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XXII Semana de Engenharia Florestal da UFRPE: Recife, 16 a 20 de novembro de 2020.

MUDANÇA DE HÁBITOS EM MEIO A PANDEMIA: O CULTIVO DE


ALIMENTOS ORGÂNICOS EM CASA
Fernanda Pereira dos Santos1, Francisco Ferreira de Melo2, Alex Souza Moraes3, Estela Moraes Carneiro4.
Romario Jonas de Oliveira Veloso5.

Introdução
A pandemia do novo coronavírus começou na cidade de Wuran, na China, como escreve Braun (2020). Através da
sua rápida propagação, logo começaram as restrições e isolamentos nos países do mundo. E essas mudanças, trouxeram
consequências diretas e indiretas nos setores sociais, econômicos e ambientais.
Diante deste isolamento social em todo o mundo, foi necessário refletir, se reestruturar e se reinventar em relação a
hábitos antes poucos implantados nas residências das populações. Visando cumprir ao máximo o isolamento social e
buscando a melhoria da saúde, a horta orgânica se torna uma excelente alternativa para a sociedade. De acordo com
Bianco & Rosa (2002), uma horta bem planejada e com diversidade de cultura é capaz de garantir a segurança alimentar
devido a diversidade de nutrientes existentes, além de fomentar a interação entre a família, proporcionar baixo custo com
alimentação, produção em curto espaço de tempo e sem uso de agrotóxicos, além de gerar o aprimoramento do
conhecimento a respeito do meio ambiente e nas formas de produção de hortaliças.
Dessa forma, a horta orgânica é um espaço privilegiado para trabalhar conceitos de educação ambiental, pois assume
um papel transformador, onde a corresponsabilidade dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover o
desenvolvimento sustentável. Nessa perspectiva, o presente resumo busca mostrar a mudança de hábito provocada no
âmbito da pandemia, através da implementação de uma horta em uma residência na Região Metropolitana do Recife
(RMR), com o objetivo de gerar uma alimentação saudável, redução de custos, diminuição da geração de resíduos
orgânicos através da construção de uma composteira e incentivar o respeito ao meio ambiente.

Material e métodos
A implantação da horta orgânica desenvolveu-se em uma residência no bairro de Rio Doce - Olinda, na zona urbana
da RMR, em abril de 2020. Antes do início da plantação da horta, foi realizado um levantamento sobre em que área da
casa seria realizada a montagem, bem como quais espécies seriam cultivadas, de acordo com a preferência e a necessidade
dos moradores da residência. Foram utilizadas garrafas PET pós consumo para a plantação das mudas, panelas velhas,
latas de tintas, pneus antigos, botijões de água, churrasqueira em desuso, jarros de plantas, além da criação de um canteiro
feito por madeira encontrada em rua próxima a residência em questão.
Como parte dos procedimentos metodológicos da execução do projeto e pensando na diminuição de resíduos orgânicos
a serem dispostos irregularmente em aterros sanitários, foi construída uma composteira para produzir compostos
orgânicos destinados a adubação do canteiro e demais vasos de plantas. O material utilizado para abastecer a composteira
foi obtido através do descarte de resíduos alimentícios de origem vegetal provenientes da própria horta orgânica e demais
alimentos.

Resultados e Discussão
A partir da ideia da implementação da horta orgânica, foi realizado um questionário (Fig.1) junto aos familiares e
parentes, um total de 20 pessoas, que frequentavam a residência.

1
Primeiro Autor é Engenheira Ambiental e Sanitarista, Centro Universitário Maurício de Nassau. R. Guilherme Pinto, 114 - Graças, Recife - PE,
CEP 52011-210. E-mail: fernandapereirawebb@gmail.com
2
Segundo Autor é Discente de Engenharia Elétrica, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho.
Rua Cento e Sessenta e Três, 300 - Garapu, Cabo de Santo Agostinho - PE, CEP 54518-430.
3
Terceiro Autor é Professor Adjunto do Departamento de Química, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manuel de Medeiros,
s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900.
4
Quarto Autor é Discente de Engenharia Ambiental, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos,
Recife, PE, CEP 52171-900.
5
Quinto Autor é Discente de Engenharia Eletrônica, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho.
Rua Cento e Sessenta e Três, 300 - Garapu, Cabo de Santo Agostinho - PE, CEP 54518-430.
XXII Semana de Engenharia Florestal da UFRPE: Recife, 16 a 20 de novembro de 2020.

