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ISBN 978-85-5707-674-7
9 788557 076747
Recife/PE, Brasil
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
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4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Organizadores
Universidade Federal de Pernambuco
Associação Luso-Brasileira para a Segurança contra Incêndio
Editores
José Jéferson do Rêgo Silva
Tiago Ancelmo de Carvalho Pires
Dayse Cavalcanti de Lemos Duarte
João Paulo Correia Rodrigues
Diagramação
Maria Oliveira
Capa
Claudio Lemos
Revisão
Comissão Científica
664 p. : il.
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Coordenação do 4º CILASCI
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O EVENTO CILASCI
O CILASCI visa fomentar a cultura da segurança contra incêndio promovendo a discussão qualificada para
superar os seus desafios e a busca da cooperação entre diferentes agentes (públicos e privados), que atuam na
perspectiva de um processo de produção de ambientes construídos mais seguros e sustentáveis. A proposta do CILASCI
é integrar e disciplinar os esforços daqueles responsáveis pela produção técnica e científica na área de Segurança
Contra Incêndio (SCI), e interagir com os responsáveis pela implantação de medidas de prevenção, proteção e combate
a incêndio.
Com áreas temáticas abrangentes o CILASCI aborda a SCI em praticamente todas as atividades humanas, da
habitação à indústria, nos empreendimentos urbanos e rurais, trazendo aos seus participantes as inovações tecnológicas.
Os profissionais das áreas associadas a SCI devem ter o conhecimento básico sobre prevenção de incêndios na hora
de projetar, construir, instalar, operar e restaurar os mais variados empreendimentos. Nesse contexto, o CILASCI se
propõe a oferecer uma especial oportunidade para a discussão da SCI, com enfoque nestas práticas mais eficientes e
sustentáveis, fortalecendo a relação entre universidade e sociedade, a fim de preparar melhor os futuros profissionais e
de orientar o mercado.
PÚBLICO ALVO
O CILASCI é direcionado a profissionais, técnicos e estudantes, das mais diversas especialidades, que
trabalham ou tenham interesse nas áreas relacionadas à segurança contra incêndio. Entre estes se destacam:
engenheiros, arquitetos, administradores, psicólogos, bombeiros militares e civis, entre tantos outros que lidam com as
questões de segurança contra incêndio. Conciliar arquitetura, engenharia, gestão dos riscos, segurança, os interesses
públicos e privados com a prevenção e o combate a incêndio é cada vez mais necessário. Estarão reunidos no evento
pesquisadores, docentes, profissionais e técnicos em geral, alunos de graduação e de pós-graduação, empresários,
representantes de órgãos públicos, de ONGs e de entidades tecnológicas que lidam com as questões ambientais, sociais,
econômicas, educacionais, políticas e culturais relacionadas com a segurança contra incêndio. A convergência de
profissionais das mais diversas áreas de conhecimento e atuação é inerente ao evento pela complexidade dos
fenômenos estudados, a sua natural interdisciplinaridade e a larga abrangência e gravidade das consequências das
ocorrências de incêndios.
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MENSAGEM DA ALBRASCI
A segurança contra incêndio deveria ser prioridade em todos os países. Catástrofes como na Boate Kiss, em
Santa Maria - RS (2013), no edifício Grenfell Tower (2017), em Londres - Inglaterra, ou mesmo no incêndio florestal
ocorrido em Pedrógão Grande (2017), em Portugal, todos com dezenas de mortos, e ocorrências como dos depósitos
de combustível da Ultracargo (2015), em Santos, na Usina Nuclear de Fukushima (2011), no Japão, ou na fábrica
Advanced Semiconductor Engineering/ASE (2005), em Taiwan, são alguns exemplos de como a ocorrência dos
incêndios pode impactar vidas, patrimônios, comércio mundial, meio ambiente, ou até mesmo patrimônios históricos,
áreas ligadas ao sistema energético de uma nação e áreas sensíveis à Defesa Nacional.
A história sugere duas estratégias complementares e correlacionadas para se prevenir os incêndios. Uma seria
por meio do aumento do conhecimento e da compreensão, por parte da sociedade, dos riscos de um incêndio e o que
fazer para minimizar seus efeitos. A outra estratégia, precursora da primeira, seria desenvolver o conhecimento técnico
e científico na área de segurança contra incêndio.
A Associação Luso-Brasileira para a Segurança Contra Incêndio (ALBRASCI) busca desenvolver essas
estratégias, em especial por meio de seus objetivos de promover o estudo, a investigação e a formação em segurança
contra incêndios, assim como de informar, assessorar e aconselhar os cidadãos, o Estado, as empresas e outras
entidades em questões relativas à segurança contra incêndios. Além disso, por meio do Congresso Ibero-Latino-
Americano em Segurança Contra incêndio, agora em sua 4ª Edição, a ALBRASCI mantém seu esforço em educar e
promover a pesquisa em segurança contra incêndio.
Concitamos todas as pessoas, empresas e instituições interessadas em participar no desenvolvimento e na
construção do conhecimento na área de segurança contra incêndio no Brasil e em Portugal a se associarem à ALBRACI
(www.albrasci.org) e assim ajudarem a tornar nossos países mais seguros.
Presidência da ALBRACI.
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COMISSÃO ORGANIZADORA
Comissão Organizadora
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COMISSÃO CIENTÍFICA
Comissão Científica
Aldina Maria Santiago – Universidade de Coimbra – Portugal
António Moura Correia – Instituto Politécnico de Coimbra – Portugal
Bernardo Tutikian – Universidade do Vale dos Sinos – Brasil
Carlos Pina dos Santos – Laboratório Nacional de Engenharia Civil – Portugal
Cristina Calmeiro dos Santos – Instituto Politécnico de Castelo Branco – Portugal
Dayse Cavalcanti Duarte – Universidade Federal de Pernambuco – Brasil
Edna Moura Pinto – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Brasil
Francisco Carlos Rodrigues – Universidade Federal de Minas Gerais – Brasil
João Godinho Viegas – Laboratório Nacional de Engenharia Civil - Portugal
Jorge Gil Saraiva – Laboratório Nacional de Engenharia Civil - Portugal
Jorge Munaiar Neto – Escola de Eng. de São Carlos da Universidade de São Paulo – Brasil
José Carlos Lopes Ribeiro – Universidade Federal de Viçosa - Brasil
José Carlos Miranda Góis – Universidade de Coimbra - Portugal
José Jéferson do Rêgo Silva – Universidade Federal de Pernambuco - Brasil
Larissa Kirchhof – Universidade Federal de Santa Maria – Brasil
Lino Forte Marques – Universidade de Coimbra – Portugal
Luís Mesquita – Instituto Politécnico de Bragança – Portugal
Luis Miguel dos Santos Laim – Universidade de Coimbra – Portugal
Manuel Romero Garcia – Universidade Politécnica de Valencia – Espanha
Nuno Filipe Borges Lopes – Universidade de Aveiro – Portugal
Paulo Piloto – Instituto Politécnico de Bragança - Portugal
Paulo Vila Real – Universidade de Aveiro – Portugal
Poliana Dias de Moraes – Universidade Federal de Santa Catarina - Brasil
Ricardo Azoubel Silveira – Universidade Federal de Ouro Preto – Brasil
Ricardo Cruz Hernandez – Universidade Industrial de Santander – Colômbia
Ricardo Fakury – Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil
Rodrigo Barreto Caldas – Universidade Federal de Minas Gerais – Brasil
Rogério Antocheves – Universidade Federal de Santa Maria - Brasil
Rosária Ono – Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo – Brasil
Tiago Ancelmo de Carvalho Pires – Universidade Federal de Pernambuco – Brasil
Valdir Pignatta e Silva – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – Brasil
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SUMÁRIO
vii
AVALIAÇÃO DA REAÇÃO AO FOGO DE MANTAS DE POLITEREFTALATO DE
ETILENO (PET) RECICLADAS .................................................................................. 155
AVALIAÇÃO DE ESTABILIDADE ESTRUTURAL EM EDIFICAÇÃO INCENDIADA.
.................................................................................................................................... 163
AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA ESPESSURA DE ALVENARIA
NA SUA RESISTÊNCIA AO FOGO ........................................................................... 175
AVALIAÇÃO NUMÉRICA DA REGRA DA ALÍNEA A.2.5 DO ANEXO A DA IT-08/2011
DO CBPMESP APLICADA A PISOS MISTOS........................................................... 187
CAPACIDADE DE ARRANCAMENTO DE PARAFUSOS AUTOATARRAXANTES
PERPENDICULARES ÀS FIBRAS NO PINUS ELLIOTTII SOB AÇÃO DE
TEMPERATURAS DA PRÉ-PIRÓLISE ...................................................................... 197
COMPORTAMENTO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO DE PILARES TUBULARES
CIRCULARES PREENCHIDOS COM CONCRETO E PILARES DE DUPLO-TUBO
.................................................................................................................................... 207
COMPORTAMIENTO Y DISEÑO DE VIGAS COMPUESTAS DE ACERO Y
HORMIGÓN EN SITUACIÓN DE INCENDIO ............................................................ 217
CONFIABILIDADE DE PILARES DE MADEIRA EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO ..... 227
DESEMPENHO DE PROGRAMA EXPERIMENTAL NA SIMULAÇÃO DE SITUAÇÃO
DE INCÊNDIO NA ANÁLISE DE PILARES EM AÇO ................................................ 237
DETERMINAÇÃO EXPEDITA DA TEMPERATURA CRÍTICA DE PERFIS I DE AÇO
EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO .................................................................................. 247
DETERMINAÇÃO NUMÉRICA DO GRADIENTE TÉRMICO EM ELEMENTOS
METÁLICOS: ÊNFASE AO TIPO DE ELEMENTO FINITO E À COMPARTIMENTAÇÃO
.................................................................................................................................... 259
ESTADO DA ARTE DO DESEMPENHO EM ALTAS TEMPERATURAS DE
ELEMENTOS DE CONCRETO REFORÇADOS COM FIBRAS DE CARBONO E COM
DIFERENTES TIPOS DE PROTEÇÕES PASSIVAS ................................................ 269
ESTUDO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS RESIDUAIS DO CONCRETO DE
ALTA RESISTÊNCIA COM E SEM O USO DE FIBRA DE POLIPROPILENO
SUBMETIDO A ALTAS TEMPERATURAS ................................................................ 279
LAJES STEEL DECK EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO - UMA ABORDAGEM
NUMÉRICA ................................................................................................................. 289
MÉTODO SIMPLIFICADO PARA ANÁLISES TERMESTRUTURAIS DE PILARES
CURTOS DE CONCRETO ARMADO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO ..................... 297
MODELAGEM DO DESEMPENHO AO FOGO DE PILARES TUBULARES EM AÇO
.................................................................................................................................... 307
PILARES DE AÇO FORMADOS A FRIO COM REVESTIMENTO CONTRA FOGO
................................................................................................................................... .315
viii
PROPRIEDADES FISICO-QUÍMICAS DE UM BETÃO DE ALTA RESISTÊNCIA
REFORÇADO COM FIBRAS DE AÇO E POLIPROPILENO QUANDO EXPOSTO A
ALTAS TEMPERATURAS .......................................................................................... 325
PUNÇÃO EM LAJES DE CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO ................... 337
RESISTÊNCIA RESIDUAL DO CONCRETO EXECUTADO COM DIFERENTES TIPOS
DE AGREGADO GRAÚDO E EXPOSTO ÁS ALTAS TEMPERATURAS ................. 347
SOBRE A FLEXÃO COMPOSTA OBLÍQUA DE PILARES DE CONCRETO ARMADO
DE ALTA RESISTÊNCIA EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO ......................................... 357
ix
EVACUAÇÃO EMERGENCIAL DE LOCAIS OCUPADOS POR PESSOAS COM
DIFICULDADE DE MOBILIDADE EM CASO DE INCÊNDIO ................................... 491
FATORES QUE INFLUENCIAM A EFICIÊNCIA NO COMBATE AOS INCÊNDIOS
URBANOS ................................................................................................................. 499
FRAGILIDADE NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE: MAPEAMENTO,
CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS INCÊNDIOS QUE OCASIONARAM MORTES
E FERIDOS ................................................................................................................ 509
INCÊNDIO NATURAL EM COMPARTIMENTO DE RESIDÊNCIA NA CIDADE DE
RECIFE: RESULTADOS PRELIMINARES DE UM ESTUDO EXPERIMENTAL ...... 523
INFLUÊNCIA DA DESENFUMAGEM NA EVACUAÇÃO DUM BLOCO OPERATÓRIO
DUM HOSPITAL ........................................................................................................ 531
INSTALAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE DE FUMAÇA MECÂNICO EM
COMPARTIMENTOS TÉRREOS ............................................................................... 545
PLANO DE GESTÃO E PREVENÇÃO DE COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÕES
EM SUBESTAÇÕES DE ENERGIA ELÉTRICA EM ALTA TENSÃO ........................ 555
RISCO DE INCÊNDIO NOS TERMINAIS DE ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO
COMBUSTÍVEL .......................................................................................................... 567
ROTAS DE FUGA E SAÍDA DE EMERGÊNCIA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
– PCD ........................................................................................................................ 579
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO: A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE UMA
ESCOLA DE ENSINO MÉDIO EM PAU DOS FERROS/RN ..................................... 589
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE UM INCÊNDIO NATURAL
COMPARTIMENTADO: VALIDAÇÃO COM UM ESTUDO EXPERIMENTAL ........... 597
SIMULAÇÃO DE INCÊNDIO EM UMA UNIDADE HABITACIONAL ........................ 607
SIMULAÇÃO DE SISTEMA DE EXTRAÇÃO MECÂNICA DE FUMAÇA EM UM ÁTRIO
UTILIZANDO DIFERENTES PROGRAMAS COMPUTACIONAIS ........................... 615
SINALIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA E PERCEPÇÃO VISUAL.................................... 623
TERRENOS COM EMANAÇÃO DE GÁS INFLAMÁVEL: RISCOS E SOLUÇÃO .... 631
TRAJES PARA COMBATE A INCÊNDIOS E O CONFORTO TÉRMICO: UM ESTUDO
COMPARATIVO ......................................................................................................... 637
UNIVERSIDADE CORPORATIVA: UM MODELO DE EXCELÊNCIA PARA O SISTEMA
DE ENSINO BOMBEIRO MILITAR ........................................................................... 645
VELOCIDADE DE CAMINHAMENTO DE CRIANÇAS EM ESCADAS E TRECHOS
PLANOS COLETADAS EM SIMULADOS DE ABANDONO ..................................... 655
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Estruturas e Materiais em
Situação de Incêndio
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1. INTRODUÇÃO
A alvenaria estrutural é conceituada por Villar [1] como sendo um sistema construtivo
racionalizado, onde os elementos de vedação também desempenham a função estrutural. Sua
composição se dá pela união de blocos (de cerâmica, concreto, ou sílico-calcáreos) com juntas
horizontais e verticais de argamassa de assentamento, e após executado pode ou não receber
aplicação de revestimentos. As características da argamassa exercem importância nos
resultados de resistência à compressão do conjunto, porém o bloco estrutural tem função
principal de resistência do sistema construtivo. Problemas estruturais podem ocorrer à uma
edificação, caso a alvenaria não possua capacidade de suporte [2].
Conforme Ramalho e Corrêa [3], a utilização da alvenaria estrutural parte de uma concepção que
é a de transformar a alvenaria, originalmente com função exclusiva de vedação, na própria
estrutura, evitando a necessidade execução de de pilares e vigas que dão suporte a uma
estrutura convencional.
*
Autor correspondente – Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (LEME). Av. Bento Gonçalves, 9500 – Prédio 43436 – Setor 4 – Porto
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Utiliza-se este sistema construtivo desde a antiguidade por quase todas as civilizações, sendo a
principal técnica construtiva executada até o início do século XX [1]. Porém, devido ao
desenvolvimento de pesquisas com a utilização de aço e concreto armado nas construções, a
alvenaria estrutural perdeu espaço, considerando que estes materiais permitiram a construção
de estruturas mais esbeltas, mais leves e tecnicamente melhor compreendidas. Diversas são as
tipologias de blocos disponíveis atualmente no mercado, podendo os mesmos variar em
dimensão, geometria, material, resistência à compressão, etc.
Nesse sentido, visando compreender a diferença de propagação de calor na face não exposta
de paredes de alvenaria estrutural construídas com diferentes tipos de blocos ao serem expostas
a altas temperaturas foi desenvolvido o presente estudo.
2. TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA
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O monitoramento foi realizado com o auxílio de uma câmera termográfica FLIR T440. As
comparações foram feitas para períodos progressivos de tempo, a fim de visualizar a evolução
do aquecimento na face não exposta.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Segundo a NBR 5628 [8], ensaios de resistência ao fogo em paredes devem ser realizados em
amostras de tamanho representativo. Para realização deste estudo, no entanto, foram utilizadas
paredes de dimensões reduzidas (miniparedes) com 90 cm de altura por 80 cm de comprimento,
devido às restrições dos equipamentos disponíveis em laboratório.
A construção das amostras foi realizada por profissional qualificado, afim de manter o padrão de
qualidade necessário. A confecção das miniparedes e sua configuração final podem ser vistas
na Figura 1.
(a) (b)
Figura 1: Construção (a) e configuração final (b) das miniparedes ensaiadas.
As miniparedes ensaiadas foram construídas com dois tipos de unidades diferentes. O primeiro,
identificado como Bloco B1, é um bloco cerâmico com dimensões 14 x 19 x 29 cm (L x H x C) e
paredes vazadas, tendo uma resistência à compressão de 7MPa. O segundo bloco, chamado de
Bloco B2, também cerâmico, possui a mesma resistência à compressão do anterior, porém, sua
espessura é superior, medindo 19 x 19 x 29 cm (L x H x C). Suas paredes, assim como as do
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bloco B1, são dotadas de cavidades verticais. Ambas as unidades utilizadas no presente estudo
estão ilustradas na figura 2.
(a) (b)
Figura 2: Blocos utilizados para confecção das amostras. (a) Bloco B1. (b) Bloco B2.
(<http://www.pauluzzi.com.br/produtos.php>)
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4. RESULTADOS
Durante o ensaio, foi realizado monitoramento contínuo da temperatura na face externa das
amostras. Para facilitar a comparação, no entanto, foram selecionadas imagens captadas em
determinados instantes do ensaio. Os resultados da TI nos tempos iniciais do ensaio estão
ilustrados na Tabela 1, para ambos os tipos de blocos. São apresentadas capturas no tempo
zero, aos 15 minutos e aos 45 minutos. As imagens representam o momento de aquecimento
das amostras.
Salienta-se que as regiões mais claras das imagens representam as zonas de maior temperatura
das amostras. É possível notar que as maiores temperaturas são observadas nas juntas
argamassadas da alvenaria.
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Todavia, quando se analisa a temperatura das miniparedes na face não exposta após o tempo
de aquecimento (Tabela 2), observa-se que os dois tipos de blocos apresentaram
comportamento semelhantes em relação a elevação da temperatura na face não exposta da
miniparede. Isto pode ocorrer devido ao fato de que a partir de certo nível de temperatura, todo
o calor consegue ser irradiado.
5. CONCLUSÕES
De forma geral, o presente estudos reforça a idéia de que a utilização de TI é uma ferramenta
útil para a análise de alvenaria estrutural submetida a altas temperaturas. Seu emprego permite
obter indicações importantes para a caracterização das alvenarias quando.
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uma alvenaria mais espessa. Entretanto, após a fase de aquecimento os dois tipos de blocos
apresentaram comportamentos semelhantes.
Desta forma conclui-se que existe uma diferença entre os sistemas construídos com blocos de
diferentes espessuras, principalmente na fase inicial do aquecimento da miniparedes, indicando
que paredes mais espessas podem proporcionar maior isolamento térmico para o ambiente.
6. REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
Dentre os avanços da construção civil, um dos assuntos que mais chama atenção, é o uso das
alvenarias. Por ser uma estrutura de uso corriqueira nos principais canteiros de obra do país,
as alvenarias tem como virtudes, seu poder de flexibilidade quanto a sua usabilidade. Diante
disso é de suma importância, que estudos voltados para analise dessa estrutura, sejam
intensificados e cada vez mais aprimorados. Surgiram ao longo do tempo, vários fatores, como
o efeito do clima, terremotos, mudanças de projetos ao longo da vida útil das edificações,
acidentes de percurso, entre outros que preocupavam a resistência das alvenarias. Há dúvidas
ainda no mercado da construção civil, em saber qual será o comportamento que as paredes de
vedação em blocos cerâmicos, quando submetidas a elevadas temperaturas. Diante disso há
pesquisas nesse sentido, que foram iniciadas há alguns anos, a fim de entender as possíveis
conseqüências que uma situação de incêndio pode vir à causa nessas paredes.
O objetivo geral deste trabalho visa estudar o comportamento das alvenarias de vedação,
executadas por blocos cerâmicos, fabricados e utilizados na região metropolitana do Recife,
confeccionadas com argamassas industrializadas (para assentamento e para o revestimento),
quando submetidas a altas temperaturas. O objetivo principal da pesquisa foi ensaiar seis mini-
paredes (1,50 x 1,50 m) para verificação da resistência ao fogo. Das seis paredes ensaiadas,
duas eram revestidas com 1,0 cm de reboco em ambas as faces, duas com revestimento em
reboco em apenas uma das faces e duas sem nenhum tipo de revestimento, cujo objetivo
principal era avaliar a influência da camada de 1,0 cm de reboco nas paredes, quando
submetida a elevadas temperaturas.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
RogowskiI[1], estudou paredes preenchidas com substratos, para servir de isolamento térmico
em paredes vedadas e não vedadas. As paredes eram em blocos de concreto, com dimensões
1,30m x 1,10m e 2,50m x 2,50m, e preenchidas com três tipos de substratos: placas de
polietileno expandida (EPS), enchimento granular de fibra ou cordão e espuma liquida de
poliuretano.
Saada [2] desenvolveu um estudo que visava comparar os resultados experimentais com os
modelos térmicos desenvolvido por ele, para avaliar o aquecimento das paredes quando
submetidas ao incêndio. Então nos seus experimentos, ele ensaiou paredes de (2,80 x 2,82),
com blocos de concreto (49 x 19,7 x 20 cm), submetidas a cargas de 13 ton/m, cujo
aquecimento do forno (3,0 x 3,0 x 1,4 m).
Nguyen [3] apresentou em suas pesquisas uma ferramenta computacional capaz de avaliar o
comportamento ao fogo das paredes de tijolos de argilas assentados em argamassas.Nos seus
experimentos foram ensaiados 4 (quatro) paredes: 2 (duas) com carregamento e 2 (duas) sem
carregamento.
No Brasil, Rosemann[4], estudou paredes com preenchimentos de areia, para resistir ao fogo
em alvenarias estruturais com blocos cerâmicos, através de métodos experimentais. Nos
experimentos foram realizados ensaios conforme a NBR 5628 [7], em 4 (quatros) parede
medindo 2,70 x 2,60m, com blocos de 14 x 19 x 29 com fck= 9 N/m², alterando a presença de
revestimento (reboco nas paredes) e preenchimento (de areia na parte interna dos tijolos).
Rigão[5] estudou sobre as paredes estruturais de blocos cerâmicos, quando submetidas a altas
temperaturas. Nos seus estudos ele ensaiou as resistências dos prismas (2 blocos) e de
pequenas paredes (0,90 x 1,0 m) quando submetidas a altas temperaturas
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
Segundoa NBR 15270-1 [6], existem vários tipos de blocos cerâmicos de vedação, porémo
bloco escolhido para ser utilizado nos experimentos, foi o bloco com furos na horizontal, cujas
dimensões são: 9,0 cm de largura, 9,0 cm de altura e 19,0 cm de comprimento. Esse bloco foi
escolhido, pois é o mais utilizado nos canteiros de obras da Região Metropolitana do Recife.
Para aceitação do lote de blocos cerâmicos de vedação, a norma [6], solicita alguns ensaios:
características geométricas, características físicas e características mecânicas. Porém, foram
feitos os ensaios de característica mecânica, ou seja, resistência a compressão individual dos
blocos. Foram ensaiados 13 blocos cerâmicos, cujo todos os resultados deram acima de 1,5
Mpa, conforme solicira a [6], sendo assim aprovado o lote, para execução das alvenarias.
3.1.2- Argamassas.
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Na figura 1, pode-se observar o forno utilizado nos aquecimentos das paredes. Nos ensaios
das paredes, foi necessário vedar todo perímetro de junta do forno com a parede, com manta
de lã de vidro, para que houvesse um isolamento adequado.
3.2- Método
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Na figura 2, pode-se verificar a fase de construção das alvenarias, as quais eram estruturadas
nos pórticos metálicos. Na figura 3, observam-se os 5 pontos locados dos termopares na face
oposta ao fogo, divididos em áreas iguais, para as leituras de temperatura, conforme
recomenda [7].
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram medidas as temperaturas da face oposta ao fogo, para calcular o tempo de resistência
ao fogo (TRF) de cada parede, além disso, calculou-se a taxa de aquecimento (°C/min), obtida
em cada parede,cujo o objetivo era verificar a influência de 1,0 cm do reboco.
Em todos os ensaios das paredes, houve um pré-aquecimento até 100ºC, o qual durava em
média 19 a 21 minutos. Nosgráficos 1 a 6, verificou-se que a diferença entre a curva de
aquecimento da ISO do forno, com relação a curva dos termopares obtidas, variou-se de 3%
há 19%, ou seja, as curvas obtidas foram próximas as curvas padrão da ISO, embora a
tolerância máxima recomendada por [7] é de 15% nos primeiros 10 minutos.
Figura 5: Face da alvenaria exposta ao fogo. Figura 6: Face da alvenaria opsta ao fogo.
Na figura 5, verifica-se a face exposta ao fogo logo após a finalização de um dos ensaios.
Pode-se observar a região delimitada da ação do forno nas paredes, assim como pode-se
verificar as fissuras ocasionadas pelo fogo na camada de revestimento (reboco). Na figura 6,
mostra a face oposta ao fogo, podendo verificar as fissuras horizontais e verticais.
Em cada parede, mediu-se o tempo (min) em que a alvenaria resistia ao fogo conforme [7] e
conclui-se que as paredes com reboco nas duas faces obtiveram um tempo médio aproximado
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de 79 minutos, nas paredes com apenas uma face rebocada o tempo médio aproximado de 67
minutos e nas alvenarias sem reboco, o tempo médio foi de aproximadamente 52 minutos.
Além das leituras internas, foram analisadas as leituras externas para que pudesse atender o
critério de parada aconselhado pela [7]. Na face oposta ao fogo, foram sempre utilizados cinco
termopares divididos igualmente na face das paredes. Diante das leituras dos termopares
foram calculadas as taxas de aquecimento e medido o tempo final de resistência das paredes.
Como era de se esperar, as paredes com revestimentos nos dois lados, apresentaram tempo
de resistência maior, até porque, tiveram taxas de aquecimento menor, gráfico 8. Enquanto que
as paredes sem revestimento obtiveram tempo menor, pois suas taxas de aquecimento foram
maiores. Conclui-se que a influência de 1,0 cm de reboco na alvenaria, contribui em
aproximadamente 15 minutos a mais na resistência das paredes contra o fogo, conforme
mostra no gráfico 7.
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5. CONCLUSÕES
Destaca-se que este artigo representa o início de um trabalho de pesquisa numa área ainda
carente de conhecimento, que merecedestaque pelo amplo uso destes materiais em elementos
de vedação e também, em alguns casos, foram empregados em alvenaria resistente
(compondo a estrutura portante da edificação). Vários outros resultados, também importantes
para o entendimento do comportamento termo-mecânico destas alvenarias, puderam ser
observados, como abertura de fissuras, diferentes distribuições de temperatura nas juntas de
argamassas e nos blocos, desprendimento e coloração dos rebocos, além das propriedades
mecânicas residuais dos blocos e argamassas. Alguns deles ainda estão sendo analisados e
deverão ser publicados posteriormente.
Apesar de ainda ser prematura uma generalização, os resultados obtidos neste trabalho
permitem estimar o quanto os blocos cerâmicos e argamassas de revestimento empregados,
em função de suas dimensões e espessuras, podem contribuir para a resistência ao fogo.
Estas informações são necessárias para o dimensionamento de alvenarias com bom
desempenho em situações de incêndio; são dados importantes para serem incorporados em
projetos futuros, assim como serem discutidos para possíveis revisões das normas vigentes.
6. REFERÊNCIAS
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[5] Rigão, A.O. Comportamento de pequenas paredes de alvenaria estrutural frente a altas
temperaturas. Dissertação mestrado, Universidade Federal de Santa Maria, 2012, 142 p.
[6] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270-1: Componentes
cerâmicos Parte 1- Blocos cerâmicos para alvenarias de vedação- terminologia e
requisitos-,2005, 11p.
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1. INTRODUÇÃO
Tomando como base o quadro nacional vivenciado atualmente, é possível observar uma
carência nos conhecimentos e estudos associados às propriedades da alvenaria quando
submetidas às condições de temperaturas características de um processo de incêndio, seja esta
alvenaria estrutural ou de vedação, principalmente aquelas que têm como composição blocos de
concreto simples, uma vez que dos poucos estudos nacionais e internacionais feitos até então,
quase em toda totalidade, referem-se às alvenarias em blocos cerâmicos. Conhecimentos estes
com fundamental importância no desenvolvimento de correlações empíricas e teóricas que se
* Iago de Albuquerque Borges – Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. Rua
Acadêmico Hélio Ramos, s/n, Cidade Universitária. 50.740-530 – Recife – PE – Brasil. Tel: +55 81 99783-8432. e-mail: iagoab10@gmail.com
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Em 1997 V. I. Nikolaev [2] fez uma análise numérica em elementos finitos de uma alvenaria
composta por três paredes (duas de blocos de concreto, sendo uma carregada e uma de material
isolante) visando determinar a resistência ao fogo quanto a transmissão de calor pelos
fenômenos térmicos de condução, convecção e radiação, sendo as curvas de gradiente de
temperatura obtidas a cada 30 minutos. Segundo Nikolaev [2] para os blocos de concreto
vazados analisados, após 150 minutos a partir do espalhamento das chamas, a profundidade
máxima atingida para a curva gradiente de temperatura equivalente a 500 °C foi
aproximadamente de 45% (75 mm a 80 mm) da espessura do bloco nas regiões em que existe
a cavidade de ar, e de 32% (55mm a 60 mm) da espessura do bloco nas regiões dos septos
transversais do bloco.
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satisfatórios uma vez que as paredes apresentaram resistências ao fogo superiores a 240
minutos. Com relação à estabilidade estrutural, as paredes mantiveram-se estáveis,
apresentando apenas fissuras superficiais e mudança de coloração na face interna ao forno e
não apresentando nenhuma modificação significativa na face externa.
2. MATERIAIS
Os corpos de prova (paredes) utilizados na análise experimental foram produzidos com blocos
vazados industrializados de concreto simples com dois furos cujas dimensões nominais de altura,
comprimento e largura eram respectivamente 190 mm, 390 mm e 90 mm, com uma área buta da
seção transversal de 35100 mm², se enquadrando na classe C dos requisitos estabelecidos pela
NBR 6136 [5]. Os blocos apresentavam espessura dos septos inferiores e superiores
respectivamente 20 mm e 25 mm, o que consiste em uma área líquida nominal de 21000 mm²,
correspondente a aproximadamente 40% da área bruta. Após verificação estatística por
amostragem, o lote em que foram retirados os blocos de concreto foi classificado como aceito
quanto aos ensaios de caracterização dimensionais e de absorção de água com base nas
metodologias da NBR 12118 [7] e de acordo com os requisitos estabelecidos pela NBR 6136 [5].
Para a realização do ensaio térmico foi utilizado um forno de resistência elétrica cuja abertura da
face em contato com a parede tem dimensões de 1 m x 1 m. Para programação e controle do
forno foi utilizado um controlador com capacidade para implementação da curva de aquecimento
x tempo prevista na ISO 834-1 [8] e reimplementada pelas NBR 10636 e NBR 5628 [6 e 9],
característica de um incêndio padrão.
Para obtenção dos dados de medição relacionados à temperatura e ao tempo foram utilizados
termopares do tipo K protegidos e lidos por um data logger do modelo quantum X HBM, através
de um software computacional (Catman).
3. MÉTODOS
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esta norma. Para auxiliar no levantamento e transporte das paredes até o local de ensaio foram
utilizados perfis metálicos articulados formando um pórtico de sustentação e apoio.
Com o objetivo de manter uma determinada confiabilidade nos resultados e para investigar os
diferentes comportamentos e desempenhos das alvenarias e do revestimento em argamassa
cimentícia, das cinco paredes produzidas, duas não possuíam revestimento algum, duas
possuíam revestimento de 2 cm apenas na face exposta aquecida e uma possuía revestimento
de 2 cm em cada face da alvenaria.
Antes da realização dos ensaios térmicos os corpos de prova passaram por um período de cura
ao ar de 28 dias em laboratório e no dia do ensaio esses foram devidamente aparelhados com
os instrumentos de medição. Para tanto, foram utilizados oito termopares: um no interior do forno
e na face interna da parede a ser ensaiada, a 66 cm de altura do limite inferior de aquecimento
do forno (termopar tipo K número 8 – com a funcionalidade de acompanhar a curva de
aquecimento no tempo do forno); cinco termopares foram distribuídos uniformemente na face
externa, em contato direto com a face dos blocos ou da argamassa de revestimento (termopar
fio do tipo K números 1, 2, 3, 4, 5 – visando monitorar a temperatura na face externa dos blocos
ou revestida); e dois posicionados em contato direto com as argamassas de assentamento
(termopar rígido do tipo k números 6 e 7 – visando monitorar as temperaturas na face externa da
argamassa de assentamento, para os casos sem revestimento nesta face). A região hachurada
delimitada nas figuras 1 e 2 compreende a zona de influência do forno na face não exposta ao
aquecimento.
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Para permitir o isolamento térmico, evitar o fluxo de gases e fumaça e para manutenção da
pressão interna, o forno foi mantido em contato direto com a parede através de uma manta de
fibra cerâmica, por uma pequena pressão, apenas de vedação, durante a realização do
experimento como pode ser observado nas figuras 3 e 4.
Antes do início do ensaio térmico, o forno elétrico utilizado foi programado para acompanhar a
curva de tempo x temperatura estabelecida pela ISO 834-1 [8], fazendo-se o uso de sete pontos
(capacidade máxima do programador) pertencentes a esta curva.
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Para análise de estabilidade das paredes foram devidamente observadas e registradas eventuais
deformações, colapso ou sinais de instabilidade. A estabilidade também pode ser verificada
através da aplicação do teste de choque mecânico 3 minutos antes do término do ensaio térmico,
em que uma esfera de aço com massa entre 15 kg e 25 kg em movimento pendular se choca
com a face não exposta do corpo de prova em 3 pontos distintos de uma mesma horizontal,
correspondendo a uma energia de 20 J por impacto, de acordo com a NBR 10636 [6]. Porém em
laboratório, visando uma maior segurança das pessoas e dos equipamentos, o teste de choque
mecânico foi adaptado, sendo realizado após a finalização do ensaio térmico e a retirada dos
instrumentos de medição (termopares). O material da esfera utilizada também foi substituído pelo
concreto maciço, possuindo uma massa de 17,340 kg, sendo erguida e solta de uma altura de
90 cm, desenvolvendo um movimento pendular até se chocar com a parede a uma altura de 75
cm, transferindo para esta uma energia aproximada de 20 J. É importante destacar que durante
o ensaio de choque mecânico para verificação da estabilidade, as paredes não apresentavam
qualquer tipo de travamento lateral externo, estando estas apenas apoiadas e travadas no pórtico
metálico de suporte. A partir desta condição considerada é possível inferir que se os corpos de
prova estivessem travados em todas as suas faces, acarretaria em uma menor dissipação
energética e os danos causados pelo ensaio poderiam ter sido ainda maiores que os obtidos.
4. RESULDADOS E DISCUSSÕES
4.1 Forno
Após os ensaios térmicos e ajuste do forno elétrico, através da figura 5, foi possível constatar
que para os primeiros 10 minutos de ensaio as diferenças entre as áreas da curva de
aquecimento padrão e da curva de aquecimento real do forno foi de -18,1%, superior aos ±15%
indicado por norma [6]; e para os primeiros 30 minutos de ensaio esta diferença caiu para -8,4%,
inferior aos ±10% constantes em norma [6]. Com essas observações foi possível concluir que a
curva de temperatura no tempo desenvolvida pelo forno apresentou-se satisfatória com o que é
estabelecido por norma [6 e 9] após os primeiros 10 minutos de ensaio.
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Na Figura 9 é possível constatar que a parede 2, sem revestimento, teve um menor tempo de
resistência às altas temperaturas, falhando após 80 minutos de ensaio térmico devido ao
aumento médio das temperaturas na face externa em 140°C, atingindo 170°C, com uma maior
taxa de aquecimento e dano por ruptura, dentre os corpos de prova. Foi possível destacar
também a ocorrência de um desaprumo pelo aparecimento de uma concavidade (flecha) na
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região aquecida, com abertura para a face externa, chegando a medir 2,2 cm no centro aquecido
do vão. Além da modificação na coloração do bloco e da argamassa de assentamento, que pode
ser atribuída aos processos de desidratação para as diferentes formas de água constituinte,
característica dos materiais cimentícios.
