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APOSTILA DE TEORIA PSICANALÍTICA
Publicado em 30 de setembro de 2013por CETAPES
O encontro terapêutico.
A empatia.
“Fiz um esforço incessante para não ridicularizar, não lamentar, não desprezar as ações
humanas, mas compreendê-las” (Baruch de Espinosa).
“O homem […] não pode responder totalmente e de modo ideal às exigências da
necessidade externa senão quando está em sintonia consigo” (Carl Gustav Jung).
“O principal objetivo da terapia psicológica não é transportar o paciente para um impossível
estado de felicidade, mas sim ajudá-lo a adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida
acontece num equilíbrio entre a alegria e a dor” (Carl Gustav Jung).
“Não importa que o problema se ache há muito tempo enraizado; que as perspectivas não
ofereçam esperança; que a situação esteja embaralhada; que o erro tenha as dimensões que
tiver. O sentimento autêntico do amor dissolverá tudo. Quem souber amar o suficiente será o
mais feliz e o mais poderoso ser do mundo” (Emmet Fox, O Sermão da Montanha).
A “terapia propicia o espaço para que pensamentos e sentimentos esquecidos e
incontroláveis encontrem palavras e gestos e sejam discutidos de tal modo que sejam superados
e esquecidos de maneira saudável” (Kalu Singh, Culpa, p. 63).
“Lembro-me de ter conhecido o dr. Joseph Wortis, um renomado psiquiatra, quando ele
tinha 85 anos. Ele fora a Viena no início dos anos 30 para aprender psicanálise e ser analisado
por Freud. O dr. Wortis mais tarde fundou a Biological Psychiatry, que se tornou uma revista
científica pioneira. Ele me contou quando Freud o surpreendera em sua juventude ao insistir: ‘Não
aprenda apenas psicanálise como existe hoje. Já está ultrapassada. Sua geração chegará à
síntese entre psicologia e biologia. Você deve se dedicar a isso’. Enquanto o mundo todo
começava a descobrir suas teorias e sua ‘cura verbal’, Freud – sempre um pioneiro – já estava
pesquisando em outra esfera” (David Servan-Schreiber. Curar, p. 30).
O método psicanalítico de Freud
A psicoterapia é um tratamento dirigido à psique.
O método adotado é a comunicação.
O instrumento da comunicação (que é a única via praticável) é a palavra.
O marco da psicoterapia é a relação interpessoal psicoterapeuta-paciente. A finalidade da
psicoterapia é curar.
Também é objetivo da Psicanálise preencher a lacuna criada pela rejeição. E, por fim,
curar a ferida que divide a personalidade contra si mesma.
Quando o paciente apresenta uma resistência, ele se recusa a cooperar. A resistência é
expressa mediante atrasos, desinteresse na evolução da terapia, abordagem superficial,
sentimento de incompreensão.
A maior parte da iniciativa cabe ao paciente. Quando surge uma resistência, o analista
precisa assumir a direção de um modo inequívoco.
O analista deve identificar a resistência e ajudar o paciente a identificá-la também. Em
seguida, analista e paciente devem descobrir o que está sendo mantido em oculto. É importante
descobrir o ponto de origem da resistência. Uma compreensão das causas de uma resistência
revela os fatores que o paciente quer manter encobertos.
Quando o paciente desenvolve uma resistência, é porque ele procura escapar com o
menor prejuízo possível. Ele recorre então a vários expedientes:
– ele já tem uma explicação de antemão;
– ele deprecia o significado da conclusão;
– ele procura controlar o assunto com sua força de vontade;
– ele pode alegar que a tendência descoberta não possui muito significado para o
momento presente.
É difícil para a pessoa admitir que investiu toda sua energia para lutar contra um fantasma.
A partir da introspecção, ela é confrontada com a necessidade de modificar-se radicalmente.
Nesse momento, o analista deve assumir a direção e mostrar ao paciente como ele está se
esquivando. O analista deve estimular o paciente a observar as consequências que aquela
tendência provoca em sua vida.
Uma resistência também ocorre quando o paciente não quer reconhecer seus impulsos
contraditórios. Ele espera a compaixão dos outros, mas seu orgulho o impede de aceitar qualquer
ajuda. O analista deve identificar essas manobras evasivas e dirigir a terapia para que o paciente
reconheça o conflito existente. Também pode acontecer que o analista tenha que mostrar a
disparidade entre a introspecção e o resultado insignificante, pois o paciente não está mudando.
O analista deve intervir quando o paciente continua hostil, egoísta, injusto e associal, sempre
argumentando que seu comportamento foi provocado pelos outros, considerando as suas
reações justificadas.
Quando as fraquezas do paciente são expostas, seu orgulho atacado e suas ilusões
abaladas, ele se sente invadido por temores e dúvidas inesperadas.
Karen Horney observa “que a maioria dos neuróticos tem um sentimento descomedido de
sua própria importância”.
A atitude de considerar-se superior deriva de uma imagem exagerada do eu.
Quando o paciente se defronta com uma ansiedade, o fato de a mesma ser levada a sério
pelo analista, reduz o terror diante do desconhecido. Com sua compreensão, o analista dá
mostras de que a ansiedade pode ser resolvida.
Quando o paciente está desanimado e propenso a desistir de lutar, o analista deve mostrar
solidariedade humana. Ele deve compreender a atitude do paciente como resultante de um
conflito.
Quando o paciente fundamenta seu orgulho em bases fictícias e estas ficam abaladas, ele
começa a duvidar de si mesmo.
É importante lembrar “que, em todas as neuroses, a auto-confiança sofre sérios danos,
sendo substituída pela ideia de uma superioridade fictícia” (Karen Horney). Mas, o paciente não
consegue estabelecer essa distinção. No seu entender, “o solapamento de suas ideias
exageradas representa a destruição de sua fé em si próprio” (Karen Horney, A personalidade
neurótica de nosso tempo).
O paciente percebe que ele não é tão bom (amável, justo e correto) quanto imaginava. E
não consegue aceitar-se sem essa pretensa glória.
É nesse momento que o paciente necessita de alguém que continue depositando fé nele.
Quando o paciente perdeu a fé em si próprio, o analista deve continuar investindo nele.
O analista deve manifestar uma ajuda humana idêntica à solidariedade que um amigo
dispensa a outro. Talvez seja essa a primeira experiência de compreensão humana que o
paciente vivencia. O paciente poderá se sentir então respeitado e amado como um ser humano
que luta para superar seus problemas.
A confiança que o analista deposita no paciente pode ajudá-lo a recuperar também a fé
nas outras pessoas. O paciente deixa de se ver como um problemático, pois agora se tornou
alguém digno de confiança.
O processo psicanalítico possibilita ao paciente o desenvolvimento de uma espantosa
capacidade de observar a si mesmo.
Dois fatores determinam o ritmo do processo psicanalítico:
– a capacidade de compreensão do analista;
– a receptividade do paciente para aceitar os insights.
Freud alertou os jovens analistas para não ficarem preocupados com sua capacidade para
interpretar as livres associações. A verdadeira dificuldade da análise está na habilidade para lidar
com as resistências do paciente.
Quando uma pessoa apresenta uma resistência, é como se uma parte dela quisesse
esconder algo vergonhoso, enquanto outra parte quisesse progredir.