Figura 1 - Resultado do questionário aplicado para um grupo de 20 pessoas, quando indagados sobre as espécies vegetais mais
apreciadas por eles.

25

20
Preferência
15

10

Espécies

Conforme apresentado na (Fig.1), quando questionados sobre a preferência das espécies, as mais apreciadas foram:
coentro, cebola, alface, couve, pimenta, abacaxi, quiabo, cenoura e tomate. Logo após, começou a plantação das mudas e
sementes, onde a grande maioria demonstrou excelente desenvolvimento e os problemas gerados por formigas e insetos
foram solucionados com solução caseira de borra de café com arroz pré-cozido, tornando-se assim, desnecessário o uso
de agrotóxicos. Após as primeiras colheitas que aconteceram em julho de 2020, verificou-se que as hortaliças estavam
em ótimo estado (Fig.2), atendendo devidamente as demandas alimentares da família e assim diminuindo o custo com a
compra desses alimentos e respeitando e minimizando ao máximo o isolamento social.

Figura 2 - Hortaliças (coentro, alface e couve), plantadas em garrafas PET, latas de tinta, panelas antigas e vasos, prontas para serem
colhidas.

Refletindo sobre a necessidade da minimização de resíduos orgânicos na residência em questão e pensando em uma
maneira prática e com menos custos para adubar a terra, foi confeccionado uma composteira (Fig.3). Foi percebido que
depois da construção da composteira, houve uma diminuição de 60% dos resíduos domiciliares, contribuindo dessa
maneira, para a minimização de resíduos orgânicos a serem encaminhados para os aterros sanitários.

Figura 3 - Composteira criada com baldes de manteiga e balde antigo, acoplado com uma torneira para a retirada do chorume.
XXII Semana de Engenharia Florestal da UFRPE: Recife, 16 a 20 de novembro de 2020.

Neste sentido, a mudança de hábito quanto a plantação de uma horta em casa trouxe inúmeros benefícios, como por
exemplo a propagação de conhecimento sobre a preservação através da agroecologia, soma-se a isso também a
preocupação com a segurança alimentar, diminuindo problemas como obesidade e anemia, além de promover a interação
familiar, incentivando a multiplicação do bem estar social, ambiental e alimentar e a geração de bons hábitos que podem
influenciar toda a família, bem como a comunidade próxima.

Conclusões
Antes da pandemia, as degradações ambientais em todo o mundo já aconteciam. O ritmo acelerado de produção e
consumo dos recursos naturais aumenta a produção de resíduos sólidos e com isso, a degradação das águas, solos e ar
atmosférico. Dessa maneira, a própria natureza sempre demonstrou a necessidade de uma mudança na relação sociedade
e meio ambiente e a pandemia do novo coronavírus se apresentou para a sociedade como um “freio reflexivo e atuante”
no modo de vida implementado, oferecendo dessa forma uma oportunidade de mudanças de hábitos organizacionais.
Neste sentido, a implementação de uma horta orgânica nas residências, é um fator potencial de educação ambiental
para as famílias e consequentemente para a sociedade. Além disso, a horta proporcionou uma alimentação saudável,
devido a não utilização de agrotóxicos e trouxe benefícios econômicos, sendo desnecessário a compra de hortaliças para
a manutenção da alimentação.
Com a construção de uma composteira, a diminuição dos resíduos orgânicos sendo dispostos em aterros sanitários se
tornou bastante significativa na residência tratada. Dessa forma, os resíduos se transformaram em adubo e geraram o
chorume orgânico, que é um biofertilizante líquido, rico em nutrientes e sais minerais. Desta maneira, a plantação de uma
horta em casa traz inúmeros benefícios que podem atingir a todas as pessoas e contribuir dessa maneira para o
desenvolvimento sustentável. Seja na parte econômica, ambiental ou social, a horta orgânica faz o seu papel de maneira
excelente, principalmente no quesito ambiental em relação a contribuição na diminuição no aumento do aquecimento
global, devido a captura de carbono utilizado na fotossíntese.

Referências
BIANCO, S.; ROSA, A. C. M. (2002). Instituto Souza Cruz. Hortas escolares: o ambiente horta escolar como espaço de
aprendizagem no contexto do ensino fundamental: livro do professor.2. ed. Florianópolis. 77 p.
BRAUN, J. – VEJA (2020). Quarentenas e restrições reduzem poluição na Itália, China e em NY. Disponível em:
<https://veja.abril.com.br/mundo/quarentenas-e-restricoes-reduzem-poluicao-na-italia-china-eem-ny/>. Acesso em:
03/11/2020.

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