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Senhor
aparecido
na Floresta
Lucio Mortimer
Prefácio
D
epois de ouvir críticas favoráveis ao meu estilo de
escrever, fiquei incentivado a seguir na carreira de
escritor produzindo o segundo livro. Espero não de-
cepcionar. Também não posso negar que a vida sedentária,
motivada pelo precário estado de saúde, favoreceu muito
esta realização. Precisava me ocupar para melhor conviver
com uma doença forte como é um câncer linfático.
Este livro é o símbolo de uma vitória, pois o iniciei num
momento crítico da doença. A vontade de concluí-lo era
um apelo forte para revigorar a força de vida e de cura. Gra-
ças a Deus estou vencendo.
No momento em que escrevo este prefácio comemoro o
fato de não mais precisar de quimioterapia. A doença está
controlada. Estou recuperando as energias gastas na dura
batalha pela saúde. Posso afirmar com convicção: a melhor
coisa que existe é o próprio bem-estar, proporcionado por
um corpo que funciona direito. Graças a Deus estou inteiro
e com todas as possibilidades.
Por tudo que se passou eu agradeço pois, desta forma,
pude tornar concreta esta vontade de me expressar, de con-
tar histórias. “Nosso Senhor Aparecido” quer mostrar a for-
ça de uma doutrina cabocla, capaz de tocar diferentes pes-
soas, desde a gente rude da floresta até educados e cultos
moradores de grandes centros urbanos.
Ter fé costuma ser uma prova difícil. Eu muitas vezes
viajei num oceano de dúvidas. Por exemplo, a respeito do
sacramento da eucaristia. Poderia mesmo Jesus se manifes-
tar numa hóstia? Hoje em dia vislumbro o sentido da oni-
presença do Cristo e estou escrevendo a respeito do Jesus
negro. A ligação com Nossa Senhora Aparecida veio depois
de uma estadia em São Paulo, junto com os irmãos daimis-
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Nosso Senhor Aparecido
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Agradecimentos
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Capítulo i
Em busca dos
auasqueiros acreanos
“Sou pequeno e tenho amor
Bem-aventurado filho do Pai Criador”
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epois de um ano de andanças pelo Nordeste do Bra-
sil, pelas praias e pelo sertão e de muitas aventuras,
segui para o Amazonas fazendo a rota de conquista
da imensidão verde trilhada há muitos anos pelo povo nor-
destino, desbravador dos velhos seringais. Os tempos são
outros. Não mais se arregimentam as pessoas para ir pro-
duzir borracha. Na verdade, eu não tinha nenhum compro-
misso com o trabalho. O destino era só caminhar sem se
preocupar com o dia da chegada.
Foi no começo de 1975, naqueles tempos memoráveis em
que os jovens rompiam com os compromissos institucionais,
botavam uma mochila nas costas e saíam pelo mundo “ca-
minhando contra o vento, sem lenço e sem documento”, na
onda da contracultura e do ripismo. Estou indo para a flo-
resta na busca de algo especial. Quero conhecer a ayahuasca.
Nos primórdios da década de 1970 ouvi falar da velha bebida
indígena. Bastou-me uma única referência para ser tomado
de grande curiosidade que finalmente vou desvendar.
Há dois anos estou pelas estradas comungando o gran-
de Brasil, vivendo a emoção de ser um peregrino. Primeiro
no Sul, depois o Nordeste e finalmente na rota do Norte, do
Amazonas. A princípio, o objetivo ou o sonho era alcançar
o México. Chegar à terra de Don Juan, mestre de Carlos
Castañeda, autor de best-sellers que aguçavam a curiosidade
dos jovens para a magia das primitivas religiões da América.
Eu possuía alguma bagagem intelectual, pois havia feito o
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