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Universidade Federal de Pernambuco

Centro Acadêmico do Agreste - CAA


Núcleo de Tecnologia

LIGANTES ASFÁLTICOS
PARTE I

PROFESSOR: Renato Mahon Macêdo


E-MAIL: renatomahon@uol.com.br
Importância do asfalto

 A maioria das rodovias no Brasil são de revestimentos


asfálticos.
 O CAP representa de 25 a 40% do custo da construção
do revestimento.
 Quase sempre é o único elemento industrializado usado
nas camadas do pavimento.
Materiais asfálticos - definições

 BETUME: mistura de hidrocarbonetos de elevado


peso molecular, solúvel no bissulfeto de carbono,
que compõe o asfalto e o alcatrão.

 ASFALTO: material cimentante, preto, sólido ou


semi-sólido, que se liquefaz quando aquecido,
composto de betume e alguns outros metais. Pode
ser encontrado na natureza (CAN), mas em geral
provém do refino do petróleo (CAP).
Materiais asfálticos - definições

 ALCATRÃO: líquido negro viscoso resultante da


destilação destrutiva de carvão, madeira e açúcar,
constituindo um subproduto da fabricação de gás e
coque metalúrgico.

Em desuso em pavimentação  CANCERÍGENO.


Propriedades do asfalto para pavimentação
 Adesivo termoplástico:
 passa do estado líquido ao sólido de maneira reversível;
 a colocação no pavimento se dá a altas temperaturas; através do resfriamento
o CAP adquire as propriedades de serviço  comportamento visco-elástico.

 Impermeável à água.

 Quimicamente pouco reativo:


 garante boa durabilidade;
 contato com o ar acarreta oxidação lenta, que pode ser acelerada por
temperaturas altas;
 para limitar risco de envelhecimento precoce: evitar temperatura excessiva de
usinagem e espalhamento e alto teor de vazios.
Tipos básicos de ligantes asfálticos

Cimento asfáltico:
 mistura química complexa cuja composição varia com o petróleo e
processo de produção.

 Do seu peso molecular >95% são hidrocarbonetos. Os


outros 5% são heteroátomos.

 Para ser usado deve ser aquecido.

 Cimento asfáltico de petróleo (CAP) é classificado pela


penetração desde 2005.

 Antes (1992 -2005) classificado pela viscosidade ou


pela penetração.
Tipos básicos de ligantes asfálticos

Asfalto Diluído (ADP)


 Diluição de CAP em derivados de petróleo para permitir a utilização a
temperatura ambiente.

 Denominação dada segundo a velocidade de evaporação do


solvente:
 Cura rápida (CR) – solvente é a gasolina ou a nafta.
 Cura média (CM) – solvente é o querosene.

 Avaliado em relação à viscosidade cinemática.

 Ex: CM 30, CR 250.


Tipos básicos de ligantes asfálticos

Emulsão Asfáltica (EAP)

 Dispersão do CAP em água com o uso de


emulsificante e energia mecânica.

 Existem vários tipos, identificados pelo tempo de


ruptura, pela carga da partícula e pela finalidade.
Tipos básicos de ligantes asfálticos

Emulsão Asfáltica (EAP)


Pelo tempo de ruptura podem ser:

 RR = ruptura rápida.
 RM = ruptura média.
 RL = ruptura lenta.
 Ruptura controlada.
 Existem emulsões para lama asfáltica e
modificadas por polímeros.
Produção de CAP

No Brasil há 9 refinarias da PETROBRAS que


produzem asfalto:

 REDUC, REFAP, REVAP, RLAM, REGAP,


LUBNOR, REMAN, REPAR, REPLAN.