Figura 9: Temperaturas médias desenvolvidas na face não exposta ao aquecimento, para cada
parede, durante o ensaio térmico
Os resultados obtidos após o ensaio térmico para os diferentes corpos de prova podem ser
observados na Tabela 1 que segue, relativos à estanqueidade, ao isolamento térmico e à
estabilidade ao choque mecânico.
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Para a parede 5, com revestimento cimentício de 2 cm em ambas as faces, foi possível observar
que esta se portou de forma superior às paredes anteriores, apresentando a mais baixa dentre
as taxas de aquecimento da face não exposta, não chegando a falhar por isolamento térmico
durante o período de ensaio, e se comportando de forma estável, não apresentando rupturas
após o ensaio de choque mecânico. Tal comportamento pode ser ratificado quando se compara
as temperaturas médias da face não exposta no momento em que a parede 2 falha por
isolamento térmico (após 80 minutos de ensaio térmico), em que enquanto as paredes 2, 3 e 4
apesentavam nesse tempo respectivamente as temperaturas 170°C, 92°C e 111°C, a parede 5
apresentava apenas 63°C, mostrando-se com uma maior capacidade de isolamento térmico.
Deve-se destacar que devido a problemas técnicos, o período de ensaio térmico foi limitado a
um tempo de 166 minutos (tempo em que o forno elétrico conseguiu desenvolver uma curva de
aquecimento compatível com a estabelecida pelas NBR 10636 [6], ISO 834-1 [8] e NBR 5628
[9]).
6. CONCLUSÕES
Com os resultados obtidos, e com base na classificação proposta na NBR 10636 [6], mesmo que
as dimensões das paredes ensaiadas difiram daquelas propostas nesta norma, é possível
estimar a resistência às altas temperaturas das alvenarias em concreto simples, sem função
estrutural, através de uma análise comparativa com o estabelecido pela NBR 10636 [6],
podendo-se realizar correlações a partir das categorias e graus de resistência ao fogo, assim
como fazer algumas inferências com base nos resultados dos ensaios: 1) A parede 2 pelo fato
de ter se mantido estanque, por atender o critério de isolamento térmico por 80 minutos e pela
perda da sua estabilidade ao término do ensaio, pode ser comparada com uma alvenaria de
classificação PC 60 (Para-chamas por 60 minutos); 2) A parede 3 pelo fato de ter se mantido
estanque, por atender o critério de isolamento térmico por 207 minutos e pela perda da sua
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estabilidade ao término do ensaio, pode ser comparada com uma alvenaria de classificação PC
180 (Para-chamas por 180 minutos); 3) A parede 4 pelo fato de ter se mantido estanque, por
atender o critério de isolamento térmico por 149 minutos e pela perda da sua estabilidade ao
término do ensaio, pode ser comparada com uma alvenaria de classificação PC 120 (Para-
chamas por 120 minutos); 4) A parede 5 pelo fato de ter se mantido estanque, por atender o
critério de isolamento térmico por 166 minutos (tempo que foi possível transcorrer com o ensaio)
e pela manutenção da sua estabilidade ao término do ensaio, pode ser comparada com uma
alvenaria de classificação CF 120 (Corta-fogo por 120 minutos); 5) Identificou-se que para
paredes não revestidas, após ensaio térmico, a região que sofria ruptura após ensaio de choque
mecânico era a da face exposta ao aquecimento (mais fragilizada). Já para paredes revestidas
apenas na face exposta ao aquecimento, a região que sofria ruptura após o ensaio de choque
mecânico era a face não exposta ao aquecimento; 6) Verificou-se que para paredes não
revestidas, após ensaio térmico, as fissuras eram mais generalizadas e de menores dimensões
de abertura, já para as paredes revestidas apenas na face exposta ao aquecimento, as fissuras
eram mais concentradas, em menor quantidade, porém com maiores dimensões de abertura; 7)
Para as alvenarias sem revestimento ensaiadas termicamente foi possível observar que nestas
ocorre o surgimento de uma concavidade na região de influência do forno, com abertura para
face não exposta ao aquecimento direto, que acarretava em um desaprumo acentuado da parede
após o término deste ensaio (chegando a 2,2 cm no centro aquecido do vão para a parede 2).
7. REFERÊNCIAS
[1] MALHOTRA, H. L.. FIRE RESISTANCE OF CONCRETE BLOCK WALLS. Boreham Wood:
Department Of Scientific And Industrial Research And Fire Offices' Commitée Joint Fire
Research Organization, 1962. 9 p. F. R. Note No. 501.
[2] NIKOLAEV, V. I.. MODELING OF TEMPERATURE FIELD OF "BESSER" CONCRETE
BLOCKS UNDER STANDARD FIRE CONDITIONS. Journal Of Engineering Physics And
Thermophysics. Minsk, p. 330-339. abr. 1997.
[3] RIGÃO, A.O. COMPORTAMENTO DE PEQUENAS PAREDES DE ALVENARIA
ESTRUTURAL FRENTE A ALTAS TEMPERATURAS. 2012. 140 f. Dissertação (Mestrado)
- Curso de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia, Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, 2012.
[4] CLÁUDIO OLIVEIRA SILVA (Brasil). Associação Brasileira de Cimento Portland. Manual de
Desempenho - Alvenaria de Blocos de Concreto: Guia para atendimento à Norma ABNT
15575. São Paulo: Editora Mandarim, 2014. 40 p.
[5] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6136: Blocos vazados de
concreto simples para alvenaria - Requisitos. 4 ed. Rio de Janeiro, 2014. 10 p.
[6] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10636: Paredes divisórias
sem função estrutural - Determinação da resistência ao fogo. 1 ed. 1989. 7 p.
[7] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12118: Blocos vazados de
concreto simples para alvenaria - Métodos de ensaio. 6 ed. Rio de Janeiro, 2013. 14 p.
[8] INTERNATIONAL STANDARD. ISO 834-1: Fire-resistance tests — Elements of building
construction — Part 1: General requirements. 1 ed. Switzerland, 1999. 25 p.
[9] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5628: Componentes
construtivos estruturais - Determinação da resistência ao fogo. Rio de Janeiro, 2001. 12 p.
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1. INTRODUÇÃO
Para viabilizar o uso de um sistema de vedação vertical em obras residenciais, o mesmo deve
atender a requisitos mínimos de desempenho, sendo estes definidos pela NBR 15575 [5], além
de instruções técnicas dos corpos de bombeiros e de leis estaduais. Um dos requisitos da
referida norma é a resistência ao fogo dos sistemas construtivos que exercem a função de
compartimentação. Do ponto de vista da segurança contra incêndio, a compartimentação é
interpretada como a divisão da edificação em células estanques, delimitadas pelos sistemas
que exercem a função de compartimentação, onde o incêndio é localizado e suprimido [6].
Atendendo à essa condição, busca-se prevenir o colapso da estrutura, acarretando em um
tempo suficiente para a evacuação segura dos ocupantes e operações de combate ao
incêndio, além de minimizar os danos causados às edificações vizinhas.
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil, itt Performance, Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Avenida Unisinos, 950, São Leopoldo.
93.022-000 – São Leopoldo - RS - Brasil. Cel.: +55 51 99994 3525 Tel.: +55 51 3590-8887 – Ramal: 3247. e-mail: mthsdilly@gmail.com
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incêndio que visem a otimização do mesmo, os sistemas utilizados devem ser submetidos à
ensaios laboratoriais para serem classificados quanto a sua resistência ao fogo. De acordo
com a NBR 10636 [7], o Tempo de Resistência ao Fogo (TRF) de paredes divisórias que não
exerçam função estrutural é determinado pelo cumprimento dos requisitos de estabilidade
estrutural, estanqueidade à passagem de gases quentes e fumaça e isolamento térmico,
aferidos na medida em que o sistema é submetido à uma elevação padronizada de
temperatura, conforme ISO 834-1 [8]. O sistema é classificado como corta fogo (CF) pelo
período de tempo em que os três requisitos são obedecidos.
Segundo [9], divisórias estruturadas com montantes metálicos (perfis formados a frio), cujo
fechamento é realizado com uma placa de gesso acartonado, são, de modo geral, classificadas
como CF30. De forma similar, a IT 08 [10] propõe uma classificação para paredes com uma
camada de gesso acartonado do tipo standard de CF30. Sabendo que esta classificação
somente garante a aplicação do sistema em uma escala limitada de edificações, busca-se
melhorar a classificação do mesmo ao multiplicar o número de camadas instaladas no sistema
ou optando por placas de espessura mais elevada [9]. Recorrer à uma dessas duas opções
pode, por vezes, inviabilizar economicamente sua aplicação.
Do exposto, o objetivo deste trabalho é analisar e comparar três paredes de divisórias leves,
estruturadas com montantes metálicos, com a mesma espessura e disposição de camadas,
variando a natureza da placa de gesso acartonado utilizada. Foram elaboradas duas amostras
com placas de gesso standard (comum) e uma amostra com placas de gesso denominadas
resistentes ao fogo, resultando em uma espessura total de 73,4mm. Todos os sistemas foram
estruturados com perfis metálicos formados a frio de mesma seção, recebendo tratamento de
mesmo tipo nas juntas. Posteriormente, os sistemas foram expostas a curva de aquecimento
padrão em edificações estabelecida pela 834-1 [8].
2. PROGRAMA EXPERIMENTAL
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2.1 Materiais
Para estruturação das amostras, foram utilizados guias e montantes de aço laminados a frio,
recebendo tratamento galvanizado por imersão a quente de cobertura de zinco Z275. A seção
dos perfis utilizados é do tipo UE (perfil série “U” enrijecido), com altura de 48mm, largura de
36,5mm e espessura de 0,6mm.
O fechamento das amostras foi realizado através de placas de gesso acartonado, com folhas
de largura igual a 120 cm, altura de 180 cm e espessura de 12,7mm. As placas eram
compostas por núcleo de gesso, envolto em papel cartão dobrado sobre as bordas, de modo a
proteger o núcleo. As extremidades das placas são quadradas, de corte e acabamento suave.
Foram utilizadas três tipologias de placas de gesso acartonado, sendo duas delas do tipo
standard e outra caracterizada como resistente ao fogo. As placas foram fabricadas a partir de
gipsita natural e a placa resistente ao fogo teve adição de 5% de vermiculita e 1% de fibra de
vidro na sua composição (em relação à massa).
Os parafusos utilizados para fixar as placas de gesso acartonado aos perfis metálicos são
compostos por cabeça escareada e fenda cruzada, sendo a ponta do tipo cônica. O diâmetro
do parafuso é de 3,5mm e o seu comprimento nominal é de 25mm.
2.2 Amostras
Tendo as placas devidamente fixadas, foi realizado o tratamento das juntas através do uso de
papel microperfurado e massa acrílica, sendo esta pré-misturada a base de vinil e aditivos.
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2.3 Equipamentos
O forno utilizado para o ensaio tem capacidade térmica de 1200°C e é aquecido através de
quatro queimadores laterais, alimentados por Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Os
queimadores estão programados para proporcionar um aumento de temperatura do interior do
forno de forma automática, seguindo a curva de aquecimento estabelecida pela ISO 834-1 [8].
Para realizar o registro das temperaturas da amostra, o forno é equipado com 14 termopares,
sendo 5 deles do tipo K, de diâmetro 1,5mm, localizados no interior do forno e os demais 9
termopares do tipo T, de diâmetro 0,7mm, localizados na parte externa do forno. De forma
auxiliar, foi utilizada uma trena a laser para averiguar a deformação horizontal no centro das
amostras.
(a) (b)
Figura 2 – Posição e numeração dos termopares (a) da face exposta e (b) não exposta ao fogo
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Figura 6 – Comparação da temperatura média obtida na face externa das três amostras
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a) Amostra A1
No ensaio da amostra A1, foi verificada a formação de fissura aos 19 minutos ao longo da junta
horizontal de duas placas localizadas no quadrante Q3. Após observar o prolongamento da
fissura aos quadrantes Q2 e Q1 e verificar o início da expulsão de fumaça através da mesma,
optou-se por realizar o primeiro teste de estanqueidade, aos 29 minutos, não sendo constatada
a inflamação do chumaço de algodão. Em seguida, foi verificado o aparecimento de uma
fissura vertical no centro da placa da direita (coincidindo com a posição de um dos montantes
metálicos), sobre o quadrante Q6, na qual foi realizado o segundo teste de estanqueidade, aos
37 minutos (Figura 8(a)). Neste teste verificou-se a perda de estanqueidade do sistema.
b) Amostra A2
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c) Amostra A3
As primeiras fissuras formadas neste sistema foram verificadas aos 28 minutos de ensaio nos
quadrantes Q4-Q5 e Q5-Q6 (junções horizontais entre placas de gesso acartonado). Na
sequência do ensaio, foi observado que as placas de gesso acartonado localizadas nos
quadrantes Q5 e Q6 apresentaram tonalidade escura nas proximidades da fissura originada
aos 28 minutos. Após transcorridos 41 minutos de ensaio, verificou-se que a placa de gesso
acartonado localizada nos quadrantes Q6 e Q9 apresentou uma curvatura mais elevada do que
a placa posicionada nos quadrantes Q3 e Q6, alargando a fissura presente entre elas (Figura
8(c)). Sendo assim, foram realizados 4 testes de estanqueidade em sucessão nesta fissura,
aos 41, 42, 44 e 48 minutos de ensaio, sendo verificado a inflamação do chumaço de algodão
aos 48 minutos de ensaio.
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4. CONCLUSÕES
Os ensaios das amostras elaboradas com placas standard de maior e menor densidade
tiveram duração de 37 e 40 minutos, respectivamente, enquanto que o ensaio da amostra
montada com placas “resistentes ao fogo” teve duração de 48 minutos.
Assim sendo, conclui-se que em todos os ensaios, as amostras cumpriram com os requisitos
de isolamento térmico. Da mesma forma, foi verificado que todas as amostras cumpriram com
o requisito de estabilidade estrutural, apesar de terem sofrido deformações expressivas.
Entretanto, todas as amostras tiveram o seu requisito de estanqueidade comprometido. Através
dos resultados obtidos, foi possível observar que as placas standard apresentaram aberturas
que comprometeram a sua estanqueidade à gases quentes e fumaça em algum ponto central
das placas de gesso acartonado, o que diverge do resultado obtido no ensaio realizado com
placas “resistentes ao fogo”. Neste ensaio, a estanqueidade foi comprometida através de teste
realizado na junção horizontal entre duas placas de gesso acartonado. Estes resultados
evidenciam que o ponto fraco dos sistemas elaborados com placas standard é própria placa,
enquanto que nos sistemas de “placas resistentes ao fogo”, o ponto fraco é a junta entre placas
distintas. Analisando estes dados em conjunto com a deformação apresentada por cada
amostra, tem-se que a amostra com maior grau de deformação (A3) suportou o maior período
de ensaio sem apresentar fissuras que comprometessem a estanqueidade da amostra, sendo
de 28:00 minutos, enquanto que a amostra com menor deformação (A1) demonstrou estar
mais propícia a formar fissuras, manifestando as primeiras fissuras aos 19:50 minutos de
ensaio. Os sistemas ensaiados também demonstram que quanto maior for a densidade das
placas de gesso acartonado utilizadas, maior é a deformação manifestada pelo sistema.
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Portanto, conclui-se que o sistema montado com placas “resistentes ao fogo” (densidade = 9,3
kg/m²) apresentou um TRF 30% maior que o sistema com placas standard de menor densidade
(6,8 kg/m²) e um TRF 20% maior que o sistema elaborado com placas standard de maior
densidade (7,8 kg/m²), comprovando a eficácia da utilização de placas “resistentes ao fogo” no
lugar de placas standard em situações de incêndio. Ao comparar os resultados de ambas as
amostras montadas com placas standard, verificou-se que, com um incremento de 14% da
densidade das placas, foi possível melhorar o TRF do sistema em 8%. Por fim, conclui-se que
é possível melhorar o TRF de um sistema de vedação vertical composto por montantes
metálicos e placas de gesso acartonado alterando a composição das placas de gesso
acartonado, sendo o critério determinante neste tipo de avaliação, a estanqueidade do sistema.
5. REFERÊNCIAS
[1] Costa, A.T.; Nascimento, F.B.C. - Uso de Gesso Acartonado em Vedações Internas,
Cadernos de graduação: ciências exatas e tecnológicas, vol. 2, no. 3, 2015, p. 99-106.
[2] Taniguti, E.K.; Barros, M.M.B. - Vedação Vertical Interna de Chapas de Gesso
Acartonado: Método Construtivo, Boletim Técnico BT/PCC/248, Departamento de
Engenharia de Construção Civil, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000, 25 p.
[3] Veljkovic, M.; Johansson, B. – Light Steel Framing for Residential Buildings, Thin-walled
Structures, vol. 44, no. 12, 2007, p. 1272-1279.
[4] Sabbatini, F.H.; - O Processo de Produção das Vedações Leves de Gesso Acatonado, I
Seminário em Tecnologia e Gestão na Produção de Edifícios-Vedações Verticais, São
Paulo, 1998, p. 67-94.
[5] Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 15575: Edificações Habitacionais:
desempenho, Rio de Janeiro, 2013.
[6] Harmathy T. Z. – Design Approach to Fire Safety in Buildings, 1974, p. 82-87.
[7] Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 10636: paredes divisórias sem função
estrutural: determinação da resistência ao fogo: método de ensaio, Rio de Janeiro, 1989.
[8] International Organization for Standardization – ISO 834-1 Fire resistance tests - Elements
of building construction - Part 1: General requirements, Genebra, 2014.
[9] Taniguti, E.K – Método construtivo de vedação vertical interna de chapas de gesso
acartonado, Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
1999, 293 p.
[10] Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo – Instrução Técnica 08: Resistência ao fogo
dos elementos de construção, São Paulo, 2011.
[11] Weber B. - Heat transfer mechanisms and models for a gypsum board exposed to fire,
International journal of heat and mass transfer, vol. 55, no. 5, 2012, p. 1661-1678.
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1. INTRODUÇÃO
As vigas de concreto armado tendem a sofrer deformações de origem térmica quando expostas
ao fogo. Essas deformações consistem na extensão longitudinal das peças, que resulta no
deslocamento dos seus respectivos apoios, se não forem fixos, e na flexão mais acentuada,
que ocorre de forma gradual para baixo, gerando rotação em seus apoios, se não forem
engastados [1]. Quando essas deformações forem restringidas pelas próprias condições de
apoio das vigas ou por condições de contorno, desenvolver-se-ão esforços adicionais. Nas
peças com restrições à expansão do comprimento ou axiais, escopo desta pesquisa, surgirão
forças de compressão de forma a rebater à tentativa de alongamento, que empurra os apoios
[2]. Alguns autores já comprovaram, por intermédio de estudos teóricos e analíticos, que a
introdução de restrições promove incrementos na resistência ao fogo das vigas [3, 4]. Porém,
com base em uma pesquisa de referências bibliográficas, verificou-se que poucos estudaram
esse fenômeno experimentalmente [5 - 9] uma vez que a maioria dos estudos experimentais
acerca do comportamento desses elementos teve base em resultados de testes realizados em
peças simplesmente apoiadas, ou seja, que não experimentavam quaisquer impedimentos a
tais deformações, por exemplo [10 - 12]. Além disso, as normas [13, 14] não discriminam as
relações entre níveis de restrição e aumentos de resistência ao fogo. Portanto, com vista a
agregar informações a essa lacuna do conhecimento científico, este artigo aborda a resposta
ao fogo de vigas com restrições à expansão do comprimento a partir dos resultados de alguns
dos ensaios que fizeram parte de uma campanha experimental, constituída no total por dezoito
ensaios, realizada no Laboratório de Ensaio de Materiais e Estruturas da Universidade de
Coimbra. O principal objetivo dessa pesquisa consistiu em relacionar taxas de restrição axial e
*
Autor correspondente – Edifício da Engenharia Civil, Escola Politécnica da USP, Cidade Universitária. Avenida Professor Almeida
Prado, travessa 2, n 271. 05508-900 – São Paulo - SP - Brasil. Tel.: +55 11 3091 5542. e-mail: gabriela.lins@usp.br.
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a resistência ao fogo, verificando o quão significativos podem ser esses acréscimos quando
uma viga é impedida de se expandir livremente.
2. PROGRAMA EXPERIMENTAL
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Figura 1: Sistema para ensaios de vigas simplesmente apoiadas (a) à temperatura ambiente e
(b) ao fogo, com o forno posicionado sobre o corpo de prova.
Vários edifícios hipotéticos de concreto armado foram previamente analisados, com o auxílio
do programa de computador Abaqus [16], com o propósito de determinar as dimensões,
armaduras e níveis de restrição axial a que determinadas vigas estariam submetidas como
componentes desses edifícios. A viga escolhida para representar os corpos de prova está
idicada na Figura 3. Os mesmos foram fabricados com concreto de classe de resistência
C25/30 e classe de fluidez S3, cimento Portland de calcário tipo II/A-L [17], agregados graúdos
de 16 milímetros de origem calcária e areia lavada da zona de Pombal, Coimbra, Portugal, com
quantidades especificadas na Tabela 1. O plastificante adotado foi o Master Pozzolith 7002 da
Basf. A produção dos corpos de prova foi dividida em três concretagens e, para amostras de
cada uma delas, aferiram-se as resistências à compressão do material em 7 e 28 dias de idade
e no primeiro e último dias nos quais foram realizados ensaios com tais vigas, conforme
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indicado na Tabela 2. Para as armaduras foram estipuladas barras de aço nervuradas com
classe de resistência B 500 [15]. Quanto aos níveis de restrição axial, duas rigidezes foram
estabelecidas: 11 e 15 kN/mm. Para todos os ensaios ao fogo, os corpos de prova foram
submetidos a um nível de carregamento representativo de, aproximadamente, 50 % do valor de
cálculo da resistência à flexão à temperatura ambiente. A solução encontrada para simular
vigas sob lajes nos ensaios à altas temperaturas consistiu na aplicação de um revestimento
contra fogo nas faces superiores dos corpos de prova. Após o estudo de vários materiais por
meio do programa de computador de análises térmicas e estuturais Super Tempcalc [18], a
melhor opção encontrada consistiu nas mantas de lã de silicato alcalino com espessura igual a
50 milímetros e com as seguintes propriedades físico-térmicas: massa específica 128 kg/m3;
calor específico 1172 J/kg °C; condutividades térmicas 0,10 (400 °C), 0,16 (600 °C), 0,23 (800
°C) e 0,31 W/m°C (1000 °C).
58
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2.3 Instrumentação
Os carregamentos aplicados aos corpos de prova tanto nos ensaios à temperatura ambiente
quanto ao fogo foram medidos por intermédio de uma célula de carga com 250 kN de
capacidade, enquanto as forças de restrição axiais, nos ensaios ao fogo, foram medidas por
meio de uma célula de carga com 500 kN de capacidade, ambas modelo F204 da Novatech.
Os deslocamentos verticias das vigas foram aferidos com transdutores de deslocamento tipo fio
modelo DP-1000E da TML, posicionados no piso inferior do Laboratório, abaixo daquele onde
os ensaios foram realizados. Tais deslocamentos foram analisados em três seções das vigas,
uma localizada no meio do vão e duas a 0,5 m de distância dos apoios (Figura 4). Nos ensaios
ao fogo, utilizaram-se transdutores de deslocamento tipo haste SDP-200D da TML (linear
variable displacement transducer - LVDT) para a monitorização do curso do macaco hidráulico.
Nos ensaios com restrição, esses equipamentos ainda foram posicionados no topo dos
acrescentes, para medirem os deslocamentos verticais das peças, e ao longo da viga de aço
de simulação de restrição axial, a fim de serem aferidos os deslocamentos horizontais da
mesma. A curva de aquecimento do forno, calibrada para seguir a curva de incêndio-padrão
ISO 834 [19], foi monitorizada por meio da utilização de termopares de haste tipo k. Os campos
térmicos das vigas foram aferidos a partir de fios termopares tipo k que foram introduzidos nas
mesmas três seções nas quais foram analisados os deslocamentos verticais (seções S 1 a S3
da Figura 4). Em cada uma delas, mediram-se as temperaturas na interface entre o concreto e
a manta, no núcleo do concreto e nas armaduras longitudinais superior e inferior (Figura 5).
O programa experimental foi composto por três ensaios à temperatura ambiente e três ensaios
ao fogo realizados em corpos de prova similares, cujas características foram previamente
apresentadas. Na Tabela 3, indica-se um resumo dos ensaios ao fogo. Os ensaios das vigas
simplesmente apoiadas à temperatura ambiente foram realizados com controle de
deslocamentos, a uma taxa de 0,001 mm/s. Os ensaios foram levados até a ruína total
(colapso real) dos corpos de prova para que o carregamento máximo e o modo de ruptura
esperados pudessem ser efetivamente comprovados. Enquanto isso, os ensaios à condição de
incêndio foram conduzidos da seguinte forma: antes de acionar o forno, aplicava-se lentamente
o carregamento igual a 50% da carga última de projeto e, durante todo o ensaio, mantinha-se o
mesmo. O ensaio era finalizado mediante os critérios de [20], que estabelecem valores
máximos de deslocamento vertical a meio vão do corpo de prova e velocidade desse
deslocamento com base na altura efetiva da seção e no vão da viga. Logo, quando as flechas
das vigas atingiam 85 mm e a velocidade de aumento dessas chegava aos 3,78 mm/min,
sendo essa velocidade monitorada após 100 mm de flecha os ensaios eram encerrados.
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Figura 5: Localização
Figura 4: Sistema de ensaios das vigas simplesmente apoiadas ao
dos termopares nas
fogo com o posicionamento dos transdutores de fio para medição dos
seções S1 a S3 dos
deslocamentos nas seções S1 a S3, nas quais também foram aferidas
ensaios ao fogo.
as temperaturas do corpo de prova.
3. RESULTADOS
Nos ensaios à temperatura ambiente, as vigas colapsaram por flexão e apresentaram ruptura
das armaduras longitudinais tracionadas. As forças máximas medidas nesses ensaios foram
muito próximas às esperadas (valores analíticos), com um desvio inferior a 3%. Logo, as três
vigas, concernentes a cada uma das concretagens, apresentaram comportamentos similares.
3.2.1 Temperaturas
A Figura 6 mostra a evolução das temperaturas no forno dos ensaios realizados. As mesmas
apresentaram apenas um pequeno atraso nos primeiros minutos de ensaio, relativamente à
preconizada pela curva ISO 834 [19], devido ao fato do forno ser elétrico. Contudo, por volta
dos 30 min de cada ensaio, as temperaturas do forno apresentaram uma boa correlação às
temperaturas do incêndio-padrão. Uma vez que todos os ensaios de resistência ao fogo
apresentaram evoluções de temperatura dentro do forno semelhantes e, após 10 min, os
trechos com máximos desvios entre elas não foram superiores a, aproximadamente, 55 °C,
então é possível afirmar que os resultados desses são comparáveis.
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Ao serem confrontadas as temperaturas aferidas nas vigas dos ensaios ka0, ka11 e ka15, de
forma isolada, verificou-se que as três seções (S1 a S3) apresentaram valores similares, no que
diz respeito aos quatro pontos monitorizados em cada uma dessas seções. Na Figura 7,
apresenta-se um gráfico que ilustra esse comportamento. Uma vez confrontadas as
temperaturas em cada um dos quatro pontos de uma mesma seção em vigas diferentes,
verificou-se que as curvas seguem a mesma tendência, contudo, os resultados não são muito
próximos. No gráfico da Figura 8, por exemplo, no qual se ilustra a evolução das temperaturas
na armadura inferior, é possível observar que, aos 50 min, as diferenças entre as curvas
chegaram a atingir valores de 95 °C para a seção S1, 105 °C para S2 e 75 °C para S3, sendo as
menores temperaturas, para as três seções, associadas ao ensaio ka15. Esses desvios podem
ser atribuídos aos seguintes fatores: diferenças entre as homogeneidades em cada concreto,
diferenças entre o estado de fissuração das vigas e migração do vapor, com o aumento da
temperatura, na viga de concreto. Assim, um termopar mais próximo de uma fissura, por
exemplo, pode ter aquecido mais que um termopar longe de uma fissura.
A Figura 9 ilustra a evolução das forças de restrição axiais ao longo dos ensaios ka11 e ka15.
Os trechos finais das curvas, em linhas tracejadas e mais finas, consistem em linhas de
tendência que foram traçadas por meio de uma função polinomial de ordem 5 para delimitar o
instante em que a força de restrição axial retornava ao valor zero. Portanto, os trechos
anteriores a esses, em linhas mais espessas, representam os valores das forças que puderam
ser efetivamente medidos ao longo dos ensaios. Como previsto, o ensaio com menor nível de
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restrição apresentou um valor menor de força axial máxima. No ensaio ka11, a força atingiu 63
kN e no ensaio ka15 foi igual a 76 kN. No entanto, se o critério de falha dessas vigas fosse
assumido não em termos de deformações (flechas, conforme descrito no item 2.4), mas em
termos de resistência, ou seja, levando em conta o instante no qual a força axial retorna a zero,
é possível verificar que os diferentes níveis de restrição axial não exerceram influência na
resistência ao fogo das mesmas, uma vez que os dois ensaios conduziram a tempos iguais a,
aproximadamente, 110 min. Na Figura 10 se apresentam os deslocamentos verticais a meio
vão dos corpos de prova, em função do tempo. Os ensaios ka11 e ka15, conforme esperado,
apresentaram curvas com valores de deslocamentos menores do que a viga simplesmente
apoiada do ensaio ka0.
Figura 9: Evolução das forças de restrição axiais. Figura 10: Evolução das flechas das vigas.
No ensaio sem restrição axial (ka0) não houve ruptura aparente da armadura nem do concreto,
apenas se constatou a aparência “craquelada” da superfície da viga (Figuras 11 e 12). As
fissuras de flexão podem ser vistas na Figura 13. Nos dois ensaios com restrição axial (ka11 e
ka15) também não houve ruptura da armadura. A viga do ensaio ka11 apresentou uma
aparência “craquelada”, similar à do ensaio ka0, enquanto as fissuras de flexão não foram
siginificantes. Na Tabela 4, apresentam-se os valores de flecha e velocidade de flecha obtidos
ao final dos ensaios. ka11 e ka15 foram finalizados quando atingidos os valores de flecha e
velocidade iguais a 105 mm e 5,0 mm/min e 108,3 mm e 8,1 mm/min, respectivamente. Assim,
confirmou-se que a introdução de restrições axiais melhora a resposta ao fogo das peças, visto
que os ensaios ka11 e ka15 apresentaram, respectivamente, resistências ao fogo prolongadas
em 21 e 30 minutos em relação ao ensaio ka0. Em contrapartida, não foram verificados
acréscimos significativos de resistência ao serem aumentados os níveis de restrição axial, uma
vez que o ensaio ka15 adicionou apenas 9 min de resistência em comparação ao ensaio ka11.
62
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Figura 11: Aparência da viga Figura 12: Superfície Figura 13: Fissuras de flexão
após o ensaio ka0. “craquelada” da viga do na viga do ensaio ka0.
ensaio ka0.
4. CONCLUSÕES
5. AGRADECIMENTOS
63
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6. REFERÊNCIAS
[1] Usmani A. et al.. - Fundamental principles of structural behaviour under thermal effects,
Fire Safety Journal, vol. 36, no. 8, 2001, p. 721-744.
[2] Gosselin G. C. - Structural fire protection: predictive methods, Building Science Insight -
Designing for Fire Safety: The Science and its Application to Building Codes, Ottawa,
1987.
[3] Issen, L. A. et al.. - Fire Tests of Concrete Members: An Improved Method for Estimating
Restraint Forces, Symposium on Fire Test Performance, Denver, 1969, p. 153-185.
[4] Gustaferro, A. H. - Design of reinforced and prestressed concrete structures for fire
resistance, International Association for Bridge and Structural Engineering - IABSE
Congress, Tokyo, 1976, p. 141-155.
[5] Lin, T. D. et al.. - Fire endurance of continuous reinforced concrete beams. Portland
Cement Association, Skokie, 1981, 23 p. (Research and Development Bulletin
RD072.01B).
[6] Dwaikat, M. B.; Kodur, V. K. R. - Response of restrained concrete beams under design fire
exposure, Journal of Structural Engineering, vol. 135, no. 11, 2009, p. 1408-1417.
[7] Jiangtao, Y. et al.. - Experimental study on the performance of RC continuous members in
bending after exposure to fire, Procedia Engineering, vol. 14, 2011, p. 821-829.
[8] Yu, J. T. et al.. - Flexural performance of fire damaged and rehabilitated two span
reinforced concrete slabs and beams, Structural Engineering and Mechanics, vol. 42, no.
5, 2012, p. 1-15.
[9] Kadhum, M. M. - Fire resistance of reinforced concrete rigid beams, Journal of Civil
Engineering and Construction Technology, vol. 5, no. 5, 2014, p. 35-48.
[10] El-Hawary, M. M. et al.. - Effect of fire on flexural behaviour of RC beams, Construction
and Building Materials, vol. 10, no. 2, 1996, p. 147-150.
[11] Shi, X. et al.. - Influence of concrete cover on fire resistance of reinforced concrete flexural
members, Journal of Structural Engineering, vol. 130, no. 8, 2004, p. 1225-1232.
[12] Setyowati, E. W. et al.. - Effect of concrete cover to the crack width of RC beam burned in
high temperature, Australian Journal of Basic and Applied Sciences, vol. 7, no. 11, 2013,
p. 109-115.
[13] European Committee for Standardization. - EN 1992-1-2: Eurocode 2: design of concrete
structures - part 1.2: general rules - structural fire design, CEN, Brussels, 2004, 97 p.
[14] ACI 216R-89. - Guide for determining the fire endurance of concrete elements, American
Concrete Institute, Detroit, 1989, 48 p. [Updated in 1994].
[15] European Committee for Standardization. - EN 1992-1-1: Eurocode 2: design of concrete
structures - part 1.1: general rules and rules for buildings, CEN, Brussels, 2004, 225 p.
[16] Abaqus. - Finite element analysis. Hibbert, Karlsson & Sorenson, 2006.
[17] European Committee for Standardization. - EN 197-1: Cement - part 1: composition,
specifications and conformity criteria for common cements. CEN, Brussels, 2000, 29 p.
[18] Fire Safety Design. - TCD 5.0 User’s manual. Fire Safety Design AB, Lund, 2007, 129p.
[19] International Organization for Standardization. - ISO 834-1: Fire-resistance tests: elements
of building construction - part 1: general requirements, Geneva, 1999, 25 p.
[20] European Committee for Standardization. - EN 1363-1: Fire resistance tests - part 1:
general requirements, CEN, Brussels, 1999. 49 p.
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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo analisar comparativamente dois tipos de revestimentos
utilizados para finalização de painéis de madeira com a finalidade de retardar as chamas no
elemento estrutural. Sendo assim, realizaram-se ensaios em um forno horizontal com
elementos estruturais em grande escala seguindo a curva de incêndio padrão ISO 834 [1].
*
Gisele Cristina Antunes Martins – Departamento de Engenharia das Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos. Rua Av. Trabalhador Sãocarlense, 400.
São Carlos / SP - Brasil. Tel.: +55 16 981421503. e-mail: giselemartins@usp.br
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2. METODOLOGIA
2.1 Amostras
A análise experimental foi realizada em um forno horizontal a gás com dimensões internas de 3
m x 1,5 m x 4,0 m instalado no departamento de Estruturas da Escola de Engenharia de São
Carlos (EESC/USP). O equipamento utilizado é o único forno em território nacional que
possibilta a realização de ensaios em elementos com dimensões estruturais e a aplicação
simultanea de um carregamento.
Os elementos estruturais utilizados nos ensaios são constituidos de dois painéis sobrepostos
com uma junta de 2 cm, ilustrado na Figura 1 (a). Os entrepisos foram montados com vigas de
madeira da espécie Pinus (densidade média em torno de 505 kg/m³), tratados com CCA e
seção de 45 mm por 190 mm, espaçados de 300 mm, sendo fechado com chapas de OSB,
espessura de 18 mm, e fixados com pregos de diâmetros de 25 mm e comprimento de 50 mm.
(a) (b)
Figura 1: Ensaios em grande escala: (a) Layout do piso; (b) Montagem do ensaio.
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3. RESULTADOS
O ensaio do elemento com revestimento utilizando placas de gesso do tipo padrão (SG) foi
encerrado após 49 minutos de exposição ao fogo e a temperatura máxima registrada no interior
do forno foi igual a 905 °C (média do registro dos nove termopares distribuídos no interior do
forno). Na Figura 5 é apresentada a evolução da temperatura nas cavidades do painel, por
meio dos termopares posicionados na face superior da segunda camada de gesso do tipo
padrão.
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A partir da Figura 5 pode se observar que as temperaturas registradas não ultrapassam a faixa
de 100ºC durante 30 minutos, ocorrendo um aumento da temperatura (em torno de 400ºC)
após o instante em que a primeira camada de gesso perdeu a integridade aos 40 minutos. Nos
últimos minutos de ensaio ocorreu a perda de integridade da segunda camada de gesso nos
pontos onde estavam localizados os termopares identificados como G1 e G2.
