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Educação e Direitos Humanos: desafios e perspectivas1

Education and Human Rights: challenges and perspectives


Educación y Derechos Humanos: desafíos y perspectivas
José Zuchiwschi*
Recebido em 19/01/2005; revisado e aprovado em 15/05/2005; aceito em 18/08/2005.

Resumo: Nos últimos anos no Brasil, intensificou-se o debate sobre a educação e os Direitos Humanos. Apesar dos
avanços na consolidação do Estado democrático brasileiro, ainda persiste um distanciamento entre os marcos legais
e a realidade cotidiana de parte da população brasileira. A educação com qualidade é um direito fundamental de
todos e exerce papel primordial no processo de consolidação dos demais direitos. O presente artigo busca discutir o
papel do Ministério da Educação a partir dos desafios de um programa de inclusão educacional na perspectiva de
eliminação dos obstáculos aos Direitos Humanos.
Palavras-chaves:Educação, direitos humanos, políticas públicas, políticas afirmativas, inclusão educacional.
Abstract: Over the past few year in Brazil, the debate on education and human rights has been intensified. Although
some steps have been taken towards the consolidation of the Brazilian Democratic State, there is still a gap between
the legal marks and the daily reality of part of the Brazilian population. Education of quality is a fundamental right
of all and plays a primordial role in the process of the consolidation of all other rights. The report in hand discusses the
role of the Ministry of Education beginning with the challenges of a programme for educational inclusion within the
perspective of eliminating the obstacles to Human Rights.
Keywords: Education, human Rights, State Policies, Affirmative Actions, Educational Inclusion.
Resumen: En los últimos años en Brasil, se ha intensificado el debate sobre la educación y los derechos humanos. A
despecho de los avances en la consolidación del Estado Democrático Brasileño, aún persiste el distanciamiento entre
los marcos legales y la realidad de parte de la población brasileña. La educación con calidad es un derecho fundamental
a todos y ejerce un papel primordial en el proceso de consolidación de los demás derechos. El artículo presente busca
discutir el papel del Ministerio de la Educación bajo los desafíos de un programa de inclusión educacional en la
perspectiva de superación de los obstáculos a los derechos humanos.
Palabras clave: Educación, derechos humanos, políticas de Estado, políticas afirmativas, educación inclusiva.

Não é possível refazer este País, democratizá-lo, tratados e acordos), nacionais e mesmo inter-
humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes nacionais dos quais o Brasil é signatário
brincando de matar gente, ofendendo a vida,
destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a (Quadro I), como a Declaração Universal de
educação sozinha não transforma a sociedade, Direitos Humanos de 1948.
sem ela tampouco a sociedade muda. Se a nossa
opção é progressista, se estamos a favor da vida A educação será direcionada ao desenvolvi-
e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, mento integral da personalidade humana e ao
do direito e não do arbítrio, da convivência com fortalecimento do respeito pelos Direitos Hu-
o diferente e não de sua negação, não temos outro manos fundamentais.
caminho senão viver plenamente a nossa opção. (Artigo 26, Declaração Universal dos Direitos
Encarná-la, diminuindo assim a distância entre Humanos)
o que dizemos e o que fazemos (...).
(FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Também, na Constituição Federal de
Paz e Terra, 1979) 1988, a qual define o Brasil como um Estado
Democrático de Direito, cujos fundamentos
1 Introdução são a soberania, a cidadania, a dignidade da
pessoa humana, os valores sociais do traba-
Diante da necessidade de se lutar con- lho e da livre iniciativa e o pluralismo político,
tra as graves violações dos Direitos Humanos encontramos a praticamente a mesma pro-
no Brasil, especialmente a partir do processo posição.
de redemocratização, em meados da déca- A educação, direito de todos e dever do Estado e
da de 1980, a discussão em torno dos Direitos da família, será promovida e incentivada com a
Humanos e a formação para a cidadania no colaboração da sociedade, visando o pleno de-
Brasil vem conquistando espaço e relevância senvolvimento da pessoa, seu preparo para o
cada vez maiores. Todo esse movimento pelo exercício da cidadania e sua qualificação para o
respeito aos Direitos Humanos tem sido trabalho.
(Constituição Federal, Cap. III, Seção I, Art. 205)
referendado em instrumentos legais (leis,

*
Doutor em Antropologia pela Universidade de Brasília. Especialista em Gestão em Direitos Humanos pela
Secretaria Especial de Direitos Humanos – Presidência da República. Comitê de Direitos Humanos do Ministério
da Educação–MEC.

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Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 7, N. 11, p. 143-156, Set. 2005.
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Após a promulgação da atual Consti- básico, à segurança, ao trabalho, à diversida-