 Vários processos

 Vários petróleos, a maioria petróleo nacional


(atualmente: auto-suficiência na produção)
Produção de CAP (esquema geral)
Cimento Asfáltico de Petróleo
O derivado de petróleo
usado como ligante dos
agregados minerais
denomina-se, no Brasil,
cimento asfáltico de
petróleo (CAP). É um
material semi-sólido, de
cor marrom escura a
preta, impermeável à
água, visco-elástico,
pouco reativo, com
propriedades adesivas
e termoplásticas.
Tipos de ligantes asfálticos

 cimentos asfálticos de petróleo


- CAP;

 asfaltos diluídos de petróleo -


ADP;

 emulsões asfálticas - EAP;

 asfaltos oxidados ou soprados;

 asfaltos modificados;

 agentes rejuvenescedores.
Propriedades físicas do asfalto

Todas as propriedades físicas do asfalto estão associadas à sua temperatura. O


modelo estrutural do ligante como uma dispersão de moléculas polares em meio
não-polar ajuda a entender o efeito da temperatura nos ligantes asfálticos.

Em temperaturas muito baixas, as moléculas não têm condições de se mover


umas em relação às outras e a viscosidade fica muito elevada; nessa situação o
ligante se comporta quase como um sólido. À medida que a temperatura
aumenta, algumas moléculas começam a se mover podendo mesmo haver um
fluxo entre as moléculas. O aumento do movimento faz baixar a viscosidade e,
em temperaturas altas, o ligante se comporta como um líquido. Essa transição é
reversível.
Propriedades físicas do asfalto

Um dos critérios mais utilizados de classificação dos ligantes é a avaliação


da sua suscetibilidade térmica, por algum ensaio que meça direta ou
indiretamente sua consistência ou viscosidade em diferentes temperaturas.
A faixa de temperatura correspondente à transição entre sólido e líquido é
influenciada pela proporção dos quatro componentes do ligante asfáltico e pela
interação entre eles.

Portanto, todos os ensaios realizados para medir as propriedades físicas dos


ligantes asfálticos têm temperatura especificada e alguns também definem o
tempo e a velocidade de carregamento, visto que o asfalto é um material
termoviscoelástico.
Cimento Asfáltico de Petróleo
 Classificado por penetração
a 25ºC (até 2005) em
algumas refinarias:
 30/45
 50/60
 85/100
 150/200

 Classificado por viscosidade


a 60°C (até 2005):
 CAP 7
 CAP 20
 CAP 40
Cimento Asfáltico de Petróleo

 Classificado por penetração


a 25ºC (a partir de 2005):
 30/45
 50/70
 85/100
 150/200
Classificação CAP 2005
Características da Tabela de Especificação com os
métodos de ensaio:

Penetração
 NBR 6576 - Materiais betuminosos - Determinação da penetração.
 ASTM D 5 - Determinação de penetração de materiais betuminosos
(Penetration of Bituminous Materials).

Ponto de Amolecimento
 NBR 6560 - Materiais betuminosos - Determinação do ponto de
amolecimento - Método do anel e bola.
 ASTM D 36 - Determinação do ponto de amolecimento (método do anel
e bola) (Softening Point of Bitumen (Ring-and-Ball Apparatus).
Classificação CAP 2005

Características da Tabela de Especificação com os


métodos de ensaio:
Viscosidade Saybolt-Furol e Viscosidade Brookfield
 NBR 14950 - Materiais betuminosos - Determinação da
viscosidade Saybolt Furol.

 ASTM E 102 - Determinação da Viscosidade Saybolt Furol de


materiais betuminosos a temperaturas elevadas (Standard Test
Method for Saybolt Furol Viscosity of Bituminous Materials at High
Temperatures).

 ASTM D 4402 - Determinação da viscosidade do asfalto a


temperaturas elevadas usando um viscosímetro rotacional
(Viscosity Determination of Asphalt at Elevated Temperatures
Using a Rotational Viscometer).
Classificação CAP 2005

Tabela de Especificação - seguintes métodos de ensaio


(cont.):
Ponto de Fulgor
 NBR 11341 - Derivados de petróleo - Determinação dos pontos de
fulgor e de combustão em vaso aberto Cleveland.
 ASTM D 92 - Determinação dos pontos de fulgor e de combustão em
vaso aberto Cleveland (Flash and Fire Points by Cleveland Open Cup
Tester).

