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Vida e Ministério de Ellen G.

White
Ellen White fez da aceitação de seu ministério profético
um pré-requisito para alguém se unir à Igreja Adventista
do Sétimo Dia?
Falando daqueles que “não se opunham” ao seu dom profético, mas
que, por várias razões, ainda estavam indecisos quanto ao seu ministério,
Ellen White escreveu:

“Essas pessoas não devem ser privadas dos benefícios e privilégios da


igreja, se no demais sua conduta cristã é correta e têm um bom caráter
cristão….

Alguns, foi-me mostrado, poderiam receber as visões publicadas,


julgando a árvore pelos seus frutos. Outros são como o duvidoso Tomé;
não podem crer nos Testemunhos publicados, nem receber evidências
através do testemunho de outros, mas precisam ver e ter evidências por si
mesmos. Estes não devem por isso ser postos de lado, mas deve ser
exercida para com eles longa paciência e amor fraternal até que tomem
posição e assumam opinião definida contra ou a favor. Se, porém,
passarem a combater as visões, das quais não têm nenhum conhecimento;
se levarem a sua oposição ao ponto de opor-se àquilo em que não têm
nenhuma experiência, e se sentirem contrariados quando aqueles que
crêem que essas visões são de Deus falarem delas nas reuniões, e se os
confortarem com a instrução dada através delas, a igreja pode saber que
eles não estão certos” – (Testemunhos Para a Igreja , vol. 1, p. 328).

Parentes e familiares de Ellen G. White


Quantos filhos Ellen White teve?
Nasceram quatro meninos na família White. Henry Nichols (1847-1863)
foi o seu primogênito. Ele morreu de pneumonia aos 16 anos. James
Edson (1849-1928) se tornou um pastor adventista do sétimo dia e é mais
lembrado por sua obra pioneira como evangelizador e educador entre os
afro-americanos do sul dos Estados Unidos. William Clarence (1854-1937)
também se tornou um pastor da Igreja Adventista. Após a morte de Tiago
White, em 1881, William tornou-se o principal assistente editorial e gerente
de publicações de sua mãe. John Herbert (1860) morreu com a idade de
três meses, de erisipela.

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Ellen White foi a única adventista do sétimo dia na sua
família? E seus irmãos e irmãs?
Dos oito filhos do casal Harmon, dois se tornaram adventistas do
sétimo dia ativos: Ellen e sua irmã mais velha Sarah, mãe do escritor de
hinos F. E. Belden . Os pais de Ellen White morreram guardando o sábado
e acreditando na mensagem do Advento, assim como o seu irmão Robert,
que morreu pouco mais de dez anos antes de a igreja ser oficialmente
organizada em 1863. Mary, seis anos mais velha que Ellen, considerava a
si mesma como uma adventista do sétimo dia, embora não haja registro de
sua ligação formal com a igreja.

Ellen White mantinha íntima ligação com suas outras três irmãs e seu
irmão mais velho, John, correspondendo-se com eles, visitando-os, e
mandando-lhes cópias de seus livros e assinaturas de periódicos
adventistas. Uma vez ela escreveu sobre suas irmãs: “Embora realmente
não concordássemos em todos os pontos a respeito de obrigação religiosa,
nossos corações ainda eram um” (Review and Herald, 21 de abril de 1868).
Visões de Ellen G. White
Como eram as visões de Ellen White? Existe algum relato
de testemunha ocular?
A obra de alguém que afirma dar como testemunho a mensagem de
Deus deve satisfazer os requisitos dados pela Palavra de Deus, tais como,
“pelos seus frutos os conhecereis”, “à lei e ao testemunho”, o cumprimento
de predições etc. Embora os fenômenos físicos que algumas vezes
acompanhavam as visões não sejam um teste em si, eles satisfazem, nas
mentes da maioria das testemunhas oculares, a evidência da obra do
poder divino. Aqueles que testemunharam pessoalmente Ellen White em
visão observaram muito cuidadosamente o que ocorria. Dos relatos
disponíveis de link à testemunhas oculares , podemos formar o seguinte
resumo:

• Antes de uma visão, tanto a Srª. White quantos os que estavam no


aposento sentiam uma profunda impressão da presença de Deus.