O ensaio do elemento com revestimento utilizando placas de gesso do tipo retardante ao fogo
(RF) foi encerrado após 73 minutos de exposição ao fogo e a temperatura máxima registrada
no interior do forno foi igual a 960 °C (média do registro dos nove termopares distribuídos no
interior do forno). Na Figura 6 é apresentada a evolução da temperatura nas cavidades do
painel, por meio dos termopares posicionados na face superior da segunda camada de gesso
do tipo retardante ao fogo.
A partir da Figura 6 pode se observar que as temperaturas registradas não ultrapassam a faixa
de 100ºC durante 45 minutos, ocorrendo um aumento gradual da temperatura (em torno de
400ºC) após o instante em que a primeira camada de gesso RF perdeu a integridade aos 62
minutos. A camada de gesso que revestia o painel no ponto G2 perdeu a integridade
completamente aos 62 minutos observando assim um aumento exponencial da temperatura
naquele ponto. No ponto G1 é observada a perda da integridade após 70 minutos de exposição
ao fogo. Nos demais pontos (G3 e G4) a temperatura máxima registrada ficou na faixa de 450
ºC, depois de finalizado o ensaio observou resquicios das placas de gesso fixadas nestes
pontos.
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A Figura 7 apresenta a evolução temporal dos valores médios registrados pelos quatro
termopares de leitura nos pontos G1, G2, G3, G4 para cada caso, ou seja, para o elemento
com revestimento composto de placas de gesso padrão e para o caso de revestimento
composto de placas de gesso retardantes ao fogo (RF).
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De acordo com [3] o elemento estrutural será satisfatório como isolante térmico se não sofrer
um aumento de temperatura, na face não exposta, acima da temperatura inicial, superior em
média a 140ºC e em qualquer ponto a 180ºC. Na Figura 8 é apresentada a evolução temporal
na face superior do elemento, face não exposta ao fogo, no qual foi utilizado placas de gesso
do tipo padrão. A máxima temperatura registrada foi de 91ºC no ponto F2 e a média registrada
na face não exposta não ultrapassou a temperatura de 75ºC.
Figura 8: Evolução temporal da temperatura na face superior (não exposta) para o ensaio
71
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Figura 9: Evolução temporal da temperatura na face superior (não exposta) para o ensaio com
placas de gesso resistentes ao fogo.
Os demais requisitos para verificação do comportamento ao fogo de acordo com a [3] dizem
respeito à resistência mecânica e a estanqueidade. Em relação à estanqueidade devem ser
observados durante a execução do ensaio o aparecimento de fissuras ou outras aberturas que
provoquem a inflamação do chumaço de algodão. Em ambos os elementos não foram
observadas fissuras suficientes para permitir a passagem de chamas e gases quentes durante
os ensaios, sendo, portanto, atendido o requisito de estanqueidade seguindo as diretrizes da
norma.
Em relação à resistência mecânica o elemento foi carregado com carga distribuida e mantida
constante durante o ensaio, sendo realizado por meio de um reservatório confeccionado com
chapas de compensado plastificado nas bordas e revestido com lona plástica preenchido com
água (altura de 25 cm), como mostrado na Figura 10. A carga aplicada (2,55 kN/m²) sendo a
mesma nos dois ensaios e representa o peso do contrapiso, do piso cerâmico, e uma parcela
da sobrecarga. Seguindo as diretrizes da norma NBR 5628:2001 deve se verificar os
deslocamentos (flechas) e a ocorrência de ruína, entretanto devido ao esquema de montagem
do ensaio com a utilização de carregamento estática sendo a água, não foi possível realizar as
medições de deslocamentos verticais ao longo do ensaio. Entretanto, em ambos os ensaios
finalizou-se a exposição ao fogo antes do colapso do elemento a partir das análises de
aquecimento no interior do elemento e nas faces registrados por meio dos termopares, para
evitar danos aos equipamentos.
72
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4. CONCLUSÕES
Pela [4], para ocupação residencial classe P2 (altura de até 12 m), o tempo requerido de
resistência ao fogo (TRRF) é de 30 minutos. Com a utilização de placas de gesso padrão
atingiu-se o tempo de 49 minutos, enquanto que com placas de gesso retardantes ao fogo foi
alcançado o tempo de 73 minutos.
Ambos os paineis atenderam aos requsitos da [3] no que diz respeito aos requisitos de
resistencia mecância, estanqueidade e isolamento térmico. Entretanto, a utilização de placas
de gesso retardantes ao fogo aumenta o tempo de resistencia ao fogo dos elementos em 24
minutos quando comparado com a composição de placas de gesso do tipo padrão.
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a empresa Tecverde Engenharia Ltda pelo material disponibilizado para
ensaios e o apoio para divulgação deste trabalho. Bem como, a agência de fomento CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico) pela bolsa concedida
(Projeto nº 434759/2016-3). E a FAPESP (Projetos nº 2006/06742-5, 2013/25401-8,
2013/07548-1) pelo financiamento para a aquisição do equipamento de ensaio.
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6. REFERÊNCIAS
[1] International organization for standardization. ISO 834-1: Fire resistance tests – Elements
of building construction – Part 1: General requirements. International organization for
standardization, Geneva. 1999
[2] ABNT NBR 7190. Projeto de Estruturas de Madeira. Rio de Janeiro. 1997.
[3] _____ (2001). NBR 5628: Componentes construtivos estruturais, determinação da
resistência ao fogo. Rio de Janeiro.
[4] _____ (2001). NBR 14432: Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de
edificações – Procedimento. Rio de Janeiro.
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1. INTRODUÇÃO
O aço inoxidável tem sido cada vez mais utilizado nas construções, devido às grandes vantagens
que este apresenta aquando da sua utilização. Podem encontrar-se vários benefícios da
utilização do aço inoxidável sobre o aço convencional (aço carbono). Um desses benefícios ou
vantagens é que o aço inoxidável tem uma aparência favorável, ou seja é mais atrativo do que o
aço carbono, e o aço inoxidável tem maiores ductilidade e endurecimento. O aço carbono é
considerado como um material com comportamento elástico-perfeitamente plástico, enquanto o
aço inoxidável é um material com comportamento não-linear (cedência gradual) [1]. O aço
inoxidável apresenta ainda melhores características perante temperaturas elevadas que o aço
carbono [2], sobretudo a rigidez. A vantagem mais importante de todas é que o aço inoxidável
tem uma boa resistência à corrosão, o que pode levar a um bom tempo de vida
comparativamente com o aço carbono [1]. O aço inoxidável apesar de todas as características e
vantagens acima apresentadas é muito mais caro do que o aço carbono. Mas avaliando todas
as características e cuidados adicionais, que se devem ter em conta, aquando da utilização de
aço carbono, a opção por aço inoxidável, com o tempo pode revelar-se vantajosa.
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil. Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade de Coimbra – Polo II. Rua Luís Reis Santos.
3030-788 Coimbra. PORTUGAL. Telef.: +351 239 797237 Fax: +351 239 797242. e-mail: jpaulocr@dec.uc.pt
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modos de instabilidade que se observaram geralmente nas colunas tubulares de aço inoxidável
são a encurvadura global, assim como, interação entre a encurvadura local e global [4].
2. ANÁLISE EXPERIMENTAL
Em que:
𝐴𝑐 𝐸𝑐
𝑘𝑎,𝑐 = (2)
𝐿𝑐
O nível de restrição rotacional imposto é definido como o rácio entre a rigidez rotacional da
estrutura circundante (Kr,s) e a soma da rigidez de flexão da coluna (Kr,c) e a rigidez rotacional da
estrutura circundante (Kr,s) (Eqs. 3 e 4):
𝑘𝑟,𝑠
𝛽𝑘,20º𝐶 = (3)
𝑘𝑟,𝑠 + 𝑘𝑟,𝑐
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Em que:
4𝐸𝑐 𝐼𝑐
𝑘𝑟,𝑐 = (4)
𝐿𝑐
Maior Dimensão da t
αk,
βk, 20ºC 𝝀̅ Nb,Rd P0
Coluna 20ºC
seção transversal [mm] [mm] [-] [-] [kN] [kN]
[-]
CC-30LL 305
193,7 8,0 0,097 0,947 0,42 1017
CC-70LL 712
SC-30LL 287
150,0 8,0 0,099 0,959 0,47 957
SC-70LL 670
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As colunas em análise (2) foram sujeitas a uma carga de compressão constante, com o intuito
de simular o carregamento em serviço a que uma coluna se encontra sujeita quando parte
integrante da estrutura de um edifício. Esta carga de serviço foi aplicada por via da utilização de
um macaco hidráulico de 3 MN de capacidade (3) e controlada por uma célula de carga de
compressão de 2000 kN de capacidade máxima (4), colocada entre as vigas superiores do
pórtico de restrição e o macaco hidráulico, que por sua vez se encontra apoiado num pórtico
bidimensional de reação (5) constituído por duas colunas de seção HEB 500 e uma viga de
secção HEB 600. Por outro lado, a ação térmica foi aplicada por meio de um forno vertical
modular elétrico da marca TERMOLAB (6), constituindo uma câmara térmica de
1500x1500x2500 mm circundante à coluna em análise. Por último, um dispositivo foi ainda
especialmente concebido para medir as forças de restrição geradas durante os ensaios de
resistência ao fogo realizados neste tipo de colunas (7), como resultado da dilatação térmica a
que a coluna se encontra sujeita. Este dispositivo consistia num cilindro de aço, oco, ligado
rigidamente ao pórtico de restrição, dentro do qual existia um outro cilindro de aço maciço,
rigidamente ligado ao topo da coluna em análise. A superfície de contato entre ambos os cilindros
era totalmente revestida por Teflon (PTFE), para que fosse eliminado todo e qualquer atrito entre
ambos os elementos. As forças de restrição foram então medidas usando uma célula de carga
de capacidade 3 MN, localizada no interior do cilindro de aço oco, que era comprimida aquando
do efeito de dilatação térmica ocorrido na coluna, durante o ensaio de resistência ao fogo a que
esta se encontrava sujeita.
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2.5 Resultados
Na Figura 3 apresenta-se a evolução da temperatura ao longo do desenvolvimento longitudinal
da coluna circular de aço inoxidável com 30% de nível de carregamento inicial (a), assim como
a evolução das temperaturas médias das colunas (circular, CC, e quadrada, SC) e das respetivas
temperaturas do forno em função do tempo de ensaio (b). Relativamente à evolução da
temperatura nas diferentes secções ao longo do comprimento da coluna (fig. 3a), verificou-se
que as secções S2, S3 e S4 (respetivamente a 900, 1500 e 2100mm de altura) apresentam uma
gama de temperaturas muito semelhantes (praticamente uniforme) e com maior amplitude,
diminuíndo gradualmente para as extremidades da coluna até temperaturas próximas da
ambiente. Esta variação térmica deveu-se ao facto de o forno aquecer diretamente as colunas
uma extensão de apenas 2.5m, encontrando-se aproximadamente a restante parte da coluna
isolada pelas paredes da base e do topo do forno. A Figura 3b também mostra a evolução das
temperaturas no forno de alguns ensaios de resistência ao fogo, a título de exemplo. Nesta figura
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verifica-se que as temperaturas no forno apresentaram apenas um pequeno atraso nos primeiros
minutos de ensaio relativamente às preconizadas pela curva ISO 834 [7], devido ao forno ser
eléctrico e à elevada inércia térmica presente na câmara do forno. Contudo, a partir dos 9 minutos
de ensaio as temperaturas do forno apresentam uma boa correlação com as temperaturas do
incêndio padrão. Além disso, uma vez que a evolução das temperaturas no forno foi semelhante
em todos os ensaios, é possível realizar uma comparação direta entre todos os resultados dos
vários ensaios. A análise da Figura 3b permite ainda constatar que as temperaturas das
diferentes colunas foram próximas, afastando-se ligeiramente entre os 10 e os 30 minutos com
uma diferença máxima de 72ºC aos 18 minutos. A taxa média de aquecimento das diferentes
colunas foi igual e de 22ºC/min, enquanto a taxa máxima de aquecimento foi de 34ºC/min para
a secção quadrada e de 43ºC/min para a secção circular, ambos aos 11,5 minutos de ensaio.
As forças de restrição axial geradas nas colunas são de seguida apresentadas em função do
tempo de ensaio (fig. 4a) e da respetiva temperatura média da coluna (fig. 4b). Os resultados
aqui expostos encontram-se sob forma unidimensional, como forças de restrição axial relativas,
uma vez que o valor da carga de dimensionamento aplicada é diferente para cada tipo de coluna,
o que permite efetuar uma comparação mais adequada entre os resultados obtidos para as
diferentes colunas. Na Figura 4 pode-se assim visualizar que as forças de restrição axial geradas
nos elementos em estudo aumentam durante os primeiros minutos de ensaio, até atingirem um
valor máximo, representativo do momento em que a degradação mecânica do aço (módulo de
elasticidade e tensão de cedência) compromete a estabilidade da coluna. Após este momento,
as forças de restrição iniciam uma fase descendente, até atingirem novamente o valor da carga
inicialmente aplicada ao elemento, momento este representativo do tempo crítico para cada um
dos elementos em estudo. O tempo crítico das colunas circulares foi de 23 minutos para 70% do
nível de carregamento inicial (CC-70LL) e 32 minutos para 30% (CC-30LL), correspondendo
respetivamente às temperaturas críticas de 669 e 734ºC, que por sua vez foram muito
semalhantes às das colunas quadradas. Ou seja, quando o nível de carregamento inicial
aumentou de 30 para 70% a temperatura crítica deste tipo de colunas reduziu apenas
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aproximadamente 10%, o que pode ter sido resultante da forte diminuição das forças de restrição
relativas em 45%. Por outro lado, este trabalho de investigação sugere que a temperatura crítica
deste tipo de colunas é muito superior ao de colunas tubulares em aço laminado a quente, como
se pode visualizar na Figura 5. Neste gráfico pode-se constatar que a temperatura crítica de
colunas tubulares circulares em aço laminado a quente com 30% de carregamento e esbeltezas
relativas iguais a 0,45 (CSCC-30LL-0.45RS) e 0,59 (CSCC-30LL-0.59RS) é apenas de 500ºC
[8], isto é, 30% menor que a temperatura crítica de colunas circulares em aço inoxidável com
esbelteza relativa igual a 0,42 (SSCC-30LL-0.42RS) e nas mesmas condições fronteiras (de
carregamento e de apoio). Esta discrepância deve-se essencialmente à capacidade residual
disponível pelas colunas para resistir às forças de restrição axial, que no caso das colunas em
aço inoxidável deve-se muito à grande diferença entre a tenção de cedência e a tensão última
do próprio aço.
Figura 4: Evolução das forças de restrição relativas das colunas em função do tempo (a) e da
temperatura média das mesmas (b)
81
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Figura 5: Evolução das forças de restrição relativas de colunas de aço com diferentes
composições químicas em função da temperatura média
Figura 6: Deformação horizontal final em altura na coluna circular e quadrangular para o nível
de carregamento de 70%
82
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janelas) ao seu redor durante a realização do mesmo, os autores acreditam que a encurvadura
local surja apenas para deslocamentos horizontais significativos (maiores que h/10).
Figura 7: Configuração final da deformada global (a) e local (b) após ensaio da coluna de
secção quandrada e com 30% de nível de carregamento
3. CONCLUSÕES
Esta investigação experimental permitiu assim concluir fundamentalmente e como era de esperar
que este tipo de colunas apresenta uma resistência ao fogo maior que a de colunas em aço
convencional. A temperatura crítica de colunas em aço inoxidável pode ser quase 50% superior
à de colunas em aço laminado a quente para 30% de nível de carregamento inicial.
Consequentemente, a resistência ao fogo deste tipo de colunas é melhor que a dos perfis aço
carbono, podendo em certas circunstâncias normais apresentar resistências ao fogo de 30
minutos. Note-se que a taxa média de aquecimento das colunas tubulares em aço inoxidável foi
aproximadamente de 20ºC/min e a taxa máxima de 38ºC/min. Por fim, verificou-se que o modo
de instabilidade predominante foi a encurvadura global por flexão em torno de um dos eixos
principais de inércia da coluna, embora tenha também existido alguma interação com a
encurvadura local a meia altura da coluna.
AGRADECIMENTOS
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REFERÊNCIAS
[1] Gardner L. - The use of stainless steel in structures, Progress in Structural Engineering and
Material, vol. 7, no. 2, 2005, pp. 45-55.
[2] Gardner L. & Ng K.T. - Temperature development in structural stainless steel sections
exposed to fire, Fire Safety Journal, vol. 41, 2006, pp. 185-203.
[3] Tondini N., Rossi B. & Franssen J.M. - Experimental investigation on ferritic stainless steel
columns in fire, Fire Safety Journal, vol. 62, 2013, pp. 238-248.
[4] Fan S., Ding X., Sun W., Zhang L. & Liu M. – Experimental investigation on fire resistance
of stainless steel columns with square hollow sections, Thin-Walled Structures, vol. 98,
2016, pp. 196-211.
[5] EN 1993-1.4, Eurocode 3 - Design of steel structures. Part 1-4: General rules –
Supplementary Rules for Stainless Steels. Comité Européen de Normalisation, Brussels,
Belgium, 2004.
[6] EN 1993-1.1, Eurocode 3 - Design of steel structures. Part 1-1: General rules and rules for
buildings, CEN, Bruxelas, 2004.
[7] ISO 834-1: Fire resistance tests – elements of building construction, Part 1: general
requirements. Geneva, Switzerland: International Organization for Standardization
ISO 834; 1999.
[8] Pires TAC, Rodrigues JPC, Silva JJR. Fire resistance of concrete filled circular
hollow columns with restrained thermal elongation. Journal of Constructional Steel
Research 2012; 77: 82-94.
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Palavras-chave: pilar-incêndio-numérico-implicit-explicit
1. INTRODUÇÃO
Os pilares compostos por tubos de aço preenchidos com concreto estão, cada vez mais, sendo
utilizados nas construções de edifícios e uma preocupação do meio técnico e da sociedade em
geral, diz respeito à segurança das estruturas em situação de incêndio.
*
Autor correspondente –Rua Almirante Barroso no. 94 apto. 82 - Santos - SP - Brasil. Tel.: +5513 2202 1504- e-mail: fabiosecfmr@gmail.com.br
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Vários softwares que utilizam o método dos elementos finitos, como por exemplo, ANSYS,
DIANA, DYNA, ABAQUS, entre outros, são capazes de resolver problemas que envolvem
análises térmicas e mecânicas. No presente trabalho, foram elaborados modelos de pilares
mistos com análise térmico-mecânica, por meio do software ABAQUS, considerando sua
abrangência para resolver diversos problemas de engenharia e com boa aceitação, tanto no
meio técnico, quanto no acadêmico.
A estratégia para o desenvolvimento de modelos numéricos deve ser definida com o objetivo
de obter soluções com um nível de precisão adequado para o problema a ser resolvido, tendo
como um dos critérios a necessidade de computadores com maior poder de processamento,
quando os modelos e a análise se tornam mais complexos.
Nesse contexto, a realização de uma análise comparativa entre ambos os métodos, static-
implicit e dynamic-explicit, vem demonstrar a possibilidade de resolver modelos de pilares
mistos em situação de incêndio, pelo método dynamic-explicit, resultando em uma significativa
redução no tempo de processamento e com menor possibilidade de ocorrerem problemas de
convergência.
2. MATERIAL E MÉTODO
Os modelos de pilares mistos em situação de incêndio podem ser resolvidos por ambos os
métodos, static-implicit ou dynamic-explicit, apesar de o método static-implicit ser usualmente
utilizado para resolver problemas em que não há interdependência da resposta da análise com
o tempo, como: em problemas estáticos, em análise modal, entre outras. Já o método dynamic-
explicit é mais apropriado para resolver problemas com grandes deformações, com
interdependência com o tempo, como: problemas de impacto, de explosão e outros.
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O método dos elementos finitos, processo numérico cujo objetivo é a resolução de equações
diferencias, teve seu início efetivo na segunda metade dos anos 50 e, no final dessa década,
foram definidos os conceitos para a discretização da geometria em malha de elementos finitos
e, ainda, a montagem e manipulação da matriz de rigidez, tais quais são utilizados atualmente.
O método implicit é caracterizado pela construção de uma matriz de rigidez para representar a
interação de movimento/deslocamento no interior da estrutura nodal da malha de elementos
finitos.
O processo explicit foi desenvolvido inicialmente para problemas dinâmicos e não lineares, com
aplicação inicial em problemas de impacto, testes de lançamento de bombas e colisão de
veículos, entretanto, pode ser utilizado em outros tipos de problemas de engenharia [2].
Para resolução dos problemas estruturais, o método utiliza uma abordagem de concentração
de massa para desassociar o sistema de equações, não sendo necessária a inversão de
qualquer matriz, o que traz um ganho computacional, além de reduzir problemas de
convergência, uma vez que nesse processo o um incremento de tempo é muito pequeno.
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4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
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1 1 1
(𝑖+ ) (𝑖− ) ∆𝑡 (𝑖+1)+∆𝑡 (𝑖)
𝑢(𝑖+1) = 𝑢(𝑖) + ∆𝑡 (𝑖+1) 𝑢̇ (𝑖+2) ,𝑢̇ 2 = 𝑢̇ 2 + 𝑢̈ (𝑖) (1)
2
𝟐
∆𝒕 ≤ ∆𝒕𝒄𝒓 = (3)
𝝎𝒎𝒂𝒙
Todo o esquema de integração requer o uso de um passo de tempo (t) menor do que o passo
de tempo crítico (tcr), condicionando a uma solução estável. Se for usado um tempo maior do
que o tempo crítico, a integração se torna instável, levando a um tempo excessivo de
processamento e com respostas imprecisas. Dessa forma, o tempo de processamento
computacional é aproximadamente inversamente proporcional ao incremento no tempo [4]. O
processo matemático e a definição da formulação do processo explicit são indicados com
detalhes no manual do software ABAQUS [3]. O método incremental e iterativo, assim como o
critério de convergência é apresentado para a análise térmico-mecânica em Koric [1].
88
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A análise implicit é normalmente utilizada para resolver problemas estáticos ou quase estáticos,
porém em modelos que apresentam contatos entre superfícies, por exemplo, contato térmico e
mecânico entre o tubo de aço e o núcleo de concreto, há a possibilidade de surgirem
problemas de convergência, além do alto custo computacional. Nesse caso, o método
dynamic-explicit pode ser uma boa alternativa [3].
computacional
Implicit
Explicit
Custo
Tamanho do modelo
(quantidade de graus de liberdade)
Outra vantagem do método explicit é que o mesmo necessita de uma menor quantidade de
memória RAM, resolvendo as análises em um tempo significativamente menor para problemas
de duas ou três dimensões e com mais de cem mil graus de liberdade [1]. Contudo, uma
desvantagem do método é que o equilíbrio estático só pode ser alcançado de forma
aproximada, outra desvantagem é a limitação no tempo a ser definido em cada análise.
Uma questão que deve ser considerada na escolha do método explicit é que sua resposta é
alterada conforme a viscosidade dos materiais e o fator de amortecimento. O modelo
matemático dos esquemas para o método implicit e explicit, para problemas de contato, pode
ser observado no trabalho desenvolvido por Schutte [5].
Para realizar uma análise comparativa entre os métodos dynamic-explicit e static-implicit, foram
escolhidos três pilares mistos curtos, conforme indicados na Tabela 1 e ilustrados na Figura 2.
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L D
y y
l
x x
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O espaço nodal que surge na interface tubo-concreto se altera ao longo do tempo, durante
todo o aquecimento do elemento, e está interrelacionado com a força axial aplicada,
resultando em uma análise altamente não linear. O espaço na interface tubo-concreto
reduz a eficiência de transferência de calor por condução, sendo, esse efeito, semelhante à
consideração de uma resistência térmica à condução na interface tubo-concreto.
g. Para as simulações numéricas foi considerada a curva de incêndio-padrão ISO 834: = 345
log (8 t +1) + 20°C [7].
h. A carga térmica foi aplicada ao em torno da seção transversal do pilar e ao longo de seu
comprimento, sendo que os gases no entorno do elemento são aquecidos conforme a curva
de incêndio padrão.
i. A temperatura inicial dos pilares foi definida com 20 oC, como condição inicial.
k. O nível da força axial aplicada nos modelos foi de 30% da força normal resistente em
temperatura ambiente, Npl,rd = (Aa . fayk / a) + (Ac . fck / c) + (As . fsyk / s), com a = c = s =
1,0 e a=1.
l. A resistência do aço ao escoamento foi adotada com 350 MPa e a resistência do concreto à
compressão com 30 MPa.
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A resistência térmica à condução na interface tubo-concreto foi definida através de uma função
linear, relacionando a eficiência do mecanismo de condução com a distância nodal entre as
superfícies, Equação 4. A função é introduzida no ABAQUS na forma tabular, no critério de
condução definido para a interface tubo-concreto.
𝑞 = 𝑘 (𝜃𝐴 − 𝜃𝐵 ) (4)
Sendo: q, o fluxo de calor por unidade de área nos pontos A e B entre superfícies; A e B, as
temperatura nos pontos A e B, um na superfície do tubo de aço e outro no núcleo de concreto e
K, o fator de eficiência na transferência de calor por condução.
Os modelos tridimensionais com análise conjunta foram desenvolvidos com o objetivo de obter
a resistência da seção transversal e verificar o comportamento do modelo, resolvido por meio
dos métodos static-implicit e dynamic-explicit, com integração total e reduzida.
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Para elaboração dos modelos, o primeiro passo foi definir um estágio da análise para aplicar a
força axial, posteriormente, o elemento começa a ser aquecido. Dessa forma, há uma
interrelação entre a análise térmica e mecânica. Para o desenvolvimento das análises foi
utilizado um microcomputador com processador Intel-I7 de 1,8 Mhz, 8 Gbytes de memória RAM
e um sistema operacional Microsoft Windows 7-64 bits.
Para a aplicação do método dynamic-explicit, a duração dos eventos (step) deve ter um
pequeno tempo especificado. Portanto, os tempos normalmente usuais para análise de
estruturas em situação de incêndio, entre 30 e 120 minutos, inviabilizam a utilização do
método.
Uma alternativa para o uso do método é definir uma escala fictícia do tempo, corrigindo na
mesma razão todas as variáveis em função do tempo, como: a condutividade térmica do aço e
concreto, o coeficiente de Stefan-Boltzmann e o coeficiente de convecção. A Figura 4
demonstra as escalas utilizadas na aplicação da carga térmica, escala real, para método
implicit e escala reduzida, para o método explicit.
Temperature (oC)
800 800
600 600
400 400
200 200
0 0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08
Time (sec.) Time (sec.)
Figura 4 - Curva de incêndio padrão com a escala definida em cada método de análise
A análise pelo método explicit requer a definição de um ponto de referência com uma inércia
associada ao bloco rígido. Essa inércia deve ser tão pequena quanto possível, uma vez que o
bloco rígido tem por finalidade apenas auxiliar na aplicação da força axial. Quanto menor foro
valor da inércia associada ao bloco, menor será a interferência na resposta do modelo. A
validação do método explicit foi realizada comparando as respostas com o método implicit,
cujos parâmetros e procedimentos estão descritos em diversos trabalhos disponíveis como em
Espinós [9].
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3. RESULTADOS
Figura 5 - Temperatura na seção transversal com método implicit (esquerda) e explicit (direita)
Figura 6 - Deslocamento axial do pilar com método implicit (esquerda) e explicit (direita)
Nas Tabelas 2 e 3 são apresentados os resultados das análises, considerando o método static-
implicit e dynamic-explicit, com integração reduzida e integração completa.
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Na Figura 7 foram indicadas as curvas tempo versus deslocamento para o pilar PC150-5,
considerando a alteração da inércia associada ao bloco rígido.
0,001
0,003
(m/seg)
0,005
Deslocamento limite
0,007 Velocidade de deslocamento limite
Deslocamento-I=0.001
0,009 Velocidade deslocamento-I=0.001
Deslocamento-I=0.01
0,011 Velocidade deslocamento-I=0.01
Deslocamento-I=1000
0,013 Velocidade deslocamento-I=1000
Deslocamento-implicit
0,015 Velocidade deslocamento-implicit
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Conforme observado na Figura 8, o tempo de resistência ao fogo entre as duas análises, com o
métido staitc-explicit e dynamic-implicit, difere em no máximo 4,9%. A resposta do modelo
expicit com integração total tende a se aproximar da resposta com análise implicit e, a
diferença nas respostas considerando a integração total e reduzida foi de 0,12%.
Deslocamento axial - PQ140-5 (implicit vs explicit) Deslocamento axial - PQ200-5 (implicit vs explicit)
Tempo (seg.) -0,0030 Tempo (seg.)
-0,0030
Deslocamento (m) e taxa de contração vertical x 100 (m/seg)
0,0050 0,0030
0,0070
0,0050
0,0090 Deslocamento-implicit
0,0110 Deslocamento limite 0,0070
Velocidade-implicit Deslocamento-implicit
0,0130 0,0090
Velocidade limite Deslocamento limite
0,0150 Deslocamento-explicit Velocidade-implicit
velocidade-explicit 0,0110 Velocidade limite
0,0170
Deslocamento-explicit
0,0190 0,0130
velocidade-explicit
0,0210
0,0150
5. CONCLUSÃO
A definição de uma escala de tempo fictícia é uma alternativa que permite a aplicação do
método explicit para os modelos de pilares mistos em situação de incêndio. Quanto maior for a
redução do tempo dos eventos nas análises, menor será o tempo de processamento,
entretanto, para escalas de tempo muito reduzidas, o passo de iteração também diminui e,
portanto, há um limite para se ter o ganho na velocidade de processamento.
Conforme todo o observado, o método dynamic-explicit mostrou ser uma boa alternativa para
resolver os modelos de pilares mistos ou, ainda, outros elementos estruturais, em situação de
incêndio. No entanto, uma investigação mais completa deve ser conduzida a fim de verificar as
diferenças nas respostas entre as duas análises, definindo os limites de aplicação de cada um
dos métodos.
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6. AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer meu orientador, Dr. Armando Lopes Moreno Junior, pelo incentivo e
dedicação na orientação e a Universidade Católica de Santos, pelo suporte que tenho
recebido.
7. REFERÊNCIAS
[2] Yang, D. Y., et al - "Comparative investigation into implicit, explicit, and iterative
implicit/explicit schemes for the simulation of sheet-metal forming processes". Journal of
Materials Processing Techology 50 (1995) 39-53.
[4] Duni, E et al - "Numerical Simulation of full Vehicle Dynamic Behavior Based on the
Interaction Between Abaqus/Standard and Explicit Code", FIAT Research Center
Orbassano, Torino Italy, ABAQUS User´s Conference (2003).
[5] Schutte, J. F. et al - "An implicit solver for contact problems" - University of Twente,
Institute of Mechanics, Processes and Control - Twente, Structural Dynamics and
Acousties group, Netherlands (2010).
[8] European Committee for Standardization (CEN): “Fire resistance tests - Part 1: General
requerements” – pr EN 1363-1. Brussels, 1999.
[9] ESPINÓS CAPILLA, A., 2012. "Numerical analysis of the fire resistance of circular and
elliptical slender concrete filled tubular columns". Doctoral thesis. Universitat Politècnica
de València, Spain.
[10] Drucker, D. C., PRAGGER W., 1952. Soil mechanics and plastic analysis or limit design.
Quarterly of Applied Mathematics 10: 157-165.
[12] Rodrigues, J. P., European Project FRISCC - "Finite Element Modeling of Innovative
Concrete-Filled Tubular Columns Under Room and Elevated Temperatures", (2012).
[13] RENAUD, C. et al, CTICN, 2004. Research Projetct 15Q. Report reference INSI – 04/75b
– CR/PB, France.
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Palavras-chave: Aço formado a frio, pilares, restrição axial, resistência ao fogo, análise
numérica.
1. INTRODUÇÃO
O programa em elementos finitos ANSYS [1] trata-se de uma ferramenta poderosa no que se
refere à modelagem numérica. Várias pesquisas já foram realizadas por meio do referido
programa e com êxito em seus resultados. Entretanto, concernente à modelagem numérica de
elementos de aço em situação de incêndio, poucas referências são encontradas. No que se
refere aos pilares de aço (perfis pesados e formados a frio), existem algumas referências onde
os autores realizaram simulações numérica utilizando o programa ANSYS. Por exemplo, nos
trabalhos [2], [3] e [4], foram investigados pilares de aço formados a frio considerando de forma
simplificada a restrição ao alongamento térmico. De modo geral, percebe-se que os resultados
numéricos apresentaram uma correlação boa para prescrever as forças máximas
desenvolvidas. Por outro lado, os referidos modelos apresentaram dificuldades para prescrever
de forma satisfatória as temperaturas críticas. Outrossim, percebe-se que é recorrente nos
modelos construídos via ANSYS, a dificuldade de convergência. Tendo em vista a
potencialidade do programa ANSYS e a existência (mesmo que em menor escala) de
pesquisadores que utilizam o programa ANSYS para realizarem suas simulações, no presente
trabalho buscou-se retomar a modelagem numérica de pilares de aço formados a frio em
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. Rua Acadêmico
Hélio Ramos, s/n, Cidade Universitária. 50.740-530 - Recife - PE - Brasil. Tel.: +55 81 2126 8219 Fax: +55 81 2126 7216. e-mail: tiago.poliveira@ufpe.br
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2. ANÁLISE NUMÉRICA
No presente trabalho, o autor retomou os modelos construídos em [2] e [3]. Com base nos
resultados experimentais apresentados em [3] e [5] para perfis U enrijecidos de 150 mm de
altura de secção, 43 mm de banzo e 15 mm de enrijecedor com 1,5 mm e 2,5 mm de
espessura (Figura 1), testes adicionais foram realizados para avaliar a eficiência da estratégia
de modelagem numérica utilizada nos trabalhos [2] e [3]. Não obstante, foi implementada uma
modificação na forma de consideração da restrição axial, a qual está descrita no item 2.3.
(a) (b)
Figura 1: Seções transversais (dimensões em mm). (a) [2] e (b) [5]
As análises numéricas foram realizadas em três etapas sequenciais, a saber: análise elástica
de autovalor, análise térmica e análise termoestrutural (análise estática não linear). A análise
de autovalor foi realizada para obter os modos de falha representativos das imperfeições
geométricas a serem inseridas nas análises não lineares dos perfis. De acordo com a
calibração realizada em [5] os valores de amplitudes de imperfeições iniciais que melhor
representaram os resultados experimentais foram, L/1000 para imperfeição global, h/200 para
imperfeição local e t para imperfeição distorcional, onde L, h e t são respectivamente o
comprimento da barra, altura e espessura da seção das barras. A análise térmica foi realizada
com base nas curvas temperatura versus tempo registradas experimentalmente em [3] e [5]. A
variação da temperatura ao longo do comprimento foi negligenciada, portanto trata-se de
modelos com distribuição uniforme de temperatura ao longo do comprimento. Por fim, é
realizada a análise termoestrutural.
100
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liberdade por nó, correspondentes às translações (UX, UY e UZ) e pode atuar apenas de uma
maneira, a saber, à tração ou à compressão. De acordo com a estratégia apresentada em [2], o
elemento finito foi utilizado atuando comprimido, em conformidade com a fase de extensão
térmica dos elementos estruturais e compressão da restrição ao alongamento térmico. O
COMBIN 14 é um elemento de mola tridimensional com três graus de liberdade por nó,
correspondentes às translações (UX, UY e UZ). Tendo em vista a possibilidade de os
problemas de convergência observados em alguns modelos em [3] estarem relacionados com
a estratégia de modelagem da restrição ao alongamento térmico, foi investigada aqui a
utilização do COMBIN 14 para tal fim. A malha adotada é composta por elementos de
aproximadamente 10 mm x 10 mm. Esses valor de tamanho dos elementos é proveniente de
estudos anteriores realizados pelo autor que se mostrou interessante do ponto de vista de
tempo computacional e qualidade dos resultados.
As figuras 3 e 4 mostram os esquemas dos modelos construídos via ANSYS. A figura 3 mostra
o modelo utilizado em [2] e [3] onde foi utilizado um elemento de barra (LINK 10) para
101
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representar a mola axial, cuja rigidez é diretamente proporcional à rigidez axial do pilar. A figura
4 mostra o novo modelo construído no presente trabalho onde foi utilizado um elemento de
mola para representar a restrição axial. Foram realizados testes para verificar a eficiência dos
dois modelos em representar os resultados experimentais de [3] e [5]. De acordo com a figura
5, as duas estratégias promovem os mesmos resultados, portanto ambas as estratégias de
modelagem da restrição axial podem ser utilizadas para fins de comparação com resultados
experimentais e numéricos. Tendo em vista a intenção de futuras comparações entre
resultados de modelagens via ANSYS e ABAQUS [6], optou-se no presente trabalho por utilizar
os modelos com restrição representada por elemento de mola.
É interessante destacar que os modelos construídos em [3] foram em elementos do tipo sólido.
No presente trabalho, foram construídos modelos com elementos do tipo Shell, tendo em vista
dentre outros aspectos, a possibilidade de os problemas de convergência enfrentados em [3]
estarem relacionados ao tipo de elemento finito utilizado.