tuição Federal, novos documentos surgem no de cultural e à livre expressão sexual.
cenário nacional, como resultado da mobili- Assim posto, a educação deve exercer
zação dos movimentos sociais, na perspectiva seu papel primordial no processo de consoli-
de impulsionar agendas, programas e projetos dação dos Direitos Humanos e dos princípios
na materialização da defesa e promoção dos da liberdade, da paz e da justiça social uma
Direitos Humanos, a exemplo dos Programas vez que a própria educação é um direito bá-
Nacional, Estaduais e Municipais de Direitos sico e, como tal, deve ser garantido a todos
Humanos, o Estatuto da Criança e do Adoles- os cidadãos. A educação, em suas diversas
cente–ECA, nas legislações de combate à dis- formas, precisa contribuir para o resgate da
criminação racial e à tortura, bem como as auto-estima, promover a participação solidá-
recomendações das Conferências Nacionais ria e cidadã de indivíduos e grupos sujeitos
de Direitos Humanos; além da área específica de sua própria história. A partir disso, todo
da educação, tal como determina a Lei de o processo educacional passa a ser um meio,
Diretrizes e Bases–LDB (1996). um veículo indispensável para a realização
de outros direitos. A inclusão educacional é
A educação, dever da família e do Estado, ins- condição para a inserção ocupacional de
pirada nos princípios da liberdade e nos ideais melhor qualidade, acaba por reduzir a desi-
de solidariedade humana, tem por finalidade gualdade social e a pobreza, contribuindo
o pleno desenvolvimento do educando, seu
para a eliminação de graves obstáculos ao
preparo para o exercício da cidadania e sua qua-
lificação pra o trabalho.
exercício pleno dos Direitos Humanos. Dessa
(LDB, Titulo II, Art. 2º) forma, a educação se torna ferramenta indis-
pensável para a construção de uma cultura
Ainda assim, mesmo que se pese toda universal dos Direitos Humanos, a partir do
a mobilização e movimentação da sociedade momento em que não somente reforça os
civil organizada em função da concretização direitos civis e políticos, mas garante o acesso
do Estado Democrático de Direito, ainda per- aos direitos econômicos e culturais.
siste, no Brasil, a concepção neoliberal sobre Ainda assim, para que todos os cida-
o papel do Estado com relação às políticas dãos brasileiros sejam respeitados e saibam
públicas normalmente voltadas para os direi- reconhecer seus próprios direitos e os dos
tos civis e políticos em detrimento dos direitos outros, não bastam existir normas ou institui-
econômicos, sociais e coletivos. Essa concep- ções: é preciso, antes de tudo, transformar
ção neoliberal do Estado acaba por manter as mentalidades.
o distanciamento entre a ordem normativa Para tanto, a formação de uma consci-
e a realidade concreta da maioria da popula- ência dos Direitos Humanos deve caminhar
ção brasileira, historicamente marcada pela ao lado da criação e consolidação de uma
exclusão econômica, social e educacional. cultura universal dos Direitos Humanos, a
Dessa forma, os avanços no campo da estar presente em três principais campos de
educação voltada para o acesso e o respeito ação pedagógica (PNEDH, 2003):
aos Direitos Humanos no Brasil ainda são • Aprender a conhecer, promovendo a edu-
muito tímidos. Especialmente quando se en- cação com qualidade e conteúdo em todos
tende que os Direitos Humanos são univer- os seus níveis;
sais e extensivos a todos os seres humanos, • Aprender a fazer, implementando ações
sem distinção de raça, nacionalidade, etnia, Educativas para a formação de profissionais
gênero, classe social, cultura, religião, orien- e alunos dentro do discurso dos Direitos Hu-
tação sexual, opção política, ou qualquer manos, a partir, principalmente, da inclusão
outra forma de discriminação. Neste sentido, desse conteúdo nos currículos de todos os
os Direitos Humanos são decorrentes da dig- níveis educacionais e dos cursos de forma-
nidade do ser humano, abrangendo, dentre ção de profissionais envolvidos na educação;
outros não só o direito à educação integral e • Aprender a ser e viver juntos, garantindo
de qualidade, mas também o direito à vida os Direitos Humanos e dignidade a grupos
com qualidade, à saúde, à moradia, ao lazer, vulneráveis específicos, tais como afro-bra-
ao meio ambiente saudável, ao saneamento sileiros, indígenas, portadores de necessida-

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des especiais, homossexuais, mulheres, cri- tadas aos Direitos Humanos, quais sejam:
anças, entre outros – no âmbito educacio- • a educação pelos Direitos Humanos –
nal, por meio de políticas de ação afirmativa como garantia das proposições fundamen-
e do respeito a suas demandas particulares. tais dos Direitos Humanos universais no
Esses três campos de ação pedagógica próprio processo e sistema educacionais;
correspondem ao entendimento epistemoló-
• a educação em Direitos Humanos – como
gico da educação não como algo alheio e dis-
formação escolar, acadêmica e profissional
tinto, anterior ou posterior, à noção de Direi-
voltada para o acesso e a garantia dos Di-
tos Humanos, mas antes, como parte intrín-
reitos Humanos;
seca e indissociável da cultura universal dos
Direitos Humanos. Por isso, deve-se atentar • a educação para Direitos Humanos – como
para a relação dialógica dos três níveis do instrumental indutivo, com conteúdo in-
que se entende por educação enquanto ins- formativo para a prática cotidiana de aces-
trumento de formação de mentalidades vol- so e respeito aos Direitos Humanos.

Quadro I. Principais Referências ao Direito à educação


Instrumentos Legais, Nacionais e Internacionais
Documentos Temas Conceitos
Direitos e liberdades
Direito à educação, capacitando as pessoas para o
fundamentais;
exercício da tolerância e da amizade entre as nações,
Declaração Universal Universalidade;
da participação efetiva em uma sociedade livre.
dos Direitos Humanos Indivisibilidade;
Educação primária obrigatória. Educação secundária e
Igualdade; Liberdade
superior progressivamente acessíveis a todos.
e Solidariedade.
Art. 13º - Reconhece o direito de todos à educação para
o desenvolvimento da personalidade, do sentido de
Direitos econômicos, dignidade, do respeito aos Direitos Humanos, líber-
Pacto Internacional
sociais e culturais; dades fundamentais e participação numa sociedade
sobre Direitos
liberdade; justiça; livre, tolerante e amiga de todas as nações, grupos
Econômicos, Sociais
igualdade; seguridade raciais, étnicos ou religiosos. Reconhece que a edu-
e Culturais
social cação primária deverá ser obrigatória e gratuita; nos
outros níveis seu acesso deverá ser generalizado pela
implementação progressiva do ensino gratuito.
Art. 18 - Educação como responsabilidade de ambos os
pais; Art. 28 - Direito à educação, capacitando as
pessoas para o exercício da tolerância e da amizade
entre as nações, a participação efetiva em uma socie-
dade livre. Educação primária obrigatória. Educação se-
Direitos econômicos,
cundária e superior progressivamente acessíveis a
sociais e culturais;
Convenção Sobre os todos; disponibilizar informação e a orientação educa-
liberdade; justiça;
Direitos da Criança cional e profissional a todas as crianças; adotar medi-
igualdade; seguridade
das para estimular a freqüência e reduzir o índice de
social
evasão escolar. Art. 29 – Voltar a Educação para o de-
senvolvimento da criança e ao respeito aos Direitos
Humanos e às liberdades fundamentais; respeito à sua
própria cultura, ao meio ambiente e à construção de
uma sociedade livre.
Considera o papel fundamental da educação para os
Comissão
princípios da liberdade, da paz e da justiça social,
Internacional sobre Relatório Jacques
estabelece a presença dela ao longo da vida humana,
Educação para o Delors
de modo a contribuir para o enfrentamento dos riscos
Século XXI (1996),
e desafios de um mundo em transformação.
"A educação, dever da família e do Estado, ins-
Título II: Dos pirada nos princípios da liberdade e nos ideais de
LDB – Lei de Princípios e Fins da solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
Diretrizes e Bases Educação Nacional, desenvolvimento do educando, seu preparo para o
art. 2º exercício da cidadania e sua qualificação pra o
trabalho".