• Quando a visão começava, Ellen White exclamava: “Glória!” ou


“Glória ao Senhor!”, repetidas vezes.

• Ela experimentava uma perda de força física.

• Subseqüentemente, ela muitas vezes manifestava força sobrenatural.

• Ela não respirava, mas seu batimento cardíaco continuava normal, e


a cor em suas faces era natural.

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• Ocasionalmente ela proferia exclamações indicativas da cena que lhe
estava sendo apresentada.

• Seus olhos ficavam abertos, não com olhar distante, mas como se
estivesse atentamente assistindo algo.

• Sua posição podia variar. Às vezes ela ficava sentada; às vezes


reclinada; às vezes andava em volta do aposento e fazia gestos graciosos
enquanto falava sobre os assuntos apresentados.

• Ela ficava absolutamente inconsciente do que estava ocorrendo ao


seu redor. Não via, ouvia, sentia, nem percebia de modo algum o ambiente
ou os acontecimentos que a cercavam.

• O final da visão era indicado por uma profunda inspiração, seguida


em aproximadamente um minuto por outra, e logo sua respiração natural
recomeçava.

• Imediatamente após a visão tudo parecia muito escuro para ela.

• Dentro de pouco tempo ela recuperava sua força e habilidades


naturais.

A “grande Bíblia”
A história de Ellen White segurando uma grande Bíblia é
fato ou ficção?
No início de 1845, enquanto estava em uma visão na casa de seus pais
em Portland, Maine, Ellen Harmon (mais tarde White), então com 17 anos,
tomou a grande Bíblia da família e a segurou com seu braço esquerdo
estendido por cerca de 20 a 30 minutos. A história foi documentada por J.
N. Loughborough, que entrevistou as pessoas que testemunharam a visão,
incluindo o pai, a mãe e a irmã de Ellen. A Bíblia (em exposição no White
Estate) pesa 8 quilos e foi impressa por Joseph Teal em 1822. William C.
White, o filho de Ellen White, também relatou ter ouvido o incidente de seus
pais. Há outros relatos de Ellen White segurando grandes Bíblias enquanto
em visão, incluindo o de uma testemunha ocular, impresso em Spiritual
Gifts , vol. 2, pp. 77-79.
Tais experiências não deveriam ser consideradas prova de inspiração
divina, já que os profetas devem satisfazer aos testes apresentados nas
Escrituras; mas esta experiência, assim como outros fenômenos físicos
notáveis, eram vistos por muitos dos primeiros adventistas como evidência
de que as visões de Ellen Harmon eram de origem sobrenatural.
Leitores superficiais de uma discussão de 1919 a respeito da “grande
Bíblia” concluíram erradamente que o presidente da Associação Geral, A.
G. Daniells, questionou a historicidade do incidente. Eles não

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compreenderam o ponto de vista de Daniells, que ele esclareceu quando
lhe perguntaram se estava duvidando do milagre ou declarando que ele
não usaria tais manifestações como uma “prova” de inspiração. Ele
respondeu: “Não, eu não descreio nem duvido deles; mas eles não são o
tipo de evidência que eu usaria com estudantes ou com descrentes. … Não
os questiono, mas não acho que eles são o melhor tipo de prova para se
apresentar” – (Minutes of the Bible and History Teachers’ Council , 30 de
julho de 1919, pp. 2341-2344, 2360-2362).

Ellen G. White e Israel Dammon


Em 1845, o pastor Israel Dammon, um adventista milerita, foi acusado
pelo estado do Maine de ser uma “pessoa vadia e inútil”, “um encrenqueiro
ou barulhento”, “negligente em seu emprego”, “esbanjador de seus
rendimentos” e que não “provia o sustento” para si próprio ou para a
família. Seu julgamento foi relatado, resumidamente, no Piscataguis
Farmer de Dover, Maine, de 7 de março de 1845. O relato que foi
publicado fornece uma fascinante descrição contemporânea de algumas
das atividades fanáticas que sabidamente estavam associadas a certas
facções ex-mileritas . O que é de particular interesse para os adventistas
do sétimo dia é que o registro menciona a jovem Ellen Harmon (mais tarde
White) como estando presente a uma dessas reuniões.
Deve-se notar que nenhuma das testemunhas no relatório do
julgamento de Israel Dammon alegou qualquer atividade fanática por parte
da jovem de 17 anos Helen Harmon. Mas surge a pregunta de que se a
presença de Ellen Harmon em encontros onde o fanatismo era evidente
poderia ser interpretada como um endosso para tal comportamento.
Achamos que não. Quando o Senhor instruiu Ellen Harmon a relatar sua
primeira visão (recebida em dezembro de 1844) para os crentes
adventistas, Ele não excluiu do ministério dela os fanáticos. Ellen White se
refere a numerosas ocasiões em que foi orientada a dar seu testemunho
aos que equivocadamente estavam enredados por idéias e práticas
fanáticas. Por exemplo:

“No período da decepção, depois da passagem do tempo em 1844,


levantou-se o fanatismo em várias formas. Alguns sustentavam que a
ressurreição dos mortos já tivera lugar. Foi-me mandado dar uma
mensagem aos que acreditavam nisto, assim como estou hoje
apresentando uma mensagem a vós. Eles declaravam que estavam
perfeitos, que corpo, alma e espírito estavam santos. Tinham
manifestações semelhantes às que há entre vós, e confundiam a própria
mente e a dos outros com suas maravilhosas suposições. Todavia essas
eram nossos irmãos amados, e anelávamos ajudá-los. Fui a suas reuniões.
Havia excitação, com ruído e confusão. Não se podia distinguir uma coisa
da outra. Alguns pareciam estar em visão, e caíam por terra. Outros
pulavam, dançavam e gritavam. Declaravam que, como sua carne

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estivesse purificada, achavam-se prontos para a trasladação. Isto repetiam
e repetiam. Dei meu testemunho em nome do Senhor, manifestando Sua
reprovação a essas manifestações” – (Mensagens Escolhidas , vol. II, p.
34).
A associação de Ellen Harmon com Israel Dammon nesse tempo
também pode ser compreendida à luz do fato de que conquanto a maioria
dos Mileritas houvesse rejeitado sua experiência passada, Dammon estava
entre os poucos líderes que ainda acreditavam que a profecia bíblica havia
se cumprido em 1844 – um dos poucos que poderiam ouvir a mensagem
da primeira visão de Ellen Harmon.

Os assuntos financeiros de Ellen G.


White
Ellen White era milionária?
Mais de uma vez em seu ministério, Ellen White foi confrontada por
acusações de que ela estava acumulando uma grande riqueza por causa
dos direitos autorais de seus livros. Eis sua resposta direta a um difamador,
escrita em 1897 enquanto ela morava na Austrália:

“Você fez denúncias de que eu era rica. Como sabia que eu era? Por
cerca de dez anos tenho trabalhado com base em propriedades que não
me pertenciam. Se vendesse tudo o que tenho em minha posse, não teria
dinheiro suficiente para saldar todas as minhas despesas.

“Onde tenho investido o dinheiro? Você bem sabe onde. Eu tenho sido
o banco de onde são extraídos os recursos para levar avante o trabalho
neste país…

“Eu tenho tomado dinheiro emprestado para fazer a obra que precisa
ser feita. Nem um xelim das doações que me são enviadas, desde a menor
quantia até as maiores, foi usado em meu próprio favor. Nossa boa irmã
Wessels presenteou-me um vestido de seda, e fez-me prometer que não o
venderia. Mas eu acho que se ela tivesse colocado em minhas mãos o
valor correspondente ao vestido, ele teria sido usado na causa de Deus.

“Vejo dívidas em nossas casas de culto e isso me faz doer o coração.


Não posso deixar de me afligir com o assunto. Tenho investido dinheiro
nas igrejas de Parramatta, Prospect, Napier, Ormondville, Gisborne, e na
educação de estudantes. Tenho enviado pessoas para a América a fim de
serem preparadas para voltar e trabalhar neste país. Se esta é a maneira
de alguém se tornar rico, eu acho que outros deviam experimentá-la.

