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1. Definir Febre Reumática.

A Febre reumática é uma complicação não supurativa que pode ocorrer cerca de
duas a três semanas após uma infecção de orofaringe causada pelo estreptococos
beta-hemolítico do grupo A, acometendo crianças e adolescentes na faixa etária de
cinco a 15 anos. Apenas 0,3-3% dos pacientes com angina estreptocócica
desenvolvem essa complicação, parecendo haver uma predisposição genética ainda
não esclarecida completamente.  O mecanismo patogenético envolvido na origem
da doença parece estar ligado a uma reação cruzada de anticorpos, produzidos
contra produtos do estreptococos com estruturas do indivíduo afetado (mimetismo
molecular), desencadeando todo o processo inflamatório. É a enfermidade
reumática mais frequente e a principal causa de cardiopatia, adquirida na infância e
na adolescência.  

Resumindo: é uma doença inflamatória que ocorre após um episódio de amigdalite


bacteriana provocada por Streptococcus, tratada inadequadamente. Pode atingir as
articulações, o coração e o cérebro, deixando sequelas cardíacas graves, com
consequências por toda a vida e podendo levar à morte. A doença ocorre em surtos,
se não for prevenida, e a cada surto aumenta a chance de ocorrerem lesões
cardíacas graves. 

A fisioterapia estabelece a capacidade funcional do paciente promovendo maior


independência e qualidade de vida. O tratamento de fisioterapia consiste em avaliar
a dor, combater o processo inflamatório, preservar a amplitude articular e a
atividade muscular, prevenir deformidades, promover o bem-estar físico, psíquico e
social, assim como melhorar a qualidade de vida dos doentes.

2. Explicar Hemofilia, descrevendo suas Manifestações Clínicas. 

A hemofilia é uma doença hemorrágica congênita (hereditária) caracterizada pela


deficiência de uma proteína plasmática (fator) da coagulação. Na hemofilia A, ocorre
deficiência do fator VIII (FVIII), e na hemofilia B, do fator IX (FIX).
Consequentemente, ocorre uma redução da formação de trombina, fator essencial
para a coagulação do sangue. Em ambos os tipos de hemofilia, as características de
hereditariedade, o quadro clínico e a classificação são semelhante.

Em aproximadamente 30% dos casos de hemofilia, não há relato de casos


semelhantes na família, sendo estes resultantes de novas mutações que podem
ocorrer tanto em mulheres quanto em homens.

A magnitude das manifestações hemorrágicas nas hemofilias varia conforme o grau


de deficiência do fator. Assim, em pacientes com as formas graves da doença, as
primeiras hemorragias geralmente ocorrem antes do segundo ano de vida. As
hemorragias ocorrem principalmente sob forma de hematomas e hemartroses,
sendo esta última uma das manifestações mais características da doença. As
hemorragias podem, ainda, ocorrer sob forma de hematúria (sangue na urina),
epistaxe (sangue nasal), melena/hematêmese (sangue nas fezes) e sangramentos
internos para cavidade abdominal, torácica e retroperitonial, além de hemorragia
intracraniana. As hemartroses, que são sangramentos dentro de uma articulação,
afetam mais frequentemente o joelho, o cotovelo e o tornozelo. As hemartroses de
repetição, quando não tratadas, estão associadas à degeneração articular, chamada
de artropatia hemofílica, tendo como consequência dor, deformidades articulares e
impotência funcional grave.

Hematomas musculares

O hematoma muscular é a segunda manifestação mais frequente do aparelho


musculoesquelético. Nas extremidades superiores, os hematomas atingem os
músculos da porção anterior do antebraço. Já na extremidade inferior, os
hematomas afetam principalmente os músculos íleo-psoas, gêmeos e o quadríceps.
Traumas diretos ou estiramentos durante a marcha e as atividades normais, bem
como durante o sono, ou muitas vezes não identificados (espontâneos) se associam
ao aparecimento. O sangramento continua até que a pressão intramuscular se iguale
à pressão intravascular dos vasos sanguíneos lesionados. Devido a isto, o
sangramento é mais frequente em tecidos frouxos do que em tecidos submetidos à
tensão.

Com o tempo, há reabsorção do sangue e substituição das fibras necrosadas por


tecido fibroso, ocasionando a perda de elasticidade e o encurtamento muscular. Se a
quantidade de sangue extravasado for muito grande, os fagócitos não conseguem
reabsorver todo o sangue e ocorre a formação de cápsulas e cistos.

Manifestações clínicas

O hematoma muscular se manifesta de maneira mais insidiosa do que a hemartrose.