O analista é um ser humano. Sua presença constitui uma oportunidade para o
desenvolvimento interpessoal do paciente.
O paciente pode até admitir suas dificuldades no relacionamento com as outras pessoas,
mas pode considerá-las como reações justificadas às ofensas que os outros lhe dirigiram.
O paciente também pode cair no extremo oposto, desculpando sempre os outros e só
culpando a si mesmo.
Quando maior a intolerância, mas rígida será a tendência neurótica.
Os traços de caráter do neurótico são perturbadores, e são sempre contrários a seu próprio
interesse. Seus traços de caráter tornam insatisfatórias as relações com as outras pessoas e o
deixam insatisfeito consigo mesmo.
Mas, em relação às outras pessoas, o neurótico quer se vingar ou sobrepujá-las. Com
essas atitudes, ele dificilmente reconhecerá a realidade dos relacionamentos.
Muitos neuróticos sentem um “amor” que, na realidade, é uma necessidade de ser
dependente.
No processo analítico manifestam-se os traços de caráter, podendo ser trabalhados e
reelaborados.
A resistência é a oposição a qualquer tentativa de revelação de um conteúdo inconsciente.
O grande objetivo da resistência é manter a neurose, pois a revelação provoca um malestar.
O paciente opta pelo desprazer de manutenção do recalque.
Tipos de resistências:
– Resistência consciente. É a retenção intencional de informações por parte do paciente, que
sente vergonha em relação ao ocorrido, e tem receio de ser rejeitado pelo analista.
– Resistência inconsciente. O inconsciente adota atitudes defensivas sem que o paciente
perceba. Aparecem os Atos Falhos, a própria transferência, o paciente se torna prolixo, ou
exageradamente silencioso, ou criticando todos os comentários do analista, ou concordando
com tudo.
Como as resistências devem ser enfrentadas?
O primeiro requisito é reconhecer que existe uma resistência.
As pessoas não estão muito interessadas em perceber as suas resistências. Por isso, a
maioria delas pode passar despercebida.
Precisamos dar atenção aos pontos cegos e à tendência de subestimar os sentimentos. É
necessário perceber a profundidade de um ressentimento. E os pontos cegos se elucidarão no
devido tempo.
Se a análise emperra e a pessoa começa a andar em círculo, certamente está se
deparando com uma resistência. Quando as conclusões são exageradamente favoráveis ou
desfavoráveis – por repetidas vezes -, então alguma resistência está presente. Um desânimo é
muitas vezes uma reação contra a análise.
Quando há um bloqueio no processo analítico, então a resistência é o problema mais
urgente a ser atacado. É inútil tentar prosseguir atacando frontalmente uma resistência.
A pessoa deve “associar com a resistência”. Se a pessoa ficou desanimada com uma
descoberta, então ela ainda não está disposta a uma transformação.
Uma tendência neurótica faz com que a pessoa – que se sinta injustiçada por algum
indivíduo ou pela vida em geral – considerará legítima uma reação de mágoa ou ressentimento. É
necessário ter lucidez para distinguir entre uma ofensa real e imaginária. Sempre é mais fácil
“lutar por seu direito” do que examinar o ponto vulnerável em que se foi atingido.
Uma mulher pode estar insatisfeita com seu casamento (por motivos dos quais não se dá
conta) e pode se aproveitar de um erro do marido como pretexto para dar vazão a tudo que está
recalcado, desencadeando uma campanha retaliatória inconsciente. Ela não alcançará progresso
algum enquanto insistir em seu direito de estar ofendida e zangada.
É muito desagradável se deparar com obstáculos erigidos por nós mesmos. É óbvio que
nós queremos progredir e caminhar em direção a um objetivo, que é a nossa realização pessoal.
A pessoa não deve se afligir por causa de suas resistências. Ela não é culpada das forças
que se ocultam por detrás dessas resistências. Afinal, as resistências tentaram proteger as
tendências neuróticas. E estas proporcionaram à pessoa um meio de enfrentar a vida quando
todos os outros recursos falharam.
As resistências são apenas parte do problema. A pessoa deve respeitá-las como parte de
si mesma. Deve admiti-las como um recurso de sobrevivências.
Mas, o recurso que um dia foi a melhor “solução” encontrada, não precisa ser utilizado
daqui para diante. Na medida em que a pessoa adquire maior consciência de suas emoções, ela
descobre que determinadas reações foram específicas para uma determinada situação. Em vista
de novas situações, novas respostas precisam ser formuladas.
A transferência, o insight e a interpretação.
Transferência – o paciente identifica o terapeuta com uma pessoa que era significante no
passado (geralmente um dos pais). Antigos relacionamentos passam a influir em interações
atuais. O paciente pode relacionar-se com o terapeuta do mesmo modo como se relacionava com
um dos pais na infância. Muitas vezes isto acontece porque o paciente tem sentimentos
conflitantes não resolvidos com os pais.
A transferência é considerada um falso enlace. Mas ela não deve ser vista como uma
fraqueza de caráter, e sim como algo inevitável. O Par Analítico deve estabelecer uma Aliança
Terapêutica. E mesmo assim, a linha divisória entre a Aliança Terapêutica e a transferência é
muito tênue.
O insight acontece no momento em que, na livre associação, o paciente vê iluminar-se em
seu interior o fato ou trauma causador de sua ansiedade.
A interpretação é o processo em que o trauma causador é revivido, analisado, sendo então
elaborada a sua re-significação.
É mediante a transferência que o passado deve vir ao presente. Em lugar da repetição
interminável da sombra descortina-se um futuro novo.
Freud colocou os conceitos de transferência e contratransferência no centro do processo
psicanalítico.
A contratransferência.
São sentimentos, atitudes e fantasias que o psicanalista experimenta. Ela provém das
próprias necessidades e conflitos psíquicos do psicanalista. É o resultado de suas carências
pessoais.
A contratransferência é “uma resposta emocional do Psicanalista aos estímulos que
provêm do paciente, como resultado da influência do analisado sobre os sentimentos
inconscientes do profissional” (Etchegoyen).
A importância da auto estima.
A auto-estima é a saúde da mente.
A pessoa deve criar dentro de si a estabilidade, pois esta não é encontrada no mundo
exterior.
As pessoas que duvidam de suas ideias desvalorizam o resultado delas. Pessoas que
temem a auto-afirmação intelectual acabam sufocando sua inteligência. Pessoas que têm pavor
de ser visíveis depois sofrem porque ninguém as vê.
Auto-estima baixa também resulta em falta de generosidade.
Profecias auto-realizadoras.
A auto-estima cria expectativas a respeito do que é possível para a pessoa. As
expectativas geram ações que se tornam realidade. E os acontecimentos confirmam as
expectativas.
“Essas expectativas existem na mente como visões sub ou semiconscientes de nosso
futuro” (Branden, p. 35).
As conquistas futuras baseiam-se, em boa parte, no que a pessoa pensa que é possível e
apropriado para ela.
O comportamento de uma pessoa só pode ser entendido quando se entende o autoconceito
que ela tem.
“As pessoas com auto-estima baixa sentem pavor e desorientação quando a vida vai bem
e entra em conflito com as opiniões mais profundas que têm de si mesmas e do que lhes é
apropriado” (Branden, p. 37-38).
Sofrem então de uma felicidade ansiosa. É a ansiedade diante do sucesso.