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2 Direitos Humanos: Educação Mesmo assim, no campo da educação,


o Estado deve enfrentar seu maior desafio: o
A Constituição brasileira de 1988 re- acesso e a permanência não só de crianças,
presentou o marco jurídico da transição de- mas também de jovens e adultos nas escolas.
mocrática e da institucionalização dos Direi- Até o ano de 2004, cerca de 9,6 milhões de
tos Humanos na sociedade brasileira. Seu crianças em idade pré-escolar estavam fora
artigo 1º enumera como fundamentos do Es- delas. Das que estão em idade escolar, 3,6%
tado Democrático de Direito, a soberania, a ainda não estavam matriculadas. Mais de 2
cidadania, a dignidade da pessoa humana, milhões de crianças entre 7 e 14 anos já tra-
os valores sociais do trabalho e da livre inicia- balhavam e não estudavam. Dentre estas,
tiva e o pluralismo político. Aos cidadãos bra- 800 mil acabarão envolvidas nas formas mais
sileiros e aos estrangeiros residentes no país degradantes de trabalho, inclusive na prosti-
são garantidos constitucionalmente direitos tuição infanto-juvenil.
civis e políticos (o direito à opção política; a Por isso é preciso, também, criar estra-
liberdade de associação; a liberdade de opi- tégias para manter as crianças e, especial-
nião e de expressão; o direito de não ser sujei- mente, os jovens estudando com qualidade.
to a prisão e detenção arbitrárias) e também Das crianças matriculadas, cerca de 21,7%
os direitos sociais e econômicos (o direito à repetem o mesmo ano letivo, algumas por
propriedade, à saúde, à habitação, à educa- até três vezes consecutivas, marcadamente
ção, à alimentação, ao trabalho e ao acesso entre crianças negras e pobres.
aos bens culturais e de lazer), de acordo com Em estudo recente e amplamente di-
o art. 6o da Constituição Federal Brasileira. vulgado, o Instituto de Pesquisa Econômica
Assim, também, a Lei de Diretrizes e Aplicada (IPEA) apontou para uma curva
Bases da Educação Brasileira-LDB (1996) de desenvolvimento escolar na perspectiva
acolhe os Direitos Humanos como um de de idade, gênero e raça/etnia muito preocu-
seus princípios centrais, ao afirmar que “a pante. Alunos negros, especialmente mulhe-
educação, dever da família e do Estado, ins- res jovens, apresentam uma maior queda na
pirada nos princípios de liberdade e nos relação do nível de escolaridade compatível
ideais de solidariedade humana, tem por fi- com sua idade se comparados com alunos
nalidade o pleno desenvolvimento do edu- brancos. No ensino superior a situação é ain-
cando, seu preparo para o exercício da cida- da mais dramática. O Brasil entra no século
dania e sua qualificação para o trabalho” XXI com apenas 37,5% dos 3,2 milhões de
(LDB, art. 2o). jovens que terminaram o ensino médio, isto
Os Direitos Humanos são universais, é, 1,2 milhão de estudantes nas universida-
interdependentes e indivisíveis. Em decor- des. O mais gritante é que o ensino superior
rência disso, não há por que necessitar esco- tem servido para aumentar a distância entre
lher entre ter qualidade de vida ou liberdade as classes sociais. Pesquisa realizada em 2002
política, ou entre ter direitos individuais ou entre seis grandes universidades brasileiras
coletivos, e assim por diante. Em outras pala- apontou que apenas 17% dos alunos são pre-
vras, os Direitos Humanos são indissociáveis tos ou pardos, proporção três vezes menor
de elementos primordiais como a paz, o de- do que o contingente de 45% de pretos e par-
senvolvimento e a democracia. dos em nossa sociedade, segundo os dados
Muito se fala sobre a dívida histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
brasileira com uma grande parte de sua po- tica (IBGE). Sabe-se da estreita relação entre
pulação, cujos Direitos Humanos continuam nível de escolaridade e inserção ocupacional
sendo sistematicamente desrespeitados até o e de renda, profundamente desigual entre
presente momento. No entanto, para além da aqueles com diploma universitário e o res-
figura de retórica, o Estado brasileiro deve tante da população.
enfrentar essa questão de maneira democrá- Há, ainda, no universo educacional,
tica, transparente, buscando sempre a parti- problemas relacionados à garantia dos Di-
cipação da sociedade como única maneira de reitos Humanos de grupos sociais específi-
romper o ciclo de pobreza e desigualdade cos, como negros, indígenas, homossexuais
gerador de discriminação e violência. e mulheres, devidos à forte associação entre

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as desigualdades educacionais e as desigual- agressão motivada por sua orientação sexu-


dades de sociais e econômicas. al diferenciada, 58,5% declararam já haver
Sabe-se que o quadro de discriminação experimentado discriminações, humilhações,
racial na educação é o mesmo há mais de ameaças e outros problemas dentro de suas
três gerações. No universo dos jovens com escolas. A violência contra as transgêneros
25 anos de idade, os brancos ainda possuem é ainda maior. Apenas 30% das transgêneros
maior escolarização. Os jovens brancos estu- possuem o ensino fundamental completo.
dam em média 2,3 anos a mais que os jovens Uma vez que, em média, 30% dos jovens ho-
negros. Decorre disso a dificuldade dos jo- mossexuais declaram ter sua primeira rela-
vens negros ingressarem nas universidades ção sexual antes dos 14 anos de idade, é im-
ou até mesmo disputarem melhores coloca- portante tratar a questão da sexualidade hu-
ções no mercado de trabalho. mana e outros temas relativos, tais como abu-
O Brasil tem hoje 218 povos indígenas, so, violência e discriminação sexual desde as
que falam mais de 180 línguas. Das quase primeiras etapas do ensino fundamental.
500 mil pessoas com 15 anos ou mais que se Também se sabe que a exclusão da
declararam indígenas, segundo o Censo mulher é secular, desdobrando-se no campo
Demográfico de 2000 do IBGE, 75% não da cultura, da educação, do trabalho e das
possuíam Ensino Fundamental completo. É políticas sociais. As mulheres são as maiores
importante notar que a oferta de educação vítimas de todos os tipos de discriminação e
escolar aos povos indígenas deve estar estrei- violência, independentemente de raça, classe
tamente vinculada ao sentido dessa educa- social e idade. O problema se agrava entre as
ção a qual precisa respeitar a diversidade lin- mulheres pobres e analfabetas, que não conhe-
güística, a diversidade e os projetos próprios cem seus direitos. Mesmo que hoje em dia elas
do escopo cultural característico de cada ocupem a maioria das matrículas nos diferen-
grupo específico. tes níveis de ensino, esse dado esconde varia-
O levantamento do Censo da Educa- ções regionais e conforme a faixa etária. Se
ção Indígena de 1999 realizado pelo Institu- entre os analfabetos jovens as mulheres são
to de Estudos e Pesquisas Educacionais minoria, entre as pessoas acima de 40 anos
(INEP) mostrou, o Brasil possuía 93.037 alu- elas passam a suplantar os homens. Mães alfa-
nos matriculados em escolas indígenas no betizadas melhoram o nível de vida da famí-
País, a maior parte concentrada no ensino lia: seus filhos se mantêm na escola por mais
fundamental. Havia também 74.931 estu- tempo, aumenta o acesso de todos os mem-
dantes índios. Nas 1.392 escolas indígenas bros aos demais direitos sociais, em suma,
então existentes no País, trabalhavam 3.998 aumenta a inclusão social e educacional.
professores e desse total, 76,5% eram de ori- Uma vez exposto o cenário atual e os
gem indígena. Esses são dados numéricos desafios a serem enfrentados, pode-se vislum-
importantíssimos para o estabelecimento de brar algumas perspectivas de ação futura.
políticas públicas efetivas na área da educa- Ultimamente, já se pode perceber alguns
ção indígena. avanços para a efetivação do projeto de uma
No Brasil, outra questão a ser conside- nação cidadã, mais participativa e mais atenta
rada é a da discriminação com base na ori- ao respeito à diversidade. O atual governo tem
entação sexual. Embora existam poucas es- se colocado disposto a reverter o quadro gera-
tatísticas oficiais a respeito, o que em si já é do por políticas educacionais conservadoras
parte do problema, sabe-se que a homofobia e elitistas. A educação é estratégica para o
– aversão aos homossexuais – é prática coti- desenvolvimento nacional, é bem público, é
diana no Brasil: em casa, na rua, no traba- instrumento do processo democrático.
lho, nos meios de comunicação e também nas Os sinais da institucionalização do dis-
escolas. A discriminação contra homossexu- curso dos Direitos Humanos no Brasil são
ais no âmbito educacional é grave, gerando claros. O fortalecimento da Secretaria Espe-
grande parte da violência nas escolas. Em cial de Direitos Humanos (SEDH) e a criação
recente estudo realizado no Rio de Janeiro, da SEPPIR–Secretaria Especial de Promoção
revelou-se que quase 60% dos entrevistados de Políticas de Igualdade Racial são alguns
já haviam sido vítimas de algum tipo de deles. Um dos resultados mais importantes