Solubilidade em Tricloroetileno
 NBR 14855 - Materiais betuminosos - Determinação da solubilidade
em tricloroetileno.
 ASTM D 2042 - Solubilidade de materiais betuminosos em
tricloroetileno (Solubility of Asphalt Materials in Trichloroethylene).
Classificação CAP 2005

Tabela de Especificação - seguintes métodos de ensaio


(cont.):
Dutilidade
 NBR 6293 - Materiais betuminosos - Determinação da dutilidade.
 ASTM D 113 - Dutilidade de materiais betuminosos (Ductility of
Bituminous Materials).

Variação em Massa
 NBR 15235 – Materiais asfálticos – Determinação do efeito do calor e
do ar em uma película delgada rotacional.

 ASTM D 2872 - Effect of Heat and Air on a Moving Film of Asphalt


(Rolling Thin-Film Oven Test).
CAP
Vídeos e passos dos ensaios:
http://transportes.ime.eb.br/MATERIAL%20DE%20PESQUISA/LABOTATORIO/L
AB%20LIGANTES/03_ensaios_cimento_asfaltico_04.htm

Ensaios correntes
da classificação
brasileira
Penetração

 Ensaio de classificação de
cimentos asfálticos.

 Medida de consistência.

 Ensaio a 25ºC, 100 g, 5s


NBR 6576.

 Presente em especificações
ASTM e européias.
Penetração

Amostra a 25oC

Equipamento
Ensaios de Consistência

Penetração (ASTM D5-94 e NBR 6576)

 Profundidade, em
décimo de milímetro,
que uma agulha de
massa padronizada
(100 g) penetra numa
amostra de cimento
asfáltico (por 5
segundos) à
temperatura de 25 C.
Solubilidade (Pureza)

Em tricloroetileno

NBR 14855
Solubilidade (Pureza)

(2) Cadinho com papel filtro (esq)


(1) Materiais e equipamentos Amostra antes da filtragem (dir)

Foto:PBS

(3) Amostra dissolvida em tricloroetileno (4) Filtragem com auxílio de vácuo


Ponto de Amolecimento

 Ensaio classificatório de
especificações européias

 Especificação NBR 6560

 Empregado para estimativa


de susceptibilidade térmica.

 Presente em especificações
de asfaltos modificados e
asfaltos soprados.
Ensaios de Consistência
Ponto de Amolecimento - Anel
Bola
 Uma bola de aço de dimensões e
peso especificados é colocada no
centro de uma amostra de asfalto em
banho. O banho é aquecido a uma
taxa controlada de
5C/minuto.
Quando o asfalto
amolece, a bola e o
asfalto deslocam-se
em direção ao fundo.
Ponto de Amolecimento
Início do ensaio Final do ensaio
Viscosímetros para Fluídos
Newtonianos
Necessário para:
 Especificação de CAP (garantir
bombeamento).
 Determinação da temperatura de
usinagem e compactação.
 Por capilar – viscosidade cinemática.
 Determinação do tempo de
escoamento em tubos / orifícios
calibrados:
Saybolt Furol ASTM
D 88 e ASTM E 102.
Saybolt Furol
Cannon Fenske e
Zeithfuchs ASTM D 2170.
Brookfield (atual - mais moderno)
Viscosidade Capilar a
Vácuo a 60ºC
 Ensaio da
classificação
brasileira de cimento
asfáltico até 2005

 NBR 5847

 Presente em
especificações
ASTM e européias.

 Medida de
consistência.
Ensaio de Viscosidade Absoluta
 Uso de tubos capilares
especiais com referências.

 Banho a 60o C.

 Uso de vácuo para


empurrar o asfalto no tubo:
300 mm de Hg.

 Marca-se o tempo entre


referências.