“É a baixa auto-estima que nos torna adversários diante de nosso próprio bem-estar”
(Branden, p. 38).
A auto-estima é uma necessidade básica. Ela é tão necessária quanto o cálcio; sua falta
não provoca diretamente a morte, mas prejudica o desenvolvimento da pessoa. Quando a autoestima
é inadequada, ocorre a má escolha de um companheiro, uma carreira profissional
frustrante, aspirações sabotadas, ideias que morrem antes de nascer, incapacidade para
desfrutar o sucesso, depressão, baixa imunidade, carência afetiva, ansiedade, alcoolismo e
dependência de drogas.
“Quando a auto-estima é baixa, diminui nossa resistência frente às adversidades da vida”
(Branden, p. 39).
Em vez de experimentar o prazer, concentramos a nossa energia no objetivo de evitar a
dor.
Uma auto-estima positiva se constitui no sistema imunológico da consciência. Ela provê
resistência, e capacidade de regeneração.
“As pessoas com auto-estima elevada certamente podem ser derrubadas por um excesso
de problemas, mas são rápidas em superar-se” (Branden, p. 40).
A auto-estima não torna a pessoa impermeável ao sofrimento, mas ela proporciona uma
resistente flexibilidade. Um homem inseguro tende a se sentir ainda mais inseguro diante de uma
mulher autoconfiante.
Pessoas com baixa auto-estima costumam ficar irritadas na presença de pessoas
entusiasmadas com a vida.
Quando as pessoas alcançam sucesso, elas correm o risco de se tornar um alvo de inveja
e sabotagem.
A auto-estima fraca sabota as conquistas e também a capacidade de sentir-se satisfeito.
“Quando temos uma auto-estima isenta de conflitos, somos movidos pelo prazer, não pelo
medo” (Branden, p. 42).
A pessoa que sempre precisa provar que ela é capaz, entrou numa batalha que já está
perdida desde o início.
A pessoa precisa se empenhar para alcançar um ego maduro e saudável.
A auto-estima é importante, mas seu valor não deve ser exagerado.
O indivíduo necessita de um senso agradável de valor próprio. Existem circunstâncias
exteriores e também fatores internos (inteligência, motivação e nível de energia). A auto-estima
interage com outras forças da personalidade e por isso ela não pode ser rastreada isoladamente.
As transições rápidas da sociedade contemporânea impõem novas exigências aos nossos
recursos psicológicos.
Uma empresa moderna necessita de funcionários com uma auto-estima saudável.
Constatamos que o tema da auto-imagem transcende o âmbito da psicologia para se tornar
também um assunto pertinente à economia.
Somos mais livres do que as gerações anteriores. Podemos escolher nosso próprio estilo
de vida. Mas, isto também significa que só podemos contar com os nossos próprios recursos.
Necessitamos de mais autonomia pessoa.
“Precisamos saber quem somos e nos centrarmos em nós mesmos” (Branden, p. 46).
Na medida em que aumentam as nossas escolhas e decisões, aumenta também a
necessidade de uma auto-estima saudável.
Encontramo-nos na “era da escolha consciente” (T. George Harris). E nós não fomos
preparados para um mundo com tantas escolhas. Nossos pais e nossos professores não nos
prepararam para tantos desafios.
“Auto-eficiência significa confiança no meu funcionamento mental, em minha capacidade
para pensar, compreender, aprender, escolher e tomar decisões; é a confiança em minha
capacidade para entender os fatos da realidade que pertencem à esfera dos meus interesses e
necessidades, auto-confiança e segurança pessoal.
Auto-respeito significa a certeza de que tenho valor como pessoa; é uma atitude de
afirmação de meu direito de viver e de ser feliz; é sentir-me confortável ao expressar de maneira
apropriada minhas idéias, vontades e necessidades; é a sensação de que o prazer e a satisfação
são meus direitos naturais” (Branden, p. 49).
A auto-eficiência é o senso básico de confiança diante dos desafios da vida.
O auto-respeito é o senso de merecer a felicidade.
Se uma pessoa não tem confiança em suas próprias ideias e se sente inadequada para
enfrentar os desafios da vida, então sua auto-estima é deficiente. Se a pessoa não se sente
merecedora de amor e de respeito da parte dos outros, se ela tem medo de expor suas ideias e
acha que não tem direito à felicidade, então ela também se depara com uma auto-estima
deficiente.
“Auto-eficiência e auto-respeito são os dois pilares da auto-estima saudável; se um deles
estiver ausente, a auto-estima está comprometida” (Branden, p. 50).
Auto-eficiência e auto-respeito são fundamentais e essenciais.
A pessoa que vivencia a própria eficiência desenvolve o senso de controle sobre a própria
existência. Sentir-se no centro da própria existência significa bem-estar psicológico.
O respeito por si mesmo possibilita a vivência do companheirismo. O indivíduo vivencia
uma comunhão benéfica e não neurótica com outras pessoas.
Quando os acontecimentos dependem de nossos próprios esforços, então torna-se
importante a confiança em nossa eficiência básica.
“Auto-eficiência não é a convicção de que nunca vamos cometer erros. Mas, sim, a
convicção de que somos capazes de pensar, julgar, conhecer – e corrigir nossos erros. É a
confiança em nosso processo e em nossa capacidade mentais” (Branden, p. 58).
Auto-eficiência é a confiança em nossa capacidade de pensar. É a confiança de que
temos condições para adquirir conhecimentos e atingir nossas metas.
Auto-eficiência é confiança de que nossos esforços sejam bem sucedidos.
“Dentro de cada pessoa haverá inevitáveis flutuações nos níveis de sua auto-estima, assim
como há flutuações em todos os estados psicológicos. Temos que pensar em termos da autoestima
média de um indivíduo” (Branden, p. 50).
“Vou resumir numa definição formal: auto-estima é a disposição para experimentar a si
mesmo como alguém competente para lidar com os desafios básicos da vida e ser merecedor da
felicidade” (Branden, p. 50).
A competência está presente no nosso relacionamento básico com a realidade. Ela faz
parte da dinâmica da natureza. Em todas as sociedades os membros enfrentam desafios para
satisfazer as próprias necessidades.
Nós só podemos atingir um alvo que podemos ver.
À medida em que o nosso conhecimento aumenta, nós conseguimos formular definições
mais precisas.
Uma pessoa com auto-estima elevada sente-se confiantemente apropriada à vida. A
pessoa percebe que é competente e digna.
A pessoa com auto-estima média tende a flutuar entre sentir-se apropriada e inapropriada,
entre certa e errada. Essas inconsistências são manifestadas no comportamento, que oscila entre
atitudes sensatas e tolas.
Para sobreviver e dominar o seu ambiente, a espécie humana depende do uso apropriado
de sua consciência. O bem-estar das pessoas depende de sua capacidade de pensar.
O uso correto da consciência não é automático. Não se trata de uma programação
fornecida pela natureza, mas de uma responsabilidade pessoal.
A essência do ser humano é sua capacidade de raciocinar. A vida humana depende da
capacidade de compreender os relacionamentos. A mente humana abrange o inconsciente, o
intuitivo, o simbólico, os processos verbais e a consciência imediata. É por intermédio da mente
que a pessoa percebe e apreende o mundo.
É necessário pensar para desfrutar uma vida bem-sucedida. Mas, o ser humano não está
programado para pensar automaticamente. Os órgãos e os sistemas do corpo humano funcionam
de forma automática. Mas a mente funciona com a intervenção da pessoa.
