficiência sai do território da magia e religião para se inserir no território da Ciência; e, no século XX e XXI, se pensa em como abordá-los na sociedade através da integração e posteriormente da inclusão (ASSUMPÇÃO JÚNIOR; SPROVIERI, 2000). 2. História da Inclusão Escolar
As primeiras iniciativas da educação
especial aconteceram na França, no século XVIII, com instituições voltadas para a educação de surdos (1760) e cegos (1784). Com o tempo, outras instituições surgiram e espalharam-se pelo mundo, transformando- se em espaço de isolamento, exploração e internação (CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2006). Em meados do século XX essa forma educacional começou a ser criticada como uma prática que violava os direitos humanos, levando ao estabelecimento de um novo modelo, o modelo da integração (CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2006). INTEGRAÇÃO: é quando as PD são inseridas na escola regular e têm que se adaptar a ela da forma como é (MANTOAN, 2002), o que é muito difícil para o deficiente. Atualmente o paradigma da inclusão é o modelo mais adequado. Na inclusão, a sociedade como um todo se prepara para receber a PD e dar a ela condições de usufruir da vida em comunidade, indiferente da sua condição (SASSAKI, 1997; CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2006). A defesa desse ideário gera desafios à educação de PD, dando origem a vários encontros internacionais que proporcionaram a elaboração de documentos com o propósito de implementar um plano de ação especificamente dirigido à área educacional, quanto à qualidade e à universalização do ensino (SEABRA JR, 2006). Práticas Inclusivas em Educação Física Tema 02 – História da Inclusão Escolar e Esportiva das Pessoas com Deficiência Bloco 2
Dra. Aline Miranda Strapasson
3. História da Inclusão Esportiva
O esporte para deficientes ou esporte
adaptado, como também é conhecido, é datado de longos anos e as primeiras competições esportivas de PD aconteceram antes do período pós-guerra por deficientes auditivos (1870), seguidos de deficientes visuais (1907) (PARSONS; WINCKLER, 2012). Mas, quando se fala de esporte adaptado e Paralímpico, a história se recorda de fatos marcantes, como as duas grandes Guerras Mundiais. A 1ª Guerra Mundial foi um fator essencial no uso de exercícios terapêuticos e atividades recreativas que auxiliavam na restauração da função dos soldados sobreviventes (ADAMS; DANIEL; CUBBIN, 1985). Em 1918, na Alemanha, um grupo de lesionados da 1ª Guerra Mundial reuniu-se para praticar esportes (FREITAS; CIDADE, 2000). A partir da 2ª Guerra Mundial o esporte adaptado ganhou força, pois a sociedade sentiu necessidade de reabilitar os milhares de sobreviventes que lotavam os hospitais da cidade e que iam a óbito na primeira semana de alta hospitalar (80% faleciam) (RODRIGUES, 2006). Então, como prática, o esporte adaptado efetivou-se na Inglaterra no ano de 1944, mais precisamente em Aylesbury, no Hospital de Stoke Mandeville, idealizado pelo Dr. Ludwig Guttmann (médico neurologista) (FREITAS; CIDADE, 2000). O ideal de Guttmann era reabilitar, motivar e diminuir, através do esporte, o tédio da vida desocupada do deficiente (ROSADAS, 1989). Guttmann iniciou as atividades com o arco e flecha, o tênis de mesa e o arremesso de dardo e, quase que ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, Benjamin Lipton iniciou com o basquete em cadeira de rodas (ARAÚJO, 2011; FREITAS; CIDADE, 2000). O interesse pelo esporte aumentou de tal maneira que incluiu não só os veteranos de guerra, mas civis incapacitados por outras deficiências físicas decorrentes de outras causas. Para Castro (2006), a guerra, apesar de todos os seus prejuízos, trouxe para as pessoas com deficiência algo melhor do que elas até então possuíam e o esporte foi uma saída para uma sobrevivência com dignidade e saúde. Os primeiros jogos para as PD ocorreram no hospital de Stoke Mandeville e foram idealizados por Guttmann no ano de 1948, coincidindo com os Jogos Olímpicos de Londres. Os Jogos Internacionais de Stoke Mandeville aconteceram em 1952 e a sua nona edição foi realizada em Roma, em 1960, que posteriormente passou a ser considerada como os primeiros Jogos Paralímpicos (PARSONS; WINCKLER, 2012). Guttmann foi reconhecido e denominado mundialmente como o pai do esporte Paralímpico (PARSONS; WINCKLER, 2012).