Figura 3: Esquema geral da restrição axial ao Figura 4: Esquema geral da restrição axial ao
alongamento térmico: Restrição com elemento alongamento térmico: Restrição com
de barra link 10 elemento de mola combin 14.
Figura 5: Comparação - restrição axial com Link 10 vs. restrição axial com Combin 14
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3. RESULTADOS
Foram realizados vários testes, avaliando a influência dos seguintes fatores: (1) consideração
da imperfeição local, (2) amplitude da imperfeição local e (3) tipo de relação tensão vs.
deformação. Dentre os aspectos que mais influenciaram na correlação entre os resultados
numéricos e experimentais destacam-se a consideração da imperfeição local e a relação
tensão vs. deformação. Conforme figura 6, a consideração da imperfeição local, permitiu que o
modelo melhorasse a correlação entre as curvas força vs. temperatura experimental e
numérica. Conforme a figura 7, a utilização da relação tensão vs. deformação apresentada em
[5] permitiu que o modelo capturasse o ramo descendente das curvas força vs. temperatura.
Tendo em vista a melhora na correlação entre os resultados experimentais e numéricos com as
curvas tensão vs. deformação apresentadas em [5], fez-se uma avaliação dos modelos com o
uso das curvas da EN 1993-1-2:2005 [6] sem o ramo descendente. Nessa etapa percebeu-se
que a consideração ou não do ramo descendente tem influência na convergência dos modelos.
Quando se considera o ramo descendente da relação tensão vs deformação da EN 1993-1-
2:2005 [7] os modelos não convergem e apresentam uma rigidez bem maior que os resultados
experimentais. De acordo com a figura 8, a amplitude da imperfeição local apresentou
influência apenas na intensidade da força última dos modelos e não alterou a definição da
temperatura crítica.
Figura 8: Comparação: Modelo sem imperfeição local vs. modelo com imperfeição local
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Figura 9: Força versus Temperatura para o Figura 10: Força versus Temperatura para o
pilar rotulado: comparação FEM vs pilar engastado: comparação FEM vs
Experimental [5] Experimental [5]
De acordo com as figuras 9 e 10, o modelo numérico construído via ANSYS conseguiu
representar os resultados experimentais para a força última e temperatura crítica com razoável
precisão. Todavia, alguns ajustes ainda são necessários para melhorar a concordância entre a
forma das curvas força versus temperatura entre os resultados experimentais e numéricos.
Outrossim, verifica-se que ainda há necessidade de contornar problemas de convergência em
alguns modelos. Entretanto, acredita-se que esses problemas de convergência estejam
relacionados a aspectos inerentes à técnica ou parâmetros adotados na solução numérica,
uma vez que os demais modelos, sejam eles rotulados ou engastados conseguiram convergir
até o último passo de carga. A figura 11 mostra a coparação entre os resultados numérico e
experimental para o caso de pilar engastado onde se alcançou a convergência.
Figura 11: Força versus Temperatura para o pilar engastado: comparação FEM-k = 35 kN/cm
vs Experimental [3]
104
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Para complementar a avaliação dos modelos construídos via ANSYS, no presente trabalho
também foram realizadas comparações entre os resultados obtidos via ANSYS e ABAQUS. As
análises numéricas dos pilares via ABAQUS seguiram as mesmas etapas sequencais descritas
no item 2. No que se refere à modelagem via ABAQUS, os pilares foram construídos seguindo
a estratégia estabelecida em [5], onde se utilizou elementos finitos do tipo shell (SR4) e
restrição ao alongamento térmico axial realizada com restrição do tipo Axial Spring disponíveis
no modo restraint do ABAQUS. A figura 12 mostra o esquema dos modelos construídos via
ABAQUS. Foram investigados elementos rotulados e elementos engastados.
Figura 12: Modelo desenvolvido no ABAQUS para colunas com seção C com restrição ao
alongamento térmico
Figura 13: Força versus Temperatura para o Figura 14: Força versus Temperatura para o
pilar rotulado: FEM ANSYS vs FEM ABAQUS pilar engastado: FEM ANSYS vs FEM ABAQUS
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4. CONCLUSÕES
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
O programa CS-ASA, Computational System for Advanced Structural Analysis [1], foi inicialmente
desenvolvido procurando incluir diversas fontes de não linearidade no âmbito das análises
estática e dinâmica de estruturas de aço. Mais recentemente, o sistema foi expandido por Lemes
[2] com o intuito de viabilizar a análise avançada de estruturas de concreto e mistas (aço e
concreto). Neste trabalho, o objetivo é apresentar as duas novas funcionalidades do programa
CS-ASA. O primeiro, denominado CS-ASA/FA (Fire analysis) [3], é capaz de determinar o campo
de temperatura na seção transversal dos elementos estruturais através da análise térmica via
MEF em regime permanente e transiente. O segundo módulo, CS-ASA/FSA (Fire Structural
Analysis) [4], foi desenvolvido com o intuito de realizar uma análise inelástica de segunda ordem
de estruturas sob elevadas temperaturas. Neste cenário, propõe-se então uma abordagem
baseada no Método da Compatibilidade de Deformações (MCD) [5-6] para a avaliação tanto da
capacidade resistente da seção transversal, quanto das rigidezes axial e à flexão de estruturas
de aço sob elevadas temperaturas [4]. A construção da relação momento-curvatura se torna
essencial para tal avaliação. Uma vez considerando a tangente à relação momento-curvatura,
as rigidezes dependem somente do módulo de elasticidade dos materiais, retirado das
respectivas relações constitutivas. Visa-se assim, o acoplamento dessa metodologia ao Método
da Rótula Plástica Refinado (MRPR), em que se avalia a plasticidade em termos nodais através
dos parâmetros generalizados de rigidez.
*
Rafael C. Barros – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PROPEC/Deciv/EM), Universidade Federal de Ouro Preto. Campus
Universitário s/n, Morro do Cruzeiro. 35400-000 – Ouro Preto - MG - Brasil. Tel.: +55 31 98718 3902. e-mail: rafaelcesario@hotmail.com
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2. ANÁLISE TÉRMICA
3. ANÁLISE TERMOMECÂNICA
O programa CS-ASA utiliza uma formulação baseada no Método da Rótula Plástica Refinado
para simular a plasticidade concentrada nos pontos nodais do elemento. Para tanto, assume-se
que:
todos os elementos são inicialmente retos e prismáticos, e a seção transversal permanece
plana após a deformação;
são desprezados os efeitos de instabilidade local;
a estrutura é perfeitamente travada no eixo ortogonal (problema 2D);
grandes deslocamentos e rotações de corpo rígido são permitidos; e
as deformações originadas pelo cisalhamento são ignoradas.
Para a formulação adotada, no contexto da discretização do sistema estrutural via método dos
elementos finitos, considera-se o sistema corrotacional de referência, onde o elemento finito de
pórtico plano é delimitado pelos pontos nodais i e j (Fig. 1). Nessa mesma figura estão os esforços
internos atuantes no elemento, Mi, Mj e P, bem como os respectivos graus de liberdade θ i, θj e
δ.
M i , i M j , j
i j P,
Figura 1: Elemento finito de viga-coluna
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A relação de equilíbrio do elemento finito mostrado na Fig. 1, na forma incremental, é dada por:
P k11 0 0
0
Mi k22 k23 i (1)
M 0 k33
j k32 j
em que, ΔP, ΔMi e ΔMj são os incrementos de força axial e de momentos fletores e Δδ, Δθi e Δθj
são os incrementos de deformação axial e rotações nodais, respectivamente.
Fibra i
th
LNP LNP
i th ,a
Ai
yi
0
Seção
Seção
Indeformada Deformada
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N N
F X fext fint ext int 0 (3)
Mext Mint
em que o vetor de forças externas fext é dado pelo esforço axial, Next, e de momento fletor, Mext;
e os termos Nint e Mint são as componentes do vetor de forças internas, fint. Os esforços internos
são obtidos a partir da configuração deformada da seção transversal através de integrais
clássicas, dados por:
nfib ,a
Nint adA
i 1
ai Aai
Aa
nfib ,a
Mint a ydA
i 1
ai Aai y ai
(4)
Aa
sendo nfib,a o número de fibras no perfil metálico; Ai a área da fibra no perfil metálico; yai a posição
da fibra em relação à Linha Neutra Plástica (LNP).
1
X k 1 X k F ' X k F Xk (5)
Nint Nint
F 0
F' (6)
x Mint Mint
0
Portanto, para um dado esforço axial, atinge-se o momento máximo da relação momento-
curvatura, o que configura a plastificação total da seção. Define-se então que esse par de
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esforços é um ponto da curva de interação normal-momento fletor (N-M). Vale ressaltar que as
curvas de interação N-M são obtidas de forma independente da análise estrutural, a fim de
acelerar a execução das simulações numéricas. Maiores detalhes sobre a construção das curvas
de interação N-M, considerando o sistema estrutural submetido à condição de incêndio, bem
como a solução do problema termoestrutural, podem ser observados em [4]. A Tabela 1 mostra
o algoritmo de solução do procedimento incremental-iterativo para estruturas sob elevadas
temperaturas.
4. ANÁLISE NUMÉRICA
Os exemplos em questão foram estudados inicialmente por Rubert e Schaumann [9], os quais
apresentaram uma série de ensaios de pórticos de aço submetidos a temperaturas elevadas.
Neste trabalho trata-se apenas das configurações denominadas EHR e EGR, ilustradas nas Fig.
3a e 6a. Todas as seções dos elementos dos referidos pórticos são do tipo IPE80 e o incêndio é
considerado atuando nas quatro faces de cada elemento estrutural. As condições de
carregamento, bem como as propriedades (física e geométrica) de cada um, são mostradas nas
Fig. 3a e 6a.
160
140
P (kN)
120 283,78
Carga aplicada (mm)
300
80 F1 = 112 kN
100
8,59
60 u2 = 1,6107 mm
0
117 cm
w4 2 4 6 8 10
u2 E = 210 GPa 40 w4 = 5,2597 mm M (kNm)
-100
fy = 382 MPa
20 Deslocamento: u2
Deslocamento: w4 -200
124 cm 0
-300
0 5 10 15 20 25 30 35
Deslocamentos (mm)
a) b)
Figura 3: Pórtico EHR: a) Propriedades, carregamento e geometria; b) Trajetória de equilíbrio e
curva de interação N-M à temperatura ambiente
111
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t t k
6d. Atualiza os deslocamentos totais: U t U Uk
6e. Verifica a convergência: critério baseado em deslocamentos: Uk Uk tol
Sim: Interrompa o processo iterativo e siga para o item 6f
Não: retorna ao passo 6
6f. Se ninct < nmax, realiza um novo incremento de tempo e retorna ao item 5
Fim da Análise Termomecânica
112
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1000
Py Py 20
900 1
1 a 5 min
(2)
800 6 min
(1) e (3) tempo crítico
700 7 min
0,5
Temperatura (°C)
46
600
1
500 10 min
5
0
400 2 80
3,8 15 min
300
(mm)
200 5,2 3 -0,5
IPE80
a) M p M p 20
b)
Figura 4: a) Temperatura x tempo; b) Curva de interação N-M
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40 40
Deslocamento u2 (mm)
Deslocamento w4 (mm)
35 35
30 30
25 25
20 Rubert e Schaumann (1986) 20 Rubert e Schaumann (1986)
15 Rigobello (2011) 15 Rigobello (2011)
10 Presente trabalho Presente trabalho
10
5 5
0 0
0 100 200 300 400 500 0 100 200 300 400 500
Temperatura (ºC) Temperatura (ºC)
a) b)
Figura 5: a) Deslocamento u2 x temperatura; b) Deslocamento w4 x temperatura
140
Py P u3 u5
P/P y
130 (kN) (kN) (mm) (mm)
118,18 0,55 118,18 65,00 9,0065 5,6473
120
110
100
u5
90
Carga P (kN)
80 u3
70 65
65 kN 65 kN 60
2,5 kN 50
26,6094
16,4553
u3
u1 40
9,0065
E = 210 GPa 30
117 cm
Deslocamento: u3
fy = 382 MPa u5 20 Deslocamento: u5
(u3) - P/P y: 0,55
5,6473
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30 40
65 kN 65 kN
u1 Presente trabalho u3
2,5 kN
u3
35 Rigobello
u1
25 Rubert and Schaumann
u5
30
Deslocamento u (mm)
Deslocamento u (mm)
20
25 u5
15 20
15
10
10
5 Presente trabalho
5
Rigobello (2011)
Rubert e Schaumann (1986)
0 0
0 100 200 300 400 500 600 0 100 200 300 400 500 600
Temperatura (ºC) Temperatura (ºC)
Figura 7: Curvas Temperatura x deslocamento a) deslocamento u1 b) deslocamentos u3 e u5
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da análise dos resultados apresentados neste trabalho, bem como por aqueles já
mostrados em [3-4], conclui-se que os módulos computacionais desenvolvidos e implementados
podem ser usados, de forma satisfatória, na análise do comportamento de estruturas de aço em
situação de incêndio, inclusive quando comparado a modelos numéricos que trabalham com os
conceitos de plasticidade distribuída [11], para o caso da análise termomecânica. A estratégia
numérica adotada aqui, que considera o acoplamento do Método da Compatibilidade de
deformações (MCD) e o Método da Rótula Plástica Refinado (MRPR), o qual baseia-se nos
conceitos de plasticidade concentrada, foi capaz de capturar com precisão o comportamento
inelástico de sistemas estruturais em aço submetidos à elevadas temperaturas. Além disso, ela
proporcionou a obtenção do tempo e/ou temperatura de colapso do sistema estrutural próximos
dos encontrados na literatura. Adicionalmente, destaca-se ainda uma ligeira diferença entre os
resultados numéricos e experimentais para ambos exemplos. Tal diferença pode estar
relacionada a curva que descreve a temperatura dos gases adotada e a forma como foi
conduzido o ensaio experimental. Essa pesquisa está sendo estendida à análise de outros
pórticos metálicos com diferentes cenários de aplicação da carga térmica ao sistema. Além disso,
estudos estão sendo direcionados à análise de estruturas de concreto e mistas (aço-concreto)
em situação de incêndio.
6. AGRADECIMENTOS
115
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7. REFERÊNCIAS
[1] Silva, A.R.D.– Sistema Computacional para a Análise Avançada Estática e Dinâmica de
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[2] Lemes, I.J.M. – Análise Avançada via MRPR de Estruturas Mistas de Aço e Concreto,
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Ouro Preto, 2015, 101 p.
[3] Pires, D., Barros, R.C., Lemes, I.J.M., Silveira, R.A.M., Rocha, P.A.S. – Análise Térmica de
Seções Transversais via Método dos Elementos Finitos, XXXVI Ibero-Latin American
Congress on Computational Methods in Engineering, Rio de Janeiro, 2015.
[4] Barros, R.C. – Avaliação Numérica Avançada do Desempenho de Estruturas de Aço sob
Temperaturas Elevadas, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Ouro Preto,
2016, 134 p.
[5] Chiorean C.G. – A Computer Method for Nonlinear Inelastic Analysis of 3D Composite Steel-
Concrete Frames Structures, vol. 57, 2013, p. 125-152.
[6] Lemes, I.J.M., Silveira, R.A.M., Rocha, P.A.S. – Acoplamento MCD/MRPR para Análise de
Estruturas Metálicas, de Concreto e Mistas, XXXVI Ibero-Latin American Congress on
Computational Methods in Engineering, Rio de Janeiro, 2015.
[7] EN 1993-1-2 – Eurocode 3: Design of Steel Structures, Part 1.2: General Rules, Structural
Fire Design, 2005, 78 p.
[8] Yang, Y.B.; Kuo, S.B. - Theory & Analysis of Nonlinear Framed Structures. Prentice Hall,
1994, 569 p.
[9] Rubert A., Schaumann P. – Structural Steel and Plane Frame Assemblies Under Fire Action,
vol. 10, 1986, 173-184 p.
[10] Franssen J.-M. – SAFIR – A Thermal/Structural Program Modelling Structures Under Fire,
vol. 42, no. 3, 2005, 143-158 p.
[11] Rigobello, R. - Desenvolvimento e Aplicação de Código Computacional para análise de
Estruturas de Aço Aporticadas em Situação de Incêndio, Tese de Doutorado, Universidade
de São Paulo, 2011, 272 p.
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4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
30 mm 30 mm 30 mm
40 mm 40 mm 40 mm
Palavras-chave: Viga de aço; Viga mista de aço e concreto; Incêndio; Análise experimental.
1. INTRODUÇÃO
Com o crescente uso dos elementos mistos de aço e concreto, os benefícios estruturais
começaram a ser notados. Tal associação resulta na melhor utilização de ambos os materiais,
não somente no que se refere à capacidade resistente, mas também no ponto de vista
construtivo, funcional e estético, minimizando os inconvenientes intrínsecos de cada material
[1].
Além disso, o comportamento das estruturas em situação de incêndio tem sido assunto de
crescente interesse nos meios técnico e científico devido aos incidentes ocorridos ao longo dos
anos. O aumento de temperatura nas estruturas é um efeito bastante nocivo, pois esta penaliza
a rigidez e a resistência dos materiais, podendo levar, em questão de minutos, uma estrutura
ao colapso.
Tendo em vista o interesse no estudo das estruturas em situação de incêndio, atenta-se para o
fato de que muitos dos trabalhos encontrados na literatura apresentam, em sua grande maioria,
estudos essencialmente numéricos ou ensaios de elementos isolados submetidos ao incêndio-
padrão. Em [2], é levantada a necessidade de se abordar, em ensaios futuros, situações que
representem mais fielmente as reais condições que o elemento estrutural está submetido. No
caso dos elementos estruturais de interesse no trabalho, essas condições podem se referir a
117
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
situações mais reais de incêndio, que poderão ser analisadas com um modelo numérico
adequadamente validado.
2. METODOLOGIA
O ensaio de flexão a três pontos constava da viga na sua maior parte dentro do forno, em
condição estática simplesmente apoiada, considerando como condição de carregamento uma
força concentrada aplicada no meio do vão livre, em concordância com os ensaios realizados à
temperatura ambiente.
Foram ensaiadas duas vigas, uma metálica e uma mista de aço e concreto parcialmente
revestida. As vigas constam de perfis metálicos constituídos de seção transversal do tipo “I”,
sendo que as vigas mistas foram preenchidas com concreto e armaduras entre as mesas e a
alma.
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
O perfil metálico foi escolhido de forma que representasse uma seção que poderia ser utilizada
em um edifício de múltiplos pavimentos, sendo então escolhido o perfil laminado W250X32,7, o
qual apresentou capacidade resistente suficiente para suportar as ações desse tipo de
edificação, conforme prescrições da ABNT NBR 8681:2003. Também foi importante, quando da
escolha do perfil, que este mesmo possuísse mesas com comprimento suficiente para
acomodar as barras de armaduras e os estribos, respeitando os cobrimentos e taxas mínimas
da ABNT NBR 6118:2014.
Foi utilizado concreto moldado no local, cuja concretagem foi realizada na posição horizontal
em duas etapas, uma para cada lado do perfil com sete (7) dias de diferença entre elas.
Para os dois casos de vigas considerados, metálica e mista parcialmente revestidas, calculou-
se as cargas máximas teóricas segundo a ABNT NBR 8800:2008 para as vigas metálicas e
mistas. Nos ensaios em temperatura elevada foi utilizado o fator de carga de 30% dessa carga
máxima teórica. Esses valores estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Carga máxima teórica de ruptura e fator de carga usado no ensaio de temperatura
elevada
Carga máxima teórica Fator de carga – 30%
(kN) (kN)
Viga Metálica 125,5 37,65
Viga Mista parcialmente revestida 160,8 48,24
2.2 Instrumentação
119
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Em relação à medida dos deslocamentos, foram utilizados três (3) transdutores. Dois desses
transdutores foram posicionados acima do perfil metálico, sendo que os fios passaram por
aberturas na tampa do forno. O outro transdutor foi posicionado em uma das extremidades da
viga, para controle da rotação nos apoios. A posição dos transdutores pode melhor ser
analisada no esquema representado na Figura 5.
120
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2.3 Concretagem
A concretagem foi realizada em duas etapas, com diferença de sete dias entre elas, como
mostrado na Figura 6. O cimento utilizado foi o CPV – ARI, devido à necessidade de se ensaiar
os elementos em pouco espaço de tempo.
O traço em massa do concreto utilizado foi de 1 : 1,36 : 2,10 : 0,36 (proporções em massa de
cimento, areia, brita e água, respectivamente). Foi utilizado também um aditivo super
plastificante na proporção de 3% em massa, afim de diminuir a quantidade de água no
concreto.
Finalizada a preparação das vigas metálicas e mistas de aço e concreto, foram realizados dois
ensaios em temperatura elevada para a verificação do seu comportamento estrutural em
situação de incêndio, bem como verificar a influência do revestimento parcial de concreto no
perfil metálico. Os ensaios contemplaram a ação térmica em conjunto com o carregamento
mecânico, como mostrado na Figura 5, onde se pode verificar que o carregamento foi aplicado
apenas no meio do vão.
O ensaio com a viga metálica foi finalizado após 7 minutos de aquecimento, quando se
observou deslocamento de 92 mm no meio do vão e rotação excessiva nos apoios, como
mostra a Figura 7.
121
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O ensaio apresentou uma taxa de deslocamento médio (razão entre o deslocamento total e o
tempo de ensaio) de 13 mm/min. Neste instante, já não era mais possível realizar a
compensação do carregamento perdido, devido à elevada taxa de deslocamento do elemento,
que já caracterizava a perda da sua capacidade resistente. Na Figura 8 são apresentados os
deslocamentos medidos no meio do vão, no apoio e a força aplicada durante todo ensaio em
função do tempo de ensaio e em função da temperatura média da seção central. Vale ressaltar
que no final do ensaio, o deslocamento continuava a crescer assintoticamente mesmo com o
gradual alívio do carregamento mecânico.
Na Figura 9, são apresentadas as temperaturas medidas na seção S1, onde pode-se verificar
que a mesa inferior e a alma tiveram temperaturas parecidas durante todo o ensaio, enquanto
que a mesa superior, por ter a face superior protegida, apresentava temperaturas menores.
Vale ressaltar que apesar da mesa superior ter apenas 9,1 mm de espessura, foi observada
uma diferença significativa entre a leitura feita na sua face superior e inferior. Ao final do ensaio
a mesa inferior e a alma estavam à aproximadamente 550°C, enquanto que a mesa superior
ainda estava com temperaturas menores que 400°C, valor este no qual o aço começa a perder
suas propriedades estruturais.
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Figura 9: Temperaturas medidas nas seções (a) S1 e (b) S2 no ensaio com a viga metálica
sem revestimento.
Neste primeiro ensaio com o elemento metálico, foi observado um grande nível de rotação dos
apoios, situação essa que pode ser crítica para o revestimento lateral do forno. Devido à este
motivo e por questões de segurança da equipe responsável pelo ensaio e dos equipamentos
utilizados, foi estipulado que o ensaio com o elemento misto decorreria até que fosse
observado um deslocamento de 50 mm no meio do vão.
Figura 10: Comportamento termoestrutural da viga mista em função (a) do tempo e (b) da
temperatura média do perfil metálico na seção central.
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Na Figura 10b, pode-se verificar que o ensaio terminou quando o perfil apresentava
temperatura média de 270°C. Vale ressaltar que nesta mesma temperatura média o ensaio
com a viga puramente metálica apresentava um deslocamento de 17 mm. Como comentado
anteriormente, a diferença na taxa de deslocamento se dá pelas diferentes taxas de
aquecimento do perfil, como pode ser visto na Figura 11.
Também é importante salientar que aos 17 minutos um dos transdutores utilizados para a
medição do deslocamento vertical no meio do vão teve o seu cabo rompido, devido ao
desplacamento do concreto na região próxima ao ponto de medição. Este fato pode ser
observado pela descontinuidade na curva do deslocamento médio, que após os 17 minutos foi
calculado somente como a medida do transdutor restante.
Figura 11: Temperaturas medidas nas seções S1 e S2 no ensaio com a viga mista.
Pode-se verificar que a mesa inferior do perfil metálico (TX.4 e TX.5) apresentaram as maiores
temperaturas, enquanto que a alma do perfil e armaduras ficaram com temperaturas baixas e
próximas dos 200°C ao final do ensaio, ou seja, sem sofrer com a deterioração das
propriedades mecânicas. Já as medições de temperatura no concreto foram ligeiramente
inferiores às da alma e da mesa superior. Estes resultados comprovam o efeito benéfico do
revestimento de concreto no perfil metálico, protegendo os componentes internos que ainda
terão a sua capacidade resistente menos afetada, e por isso, consegue manter a capacidade
portante da viga por mais tempo.
Na Figura 12 são observadas as vigas após os ensaios, onde pode-se verificar que mesmo
após o resfriamento a viga metálica apresenta um deslocamento residual vertical no meio do
vão de 12,5 mm, enquanto que na viga mista ele é aproximadamente nulo. Não foram
observadas instabilidades locais no perfil após o ensaio.
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4. CONCLUSÕES
Os ensaios em vigas de aço e mistas de aço e concreto em escala real são ainda inovadores
no Brasil, sendo estes os primeiros a serem realizados. A partir dos resultados apresentados,
pode-se verificar o efeito benéfico do revestimento de concreto no perfil metálico, resultando
em um ganho expressivo na resistência ao fogo quando comparado aos elementos puramente
metálicos.
Em relação aos elementos puramente metálicos, conclui-se que realizar ensaios deste tipo com
um nível maior de carregamento não é indicado por diversos motivos. Primeiramente, sabe-se
que com um nível maior de carregamento o ensaio terá um tempo de duração menor,
resultando em ensaios de menos de 7 minutos. Também vale ressaltar que, devido ao
aquecimento de maneira uniforme do perfil, ao ultrapassar os 400°C a falha da viga se dará
com uma elevada taxa de deslocamento, como observado no ensaio, o que torna difícil manter
o carregamento sem uma central servo-controladora. Além disso, há o risco de que os
deslocamentos excessivos danifiquem os equipamentos (atuadores hidráulicos, transdutores) e
o revestimento lateral, colocando em risco o andamento do ensaio e a equipe responsável.
5. AGRADECIMENTOS
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6. REFERÊNCIAS
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Fotografia
Autor 2
30 mm
40 mm
1. INTRODUÇÃO
Sabe-se que os pilares mistos de aço e concreto têm sido cada vez mais utilizados em edifícios
de diversos pavimentos, devido à sua grande capacidade de carga, alta ductibilidade e o bom
comportamento frente às ações sísmicas e ao fogo [1]. De modo geral, os elementos mistos de
aço e concreto conseguem aproveitar as vantagens e diminuir as deficiências de cada material.
No caso do concreto, o mesmo irá servir como proteção contra o fogo para o perfil metálico e
evitará efeitos de instabilidade local dos elementos do perfil. Já o aço, pode reduzir os efeitos de
spalling e fissuração do concreto.
No caso dos pilares submetidos à situação de incêndio, nota-se que grande parte dos estudos
acerca do tema tratam apenas do pilar exposto ao fogo em todas as suas faces, sendo que, nos
casos em que o pilar está associado a uma parede ou em um canto do edifício, tal situação não
é mais verificada. A afirmação anterior também se reflete nos códigos normativos, como a ABNT
NBR 14323:2013 [2] e o EUROCODE 4 Part 1-2 [3], apresentando métodos simplificados de
cálculo apenas para o caso de aquecimento uniforme para pilares metálicos e mistos. Entretanto,
o gradiente térmico na seção, que é causado pelo aquecimento não uniforme do perfil, leverá o
pilar a desenvolver deformações e tensões que não estão previstas, e que mudam
consideravelmente o comportamento do elemento em situação de incêndio.
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paredes. Os modelos foram validados a partir das análises experimentais apresentadas em [4] e
que serão descritas nas seções seguintes.
2. METODOLOGIA
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com elementos mistos foram carregados com 30% da sua capacidade de carga à temperatura
ambiente, que resultava na força de 783 kN.
O modelo numérico foi construído considerando o sistema de ensaio de forma completa, ou seja,
representando o pilar, paredes e as vigas superiores do pórtico de restrição, como mostra a
Figura 2. Foram utilizados elementos finitos sólidos lineares com integração reduzida (C3D8R)
para representar o perfil metálico, o concreto de revestimento, as paredes e as vigas superiores
do sistema de restrição. As armaduras do concreto foram modeladas a partir de elementos de
barra inseridos (T3D2) nos elementos sólidos do concreto por meio da função embedded
reinforcements. Também foram utilizadas molas nas extremidades das vigas do sistema de
restrição, para a calibração da rigidez do sistema. Também foram desenvolvidos modelos sem
as molas, que resultam em um sistema de restrição com maior rigidez. Tais estratégias foram
utilizadas, pois não era conhecida a rigidez axial e rotacional do sistema de restrição.
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No que diz respeito às condições de contorno, podemos dividi-las em dois grupos de acordo com
qual tipo de análise elas influenciam. Primeiramente, para a análise térmica, as condições de
contorno são relacionadas às características das superfícies que estarão em contato com o fogo
e como o calor será transferido para dentro da estrutura. Em relação à face exposta ao fogo,
foram utilizadas emissividades de 0,9 para o aço, 0,8 para o concreto e paredes e coeficiente de
convecção igual a 25 Wm²/°C, independentemente do material da superfície. Já para a face não
exposta ao fogo, foi considerado apenas o coeficiente de convecção igual a 9 W/m²°C. Não foi
considerado um coeficiente de condução na interface entre materiais diferentes, para a
penalização deste mecanismo de troca de calor.
A variação da temperatura na face exposta ao calor foi adotada em três porções ao longo da
altura do elemento, referentes a cada módulo do forno que, por sua vez, possuíam leituras de
temperatura independentes. Deste modo, as temperaturas incluídas no ABAQUS referentes à
temperatura interna do forno, dizem respeito exatamente às obtidas na análise experimental,
para que seja respeitada a real situação na qual o pilar estava submetido.
No âmbito das condições de contorno para o modelo estrutural, são incluídas as restrições aos
graus de liberdade nos pontos de interesse, bem como elementos de mola utilizados para o
ajuste da rigidez do sistema de restrição. O processamento de um modelo termoestrutural
sequencial no pacote computacional ABAQUS pode ser dividido em vários passos, chamados
de steps, que são executados em sequência e podem ter carregamentos ou condições de
contorno diferentes entre si. Dessa forma, ao fim do step anterior, mantêm-se o estado de
deformações e de tensões do modelo, podendo restringir ou liberar graus de liberdade para o
step seguinte.
Sendo assim, a análise foi desenvolvida em dois steps: um para o carregamento do pilar e outro
para o aquecimento. Na primeira etapa, são restringidos todos os graus de liberdade da base do
pilar (Figura 3a) e também os deslocamentos nas extremidades das vigas do sistema de restrição
(Figura 3b), forçando que o único movimento possível da estrutura de restrição durante a fase
de carregamento do pilar seja na direção vertical.
Um elemento de mola linear foi colocado em cada uma das extremidades das vigas do sistema
de restrição, tendo o seu nó superior com os deslocamentos acoplados aos da face inferior das
vigas, como mostra a Figura 3c. Além disso, os dois nós do elemento de mola foram restringidos
de forma a se mover apenas na direção vertical, como as vigas do sistema de restrição.
Na segunda etapa, referente ao aquecimento, é liberada a restrição nas faces externas das vigas
superiores (nas regiões mostradas na Figura 3b) e é restringido o deslocamento vertical da base
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dos elementos de mola, travando assim o sistema de restrição, que tem seu deslocamento
condicionado apenas à rigidez das molas e das vigas.
Apesar das vigas do sistema de restrição terem sido modeladas com as dimensões corretas dos
elementos que as compõem, a sua rigidez real não foi medida experimentalmente, sendo que
molas nas suas extremidades foram necessárias a fim de ajustar a rigidez do sistema, que havia
se mostrado muito elevada nos testes numéricos iniciais. Com as molas, que possuíam rigidez
axial de 107 N/m cada, o sistema final possuía rigidez axial de 23 kN/mm e rotacional de 14000
kN.m/rad. A escolha do valor 107 N/m² foi obtida por meio de diversos testes com os ensaios de
pilares sem paredes, a fim de escolher o que melhor representava a real rigidez do sistema.
Um modelo alternativo também foi avaliado numericamente, sendo que neste não foram
consideradas as molas nas extremidades das vigas do sistema de restrição. Desta forma, este
modelo alternativo apresentava rigidez axial e rotacional maiores, com os valores de 94 kN/mm
e 16000 kN.m/rad, respectivamente.
Por fim, as imperfeições geométricas iniciais foram incluídas no modelo como deslocamentos
obtidos em um modelo estrutural previamente processado, onde foi aplicado um deslocamento
imposto de 3 mm (L/1000) no meio do vão do pilar na mesma direção do gradiente térmico, ou
seja, perpendicular ao plano das paredes do lado aquecido. Vale ressaltar que outros valores de
imperfeição geométrica foram testados (L/500 e L/1500), porém não houve diferença significativa
nos resultados, uma vez que os deslocamentos desenvolvidos pelo encurvamento térmico são
muito maiores que as imperfeições usualmente observadas neste tipo de elemento.
3. RESULTADOS
A validação dos resultados foi dividida em duas etapas, sendo a primeira referente a análise
térmica e a segunda à análise termoestrutural. Para a validação do modelo térmico, foram
comparadas as temperaturas obtidas numericamente com os resultados medidos durante os
ensaios apresentados em [4]. A comparação das temperaturas será apresentada neste trabalho
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boa concordância para quase todos os pontos de leitura, com exceção do ponto T3.1 (Figura
6b), referente à face do revestimento de concreto que está exposta ao fogo. Tal diferença pode
ser explicada pelo fato da ponta do termopar estar inserida a alguns centímetros para o interior
da face do concreto, e não na face como foi medido numericamente.
Uma informação importante a ser extraída da análise das temperaturas da seção, diz respeito à
relação entre a intensidade do gradiente térmico e a orientação do perfil metálico em relação a
parede. Pode-se verificar que, no caso da orientação paralela (Figura 6), a diferença de
temperatura entre os dois pontos extremos da mesa (TX.4 e TX.5, de acordo com a Figura 4) é
de aproximadamente 300°C aos 240 minutos de ensaio. Enquanto que, no caso da orientação
do perfil ortogonal às paredes (Figura 7), a diferença de temperatura entre as mesas (TX.1 e
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TX.5, de acordo com a Figura 4), também aos 240 minutos de incêndio, é de aproximadamente
880°C. Este mesmo comportamento foi verificado em [4] nos demais ensaios, com o gradiente
térmico sendo maior no caso do perfil ortogonal às paredes.
Em [4] também é concluído que o fato da seção apresentar um gradiente térmico mais baixo, irá
fazer com que o comportamento estrutural fique mais próximo daquele observado em ensaios
sem paredes. Sabe-se que no caso do ensaio de elementos isolados, a temperatura na seção
se torna mais uniforme, resultando em uma expansão majoritariamente axial do perfil, solicitando
principalmente a restrição axial e não a rotacional do sistema de restrição.
Antes de analisar os resultados dos pilares inseridos em paredes, é importante ressaltar que a
rigidez das molas (107 N/m) foi definida a partir dos ensaios com os pilares isolados, ou seja, os
pilares sem paredes e que possuíam todas as faces em contato com o fogo. Para o caso dos
pilares mistos isolados, pode-se verificar na Figura 8 que houve uma boa concordância entre os
resultados numéricos e experimentais, tanto em função das forças axiais, quanto em função dos
deslocamento axiais médios. Lembra-se que a força axial se encontra apresentada na forma
relativa adimensional, que é obtido pela divisão da força axial medida pelo seu valor inicial, antes
do aquecimento.
(a) (b)
Figura 8: Comparação entre os resultados numéricos e experimentais para o ensaio H220-
CONC-ISO para a (a) força axial relativa e (b) deslocamento axial.
Na Figura 9 são apresentados apenas os resultados para os ensaios com os pilares mistos com
paredes de tijolos de 15 cm de espessura. Vale ressaltar também que os resultados
experimentais foram comparados para as duas abordagens de modelagem numérica, sendo
aquelas que consideravam ou não molas nas extremidades das vigas do sistema de restrição.
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O que se pode observar é que os resultados não apresentam uma uniformidade para todos casos
analisados. Analisando primeiro o desenvolvimento das forças nas Figuras 9a e b, conclui-se
que apesar do modelo com molas representar bem o comportamento dos pilares isolados, o
mesmo não ocorre para os pilares inseridos em paredes, independentemente da orientação do
perfil em relação às paredes.
Já no caso do modelo sem molas, que possui rigidez axial do sistema de restrição 3,5 vezes
maior que o sistema com molas, pode-se verificar que a força axial no caso do perfil na posição
paralela às paredes (Figura 9a) foi muito maior que a curva experimental de referência.
Entretanto, no caso da orientação ortogonal (Figura 9b) a curva numérica apresentou o mesmo
comportamento e se manteve próxima dos resultados experimentais. O mesmo comportamento
foi observado para os ensaios com paredes de tijolos de 11 cm.