O primeiro sintoma pode ser apenas uma sensação de incômodo. A dor se instala de
48 a 72 horas após o trauma, em função da distensão das fibras musculares. Quanto
menor o espaço para o sangue se expandir, maior a tensão e maior a sintomatologia.
A

extremidade afetada adota uma posição antálgica, devido à contratura muscular


subsequente, que limita a mobilização da articulação subjacente.

Hemartrose aguda: são definidas como sangramentos intra-articulares recentes


provocados (com causa aparente) ou espontâneos (sem causa aparente). 

Antes do aparecimento dos sintomas clínicos, o paciente pode perceber uma aura,
caracterizada por formigamento, dormência, alteração da mobilidade ou “fisgada” no
local. 

Se nesta fase o sangramento intra-articular não for interrompido, a progressão da


inflamação resultará nos sinais clínicos característicos: dor, rubor, calor, edema e
impotência funcional.

O membro afetado adota uma posição antálgica, em flexão, de forma a reduzir a


pressão intra-articular e a dor. Observa-se, a seguir, uma contratura muscular
secundária, na tentativa de se evitar a mobilização. Se esse quadro não for
corretamente tratado, a contratura torna-se fixa e outros fatores são observados.
Esta posição anormal acarreta alterações mecânicas, sangramentos recorrentes e
progressiva destruição da articulação.

Hemartrose crônica:  é definida como a recorrência de hemorragias intra-articulares


mesmo antes que haja possibilidade de que a articulação se recupere do
sangramento anterior, mantendo o espaço intra-articular repleto de sangue. A
articulação que apresenta 3 hemartroses no período de 6 meses é denominada
articulação-alvo

Pacientes com hemofilia sangram dentro dos tecidos (p. ex., hemartrose, hematomas
musculares, hemorragia retroperitoneal). O sangramento pode ser imediato ou
ocorrer lentamente, dependendo da extensão do trauma e nível do fator VIII ou
fator IX no plasma. A dor acontece, com frequência, quando o sangramento começa,
algumas vezes antes de se desenvolverem outros sinais. As hemartroses crônicas ou
recorrentes podem causar sinovite e artropatia. Mesmo um balançar trivial da
cabeça pode provocar sangramento intracraniano. Sangramento na base da língua
pode ocasionar grave compressão da passagem de ar potencialmente fatal.

 Na hemofilia leve (níveis dos fatores de 5 a 25% do normal), sangramento


excessivo pode ocorrer após cirurgia ou extração de dente.
 Hemofilia moderada (níveis dos fatores de 1 a 5% do normal) quase sempre
causa sangramento após trauma mínimo.
 Hemofilia grave (nível < 1% do normal do fator VIII ou IX) causa sangramento
grave durante a vida, começando geralmente logo depois do nascimento (p.
ex., hematoma no couro cabeludo após nascimento ou sangramento
excessivo após circuncisão).

3. Descrever quais os objetivos do tratamento em uma criança com Hemofilia. 

Objetivos do tratamento fisioterapêutico em crianças com Hemofilia:

No tratamento da hemofilia, a fisioterapia tem por objetivo: 

 Aliviar a dor; 
 Auxiliar na reabsorção da hemorragia; 
 Atuar sobre o processo inflamatório; 
 Recuperar o trofismo muscular; 
 Melhorar a força muscular; 
 Melhorar a mobilidade articular; 
 Estimular a atividade física, proporcionando condição física adequada; 
 Melhorar a qualidade de vida, reduzindo os períodos de imobilização e
incentivando a prática de esportes adequados; 
 Prevenir e tratar as lesões e sequelas mediante a aplicação de métodos
fisioterápicos gerais e específicos e utilização de dispositivos ortopédicos.

Nos primeiros três anos de vida, devido às dificuldades de comunicação e


colaboração ativa, a terapêutica consiste em: 

 Prevenção passiva, com controle do meio ambiente da criança; 


 Observação e inspeção das articulações; 
 Controle da mobilidade articular, com observação da postura da criança; 
 Prevenção assistida. 

As técnicas de cinesioterapia simples e incentivo de hábitos de atividade


física adequados devem ser iniciadas quando a criança apresentar uma
colaboração ativa.

 Os pacientes que se submetem ao tratamento fisioterapêutico adequado precoce


evoluem satisfatoriamente, com controle do derrame intra-articular, alívio da
dor, manutenção da capacidade funcional das articulações, prevenindo assim
deformidades articulares, de acordo com as evoluções dos pacientes hemofílicos
que foram observadas.