“Todos os direitos autorais sobre meus livros estrangeiros vendidos na


América são sagradamente dedicados a Deus para a educação de

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estudantes, a fim de que possam ser preparados para o ministério.
Milhares de dólares têm sido gastos assim. É esta a maneira de se
acumular dinheiro? A velha história que Canright e outros fizeram circular,
de que eu valia 30 mil dólares, é tudo ficção. E fiquei sabendo que esse
valor já aumentou para 30 mil libras, desde que eu vim para a Autrália.

“Não sei onde está esse dinheiro. Estou usando todos os meus
recursos, tão rápido quanto eles me chegam às mãos, para fazer avançar a
obra neste país. Se eu tivesse 30 mil libras, não teria mandado buscar na
África o empréstimo de mil libras pelo qual estou pagando juros. Se
pudesse, teria feito outro empréstimo de mil libras, para que pudéssemos
construir o edifício escolar principal.

“Eu não tenho 30 mil libras. Eu só queria ter um milhão de dólares. Eu


faria o que fiz em Sidney. Colocaria homens no campo de trabalho,
custeando suas despesas com meus próprios recursos. Precisamos de
cem homens onde agora só temos um no campo.” (Carta 98 a, 1897).

Seis anos mais tarde, em uma carta pessoal datada de 19 de outubro


de 1903, Ellen White escreveu: “Fiz tudo o que pude para ajudar a causa
de Deus com meus recursos. Estou pagando juros sobre 20 mil dólares,
utilizados inteiramente na causa de Deus. E continuarei a fazer tudo que
estiver em meu poder para auxiliar no avanço da Sua obra.” (Carta 218,
1903).

Ellen White não contradisse seus próprios ensinamentos


ao morrer com dívidas?
Ellen White sabiamente advertiu contra os perigos da dívida, mas
quando morreu ela devia aproximadamente $90.000, com ativos calculados
em um pouco mais de $65.000. Isso deixou um déficit de mais de $20.000.
Ellen White controlou suas finanças irresponsavelmente e em completa
negligência aos seus próprios conselhos? Quando todos os fatos
relacionados aos seus negócios são considerados, fica evidente que Ellen
White não violou o princípio e a intenção do conselho que deu sobre o
manter-se livre de dívidas.

Deve-se notar que Ellen White não advogou uma posição extrema a
respeito de dívidas – que sob nenhuma circunstância alguém deveria fazer
qualquer negócio a menos que o dinheiro estivesse em mãos. Ela
reconheceu que oportunidades se apresentam onde a resposta apropriada
é avançar com fé, mesmo que seja necessário “tomar dinheiro emprestado”
e “pagar juros” – (Conselhos Sobre Mordomia, p. 278).
Em sua própria experiência, a maior parte dos empréstimos feitos por
Ellen White foram contraídos durante os últimos anos de sua vida quando,
percebendo a brevidade de seus dias, ela fez uma das partes mais difíceis
de seu trabalho ao preparar novos livros, tanto em Inglês como em outras

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línguas. Havia somente duas maneiras pelas quais as despesas com a
preparação de livros poderiam ser pagas – através das rendas
provenientes de publicações anteriores (direitos autorais), ou fazendo
empréstimos com base em direitos autorais antecipados. Por causa da
generosidade de Ellen White no passado em contribuir com fundos para a
obra da igreja, a única alternativa que lhe restava era contar com rendas
futuras (direitos autorais) para quitar sua dívida. Parte da sua generosidade
consistiu em sua recusa de receber os direitos autorais das edições em
línguas estrangeiras, doando os direitos autorais de suas últimas obras
mais populares, Parábolas de Jesus (1900) e A Ciência do Bom
Viver (1905), para sustentar projetos específicos da igreja. Nos anos
seguintes à sua morte a venda de suas publicações foi suficiente para
saldar inteiramente suas obrigações, como ela havia previsto. Para um
esclarecimento mais completo sobre a dívida de Ellen White, veja link à ”
Mrs. White Indebtedness “.