 Viscosidade expressa em
Foto: IPT
Pa.s (Poise).
Ensaios de Consistência -
Viscosidade

Viscosímetro Cannon Fenske e Zeithfuchs Viscosímetro Saybolt Furol


Viscosímetro Rotacional (Brookfield)

 MEDIDAS: propriedades
relacionadas ao bombeamento e
estocagem.

 ABNT 15184 (2004)

 ASTM D 4402 (2002)

 RESULTADOS:
 comportamento do fluido
viscosidade x taxa de
cisalhamento x tensão de
cisalhamento;
 viscosidade dinâmica (cP);
 gráfico temperatura-viscosidade
para projeto de mistura.
Viscosímetro Rotacional (Brookfield)
Ensaios de Consistência

Dutilidade
 A dutilidade é dada
pelo alongamento em
centímetros obtido
antes da ruptura de
uma amostra de CAP
com o menor diâmetro
de 1 cm2, em banho de
água a 25 C,
submetida pelos dois
extremos à tração de 5
cm/minuto.
Dutilidade

 Resistência à tração do ligante.

 Empregado para ensaios de retorno elástico de asfaltos


modificados.
Ensaios de Segurança
Ponto de Fulgor
 Menor temperatura, na qual os
vapores emanados durante o
aquecimento do material
asfáltico se inflamam quando
expostos a uma fonte de ignição.
Ponto de Fulgor (Segurança)

Termômetro

Cápsula cheia de
amostra

Ponta ligada ao gás


Ponto de Fulgor

 Requisito de
segurança.

 Vaso aberto
Cleveland.
Ensaio de Durabilidade:
Efeito do Calor e do Ar
Estufa de Efeito de Calor e Ar:
Película Delgada (TFOT)

 Simula o envelhecimento da
usinagem;

 Temperatura: 163°C;

 Tempo: 5h;

 Determina a perda ou ganho de peso;

 Especificação ASTM D 1754;

 Especificação ABNT 14736 .


Estufa de Película Fina
Vista da
estufa fechada

Termômetro
Prato

Prato com
asfalto

Placa rotativa
Foto: Patricia Barboza da Silva
Ensaios de Durabilidade
Estufa de Filme Fino Rotativo (Rolling Thin Film Oven Test -
RTFOT) - ABNT 15235 e ASTM 2872
 Neste ensaio, uma fina película de asfalto é continuamente
girada numa jarra de vidro a 163 C por 85 minutos, com uma
injeção de ar a cada 3 a 4 segundos.

Estufa de filme rotativo


Estufa de Película Fina Rotativa
Estufa de Película Fina Rotativa

Cilindro para colocar


a amostra de ligante
RTFOT

Antes do preenchimento após do preenchimento Recipiente coberto após


com ligante ensaio RTFOT

Recipiente para ligante na RTFOT


Ensaio de massa específica do ligante

ABNT 6296 - ETAPAS:

 Picnômetro com asfalto e água

 Determinação da massa do picnômetro totalmente


preenchido com água a 25°C

 Determinação da massa do picnômetro preenchido até a


metade com asfalto a 25°C

 Determinação da massa do picnômetro preenchido


metade com água e metade com asfalto, a 25°C
Etapas do ensaio de massa
específica do ligante

(1) Picnômetros com asfalto e com água (2) Massa do picnômetro com água a 25oC

Fotos: Patricia B. Silva

(3) Massa do picnômetro com asfalto até a metade (4) Massa do picnômetro com metade asfalto e metade água
Usos do Cimento Asfáltico
 Matéria-prima de asfaltos diluídos, emulsões asfálticas, asfaltos
modificados, asfalto espuma e asfaltos soprados.
 Aplicações rodoviárias a quente – concreto betuminoso a quente – CBUQ
e misturas especiais – CPA, SMA (stone Matrix Asphalt), BBTM (Béton
Bitumieux Très Mince), Gap-graded, etc.

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