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A História da Tipografia

Tipografia é uma palavra originada do idioma grego, formada por “typos” (em
português significando “forma”) e “graphein” (traduzido como “escrita”). É a arte e o
processo de criação na composição de um texto, física ou digitalmente. Assim como no
design gráfico em geral, o objetivo principal da tipografia é dar ordem estrutural e
forma à comunicação impressa.

Na maioria dos casos, uma composição tipográfica deve ser especialmente legível e
visualmente envolvente, sem desconsiderar o contexto em que é lido e os objetivos da
sua publicação. Em trabalhos de design gráfico experimental (ou de vanguarda) os
objetivos formais extrapolam a funcionalidade do texto, portanto questões como
legibilidade, nesses casos podem não ser consideradas de grande relevância.

A arte tipográfica incorporou valores estéticos no decorrer dos séculos. Obviamente, o


patrimônio cultural da humanidade preservado por meio da escrita não está restrito ao
surgimento da tipografia e nesse sentido recua alguns milênios, quando pensamentos e
fatos começaram a ser registrados por meio de ideogramas e signos fonéticos. Esses
registros foram feitos com os mais variados instrumentos e sobre diferentes suportes. Os
desenhos das letras produzidos por culturas e povos distintos continuam sendo
estudados, recriados e reaproveitados como matéria-prima para o design tipográfico.

Desde o início, a tipografia estabeleceu relações que, além dos aspectos estéticos e
econômicos, priorizaram fundamentalmente as questões técnicas. Por exemplo, no
século XVIII o design tipográfico impulsionou a evolução da técnica de impressão. Os
responsáveis pelo desenvolvimento dos tipos buscavam a melhor reprodução de seu
trabalho e os tipos com grande contraste entre as hastes dos caracteres, com traços
muito finos, só puderam ser utilizados com o aprimoramento dos sistemas de impressão
e da produção de papéis e tintas adequados.

Em alguns momentos ocorreram mudanças significativas tais como o surgimento de


novas técnicas, novas tecnologias, com sistemas de produção e reprodução mais ou
menos revolucionários. A seguir, apresentam-se os principais métodos de composição
utilizados na tipografia:

Composição Manual: é o mais antigo sistema de composição tipográfica e foi o único


até o final do século XIX. Está em uso até hoje, em pequenas gráficas, em todo o país.
Na sua essência, é o mesmo que foi utilizado por Gutenberg na produção da Bíblia de
42 linhas, em 1455. Os tipos de meta, com caracteres em alto relevo e invertidos, isto é,
ilegíveis, são organizados individualmente em um bastão componedor, formando linhas
de palavras. Depois de utilizados na impressão, os tipos são devolvidos a uma gaveta,
reordenados para uso posterior.

Cada tipo é fundido a partir de uma matriz, com a imagem do caractere em baixo relevo.
Essa matriz é formada a partir de outra matriz em alto relevo, chamada punção,
esculpida manualmente.

A principal contribuição de Gutenberg foi a invenção do molde ajustável, possibilitando


que a matriz com o desenho de uma letra fosse reproduzido milhares de vezes. Para
isso, ele precisou de vários anos para aperfeiçoar um refinado sistema, que viria a fundir
os seus tipos móveis.

Essa técnica se difundiu pela Europa e eram os próprios impressores que produziam
suas matrizes e fundiam os tipos. No final do século XV a técnica tipográfica já estava
caracterizada como um ofício.

Os tipos de metal são feitos a partir de matrizes específicas para cada corpo, com
variações de desenho para diferentes tamanhos.

O Inglês John Baskerville (1706 – 1775) mudou o rumo da tipografia quebrando as


regras e a tradição do sistema de impressão de sua época. Descontente com o resultado
obtido na impressão de seus tipos, ele mudou o design das máquinas impressoras e
produziu papel e tintas especialmente para garantir a qualidade na reprodução de textos.
Suas ideias revolucionárias não foram muito bem vistas e o reconhecimento só veio
após sua morte.

Composição a quente: em 1884, Otmar Mergenthaler produziu o primeiro sistema


mecânico de composição e fundição de tipos, conhecido como Linotipo.

Esse equipamento era formado por um teclado, um magazine com as matrizes do tipo a
ser utilizado e trazia uma fundidora acoplada a esse sistema de digitação. Quando o
operador pressionava uma tecla, a matriz do caractere correspondente era liberada
através de um escaninho e assim sucessivamente, até formar uma linha, na medida
estipulada previamente. Essa linha era transportada mecanicamente para a fundidora,
que fundia uma linha por vez. As matrizes eram transportadas de volta para o magazine
e eram redistribuídas no respectivo escaninho, ficando disponíveis para nova utilização.

Composição a frio: o primeiro equipamento a usar o processo fotográfico apareceu no


mercado em 1947, mais foi na década de 60 que a composição a frio atingiu o seu
máximo desenvolvimento. Em boa parte isso foi possível graças à evolução da
impressão offset, que permitia reproduções com melhor definição, e consequentemente
com maior qualidade final. Os sistemas de fotocomposição eram incrivelmente mais
rápidos em comparação aos sistemas mecânicos. As matrizes traziam os caracteres em
negativo, que eram projetados em suportes sensíveis à luz e processados
fotograficamente.

Sistema Digital: aqui, os tipos deixaram de ser objetos com propriedades físicas.
Passaram a ser sequências digitalizadas em código binário, vistas em tela de
computador ou descrições de curvas vetoriais interpretadas por uma impressora.

Conclui-se que o progresso cultural da humanidade ocorre em ciclos, com mudanças


nos eixos de poder e de conhecimento. A história da tipografia reflete esses movimentos
e quase sempre esteve condicionada a fatores de mercado. Os copistas da Idade Média
eram vinculados ao clero, e a produção de livros manuscritos era determinada por seus
membros. Com a ascensão da burguesia, novos valores foram buscados e o interesse
pela informação fez aparecer um crescente mercado produtor e consumidor.

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