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obra indígena.

De novo sem eufemismos, escravizá-la, empregando-a em sua incipiente


agricultura ou vendendo-a para mercados que já tinham negros como escravos.

A acusação mais forte do nosso missivista fazia referência ao fato dos portugueses
de São Paulo serem cristãos-novos. Não podemos nos esquecer que jesuítas no Brasil, se-
gundo a Professora Anita Novinsky, foram o braço direito da Inquisição no Brasil. Era uma
preocupação inerente à Ordem. O que ele pretendia era que a Inquisição Portuguesa, ou
quiçá, a espanhola, freasse os ânimos daqueles homens arrojados e hereges. A acusações
foram de extrema gravidade, como a de que os paulistas quebraram as pias de água benta,
jogaram aos chãos os ornamentos sagrados e os santos óleos, de rasgarem uma imagem de
Nossa Senhora, de atearem fogo a uma igreja, de serem judeus encobertos, de darem mos-
tras de que eram judeus e hereges, de trazerem, por escárnio, nas solas de seus sapatos as
imagens de Nossa Senhora e de outros santos, de dizerem que se haveriam de se salvar
apesar de Deus, sem fazer boas obras, bastando ser (leia-se dizer-se) cristão. E, finalmente,
ao declararem que faziam guerra aos índios e os cativariam com autoridade da Lei de Moi-
sés.

Famílias paulistas, acusadas pelos espanhóis

Uma das maiores bandeiras que penetrou o sertão brasileiro, composta de quase
900 portugueses (entre brancos e mamelucos) e com muita munição, acompanhados de
2.200 índios, saiu de São Paulo, no mês de abril de 1628. Entre as famílias bandeirantes de
comprovada186 origem judaica, troncos dos paulistas, encontram-se: Camacho, Paiva, Cas-
tilho, Barbosa, Mendes, Bueno, Fernandes, Álvares, Raposo Tavares, Neto, Rebelo, Furta-
do, Álvares, Bicudo, Mendonça, Lopes, Grou, Machado, Pedroso, Pires, Silva, Ribeiro,
Quadros, Lopes Fragoso, Álvares Pimentel, Moraes, Rodrigues Salamanca, Lemos, Este-
ves, Sousa, Leme, Mota, Jorge, Sanches, Corrêa, Peixoto, Proença, Roldão, Jorge, Costa,
Vaz, Santos, Bezarano, Macedo, Melo Coutinho, Mourato, Amaral, Coutinho, Gonçalves
Varejão, Madeira, Vaz de Barros, Lima, Freitas.

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Relação dos agravos que fizeram os portugueses de São Paulo saqueando as aldeias que os religiosos
da Companhia de Jesus tinham na Missão do Guiará e Campos do Iguaçu, feita em 10 de outubro de
1629. Arquivo General das Índias (Espanha). In Anais do Museu Paulista. São Paulo: Diário Oficial.
Volume I (2ª parte- ano 1922), pp. 247-270; volume II (ano 1925), pp. 245, 246, 311, 312.

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