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da atuação da SEDH foi a criação, em 9 de cesso de consolidação dos Direitos Humanos


julho de 2003, do Conselho Nacional de Edu- como pilar da vida em sociedade. A Educa-
cação em Direitos Humanos (CNEDH), o ção é um Direito Humano fundamental e por
qual vem elaborando o Plano Nacional de isso precisa ser garantido a todos. Em suas
Educação em Direitos Humanos (PNEDH). diversas formas, deve resgatar a auto-esti-
O PNEDH, no início de 2005, passa por uma ma de cada indivíduo, promovendo-o sujeito
etapa fundamental de reformulação/recons- de sua própria história, gerar participação
trução do documento por meio de consulta democrática e cidadania. Ao mesmo tempo,
à sociedade civil, a organizações não-gover- a educação é um meio indispensável para
namentais e às instituições de governo e seus assegurarem-se outros direitos.
especialistas para elaborar o texto final do A inclusão educacional, como já foi
Plano. O PNEDH tem sido fruto do trabalho dito, é condição para a inserção ocupacional
de membros da sociedade civil organizada, de melhor qualidade e para a redução da
especialistas na área de Direitos Humanos e desigualdade e da pobreza contribuindo,
educação, representantes do MEC, da SEDH assim, para a eliminação de graves obstácu-
e da UNESCO, reunidos no CNEDH. O los aos Direitos Humanos. A educação é fer-
PNEDH permite o planejamento de políti- ramenta indispensável na construção de
cas públicas de Educação em Direitos Huma- uma cultura universal dos Direitos Huma-
nos, detalhado em ações específicas, metas nos. Para que todos os cidadãos brasileiros
a alcançar e instituições responsáveis por sua sejam respeitados e saibam respeitar os Direi-
implementação. As ações estão agrupadas tos Humanos, não bastam normas e institui-
em 5 áreas temáticas: Educação Básica, En- ções vazias e inoperantes; é preciso trans-
sino Superior, Educação não-formal, Educa- formar as mentalidades. A formação de uma
ção dos profissionais dos sistemas de justiça consciência dos Direitos Humanos deve,
e segurança, Educação e Mídia. portanto, caminhar lado a lado com a conso-
Os objetivos do PNEDH, explicitados lidação do respeito aos Direitos Humanos
em sua introdução, são os de contribuir para universais.
fortalecer o estado democrático de direito, O Ministério da Educação, de acordo
enfatizar a relevância dos Direitos Humanos com os indicativos do Governo atual, deve
no desenvolvimento nacional, contribuir mostrar-se consciente de suas responsabili-
para a educação em Direitos Humanos no dades e compromissos na implementação do
âmbito dos instrumentos e programas inter- Plano Nacional de Educação em Direitos
nacionais e nacionais, estabelecer concep- Humanos (PNEDH). Por isso, o MEC deve
ções, objetivos, princípios e ações para pro- empenhar na promoção da educação como
gramas e projetos na área de educação em direito básico ao garantir o diálogo com gru-
Direitos Humanos, entre outros. pos sociais específicos especialmente os ne-
No entanto, é preciso avançar para gros, indígenas, homossexuais, entre outros,
além mera institucionalização dos Direitos ajudando, assim, a construir uma verdadei-
Humanos e de seus marcos legais. Há de se ra e duradoura cultura de Direitos Humanos
ter o compromisso do Estado na adoção e na sociedade brasileira.
estabelecimento de políticas públicas perma- O MEC, no ano de 2004, passou por
nentes voltadas para a manutenção dos Di- uma reestruturação institucional criando a
reitos Humanos. Secretaria de Educação Continuada, Alfabe-
tização e Diversidade (SECAD) com o intuito
3 O compromisso do Ministério da de articular as políticas de alfabetização e
Educação de educação de jovens e adultos com defasa-
gem educacional, além de dar maior visibili-
No âmbito do Ministério da Educação dade às políticas de garantia dos Direitos
(MEC), percebe-se, atualmente, inúmeras Humanos de grupos sociais específicos –
ações voltadas para a questão dos Direitos população do campo, mulheres, povos indí-
Humanos e o respeito à diversidade. O MEC, genas, afro-brasileiros e homossexuais.
hoje, demonstra entender que no Brasil a Também, em maio de 2004, ocorreu a
educação deve exercer papel central no pro- primeira reunião do Comitê de Direitos