4. Descrever a Intervenção Fisioterapêutica para Hemofilia. 

Ondas curtas: corrente de alta frequência e possuem efeito analgésico e anti


inflamatório. Estão indicadas para as lesões articulares crônicas (artropatia), mas
também têm sido indicadas na literatura como uma modalidade terapêutica para o
estágio agudo da lesão (articular e muscular) na forma pulsátil (OCP), por reduzirem
o edema e estimularem processos cicatriciais precoces.

TENS: possui propriedade analgésica e é indicado para as lesões articulares e


musculares. Se necessário, pode ser utilizado em qualquer fase do tratamento. ).
Promove pulsos de tensão regulares com amplitude variável

Correntes interferenciais: efeitos analgésicos, tróficos, estimulantes da circulação


venosa, que auxiliam a reabsorção de edemas e hematomas. São indicadas para as
fases subaguda e crônica.

Correntes diadinâmicas: efeitos analgésicos, tróficos e neuromotores. Também


podem ser utilizadas em déficits de força e trofismo, degeneração muscular,
contratura muscular,

rigidez articular e para a reabsorção de edemas.

FES (Estimulação Elétrica Funcional) e corrente russa: Promovem a restauração da


força e do trofismo muscular, contribuindo para melhorar a estabilidade articular.
São indicadas para as fases subaguda (se não houver dor) e crônica das lesões
musculoarticulares.

Hidroterapia: É indicada para melhorar o déficit de força muscular e a mobilidade


articular. O calor da água (33° a 38°) é eficaz para permitir os movimentos sem
dores articulares e musculares, além do relaxamento muscular. O movimento dentro
da água produz diminuição dos efeitos da força de gravidade, permitindo a
realização da atividade muscular assistida, livre ou resistida.

Contraindicações: t pacientes com hipertensão ou hipotensão arterial; t fase aguda de


hemorragia.
Tratamento
Fase aguda:
Durante a fase aguda do processo hemorrágico (primeiras 24/48h)
- Controlar a hemorragia ( hematologia)
- Manter a articulação afetada em posição mais próxima do funcional
- Eliminar a dor
P Proteção do músculo ou articulação afetada
R Repor o fator de coagulação
I Imobilizar
I Ice - Gelo
C Compressão - retarda o sangramento, reduz o edema
E Elevação - Auxilia na drenagem - reduz o edema
Durante fase aguda 
• Contração isométrica quando a dor permite 
• 5-10 contrações duas vezes por dia 
• Progresso a 15 contrações, pelo menos 3 vezes por dia
Fase sub-aguda ou período de reabsorção (após 48hs): 
• Exercicios evolutivos 
• Propriocepção 
• Eletroterapia 
Obs.: Período de reabsorção da hemartrose: 10 a 12 dias
Fase crônica (articulação livre de hemartrose):
• Recuperar e/ou manter tônus 
• Manutenção e/ou ganho de amplitude de movimento 
É importante a observação diária da articulação

É importante ressaltar que no tratamento fisioterápico, há uma abordagem


preventiva, dirigida às pessoas com risco de desenvolvimento ou repetição de uma
hemorragia e àquelas que já apresentaram um sangramento articular, seja pela
primeira vez ou após um episódio anterior. Isso melhora as condições físicas gerais,
aumentando a força e a flexibilidade dos músculos, além de propiciar maior apoio às
articulações, tendo menor probabilidade de hemorragias

5.

5. Explicar Artrite Reumatoide Juvenil, descrevendo suas Manifestações


Clínicas. 

A artrite idiopática juvenil (AIJ) é a mais comum das doenças reumáticas da infância.
É caracterizada por inflamação articular, mas pode exercer impacto sobre diversos
sistemas corporais, causando comprometimento, limitações de atividade e restrições
de participação social na criança em crescimento. Para que o quadro clínico na AIJ
seja classificado, investigam-se as características do comprometimento
musculoesquelético e também, a presença de outros critérios, como
comprometimento extra articular, além dos resultados dos exames laboratoriais,
idade e história familiar.
De acordo com a presença ou a ausência desses critérios, o quadro clínico da AIJ
poderá ser incluído em seis subcategorias: pauciarticular, poliarticular com fator
reumatoide positivo, poliarticular com fator reumatoide negativo, sistêmica,
relacionada com entesite e psoriásica. Foi criado ainda um sétimo subgrupo para
incluir aqueles casos nos quais os pacientes não se enquadram em nenhuma
subcategoria supracitada ou apresentam características de mais de uma delas. Esse
subgrupo recebeu o nome de AIJ indiferenciada.