Diante de um fato novo, a consciência pode se retrair. O ser humano está diante da
responsabilidade de aumentar ou diminuir o alcance de sua consciência.
O ser humano é capaz de formular valores. Uma vez elaborados os valores, o ser humano
também pode ser voltar para o oposto.
As nossas escolhas são muito importantes para a vida e a auto-estima. Um exemplo é a
nossa relação com a realidade: podemos respeita-la ou evita-la.
A auto-estima está relacionada com a consciência e com a responsabilidade da escolha
moral.
“O nível de auto-estima não é estabelecido definitivamente na infância. Pode aumentar à
medida que amadurecemos, ou pode deteriorar” (Branden, p. 57).
Diante de uma decisão moral, um desafio, uma ação, a nossa auto-estima é afetada (para
o bem ou para o mal).
“Nossa necessidade de auto-estima é a necessidade de saber que estamos funcionando
de acordo com o que nossa vida e nosso bem-estar exigem” (Branden, p. 58).
1º pilar – Viver conscientemente.
Quanto mais consciência tivermos daquilo que pensamos e fazemos, melhor nossa vida
funcionará. Devemos nos tornar conscientes dos nossos erros e corrigi-los. Devemos defender
nossos pontos de vista, princípios e valores de forma consciente. Existe a tentação de fugir dos
fatos desagradáveis; precisamos estar conscientes para que a nossa vida não seja controlada
pelos mesmos. Devemos expandir nosso conhecimento; aprender deve ser um estilo de vida. A
auto-análise é uma necessidade para uma existência realizada.
2º pilar – Auto-aceitação.
Devemos nos aceitar nas fases boas e também nas ruins. Devemos aceitar a realidade dos
nossos pensamentos, sentimentos e emoções, mesmo quando os rejeitamos depois. Nossa vida
não precisa ser controlada por eles.
Devemos aceitar como realidade aquilo que fizemos, mesmo quando nos arrependemos.
Não devemos negar o nosso comportamento. Os nossos pensamentos e as nossas atitudes são
expressões de nós mesmos. Podemos não aprovar um pensamento, mas não devemos fingir que
não seja nosso. Aceitamos a realidade dos nossos problemas, mas eles não constituem a
essência do nosso ser. Nós somos mais do que o medo, a dor e uma desorientação
momentânea. “Se não executarmos as nossas atividades com um grau de consciência adequado,
se não vivermos conscientemente, a penalidade inevitável é um senso de auto-respeito e de autoeficiência
diminuído. Não podemos nos sentir competentes e valorosos enquanto nossa vida for
conduzida em meio a um nevoeiro mental. A mente é nosso instrumento básico de sobrevivência.
Se é traída, a auto-estima sofre. A traição na sua forma mais simples é evadir-se dos fatos
desconcertantes” (Branden, p. 97). Prosseguindo esse raciocínio, Branden observa: Auto-estima
é a reputação que adquirimos diante de nós mesmos (p. 98).
3º pilar: Auto-responsabilidade.
Cada um de nós é responsável por sua existência. Somos responsáveis por nossos
desejos, escolhas, atitudes e realizações. Somos responsáveis pelos nossos relacionamentos
com familiares, amigos e colegas. Somos responsáveis pelas nossas escolhas e pela maneira
como priorizamos o tempo. Podemos ser ajudados pelas pessoas, mas ninguém pode assumir a
responsabilidade fundamental pela nossa vida. Quem tem liberdade, também deve exercer a
responsabilidade. “O sentimento do próprio valor é a pedra fundamental da autodisciplina: quem
se considera pessoa de valor, comporta-se dignamente em todas as ocasiões. A autodisciplina é
a capacidade de se comportar dignamente” (Peck, p. 14).
4º pilar: Auto-afirmação.
Todas as pessoas têm o direito de expressar seus pensamentos, convicções e
sentimentos. Temos o direito de nos expressar de forma apropriada e no devido contexto. Temos
o direito de discordar – até mesmo da maioria – e defender nossas convicções. As demais
pessoas podem saber quem somos e o que pensamos.
5º pilar: Viver intencionalmente.
Somente eu posso escolher os meus objetivos. Somente eu posso decidir a respeito do
que me faz feliz. “Ninguém pode me obrigar a ser feliz à sua maneira”, declarou o filósofo Kant.
Devo desenvolver uma disciplina para alcançar os meus propósitos.
6º pilar: Integridade pessoal.
As minhas atitudes devem ser coerentes com o que eu falo. Devo cumprir minhas
promessas. Devo honrar meus compromissos.
Devo exercitar a compaixão e a solidariedade em relação aos demais seres humanos.
Devo elaborar para mim princípios de conduta.
7º pilar: Amor.
“A meu ver, todas as doenças estão, em última análise, relacionadas com uma falta de
afeição, ou então com um amor apenas condicional, já que a exaustão e a depressão do sistema
imunológico assim provocadas conduzem à vulnerabilidade física. Acho que a cura está sempre
relacionada à capacidade de dar e aceitar amor incondicional” (Siegel, Amor, Medicina e
Milagres).
“Estou convencido de que o único inferno que existe é a incapacidade de amar”
(Dostoievski).
Quando as pessoas se aceitam como seres amáveis, elas conseguem mobilizar uma força
interior.
“Estou convencido de que o amor incondicional representa o mais poderoso estimulante do
sistema imunológico. Se eu pedisse aos doentes que elevassem seus níveis de imunoglobulina
ou de células T, ninguém saberia o que fazer. Mas, se puder orientá-los para que amem a si
mesmos e aos outros de forma plena, aquelas alterações ocorrem de modo automático. A
verdade é que o amor cura” (B. Siegel).
A teoria das pulsões estabelece um conflito entre pulsão de vida e pulsão de morte. Com
relação a essas hipóteses, Freud declarou que “com o tempo, elas se impuseram a mim com uma
tal força que não posso mais pensar de outra maneira” (O mal-estar na civilização, p. 305).
A agressividade é uma disposição instintiva primitiva e autônoma. Ela é um obstáculo para
a civilização. A agressividade é a representação da pulsão de morte. “Agora, o significado da
evolução da civilização deixa de ser obscura a meu ver: ela deve mostrar a luta entre Eros e a
morte, entre o instinto de vida e o instinto de destruição, tal como se desenvolve na espécie
humana. Essa luta é, no fim das contas, o conteúdo essencial da vida” (O mal-estar na
civilização, p. 308).
Portanto, é impossível que a civilização torne o homem feliz. E essa impossibilidade está
ligada à natureza humana. O meio mais eficaz para inibir esses impulsos é o superego, que é a
interiorização da civilização no indivíduo.
A tensão que se instaura entre ego e superego se traduz então em um ‘sentimento consciente de
culpa’ e se manifesta no comportamento por uma ‘necessidade de punição’.
O sentimento de culpa tem duas origens: angústia diante da autoridade externa e a angústia
diante do superego. A angústia diante do superego é experimentada sob a forma de um temor de
ser privado de amor por parte da pessoa que protege (Quinodoz, Ler Freud, p. 261).
