Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Alexandre Gialluca
Direito Empresarial
Aula 2
ROTEIRO DE AULA
Foi introduzida pela Lei 12.441, que criou o art. 980-A do CC.
CC, art. 980-A: “A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da
totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo
vigente no País. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão " EIRELI " após a firma ou a denominação social
da empresa individual de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma
única empresa dessa modalidade. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra
modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. (Incluído pela
Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§4º ( VETADO) . (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de
qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca
ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional. (Incluído pela Lei nº 12.441,
de 2011) (Vigência)
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades
limitadas. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
1
www.g7juridico.com.br
§ 7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade
limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui,
ressalvados os casos de fraude. (Incluído pela Medida Provisória nº 881, de 2019)
§7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade
limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui,
ressalvados os casos de fraude. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)”
6.1. Conceito
I -O art. 44 do CC1 traz o rol das pessoas jurídicas de direito privado e a EIRELI está contemplada nesse rol. Isso significa
que a EIRELI não é uma sociedade unipessoal.
II - EIRELI é a empresa individual de responsabilidade limitada. Trata-se de uma nova pessoa jurídica de direito privado
constituída por um único titular.
Enunciado nº 469 da V Jornada de Direito Civil: “A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não é
sociedade, mas novo ente jurídico personificado.”
Enunciado 3 da I Jornada de Direito Comercial: “A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI não é
sociedade unipessoal, mas um novo ente, distinto da pessoa do empresário e da sociedade empresária.”
Exemplo: João possui um posto de gasolina na forma de EIRELI. Neste caso, se, eventualmente, surgirem dívidas do posto
de gasolina, elas recairão sobre o patrimônio da EIRELI. Se os bens da EIRELI não forem suficientes para saldar a dívida, os
1
CC, art. 44: “São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
(...)”
2
www.g7juridico.com.br
bens particulares de João não serão atingidos, pois a responsabilidade da EIRELI é limitada, ou seja, João não responde
com seus bens pessoais por dívidas da EIRELI.
I - O §4º do art. 980- A do CC foi vetado, mas ele possuía a seguinte redação:
CC, art. 980-A, § 4º: “Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de
responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer situação com o patrimônio da pessoa natural que a constitui.”
(VETADO)
II - O Enunciado 470 da V Jornada de Direito Civil, por sua vez, tem uma redação que afirma a possibilidade de aplicação
do instituto da desconsideração da personalidade jurídica no caso das EIRELIs:
Enunciado nº 470 da V Jornada de Direito Civil – “O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada
responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem
prejuízo da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica.”
✓ Até pouco tempo atrás, o entendimento em relação à desconsideração da personalidade jurídica da EIRELI era o
que está disposto no Enunciado 470 da V Jornada de Direito Civil. Ocorre que, em 2019, houve a introdução do
§7º no art. 980-A, CC, o qual traz uma ressalva em sua parte final que possibilita a desconsideração da
personalidade jurídica somente nas hipóteses de fraude.
CC, art. 980-A, §7º: “Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de
responsabilidade limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a
constitui, ressalvados os casos de fraude.”
✓ Na EIRELI, conforme §7º no art. 980-A, CC, em regra, não haverá possibilidade de desconsideração da pessoa
jurídica. A exceção ocorre apenas nos casos de fraude.
b) Formas de integralização
3
www.g7juridico.com.br
Integralização é o pagamento do capital e este deve ser feito no ato da constituição.
A integralização pode ser feita com:
• Dinheiro;
• Bens móveis;
• Bens imóveis.
Observação: quando a pessoa pretende constituir uma EIRELI e quer integralizar o capital social com bem imóvel, há uma
transferência do bem imóvel da pessoa física para a pessoa jurídica. Nessa operação, em regra, não haverá a incidência
de ITBI, nos termos do art. 156, §2º da CF. A exceção em que ocorrerá a incidência de ITBI ocorre quando a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento
mercantil.