De modo geral, no caso dos pilares com a orientação paralela, os resultados do modelo com
molas foi o que mais se aproximou dos resultados experimentais. Esta situação está relacionada
ao fato de que o gradiente térmico nestes casos não é tão expressivo quanto no caso da
orientação ortogonal, desta forma o deslocamento do pilar ocorre de forma majoritariamente
axial, com pouca rotação, se aproximando mais do caso do pilar isolado, que foi aquele utilizado
para a calibração das molas.
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Por fim, vale ressaltar que a diferença entre os resultados numéricos e experimentais para os
deslocamentos do caso do perfil na posição ortogonal pode também ser associado ao modo
como este deslocamento foi obtido. Nos ensaios, eram posicionados transdutores em chapas
metálicas de aproximadamente 10 cm soldadas às extremidades da chapa de topo do pilar, de
modo que o deslocamento lá apresentado é a média dos quatro transdutores, enquanto que o
deslocamento numérico foi obtido pela média dos deslocamentos dos cantos da chapa de topo
de pilar. Desta forma, as grandes rotações observadas no topo do pilar durante os ensaios
podem afetar tais resultados.
4. CONCLUSÕES
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
[1] Mao, X.; Kodur, V. – Fire resistance of concrete encased steel columns under 3- and 4- side
standard heating, Journal of Constructional Steel Research. v. 67, 2011, p. 270-280.
[2] ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. - NBR 14323: projeto de estruturas de
aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios em situação de incêndio. ABNT,
2013, 66 p.
[3] EUROCODE. EN 1993-1-2 - Eurocode 3 - Design of Steel Structures. Part 1-2: General
rules – Structural Fire Design. European Committee for Standardization, 2005, 81 p.
[4] Rocha, F.M. - Pilares de aço e misto de aço e concreto inseridos em paredes em situação
de incêndio, Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 2016, 256 p.
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1. INTRODUÇÃO
As vigas mistas de madeira e concreto são elementos estruturais formados pela união de vigas
de madeira com laje de concreto armado através de conectores de cisalhamento, tais como
pinos metálicos, cavilhas de madeira ou placas de cisalhamento. A disposição dos materiais
visa o melhor aproveitamento desse tipo de elemento misto em relação a sua eficiência quando
solicitado por esforços de flexão, no caso, o concreto submetido a esforços de compressão e a
madeira submetida a esforços de tração. Quando comparados ao emprego único da madeira,
tais elementos estruturais apresentam algumas vantagens, tais como: maior rigidez e melhor
desempenho acústico e térmico. Relativamente às estruturas de concreto armado, os
elementos mistos de madeira e concreto são mais leves e de execução mais rápida, além de
apresentar menor custo energético e redução da emissão de dióxido de carbono. Em relação
ao incêndio, as estruturas mistas apresentam boa resistência em temperaturas elevadas, tendo
desempenho comparável às estruturas de concreto. [1]
Apesar do bom desempenho em situação de incêndio, tais estruturas sofrem preconceito por
apresentarem a madeira como material constituinte. Ao ser submetida à temperatura elevada
os componentes químicos da madeira passam por um processo de combustão, ocorrendo a
liberação de gases e formação de carvão. A velocidade com que a madeira é carbonizada
pode ser medida de duas formas: através da taxa de queima, que tem como base a perda de
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
O método dos elementos finitos consiste de importante técnica para a resolução de equações
diferenciais que governam problemas de engenharia, tal como a transferência de calor. Com o
auxílio do programa computacional ABAQUS foi desenvolvido um modelo numérico
bidimensional em elementos finitos para a determinação do perfil de temperatura em uma
seção transversal mista de madeira e concreto.
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θg = θ0 + 345.log(8.t+1) (1)
As propriedades térmicas dos materiais podem variar com a mudança de temperatura. Neste
trabalho são adotadas as variações estabelecidas pelas normas brasileiras para o concreto e o
aço, a ABNT NBR 15200 [8] e a ABNT NBR 14323 [9], respectivamente. Na norma brasileira de
madeira vigente, a ABNT NBR 7190 [10], não há considerações sobre o material em incêndio,
razão pela qual são usadas as propriedades térmicas da madeira modeladas por Regobello
[11] para o Eucalipitus citriodora.
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(a) (b)
Figura 3 – Calor específico em função da temperatura (a) madeira e concreto (b) aço
(a) (b)
Figura 4 – Condutividade térmica em função da temperatura (a) madeira e concreto (b) aço
140
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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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(a) (b)
(c) (d)
Figura 6 – Perfil de temperatura da seção transversal para (a) 10 minutos (b) 20 minutos (c) 30
minutos e (d) 60 minutos de exposição à temperatura elevada
Nota-se também pela Figura 6 o gradiente térmico existente na laje de concreto. Para 10
minutos de exposição, a temperatura na superfície superior resulta 29,61°C enquanto na parte
inferior resulta 479°C. Para 20 minutos de exposição, esses mesmos valores aumentam para
83,77°C e 672°C, respectivamente. Para 30 minutos de exposição, a temperatura mínima
resulta 154,3°C, enquanto a temperatura máxima resulta 767°C. Aos 60 minutos de exposição
ao fogo, esses valores resultam, respectivamente, 335,1°C e 906,8°C. O gradiente térmico
existente ao longo da altura do concreto é formado por faixas de espessura praticamente
constantes ao longo da largura da laje, sendo que essas faixas são mais espessas na parte
superior (mais fria) do que não região inferior (mais quente).
142
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4. CONCLUSÃO
Além disso, deve-se destacar o papel que a madeira desempenha como protetor térmico do
conector de cisalhamento. Antes da carbonização da madeira a temperatura no pino metálico
era relativamente baixa, aumentando rapidamente quando a frente de carbonização atingiu a
região interior do elemento.
Relativamente a laje de concreto, foi constatado um gradiente térmico ao longo de sua altura,
apresentado faixas de temperaturas constantes em sua largura, sendo essas faixas menos
espessas na parte inferior da viga e mais grossas na região superior.
Ressalta-se que este estudo é relativo a primeira parte de uma pesquisa sendo desenvolvida
no Departamento de Estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos, em que se pretende
conhecer o comportamento termoestrutural de vigas mistas de madeira e concreto em situação
de incêndio.
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5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
Após a tragédia em Santa Maria, normas, decretos, instruções técnicas e leis foram aprovadas,
complementadas ou revisadas em todo o território brasileiro, como a Lei Complementar nº
14.376 de 2013 do estado do Rio Grande do Sul, no Brasil [1]. Paralelamente a este infortúnio,
a norma de desempenho, a ABNT NBR 15575: 2013 [2], entrou em vigor, estabelecendo a
obrigatoriedade das edificações e seus sistemas atenderem a requisitos mínimos de
desempenho, entre eles a segurança contra incêndio [3]. Como consequência, o mercado
precisou se adequar para atender a esses novos requisitos de segurança [4].
Diante das novas necessidades e exigências projetuais emergidas após o sinistro da Boate
Kiss, em 2013, e pelos novos requisitos de desempenho da NBR 15575 [2], o objetivo deste
artigo é avaliar a reação ao fogo das tintas esmaltes, empregadas como acabamento e
revestimento dos sistemas de paredes das edificações. Para cumprir com esse objetivo,
definiu-se 2 sistemas de pinturas, uma com tinta à base de água e outra com tinta à base de
solvente, ambas aplicadas em um fundo preparador a base de solvente, simulando as
condições reais de aplicação em obra. Para efeitos comparativos, uma amostra sem qualquer
aplicação de tinta foi submetida aos mesmos ensaios.
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O Estado do Rio Grande do Sul estabeleceu, através da Lei Complementar Nº 14.376 [1], que
o CMAR é obrigatório e será fiscalizado pelo Corpo de Bombeiros. Entre esses materiais estão
as tintas, utlizadas com o propósito de decoração, acabamento e proteção dos substratos em
que se encontram aplicados [13]. Dentre os setores que utilizam tinta destaca-se o imobiliário,
representando 79% do mercado consumidor [6]. No entanto, não se têm dados a respeito do
comportamento de tintas ao fogo nas condições empregadas em obra [7].
3. MÉTODO
3.1. Amostras
Segundo ABRAFATI [14], um substrato pode ser definido como toda ou qualquer superfície na
qual pode ser aplicado um sistema de pintura. A NBR 15575-4 [2] e a IT10 [11] preveem que o
substrato utilizado nos experimentos dessa natureza deve ser composto por materiais
incombustíveis, de modo a não interferir nos resultados. Com base nisso, foram utilizadas
placas cimentícias de 8mm de espessura como substrato para pintura e placas cimentícias de
12mm como suporte.
Foram definidas duas tintas esmalte para avaliação, uma à base de água e uma à base
solvente, ambas aplicadas com 3 demãos. Aplicou-se uma demão do fundo branco fosco
preparador antes da pintura, com o objetivo de nivelar o substrato e aglutinar as partículas
soltas existentes na superfície. A aplicação das tintas foi realizada de acordo com as
especificações prescritas na ABNT NBR 13245 [15], que determina as condições ideais para a
execução de pinturas em edificações não industriais, em conjunto com as orientações
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3.2. Ensaios
A IT10 [11] sugere dois métodos de classificação para revestimentos de parede: um com base
no ensaio de painel radiante e outro com base no ensaio de SBI. O método definido pela EN
13823:2010 – Single Burning Item foi escolhido para a realização dos ensaios. Em conjunto, foi
realizado o ensaio de ignitabilidade conforme a ISO 11925-2:2010. O ensaio prescrito pela ISO
1182:2010 não foi realizado pela incapacidade de montagem da amostra praticada neste
ensaio, sendo o material considerado combustível, por conservadorismo.
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(a) (b)
Figura 2 – Equipamento empregado no ensaio de ignitabilidade
(a) (b)
Figura 3 – Visão geral do equipamento empregado na realização do ensaio de SBI
O ambiente de ensaio possui um duto de exaustão equipado com sensores para medir a
temperatura, fração de mols de O2 e CO2, atenuação de luz e o fluxo de pressão diferencial
induzida. Esses dados foram utilizados para determinar o índice da taxa de desenvolvimento
de calor (FIGRA), liberação total de calor do corpo de prova nos primeiros 600s de exposição
às chamas (THR600s), taxa de desenvolvimento de fumaça (SMOGRA), a produção total de
fumaça do corpo de prova nos primeiros 600s de exposição às chamas (TSP600s), além da
propagação lateral da chama (LFS) e das partículas flamejantes que caem da amostra, ambas
analisadas visualmente.
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4. RESULTADOS
Nesta análise, notou-se que os dois tipos de tinta mostraram desempenho superior em relação
ao substrato sem pintura. Isso fica evidenciado pela queda da produção total de calor (THR),
pela diminuição da taxa de calor gerado por segundo (HRRav) e a inexistência do índice de
desenvolvimento de calor (FIGRA) em algumas amostras. No entanto, notou-se que a tinta à
base de solvente apresentou um decréscimo de desempenho na produção total de fumaça
(TSP), porém pouco significativo. A tabela 1 mostra o desempenho das tintas em relação ao
substrato.
Comparando as duas tintas é possível notar um melhor desempenho na tinta a base solvente,
visto seus índices de produção de calor, no entanto, nota-se uma tendência de produzir mais
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fumaça do que a tinta a base água, o que não é interessante em caso de incêndio. Em relação
à propagação lateral de chamas, a tinta a base água continuou demonstrando um desempenho
superior em relação a tinta a base solvente. Enquanto a primeira propagou chamas na asa
maior por 18,6cm, a segunda teve propagação de 19cm, ou seja, uma diferença ínfima. No
entanto, ambas tintas não apresentaram propagação lateral de chamas (LSF) estipulada pela
norma. A Figura 5 apresenta as amostras de SBI após o ensaio.
4.3 Classificação
Baseado nos ensaios de ignitabilidade e SBI, a tinta a base de água e a tinta a base de
solvente receberam classificação II-A de acordo com a ABNT NBR 15575-4 [2] e IT10 [11].
Portanto, apresentaram desempenho satisfatório frente a reação ao fogo.
5. CONCLUSÕES
As tintas esmalte, tanto à base de água como à base de solvente, foram classificadas como II-
A. Admitindo-se que a NBR 15575-4 [2] fosse considerada como referencial técnico, as tintas
poderiam ser empregadas em locais internos de uma habitação (incluindo a cozinha, sala e
dormitórios), locais de uso comum das edificações e em escadas, caso fossem consideradas
segundo a IT10 [11], não haveriam restrições para a aplicação destes tipos de tintas, podendo
empregá-las como revestimentos e acabamentos internos, e superfícies externas, de
condomínios residenciais, habitações unifamiliares, multifamiliares e coletivas, dentre outros
locais.
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6. REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
O uso de sistemas construtivos leves do tipo drywall tem apresentado um elevado crescimento
nos últimos anos no Brasil. A Associação Brasileira do Drywall apresenta informações relativas
ao consumo histórico anual de chapas de gesso acartonado, onde é possível verificar que este
consumo duplicou entre os anos de 2008 e 2013. Comparando-se ao consumo de outros
países, estes valores podem ser considerados baixos, como por exemplo os Estados Unidos,
que apresenta um consumo 40 vezes maior [1].
Apesar das diversas vantagens proporcionadas pelo emprego deste tipo de sistema, como o
processo de produção mais rápido, verifica-se como possível desvantagem o seu desempenho
acústico [2]. Com a entrada em vigor da norma brasileira de desempenho das edificações
habitacionais, NBR 15575 [3], no ano de 2013, o drywall tem ganhado ainda mais espaço no
mercado da construção civil. A norma estabelece critérios de desempenho para este tipo de
sistema, permitindo comprovar a sua qualidade.
Com o objetivo de melhorar o desempenho acústico de sistemas leves, tem-se adotado como
alternativa o uso de materiais absorventes no preenchimento do espaço vazio entre as chapas
delgadas de fechamento [4]. Os materiais mais comumente aplicados neste tipo de solução
consistem em lãs minerais (de rocha ou de vidro), que apesar de solucionarem as questões
acústicas, apresentam impactos negativos ao meio ambiente, seja na etapa de sua produção,
seja na sua disposição final [5]. Como alternativa para estes problemas destaca-se o uso de
mantas produzidas pela reciclagem do polímero termoplástico de politereftalato de etileno
(PET), que pode ser produzido variando características de densidade e espessura, melhorando
o desempenho acústico dos sistemas construtivos e menor impacto ambiental.
Neste contexto, existe ainda uma preocupação relacionada com a segurança contra incêndios
na aplicação deste tipo de material, visto que este tipo de material pode apresentar
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características de reação ao fogo indesejadas. Casos como o incêndio da Boate Kiss, em 2013
na cidade de Santa Maria/RS, enaltecem a necessidade de controle destes materiais, de modo
que estes não venham a contribuir para a inflamação generalizada e a propagação de um
incêndio.
Sendo assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a reação ao fogo de mantas produzidas
pela reciclagem de PET para emprego como absorventes acústicos em sistemas construtivos.
Considerando o caráter inovador deste material e sua composição polimérica, foram adotados
três ensaios para classificação da reação ao fogo dos materiais: não combustibilidade,
ignitabilidade e SBI (Single Burning Item).
2. METODOLOGIA
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(a) (b)
Figura 1 – Equipamento empregado no ensaio de não-combustibilidade
A norma estabelece que os ensaios devem ser conduzidos por no mínimo 30 min e no máximo
60min, dependendo de quando for atingido o equilíbrio de temperatura. No decorrer do ensaio
três critérios são avaliados: a liberação de calor, o flamejamento e a perda de massa do
material. A liberação de calor é verificada pela variação de temperatura no interior do forno,
que está relacionada com a energia liberada pelo material durante o processo de combustão. A
perda de massa é verificada pelos resultados obtidos na pesagem do material antes e após a
exposição ao calor, enquanto que o flamejamento é verificado visualmente no decorrer do
ensaio, onde é registrada a presença de chamas com duração maior do que 5 segundos. Para
que o material seja considerado incombustível, o resultado obtido no ensaio de 5 amostras do
mesmo material não deve apresentar um acréscimo de temperatura no interior do forno maior
do que 30°C, perda de massa maior do que 50% e presença de chamas com duração maior do
que 10 segundos.
A análise da ignitabilidade do material foi feita segundo a norma ISO 11925-2:2010 – Reaction
to fire tests – Ignitability of products subjected to direct impingementof flame [8]. O teste
consiste na determinação das características de ignitabilidade da amostra quando exposta à
chama de um queimador padrão na borda inferior e na superfície da amostra pelo período de
30 segundos. A chama é apagada e a amostra analisada por mais 30s, sendo a duração total
do ensaio 60s. Avalia-se a ignição da amostra, o tempo necessário para a chama alcançar
150mm de altura e a liberação de partículas inflamáveis.
157
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(a) (b)
Figura 3 – Visão geral do equipamento empregado na realização do ensaio de SBI
O ambiente de ensaio possui um duto de exaustão equipado com sensores para medir a
temperatura, fração de mols de O2 e CO2, atenuação de luz e o fluxo de pressão diferencial.
Essas quantidades são registradas instantaneamente e utilizadas para calcular os índices de
produção de calor e fumaça, e da propagação lateral da chama (LFS). Os índices se referem a
produção total de calor (FIGRA) e de fumaça (SMOGRA) durante a sua exposição e a
produção de calor nos primeiros 5 minutos de ensaio (THR600s) e de fumaça nos primeiros 5
minutos de ensaio (TSP600s).
158
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3. RESULTADOS
(a) (b)
Figura 4 – Amostras de densidade 0,35 kg/m² (a) antes e (b) após o ensaio de ignitabilidade
159
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(a) (b)
Figura 5 – Amostras de densidade 1,5 kg/m² (a) antes e (b) após o ensaio de SBI
Através dos ensaios de SBI verificou-se que os dois materiais analisados apresentaram baixa
liberação de calor e fumaça, ficando dentro dos limites da classe II-A, ou seja, a melhor
classificação para materiais combustíveis. Apesar de não ter influenciado na classificação do
sistema, verifica-se que a densidade do material apresentou grande influência sobre os
resultados obtidos no ensaio de SBI, tanto para os índices de liberação de calor como para os
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índices de liberação de fumaça. Para ambos os índices as mantas com maior densidade
apresentaram um pior comportamento, sendo a liberação calor (FIGRA e THR600s) os índices
que atingiram maiores proporções. Isso pode ser explicado pela maior quantidade de material
combustível no ponto de combustão quando ocorre um aumento da densidade do material.
4. CONCLUSÃO
Verifica-se que a classificação obtida permite o emprego do sistema em uma elevada gama de
aplicações e que, apesar de este ser considerado combustível, apresentou bom
comportamento no que se refere à densidade ótima da fumaça liberada e da propagação de
chamas. Verificou-se a influência da densidade de mantas recicladas de PET, onde a maior
densidade do material conduz a maiores índices de liberação de calor de fumaça, apesar de
não alterar a sua classificação. Conclui-se, portanto, a importância da avaliação das
propriedades de reação ao fogo dos materiais com diferentes propriedades, principalmente no
que se refere a densidade, por ser um dos fatores mais influentes nas propriedades de
isolamento térmico e acústico para este tipo de material.
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
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2. MÉTODO DE TRABALHO
Para alcançar esse objetivo foram planejadas inspeções visuais, levantamento em desenho
técnico da edificação, registros fotográficos antes/após a reforma e ao fim do experimento. Foi
empregado um pacômetro, equipamento detector de barras de aço criado para localizar as
barras no interior de elementos estruturais de concreto armado, sem destruição, obtendo ainda
a distância da face até a barra e a sua bitola (Figura 2).
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Figura 2: Equipamento Profoscope da marca Proceq utilizado para detectar barras de aço em
estruturas de concreto armado.
3. RESULTADOS
Na inspeção visual foi verificada que se trata de uma edificação de dois pavimentos em formato
prismático, revestida externamente com argamassa de cimento e areia, pintada. Apresenta
esquadrias em chapa de aço. Contém laje de vigotas de concreto premoldado e blocos
cerâmicos, sendo as lajes de coberta e do pavimento superior armadas com malhas de aço,
com piso cimentado.
Internamente a edificação tem dois cômodos no térreo, uma escada e um vão único no
pavimento superior. As paredes são de alvenaria de blocos cerâmicos de oito furos,
assentadas com argamassa de cimento e areia. A maioria das paredes são chapiscadas
(Figura 3) e algumas têm emboço. O teto tem as vigotas e blocos da laje aparentes, mas
chapiscados.
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serem queimados durante as instruções. Alguns danos podem ter sido obtidos por dano físico
em contado com os equipamentos utilizados nas instruções.
Foi observado uma viga chata no meio do vão de um cômodo do pavimento térreo, onde
estava com parte da barra da armadura londitudinal exposta, mas sem maiores danos.
Tambem foi observado uma parte de armadura exposta na viga sobre a escada. As patologias
observadas podem ter sido provocadas por um desplacamento explosivo, por insuficiente
cobrimento ou dano mecânico acidental.
Embora se tenha verificado a presença das vigas de concreto armado citadas não foi possível
confirmar a presença de pilares de concreto armado, e vigas no perimetro da edificação. Dessa
forma, para que seja descartada que essa edificação seria de alvenaria resistente foi utilizado o
detector de barras Profoscope (Figura 6). Esse equipamento induz uma corrente elétrica na
barra no interior do concreto provocando um campo eletromagnético de retorno, que deforma
molas no interior do equipamento e cuja deflexão é medida e obtida à distância e bitola da
armadura do elemento avaliado. Ao empregar esse equipamento foi possível identificar vigas
no perimetro da edificação e 10 pilares.
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Os pilares tem seção de 10cm x 30cm e são armados por quatro armaduras longitudinais de
12,5 mm e com estribros espaçados de 20cm.
As vigas também têm seção de 10 cm x 30 cm, barras longitudinais de 12,5 mm e estribos de 6
mm espaçados a cada 20 cm.
O ensaio realizado foi em um cômodo do pavimento térreo decorado com movéis e materiais
presentes em quartos típicos, esses objetos foram encontrados em diversos registros de
incêndios ocorridos na Região Metropolitana de Recife. Tinha uma cama e um beliche, ambos
de madeira, com colchão e lençol. Dois criados mudos de madeira, sendo um revestido com
tinta entumescente anti-chama, e sobbre eles dois ventiladores. Ainda tinha um guarda roupas
três portas com diversas roupas no seu interior.
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de cimento e areia, duas chapiscadas e uma revestida com pasta de gesso. O teto foi mantido
da mesma forma.
O serviço foi realizado foi finalizado com 30 dias antes do ensaio com fogo. A edificação foi
equipada com diversos termopares tipo K, localizados a diversas alturas na parte interna e
eterna da edificação. O ensaio foi registrado tambem com imagens de camaera termica. Tais
equipamentos auxiliaram a equipe responsável a administrar o ensaio.
O fogo foi iniciado durante o dia, a única janela estava aberta e única porta do recinto estava
fechada. A ignição foi iniciada com um gel combustivel usado em fogareis portatéis, no chão
em contato com o lençol da cama de baixo do beliche, e durou em torno de 50 minutos, sendo
que aos 30 minutos com o decaimento da atividade do incêndio foi aberta a porta, oxigenando
o ambiente e retomando o crescimento do incêndio. O ensaio foi encerrado com o combate a
incêndio por equiple treinada do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, que promoveu
jatos de neblina e sólido no ambiente para o seu resfriamento, e em seguida em todas as faces
do ambiente interno incendiado, por fim foi atacado os focos remanescentes e extinto o
incêndio.
Após quatro dias foi realizada nova inspeção com a finaidade de observar os efeitos do
incêndio em especial sobre a estrutura e as paredes.
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A parede mais afetada foi a parede chapiscada que contém a janela. Na região mais próxima
ao foco inicial do incêndio houve os seguintes efeitos:
- Desplacamento de boa parte do chapisco deixando os blocos expostos, com uma extensão,
sendo o maior desplacamento com 38 cm na maior extensão (Figura 8a,b);
- Desplacamento parcial do reboco;
- Pipocamento de alguns blocos, deixando buracos de 3 cm de extensão (Figura 8c);
- Dano ao bloco devido ao desplacamento do chapisco.
A parede mais próxima ao foco do incêndio estava revestida de gesso e resistiu bem ao fogo,
foi observado:
- Um descascamento superficial do revestimento, e
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As outras duas paredes internas não tiveram maiores danos e estavam mais afastadas do foco
inicial do incendio, havia outra cama e um guarda-roupas que queimaram parcialmente,
diferente do beliche que ficava no lado oposto dessas paredes que foi totalmente comsumido.
A Laje do Local incendiado não teve mais danos do que aqueles já observados anteriormente.
A região onde havia danos nos blocos de atividades anteriores foram revestidas com gesso
que apenas descascou uma camada superficial.O lado externo da edificação não apresentu
danos, embora a temperatura externa da parede.
No lado externo da edificação não foram observados danos, foram medidos nos termopares
localizados nessa região uma termperatura máxima de 50 ºC na parede revestida internamente
só com chapisco, e de 36 ºC na parede revestida internamente, o que demonstra um
isolamento térmico suficiente para não provocar incêndio no ambiente dividido por este tipo de
parede. Na parede interna onde ficava a porta no lado não exposto à incêndio foi registrado um
pico de temperatura de até 800ºC no momento em que a porta foi aberta durante o ensaio, o
que demonstra a importância do isolamento daquele ambiente produzida pela porta
conjuntamente com a parede.
4. CONCLUSÕES
Após ser constatado que a edificação foi construída com estrutura em concreto armado, pode-
se concluir que os danos observados nas paredes não indicam maiores riscos por se tratar de
uma parede de vedação devendo ser reconstituídos os buracos danificacos com argamassa de
cimento, cal e areia, no traço 1:1:6, por exemplo. As vigotas das lajes se encontram íntegras e
sem fissuras ou outros sinais de degradação que indiquem dano estrutural. Os blocos
cerâmicos danificados na laje não representam risco à estabilidade estrutural da laje por não
ter participação na função estrutural da laje, devendo ser reconstituídos de forma análoga ao
que foi sugerido para os blocos das paredes. As armaduras expostas das vigas chatas citadas
se encontram íntegras sem sinais de corrosão e devem ter seu cobrimento recomposto com
adesivo estrutural à base epóxi.
Devido aos diversos fatores observados concluímos que até o presente a edificação apresenta
estabilidade estrutural podendo continuar a desempenhar as suas funções nos treinamentos.
Para trabalhos futuros sugerimos o ensaio com prova de carga sobre a laje visando observar
se as deformações observadas com a carga de serviço são compatíveis com o tipo de
ocupação planejado.
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REFERÊNCIAS
[1] Corrêa, C.; Rêgo Silva, J. J.; Pires, T. A.; Braga, G. C. B. Mapeamento de Incêndios em
Edificações: Um estudo de caso na cidade do Recife. Revista de Engenharia Civil IMED,
vol. 2, nº. 3, 2016, p. 15-34.
[2] Corrêa, C.; Rêgo Silva, J. J.; Pires, T.; Silva, J. J. R.; Braga, G. C.; Tabaczenski, R. –
Incêndio natural em compartimento de residência na cidade de Recife: Um estudo
experimental. In 4º CILASCI, Congresso Ibero-Latino- Americano sobre Segurança Contra
Incêndios, Recife 2017.
[3] Silva, M. L; Corrêa, C.; Oliveira, R. A. Risco de Colapso em Caso de Incêndios de
Alvenaria Resistente do tipo “Prédio Caixão”. Revista Flammae, vol. 1, nº.2, 2015, p.28-
54.
[4] Silva, M. L; Colapso em caso de incêndio em edifícios de alvenaria resistente.
Dissertação. Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2016.
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1. INTRODUÇÃO
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil, itt Performance, Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Avenida Unisinos, 950, São Leopoldo.
93.022-000 – São Leopoldo - RS - Brasil. Cel.: +55 51 99887 3651 Tel.: +55 51 3590-8887 – Ramal: 3247. e-mail: gprager@unisinos.br
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Com a vigência da NBR 15575 [4], aliou-se a necessidade de projetar e executar edificações
com enfoque no cumprimento de critérios mínimos no ramo da construção civil [10]. Com estas
exigências, passou a haver necessidade da certificação dos sistemas já existentes, assim
como os inovadores, para que seu uso fosse viabilizado. Porém, atualmente encontra-se
dificuldade do que tange o dimensionamento de segurança contra incêndio de alvenarias,
devido a inexistência de normas regulamentadoras, talvez justificadas pela heterogeneidade da
matéria-prima. Esta questão esclarece a majoração do risco de incêndio nos edifícios
brasileiros, que englobam fatores da utilização de materiais combustíveis sem análise de seu
comportamento, além do maior consumo de energia nas construções [11].
As alvenarias possuem um vasto uso no território nacional, sendo comumente aplicada na sua
função de vedação vertical, separando um ou mais locais do restante da edificação. Essa
função, por decorrência, acaba sucedendo o isolamento entre ambientes e rotas de fuga, ou
seja, exercendo a compartimentação. Evitando, desta forma, que incêndios concentrados
expandam-se em grandes extensões, impedindo a propagação do fogo, calor e gases quentes
[12]. Esta atribuição pode ser exercida apenas se o sistema possuir a classificação mínima
para cumprir a função corta-fogo, representado pelos critérios de estabilidade estrutural,
estanqueidade e isolamento térmico, por sua vez conseguindo satisfazer a função de
compartimentação horizontal [13]. Estes requisitos exigidos são baseados nos princípios de
segurança à proteção da vida humana e bens materiais [14].
Nguyen e Meftah [15] acrescentam que o desempenho da maioria das paredes de alvenaria
pode ser concebido por meio de ensaios laboratoriais ou por métodos empíricos, ocasionando
um aumento no conservadorismo dos resultados. Estes ensaios demonstram que o isolamento
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Figura 1 - Variação da condutividade térmica (W/m°C) para alvenarias com valores distintos de
massa específica
Então para suprir estas lacunas do sistema normativo brasileiro, no que tange
dimensionamento de alvenarias em situação de incêndio, por meio de métodos experimentais,
se atenta este trabalho, visando contribuir para o conhecimento dos sistemas construtivos de
alvenaria estrutural, consistindo em duas análises, verificando influência da espessura dos
blocos cerâmicos frente a altas temperaturas.
3. MÉTODO
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Os ensaios foram realizados obedecendo as prescrições estabelecidas pela NBR 5628 [23],
realizando verificações no que tange a resistência estrutural, estanqueidade e isolamento
térmico, assim como ensaiados em escala real, com dimensões 3,15x3,00m, por meio de um
forno vertical normatizado, instrumentado de acordo com a Figura 3 e calibrado no Laboratório
de Segurança Contra Incêndio do itt Performance/Unisinos. As amostras foram submetidas
pelo forno à uma curva-padrão de aquecimento, respeitando os limites máximos e mínimos de
temperatura de aquecimento de acordo com a ISO 834 [24].
Os ensaios de resistência ao fogo foram realizados em dias diferentes, porém com condições
iniciais de ensaio bastante semelhantes, sendo o sistema 1 ensaiado com temperatura inicial
de 23,2°C e o sistema 2 com temperatura inicial de 22°C. Durante os ensaios foram realizados
registros das ocorrências manifestadas pelas amostras (Figura 4).
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O isolamento térmico, foi determinante para a classificação dos sistemas. Enquanto no Sistema
1, após os 207 minutos, ocorreu a extrapolação da temperatura média, no Sistema 2 não
ocorreu a extrapolação dos limites normativos. Quanto a temperatura da face exposta ao fogo,
ambas obtiveram comportamento semelhantes, em exceção ao comportamento da temperatura
da amostra 1, a qual observa-se uma perda de temperatura interna aos exatos 28 minutos de
ensaio (Figura 6).
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Além dos critérios de classificação, foi observado que a média da temperatura nas faces
externas se igualaram em períodos distintos, sendo eles de 240 minutos para o Sistema 1 e
290 minutos para o Sistema 2 (Figura 7).
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5. CONCLUSÕES
6. REFERÊNCIAS
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[13] ONO, R. Parâmetros para garantia da qualidade do projeto de segurança contra incêndio
em edifícios altos. Ambiente Construído. Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 97-113, 2007.
[14] MITIDIERI, M. L. O comportamento dos materiais e componentes construtivos diante do
fogo - reação ao fogo. In: SEITO, A. I. et al. (Coord.). A segurança contra incêndio no
Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008. p. 55-75.
[15] NGUYEN, T, MEFTAH, F., Behavior of clay hollow - brick masonry walls during fire. Part1:
experimental analysis, Fire Safety Journal. 52, 2012.
[16] BEALL, C. Masonry Design and Detailing: for architects, engineers and contractors. 4º ed.,
McGraw-Hill, 1997, 613p.
[17] OLIVEIRA, J. A. C. Contribuição ao estudo do comportamento mecânico dos sistemas de
revestimento à base de argamassa modificados com polímeros de base látex. Brasília,
1999. Dissertação (Mestrado em Estruturas e Construção Civil) – Programa de pós-
graduação em Estrutura e Construção Civil, Universidade de Brasília.
[18] INGHAM, Jeremy P. Application of petrographic examination techniques to the
assessment of fire-damaged concrete and masonry structures. Materials characterization,
v. 60, n. 7, p. 700-709, 2009.
[19] ROMAN, H. R. Características físicas e mecânicas que devem apresentar os tijolos e
blocos cerâmicos para alvenaria de vedação e estrutural. In: Simpósio de desempenho de
materiais e componentes de construção civil, 3., 1991, Florianópolis. Anais...
Florianópolis: UFSC. 1991. P. 101-108.
[20] RUSSO, S.; SCIARRETTA, F. Experimental and theoretical investigation on masonry after
high temperature exposure. Experimental mechanics, v. 52, n. 4, p. 341-359, 2012.
[21] NGUYEN, T. et al. The behaviour of masonry walls subjected to fire: Modelling and
parametrical studies in the case of hollow burnt-clay bricks. Fire Safety Journal, v. 44, n. 4,
p. 629-641, 2009.
[22] ANICER, ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA CERÂMICA – ANICER. Disponível
em: <http://www.anicer.com.br>. Acesso em: 26 setembro. 2015.
[23] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5628: Componentes
construtivos estruturais - Determinação da resistência ao fogo. Rio de Janeiro, 2001.
[24] INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). ISO 834: fire
resistance tests – Elements of building construction. Geneva, 1999.
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RESUMO. Esse trabalho descreve uma investigação sobre a regra de atenuação dos requisitos
de proteção passiva dada na IT-08/11 do Corpo de Bombeiros de São Paulo, comparada à
dispensa da proteção passiva de vigas secundárias em pisos mistos aço-concreto conforme a
prática comum no Reino Unido. A metodologia empregada consistiu de análises de dois pisos
mistos reais pelo método de elementos finitos - MEF feitas com o programa VULCAN. As
conclusões indicam que o atendimento dos critérios de estabilidade em incêndio, com base na
deformação máxima dos pisos, pode ser obtido por ambas as regras de atenuação da proteção
passiva, sugerindo que, pela economicidade, a dispensa da proteção das vigas secundárias
pode ser feita mediante análise pelo MEF em cada caso. Verificou-se que essa dispensa torna
os pisos mais dúcteis com tendência a apresentar menores deformações no final do tempo
requerido de resistência ao fogo - TRRF que os pisos protegidos segundo a alínea A.2.5 do
Anexo A da IT-08/11.
*
Autor correspondente: Antonio Maria Claret de Gouveia, UFOP, Campus Universitário, Escola de Minas, DECAT, Ouro Preto, MG, CEP:
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1. INTRODUÇÃO
Uma das situações de atenuação do TRRF está descrita na alínea A.2.5 e chama a atenção
por introduzir diferentes requisitos para uma mesma estrutura, hiperestática e monolítica,
submetida a um mesmo modelo de incêndio. Assim se enuncia esta regra:
A.2.5 O TRRF das vigas secundárias, conforme item 5.17 desta IT, das
edificações com até 80 m de altura, não necessita ser maior que: a. 60
minutos para as edificações de classes P1 a P4 (Tabela A); b. 90 minutos
para as edificações de classe P5 (Tabela A).
Este trabalho visa a discutir o real significado em termos de segurança estrutural em incêndio
de ambas as regras de atenuação, a brasileira e a inglesa. É evidente que a regra brasileira de
reduzir o TRRF para vigas secundárias está a um passo da dispensa total da exigência de
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proteção passiva nas vigas secundárias como permite a regra inglesa, porque logicamente
alguma proteção passiva é, em princípio, melhor que nenhuma. Mas, é preciso observar que a
atenuação brasileira é incondicional, enquanto a dispensa inglesa é condicionada ao resultado
analítico da subestrutura pelo MEF [1] . Por outro lado, o acréscimo de custo de uma proteção
eventualmente desnecessária deve ser considerado.
O fato de ser o piso misto uma estrutura monolítica exige uma reflexão em torno do significado
físico da exigência de tempos de resistência ao fogo diferentes para seus elementos. Para
ilustrar, se as vigas secundárias têm uma resistência ao fogo de 60 minutos em um piso que
será exposto a 90 minutos do ensaio-padrão, elas provavelmente apresentarão colapso
estrutural antes do fim do TRRF=90 min. Pergunta-se: não se considera em colapso o piso
monolítico em que um ou mais de seus elementos está em colapso? Se se admite que o
colapso de uma viga secundária significa o colapso do piso, seu tempo de resistência ao fogo -
TRF será o de seu elemento de menor resistência e, nesse caso, TRF=60min < TRRF=90min.