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Humanos do MEC, cuja criação deve ser vis- Por essas ações pontuais, dentre ou-
ta como medida institucional vital para a im- tras, é que se pode perceber, por parte do
plantação do Plano Nacional de Educação Ministério da Educação, a preocupação em
em Direitos Humanos (PNEDH) em parce- valorizar a diversidade étnico-racial e cultu-
ria com o Conselho Nacional de Educação ral da população brasileira, no âmbito do
em Direitos Humanos (CNEDH). Uma das sistema educacional, bem como a preocupa-
tarefas do comitê é mapear, articular e con- ção em evitar o tratamento estereotipado de
solidar as diversas ações do MEC que lidem minorias, como as mulheres, os negros, os
com Direitos Humanos. indígenas, homossexuais e alunos com neces-
É importante salientar que todas essas sidades especiais, até mesmo nos materiais
ações podem evidenciar mudanças funda- de divulgação dos diversos projetos e ativi-
mentais na adoção de políticas públicas, espe- dades institucionais.
cialmente ao se entender que as políticas uni-
versalistas não bastam para corrigir determi- 4 Educação pelos Direitos Humanos
nadas desigualdades e injustiças, sendo neces-
sárias políticas específicas, políticas de ação Um dos eixos possíveis de atuação do
afirmativa que combatam as discriminações Ministério da Educação encontra-se na pro-
religiosas, étnico-racial, de gênero e de orien- moção da educação, entendida como Direito
tação sexual, construídas a partir das deman- Humano fundamental, que envolve ações vol-
das e necessidades de cada segmento, ampa- tadas à melhoria da qualidade do ensino e
radas pelos movimentos sociais históricos. dos níveis de acesso e permanência de crian-
O projeto de consolidação dos Direitos ças, jovens e adultos no universo educacional.
Humanos e da cidadania deve ser, portanto, No momento, o desafio maior do
um fio condutor ao conjunto de ações do Mi- governo é desenvolver e universalizar o en-
nistério da Educação, que devem ser siste- sino de qualidade em todos os seus níveis e
maticamente monitoradas, avaliadas e rea- modalidades, combatendo assim as desigual-
dequadas para o estabelecimento de políticas dades educacionais e gerando inclusão soci-
públicas permanentes. Esse fio condutor deve al. No entanto, promover a ampliação do
alinhavar os diferentes componentes, desde acesso à educação, melhorar a qualidade do
a linguagem utilizada pela Comunicação ensino, garantir a permanência e o sucesso
Social até a delimitação metodológica de es- do aluno, significa atuar em diversas fren-
tudos e pesquisas educacionais, como no tes, ampliar e projetar ações específicas, tais
caso do Instituto Nacional de Estudos e Pes- como a assistência ao aluno por meio da dis-
quisas Educacionais–INEP. tribuição de livros didáticos, atenção a sua
Responsável por estudos e pesquisas saúde, alimentação escolar, uniforme e trans-
estatísticas sobre a realidade educacional porte, bolsas escolares e outras formas de
brasileira, O INEP vem pautando seu traba- assistência financeira.
lho pela consideração de aspectos como a As ações do Ministério da Educação,
desigualdade social e diferenças culturais nesse sentido, voltam-se à melhoria da infra-
entre os alunos, as especificidades dos alu- estrutura das escolas, com atenção especial
nos com necessidades educacionais especi- aos equipamentos de tecnologia da informa-
ais, as desigualdades econômicas regionais, ção e comunicação; à oferta de material didá-
o trabalho infantil, abordados a partir de tico e pedagógico de qualidade (bem como
recortes de gênero, raça/etnia e classe social. apoio a sua produção e distribuição), acervo
O Censo Escolar e o Censo dos Profissionais bibliográfico e multimídia, laboratórios, ins-
do Magistério da Educação Básica coletarão trumental para ensino e pesquisa; ao apoio
dados, a partir de 2005, sobre a cor/etnia técnico-pedagógico, que inclui o desenvolvi-
dos alunos e violência (incluindo o abuso e mento de parâmetros curriculares, estudos
exploração sexual de crianças e adolescen- e pesquisas visando a melhoria dos métodos
tes), solicitado pela Subsecretaria de Promo- e condições de aprendizagem. Além disso, o
ção dos Direitos da Criança e do Adolescen- MEC promove a autonomia gerencial do sis-
te e pelo Conselho Nacional de Combate à tema por meio da distribuição de recursos.
Discriminação–CNCD. A criação do Fundo de Manutenção e

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Desenvolvimento da Educação Básica- da Educação, por intermédio do Fundo Na-


FUNDEB, em substituição ao Fundo e De- cional de Desenvolvimento da Educação
senvolvimento do Ensino Fundamental e (FNDE), presta assistência financeira a ações
Valorização do Magistério (FUNDEF), é um de alfabetização e formação de alfabetizado-
exemplo disso. O FUNDEB deve financiar res de jovens e adultos em parcerias com enti-
todos os níveis da Educação básica e signifi- dades federais, estaduais, municipais e pri-
cará, mais verbas para a melhoria da quali- vadas de ensino superior e Organizações
dade de ensino nas redes públicas dos profis- Não-Governamentais. No ano de 2003, em
sionais da educação, com a garantia de um 2.463 municípios, formaram-se 87.703
piso salarial nacional para o magistério. alfabetizadores e 1.962.996 alfabetizandos.
Por meio do desenvolvimento e do uso Como forma de garantir a participação da
pedagógico das tecnologias de informática sociedade civil organizada no Programa Bra-
e de telecomunicações, executados pela Se- sil Alfabetizado, foi instituída a Comissão
cretaria de Educação a Distância (SEED), o Nacional de Alfabetização, com caráter con-
Ministério da Educação tem procurado am- sultivo e de assessoramento ao Ministério da
pliar a oferta de educação em todos os níveis Educação. Também foi criada a Comissão
e modalidades por meio de programas tais Técnica de Leituração, composta por oito
como o Programa TV Escola que trabalha professores especialistas na área, com a atri-
com uma série de vídeos educativos sobre buição de avaliar e selecionar obras de litera-
temas variados, inclusive os Direitos Huma- tura e de informação a serem distribuídas
nos o Programa Rádio Escola com a função por meio do Programa Brasil Alfabetizado.
original para a capacitação de professores,
mas que atendeu, em 2004, cerca de 40 mil 5 Educação para os Direitos Humanos
escolas públicas de ensino básico equipan-
do-as com TVs, vídeos cassetes e antenas De certa forma, o Ministério da Educa-
parabólicas, além de espaços de formação ção, por meio da adoção de políticas de ação
de competência, criados em parcerias com afirmativa, tem respondido às principais ten-
as Secretarias Estaduais de Educação. dências do discurso de Direitos Humanos,
O Ministério da Educação, por meio como o reconhecimento e a garantia dos
da Secretaria de Educação Profissional e Direitos Humanos de grupos sociais especí-
Tecnológica (SETEC), ao entender que a edu- ficos (afro-brasileiros, indígenas, portadores
cação promotora de cidadania deve integrar de necessidades especiais, homossexuais,
o mundo da escola e o do trabalho, compro- mulheres, alunos com necessidades educacio-
mete-se em reconhecer e legitimar as compe- nais especiais, entre outros) e o respeito às
tências adquiridas em outros contextos fora suas demandas particulares.
do ambiente escolar ou cursos regulares Dentre os programas e as ações afir-
presenciais ou a distância, isto é, na prática mativas incluem-se aquelas que visam pres-
profissional cotidiana. Para suprir a extinção tar educação igualitária, gratuita e de quali-
dos exames supletivos profissionalizantes, dade aos alunos com necessidades educacio-
em 1996, foi constituído um grupo de traba- nais especiais, à população do campo, aos
lho interministerial com a finalidade de ela- povos indígenas, às comunidades remanes-
borar mecanismos para avaliar e certificar centes Quilombolas, às crianças, jovens e
competências constituídas livremente por adultos em situação de vulnerabilidade so-
jovens e adultos trabalhadores. cial e discriminação étnico-racial, de gênero
Outro programa que sinaliza para a e de orientação sexual.
promoção do acesso e permanência dos alu- Esses programas e ações distinguem-
nos nas escolas é o Programa Brasil Alfabe- se daqueles descritos anteriormente porque
tizado. Desde o segundo semestre de 2003, possuem caráter eminentemente de ação
esse programa busca formas para ampliar o afirmativa, dotando recursos diretamente
acesso e a continuidade da escolarização em aos grupos beneficiados, como os grupos qui-
todos os níveis para aproximadamente 16 lombolas ou visando uma ação específica,
milhões de jovens brasileiros acima de 15 como, por exemplo, a formação de professo-
anos que estão fora das escolas. O Ministério res indígenas ou a compra de equipamentos