Questão: na EIRELI, é possível integralizar com a prestação de serviços? Não. É isso é uma conclusão da combinação dos
art 980-A, §6º c/c com o art. 1.055, §2º do CC.
CC, art. 980-A, caput: “A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular
da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo
vigente no País. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)”
d) Precisa ficar atualizando sempre o capital da pessoa jurídica com os aumentos ulteriores do salário-mínimo?
Não é necessário ficar atualizando o capital da pessoa jurídica com os aumentos ulteriores do salário-mínimo. Esse é o
posicionamento da doutrina e da jurisprudência, que entendem que a análise do capital mínimo somente é feita no ato
da constituição da EIRELI.
4
www.g7juridico.com.br
I – Para a resolução de qualquer questão que envolva a EIRELI, torna-se necessário recorrer ao art. 980-A, caput e
parágrafos do Código Civil. Entretanto, se a solução buscada não estiver neste dispositivo, será necessário recorrer,
subsidiariamente, às regras da sociedade limitada, conforme dispõe o art. 980-A, §6º:
CC, art. 980-A, § 6º: “Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas
para as sociedades limitadas.” (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
II – Exemplo de aplicação subsidiária: a integralização do capital da EIRELI não pode ser feita com a prestação de serviços.
Essa disposição não consta no art. 980-A, CC. Desse modo, é necessário recorrer ao art. 1.055, §2º, CC, o qual trata do
tema no caso de sociedade limitada.
CC, art. 1.055, §2º: “É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.”
Fundamentos:
A instrução normativa 117 DNRC (Departamento Nacional de Registro de Comércio) afirmava que somente pessoa
natural poderia ser titular de uma EIRELI.
A instrução normativa 10 DREI item 1.12.11 do anexo V – “não pode ser titular de EIRELI a pessoa jurídica, bem
assim a pessoa natural impedida por norma constitucional ou por lei especial”.
A ideia da EIRELI é acabar com a informalidade do empresário individual.
O objetivo é limitar a responsabilidade do empresário individual. A partir do momento em que é criada uma
EIRELI, a intenção é limitar a responsabilidade desse empresário.
Além disso, esse posicionamento usa a seu favor a redação do §4° (vetado) e §2°, 980-A:
“§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar
em uma única empresa dessa modalidade.” (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
“§4º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de
responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer situação com o patrimônio da pessoa natural que a
constitui” (VETADO).
Enunciado da V Jornada de Direito Civil nº 468: “A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser
constituída por pessoa natural.”
5
www.g7juridico.com.br
2ª) Corrente – Tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica podem constituir uma EIRELI.
Fundamentos:
O caput do art. 980-A, CC, cita que a EIRELI será constituída por uma única pessoa. Observe que o dispositivo não
faz menção à pessoa natural:
“Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da
totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-
mínimo vigente no País.” (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
A lei não proíbe expressamente a pessoa jurídica de ser titular (não há proibição legal) – Instrução normativa 117
do DNRC e Instrução normativa 10 DREI não podem proibir essa titularidade;
DNRC e o DREI extrapolaram a função de regulamentar ao impor restrição que a lei não previu, ferindo, desta
forma, o princípio da legalidade. Isso porque compete à União legislar sobre Direito Comercial, conforme art. 22,
CF2.
O art. 980-A, §6°, CC, prevê a aplicação subsidiária das regras de sociedade LTDA. Na sociedade LTDA, tanto a
pessoa natural como a jurídica podem ser sócias. Assim sendo, se há aplicação subsidiária das regras da sociedade
limitada à EIRELI, aplica-se, nesse caso, a possibilidade de constituição de EIRELI por pessoa jurídica.