Se, ao contrário, se admite que o piso não está em colapso em face do colapso de uma ou
mais vigas secundárias, então a proteção das secundárias poderia ser completamente
dispensada. É necessário investigar se haveria uma situação intermediária e se ela seria
aceitável.
Um módulo típico de piso misto aço-concreto é formado por quatro pilares aos quais se ligam
quatro vigas principais, de duas a cinco vigas secundárias e de uma laje de concreto com
forma de aço. Dependendo da área do compartimento, sua estrutura pode ser formada por dois
ou mais módulos. O conceito de colapso estrutural em incêndio não é diretamente enunciado
nas normas IT-08/11 [2], na NBR 14432:2001 [3] e nem na NBR 14323:2013 [5]. Porém,
dessas normas se conclui que o colapso em incêndio decorre da perda de estabilidade e ou da
perda da capacidade resistente dos elementos estruturais sob a ação dos esforços solicitantes
da estrutura. Embora não explícito, trata-se de fenômenos localizados, porque, nesses textos
normativos, o incêndio é suposto compartimentado.
†Programa do MEF para análise de pisos mistos aço-concreto em incêndio. Marca registrada de Vulcan
Solutions Ltd., Hathersage, Sheffield, England.
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São utilizados dois módulos de piso misto aço-concreto, A e B, extraídos de estruturas reais,
para analisar o efeito da proteção das vigas secundárias nos limites propostos pela alínea
A.2.5 da IT-08/11 e compará-los à dispensa de proteção, conforme a prática inglesa que tem
por base a norma BS EN 1992-1-2:2002 [4]. Nesses pisos, os pilares serão considerados
protegidos para experimentarem uma temperatura máxima de 550°C ao final do TRRF.
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temperaturas se admite com fatores 0,8 na mesa superior e 1,0 a meia altura da alma e na
mesa inferior. Nas lajes, o perfil de temperaturas é 0,2 na superfície superior variando
linearmente até 1,0 na face inferior em contato com as chamas.
O piso A será analisado pelo VULCAN para cargas em situação de incêndio iguais à carga
permanente superposta de 20%, 40% e 60% da carga acidental. Nesse caso, o piso foi
dimensionado para uma edificação "real" e as cargas que solicitam o piso foram fornecidas
pelo calculista. Não foram utilizadas as combinações de ações do item 6.3.1 da NBR 14323:
2003 [5], porque a estrutura de onde se extraiu o piso A foi calculada seguindo a versão
anterior dessa norma.
Com o objetivo de investigar uma metodologia mais geral para a determinação da carga sobre
o piso, decidiu-se propor, nesse trabalho, a adoção da carga que levaria o piso à flecha
máxima igual ao vigésimo do vão, aqui denominada de "carga de colapso em incêndio", 𝑞𝑐𝑖 ,
supondo que a estrutura tenha os pilares e todas as vigas principais protegidas para aquirir a
temperatura de 550°C ao final do TRRF e que a laje de concreto não tenha proteção. As
cargas uniformemente distribuídas aplicadas sobre o piso B serão consideradas como frações
desta carga de referência.
Para determinar as frações da carga a serem aplicadas sobre os pisos, adotam-se as seguintes
hipóteses que resultam da observação prática:
(a) a carga permanente que solicita o piso à temperatura ambiente e em incêndio é da ordem
de 0,2 da carga de colapso em incêndio, conforme definida anteriormente: 𝑔 = 0,2𝑞𝑐𝑖 ;
(b) a carga acidental que solicita o piso à temperatura ambiente, 𝑝20 , é da ordem de 0,4 da
carga de colapso em incêndio: 𝑝20 = 0,4𝑞𝑐𝑖 .
Desse modo, as combinações de carga para análise em incêndio, adotadas nesse trabalho
(20%, 40% e 60% da carga acidental mais a carga permanente), resultarão em razões de
carga para a carga de colapso em incêndio, aqui definida como referência, iguais a:
4. RESULTADOS
O piso misto analisado tem 9,60 m de largura por 8,5 m de profundidade. Os perfis utilizados
são indicados na Figura 2. As quatro vigas secundárias são espaçadas de 1,92 m. O aço
estrutural tem fy = 345 MPa e o concreto tem fck=30 MPa. A laje piso tem altura total de 140 mm
e usa uma forma steel deck de 0,8 mm de espessura. A armadura de fissuração é formada por
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uma malha Q138 de aço CA60B. Empregam-se 3,33 conectores por metro com diâmetro igual
a 19 mm e fu=350 MPa adotando-se a hipótese de interação parcial.
A carga permanente total sobre o piso é 2,95 kN/m2. A carga acidental é tomada igual a 6
kN/m2. As combinações de cargas adotadas resultam em cargas uniformes sobre o piso iguais
a 6,55 kN/m2, 5,35 kN/m2 e 4,15 kN/m2 correspondentes respectivamente às combinações de
60%, 40% e 20% da carga acidental acrescidas da carga permanente. Como os pilares e as
vigas de borda do painel se supõem protegidos, não se aplicam as reações dos painéis
vizinhos sobre essas vigas. De fato, a sua contribuição na deformação do piso seria muito
pequena, se não desprezível para a situação de incêndio. O colapso estrutural à flexão em
incêndio se caracteriza pela flecha máxima de 8500mm/20 = 425 mm no nó central do painel. A
Figura 3 mostra o histórico de deslocamentos do nó central do painel ao longo do TRRF. Como
se observa, as hipóteses VSP (vigas secundárias protegidas) e VSS (vigas secundárias sem
proteção) garantem a estabilidade do painel. Observa-se que o piso na hipótese VSS revela-se
mais dúctil com tendência a resultar em TRF maior. Esse fato merece maior investigação.
O piso tem 7,8 m de largura por 7,4 m de profundidade. Os perfis utilizados são indicados na
Figura 4. As duas vigas secundárias são espaçadas de 2,6 m. O aço estrutural tem fy = 345
MPa e o concreto tem fck=30 MPa. A laje piso tem altura total de 140 mm e usa uma forma
steel deck de 0,8 mm de espessura. A armadura de fissuração é formada por uma malha Q159
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de aço CA60B. Empregam-se 3,33 conectores por metro com diâmetro igual a 19 mm e fu=350
MPa adotando-se a hipótese de interação parcial.
A flecha limite pela norma BS 476 Part 20 é 7400mm/20 = 370 mm no nó central do painel,
admitindo-se também o limite atenuado de 7400mm/15=493 mm. A carga de colapso em
incêndio foi determinada pela análise no VULCAN igual a 14,5 kN/m 2 correspondente a um
deslocamento ao final do TRRF de 370,2 mm. Nesse caso, aplicam-se cargas que
correspondem a 28%, 36% e 44% (vide seção 3) da carga de colapso em incêndio,
respectivamente iguais a 4,06 kN/m2, 5,22 kN/m2 e 6,38 kN/m2. A Figura 5 mostra os históricos
de deslocamentos obtidos no TRRF de 90 minutos, considerando as duas hipóteses VSP e
VSS descritas na seção 3.
Observa-se que o piso B apresenta a resistência ao fogo exigida, atendendo o critério da flecha
limite igual a L/15, em todas as hipóteses de carga. O critério mais restritivo L/20 não é
atendido por VSP e nem por VSS nas hipóteses de carga mais elevadas 0,36q ci e 0,44qci. Na
hipótese de carga de 0,28qci, o TRF da edificação é de 75min na proteção tipo VSS e de 87min
na proteção do tipo VSP.
6. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
As análises de pisos mistos realizadas pelo VULCAN permitem avaliar a atenuação do requisito
de resistência ao fogo segundo a IT-08/11 [2] do CBPMESP, comparando-a com a dispensa da
proteção passiva de vigas secundárias que tem por base a norma BS EN 1992-1-2:2002 [4].
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Nesse trabalho, a análise do piso A, extraído de uma estrutura real, permite concluir que a
dispensa de proteção passiva nas vigas secundárias é inteiramente viável em todas as três
hipóteses de combinação de cargas em incêndio consideradas nessa pesquisa.
Como os pisos extraídos de estruturas reais têm como viés importante os critérios próprios de
cada calculista, propôs-se uma metodologia de determinação de uma "carga de colapso em
incêndio" que corresponde à carga capaz de levar o piso à deflexão máxima igual a L/20 no
final do TRRF. Esta carga é determinada por análises tentativas no VULCAN. A partir de
relações hipotéticas da carga permanente e da carga acidental à temperatura ambiente para a
carga de colapso em incêndio, determinaram-se três hipóteses de carga iguais a 0,28qci,
0,36qci e 0,44qci sendo qci a carga de colapso em incêndio conforme a definição desse trabalho.
Essas cargas são naturalmente mais elevadas que as combinações propostas pelo item 6.3.1
da NBR 14323:2013 [5]. O piso B, que também é extraído de uma estrutura real, analisado sob
essas três combinações de carga, resultou no cumprimento do critério L/15 nos três casos.
As duas situações analisadas indicam que, de fato, a dispensa da proteção nas vigas
secundárias é equivalente ao critério do item A.2.5 da IT-08/11 [2]. Entretanto, esses resultados
também mostram que a dispensa de proteção passiva das vigas secundárias resulta em um
comportamento mais dúctil do piso comparado ao que se observa quando as vigas secundárias
têm proteção atenuada para 60min. Há indicações de que, para TRRF > 90, nas situações em
que as secundárias devam ter 60min de resistência ao fogo, se obtenha menor TRF do piso
que quando se dispensa completamente as secundárias do requisito de proteção passiva. Para
demonstrar isto, fez-se a análise do Piso A com carga correspondente à segunda combinação
adotada, utilizando um TRRF de 120min e supondo os dois casos VSP e VSS descritos antes.
A Figura 6 mostra o histórico de deslocamentos obtidos. Como se observa, a hipótese de vigas
secundárias sem proteção resulta em deslocamentos menores que a hipótese de vigas
protegidas com 60min no caso de TRRF=120 min nesse piso. Mas, ambas resultam no
atendimento do critério de estabilidade do painel para os limites de L/15 (567 mm) e L/20 (425
mm). O efeito benéfico da ductilidade do painel em incêndio merece maior investigação futura.
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5. REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
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Grande - Florianópolis-SC Brasil - Caixa Postal 476 CEP: 88040900. E-mail: carolinacrosa@gmail.com
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Na madeira, a pirólise tem o seu início em temperaturas próximas de 200 ºC [5]. Até essa
temperatura, ocorrem fenômenos como a liberação de vapores de água e gases, que podem
afetar as propriedades mecânicas desse material.
A madeira é um material que apresenta anisotropia e, por isso, podem existir diferenças nas
propriedades mecânicas da madeira de acordo com a direção da solicitação [6]. Porém, em
algumas pesquisas, foi verificado que não há diferença significativa na capacidade de
arrancamento de parafusos, quando se consideram as faces tangencial e radial [7-9].
Entretanto, é necessário prudência quanto à generalização dessa informação para todas as
espécies de madeira.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Materiais
Neste trabalho, a espécie de madeira utilizada foi a de Pinus elliottii, proveniente de florestas
plantadas do estado de Santa Catarina e extraídas de lotes homogêneos, conforme
especificado pela norma brasileira NBR 7190: 1997 [1]. Os parafusos autoatarraxantes usados
para a confecção dos corpos de prova apresentavam 7 mm de diâmetro e 100 mm de
comprimento e possuiam rosca ao longo de todo o comprimento. O momento de plastificação
característico do parafuso, fornecido pelo fabricante, era de 14 N.m.
Para esta pesquisa foram usadas duas amostras: uma para a avaliação da influência da
direção anatômica da madeira e outra para a avaliação da temperatura na capacidade de
arrancamento dos parafusos autoatarraxantes. Elas são apresentadas a seguir.
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Os ensaios de arrancamento foram realizados em duas etapas. A primeira etapa consistiu nos
ensaios para a avaliação da influência das direções anatômicas nas capacidades de
arrancamento com os parafusos aplicados nas direções radial e tangencial, enquanto que; a
segunda etapa consistiu nos ensaios para a avaliação da influência da temperatura na
capacidade de arrancamento. Eles foram realizados em 90 30 s, conforme especificado na
norma NF EN 1382:1999 [11], sendo e a velocidade de deslocamento da travessa igual a 2
mm/min. Os testes foram considerados finalizados quando ocorria a redução no valor da carga
devido à ruptura.
Os ensaios para avaliar a influência das direções anatômicas foram realizados em uma
máquina universal Kratos com uma célula de carga de 200 kN (Figura 2) à temperatura
ambiente de 20 ºC e umidade relativa do ar de 65%.
Os ensaios para avaliar a influência da temperatura foram realizados no interior de uma câmara
térmica acoplada a uma máquina universal Kratos, com uma célula de carga de 200 kN. As
temperaturas dos ensaios foram 20 C (temperatura de referência), 180 e 200 C. Os corpos de
prova foram, inicialmente, pré-aquecidos em um forno elétrico, por 240 min e, levados à
câmara térmica aquecida na mesma temperatura do forno elétrico, para a realização do ensaio
mecânico.
200
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Nesta pesquisa foram usados os testes estatísticos Anderson-Darling, Bartlett, ANOVA e teste t
de Student, todos com 5% de significância [10]. O teste Anderson-Darling foi usado para
verificar a normalidade dos grupos, das massas específicas e das capacidades de
arrancamento, de todas as amostras. O teste de Bartlett foi usado para verificar a
homogeneidade das variâncias entre os grupos, das nassas específicas e das capacidades de
arrancamento, de cada amostra. O teste ANOVA foi usado para verificar a igualdade das
massas específicas e das capacidade de arrancamento médias de cada grupo, Quando a
hipótese de igualdade das variâncias das capacidades de arrancamento era rejeitada, a
hipótese de igualdade das médias era verificada por meio do teste t de Student.
Após a finalização de cada ensaio, o teor de umidade de cada corpo de prova foi determinado,
seguindo os mesmos procedimentos especificados na NBR 7190: 1997 [1]. Os parafusos foram
retirados e os corpos de prova pesados em balança de precisão, para a obtenção da massa
antes da secagem. Uma estufa, regulada na temperatura de 103 2 C, foi utilizada para a
secagem dos corpos de prova. O processo foi finalizado quando, em duas pesagens
consecutivas, obteve-se diferença menor ou igual a 0,5%, determinando, portanto, a chamada
massa seca. Os teores de umidade foram calculados a partir da equação 1.
m2 m1
U .100, (1)
m1
sendo:
U : teor de umidade (%);
m1: massa antes da secagem (g);
m2: massa seca (g);
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção são apresentados os resultados das capacidades de arrancamento dos parafusos
autoatarraxantes nas direções tangencial e radial, dos teores de umidade dos corpos de prova
do ensaios de influência da temperatura, no instante de realização dos ensaios, e das
capacidades de arrancamento dos parafusos autoatarraxantes sob ação das temperaturas.
201
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202
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0%, após os 240 min de aquecimento. Este resultado era esperado e confirmado pela literatura
[12,13].
De acordo com Bodig e Jayne [14], os efeitos da temperatura e da umidade na madeira não
são facilmente separáveis. Segundo estes autores, em geral, a resistência mecânica tende a
aumentar com a redução da umidade até o teor de umidade de 5%, devido o surgimento de
micro falhas nas células durante a secagem da madeira.
203
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204
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4. CONCLUSÃO
Nesta pesquisa, foi avaliada a influência de dois fatores nas capacidades de arrancamento dos
parafusos autoatarraxantes em corpos de prova de Pinus elliottii. O primeiro fator foi em
relação as direções anatômicas radial e tangencial e o segundo foi sobre a temperatura de pré-
pirolise. A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que:
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
[1] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira.
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, 1997.
[2] Gehri, E. Light trusses with screwed joints. In: Proceedings of the International RILEM
Symposium, Stuttgart, Germany, p. 143-152, 2001.
[3] Pirnbacher, G.; Schickhofer, G. Load bearing and optimization potential of self-tapping
wood screws. In: World Conference on Timber Engineering (WCTE), 2010.
[4] Frangi, A.; Knobloch, M.; Fontana, M. Fire design of timber-concrete composite slabs with
screwed connections. Journal of Structural Engineering, p. 219-228, 2010.
[5] Buchanan, A. Structural design for fire safety. Wiley, 2001.
[6] Wainright, S. et. al. Mechanical design in organisms, Princeton University Press,
Princeton, New Jersey, 1982.
[7] Hansen, K. Mechanical properties of self-tapping screws and nails in wood. Canadian
Journal of Civil Engineering, Canada, p. 725-733, 2002.
205
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[8] Celebi, G. Kilic, M. Nail and screw withdrawal strength of laminated veneer lumber made
up hardwood and softwood layers. Construction and Building Materials. Elsevier, 2007.
[9] Branco, J.; Sousa, H.; Lourenço, P. Experimental analysis of Marine pine and Iroko single
shear dowel-type connections. Construction and Building Materials. Elsevier, 2016.
[10] Montgomery, D.; Runger, G. Applied statistics and probability for engineers. 3ª edição.
New York, Wiley, 2003.
[11] European Standard Eurocode. NF EN 1382: Timber structures – Test methods -
Withdrawal capacity of timber fasteners. Brussels, Belgium, AFNOR, 1999.
[12] Moraes, P. Influence de la Temperature sur les Assemblages Bois. These pour l’obtention
du titre de docteur de l’Université Henri Poincaré, Nancy 1. Nancy, France, 2003.
[13] Manríquez, M. Coeficiente de modificação das propriedades mecânicas da madeira
devidos à temperatura. Tese de doutorado. Programa de Pós-graduação em Engenharia
Civil. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 2012,
259 p.
[14] Bodig, J.; Jayne, B. Mechanics of wood and wood composites. Krieger Publishing. Nova
York, 1993. 712 p.
[15] European Standard. Eurocode 5: Design of timber structures. Part 1-2: General rules-
Structural fire design. European Committee for standardization, Brussels, Belgium, 2004.
206
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1. INTRODUÇÃO
A utilização de pilares mistos formados por perfis tubulares de aço preenchidos com concreto
vem crescendo muito recentemente. Isso se deve a diversas vantagens que eles apresentam,
entre elas, a dispensa de fôrmas e o alcance de uma maior força axial resistente, o que
possibilita o uso de seções transversais menores, aumentando o espaço livre na edificação e
reduzindo as despesas de manutenção. Nesse tipo de pilar, cada material funciona de forma
otimizada, enquanto o tubo de aço tem excelentes propriedades estruturais e proporciona
confinamento ideal para o concreto, o núcleo de concreto aumenta a capacidade resistente do
pilar e impede a flambagem local na seção de aço. Observa-se também uma maior resistência
ao fogo sem o uso de sistemas de proteção externa, proporcionando uma condição estetica
mais limpa e agradável. Por conseguinte, um pilar, formado por um perfil de aço tubular
*
Autor correspondente – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais. Avenida
Antônio Carlos, 6625, EE, Bloco 1 - 4o andar, sala 4215, Pampulha. CEP 31270-901 - Belo Horizonte - MG - Brasil. Tel.: +55 31 99278 1486 - email:
alinecamargo@dees.ufmg.br
207
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preenchido com concreto, quando bem concebido conduz a uma boa solução econômica,
construtiva e arquitetônica.
Existem várias pesquisas sobre o comportamento de pilares mistos formados por perfis
tubulares de aço preenchidos com concreto em situação de incêndio, entre as quais se
destacam os ensaios realizados pelo Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá (NRCC) em
conjunto com o Instituto Americano de Ferro e Aço (AISI) [1], que investigaram a influência do
tipo e das dimensões da seção transversal, da espessura da parede do tubo de aço, da
resistência do concreto, do tipo de agregado e do nível de carregamento. Destacam-se
também os ensaios realizados por Han et al. (2003) [2] com pilares protegidos e sem proteção
externa, os quais tinham como parâmetros as dimensões de seção transversal, a espessura da
parede de aço e a excentricidade. E ainda os ensaios apresentados por Romero et al. (2011)
[3], relacionados a pilares esbeltos com variação no nível de carregamento e no tipo de
concreto de preenchimento. Além dos ensaios podem ser destacadas as pesquisas numéricas,
como as apresentadas por Hong e Varma (2009) [4] e Espinos et al. (2010) [5]. Merece
relevância o trabalho de Pires et al. (2012) [6], no qual se apresenta um estudo experimental e
numérico onde foram considerados os efeitos da restrição ao alongamento térmico. A restrição
é causada pela estrutura circundante do edifício e desempenha um papel fundamental na
estabilidade do pilar em caso de incêndio, uma vez que induz diferentes formas de interação
entre o pilar aquecido e a estrutura adjacente fria. O aumento da rigidez da estrutura
circundante ao pilar sujeito ao incêndio aumenta, não só a restrição axial, mas também a de
rotação, resultando que a primeira reduz o tempo crítico e também a temperatura crítica dos
pilares e a segunda aumenta [7,8].
208
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco, Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
com concreto, ensaiados recentemente. Os pilares mistos de duplo-tubo são compostos por
dois tubos de aço, um externo e outro interno, tendo este último aproximadamente a metade do
diâmetro do tubo externo, ambos preenchidos com concreto [10]. Sendo assim, o núcleo de
concreto e o tubo interno, por ficarem com temperaturas mais baixas sob incêndio, podem
manter sua capacidade resistente.
As vigas do pórtico são formadas por perfis HEB300, de aço tipo S355. As ligações entre os
elementos estruturais foram realizadas com quatro parafusos M24, classe 8.8, exceto as
ligações entre os pilares e vigas superiores, onde foram usadas hastes de aço rosqueadas
M27, classe 8.8. Diferentes posições dos furos nas mesas das vigas do pórtico permitem a
montagem dos pilares em várias posições, resultando em valores diversos de rigidez da
estrutura envolvente (Fig.1b). Durante os ensaios, aplicou-se uma carga de compressão axial
constante para simular a carga de serviço. Para isso, foi utilizado um macaco hidráulico com
capacidade total de 3 MN que era controlado por uma célula de carga, colocada entre a viga
superior do pórtico de restrição tridimensional e a cabeça do pistão. O macaco hidráulico foi
fixado num pórtico de reação bidimensional composto por dois pilares HEB500 e uma viga
HEB600, fabricados com aço S355, equipados com parafusos M24 classe 8.8. O quadro de
reação também tem um sistema de segurança para evitar danos à instalação experimental no
caso de colapso repentino do pilar.
A ação térmica foi aplicada por um forno elétrico modular composto por dois módulos de
1,5 m x 1,5 m x 1,0 m e um módulo de 1,5 m x 1,5 m x 0,5 m, colocados um sobre o outro,
formando assim uma câmara de 2,5 m de altura em torno do pilar.
Um dispositivo especial foi construído para medir as forças de restrição geradas nos pilares
durante os enasios de resistência ao fogo (Fig.1c). Ele é constituído por um cilindro oco e rígido
de aço de alta resistência, rigidamente ligado às vigas superiores do pórtico de restrição
tridimensional, no qual foi inserido um cilindro de aço maciço, rigidamente ligado no topo do
209
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pilar a ser ensaiado. A superfície lateral do cilindro maciço é revestida por Teflon (PTFE)
alinhado para evitar o atrito com o cilindro oco externo. As forças de restrição foram medidas
por uma célula de carga de 3MN, colocada dentro do cilindro de aço oco, que foi comprimido
pelo cilindro de aço maciço devido ao alongamento térmico do pilar durante o ensaio de
resistência ao fogo. Mais detalhes sobre a configuração dos ensaios podem ser encontrados
nas referências [6-9].
K1=13kN/mm K2=128kN/mm
b)
c)
Figura 1: a) Forno; b) variação da rigidez na estrutura circundante; c) equipamento para medir
as forças de restrição.
Entre os pilares ensaiados, seis pilares com três diferentes seções transversais foram
comparados, dois preenchidos com concreto simples, dois preenchidos com concreto armado e
dois pilares de duplo-tubo peenchidos com concreto (Fig. 2). Todos os pilares ensaiados
possuíam seção tubular de aço S355, com diâmetro externo de 219,1 mm e espessura de
parede de 6 mm para os pilares preenchidos com concreto simples e concreto armado e 8 mm
para os pilares de duplo-tubo. Nestes últimos, o tubo interno possuia diâmetro de 101,6 mm e
espessura de parede de 6 mm. Todos os pilares tinham 3 m de altura, mas apenas 2,5 m da
altura eram expostos diretamente ao aquecimento do forno.
210
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Os pilares mistos preenchidos com concreto simples e com concreto armado (Fig.2 a e b),
foram preenchidos com concreto classe C25/30, com resistência à compressão aos 28 dias de
33,2 MPa. Os pilares preenchidos com concreto armado foram reforçados com 6 barras de aço
A500, com 12mm de diâmetro. A distância do eixo central da barra longitudinal à superfície
interna da parede do tubo era de 30 mm. Foram utilizados estribos com 6 mm de diâmetro
espaçados de 200 mm. Os pilares de duplo-tudo foram preenchidos com concreto usinado
Betão Liz C30/37. S3XC2(P)D16.C10,4. Porém a resistência almejada C30/37 não foi
alcançada, e o concreto atingiu uma resistência média à compressão aos 28 dias de apenas
28,5 MPa.
a) b) c)
Figura 2: Seções: a) Pilar misto preenchido com concreto simples, b) pilar misto preenchido
com concreto armado c) pilar misto de duplo-tubo.
Os valores do carregamento aplicado aos pilares foram 30% do valor da força resistente de
cálculo à temperatura ambiente (Nb,Rd) calculado de acordo com EN1994-1-1 [11]. O nível de
carregamento em pilares mistos de seção tubular de aço preenchidos com concreto, em
estruturas reais geralmente está entre 30% e 50% do valor de projeto de sua força resistente
em temperatura ambiente, considerando o fogo como uma ação acidental como especificado
nas normas [12]. Nos ensaios, foram utilizados dois valores de rigidez da estrutura circundante,
correspondendo a rigidez axial de 13kN / mm e rigidez de rotação de 4091 e 1992kN m / rad
nas direções X1 e X2, respectivamente (rigidez 1) e 128kN / mm de rigidez axial e 5079 e 2536
kN m / rad de rigidez rotacional nas direções X1 e X2, respectivamente, (rigidez 2). Os pilares
P1 a P4 fazem parte do estudo realizado previamente por Pires (2013). Os pilares P5 e P6
fazem parte de um estudo em andamento na Universidade de Coimbra (UC) e Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG).
211
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3.1 Temperaturas
Nos pilares com concreto armado, P3 e P4, a temperatura nas armaduras (T5), não chegou a
atingir 400oC, portanto, o aço manteve a sua resistência mesmo após 40 minutos de ensaio
(Fig. 4). Para os pilares de duplo-tubo, as temperaturas no tubo interno (T3), se mantiveram
próximas aos 100oC, preservando assim todas as propriedades do aço, mesmo com 30 ou 40
minutos de ensaio (Fig.5).
212
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco, Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
1000 1000
900 900
800 800
Temperature (°C)
Temperature (°C)
700 700
600 600
500 ISO834 500 ISO834
Failure
400 400
Failure
Furnace Furnace
300 300
200 S3T1 200 S3T1
100 S3T2 100 S3T2
0 0 S3T3
S3T3
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 S3T4
S3T4
Time (min) S3T5 Time (min) S3T5
P1 P2
Figura 3 - Distribuição das temperaturas na seção média dos pilares P1 e P2
1000
900
800
Temperature (°C)
700
600
Failure
500 ISO834
400 Furnace
300
200 S3T1
100 S3T2
0 S3T3
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 S3T4
Time (min) S3T5
P3 P4
Figura 4 - Distribuição das temperaturas na seção média dos pilares P3 e P4
1000 1000
900 900
800 800
Temperature (°C)
Temperature (°C)
700 700
600 600
Failure
500 500
400 400
ISO834
Failure
P5 P6
Figura 5 - Distribuição das temperaturas na seção média dos pilares P5 e P6
213
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Recife, Pernambuco, Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
(Fig. 6-b). Enquanto para os pilares submetidos a uma rigidez mais baixa (P1, P3 e P5), as
forças de restrição ficam em torno de 20%, para os pilares submetidos à ridez mais elevada
(P2, P4 e P6) elas chegam a 80% da carga inicial aplicada.
O comportamento dos pilares tubulares mistos preenchidos com concreto armado (P3 e P4) foi
muito semelhante ao comportamento dos pilares mistos de duplo-tubo (P5 e P6),
principalmente quando submetidos a valores mais baixos de rigidez (Fig. 6-a). Já para os
pilares tubulares preenchidos com concreto simples observa-se uma queda mais acentuada
das forças de restrição após atingirem seus valores máximos.
1,80 1,80
1,60 1,60
1,40 1,40
P/P 0
P/P 0
1,20 P1 1,20 P2
1,00 P3 1,00 P4
0,80 P5 P6
0,80
0,60 0,60
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min) Tempo (min)
a) b)
Figura 6 - Forças de restrição para rigidez da estrutura circundante de13 kN/mm (a) e
128 kN/mm (b).
As deformações axiais dos pilares em função do tempo são apresentadas na figura 7. Elas se
desenvolveram de forma muito semelhante às forças de restrição. Os resultados indicam que a
rigidez da estrutura circundante influencia o desenvolvimento das deformações axiais. Em
geral, um aumento nesse parâmetro significa uma redução nas deformações (Pires, 2013).
15,0 15,0
Deformação axial (mm)
10,0 10,0
5,0 5,0
0,0 P1 0,0 P2
-5,0 P3 -5,0 P4
-10,0 P5 P6
-10,0
-15,0 -15,0
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min) Tempo (min)
a) b)
Figura 7 - Deformações axiais para rigidez da estrutura circundante de13 kN/mm (a) e
128 kN/mm (b).
214
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Os pilares com duplo-tubo (P5 e P6) apresentaram deformações menores comparadas aos
outros pilares, cerca de metade da deformação registrada para os pilares preenchidos com
concreto simples (P1 e P2) e concreto armado (P3 e P4). Assim como ocorreu com as forças
de restrição, os pilares preenchidos com concreto simple (P1 e P2) se contraíram mais
abruptamente após atingirem o alongamento máximo.
Os ensaios realizados não foram ensaios padrão de resistência ao fogo, portanto foi mais
apropriado usar o conceito do tempo crítico em vez da resistência do fogo [14]. Tempo crítico
está aqui definido como o instante em que as forças de restrição retornam ao valor da carga
inicial aplicada, após terem atingido um valor máximo devido ao alongamento térmico
restringido do pilar e, em seguida, diminuindo devido à degradação das propriedades
mecânicas do aço e do concreto à medida que a temperatura aumenta (Pires, 2013).
4. CONCLUSÕES
A partir dos resultados, pode se concluir que os pilares tubulares mistos preenchidos com
concreto armado e os pilares mistos de duplo-tubo têm um comportamento muito semelhante
em termos de tempos críticos (resistência ao fogo), e ambos apresentam um ganho substancial
em relação aos pilares mistos preenchidos com concreto simples, no mínimo 30%. Além disso,
uma maior rigidez da estrutura envolvente leva a maiores forças de restrição, redução das
deformações axiais dos pilares e também a tempos críticos mais baixos, porém essa diferença
não é significativa.
215
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Recife, Pernambuco, Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Research Fund for Coal and Steel (RFCS), da União Europeia, pelo
suporte através do Projeto de Pesquisa FRISCC (RFSR-CT-2012-00025).
6. REFERÊNCIAS
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
1. INTRODUCCIÓN
Por tanto, el objetivo central del presente trabajo es evaluar el comportamiento termo-
estructural de las vigas compuestas de acero y hormigón con losa maciza en situación de
incendio y proponer o perfeccionar métodos de diseño simplificados para las conexiones y las
*
Autor para la correspondencia. Av. Prof. Almeida Prado – TRAV. 2, 83 – 05508-900 – São Paulo – SP – BRASIL. TEL.: 55 11 3091-5246 /
217
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2. ANTECEDENTES
A partir de la revisión del estado del conocimiento en el ámbito se aprecian como principales
regularidades y tendencias las siguientes:
Para realizar el análisis térmico se utiliza el módulo térmico Super Tempcalc [8] del programa
Temperature Calculation and Design (TCD) desarrollado por FSD (Fire Safety Design, Suecia).
La geometría del espécimen push-out de Kruppa y Zhao [3] ofrece la base para realizar la
modelación térmica bidimensional del ensayo push-out de conexiones tipo perno para un
dominio coincidente con la sección transversal en el plano medio de los conectores. Se incluye
cuando procede el revestimiento contra incendio mediante la solución tipo contorno.
218
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Los parámetros físicos y térmicos de los materiales fueron asumidos según las
recomendaciones del EN 1994-1-2: 2005 [7]. En el acero, la conductividad térmica y el calor
específico se consideraron como propiedades dependientes de la temperatura y para la
densidad se estableció un valor de independiente de la temperatura igual a 7850 kg/m 3 según
lo recomendado por el propio código. La conductividad térmica del hormigón de peso normal,
de acuerdo con el EN 1994-1-2: 2005 [7], es también una propiedad dependiente de la
temperatura y debe determinarse entre el límite superior y el límite inferior definidos en ese
código [7, 9, 10].
Se consideró apropiado evaluar la sensibilidad de las temperaturas al uso de uno u otro límite,
dado que la sección transversal de los especímenes push-out no coincide exactamente con las
utilizadas por Schleich [10] en la definición del límite superior. Por otra parte, el calor específico
del hormigón de peso normal fue incluido como una propiedad dependiente de la temperatura,
en tanto la densidad se toma como un valor independiente de la temperatura en el intervalo
entre 2300-2400 kg/m3.
En cuanto a la definición de las acciones térmicas, en la superficie expuesta, los flujos de calor
por convección y radiación proceden de los gases calientes del ambiente en llamas cuyo
calentamiento fue modelado por medio de la curva ISO 834 [11]. En la concepción de la
modelación desarrollada, se asume el valor del coeficiente de convección (c) igual a 25
W/(m2.K) y la emisividad resultante (r) igual a 0,7, según lo definido en el EN 1991-1-2: 2002
[12] y el EN 1994-1-2: 2005 [7] para la curva de fuego estándar ISO 834 [11].
4. CONEXIONES
219
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
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Para vigas sin revestimiento las relaciones de temperatura propuestas se corresponden con el
intervalo de tiempo de exposición al fuego 0-30 minutos, debido a que, el rango de trabajo en
situación de incendio de las mismas no excede ese entorno. Para vigas con revestimiento las
relaciones de temperatura se determinaron en los rangos de 0-30, 0-60, 0-90 y 0-120 minutos.
A los efectos de simplificar los resultados, se realizó un análisis de sensibilidad del impacto de
los resultados en la resistencia de la conexión que condujo a la propuesta final de relaciones de
temperatura. Se adoptan los valores correspondientes al rango de 0-120 minutos, resultado
que queda del lado de la seguridad respecto a los rangos menores de exposición al fuego.
Para validar los resultados alcanzados se utilizó el mismo planteamiento del método de cálculo
simplificado del EN 1994-1-2: 2005 [7], pero se determinaron los factores de reducción de la
resistencia de los materiales (kc,θ y ku,θ), a partir de temperaturas en el hormigón y el acero de la
conexión, calculados por los porcientos de temperaturas propuestos en la tabla 1. Los valores
de la resistencia de la conexión en situación de incendio obtenidos (Pfi,Rd) se comparan con
resultados experimentales y se demuestra que existe un buen ajuste entre los resultados del
220
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método propuesto, especialmente de la rama que caracteriza al fallo del conector, con los
resultados experimentales considerados (ver figura 2).
Los valores del diámetro del conector (d), de la resistencia característica a tracción del acero
(fu) y de la resistencia a compresión del hormigón (f´ c), mostrados en la figura 2, se
corresponden con los valores de la experimentación analizada. Cuando se modela con las
condiciones experimentales de Kruppa y Zhao [3], los porcientos obtenidos son aproximados a
los derivados del experimento y adoptados por el EN 1994-1-2: 2005 [7], lo que valida los
criterios seguidos en la modelación térmica.
221
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(a) (b)
Figura 3: Predicción de la resistencia a elevadas temperaturas. (a) Vigas sin revestimiento, (b)
Vigas revestidas con espesor de 25 mm.
4.1 Método gráfico alternativo para determinar la resistencia de la conexión tipo perno
en situación de incendio
Para la confección del método gráfico simplificado se parte de los diseños de experimentos
realizados para vigas sin revestimiento contra incendio y para vigas revestidas. Para vigas sin
revestimiento los factores evaluados son: altura del conector, el diámetro del conector, la
resistencia del acero del conector y la resistencia a compresión del hormigón. Para vigas con
revestimiento se incluyen además la conductividad y el espesor del material de revestimiento
contra incendio.
Para todas las variantes analizadas se determina la relación (Pfi,Rd/PRd) y se agrupan las
combinaciones que ofrecen resultados similares (Tabla 2), de manera que, una vez conocida la
resistencia a temperatura ambiente de la conexión (P Rd), solamente es necesario multiplicar
este valor por la relación obtenida en el gráfico para conocer su resistencia a elevadas
temperaturas (Pfi,Rd). En la figura 4 se puede observar el gráfico para determinar la resistencia
de la conexión tipo perno a elevadas temperaturas en vigas compuestas sin revestimiento
contra incendio.