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para a gravação em Braille; além de leva- os gestores públicos da área de educação, so-
rem em consideração os direitos, interesses bre o racismo, violência e discriminações
e necessidades particulares de cada grupo correlatas nas escolas; além da difusão de
social por eles definidos. subsídios para a implementação do artigo 26-
Dentre as principais políticas desenvol- a da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
vidas no campo das ações afirmativas nos Nacional (LDB), reforçado pela Lei N. 10.639,
dois últimos anos destacam-se os programas referentes à obrigatoriedade do estudo da his-
Brasil Quilombola, Diversidade na Univer- tória da África e da cultura negra brasileira.
sidade, Educação Indígena e o Programa Quanto à Educação indígena, o Minis-
Brasil Sem Homofobia. tério da Educação conta, para o período en-
O Programa Brasil Quilombola conta tre os anos de 2004 e 2007, com ações, em
com cerca de 700 áreas denominadas “re- parceria com as Secretarias Estaduais e Mu-
manescentes de quilombos”. As comunida- nicipais de Educação, de organizações da
des quilombolas buscam a posse coletiva da sociedade civil indígenas e não-indígenas,
terra, por possuírem identidade étnico-cul- universidades e Fundação Nacional do Índio
tural predominantemente de ascendência (FUNAI), com projetos de formação de pro-
negra, em áreas originárias de antigos qui- fessores indígenas para o magistério inter-
lombos, em sua maioria localizadas em zo- cultural em suas comunidades, produção,
nas rurais de difícil acesso. O Programa Brasil publicação e distribuição de materiais didá-
Quilombola está dirigido ao fortalecimento ticos indígenas em língua nativa ou bilíngüe
do ensino fundamental nessas comunidades, português e a criação de instâncias de parti-
implicando a formação continuada de pro- cipação e controle social indígenas, em aten-
fessores a elaboração, produção e difusão de dimento ao que estabelece a legislação bra-
material didático e para-didático. Em 2003, sileira e outras convenções internacionais,
foram destinados recursos do FNDE, para como a Convenção no 169 da Organização
apoio financeiro a programas e projetos edu- Internacional do Trabalho-OIT sobre Povos
cacionais executados por entidades gover- Indígenas e Tribais, promulgada em 20 de
namentais e não-governamentais. Foram abril de 2004.
aprovados 14 projetos, resultando na capa- Além dessas ações também estão em
citação de 35 professores e no atendimento discussão as diretrizes para o ensino médio
de 811 alunos. indígena, de acordo com as demandas de
O Programa Diversidade na Universi- afirmação das identidades étnicas e da sus-
dade está voltado à elaboração de políticas tentabilidade dos territórios indígenas. Dan-
de ação afirmativa de acesso e permanência do continuidade a atividades desenvolvidas
de afro-brasileiros e indígenas no ensino supe- pelo Programa Diversidade na Universida-
rior tanto por meio de dotação de bolsas de de, em 2004, foram realizados vários semi-
estudo em cursos pré-vestibulares, quanto por nários, congregando representantes dos po-
meio do apoio a projetos educacionais inova- vos indígenas e gestores municipais, esta-
dores voltados à Educação para a Diversida- duais e federais de educação, para discutir
de, no âmbito do Ensino Médio. Em 2003 fo- políticas para a educação escolar indígena.
ram contemplados 27 cursos pré-vestibulares Em julho de 2003 foi instituído pelo
(Projetos Inovadores de Curso–PICs) e dois Ministério da Educação o Grupo Permanente
Projetos Piloto de formação de professores de Trabalho de Educação do Campo. Em
para o ensino médio indígena na Terra Indí- outubro de 2003, após a realização do Semi-
gena do Xingu-MT e no estado da Bahia. Até nário Nacional de Educação do Campo, no
o momento foram contemplados 9 estados final de 2003, foi publicado, em fevereiro de
(RS, MG, RJ, SP, MT, MS, BA, MA, PA), ten- 2004 o caderno de subsídios “Referências
do sido atendidos em torno de 6.000 alunos. para uma Política Nacional de Educação no
Em 2004, a Secretaria de Educação Campo”. A Coordenação Geral de Educa-
Continuada, Alfabetização e diversidade ção do Campo (CGEC) da Secretaria de Edu-
(SECAD) promoveu 20 Fóruns Estaduais so- cação Continuada e Diversidade, criada em
bre Educação e Diversidade Étnico-Racial, meados de 2004, realizou, neste mesmo ano,
com o objetivo incentivar a discussões, entre vários seminários estaduais, em que gestores