IN 38/17 – “1.2.5 – (...) d) O incapaz, desde que exclusivamente para continuar a empresa, nos termos do art. 974 do
Código Civil e respeitado o disposto no item 1.2.6-A deste manual. d) O incapaz, desde que devidamente representado
2
CF, art. 22, I: “Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;”
6
www.g7juridico.com.br
ou assistido, conforme o grau de sua incapacidade, e com a administração a cargo de terceira pessoa não impedida. ·
Conforme art. 1.690 do Código Civil compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com exclusividade, representar os
sócios menores de 16 (dezesseis) anos, bem como assisti-los até completarem a maioridade. É desnecessário, para fins
do registro, esclarecimento quanto ao motivo da falta. (Redação dada pela Instrução Normativa nº 55, de 8 de março de
2019)
Atenção: atualmente, o incapaz também pode ser titular de EIRELI, desde que esteja devidamente representado ou
assistido. Além disso, a administração da EIRELI deve ser feita por um terceiro sem impedimento legal.
Em suma: o juiz pode ser sócio de sociedade, desde que não exerça a administração. Agora, no caso da EIRELI, isso não é
possível porque só há um titular (ainda que haja um administrador).
I – O §2º, art. 980-A, afirma que só é possível constituir uma única EIRELI.
7
www.g7juridico.com.br
CC, art. 980-A,§ 2º: “A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá
figurar em uma única empresa dessa modalidade.” (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
II – Esse entendimento só é aplicável às pessoas físicas, não é aplicável às pessoas jurídicas, ou seja, a pessoa jurídica pode
ter quantas Eirelis quiser.
6.8. Administrador
I- O art. 980-A não traz a previsão da administração da EIRELI. Assim sendo, aplica-se subsidiariamente as regras de
sociedade limitada.
II – O art. 980-A, §6º do CC cita a aplicação subsidiária das regras de sociedade limitada à Eireli.
✓ É possível haver um ou mais administradores para a Eireli.
✓ O administrador da Eireli pode ser titular ou não titular, conforme art. 1.060, CC:
CC, art. 1.060: “A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato
separado.
Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende de pleno direito aos que
posteriormente adquiram essa qualidade.”
6.9. “Transformação”
I – Quando o art. 980-A, §3º, CC, foi criado, muitas pessoas decidiram mudar o seu contexto empresarial.
II – É possível que um empresário individual se transforme em EIRELI, mantendo o CNPJ e a mesma data da constituição.
Isso se chama “transformação”. Ressalte-se que o capital mínimo de constituição da EIRELI também é exigido nesses
casos.
III – No caso de sociedade, também é possível realizar a transformação em EIRELI. Entretanto, antes de fazer a
transformação, é necessário concentrar 100% das cotas em um único sócio.
8
www.g7juridico.com.br
CC, art. 980-A § 3º: “A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das
quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal
concentração.”
✓ É também possível transformar EIRELI em empresa individual ou em sociedade.
Essa questão foi objeto de análise pelo Instituto de Registro de Títulos e Documentos de Pessoa Jurídica (IRTDPJ).
“O IRTDPJ BRASIL por sua vez, em parceria com a ANOREG-BR, entendendo que determinadas EIRELIs deverão ser
registradas no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, requereu à Receita Federal a eliminação de todo e qualquer embargo
por parte do Chefe da Coordenação Geral de Cadastros da inscrição no CNPJ das pessoas jurídicas EIRELIs registradas nos
RCPJs, o que resultou na Nota COSIT nº 446, de 16/12/2011, através da qual confirmou-se a legalidade dos registros em
RCPJ das EIRELIs e sua devida inscrição no CNPJ.”
CC, art. 1.150: “O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo
das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas
fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.”
3
CC, art. 966, §único: “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de
empresa.”
9
www.g7juridico.com.br
✓ Em consequência, foi publicada a Resolução nº 02 da Comissão Nacional de Classificação CONCLA, que acrescenta
a categoria de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada de natureza simples na Tabela de Natureza
Jurídica, atribuindo a ela o código 2313.
7. OBRIGAÇÕES EMPRESARIAIS
10
www.g7juridico.com.br
7.1. Registro
a) Obrigatoriedade/Competência
Todo empresário, toda a sociedade empresária e toda a EIRELI devem fazer o registro.
✓ O registro deve ser feito na junta comercial, pois é o órgão que possui competência para fazer o registro
empresarial.