A ambivalência é observada no conflito entre o indivíduo e a civilização e também na
tensão entre ego e superego. O sentimento de culpa é o principal problema para o
desenvolvimento da civilização. O pagamento do progresso é a perda da felicidade, reforçando o
sentimento de culpa. Esse sentimento de culpa permanece inconsciente, ou então “se manifesta
como um mal-estar, um descontentamento que se procura atribuir a outros motivos” (O mal-estar
na civilização, p. 232).
Existe um superego individual e um “superego da comunidade civilizada”, que é severo,
sendo as transgressões punidas com uma “angústia da consciência moral” (O mal-estar na
civilização, p. 329).
“Essas exigências costumam ser excessivas, em particular aquelas que provêm da ética
coletiva, e provocam um sentimento de revolta ou uma neurose no indivíduo, ou então o tornam
infeliz” (Quinodoz, Ler Freud, p. 262).
Teriam as civilizações se tornado neuróticas mediante seu processo coercitivo? Freud não
oferece uma solução terapêutica para o futuro, nem consolo.
“O progresso da civilização conseguirá, e em que medida, dominar as perturbações
causadas na vida coletiva pelas pulsões humanas de agressão e autodestruição? Desse ponto de
vista, a época atual talvez mereça uma atenção particular. Os homens de hoje levaram tão longe
o domínio das forças da natureza que ficou fácil, com sua ajuda, se exterminarem até o último.
Eles sabem muito bem disso, o que aliás explica uma boa parte de sua agitação presente, de sua
infelicidade e de sua angústia” (O mal-estar na civilização, p. 333).
A consciência de culpa se perpetuou durante milênios, porque existe uma “alma de grupo”
ou “psique de massa”, atuando além da “comunicação direta e da tradição”.
“Essa continuidade é assegurada em parte pela hereditariedade das disposições psíquicas
que, no entanto, precisam ser estimuladas por certos acontecimentos da vida individual para se
tornarem eficazes” (Totem e tabu, p. 379).
Freud estabeleceu uma distinção entre o neurótico e o homem primitivo. “No neurótico, a
ação é completamente inibida e totalmente substituída pela ideia. O primitivo, ao contrário, não
conhece entraves à ação; suas ideias transformam-se imediatamente em atos” (Totem e tabu, p.
382).
O Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) foi descrito por Freud e popularizado por Judith
Rapoporth com o livro O menino que não conseguia parar de se lavar. A escrupulosidade provoca
uma culpa intensa e invencível.
Uma pessoa pode se considerar infeliz, porque sente culpa de ser feliz em meio a pessoas
que são infelizes.
Uma pessoa pode contar seus problemas no confessionário e também pode cumprir pena
na penitenciária e, ainda assim, sentir um resquício de culpa inconsciente.
O PERDÃO
1. A mágoa.
Como surge uma mágoa.
Duas ocorrências juntas desencadeiam uma mágoa:
1. Criamos uma mágoa quando acontece algo que não queríamos que acontecesse, ou
quando esperávamos por algo que não se efetivou.
2. Passamos a pensar muito a respeito do ocorrido, ou no que queríamos que
acontecesse.
Não é possível realizar a satisfação de todos os nossos desejos. Nós sempre vamos nos
deparar com contrariedades e frustrações.
Para alcançarmos maturidade emocional, precisamos desenvolver uma boa tolerância à
frustração e às contrariedades.
Quando as vontades de uma criança não são atendidas, ela reage com violência. Na
medida em que a pessoa amadurece, ela descobre que as explosões de raiva não são a solução.
A frustração, o sofrimento e a dor fazem parte da vida. Não existe uma existência
desprovida de adversidades.
As frustrações e o sofrimento requerem da pessoa uma versatilidade perante a vida.
Para desfrutarmos um momento de prazer, é necessário que tenhamos vivenciado o seu
oposto, o desprazer. As vivências prazerosas não podem durar sempre, pois dependem de
estímulos, que são passageiros e efêmeros.
Todos nós desejamos ser felizes. Mas, quando experimentamos a felicidade, passamos a
sentir uma inquietação – como se estivéssemos na contramão da vida. Passamos a nos
preocupar com a inveja das outras pessoas.
Começamos então a sabotar a nossa felicidade. Desenvolvemos um medo da felicidade e
atrapalhamos um relacionamento amoroso. Quando a felicidade já não é mais completa, nosso
medo diminui. Resolvemos nossa situação de medo estragando nossa felicidade. Trata-se de
uma “solução” autodestrutiva.
Agimos assim, porque tememos a repetição da perda do paraíso. Nós estávamos tão bem
no útero materno e tivemos que sair de lá. A retirado do paraíso é o primeiro registro em nosso
cérebro. O nascimento foi dramático e doloroso.
Sempre que voltamos ao paraíso (vivenciando uma felicidade intensa), nós tememos uma
nova expulsão. O reflexo condicionado nos leva a sabotar a felicidade. A segunda grande perda
aconteceu por ocasião do desmame.
Enquanto éramos amamentados, nós não distinguíamos os limites entre nossa pessoa e o
resto do universo. A criança e o mundo formam uma unidade. Não há separações e ainda não se
estabeleceu uma identidade. Quando a criança move as pernas e os braços, é o mundo que se
move.
Com o transcorrer do tempo, a criança começa a perceber que os seus desejos não são
satisfeitos de imediato. Quando ela sente fome, a mamadeira ainda não está pronta. A criança
descobre que sua vontade própria não coincide com a da mãe. Ela desenvolve então uma
identidade própria.
“Aos seis meses, a criança adquire consciência de ser pessoa distinta dos pais. Ela passa
a ter, então, pavor de abandono” (Scott Peck, Formação da Personalidade, p. 62).
Depois da perda do paraíso e por ocasião do desmame, a criança percebe que o
abandono equivale à morte.
“As crianças, psicológica ou fisicamente abandonadas, perdem a segurança. Serão adultos
desamparados e inseguros. O mundo, para elas, será um lugar perigoso e ameaçador. […] Para
elas o futuro é duvidoso e irreal” (Peck, p. 15).
Ao completar um ano de vida, a criança adquire consciência de seu corpo. E passa a
conhecer os limites do ego. O psiquiatra Peck observa que “os limites estabelecidos são mais
psíquicos que físicos” (p. 63). Inconformada com seus limites, a criança adota atitudes de tirania e
tem acessos de fúria, o que levou os estudiosos a denominar o período de “o dois terrível”. Aos
três anos, a criança passa a aceitar a realidade de seus limites. Mesmo assim, procura se refugiar
num mundo de fantasia, onde existe a possibilidade de exercitar a onipotência. Explica-se o
sucesso – nessa fase – de heróis como o Super-homem e o Capitão Marvel.
Na adolescência, descobrem-se os limites do corpo. A sobrevivência acontece dentro da
sociedade.
“Mas a pessoa sente-se triste, dentro de seus limites.”
“Sob alguns aspectos, se bem que não em todos, o ato de se apaixonar é uma regressão.
A experiência da fusão com o ser amado traz consigo ecos dos tempos em que estávamos
unidos à mãe, na primeira infância. Com esta fusão, experimentamos igualmente um sentimento
de onipotência, do qual desistimos ao sair da infância. Unidos ao ser amado, sentimo-nos
capazes de vencer todos os obstáculos” (Peck, p. 64).
Precisamos aprender a lidar com as nossas decepções e também com as nossas
expectativas.
Precisamos sempre nos perguntar: este sofrimento merece tanta atenção? É sensato
deixar este sofrimento ocupar tanto espaço em nosso mente?