Se os escritos de Ellen White são inspirados, por que


seus livros são protegidos pelo registro de direitos
autorais e vendidos? Seus livros não deveriam ser dados?
Milhares dos livros de Ellen White são doados. Em tais casos, contudo,
uma pessoa ou grupo doou fundos para cobrir os gastos com a impressão
– assim como cópias da Palavra de Deus só circulam de graça através da
generosidade de outros. Quando se tem em mente que a própria Ellen
White assumiu as despesas para o preparo das matrizes dos livros,
ilustrações, e traduções, sem falar nos custos de produção dos próprios
manuscritos, não parece incongruente que ela pudesse esperar cobrir
esses gastos através do mecanismo regular pelo qual a maioria dos
autores são remunerados – direitos autorais. Além do mais, obter a
garantia dos direitos autorais de um livro proporciona uma maneira de
preservar a exatidão do texto. Hoje em dia, há gastos contínuos com a
manutenção dos manuscritos originais de Ellen White, com o preparo de
novas publicações, incluindo produtos em CD-ROM, e outros materiais
relativos à sua vida e ministério.

Ellen White não contradisse seu próprio conselho quando


algumas vezes ela mandou fundos provenientes de
dízimos diretamente para ministros em necessidade?
A instrução deixada por Ellen White sobre a aplicação adequada dos
dízimos é claramente apresentada por ela em Testimonies for the Church ,
vol. 9, p. 245-251. Ela declara que o dízimo deve ser trazido à casa do
tesouro de Deus para sustentar os obreiros evangélicos (p. 249), e que
ninguém deveria “sentir-se livre para reter seu dízimo, para usá-lo de
acordo com o seu próprio julgamento. Não devem usá-lo para si mesmos

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em uma emergência, nem aplicá-lo como pensam ser apropriado, mesmo
naquilo que possam considerar como a obra do Senhor” (p. 247). A
posição e prática de Ellen White era seguir esse modelo. Ela escreveu em
1890: “Eu devolvo meus dízimos alegre e livremente, dizendo como Davi:
“Das Tuas mãos to damos” – (Pastoral Ministry, p. 260). Numa época em
que alguns obreiros denominacionais estavam sendo inadequadamente
mantidos ou abertamente privados de seu legítimo salário, Ellen White agiu
sob instrução recebida do Senhor de que deveria ajudar tais obreiros com
seus dízimos, se necessário. Ela não considerou sua ação como retenção
de dízimo para a tesouraria ou o redirecionamento deles para usos
irregulares. Antes, ela reconheceu a inabilidade dos “canais competentes”
de satisfazer as necessidades daqueles obreiros em particular naquele
momento específico.
Ellen G. White e a prática do
vegetarianismo
Ellen White ainda comeu carne após sua visão sobre a
reforma de saúde em 1863? E o que dizer a respeito do
testemunho do “porco”?
Ellen White não afirmou que após sua visão sobre saúde em 1863 ela
nunca mais comeu carne. Antes da visão, ela acreditava que “era
dependente de uma dieta cárnea para ter energia”. Por causa de sua frágil
condição física, especialmente pela sua predisposição para desmaiar
quando estava fraca e com tontura, ela pensava que a carne era
“indispensável”. De fato, naquela época ela era “uma grande comedora de
carne”; a carne era seu “principal artigo de alimentação”.

Mas ela obedecia à luz que ia tendo. Tirou a carne de sua “lista de
compras” imediatamente, e esta não foi mais uma parte regular de sua
dieta. Ela praticava os princípios gerais que ensinava aos outros, tais como
aquele de que deve-se usar o melhor alimento disponível. Quando longe
de casa, tanto viajando quanto acampando em condições precárias,
décadas antes de serem inventadas as refeições de fácil preparo,
encontrar uma dieta adequada era muitas vezes difícil. Nem sempre capaz
de obter o melhor, por qualquer que fosse a razão, ela às vezes optou pelo
bom – o melhor que podia obter naquelas circunstâncias.