CC, art. 971: “O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de
que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede,
caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.”
Atenção: no caso de atividade rural, não há a obrigatoriedade de registro, para o rural o registro é facultativo.
Questão de concurso:
Prova AGU - 127 - Sociedade rural que não seja registrada na junta comercial com jurisdição sobre o território de sua sede
é considerada irregular, razão por que não pode contratar com o poder público. (ERRADO)
A competência para julgamento do ato do presidente da junta comercial é da justiça federal. Isso ocorre porque a junta
comercial possui subordinação administrativa e subordinação técnica.
No âmbito administrativo, a junta comercial está subordinada ao estado-membro. Entretanto, tecnicamente, a junta
comercial está subordinada ao DREI, que é órgão federal. Assim sendo, a competência para julgamento de ato do
presidente da junta comercial é da justiça federal.
11
www.g7juridico.com.br
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI
Julgamento: 04/04/2000 Órgão Julgador: Primeira Turma
Publicação DJ 18-08-2000 PP-00093 EMENT VOL-02000-04 PP-00954
Parte(s)
RECTE. :ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
RECDO. : INCOMEX S/A - CALCADOS
“EMENTA: Juntas Comerciais. Órgãos administrativamente subordinados ao Estado, mas tecnicamente à autoridade
federal, como elementos do sistema nacional dos Serviços de Registro do Comércio. Consequente competência da Justiça
Federal para o julgamento de mandado de segurança contra ato do Presidente da Junta, compreendido em sua
atividade fim.”
Questão de concurso:
TRF 2ª Região – 2017 – (Juiz Federal Substituto)
Sociedade empresária impetra mandado de segurança em face de ato do Presidente da Junta Comercial do Estado do Rio
de Janeiro, que nega o arquivamento de alteração contratual. O ato aponta a inviabilidade do nome empresarial, diante
de similitude para com outro já existente, de diversa sociedade. Em relação ao lema, analise as assertivas abaixo e, depois,
marque a opção correta:
I - Em relação ao mandado de segurança impetrado, a competência é da Justiça Estadual, já que o ato foi praticado por
autoridade estadual;
II- lndependentemente de tema processual, o controle de similitude de nome empresarial cabe ao Instituto Nacional de
Propriedade Industrial, e não à Junta Comercial;
III- A colidência de nome empresarial é matéria do interesse exclusivo de seus titulares, e a análise do tema, sem
provocação do interessado, não cabe nem à Junta Comercial e nem ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial;
IV — Às Juntas Comerciais cabe a análise da escolha de títulos de estabelecimento e formas societárias, enquanto ao
Instituto Nacional de Propriedade Industrial, entre outras tarefas, cabe a análise de pedido de registro e eventual
colidência de marcas.
A) Estão erradas todas a assertivas.
B) Apenas as assertivas 1 e 11 estão corretas.
C) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
D) Apenas a assertiva IV está correta.
E) Está correta apenas a assertiva II.
Gabarito: A
12
www.g7juridico.com.br
I –Pode-se dizer que a natureza jurídica do registro do empresário, da sociedade empresária ou da EIRELI é mera condição
de regularidade. Isso porque se, por exemplo, um empresário monta atividade empresarial e não faz o registro, ele será
empresário irregular, mas não perderá o caráter de empresário.
CC, art. 966, caput: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços.”
Enunciado 199:
“Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não da sua
caracterização.”
“Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que
tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede,
caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.”
✓ Nesse caso, somente depois de registrado é que a pessoa que realiza atividade rural será equiparada ao
empresário.
✓ O Enunciado 202, III Jornada de Direito Civil dispõe: “Arts. 971 e 984: o registro do empresário ou sociedade rural
na junta comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É
inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.”
• Responsabilidade ilimitada.
• Não pode pedir recuperação judicial.
• Não pode pedir falência de outrem.
13
www.g7juridico.com.br
• Não vai obter CND (certidão negativa de débitos).
e) Cancelamento do registro
I – O art. 60 da Lei 8.934/94 dispõe: “A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer arquivamento no
período de dez anos consecutivos deverá comunicar à junta comercial que deseja manter-se em funcionamento.