As pessoas costumam falar muito mais de suas mágoas do que dos momentos de êxito e
de felicidade. Pensam mais nas pessoas que as magoaram do que naquelas que as amam.
Quando damos muita atenção a um sofrimento, ele se torna mais intenso. A infelicidade
pode se tornar um hábito. Quando pensamos muito na infelicidade, ela passa a ter poder sobre
nós.
Quando algo doloroso nos acontece e nós não temos a suficiente habilidade para lidar com
a dor emocional, então forma-se uma mágoa.
As nove etapas para se exercitar no perdão.
1. Definir o que nos magoou.
2. Descobrir que a mágoa depende mais dos nossos sentimentos do que do ocorrido
propriamente.
3. Compreender que o perdão é para nós, para que cesse o sofrimento e alcancemos paz
de espírito.
4. O que estamos sentindo no presente é mais importante do que os detalhes do ocorrido
no passado. O perdão transforma o presente. Não podemos mudar o passado. Mas
podemos dar menos espaço para o sofrimento.
5. Devemos interromper o ciclo da mágoa, pois dor, raiva e frustração geram culpa e
doença. A conseqüência será mais dor, raiva, frustração e enfermidade.
6. Detectar as contrariedades e frustrações. Não querer a mudança de acontecimentos
sobre os quais não temos controle. Não adianta forçar. Essa atitude gera dor e
impotência.
7. Enfocar a intenção positiva. Ao invés de lamentar o passado, desenvolver um projeto
para o futuro.
8. Aprender novos hábitos. Promover mudanças na vida. A melhor vingança é uma vida
bem desfrutada. Nós somos os únicos que podemos proporcionar uma vida agradável e
prazerosa para nós mesmos.
9. Desenvolver novos relatos, enfatizando o treinamento para o perdão. Com a nova
história nós deixamos de ser vítimas e passamos a administrar nossas emoções.
9. Motivação para perdoar.
Não devemos confundir uma afronta imperdoável com a incapacidade para perdoar. Uma
pessoa pode se deparar com a falta de motivação para perdoar. E interpreta essa falta de
motivação a partir da intensidade da afronta. A gravidade da ofensa é vista como um bloqueio
para o perdão.
A pessoa deve descobrir que a falta de perdão prolonga um sofrimento, que nem sempre é
resolvido pelo tempo. Essa é uma boa razão para perdoar. Não é a falsidade do agressor que
impede o perdão. A motivação para perdoar deve prevalecer.
As afrontas não são o principal obstáculo para o perdão, mas a falta de conhecimento
sobre como proceder.
A falta de motivação transparece através da hesitação. Enquanto a pessoa não se decide
pelo perdão, ela confere ao passado um poder para arruinar o presente. E continua reagindo ao
sofrimento de modo inoperante.
A pessoa deveria ao menos parar de fazer o que não funciona. Parando com as
estratégias malsucedidas, novas ideias poderão aflorar à mente.
Havendo motivação e um treinamento adequado, a pessoa perdoa e pára de reagir de
modo inadequado ao sofrimento. A pessoa precisa pelo menos parar de fazer o que não funciona.
A frustração é a maior ameaça para a nossa motivação.
10. Perdão e saúde.
As pessoas que sabem perdoar desfrutam de uma saúde melhor.
A gratidão, a fé e a solicitude exercem um impacto benéfico sobre o sistema
cardiovascular.
Praticar o perdão é exercitar a espiritualidade. O sofrimento e a raiva são confrontados e a
pessoa se cura.
A pessoa que não consegue administrar o sofrimento e a raiva passa a culpar os outros.
Quando a pessoa sente menos raiva, ela passa a ver o mundo como um lugar mais
aprazível. Desenvolvendo sentimentos de felicidade, ela sentirá mais esperança e menos
depressão.
Na medida em que a pessoa aprende a perdoar, ela se torna menos ansiosa e mais
confiante perante a vida. Acontece uma melhora na saúde emocional e orgânica.
Está comprovado que o ressentimento altera a pressão sangüínea, o batimento cardíaco e
o funcionamento do aparelho digestivo.
Estudos também comprovam o efeito positivo do perdão sobre a saúde da pessoa que
perdoa. Em pouco tempo, o perdão reduz o estresse sobre o organismo.
Pessoas otimistas desfrutam de uma saúde melhor. Pessoas que desenvolveram a
dimensão da espiritualidade, enfrentam melhor as perdas existenciais.
A raiva é um fator de risco para a doença cardíaca. A raiva desencadeia substâncias
químicas associadas ao estresse. Ela altera também o funcionamento do coração e das artérias
coronárias e periféricas.
A incapacidade para perdoar prejudica mais do que a hostilidade declarada.
A prática do perdão também harmoniza a atividade cerebral. As pessoas que perdoam
tomam decisões mais lúcidas.
Precisamos nos curar de nossas mágoas para podermos sentir paz de espírito.
O perdão possibilita a ampliação dos momentos de serenidade.
Devemos praticar a respiração consciente. Precisamos aprender a modificar o modo de
sentir. “A respiração natural é uma dádiva de Deus, que insuflou vida aos nossos corpos”
(Alexander Lowen, A espiritualidade do corpo, p. 67).
Devemos mudar o modo de pensar e também o modo de agir.
A beleza e o amor devem receber tanta atenção quanto as mágoas e o sofrimento.
A ira, a mágoa e a frustração são emoções que dificultam a tomada de decisões acertadas.
O perdão nos possibilita experimentar mais paz e saúde. Além de curar as feridas do
passado, o perdão melhora a nossa saúde.
DA TRANSCENDÊNCIA
Espiritualidade e saúde
Durante os últimos trinta anos, gente de todos os países civilizados do mundo tem-me
consultado. Tratei de muitas centenas de pacientes. Entre todos os meus pacientes que se
achavam na segunda metade da vida – isto é, que tinham mais de trinta e cinco anos – não
houve um sequer cujo problema, em última análise, não fosse o de encontrar uma perspectiva
religiosa para encarar a vida. Pode-se dizer, com segurança, que cada um deles ficara doente
porque perdera aquilo que as religiões vivas de todas as épocas deram aos seus crentes, e que
nenhum deles conseguiu curar-se completamente, enquanto não readquiriu a sua perspectiva
religiosa.
Carl Gustav Jung, O homem moderno em busca da alma.
A espiritualidade resulta de um profundo amadurecimento. Não se trata de um recurso
mágico, mas de um crescimento.
O ser humano constata que o sentido da vida não é imanente a este mundo. A partir dessa
constatação, ele busca a transcendência.
Voltado para a transcendência, o ser humano ultrapassa os limites de seu poder. A pessoa
que vivencia uma comunhão com o Absoluto, não precisa mais se atemorizar diante da limitação
existencial. Em comunhão com o Absoluto, a vida é afirmada; a morte é vencida pela
ressurreição. A temporalidade se torna inexpressiva diante do Absoluto.
Émile Durkheim ressaltou a força que se manifesta na vida da pessoa com fé. “O crente
que está em comunhão com o seu Deus, não é apenas um homem que vê novas verdades que o
não crente ignora: ele é um homem mais forte. Ele sente dentro de si mais força, seja para
suportar os sofrimentos da existência, seja para conquistá-los” (As formas elementares da vida
religiosa).