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e movimentos sociais discutiram políticas conhecimentos que contribuam para o com-


públicas de educação voltadas para a popu- bate à violência e à discriminação de GLTB;
lação do campo. além de criar o Sub-comitê de Educação em
Outro segmento social específico e vul- Direitos Humanos no Ministério da Educação
nerável que tem merecido a atenção por par- para acompanhar e avaliar as diretrizes
te do Ministério da Educação, por meio da traçadas, com a participação do movimento
Secretaria de Educação Especial (SEESP), são de homossexuais.
os portadores de deficiência física. As ações
programadas por esta Secretaria visam à 6 Educação em Direitos Humanos
promoção da educação especial como fator
de inclusão escolar, garantindo o acesso e a As ações educativas em Direitos Huma-
permanência dos alunos com necessidades nos compreendem a formação de profissio-
educacionais especiais nos sistemas de ensi- nais e alunos dentro do discurso dos Direitos
no. Os programas têm como substrato a as- Humanos, a partir, principalmente, da inser-
sistência financeira e suplementar aos siste- ção do tema nos currículos de todos os níveis
mas municipais e estaduais de ensino, de e modalidades educacionais e dos cursos de
acordo com as Resoluções do FNDE. Dentre formação de profissionais envolvidos na edu-
as principais ações programadas pela SEESP cação, enfatizando a educação como instru-
estão a disseminação do conhecimento sobre mento de desenvolvimento de valores, crenças
Educação Especial, a distribuição de mate- e atitudes em favor dos Direitos Humanos:
rial especializado e de livros e textos no Sis- educando para o respeito aos direitos e liber-
tema Braille, a aquisição de equipamentos e dades fundamentais, para a prática da tole-
adaptações de prédios escolares, o apoio edu- rância e do respeito à diversidade cultural,
cacional a crianças e adolescentes em situa- étnico-racial, de gênero e de opção sexual e
ção de discriminação e vulnerabilidade social para a prática da cidadania livre e ativa.
e a profissionalização de portadores de ne- Em grande medida, as políticas de edu-
cessidades especiais. cação em Direitos Humanos, descritas neste
Por fim, mas não menos importante, o item fazem parte dos itens anteriores, as
Ministério da Educação encontra-se compro- quais objetivam alcançar e incluir grupos
metido, desde maio de 2004, com o lançamen- populacionais específicos e/ou vulneráveis.
to nacional do Programa Brasil Sem Homo- Colocando de forma mais direta, sabe-se que
fobia de Combate à Violência e à Discrimina- não há como defender os Direitos Humanos
ção Contra GLTB e de Promoção da Cidada- de mulheres, afro-brasileiros, indígenas, por-
nia Homossexual, com ações destinadas à tadores de necessidades especiais, homosse-
promoção do respeito à diversidade sexual e xuais, entre outros, sem educar toda a socie-
ao combate às várias formas de violação dos dade para o respeito à diversidade. Portan-
Direitos Humanos de gays, lésbicas, trans- to, a distinção que se faz aqui atende muito
gêneros e bissexuais (GLTB). No Programa de mais a razões meramente conceituais, enfa-
Ações, em seu capítulo V, que trata sobre o tizando a educação em Direitos Humanos
Direito à Educação: Promovendo Valores de como ações voltadas especificamente à di-
Respeito à Paz e à Não-discriminação por vulgação do discurso dos Direitos Humanos,
Orientação Sexual, o Ministério da Educação com ênfase na elaboração, produção e di-
se compromete a elaborar diretrizes para vulgação de material didático ou para-didá-
implementação de ações que comprovam o tico e em cursos de formação, habilitação
respeito ao cidadão e não discriminação por tanto de alunos quanto de profissionais, no
orientação sexual; fomentar e apoiar curso de geral, e, especificamente de profissionais e
formação de professores e material de apoio; gestores da área de educação.
formar equipes multidisciplinares para ava- Por isso, a educação em Direitos Hu-
liar livros didáticos e eliminar aspectos dis- manos deve prever ações que envolvam a
criminatórios e homofóbicos; produzir mate- formação de profissionais e a produção, dis-
riais educativos (filmes, vídeos e publicações) tribuição e difusão de material didático, pe-
sobre orientação sexual e superação da dagógico e para-didático em educação para
homofobia; estimular pesquisa e difusão de o respeito às diferenças de gênero, raça, etnia

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e orientação sexual, a realização de pesqui- cação em parceria com a Secretaria Especial


sas, estudos e levantamentos sobre as rela- de Direitos Humanos e a UNESCO, tem como
ções étnico-raciais, de gênero e orientação objetivo fomentar metodologias em educação
sexual. Tais como as várias ações já descritas nesta temática e sua inserção no projeto peda-
anteriormente e que fazem parte dos planos gógico das unidades escolares, junto à popu-
de ação do Ministério da Educação para o lação de adolescentes e de jovens que, majo-
período de 2004 a 2007. ritariamente, freqüenta os ensinos fundamen-
Dentre as principais políticas voltadas tal e médio das escolas públicas do país. Sua
especificamente para a difusão do discurso premissa é o envolvimento de gestores, orga-
dos Direitos Humanos como conteúdo curri- nizações da sociedade civil, professores, jo-
cular em diversos níveis de ensino destaca-se vens e familiares em cada localidade e estado
o Programa Ética e Cidadania: construindo selecionados para o projeto-piloto (há a pre-
valores na escola e na sociedade. visão é de sev contemplar o Distrito Federal e
Este Programa engloba ações de De- uma cidade em cada um dos seguintes esta-
senvolvimento Profissional Continuado que dos: Minas Gerais, Espírito Santo e Pernam-
tem como objetivo aprofundar e incentivar buco). Os focos do projeto são a elaboração
ações educativas que levem à formação éti- de metodologias para a formação de educa-
ca e moral da comunidade escolar. dores para a Paz, a mediação de conflitos e a
Dessa forma, o Programa Ética e Cida- mobilização social, bem como a promoção do
dania está voltado para a formação docente protagonismo juvenil, visando ao fortaleci-
e o fortalecimento de outras ações que viabi- mento da capacidade de organização das ju-
lizem o protagonismo de alunos na constru- ventudes para o combate à violência e a dis-
ção da ética e da cidadania. seminação da cultura de paz. Foram produ-
A implementação do Programa con- zidos e distribuídos mais de 15 mil exempla-
templa intervenções em quatro grandes res de duas publicações: “Sair do papel” e
eixos: ética, convivência democrática, Di- “Geração da Paz”, alcançando milhares de
reitos Humanos e inclusão social. Cada um instituições educativas da sociedade civil e de
dos eixos temáticos corresponde a um vo- escolas do ensino médio.
lume do material de orientação produzido No âmbito da Educação Ambiental, a
pelo MEC e encaminhado às escolas parti- Conferência Nacional Infanto-Juvenil de Meio
cipantes, além de um módulo de apresen- Ambiente, desenvolvida conjuntamente pelos
tação do Programa e de um de Informações Ministérios da Educação e do Meio Ambiente,
Bibliográficas e Documentais. estabeleceu diretrizes para o envolvimento de
A participação das escolas do ensino grupos sociais específicos durante o processo
fundamental e médio se dá por meio de ade- de mobilização realizado no ano de 2003,
são voluntária dos sistemas de ensino esta- com adesão voluntária inicial de quase 16.000
duais e municipais ou das próprias escolas, escolas em todo o país.
cabendo a cada uma delas a criação de O Programa de Formação Ambiental
Fóruns Escolares de Ética e Cidadania. A Continuada “Vamos Cuidar do Brasil com
partir destas iniciativas, as escolas passam a as Escolas”, iniciado no segundo semestre de
integrar oficialmente o Programa Ética e Cida- 2004, responde à construção de valores em
dania, habilitando-se ao recebimento de consonância com o princípio do respeito aos
apoio, informações e distribuição gratuita de Direitos Humanos e o fomento a uma cultura
recursos didáticos necessários ao desenvolvi- de paz.
mento das ações. Concluindo este item, a temática da
Em 2004, o Programa contemplou cer- cidadania e dos Direitos Humanos também
ca de 224 municípios brasileiros com mais está presente como conteúdo programático
de 100 mil habitantes, atendendo cerca de dos programas TV Escola e Rádio Escola, bem
21.000 escolas, 15.000 alunos do ensino fun- como nos exames de avaliação da competên-
damental e 10.000 alunos do ensino médio. cia escolar. O ENEM, por exemplo, já inclui
Outro projeto Educação em Direitos temas de redação sobre Direitos Humanos,
Humanos e Cultura de Paz, elaborado em promovendo a ampliação da reflexão por
2004, numa iniciativa do Ministério da Edu- parte dos alunos ao mesmo tempo em que

