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GT Práticas do ensino de Arte, democratização da arte e a oferta das

linguagens artísticas nos IF’s –

A ARTE COMO FATOR INTERDISCIPLINAR EM UMA AÇÃO NO


IFRS
Lilian Cláudia Xavier Cordeiro1
Bianca Rossato2

RESUMO

PALAVRAS-CHAVE: Arte; interdisciplinaridade; direitos humanos.

Esta proposta de apresentação de pôster ao ENAE IF 2016, surgiu a partir de um projeto


de ensino interdisciplinar denominado “50 anos da ditadura no Brasil”, que foi realizado nas
turmas do Ensino Médio Técnico Integrado do IFRS câmpus Ibirubá3, envolvendo as
disciplinas de Arte, História e Língua Portuguesa, bem como os Projetos de Extensão Break
Cultural4 e LeiturAção5.
O projeto surgiu da necessidade de uma retomada crítica do período histórico englobado
pela ditadura militar no Brasil, tendo em vista as afirmações constantes de apoio à ditadura,
principalmente nas redes sociais, às quais os estudantes estão bastante expostos. Um dos
objetivos da ação pedagógica foi o resgate da história da época, bem como da produção
artístico-cultural, além de gerar uma produção de arte, valendo esta como elemento de ligação
aos conhecimentos de história e língua portuguesa.
Na disciplina de Arte, apresentamos a contribuição dos artistas visuais cuja obra foi
foco de resistência à repressão militar. Depois disso, foram feitos painéis de grafite6 sobre
tecido, retomando o cunho político dessa manifestação artística. Na música, houve a
interligação com a disciplina de Língua Portuguesa e foram trabalhados os festivais, os

1
Lilian Cláudia Xavier Cordeiro; Mestre em Educação; Professora no IFRS; câmpus Ibirubá;
lilian.cordeiro@ibiruba.ifrs.edu.br
2
Bianca Deon Rossato; Mestre em Letras; Professora do IFSUL câmpus Passo Fundo;
bianca.rossato@passofundo.ifsul.edu.br
3
O IFRS câmpus Ibirubá conta com os cursos na modalidade Ensino Médio Integrado Técnico nas áreas de
agropecuária, mecânica e informática.
4
Break Cultural foi um projeto de extensão fomentado pelo IFRS, que promovia apresentações culturais durante
o intervalo do almoço do câmpus Ibirubá.
5
LeiturAção: Reading is bueno, tchê! é um projeto de extensão ainda vigente, que tem por finalidade incentivar
a leitura e a produção escrita, bem como levar ações voltadas a essas habilidades à comunidade externa.
6
Técnica utilizada na época da ditadura para escrever frases contra o regime pelas cidades, que ganha mais
contemporaneamente o status de arte.
compositores e demais envolvidos nesse período de resistência. Nesses conteúdos,
analisaram-se as canções e a produção literária da época, culminando com a confecção de
cartazes que foram expostos no Break Cultural.
Como fator positivo da ação, ressaltamos o envolvimento dos professores das diversas
áreas, que motivaram os alunos a compreender a democracia como um valor a ser protegido
na contemporaneidade. A disciplina de História trouxe discussões sobre o momento histórico
da implantação da ditadura militar e/ou civil-militar, com leitura de textos e debates. Também
houve uma efetiva participação dos demais servidores nas discussões e apresentações
artísticas. Além disso, os alunos, foco principal da ação educativa, estiveram envolvidos e
demonstraram, através das produções, a capacidade da análise crítica da época.
Como ponto culminante do projeto, houve uma apresentação de dança e música, além
da exposição dos painéis. No número final, os professores fizeram uma performance com
músicas da época estudada.
Percebemos, a partir das avaliações feitas pelos alunos, o apreço pela ação pedagógica
realizada, dizendo que essa vivência tornou o conteúdo mais real, mais vivo para eles. A partir
disso, podemos inferir que restringir as discussões de determinados conteúdos, apenas à sala
de aula, com foco em cada disciplina, pode comprometer a aprendizagem de fato, pois não há
a implicação de todas as linguagens e capacidades envolvidas no processo. Também não
parece favorável manter as disciplinas isoladas em suas “caixas” de conhecimentos sem a
interligação. Esta, tão propalada no mundo tecnológico onde se propaga que aprendemos
criando uma teia de conexões e não em compartimentos isolados.
Os adolescentes precisam envolver o corpo e a ação deste no mundo, pois não possuem
a mesma disposição para o estudo encerrado em uma sala de aula como os adultos, uma vez
que, conforme, Veen (2009, p. 57), os jovens estão acostumados a realizar várias atividades
ao mesmo tempo, como fazer a tarefa de casa, ouvir música e conversar com amigos nas redes
sociais. Assim, permitir seu engajamento mais ativo é, não só mais desafiador, como mais
prazeroso. Podemos ainda afirmar que a ação interdisciplinar aproximou os docentes e demais
servidores, realmente engajados em trazer à tona a discussão acerca da possibilidade do
retorno do regime.

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