A AIJ sistêmica responde por 10% dos casos e não tem predileção por gênero. A
média de idade de acometimento vai dos 4 aos 6 anos, mas pode ocorrer em
qualquer faixa etária. Caracteriza-se por febre intermitente, geralmente vespertina,
com duração de, no mínimo, 15 dias, associada a exantema evanescente, raramente
pruriginoso e localizado preferencialmente no tronco e na porção proximal de
membros.

A síndrome de ativação macrofágica (SAM) é a complicação mais devastadora desse


subtipo e se caracteriza por ativação de células T e macrófagos, levando a uma
resposta inflamatória sistêmica exacerbada. Os pacientes com SAM apresentam
febre, hepatoesplenomegalia, sangramento, púrpura, adenomegalia generalizada,
disfunção hepática e comprometimento do sistema nervoso, podendo evoluir para
coagulação intravascular disseminada (CIVD) e falência de múltiplos órgãos. A
presença de macrófagos na medula óssea, fagocitando células sanguíneas
(hemofagocitose), sem evidência de malignidade, é característica da SAM.

AIJ Pauciarticular (Oligoartrite): constitui o subgrupo mais comum (50% a 60% dos


casos), sendo acometidas de uma a quatro articulações. Dos pacientes, 80% são
meninas. Os joelhos e os tornozelos são as articulações mais acometidas e, quando a
doença se apresenta, 50% dos pacientes cursam com monoartrite.

AIJ Poliarticular com fator Positivo: é a forma de menor incidência da AIJ (apenas
5% dos casos), e, na maioria das vezes, se inicia entre os 12 e 16 anos. Cerca de 90%
dos casos são do sexo feminino e se apresentam com a mesma gravidade erosiva
que a artrite reumatoide do adulto. Afeta simetricamente grande e pequenas
articulações, podendo acometer precocemente ombros e quadris.

AIJ Poliarticular com Fator Negativo: A poliartrite com fator reumatoide negativo é
responsável por cerca de 20% dos casos de AIJ, predomina no sexo feminino e pode
acometer qualquer faixa etária, com picos de incidência aos 2-3 anos de idade e na
pré-adolescência, acometendo mais de 4 articulações. As manifestações extra
articulares são pouco frequentes.

AIJ relacionada com Entesite: pode se apresentar como pauci ou poliartrite com


comprometimento assimétrico das articulações dos membros inferiores (MMII) e do
esqueleto axial (sacroilíacas e coluna) em meninos pré-adolescentes e adolescentes.
Podem ocorrer entesites e quadros de uveíte anterior aguda. Incluem-se nesse
grupo a espondilite anquilosante juvenil (rara na infância).

AIJ Psoríase: Rara na infância, a artrite psoriásica é diagnosticada quando há artrite


na presença de psoríase ou artrite com dois dos seguintes dados: história familiar de
psoríase, dedos em “salsicha” (dactilite) e alterações ungueais (unhas em dedal). Em
80% dos casos, o acometimento é mono ou pauciarticular e pode ser iniciada a
partir do quadro cutâneo.

6. Descrever quais os objetivos do tratamento em uma criança com Artrite


Reumatoide Juvenil.

 Rápido controle da inflamação articular, usando terapia medicamentosa mais


efetiva e segura;
 Preservar a integridade, a mobilidade e a função articular;
 Promover independência mas atividades necessárias e desejadas;
 Dar orientação e apoio, de modo que a criança e a família possam levar uma
vida normal e saudável. 

Esse tratamento requer uma equipe multidisciplinar que inclui: reumatologista


pediátrico, enfermeira, nutricionista, assistente social, fisioterapeuta e terapeuta
ocupacional para lidar com a possibilidade de deformidades, perda da funcionalidade
e atrasos no crescimento. 

Objetivos fisioterapêuticos para crianças com ARJ

 Reduzir incapacidades
 Preservar/melhorar a ADM
 Preservar/melhorar a força e a resistência musculares
 Preservar/melhorar a resistência aeróbica
 Reduzir alterações posturais

 Preservar/melhorar a função
 Preservar/melhorar a resistência para atividades físicas
 Preservar/melhorar o padrão e a eficiência da marcha
 Preservar/melhorar a habilidade de executar as AVDs
 Preservar/melhorar a habilidade de participar das atividades recreativas
apropriadas para a idade

 Fornecer orientação e apoio à criança e à família 


 Fornecer informação sobre a ARJ
 Fornecer informação sobre os benefícios dos exercícios
 Consultar terapeutas da escola/comunidade
 Ajudar a família/criança a estabelecer objetivos
  realistas
 Encorajar a aderência ao regime medicamentoso e
  terapêutico
 Promover responsabilidade para o autotratamento

7. Descrever a Intervenção Fisioterapêutica para Artrite Reumatoide Juvenil. 

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