Ellen White não era dogmática quanto ao comer carne. Em 1895 ela
escreveu: “Nunca julguei ser meu dever dizer que ninguém deveria provar
carne, sob quaisquer circunstâncias. Dizer isto… seria levar ao extremo a
questão. Nunca senti ser dever meu fazer asserções arrasadoras. O que
tenho dito, disse-o sob uma intuição do dever, mas tenho sido cautelosa
em minhas afirmações, porque não queria dar ocasião para qualquer

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pessoa ser consciência para outro” – (Conselhos Sobre o Regime
Alimentar, pp. 462, 463).
Em tentativas modernas para entender a história, muito freqüentemente
o passado é julgado pelo presente, na maioria das vezes de modo
desintencional. As pessoas do passado devem ser julgadas no contexto
das circunstâncias delas, não das nossas. Numa época em que não havia
refrigeração, quando obter frutas e vegetais frescos dependia de onde se
vivia e da época do ano, quando os substitutos para carne eram raramente
obtidos, antes da introdução da manteiga de amendoim e dos cereais
desidratados (em meados da década de 1890), em algumas ocasiões ou
se comia carne ou não se comia nada. Hoje em dia, na maioria das vezes
comer carne raramente é uma necessidade.

Enquanto estava na Austrália, chegou a ponto de banir “absolutamente


a carne de minha mesa”. Por um tempo, ela havia permitido que um pouco
de carne fosse servida para os empregados e membros da família.
Daquela época em diante (janeiro de 1894), foi entendido que “quer eu
esteja em casa quer viajando, nada disso deve ser usado por minha
família, ou vir à minha mesa” (ibid., p. 488). Muitas das declarações mais
enérgicas de Ellen White contra a carne foram escritas depois de ela haver
renovado seu compromisso de abstinência total em 1894.

As principais visões de Ellen White sobre saúde, em 1863 e 1865,


abrangeram todos os aspectos da mensagem da reforma de saúde que ela
enfatizou até a morte. As mudanças em certas ênfases ao longo dos anos
somente refinaram esses princípios; não lhes acrescentaram nem
subtraíram nada. À medida em que o tempo passa, mesmo os profetas
devem tomar tempo para assimilar os princípios revelados – tempo para
que a teoria se torne prática em sua própria vida. Ela constantemente
defendia o princípio, tanto na prática quanto no ensino, de que todo aquele
que é comprometido com a verdade mudará do ruim para o bom, do bom
para o melhor, e do melhor para o ideal. Tal foi a sua experiência.

E o que dizer sobre sua aparente reversão na questão do comer carne


de porco? Em 1858 ela escreveu para os Haskells (Irmão e Irmã A) sobre
uma série de itens, repreendendo-os por insistirem que deveria ser feito um
“teste” quanto a comer carne de porco: “Vi que suas idéias sobre a carne
de porco não seriam prejudiciais se vocês as retivessem para si mesmos,
mas, em seu julgamento e opinião, os irmãos têm feito dessa questão uma
prova. … Se Deus achar por bem que Seu povo se abstenha da carne de
porco, Ele os convencerá a respeito. … Se for dever da igreja abster-se da
carne de porco, Deus o revelará a mais do que duas ou três pessoas. Ele
ensinará a Sua igreja o dever dela” – (Testemunhos Para a Igreja , vol. 1,
pp. 206, 207).
Na visão sobre a reforma de saúde de 6 de junho de 1863, foi revelada
uma extensa lista de princípios de saúde. No ano seguinte ela publicou um
capítulo de cinqüenta páginas intitulado “Saúde” no Spiritual Gifts , vol. 4.

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Em referência à carne suína, ela disse: “Deus nunca designou o porco para
ser comido sob nenhuma circunstância” (p. 124), e em seus livros
posteriores ela continuou a enfatizar as conseqüências prejudiciais do
comer a carne de porco.

Como se explica esta mudança nos conceitos de Ellen


White entre 1858 e 1863?
Em primeiro lugar, ela não havia recebido qualquer luz de Deus sobre a
carne de porco antes de 1863. Sua visão em 1858 não a informou se era
certo ou errado comer carne de porco. O que ela fez foi reprovar este irmão
por criar divisão entre os adventistas ao fazer da questão uma prova
naquela época. Em segundo lugar, ela deixou aberta a possibilidade de
que se o consumo de carne de porco devesse ser descartada pelo povo de
Deus, Ele iria, a Seu próprio tempo, “ensinar a Sua igreja o dever dela”.
Quando a visão realmente veio, quase cinco anos mais tarde, a igreja toda
compreendeu claramente a questão e nunca mais houve divisão a respeito
desta questão.
Fonte: Adaptado de Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor: O
ministério profético de Ellen G. White (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora
Brasileira, 2001), pp. 157, 158, 312-319.
 

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