A fé libera energias antes paralisadas pelo medo.
“A maioria de nós espera que Deus modifique os aspectos externos de nossa vida para
que não tenhamos de mudar por dentro. Muitas vezes achamos que ficar ressentidos e sofrer no
papel de vítima é mais fácil que amar, perdoar, aceitar e descobrir a paz interior. Esta poesia de
W. H. Auden é inspiradora:
O ENCONTRO TERAPÊUTICO
As três funções do aconselhamento são:
1. Ouvir objetivamente a pessoa, para que ela possa verbalizar o seu problema.
2. Ajudar a pessoa a descobrir a origem do problema – nas profundezas de seu psiquismo.
3. Possibilitar à pessoa uma nova compreensão de si mesma, capacitando-a a resolver o
problema por si mesma.
A diferença entre conselho e aconselhamento:
O conselho é neutro, objetivo e tende a ser superficial: “Aconselho que você evite transitar
por aquela rua”. O conselho é de mão única e não provoca uma mudança real na personalidade
da outra pessoa.
O aconselhamento é mais profundo e suas conclusões resultam de uma interação entre o
terapeuta e o aconselhando. “A efetuação de uma mudança na natureza do paciente só pode
emanar dele. Sempre reputei um método proveitoso sentar-me ostensivamente com as mãos no
colo, perfeitamente convencido de que o paciente, assim que tiver reconhecido o rumo de sua
vida, nada pode obter de mim que ele como pessoa sofrida não compreenda melhor, não
importando o que eu possa dizer sobre a questão” (Alfred Adler). A decisão deve partir do
aconselhando. “Em meu ponto de vista, o paciente deve fazer de si próprio aquilo que ele é, deve
desejar fazê-lo e realizá-lo por si próprio, sem obrigação ou justificativa, e sem a necessidade de
transferir sua responsabilidade” (Otto Rank).
Por que algumas sugestões são aceitas, e outras não?
“No indivíduo saudável o ego consciente faz uma seleção dessa variedade e escolhe a
direção que ele aprova, e refreia as outras tendências. Neurose quer dizer um enfraquecimento
do comando do ego, uma incapacidade de decidir em que direção o movimento deve ser feito e,
daí, uma mutilação de ação afetiva. Nesse caso, uma sugestão do meio ambiente pode ser o
toque necessário para libertar uma dessas tendências que já se tornou forte dentro do indivíduo”
(Rollo May, A arte do aconselhamento psicológico, pp. 126-27).
Alternativas construtivas:
1. A sugestão do terapeuta é aceita e o aconselhando toma uma decisão.
2. A partir da compreensão do problema ocorre uma transformação. Um comportamento
neurótico se caracteriza pelas formas de enganar-se a si próprio. Quando esse engano é
desmascarado, o ego terá de renunciar à auto-sabotagem e adotar um comportamento
construtivo. A verdade liberta.
3. Com a solução do problema surge um novo tipo de comportamento. E então a coragem
ocupa o lugar do desespero.
4. O sofrimento do paciente deve ser compreendido como um alerta. “Na verdade, muitos
indivíduos neuróticos preferem suportar a miséria de sua situação atual a arriscar a incerteza que
viria com a mudança. Por mais clara que seja a demonstração de que a neurose está baseada na
pura falsidade, o paciente nunca abrirá mão dela, até que seu sofrimento se torne insuportável”
(Rollo May, p. 131). “A técnica do tratamento deve estar em você mesmo” (Alfred Adler). O
indivíduo precisa se defrontar constantemente com a realidade. Nesse inter-relacionamento, a
realidade lança desafios, e o indivíduo precisa elaborar respostas. Se as respostas forem
adequadas e os conflitos emocionais puderem ser controlados, então o indivíduo apresenta um
comportamento saudável. No entanto, se essas respostas forem inadequadas e
desproporcionais, não havendo mais controle sobre os conflitos emocionais, então o
comportamento apresenta um quadro de neurose.
“Reajustamento das tensões da personalidade é sinônimo de criatividade” (Rollo May, p.
61). Muitos líderes eclesiásticos apresentam um comportamento como se eles não pudessem
cometer erros.
“Seja qual for a origem da inferioridade, a ambição exagerada que dela advém tomará uma
forma moral nesta pessoa religiosa. Apresentará um ‘impulso para estar por cima’ moralmente, e
sentirá uma culpa especial quando não estiver por cima” (Rollo May, p. 149). Os detalhes tornamse
importantes para pessoas que colocaram a supremacia do ego como a preocupação central de
sua existência.
“É fácil ver como certos indivíduos conseguem elevar-se acima dos outros através dessa
técnica de enfatizar detalhes religiosos e morais insignificantes” (Rollo May, p. 149). Uma
ambição neurótica aliada a um profundo sentimento de inferioridade impulsionam o
perfeccionismo e o zelo por detalhes no âmbito da moralidade.
“Isso ilustra como a ambição interfere nos problemas religiosos e como a vaidade faz de
seu possuidor um juiz da virtude e do vício, da pureza e da corrupção, do bem e do mal” (Alfred
Adler, A ciência da natureza humana).
O aconselhador religioso deve se libertar da tendência de julgar e condenar.
“Jung sustenta que a razão pela qual as pessoas hesitam em confessar-se ao ministro,
preferindo um psiquiatra, é seu medo de serem condenadas pelo ministro. E prossegue dizendo:
‘Ao emitir o julgamento, ele nunca está em contato com o outro… Somente obtemos o contato
com outra pessoa através de uma atitude de objetividade sem preconceitos’” (Rollo May, p. 150).
O terapeuta deve se orientar por princípios e valores, para que possa transmitir inteireza ao
aconselhando.
“A única saída para o aconselhador é estimar e apreciar as outras pessoas, sem condenálas.
É o caminho da compreensão e da ‘objetividade sem preconceitos’. É o caminho da empatia,
como vimos num capítulo anterior. A capacidade de ‘não julgar’ é o divisor de águas entre a
verdadeira religião e a religiosidade egocêntrica” (Rollo May, pp. 150-51).
O terapeuta deve amar as pessoas movido pela solidariedade e pela misericórdia. Afinal,
essa é a condição humana. “Se ainda acreditar que as ama ‘por amor a Deus’, que se pergunte
se esse ‘Deus’ não é uma máscara para a luta do seu ego” (Rollo May, p. 152).
As pessoas precisam ser amparadas em sua condição humana.
“Todo problema de personalidade é, em certo sentido, um problema moral, pois está ligado
à questão básica de toda ética: ‘Como devo viver?’. Podemos esperar que a personalidade
saudável se distinga por sua capacidade de lidar adequadamente com as relações morais da vida
e podemos ter como um princípio básico que um ajustamento moral e construtivo da vida é o
objetivo de um aconselhamento bem sucedido” (Rollo May, A arte do aconselhamento
psicológico, p. 153).
O ser humano está sempre se defrontando com tentações. Precisamos compreender essa
dinâmica existencial, pois “a maioria das tentações não deve ser superada por um ataque direto e
frontal. Isso apenas fortalece a tentação. E se for uma questão de desejo, como o do álcool e do
sexo, quanto mais enfatizado for, mais forte se torna esse desejo. Falando construtivamente, o
melhor modo de eliminar a força da tentação é remover a imagem do centro da atenção” (May, p.
154).