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154 José Zuchiwschi

instiga o Sistema Educacional a incorporá- Humanos incorpora a compreensão de cida-


la nos currículos. Em 2004 foram agraciados dania democrática, cidadania participativa
com o Prêmio Direitos Humanos, da Secreta- local e planetária, embasadas nos princípios
ria Especial de Direitos Humanos, estudantes da liberdade, da igualdade, da diversidade,
do Ensino Médio que participaram de con- e na universalidade, indivisibilidade e inter-
curso de redação sobre o tema, com o apoio dependência dos direitos. A democracia, ao
e colaboração do Ministério da Educação. ser entendida como regime alicerçado na so-
berania popular e no respeito integral aos
7 Considerações finais Direitos Humanos, é fundamental para o re-
conhecimento, a ampliação e a concretização
Como vimos, a educação é tanto um dos direitos.
direito humano em si mesmo, como um meio Nesse entendimento, o processo de
indispensável para realizar outros direitos, construção da cidadania participativa re-
constituindo-se em um processo extensivo a quer, necessariamente, a formação de cida-
todos os campos da vida social. A educação dãos conscientes dos seus direitos e deveres,
ganha maior importância quando direciona- e protagonistas da materialidade das normas
da ao pleno desenvolvimento humano e às e pactos que os regulamentam, o que inclui,
suas potencialidades e a elevação da auto- também, a solidariedade internacional e o
estima dos grupos socialmente excluídos, de compromisso com outros povos e nações.
modo a efetivar a cidadania plena não só Esta nova perspectiva educacional de
para a construção de conhecimentos, mas, interpretação dos fenômenos sociais, cultu-
sobretudo para o desenvolvimento de valo- rais e políticos proposta é um estímulo à con-
res, crenças e atitudes em favor dos Direitos figuração de sociedades democráticas aber-
Humanos, na defesa do meio ambiente sau- tas, pautadas em uma nova consciência ca-
dável, da paz e da justiça social. paz de compreender a condição do mundo
Essa compreensão é referendada tan- humano, definindo novos caminhos para a
to na Declaração Universal dos Direitos construção da cidadania.
Humanos, quanto no Pacto Internacional dos Por isso, mais do que tudo, a importân-
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ao cia da participação da sociedade, especial-
reconhecerem que toda pessoa tem direito à mente a dos grupos sociais vulneráveis orga-
educação orientada para o pleno desenvol- nizados, na priorização, implementação,
vimento de sua personalidade e o fortaleci- acompanhamento e avaliação de programas,
mento do respeito aos Direitos Humanos e projetos e ações na área de educação inclu-
às liberdades fundamentais. siva e afirmativa para o estabelecimento de
Também no âmbito nacional, a Lei de políticas públicas continuadas.
Diretrizes e Bases da Educação (LDB) esta- Essa participação social requer meios e
belece que educar em Direitos Humanos é instrumentos que garantam não apenas sua
fomentar uma prática educativa “inspirada visibilidade, mas também voz e voto nas deci-
nos princípios de liberdade e nos ideais de sões governamentais, sejam por meio de con-
solidariedade humana, com a finalidade do selhos, comitês ou grupos de trabalho. Há de
pleno desenvolvimento do educando, seu se ter, também, transparência quanto às
preparo para o exercício da cidadania e sua ações, especialmente quanto à aprovação e o
qualificação para o trabalho” (LDB, art. 2o). gerenciamento de projetos, com a dotação de
Uma vez entendida a importância da verbas, os objetivos e as metas bem definidas.
educação para a criação de uma cultura uni- Todo o processo de acompanhamento
versal dos Direitos Humanos, direcionada ao e de avaliação das Políticas Educacionais
fortalecimento do respeito aos direitos e li- deve ser dotado de instrumentos de coleta
berdades fundamentais de todos, ao pleno de informações estatístico-educacionais em
desenvolvimento humano com dignidade, à âmbito nacional, referentes não apenas aos
prática da tolerância, do respeito à diversi- aspectos numéricos ou quantitativos, mas
dade e à cidadania para uma sociedade li- também os aspectos qualitativos, como, por
vre e democrática, pode-se entender, tam- exemplo, a qualidade dos processos peda-
bém que a relação entre Educação e Direitos gógicos e o impacto sobre a população aten-

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dida. De nada adiantam bons programas Notas


sem a avaliação constante do andamento das 1
O presente relato é resultado do colóquio “Educação
políticas públicas que se pretendam perma- e Direitos Humanos” de que participou o Prof. José
nentes. Zuchiwschi no Programa de Mestrado em
Somente com tais informações levan- Desenvolvimento Local da Universidade Católica
Dom Bosco em Campo Grande, Mato Grosso do Sul,
tadas é que todos os esforços para a promo- em agosto de 2004.
ção, a ampliação e a melhoria da qualidade
da educação brasileira terão valido a pena. 9 Referências
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