Tabla 2: Características de los grupos para vigas compuestas sin revestimiento contra incendio.
Grupo d (mm) fu (MPa) f’c (MPa) hsc(mm)
1 16, 19, 22 415 30 y 40 100
16, 19, 22 500 40 100
16 415 40 50
2 16 500 40, 30 y 20 50
16 415 30 y 20 50
3 16, 19, 22 500 30 100
4 16, 19, 22 415 y 500 20 100
222
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El análisis térmico del ensayo push-out a elevadas temperaturas de la conexión tipo canal,
tiene como referencia los criterios relativos a la conexión tipo perno. Se fundamentan las
relaciones que permiten obtener las temperaturas en la conexión, en un conjunto de
situaciones de diseño representativas de la práctica constructiva internacional y con validez
tanto para vigas sin revestimiento contra incendio como para vigas revestidas.
La tabla 2 muestra los resultados de las relaciones definitivas propuestas para determinar la
temperatura en la conexión tipo canal, expresadas en porcentajes.
Tabla 2: Porcientos para determinar la temperatura en la conexión tipo canal en vigas sin
revestimiento contra incendio.
Vigas sin revestimiento Vigas con revestimiento
Altura del Para Altura del Ancho del Para determinar la temperatura
conector determinar la conector conector en el hormigón θc/θf (%)
(mm) temperatura en (mm) (mm) Espesor Espesor Espesor
el hormigón de 10 de 25 de 40
θc/θf (%) mm mm mm
76,2 55 76,2 50 50 70 80
101,6 50 100 100 75 80
127 45 150 150 80 85
101,6 y 50 65 70 75
127 100 70 75 80
150 75 80 85
En el conector canal los porcientos obtenidos son mayores y en vigas con revestimiento
dependen, además, del ancho del conector. Esto se debe a que el ancho del conector canal
provoca que se manifieste en mayor medida el efecto sumidero (los conectores absorben calor
y provocan la reducción de la temperatura promedio del ala del perfil) por lo que las
temperaturas en el hormigón son más cercanas a las del ala del perfil. Por último, se
confecciona el método gráfico alternativo para el diseño de conexiones tipo canal en situación
223
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Los métodos (simplificado y gráfico alternativo) propuestos para el diseño de la conexión tipo
canal a elevadas temperaturas, permiten hacer valoraciones preliminares del comportamiento
termo-estructural de la conexión tipo canal, a ser consideradas en futuros programas
experimentales.
5.1 Procedimientos para la elaboración del método gráfico alternativo para el diseño de
vigas sin revestimiento contra incendio
A los efectos de obtener los gráficos o ayudas de diseño del método gráfico alternativo se
siguieron los siguientes pasos:
b) Bajo los criterios del ítem anterior y para una selección de 32 perfiles W, se realizó el
análisis térmico de las secciones transversales por medio del programa Super Tempcalc.
224
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5.2 Método gráfico alternativo para el diseño de vigas con revestimiento contra incendio
En vigas con revestimientos contra incendio la información que es necesaria generar para la
obtención de los gráficos, debe considerar las 9 combinaciones antes citadas para los 32
perfiles seleccionados, lo que implica la realización de 288 modelos térmicos. Debido a esto, en
el caso de las secciones con vigas revestidas es conveniente utilizar datos combinados de
origen numérico (Super Tempcalc + SCBEAM) y los provenientes de predicciones con
inteligencia artificial (IA), con vistas a facilitar el proceso de la investigación.
Se parte de realizar un estudio en vigas sin revestimiento contra incendio, en las que se
conocen todas las respuestas, con el objetivo de seleccionar la combinación de técnicas de
inteligencia artificial con mejores resultados en la predicción y determinar hasta qué punto
puede disminuirse el conjunto de entrenamiento sin afectar la efectividad de la predicción. Los
resultados del estudio realizado en vigas sin revestimiento se tomaron en cuenta en el proceso
para la construcción de los gráficos de μ y ʋ en función del TRF en vigas con revestimiento
contra incendio.
6. CONCLUSIONES
Los métodos gráficos desarrollados para el diseño de las conexiones tipo perno y tipo canal en
situación de incendio, constituyen una alternativa que permite obtener de forma directa y rápida
la resistencia a elevadas temperaturas de las conexiones, para un TRF dado, en función de su
resistencia a temperatura ambiente, y tienen como valor adicional la determinación de las
temperaturas por métodos avanzados.
225
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7. AGRADECIMENTOS
8. REFERENCIAS
[1] Larrúa R., Silva V. P. - Modelación térmica del ensayo de conexiones acero-hormigón a
elevadas temperaturas. Rev. Téc. Ing. Univ. Zulia, vol. 36, no. 3, 2013, p. 1-9.
[2] Larrúa R., Silva V.P. - Thermal analysis of push-out tests at elevated temperatures. Fire
Safety Journal, vol. 55, 2013, p. 1-14.
[3] Kruppa, J., Zhao B. - Fire resistance of composite slabs with profiled steel sheet and
composite steel concrete beams. Part 2: Composite Beams. ECSC Agreement n° 7210 SA
509, 1995.
[4] Satoshi, S. et al. - Experimental study on shear strength of headed stud shear connectors
at high temperature, J. Struct. Constr. Eng, vol. 73 no. 630, 2008, p. 1417-1433.
[5] Chen. L, et al. - An experimental study on the behaviour and design of shear connectors
embedded in solid slabs at elevated temperatures, Journal of Constructional Steel
Research, vol. 106, 2015, p. 57-66.
[6] Choi S.K, et al. - Performance of shear studs in fire. Application of structural fire
engineering. En International Conference Applications of Structural Fire Engineering,
Prague, 2009, p. 490-495.
[7] European Committee for Standardization. Eurocode 4: (EN 1994-1-2): Design of
composite steel and concrete structures - Part 1.2: General rules, structural fire design.
Brussels: CEN, 2005.
[8] Anderberg, Y. - SUPER-TEMPCALC. A commercial and user friendly computer program
with automatic FEM-generation for temperature analysis of structures exposed to heat.
Fire Safety Design, Lund, 1991.
[9] Anderberg, Y. - Background documentation for thermal conductivity of concrete. En BDA
3.1. CEN/TC250/SC2 (CEN/TC 250/SC 2/PT 1-2 Doc N 150), 2001, p. 10.
[10] Schleich, J. B. - Properties of the materials. En: Implementation of Eurocodes. Design of
buildings for the fire situation. Handbook 5. KICTU/CKAIT/RWTH/IET/UOP/TNO/IMK/BRE.
Leonardo da Vinci Pilot Project CZ/02/B/F/PP-134007. Luxemburgo, vol.1-2, 2005.
[11] International Organization for Standardization (1990). ISO 834: Fire-Resistance Tests.
Elements of building construction, Part 1.1: General requirements for fire resistance
testing. Geneva: International Organization for Standardization. (Revision of edition ISO
834:1975).
[12] European Committee for Standardization. Eurocode 1 (EN 1991-1-2): Actions on
structures - part 1.2: General actions - Actions on structures exposed to fire. Brussels:
CEN, 2002.
[13] Pardo, Y. L. Comportamiento termo-estructural y diseño de vigas compuestas de acero y
hormigón en situación de incêndio. Tesis presentada en opción al grado científico de
Doctor en Ciencias Técnicas. Universidad Central “Marta Abreu” de Las Villas. Santa
Clara, Cuba. 2016.
226
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1. INTRODUÇÃO
O objetivo desta pesquisa é avaliar a influência da relação base e altura (b/h) nos critérios de
falha das equações de estado limite para um pilar de madeira em situação de incêndio e definir
as variáveis aleatórias de maior influência na análise de confiabilidade desse elemento
__________________________
Autor correspondente – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Centro de Tecnologia, Universidade Federal de Santa Catarina. Rua Jjoão Pio
Duarte, s/n, Córrego Grande. Caixa Postal: 476 CEP: 88040900 – Florianópolis - RS - Brasil. Tel.: +55 48 3721 9370. e-mail: auro.marcolan@yahoo.com.br
227
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estrutural. Para isso, são apresentadas equações de estado limite, deduzidas a partir do
método simplificado da seção reduzida, e considerando-se a compressão, a flexo-compressão
e a estabilidade, conforme os critérios da norma NBR 7190:1997 [2]. Adicionalmente, será
realizado um estudo de caso de pilar submetido a carregamento vertical concentrado e lateral
uniformemente distribuído, baseadas na norma e no método da seção reduzida.
B b (2 tcarb t ) (1a)
H h (2 tcarb t ) (1b)
228
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A probabilidade de falha dos sistemas estruturais pode ser calculada utilizando-se a função de
distribuição acumulada normal padrão, Φ(.), e inserindo nela o índice de confiabilidade β [5-6].
Assim a probabilidade aproximada pode ser definida como:
Pf ( ) (2)
A equações de estado limite desenvolvidas para a compressão do pilar tem como base a seção
7.3.2 da NBR 7190:1997 [2], resultando Equação 3, em que fco é a resistência paralela às fibras
da madeira:
G Q
g1 fco (3)
BH
2
GQ 3 w .L2
g2 1 2
(4)
B H fco 4 B H f co
A estabilidade é avaliada na seção 7.5 da NBR 7190:1997 [2] e estabelece a divisão da análise
em três casos, conforme o índice de esbeltez da peça. Para um indíce de esbeltez com valor
229
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inferior a 40, considera-se a compressão de peças curtas, neste caso avalia-se somente a
flexo-compressão da peça, utilizando a Equação 4. Para um índice de esbeltez de 40 < λ ≤ 80
considera-se a compressão de peças medianamente esbeltas, conforme a Equação 5.
FE
G Q .e1.
g3 1
GQ FE G Q (5)
B H fco f co Wc
L
e1 ei (6)
300
ei
w L2
(7)
8 G Q
2 EI
FE = (8)
L2
Para um índice de esbeltez λ > 80, mas inferior a um limite de 140, considera-se a compressão
de peças esbeltas, conforme a Equação 9. e1,ef é a exentricidade suplementar de primeira
ordem, e é dada na Equação 10.
FE
G Q .e1,ef .
g4 1
GQ FE G Q (9)
B H fc 0 fc 0 Wc
L L G 1 2 Q
e1,ef ei exp 1 (10)
300 300
E
F G 1 2
Q
3. ESTUDO DE CASO
230
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base e altura (b/h) de pilares foram avaliadas. Também foi realizada uma análise de
sensibilidade dos parâmetros, indicando as variáveis aleatórias que mais influenciam na
análise de confiabilidade.
Os pilares biapoiados analisados possuem seção retangular com base (b), altura (h) e
comprimento (L). Eles foram submetidos a carregamento vertical centrado e carregamento
lateral uniformemente distribuído, onde G são ações permanentes, Q são ações variáveis e w é
a ação da pressão dinâmica do vento (Figura 2).
Foram analisados 5 pilares, com comprimento (L) de 5 m. Foi considerada a área de 0,4 m² de
seção transversal para os pilares, diferindo entre eles a relação de base e altura (b/h). Foram
consideradas as relações 1.0, 0.8, 0.6, 0.4 e 0.2, resultando nas seções transversais 20 cm ×
20 cm, 18 cm × 22 cm, 16 cm × 25 cm, 13 cm × 31 cm e 9 cm × 45 cm.
O intervalo de tempo de exposição ao incêndio utilizado é de 0 min até 200 min, avaliado a
cada 1 min. A taxa de carbonização da madeira é considerada linear e reduz a seção sem
provocar arredondamento dos cantos, em virtude da simplificação da formulação. É
considerada a exposição ao incêndio nas quatro faces da seção transversal. Foi levado em
consideração o índice de esbeltez da seção residual em cada tempo de exposição.
w 0,631 Vk 2 (4)
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Para ϕ foi adotado o valor de 0.8, vindo da Tabela 15 da NBR 7190:1997 [2], para a classe de
carregamento permanente ou de longa duração, com a classe de umidade (1) e (2). Para ψ1 e
ψ2 foram utilizados os valores de 0.3 e 0.2, respectivamente, provenientes da Tabela 2 da NBR
7190:1997 [2], que dizem respeito aos fatores de combinação para locais que não há a
predominância de pesos e equipamentos fixos, nem de elavadas concentrações de pessoas.
3.3 Compressão
232
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3.4 Flexo-compressão
Na Figura 4, são apresentados os resultados para a equação de estado limite g2 para flexo-
compressão.
Nota-se que, ao contrário da situação anterior, para compressão, a seção com a maior relação
b/h foi a que atingiu os menores valores de índice de confiabilidade. Isto pelo fato de que uma
maior altura de seção é mais efetiva para resistir à carga lateral aplicada na direção de maior
inércia. Mas, como se pode notar, na seção com a menor relação (b/h = 0.2), embora a altura
seja maior não houve aumento do desempenho, pois com a diminuição da base a seção é
consumida mais rapidamente.
233
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3.5 Estabilidade
Para a estabilidade dos pilares foram analisadas as seções nas duas direções principais de
inércia. Na Figura 5, são apresentados os índices de confiabilidade para a estabilidade na
direção com a maior inércia, enquanto na Figura 6 são apresentados os índices de
confiabilidade na direção de menor inércia.
Figura 5: Estabilidade na direção com a maior inércia, Probabilidade de Falha (a) e Índice de
Confiabilidade (b).
Figura 6: Estabilidade na direção com a menor inércia, Probabilidade de Falha (a) e Índice de
Confiabilidade (b).
Na Figura 5, observa-se que as seções com menores relações b/h foram as que apresentaram
os maiores valores de índice de confiabilidade, resultado similar ao obtido para a equação de
estado limite de flexo-compressão. Neste caso os valores de índice de confiabilidade são
menores que no caso de flexo-compressão. Na Figura 6, observa-se que a seção com a maior
relação b/h apresenta valores maiores de índice de confiabilidade. Ressalta-se que as seções
com menor relação b/h atingem a esbeltez limite igual a 140 nos primeiros tempos de
234
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exposição, desta maneira essas seções falham na temperatura ambiente e não são
apresentadas nos gráficos.
Na Figura 7, são apresentadas as análises de sensibilidade das situações limites para o pilar
com seção transversal 20 cm × 20 cm. Para a compressão, Figura 7 (a), observa-se que, nos
tempos iniciais, as variáveis mais importantes são a ação variável (Q) e a resistência da
madeira à compressão paralela (fco) Para a flexo-compressão, Figura 7 (b), inicialmente, a ação
do vento w é a variável mais importante. Para a estabilidade na direção com a maior inércia,
Figura 7 (c), as variáveis de ação variável (Q) e do vento (w) são as mais importantes nos
primeiros tempos e para a estabilidade na direção com a menor inércia, Figura 7 (d), é a
variável da ação variável (Q). Para todos os casos apresentados, ao longo do tempo de
exposição ao incêndio, a taxa de carbonização (tcarb) se torna a variável mais importante.
235
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4. CONCLUSÕES
Neste artigo foi realizada a análise de confiabilidade estrutural pelo método FORM de pilares
de madeira em situação de incêndio, utilizando as equações de estados limites de compressão,
flexo-compressão e estabilidade lateral, juntamente com o método da seção reduzida. Os
resultados obtidos permitem concluir que:
- para o critério de compressão, a relação b/h da seção transversal é importante na
confiabilidade estrutural, já que a degradação da seção pelo incêndio diminui a área efetiva
resistente de forma diferente entre as relações b/h.
- para a flexo-compressão, a seção transversal com carregamento na direção de maior inércia
e menor relação b/h tende a resitir mais, mas existe um limite em que a degradação da menor
direção passa a ter grande influência na análise, pois ela é consuumida mais rapidamente.
- no critério de estabilidade a avaliação das duas direções de aplicação na seção transversal
tem influência significativa na análise.
A análise de sensibilidade das variáveis aleatórias indicou que, nos tempos iniciais de incêndio,
as ações variáveis (Q) e a ação do vento (w) são as variáveis que têm maior influência na
análise de confiabilidade. A medida que o tempo de exposição ao incêndio aumenta, a taxa de
carbonização (tcarb) torna-se a variável mais importante em todos os casos.
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
[1] Beck, A. T. – Curso de confiabilidade estrutural. Universidade de São Paulo, 2014, 243 p.
[2] Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira,
Rio de Janeiro, 1997, 107 p.
[3] Buchanan A. B. – Structural Design for Fire Safety, University of Canterbury, New Zeland,
2002, 406 p.
[4] Cheung A. B.; Pinto E. M. & Calil C. Jr.– Confiabilidade estrutural de vigas de madeira
submetidas à flexão em condições normais e em situação de incêndio, Madeira
Arquitetura e Engenharia, vol. 12, no. 29, 2011, p. 1- 12.
[5] Ditlevse, O.; Madsen, H. O. – Structural Reliability Methods, Department of Mechaninal
Engineering, Technical University of Denmark, Copenhagen, 2007.
[6] Melchers R. E. – Structural Reliability Analysis and Prediction, Wiley, New York, 1999, 466
p.
[7] Mahsuli M.; Haukaas T. – Computer program for multimodel reliability and optimization
analysis, ASCE Journal of Computing in Civil Engineering, vol. 27, no. 1, 2013, p. 87- 98.
[8] Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 6123: Forças devidas ao vento em
edificações, Rio de Janeiro, 1988, 66 p.
[9] Joint Committee on Structural Safety, JCSS: Probabilistic Model Code, Copenhagen,
Denmark, 2015, 198 p.
236
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1. RESUMO
O uso de elementos mais esbeltos com segurança estrutural demanda o bom entendimento sobre
o seu comportamento tanto em temperatura ambiente, quanto em situação de incêndio. É, por
isso, a análise experimental em escala real é imprescindível para validar hipóteses e métodos de
cálculo.
1
Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil, Centro de Ciências, Tecnologia e Saúde, Universidade Estadual da Paraíba. Av. Coronel Pedro Targino,
58.233-000 - Araruna - PB - Brasil. Tel.: +55 83 3373 1040. e-mail: leonardom.costa@yahoo.com.br
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2. INTRODUÇÃO
A construção de um sistema que possa simular uma situação com aplicação de carga mecânica e
térmica simultaneamente é um grande passo para o desenvolvimento e avanço de programas
experimentais mais próximos de situações reais e modelos analíticos. Para o estudo proposto, foi
desenvolvido um projeto de um forno elétrico vertical com dimensões que atendessem à situação
de ensaio supracitada e que fosse capaz de simular uma taxa de aquecimento próxima à curva-
padrão da ISO 834 representada na equação 1.
Os estágios de um incêndio podem ser definidos pelos seguintes pontos: a fase de ignição ou
início do “pré-flashover”, “flashover” ou instante de inflamação generalizada e temperatura máxima.
Os instantes correspondentes ao “flashover” e à temperatura máxima variam de incêndio para
incêndio, bem como as respectivas temperaturas [3]. A figura 1 apresenta a curva temperatura-
tempo de um incêndio real e a curva-padrão recomendada pela ISO 834.
238
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A temperatura máxima do forno aproxima-se de 1200ºC, logo, a liga a ser utilizada para confecção
das resistências elétricas precisa atender a este pico, bem como, apresentar propriedades que
proporcionem a confecção de resistências em espirais a fim de viabilizar maior carga superficial.
Devido à alta taxa de aquecimento nos primeiros minutos, assim como, as altas temperaturas
alcançadas pelo forno, foi necessário fazer a devida isolação das paredes do mesmo a fim de
evitar fuga de calor o que acarretaria na perda de eficiência.
239
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Um perfil estrutural em aço formado a frio, como define a ABNT NBR14762:2010 [2], é aquele
perfil obtido por dobramento, em prensa dobradeira, de tiras cortadas de chapas ou bobinas; ou
por conformação contínua em conjunto de matrizes rotativas, a partir de bobinas laminadas a frio
ou a quente, revestidas ou não, sendo ambas as operações realizadas com o aço em temperatura
ambiente.
Os perfis escolhidos para confeccionar os pilares tubulares foram os perfis de seção U enrijecidos,
que soldados longitudinalmente formam a seção do tipo “Caixa” cujas características das amostras
estão dispostas nos itens abaixo:
(a) (b)
240
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3. METODOLOGIA
A tabela 2, apresentada abaixo, resume a série de ensaios realizados, bem como, a identificação
das amostras.
A situação de ensaio com dilatação térmica livre, conforme citado, foram representadas através do
sistema de aplicação de carga composto pelo cilindro hidráulico (dupla ação), conjunto motor-
bomba e válvulas de vazão e pressão. Neste sentido, o princípio do sistema pode ser resumido:
Dilatação livre: a amostra é submetida ao carregamento desejado, nesta etapa, o conjunto motor-
bomba é configurado para que o circuito seja mantido acionado e trabalhando a uma pressão
constante, ou seja, o pilar quando aquecido e tender a dilatar o pistão do cilindro recua, de tal
modo, o pilar não sofre acréscimo de carga, mantendo-se constante o carregamento inicial durante
todo o ensaio até que a temperatura seja suficiente para que o aço comece a perder propriedades
mecânicas e consequentemente capacidade resistente, estágio configurado pela perda de carga
culminando na ruptura da peça. A ruptura da amostra é caracterizada quando o avanço do cilindro
for máximo.
4. RESULTADOS
O forno, como apresentado, foi testado inúmeras vezes a fim de se observar o melhor
desempenho e de reproduzir sua melhor curva; neste aspecto, a literatura destaca que fornos
elétricos não conseguem reproduzir fielmente a curva-padrão devido à alta taxa de aquecimento
nos primeiros minutos, o que pôde ser observado nos testes. Visando minimizar essa diferença, o
forno foi pré-aquecido a uma temperatura constante e aproximada a 100ºC. Essa situação de pré-
241
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aquecimento no forno, configura o seu startup, ponto análogo ao flashover acontecido num
incêndio natural.
A figura 4 ilustra o comportamento típico do aquecimento do forno durante uma série de ensaios
realizados, percebe-se uma oscilação na temperatura medida devido a sensibilidade dos
termopares à programação do controlador com taxas de aquecimento diferentes que visam
suavizar a curva.
242
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A série de ensaios desenvolvida no programa experimental, como exposto no tópico anterior, foi
desenvolvida analisando os resultados obtidos em 4 pilares com as mesmas características
geométricas e mecânicas. A figura 6 plota os gráficos carga-temperatura ao longo do tempo para a
série sem restrição à dilatação térmica axial.
243
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25 800
700 Carga PI40-L01
20
Temperatura (ºC)
600 Carga PI40-L02
500
Carga (t)
15 Carga PI80-L01
400
10 Carga PI80-L02
300
200 Temperatura PI40-L01
5
100 Temperatura PI40-L02
0 0 Temperatura PI80-L01
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Temperatura PI80-L02
Tempo (min)
As figuras 7 (a) e (b) ilustram os pilares e seu modo de ruptura após a realização do experimento.
(a) (b)
Figura 6: Ruptura dos pilares após ensaios
É possível, após exposição dos resultados apresentarmos na tabela 3, um resumo dos parâmetros
tempo, temperatura e carga máxima ruptura, bem como, o incremento de carga imposto às
amostras através taxa de restrição.
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É pertinente ressaltar que durante o ensaio da amostra PI80-L02 houve um fator externo contribuiu
para redução da capacidade dos pilares. Fica, pois, registrado o episódio a fim de justificar a
variação no resultado.
5. CONCLUSÕES
É pertinente destacar, neste ponto, que a curva-padrão é uma referência, ou seja, não implica
necessariamente que ensaios experimentais a reproduzam fielmente para validação de um teste,
haja visto que a mesma não representa um incêndio real, mas sim, representa uma disposição
adotada para fins de comparação e dimensionamento de estruturas. No entanto, é pertinente que
para fins de comparação entre os resultados e compreensão sobre o comportamento estrutural
dos elementos sob altas temperaturas, que o desempenho dos fornos sigam um padrão.
Da análise proposta neste trabalho, pode-se concluir que:
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[3] COSTA, C.N.; SILVA, V.P. - Revisão Histórica das Curvas Padronizadas de Incêndio.
Inovações Tecnológicas e Sustentabilidade, NUTAU’2016.
[4] COSTA, L. M - Análise experimental de pilares em aço com perfis formados a frio submetidos a
altas temperaturas com dilatação axial livre e restringida. Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal de Pernambuco, 2013, 190 p.
[5] GOMIDE, Kleber Aparecido. Colunas esbeltas de pequeno diâmetro mistas de aço preenchidas
com concreto em situação de incêndio. Dissertação (mestrado). Campinas: Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – UNICAMP, 2008.
[6] ARAUJO, CIRO. J.R.V. Estudo experimental do efeito do fogo em pilares mistos curtos de aço
e concreto. Campinas, 2008. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP 2008.
[7] SANT’ANNA, Matheus Sarcedo. Pilares mistos esbeltos em aço preechidos com concreto, de
seção quadrada, em situação de incêndio. Dissertação (mestrado) - Campinas: Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – UNICAMP, 2009.
[8] PIRES, T.A.C. Pilares circulares em aço preenchidos com concreto sujeitos a incêndio. 1º
CILASCI – Congresso Ibero-Latino Americano de Segurança Contra Incêndio. Natal,
Brasil/2011.
246
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1 INTRODUÇÃO
*Autorcorrespondente – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Av. Luciano Gualberto, trav3, n380 Edifício
da Engenharia Civil - Cidade Universitária - 05508-010. São Paulo Brasil. valpigss@usp.br
247
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2 MÉTODO
2.1 Considerações Gerais
Neste trabalho, considerou-se que o colapso é atingido quando o esforço resistente de cálculo
se iguala ao esforço solicitante de cálculo, ambos para a situação de incêndio, ou seja, quando
o elemento estrutural alcançou o Estado-Limite Último, conforme definido em norma.
Portanto, a temperatura crítica de uma barra, seja pilar ou viga, pode ser determinada ao se
igualar os esforços solicitantes em situação de incêndio (N fi,Sd para pilares e Mfi,Sd para vigas)
aos resistentes (Nfi,Rd e Mfi,Rd) na mesma situação. A norma brasileira [2] fornece o formulário
para a determinação dos esforços resistentes de cálculo em situação de incêndio, enquanto a
[1] fornece os equivalentes à temperatura ambiente. As normas [3] e a [2] indicam a maneira de
se determinar a ação de cálculo na situação excepcional do incêndio e, por consequência, os
esforços solicitantes de cálculo em incêndio.
248
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0,fi
Na Equação 6: 0,5 1 α λ λ 2 , α 0,022 E
0,fi 0,fi fy
, λo,fi é o índice de esbeltez reduzido
Tabela 1 – Fatores de
redução
a ky, = kE, = 1
(C) fy, / fy E / E 0,9
20 1,000 1,000 0,8
fatores de redução
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𝑀𝑝
𝜆0,𝐹𝐿𝑇 = √ (12)
𝑀𝑒
Empregando-se as Equações 10 a 12 tem-se a Equação 13.
𝑀𝑝
Para 𝜆0,𝐹𝐿𝑇 √ , χFLT = 1
𝑀 𝑒,𝑝
0,7 Wx 𝜆0,𝐹𝐿𝑇 −𝜆0,𝐹𝐿𝑇,𝑝
Para 0,FLT,p < o,FLT ≤ 0,FLT,r , χFLT = 1 − (1 − ) (13)
Zx 𝜆0,𝐹𝐿𝑇,𝑟 − 𝜆0,𝐹𝐿𝑇,𝑝
𝑍𝑥 1
Para λo,FLT λo,FLT,r = √ , χFLT =
0,7 𝑊𝑥 λ2o,FLT
250
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𝑀𝑝 𝑀𝑝 𝑍𝑥
Na Equação 13: 𝜆0,𝐹𝐿𝑇,𝑝 = √ , 𝜆0,𝐹𝐿𝑇,𝑟 = √ =√ , Me,p é o momento crítico de
𝑀𝑒,𝑝 𝑀𝑟 0,7 𝑊𝑥
flambagem elástica para o comprimento limite de plastificação, ou seja, λ p ry, em que ry é o raio
de inércia em torno do eixo de menor inércia, y.
Para a série de perfis laminados fabricados pela Siderúrgica Gerdau, foi calculado o valor
𝑀𝑝
de√ . A favor da segurança, neste trabalho serão usados os valores indicados na Tabela 2.
𝑀 𝑒,𝑝
Para perfis I duplamente simétricos e na ausência de instabilidade local, segundo a ABNT NBR
14323:2013, em situação de incêndio vale a Equação 14.
Na Equação 14: Mfi,Rd é o valor de cálculo momento fletor resistente em situação de incêndio;
FLT, fi tem o mesmo formato de fi (Equação 6) mas alterando o valor de λo,fi (Equação 7)
conforme Equação 15 e é um fator de correção que leva em conta o efeito benéfico de uma
eventual distribuição de temperatura não uniforme ao longo da altura da seção transversal e
vale entre 1,0 e 1,4 conforme [2].
𝑘𝑦,𝜃 𝑀𝑝 (15)
λo,FLT,fi = √
𝑘𝑦,𝜃
√𝑀
𝑒
𝑀𝑝
Tabela 2 – Valores de √
𝑀𝑒,𝑝
𝑀𝑝
fy (kN/cm2) √
𝑀𝑒,𝑝
Valor adotado
25 0,48
30 0,52
34,5 0,56
35 0,56
Da mesma forma que foi feito para força normal, criou-se uma relação adimensional,
conforme Equação 16, em que MRd é o valor de cálculo momento fletor resistente à
temperatura ambiente.
Tal qual para pilares, os autores empregaram o AcoInc para construir as curvas do item 3. MRd
já é conhecido, decorrente do dimensionamento à temperatura ambiente. M fi,Sd é igual a Mfi,Rd.
Portanto, conhece-se , pela Equação 16. λo é determinado pela Equação 12. Daí, pelo
método gráfico proposto, se calcula a θcr da viga.
Para os gráficos, usou-se κ = 1, mas, para outros valores de κ, eles também podem ser usados
com a seguinte estratégia: a partir da cr determinada com os gráficos, encontra-se o valor de
ky,=cr, em seguida calcula-se a nova cr, aproximadamente, a partir de ky, = ky, = cr/κ.
251
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Os autores desenvolveram uma pasta de trabalho, AcoInc, que contém nove planilhas
eletrônicas (Figura 2), desenvolvido em Excel, que incluem várias utilidades para o estudo de
perfis I em situação de incêndio [15]. Entre elas, a determinação dos esforços resistentes em
situação de incêndio e à temperatura ambiente.
Para a criação das planilhas, adotaram-se recursos em Macro, que utilizam linguagem de
programação Visual Basic for Applications (VBA) associada ao programa de computador Excel,
tornando as planilhas mais ágeis. Com uma programação específica, tornaram-se práticas as
execuções de comandos repetitivos que dependem de vários parâmetros para fins de se obter
tabelas e gráficos de forma automática. Para facilitar o cálculo em situações, por exemplo,
onde o procedimento de cálculo dependa de mais de um fator, foram utilizados os recursos do
Visual Basic associado ao Microsoft Excel para criação de funções denominadas pelo
programa de “fórmulas”. A grande vantagem é de se manter fórmulas que contenham várias
condicionais (funções se()) mais compactas no Excel e permitir a visualização das rotinas de
cálculo e, portanto, evitar erros e facilitar alterações. Entre as planilhas mencionadas, a última é
aquela que determina a temperatura crítica de vigas e pilares “I” (Figura 3). Tal planilha constrói
gráficos que permitem, a partir de alguns dados, a determinação gráfica expedita da
temperatura crítica com base no método simplificado da [2].
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Para fins de temperatura crítica, o AcoInc funciona da seguinte forma: 1) arbitram-se valores de
λo e ; 2) arbitra-se um valor de ; 3) varia-se até encontrar , nesse instante tem-se um
ponto no gráfico; 4) altera-se λo e depois .
3 RESULTADOS E COMENTARIOS
Com os dados de entrada: tipo de elemento (viga ou pilar), o tipo de aço (f yk), relação entre os
módulos resistentes plástico (Z) e elástico (W) e faixa de variação de (Equação 17) ou de
(Equação 18), o programa contrói a curva que permitirá determinar a temperatura crítica a partir
do índice de esbeltez reduzido λ0 ou λo,FLT, à temperatura ambiente.
Mfi,Sd
μ= (17)
MRd
Nfi,Sd
η= (18)
NRd
O AcoInc calcula para cada perfil os valores de N Rd, MRd, Nfi,Rd e Mfi,Rd. Adotando um nível de
carregamento ou , é possível encontrar, em função de λo ou λo,FLT, uma temperatura de
forma a igualar Nfi,Sd a Nfi,Rd ou Mfi,Sd a Mfi,Rd. Essa temperatura é a temperatura crítica e pode
ser obtida por meio dos gráficos das Figuras 4 a 11. Na construção dos gráficos das Figuras 8
a 11, por simplificação e a favor da segurança, adotou-se Cb igual a 1 e Z/W igual a 1,1. Deve-
se ressaltar que os gráficos apresentados são válidos para perfis que não apresentam
instabilidade local da alma e da mesa. Além disso, os índices de esbeltez reduzidos em
incêndio são aumentados em cerca 15%, o que faz com que perfis que estejam com valores de
esbeltez local próximos do limite à temperatura ambiente passem a estar sujeitos à
instabilidade local em situação de incêndio. Nos casos da ocorrência de instabilidade local
tanto à temperatura ambiente quanto em incêndio, as curvas apresentadas podem ser
empregadas para pré-dimensionamento.
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Nas Figuras 8 a 11, apresentaram-se gráficos adequados a vigas sem travamento lateral. No
caso de vigas não mistas, continuamente travadas lateralmente por meio de lajes, a resolução
se simplifica pela ausência da instabilidade lateral com torção e tem-se o gráfico mostrado na
Figura 12, válida para qualquer viga I sem instabilidade lateral e local.
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Para a construção da Figura 12, foi considerado, também, que a temperatura média é reduzida
em função da presença da laje, conforme procedimento recomendado em [2], ou seja, o
momento fletor resistente de cálculo considerando o gradiente térmico ao longo da altura da
viga vale 1,4 vezes o momento fletor resistente de cálculo calculado para a temperatura
uniforme. Na Figura 12, também não foi levada em conta eventual instabilidade local de mesa
ou alma. Na Figura 12, nota-se que entre 600 °C e 700 °C a relação é linear e se pode deduzir
a Equação 19.
M
cr = 270 (2,94 - fi,Sd) (19)
MRd
4 CONCLUSÕES
Os autores deste artigo desenvolveram o programa AcoInc, que inclui várias utilidades para o
estudo de perfis I em situação de incêndio. Uma delas é a determinação da temperatura crítica
de vigas e pilares.
Foram apresentados neste trabalho, gráficos que permitem determinar de forma expedita a
temperatura crítica de vigas e pilares, não sujeitos a instabilidades locais, em função do índice
de esbeltez reduzido à temperatura ambiente e do nível de carregamento do elemento em
situação de incêndio.
Não foi encontrado na literatura pesquisada nada que se assemelhe ao aqui apresentado.
O valor da temperatura crítica igual a 550 °C, bastante empregado na prática, pode ser muito
diferente, a depender da situação estrutural.
O dimensionamento em situação de incêndio, em que se compara a temperatura crítica à
temperatura atuante nos perfis, base dos métodos normatizados, simplifica-se muito caso se
empreguem os gráficos aqui apresentados. Entretanto, cabe ressaltar que podem ser menos
econômicos se comparados a resultados de análises de subconjuntos estruturais (por exemplo:
vigas mistas sob lajes mistas ou pilares junto a paredes) que levam a campos de temperatura
não uniformes. Porém, demandariam análises computacionais ou experimentais complexas.
Ainda assim, as temperaturas críticas encontradas por intermédio dos gráficos podem servir
como pré-dimensionamento.
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Para trabalhos futuros, mantendo o objetivo de criar ferramentas simples para uso do meio
técnico não especializado em incêndio, pretende-se estudar estruturas mais complexas e
incluir os efeitos das instabilidaded locais.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo,
ao CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e à CAPES -
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível.
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6 REFERÊNCIAS
[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de estruturas
de aço e de estruturas mistas de aço e
[2] ______. NBR 14323: Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação
de incêndio. Rio de Janeiro, 2013.
[3] SILVA, V.P. Estruturas de aço em situação de incêndio. Zigurate Editora, São Paulo,
2001. Reedição: 2004.
[4] VELARDE, J.S.S.; SILVA, V. P. Sobre o dimensionamento de pilares de aço em
situação de incêndio. Revista Sul-Americana de Engenharia Estrutural, v. 6, n. 2 e 3.
Passo Fundo. 2009.
[5] GARLOCK, M.; KODUR, V. (editores) Anais do 9th International Conference on
Structures in Fire SiF’16. 1145p. Princeton. 2016.
[6] WANG, Y.; BURGESS, I.; WALD, F. GILLIE, M. Performance-Based Fire Engineering of
Structures. Span Press. 367p. USA. 2013.
[7] VILA REAL, P. ; FRANSSEN, J.M. Fire Design of Steel Structures. European Convention
for Constructional Steelwork.Wiley. 428p. 2010.
[8] FRANSSEN, J.M.; ZAHARIA, R. KODUR, V. Designing steel structures for fire safety.
162p. CRC Press. USA. 2009.
[9] PARKINSON, D.; KODUR, V. Performance-Based of Structural Steel for Fire
Conditions. Amer Society of Civil Engineers. 124p. USA. 2008.