Diante de uma fraqueza humana, muitos aconselhadores recorrem à exortação.
“Por si mesma, tanto na pregação quanto no aconselhamento, a exortação traz pouco bem,
podendo inclusive fazer grande mal. Ela aumenta o sentimento de culpa do indivíduo, levando-o a
lutar ainda mais, porém de forma negativa” (May, p. 155).
Quando as pessoas são exortadas a lutar contra a tentação, elas travam uma batalha
árdua, mas destrutiva. “São como peixes presos numa rede. A luta destrutiva causa uma
desunidade maior na personalidade e é exatamente isso que tentamos evitar” (May, p. 155). A
pessoa se torna tensa e fica imobilizada.
A pessoa não deve ser exortada a travar uma luta apenas na superfície de seu psiquismo,
mas deve estar disposta a reorganizar toda a sua personalidade. Não se trata de colocar “um
remendo novo num tecido velho”, mas de encontrar nova direção para a vida.
“Por essas razões, é necessário enfatizar o princípio de que o problema do aconselhando
não deve ser abordado como uma questão de moralidade, mas sim de saúde mental” (May, p.
156). Somente então o problema poderá ser encarado objetivamente, sem constrangimentos.
Nós precisamos admitir a existência dos impulsos do id. Precisamos nos reconciliar com a
nossa “sombra”, como demonstrou Jung. Temos um número muito maior de impulsos irracionais
do que gostaríamos de admitir. Para a pessoa que não quer admitir sua animalidade, só lhe resta
o “desvio da neurose”.
Para enfrentar problemas da adolescência, muitas pessoas criam regras pormenorizadas.
Alfred Adler fez esta observação: “Temos a impressão de que se sentem tão inseguras que
precisam reduzir o conteúdo da vida e de suas vivências a umas poucas regras e fórmulas, para
não sentirem tanto medo delas. Se enfrentarem uma situação para a qual não têm uma regra ou
uma fórmula, a única coisa que podem fazer é fugir” (A ciência da natureza humana).
A exortação que visa apenas reprimir a tentação está na verdade propondo um atalho. “O
que precisamos é de uma cooperação entre os impulsos instintivos e os objetivos conscientes”,
observa May, p. 159, e prossegue: “Isso significa que o indivíduo deve, acima de tudo ser honesto
para com seus impulsos instintivos”, pois “o homem que combate com energia sua vida instintiva
pode conseguir evitar o mal temporariamente, mas, ao mesmo tempo, bloqueia suas
possibilidades de fazer o bem. […] O indivíduo que tenta eliminar seus impulsos instintivos rouba
à sua vida o conteúdo; seu rio está seco” (p. 160).
Devemos ter uma noção realista da existência humana.
“A vida não é uma questão de simples otimismo, pois o mal existe; nem de mero
pessimismo, pois o bem também existe. A possibilidade da nobreza frente ao mal é que dá à vida
seu significado trágico” (May, p. 161).
A pessoa, que adquiriu e desenvolveu uma auto-expressão saudável, apresenta estas
características.
Espontaneidade. É a característica mais evidente da auto-expressão. Ela é possível
quando o indivíduo integra os níveis mais profundos de sua personalidade. Desse modo, é obtida
uma unidade entre os impulsos inconscientes e os objetivos conscientes. Esse indivíduo
encontrou a conciliação com sua vida instintiva e, por isso, não precisa estar sempre alerta para
se reprimir. Sua vida é orientada pelo Self (si-mesmo). Ele se tornou um indivíduo saudável. A
pessoa que não se conciliou com sua vida instintiva, está sempre se controlando, pois um animal
feroz pode saltar das profundezas de seu inconsciente. Essa pessoa está em guerra contra si
mesma, pois precisa manter seus instintos encobertos. Essa guerra lhe rouba quase toda
energia.
Integridade. É a característica que deve brotar das profundezas da personalidade. É a
expressão verdadeira do si-mesmo. Nossa personalidade é saudável na medida em que falamos,
agimos e vivemos a partir das profundezas da totalidade do si-mesmo – sem dissimulação.
Originalidade. Cada indivíduo é diferente de todos os demais que já existiram, existem e
existirão no mundo. Cada um de nós deve conseguir sua própria identidade singular. Nossa vida
deve ser dirigida a partir de dentro. Em meio à transitoriedade de tudo o que existe, o indivíduo
original encontrou a sua missão na vida. “Sua vida aflora de dentro e isto é que dá força e
convicção à sua personalidade” (May, p. 165).
Liberdade. O objetivo da psicoterapia é a libertação da pessoa. É necessário se libertar
das repressões e inibições, das fixações da infância, da rigidez da educação e também da
carência de princípios e valores. Enquanto a pessoa não se libertar, sua consciência estará em
guerra contra os impulsos inconscientes. Muitas pessoas são dominadas e escravizadas por
medos desnecessários. Pessoas, que estão sempre carregando fardos impostos pelo passado,
desenvolvem apenas um terço de suas potencialidades. A terapia deve possibilitar a libertação
das potencialidades da pessoa.
Devemos aprender a viver com coragem. Devemos aprender a expressar nossa
indignação na hora certa e no lugar certo. O ódio não deve destruir o nosso equilíbrio. Devemos
desenvolver “a coragem da imperfeição” (Adler). A vida está repleta de possibilidades. Muitas
pessoas estão imobilizadas por medos desnecessários e inúteis. Cada ser humano é chamado a
desenvolver os dons que lhe foram confiados.
“’Empatia’ vem da tradução de uma palavra usada pelos psicólogos alemães, Einfühlung,
que significa literalmente ‘sentir dentro’. É derivada do grego pathos, que quer dizer um
sentimento forte e profundo, semelhante ao sofrimento e tendo como prefixo a preposição in. É
uma palavra obviamente paralela a ‘simpatia’.
Mas, enquanto ‘simpatia’ denota ‘sentir com’ e pode levar à sentimentalidade, ‘empatia’
significa um estado de identificação mais profundo de personalidade em que uma pessoa se
sente tão dentro da outra que chega a perder temporariamente a sua própria identidade. É neste
profundo e um tanto misterioso processo de empatia que ocorrem a compreensão, a influência e
outras relação significativas entre as pessoas” (Rollo May, A arte do aconselhamento psicológico,
p. 65).
“Empatia na dose certa é um traço essencial não apenas para os terapeutas, mas também
para os pacientes, e devemos ajudar os pacientes a desenvolverem empatia pelos outros. Tinha
sempre em mente que nossos pacientes geralmente nos procuram porque não têm sucesso em
desenvolver e manter relacionamentos interpessoais gratificantes. Muitos não conseguem
empatizar com os sentimentos e experiências dos outros. Acredito que o aqui-e-agora oferece
aos terapeutas uma maneira poderosa de ajudar os pacientes a desenvolverem empatia. A
estratégia é simples e direta: ajude os pacientes a sentirem empatia por você, e eles
automaticamente farão as extrapolações necessárias para outras figuras importantes em suas
vidas. É bem comum os terapeutas perguntarem aos pacientes como uma determinada sentença
ou ação deles poderia afetar os outros. Sugiro simplesmente que o terapeuta inclua a si próprio
nessa pergunta” (Irvin Yalom, Os desafios da terapia, p. 38).
“Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” (Rm 12:15).
“De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado,
com ele todos se regozijam” (1 Co 12:26).
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