§ 1º Na ausência dessa comunicação, a empresa mercantil será considerada inativa, promovendo a junta comercial o
cancelamento do registro, com a perda automática da proteção ao nome empresarial.”
II – No prazo de 10 anos, se não houver nenhum arquivamento (alteração da firma individual ou sociedade), a junta
comercial deve ser comunicada da continuidade do funcionamento.
✓ Trata-se de omissão contumaz de informações.
Art. 1.180 do CC/02: “Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas
no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e
do de resultado econômico.”
14
www.g7juridico.com.br
b) Consequências da escrituração irregular ou da ausência de escrituração
I – O art. 417, CPC, afirma que os livros empresariais provam contra o seu autor:
CPC, art. 417: “Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos
os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.”
✓ Assim, a ausência de escrituração e/ou a sua irregularidade geram a consequência de não formar prova a favor
do autor dos livros.
II- Por outro lado, o art. 418, CPC, afirma que os livros regulares fazem prova a favor de seu autor:
CPC, art. 418: “Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor de seu autor no litígio
entre empresários”.
III – Atenção: se o livro obrigatório (Diário) não é escriturado e a atividade empresarial entra em crise (falência ou
recuperação judicial), a ausência de escrituração configura crime falimentar.
Art. 178 da Lei 11.101/05 – “Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a
falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de
escrituração contábil obrigatórios:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.”
c) Dispensa da escrituração
I – O pequeno empresário está dispensado da escrituração, conforme consta no art. 1.179, §2º, CC.
CC, art. 1.179: “O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado
ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a
levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
§ 1° Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados.
§ 2° É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970.”
15
www.g7juridico.com.br
II- Microempresa e empresa de pequeno porte são classificações/enquadramentos dados às pessoas naturais ou jurídicas
para que elas possam obter tratamento diferenciado, benefícios fiscais, trabalhistas, previdenciários, entre outros.
LC 123/2006, art. 3°: Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno
porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a
que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de
Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e
sessenta mil reais); e
II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00
(trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais).”
✓ O pequeno empresário é o microempreendedor individual, o qual está dispensado de realizar a escrituração dos
livros.
✓ Somente o empresário individual pode ser microempreendedor individual.
CP, art. 297: “Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador
ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.”
16
www.g7juridico.com.br
✓ Para efeitos penais, os livros mercantis são equiparados a documento público.
e) Princípio da Sigilosidade
I – O livro empresarial retrata tudo o que ocorre na rotina empresarial. Por esse motivo, esses dados, a princípio, são
sigilosos.
CC, art. 1.190: “Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto,
poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus
livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.”
II - Exceções:
• Exibição total: são quatro hipóteses previstas no art. 1.191, CC. Para a exibição total, deve haver
requerimento da parte.
• Exibição parcial: é admitida em qualquer situação.
• CC, art. 1.193.
CC, art. 1.191: “O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para
resolver questões relativas à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em
caso de falência.”
III – O art. 420, CPC, não trouxe nenhuma novidade no tocante à exibição total. Contudo, este artigo deixa claro que a
exibição total dos livros só pode ser feita a requerimento da parte. Não pode ser feito de ofício pelo juiz.
CPC, art. 420: “O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros empresariais e dos documentos
do arquivo:
I - na liquidação de sociedade;
II - na sucessão por morte de sócio;
III - quando e como determinar a lei.”
IV – Atenção: o juiz pode, de ofício, determinar a exibição parcial dos livros e dos documentos.
CPC, art. 421: “O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e dos documentos, extraindo-se deles a
suma que interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas.”
17
www.g7juridico.com.br
V – A terceira exceção à sigilosidade está no art. 1.193, CC:
CC, art. 1.193: “As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se
aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das
respectivas leis especiais.”
Cuidado: a regra de sigilosidade não se aplica às autoridades fazendárias quando no exercício da fiscalização do
pagamento de tributos.
18
www.g7juridico.com.br