[10] FRANSSEN, J.M.; ZAHARIA, R. Design of Steel Structures subject to Fire. Université
de Liège. 184 p. Liège, 2005.
[11] SKOWRONSKI, W. Fire Safety of Metal Structures. Theory and Design Criteria. Polish
Scientific Publishers. 219p.Varsóvia. 2004.
[12] VILA REAL, P. Incêndio em Estruturas Metálicas. Cálculo Estrutural. Orion. 356p.
Portugal. 2003.
[13] WANG, Y.C. Steel and Composite Structures Behaviour and Design for Fire Safety.
Spon Press. 332p. New York. 2002.
[14] SILVA, V. P. Sobre a instabilidade de barras comprimidas. Revista da Estrutura
de Aço, v.5, p. 79-98, 2016.
[15] MELÃO. A. R. Sobre perfis I de aço em situação de incêndio paramétrico. Dissertação
de mestrado em engenharia civil. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 2016.
[16] SILVA, V. P. Estruturas metálicas e de madeira. Dimensionamento de estruturas de aço.
Notas de aula. São Paulo. 2012.
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30 mm 30 mm 30 mm
40 mm 40 mm 40 mm
1. INTRODUÇÃO
Devido às consequências geradas pela ação do fogo nas construções, que põe em risco a vida
das pessoas e a integridade das estruturas, houve a necessidade de inserir a presente
temática no meio científico. Hoje, as estruturas de aço em situação de incêndio já são
contempladas por documentos normativos, com destaques para as normas brasileira ABNT
NBR 14323 [1] e europeia EUROCODE 3 Parte 1-2 [2].
O dimensionamento de pilares nesse contexto, com base nas normas anteriormente citadas, é
realizado a partir do emprego de métodos simplificados, os quais consideram, basicamente, os
elementos estruturais isolados com aquecimento em suas quatro faces por meio da curva de
__________________________
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia de Estruturas, Universidade de São Paulo. Av. Trabalhador Sãocarlense, 400, Centro.
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De acordo com a norma ABNT NBR 14432 [4], a compartimentação é uma medida de proteção
passiva que impede ou minimiza a propagação do fogo para fora dos seus limites. As paredes,
por exemplo, são consideradas elementos de compartimentação que auxiliam no combate ao
fogo por impedir o aquecimento uniforme do pilar. Com relação aos pilares inseridos em
paredes, deve-se considerar a formação de gradiente térmico na seção transversal como
consequência direta de apenas parte do pilar se encontra aquecido. Esse aquecimento
diferencial é responsável por aumentar as tensões e deformações no elemento estrutural, em
função da ocorrência do fenômeno do encurvamento térmico.
a) b)
Figura 1: (a) Deformada do pilar inserido em parede [5] e (b) Sistema completo dos ensaios
experimentais [6].
260
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situação real, deixando assim de considerar apenas a temperatura crítica como grandeza em
projetos estruturais.
Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo realizar análises numéricas em
contexto puramente térmico de pilares de aço inseridos em paredes em situação de incêndio,
com aquecimento em apena uma face, por meio do uso de elemento do tipo casca. Para
validação do modelo, os resultados serão comparados com os valores numéricos e
experimentais descritos em Rocha [6], no qual foram empregados elementos do tipo sólido. Em
caráter complementar, estuda-se o gradiente térmico originado nos pilares pelo uso de
elementos de compartimentação. Destaca-se que, no âmbito da modelagem numérica, a
definição de um modelo termoestrutural consistente depende da determinação de um campo
térmico também consistente.
O aquecimento foi imposto por meio do referido forno elétrico, no qual seus módulos foram
posicionados uns sobre os outros formando uma estrutura com 1,5 m x 1,5 m x 2,5 m. Assim, o
pilar que possuía 3,0 m de comprimento, considerando as chapas de topo, foi aquecido em
apenas 2,5 m. O término do ensaio deu-se quando as forças axiais, após atingido seu valor de
pico, voltaram para o valor medido no início do ensaio.
3. METODOLOGIA
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Dos doze pilares ensaiados em Rocha [6], dois foram objeto de estudo na presente pesquisa.
As características dos elementos a serem modelados, bem como as nomenclaturas a serem
utilizadas para sua representação, estão descritas na Tabela 1. A referência H220-ORT-T15
indica que o pilar, enquanto perfil metálico, possui alma ortogonal à superfície da parede. Por
sua vez, para o H220-PAR-T15 a alma se encontra paralela à alvenaria.
A Figura 2 traz uma representação esquemática da seção transversal dos pilares utilizados no
estudo. Nela estão indicadas as posições dos termopares nos ensaios experimentais,
apresentados pela terminologia TX.Y, em que X indica a seção do pilar que está se estudando
e Y a numeração do ponto de medição. Cita-se ainda que as temperaturas foram mensuradas
em cinco seções, em conformidade com a Figura 2c. Apesar disso, a apresentação dos
resultados e a validação dos modelos se faz tendo como referência a seção 3 (central).
Figura 2: Seção transversal dos pilares do campo de estudo (a) H220-ORT-T15; (b) H220-PAR-
T15; (c) Representação das seções em que foram medidas as temperaturas [6].
O ABAQUS, em seu guia para usuários, traz uma gama de elementos finitos que podem ser
utilizados para o desenvolvimento de modelos numéricos. Como proposta dessa pesquisa
foram empregados para representação dos perfis de aço elementos de casca DS4, que
apresenta como característica principal quatro nós na linha média de sua espessura, e
elementos sólidos DC3D8, composto por 8 nós, para reprodução das paredes.
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As propriedades do aço utilizadas nas modelagens térmicas estão descritas nas normatizações
brasileira e europeia, no caso, ABNT NBR 14323 [1] e EUCORODE 3 Parte 1-2 [2]. Com
relação as paredes, não há código normativo que trate da alvenaria em situação de incêndio,
ou mesmo do comportamento de suas propriedades com o aumento da temperatura. Poe esta
razão, adotaram-se todas as propriedades independentes da temperatura, com valores 840
J/KgºC para o calor específico, 1600 Kg/m³ para a densidade e 0,7 para a condutividade
térmica, do mesmo modo como utilizado em Rocha [6].
a) b)
Figura 3: Geometria dos modelos numéricos apresentados em: (a) Rocha [6] (b) Proposta
neste trabalho
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Além disso, cita-se que as paredes foram representadas através de um sólido maciço com uma
simplificação da sua largura. Adotou-se 0,5 m para cada lado do pilar, pois esse valor
corresponde, aproximadamente, a dimensão que estava sendo aquecida pelo forno. A união
entre elementos com materiais diferentes ocorreu com o emprego do comando tie constraint,
responsável por unir os graus de liberdade da superfície de contato.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A verificação da eficiência dos elementos finitos foi realizada a partir da comparação entre os
resultados dos modelos numéricos térmicos desenvolvidos em Rocha [6], que empregou
elementos sólidos para representar o perfil de aço, com os resultados da presente pesquisa,
em que se utilizou elementos de casca para reproduzir os mesmos modelos numéricos. Para
que pudesse ser feita essa comparação, foi necessário usar os mesmos parâmetros e
simplificações do estudo de referência.
Diante disso, para a face exposta dos pilares foram empregadas emissividades no valor de 0,9
para a superfície de aço, 0,8 para aquela correspondente à parede, com coeficiente de
convecção igual a 25 Wm²/ ºC. Para a face não exposta, no caso de pilares inseridos em
alvenaria, considerou-se a perda de calor pelo fenômeno da convecção, com coeficiente de
convecção igual a 9 Wm²/ ºC e pelo fenômeno da radiação, com emissividade de 0,8 para a
superfície de todos os materiais.
Figura 4: Comparação entre resultados térmicos de elementos dos tipos casca e sólido para o
pilar H220-ORT-T15
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Figura 5: Comparação entre resultados térmicos de elementos dos tipos casca e sólido para o
pilar H220-PAR-T15
Com relação à eficiência dos elementos finitos empregados, pode-se afirmar que elementos de
casca podem ser empregados para representar pilares de aço, uma vez que as curvas
oriundas dos modelos numéricos resultam próximas daquelas obtidas nos ensaios
experimentais. De forma complementar, ao comparar as duas estratégias de modelagem,
observa-se que aqueles que empregaram elementos de casca representaram melhor os
ensaios experimentais para a maioria das situações, principalmente no caso em que a alma do
perfil metálico está em contato direto com fogo (Figura 5).
Após a constatação da eficiência em se utilizar elementos finitos do tipo casca para representar
o pilar de aço, foram também realizadas análises de sensibilidade com relação aos parâmetros
de transferência de calor. Essa técnica foi empregada porque, ao utilizar aqueles valores
definidos em Rocha [6] citados anteriormente, ainda houve certo distanciamento entre as
curvas experimentais e numéricas para alguns termopares.
A partir da análise de sensibilidade dos parâmetros, uma gama de valores foi testada, inclusive
aqueles fornecidos pelas normas atuais. Assim, na presente pesquisa são adotados: para a
face exposta ao ambiente aquecido: 𝛼𝑐 = 25 W.m²/ ºC e para a superfície do aço e das
paredes, = 0,8 e =0,7, respectivamente; e para a face não exposta: 𝛼𝑐 = 4W.m²/ ºC e
=0,6 e =0,7 para a superfície do aço e das paredes, nessa ordem.
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como o mesmo é aquecido. Para tanto, se faz necessário que as curvas de aquecimento dos
gases dos dois elementos estruturais sejam iguais ou próximas, uma vez que as características
destas curvas influenciam diretamente no gradiente térmico. Como indicado na Figura 8, as
curvas de aquecimento são praticamente coincidentes, de forma que o estudo em questão
pôde ser realizado.
a) c)
b)
Figura 9: Indicação dos pontos utilizados para cálculo do gradiente térmico para o pilar na
orientação: (a) ortogonal e (b) paralela e c) gradiente térmico absoluto em função do tempo
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A Figura 9c traz a curva do valor absoluto do gradiente térmico em função do tempo para os
dois pilares referenciados anteriormente. Observa-se que o pilar H220-ORT-T15 apresenta um
gradiente térmico mais pronunciado que o H220-PAR-T15. Para o tempo de 120 min, comum
às duas curvas, a variação de temperatura alcança aproximadamente 800 ºC para o primeiro,
enquanto que para o segundo, é próximo aos 400 ºC. O resultado foi o esperado, uma vez que
o pilar com a alma paralela a superfície das paredes apresenta uma maior área aquecida e,
portanto, a seção transversal se aquece mais rápido, diminuindo o gradiente térmico formado.
6. CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos, pode-se afirmar que o uso de elementos finitos do tipo casca
para representar o perfil metálico, ao invés de elementos sólidos, se mostrou mais eficiente
levando à aproximação das curvas do modelo numérico àquelas oriundas dos ensaios
experimentais, principalmente para os modelos em que a alma do perfil se encontra em contato
direto com o fogo. Além disso, com relação ao gradiente térmico originado pela inserção de
paredes no pilar, observou-se que, quando ele se dá ao longo da alma, sua severidade é maior
se comparado ao que ocorre ao longo da mesa. Tal informação é importante, pois irá interferir
fortemente no tempo de resistência ao fogo do elemento, devido as tensões e deformações
gerados por esse aquecimento diferencial.
7. AGRADECIMENTOS
8. REFERÊNCIAS
[1] Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 14323: projeto de estruturas de aço e de
estruturas mistas aço e concreto de edifícios em situação de incêndio. ABNT, 2013, 66 p.
[2] European Committee for Standardization. EN 1993-1-2 - Eurocode 3 - Design of Steel
Structures. Part 1-2: General rules – Structural Fire Design. Eurocode, 2005, 81 p.
[3] International Organization for Standard - ISO 834-11 Fire-resistance tests - Elements of
building construct - Part 1: General requirements, ISO, 2014, 53 p.
[4] Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 14432: Exigências de resistência ao fogo
de elementos construtivos de edificações - procedimento. ABNT, 2000, 15 p.
[5] Correia, A.J.P.M.; Rodrigues, J.P.C.; Real, P.V. - Thermal bowing on steel columns
embedded on walls under fire conditions, Fire Safety Journal, v. 67, 2014, p. 53-69.
[6] Rocha, F.M. - Pilares de aço e misto de aço e concreto inseridos em paredes em situação
de incêndio, Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 2016, 256 p.
268
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Um dos fatores que reduzem a capacidade resistente das estruturas de concreto armado
reforçadas com PRFC (Polímeros Reforçados com Fibra de Carbono) é a ação do calor. A
temperatura elevada altera as condições preestabelecidas à temperatura ambiente para o
dimensionamento da seção reforçada do elemento estrutural. Tais condições estão associadas
à redução da capacidade resistente do adesivo, usualmente o epóxi, de transferir os esforços
entre o laminado e o concreto por ação térmica. O epóxi apresenta uma significativa redução
da resistência e do módulo de elasticidade quando é aquecido à temperatura de transição
vítrea, aproximadamente aos 60º C, facilmente ultrapassada durante a situação de incêndio.
Uma alternativa para melhorar o desempenho estrutural é utilizar revestimentos como proteção
passiva de estruturas de concreto reforçadas com PRFC, mas são necessários estudos sob os
aspectos de ensaios experimentais e de dimensionamento. Este trabalho discorre sobre o
desempenho em altas temperaturas de elementos estruturais reforçados com PRFC e
revestidos protegidos com diferentes tipos de proteções passivas observado em diversos
estudos registrados na literatura técnica científica até o presente.
*
Autor correspondente – Seção de Engenharia de Estruturas, Centro Tecnológico de Obras do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.
Avenida Professor Almeida Prado, 532, Cidade Universitária. 05508-901 – São Paulo - SP - Brasil. Tel.: +55 11 3767 4171. e-mail: ciroaraujo@ipt.br
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1. INTRODUÇÃO
Uma técnica que vem sendo utilizada desde os anos 2000 em muitos países europeus,
Estados Unidos e Japão como reforço estrutural é a aplicação de materiais compósitos como
os polímeros reforçados do PRFC (Polímero Reforçados com Fibra de Carbono) nos elementos
de concreto armado.
O PRFC é um compósito formado por dois ou mais materiais diferentes que, quando solicitados
em conjunto, apresentam capacidades resistentes superiores aos mesmos materiais
trabalhando isoladamente. Trata-se de uma técnica muito promissora, que possibilita a
reabilitação das estruturas bem como o aumento da capacidade resistente do elemento
reforçado.
Neste trabalho são apresentados alguns estudos realizados sobre o comportamento em altas
temperaturas de estruturas de concreto reforçadas com PRFC com proteção passiva.
2. O QUE É O PRFC?
O PRFC é um tipo de material compósito constituído por polímeros reforçados com fibras de
carbono, i.e., materiais multifásicos (mínimo duas fases) produzidos artificialmente com uma
combinação desejável de propriedades das fases constituintes. Geralmente, uma fase (a
270
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Figura 1: Tipos de materiais compósitos produzidos com polímeros reforçados com fibras.
Fonte: adaptado de [2]
As fibras devem possuir elevada resistência e módulo de elasticidade por terem a função de
suportar as solicitações mecânicas dos compósitos. Dias, citado por Vieira [4], descreve outras
características: a baixa densidade e comportamento frágil, ou seja, comportamento elástico
sem patamar de escoamento.
As matrizes possuem as funções básicas: transferir os esforços para as fibras; manter as fibras
unidas em conjunto; proteger as fibras das agressões ambientais e de danos mecânicos e deve
ser quimicamente, termicamente e mecanicamente compatível com as fibras.
271
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O arranjo e orientação das fibras, a concentração e sua distribuição têm influência significativa
sobre a resistência e sobre outras propriedades dos compósitos reforçados com fibras. A
melhor combinação geral das propriedades dos compósitos é obtida quando a distribuição das
fibras é uniforme [5].
Figura 2: Tipos de materiais produzidos com polímeros reforçados com fibras [5].
A consideração do reforço em situação de incêndio somente poderá ser utilizada quando for
272
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Lima [7] estudou o comportamento de corpos de prova prismáticos de concreto com dimensões
de 4 cm x 4 cm x 16 cm, não armados e reforçados com tecido de fibra de carbono. Os corpos
de prova foram submetidos a elevadas temperaturas, para avaliação paramétrica de
temperaturas e de tempos de exposição, número de camadas de reforço, formas de ruptura
desses corpos de prova e influência de proteções passivas, sendo elas de argamassa de
revestimento e gesso.
O estudo envolveu a análise de proteção passiva aplicada no entorno dos corpos de prova
reforçados com tecido fibra de carbono colado com epoxi em uma das faces dos prismas,
sendo realizada uma combinação de variáveis do estudo, resultando num total de 228
elementos. As variáveis de seu estudo foram:
Prisma sem a aplicação de reforço;
Prisma com aplicação de uma cama de reforço de tecido de PRFC;
Exposição a patamares de tempertura: ambiente, 80 ºC, 160 ºC e 240 ºC;
Tempos de exposição em minutos: 0; 30; 60 e 120;
Sem aplicação de proteção passiva;
Com aplicação de proteção passiva constituída de argamassa de revestimento e
gesso.
A Figura 3 mostra a colagem dos tecidos de fibra de carbono nos prismas e as Figuras 4 e 5
mostram os prismas envolvidos com proteção passiva de argamassa e de gesso, com
espessura de cobrimento de 1,5 cm.
Figura 3: Colagem dos tecidos de fibra de Figura 4: Modelo de prisma protegido com
carbono nos prismas [7]. argamassa de revestimento [7].
273
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Figura 6: Esquema de aplicação de carga [7]. Figura 7: Aplicação de carga ao modelo [7].
Oliveira [3] desenvolveu um estudo experimental para dois tipos de sistemas de proteção
térmica: pintura intumescente e argamassa projetada aplicada sobre o reforço de corpos de
prova de concreto reforçados com tecido de fibra de carbono e expostos a temperaturas
274
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elevadas. O estudo teve o objetivo de aferir a temperatura crítica em que o sistema perda a
eficiência, a resistência residual após a exposição ao fogo e a eficiência dos dois sistemas de
proteção passiva (Figuras 8 a 10).
Os resultados mostraram que a 350 ºC, o compósito não oferece mais confinamento ao
sistema, deixando de contribuir na capacidade resistente do elemento estrutural nos corpos de
prova sem nenhuma proteção externa. Essa temperatura corresponde a 1 min de exposição ao
incêndio-padrão [8], indicando a necessidade de utilização de um sistema de proteção passiva
para esses elementos reforçados terem resistência ao fogo.
Oliveira [3] verificou que pinturas intumescentes oferece uma proteção ineficiente, pois quando
a tinta inicia o processo de proteção do elemento por meio de expansão volumétrica, o tecido
da fibra de carbono já se desprendeu do concreto, anulando a função de reforço estrutural. Já
nas amostras protegidas com argamassa projetada, a eficiência da proteção foi melhor,
comparada à tinta intumescente, porém, os tempos de resistência ao fogo ainda são muito
inferiores ao TRRF (Tempo Requerido de Resistência ao Fogo) estabelecido pelas normas
técnicas para os elementos estruturais [9], [11].
As vigas reforçadas sem proteção passiva resistiram a tempos de 2 min para reforços pela
técnica EBR, e 17 min para reforços pela técnica NSM (Figura 12). Esses tempos de
resistência ao fogo são bem inferiores àqueles requeridos por normas [9]. O TRRF mínimo é de
275
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30 minutos [9], [10], [11]. Para a proteção passiva com placas de silicato de cálcio, os
resultados indicaram tempo de resistência ao fogo foram maiores, sobretudo para reforços pela
técnica NSM (Figura 12). Para o sistema de proteção passiva com placas de silicado de cálcio,
os elementos com reforços colados com adesivo epóxi apresentaram maior tempo de
resistência ao fogo do que com adesivo à base cimentícia [10].
Figura 12: TRF (tempo de resistência ao fogo) dos sistemas de proteção passiva.
Fonte: [10] adaptado.
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A Tabela 1 mostra um resumo dos trabalhos realizados por [3], [7] e [10].
4. CONCLUSÕES
277
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tempo de exposição às altas temperaturas; entretanto, há muito a ser investigado nesta linha
de pesquisa para ampliar o conhecimento sobre os materiais e tipos de proteção mais
adequados a serem aplicados nas estruturas reforçadas com polímeros de fibras de carbono.
5. REFERÊNCIAS
[1] American Concrete Institute. ACI Committee 440.2R-08: Guide for the design and
construction of externally bonded FRP systems for strengthening concrete structures.
Farmington Hills: ACI, 2008. 76 p.
[2] Fédération INTERNATIONALE [du] BÉTON. FRP in RC Structures. Lausanne:
International Federation, 2007 (Bulletin. FIB; 40). 160 p.
[3] Oliveira, C. R. Sistemas de Proteção Para Concreto Reforçado com CFRP em Situação de
Incêndio. Tese (Doutorado), Universidade Estadual de Campinas, 2012, xxvi, 286 p.
[4] Vieira, A. C. C. Influência da pré-fendilhação do betão no reforço à flexão de vigas de
betão armado com laminados de CRFP inseridos. Dissertação (Mestrado). Universidade
do Minho (Portugal), Set. 2013. 101 p.
[5] Callister, W. D.; Rethwisch, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 9ª
Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. 912 p.
[6] Carvalho, T. S. Reforço à flexão de vigas de betão armado com compósitos de CFRP. 185
f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de
Lisboa. Lisboa, Set. 2010. 185 p.
[7] Lima, R. C. A. Investigação dos efeitos de temperaturas elevadas em reforços estruturais
com tecidos de fibra de carbono. Dissertação (Mestrado) – Universidade Fedreal do Rio
Grande so Sul. Porto Alegre, 2001. 125 p.
[8] International Organization for Standardization. ISO 834: fire-resistance tests: elements of
building construction: part 1.1: general requirements for fire resistance testing. Geneva,
1990. 25 p. Revision of first edition (ISO 834:1975).
[9] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14432: Exigências de Resistencia ao
Fogo de Elementos Construtivos de Edificações – Procedimento. Rio de Janeiro, 2001. 14
p.
[10] Silva, J. D. P. Comportamento ao fogo de vigas de betão armado reforçadas à flexão com
laminados de fibras de carbono (CFRP). Dissertação (Mestrado), Instituto Superior
Técnico. Lisboa, 2013. xxiii, 165 p.
[11] SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. Polícia
Militar. Corpo de Bombeiros. Instrução Técnica n. 08/2011: Resistência ao fogo dos
elementos de construção. São Paulo, 2011. 11 p.
278
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1. INTRODUÇÃO
Quando utilizados nas construções, os elementos estruturais de concreto devem ser projetados
para atender tanto aos requisitos de solicitações mecânicas quanto aos de resistência ao fogo.
Um dos fatores determinantes do comportamento de um elemento estrutural de concreto frente
à ação do fogo é a sua capacidade de isolar o calor (impedindo que ele atinja a armadura) e de
suportar a subsequente ação da água e do resfriamento mantendo suas propriedades
mecânicas.
Quando exposto ao fogo, o concreto que ainda apresenta um teor de umidade, o qual se
transforma em vapor, acaba resultando um aumento de pressão nos poros o que pode levar a
ruptura do concreto [1]. Como os concretos de alta resistência apresentam maior sensibilidade
quando expostos ao fogo, em relação ao concreto convencional, devido a sua baixa
porosidade, essa ruptura, em geral, é explosiva, podendo expor a armadura. Ou seja, em uma
situação de incêndio com um concreto de alta resistência haveria a perda considerável das
suas propriedades mecânicas (resistência à compressão e módulo de elasticidade), com
ocorrência de spalling.
Diante da fragilidade do concreto de alta resistência ao efeito spalling, quando exposto ao fogo,
foram realizados alguns estudos sobre a adição de fibras de polipropileno para proteção contra
o fogo, embora ainda escassos na literatura. Em uma situação de incêndio, as fibras de
polipropileno sublimarão em torno de 170 ºC, criando uma rede de microcanais no interior do
concreto, que servirão como condutores para a liberação do vapor de água para o exterior do
concreto [2]. No que diz respeito à quantidade de fibra a ser adicionada à mistura, foi
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. Rua
Acadêmico Hélio Ramos, s/n, Cidade Universitária. 50.740-530 - Recife - PE - Brasil.. e-mail: hellykan@hotmail.com
279
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
2. METODOLOGIA
Os métodos de ensaio para concreto de alta resistência com uso de fibra de polipropileno (PP)
submetido a elevadas temperaturas não é normatizado. Visto isto, alguns artigos e teses
serviram de inspiração para o desenvolvimento da pesquisa [5, 6,7,8,9].
Neste estudo foram utilizados dois tipos de concretos. Um concreto produzido anteriormente
(fabricado em agosto de 2015), com estimativa de resistência de 75MPa (Traço I), este
moldado em diferentes geometrias e sem o uso de fibra de polipropileno. E um segundo traço
foi desenvolvido, com estimativa de resistência de 100MPa, com a introdução da fibra de
polipropileno em metade dos corpos-de-prova fabricados (Traço II - sem fibra e Traço III – com
fibra). Para a avaliação da resistência à compressão todos os concretos foram ensaiados em
temperatura ambiente para a avaliação da resistência a compressão residual, os mesmo foram
submetidos às temperaturas de 400, 600 e 800ºC, analisando também a ocorrência de spalling.
Também foram adotados diferentes tipos de resfriamentos, sendo eles resfriamento lento e
brusco, além da verificação de resistência com os corpos-de-prova ainda quentes. Inicialmente
foram feitos testes com a mesma taxa de aquecimento, de 10ºC/min, para todos os concretos,
porém, o Traço II não suportou a taxa de aquecimento, havendo a ocorrência de spalling
explosivo em todas as amostras ensaiadas. Para que houvesse material para a analise de
resistência à compressão residual, optou-se em diminuir a taxa de aquecimento para os
ensaios de aquecimento realizados com este traço, foram realizados novos testes com
variadas taxas de aquecimento, no entanto a única taxa em que não houve explosão do
material foi à taxa de 1ºC/min, sendo mantida para todas as temperaturas ensaiadas no Traço
II.
280
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Para esta parte da pesquisa foi utilizado o Traço I, o qual havia sido moldado anteriormente,
sendo composto de 120 corpos-de-prova, destes, 48 CP’s cilíndricos (10x20), 36 CP’s
cilíndricos (15x30) e 36 CP’s cúbicos (15x15x15), moldados no final de 2015. Devido ao tempo
de moldagem e a forma que estavam armazenados, observou-se que os corpos-de-prova
estavam totalmente secos, para esta comprovação, foi realizado o ensaio de teor de umidade
em uma amostra destes CP’s, constatando a observação anterior. Para que fosse possível a
análise da influência da umidade, os mesmos foram inseridos em água durante 90 dias.
Posteriormente, os CP’s de diferentes geometrias foram ensaiados a três diferentes
temperaturas (400°C, 600°C e 800ºC com taxa de aquecimento máxima de 10°C/min) para a
281
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
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O ensaio de compressão foi realizado em uma prensa hidráulica de capacidade 300 KN,
modelo 5590-HLV Series, da fabricante Instron. O ensaio de resistência à compressão seguiu
os procedimentos da ABNT NBR 5739:2007.
4. RESULTADOS E DISCUSÕES
De acordo com a Figura 1, tem-se que os valores de resistência à compressão dos Traços II e
III. Podendo ser observado que as fibras de polipropileno não interferiram significativamente na
resistência à compressão do concreto.
110
105
Resistência (MPa)
100
95
90
85
80
75
70
4 7 14 28
Tempo (dias)
Sem fibra-PP Com fibra-PP
Figura 1: Valores das resistências à compressão dos Traços II e III.
282
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
90
85
Resistência (MPa)
80
75 10x20
70
65 15x30
60 15x15x15
55
50
Temperatura
1 ambiente
De acordo com Araújo [10], sabe-se que, ao reduzir a altura do corpo de prova, ocorre um
aumento da resistência à compressão. Esse aumento de resistência decorre do impedimento à
deformação transversal, causado pelas placas de aço da máquina de ensaio, o que está
coerente com os resultados de resistência à temperatura ambiente, realizados nos CP’s com
diferentes geometrias, onde se observa a maior resistência no CP cilíndrico (10x20) cm.
Quanto aos CP’s cúbicos, Hamassaki e Santos [11] discorrem que as resistências em cubos
são maiores do que as obtidas em cilindros (h/d=2). Uma das justificativas seria a maior
influência do atrito das placas da prensa no cubo por causa da menor relação h/d que é cerca
de 0,9 (considerando-se a aresta como a altura h e o diâmetro equivalente à superfície de um
lado do cubo). Quanto menor a relação h/d, maior será o valor de resistência à compressão. No
entanto, os valores obtidos na pesquisa não seguem essa conclusão; uma das causas
prováveis para esta diferença pode talvez ser justificada na moldagem do concreto, uma vez
que, as formas utilizadas eram de madeira, isso pode ter causado a perda de água de
hidratação do cimento não havendo água suficiente para realizar todas as reações químicas
necessárias. Esta conclusão ainda carece de maior estudo.
283
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
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Tabela 3: Valores de resistência à compressão residual do concreto sem e com fibra com
diferentes tipos de resfriamento
Nenhum spalling ocorreu nas amostras do Traço III durante os ensaios no forno. Isto valida o
uso da fibra de PP, por melhorar acentuadamente a resistência contra o efeito spalling. Como
dito anteriormente, a taxa de aquecimento para o Traço II teve que ser alterada de 10 para
1ºC/min, pois foi observado spalling’s explosivos nas amostras sem fibras de PP em diferentes
temperaturas. Em particular, na temperatura de 400ºC, o que explica Hansen (1996) apud
Hertz [12], indicando que o spalling geralmente ocorre perto do ponto crítico de vapor de
374ºC. Pois além deste ponto um poro não pode conter líquido e vapor, ao mesmo tempo, o
que aumenta drasticamente a pressão.
Deve-se levar em consideração que o tempo de exposição do Traço II foi superior, devido à
baixa taxa de aquecimento. Outra explicação para os valores ligeiramente superiores do Traço
III é comentada por Xiao e Falkner [13], onde sugere que as principais razões podem ser
explicadas pelo derretimento das fibras de PP sob altas temperaturas e formar novos canais
para libertar as pressões induzidas termicamente e, por conseguinte, evitar a perda excessiva
de resistência à compressão.
Os resultados apontam para uma boa convergência com resultados experimentais feitos pelos
demais pesquisadores da área, onde se tem uma queda de resistência do concreto após sua
exposição ao fogo, decaindo cada vez mais de acordo com o valor e tempo de exposição a
cada temperatura adotada. Xiao e Konig [14] afirmam que a resistência à compressão do
concreto começa a diminuir drasticamente quando a temperatura ultrapassa os 400ºC, com
cerca de 80% de perda da resistência quando chega à temperatura de 800ºC. Neste estudo
podem-se observar as mesmas características, de acordo com o aumento da temperatura,
onde a perda de resistência começa a ser eminente a partir dos 400ºC chegando a apenas
16% de sua capacidade de suporte aos 800ºC, para o concreto de referência, o mesmo foi
284
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
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exposto as piores condições de ensaios, sendo submetido aos 800 ºC com uma taxa de
aquecimento de 1ºC/min. O que elevou consideravelmente seu tempo de permanência no forno
em relação ao concreto com fibra de PP.
100 100
CP - (10x20) cm CP - (15x30) cm
Resistência (Mpa)
Resistência (MPa)
80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
28 400 600 800 28 400 600 800
Temperatura ºC Temperatura ºC
Temp. ambiente Quente
Temp.ambiente quente Brusco Lento
100
CP - (15x15x15) cm
Resistência (MPa)
80
60
40
20
0
28 400 600 800
Temperatura ºC
Temp. ambiente Quente Brusco Lento
Chan et al. [15] comentam que a perda intensa de resistência à compressão ocorreu
principalmente dentro do intervalo de 400-800°C. Isto pode ser considerado como uma
característica comum para o concreto de alta resistência e para o concreto comum, desde que
o cimento utilizado seja o Portland, porque neste caso, a pasta de cimento, que é a principal
fonte de resistência do concreto, é obrigada a passar por desidratação do gel C-S-H e perder a
sua capacidade de cimentação.
285
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
150 150
Quente Lento
100 100
50 50
0 0
4001 600
2 800
3 4001 2
600 8003
Com fibra-PP Sem fibra-PP Com fibra-PP Sem fibra-PP
150
Brusco
100
50
0
400
1 600
2 800
3
Com fibra-PP Sem fibra-PP
Quanto ao tipo de resfriamento, ainda pouco explorado na literatura, nota-se que o comumente
utilizado no combate ao incêndio gera danos significativos à estrutura, podendo-se observar a
diminuição de resistência quanto ao resfriamento brusco, em relação ao resfriamento lento e a
capacidade de suporte da estrutura ainda quente, para os três traços utilizados na pesquisa.
Que confirma o que Husem [17] constatou em sua pesquisa, onde observou que tanto o
concreto comum como o de alto-desempenho quando exposto a altas temperaturas, a
resistência à flexão e à compressão diminui com o aumento da temperatura. Essa redução é
maior nas amostras arrefecida em água, em comparação as amostras resfriadas ao ar.
286
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
5. CONCLUSÕES
7. Por não apresentarem uma normatização, os estudos nessa área devem ser
aprofundados em pesquisas futuras, com o objetivo de padronizar os métodos de
ensaios em altas temperaturas.
6. AGRADECIMENTOS
287
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
7. REFERÊNCIAS
[1] RODRIGUES, J.P.C.; LAÍM, L.; CORREIA, A.M. Behaviour of fiber reinforced concrete
columns in fire. Composite Structures, Elsevier, pg 1263-1268, 2010.
[2] RODRIGUES, J.P.C.; LAÍM, L.; CORREIA, A.M. Behaviour of fiber reinforced concrete
columns in fire. Composite Structures Ed. 92, pg 1263–1268, 2010.
[3] HAN, C.G.; YANG, S.H.; HAN, M.C.; PEI, C.C. Spalling prevention of high strength
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polypropylene fiber. Archit. Inst. Korea, Ed. 24, pg 91–98, 2008.
[4] HEO, Y.S.; SANJAYAN, J.G.; HAN, C.G.; HAN, M.C. Synergistic effect of combined fibers
for spalling protection of concrete in fire. Cement and Concrete Research Ed. 40, pg
1547–1554, 2010.
[5] FIGUEIREDO, Antônio Domingues de. Concreto Reforçado com Fibras. 248 p. Tese
(Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
[6] NINCE, A. A. Lascamento do concreto exposto a altas temperaturas. 336p. Tese
(Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 2006.
[7] COSTA, C. N.; SILVA, V. P. Dimensionamento de pilares em situação de incêndio,
conforme a nova NBR 15200.2004 – uma análise crítica. Anais do 47º Congresso
Brasileiro do Concreto. Olinda, Pernambuco: IBRACON. 2005.
[8] TANESI J.; NINCE A. A. Concreto com fibras de polipropileno (CFP). Techne: revista de
tecnologia da construção, São Paulo, v. 10, n. 66, pg. 48-51, 2002.
[9] KAKOOEI, S.; AKIL, H.M.; JAMSHIDI, M.; ROUHI, J. The effects of polypropylene fibers
on the properties of reinforced concrete structures. Construction and Building Materials
Ed. 27, pg 73–77, 2012.
[10] Araújo, José Milton de. Estruturas de concreto: a resistência à compressão e critérios de
ruptura para o concreto. - Rio Grande: Dunas, 2001.
[11] HAMASSKI, L.T.; SANTOS, R.F.C. Corpos de Prova. Soluções inovadoras, Revista
Notícia da Construção. Pg. 48-49, 2013.
[12] HERTZ, K. D. Limits of spalling of fire-exposed concrete. Fire Safety Journal, Oxford, v.
38, p. 103-116, 2003.
[13] XIAO, J.; FALKNER, H. On residual strength of high-performance concrete with and
without polypropylene fibres at elevated temperatures. Fire Safety Journal Ed.41, pg: 115-
121, 2006.
[14] XIAO, J; KONIG, G. Study on concrete at high temperature in China— an overview. Fire
Saf J Ed. 39, pg: 89-103, 2004.
[15] CHAN,Y.N.; PENG, G.F.; ANSON, M. Residual strength and pore structure of high-
strength concrete and normal strength concrete after exposure to high temperatures. Cem
Concr Compos Ed:21, pg: 23–7, 1999.
[16] Ali F. Is high strength concrete more susceptible to explosive spalling than normal strength
concrete in fire. Fire Mater, pg:127–30, 2002.
[17] HUSEM, M. The effects of high temperature on compressive and flexural strengths of
ordinary and high-performance concrete. Fire Journal Ed. 41, pg 155-163, 2006.
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4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Palavras-chave: resistência ao fogo; laje mista; steel deck; situação de incêndio; análise
numérica.
1. INTRODUÇÃO
As lajes mistas do tipo steel deck são muito usadas na construção civil, por apresentarem uma
série de vantagens, entre as quais se destaca o fato de a chapa de aço utilizada servir, ao
mesmo tempo, como forma e armação positiva, além de reduzir os custos com a montagem por
dispensar o uso de escoramento e proporcionar grande velocidade na instalação, como mostra
[1]. Contudo, a fina espessura da chapa (em média 1 mm) e a alta condutividade térmica do
material, aliadas à redução das propriedades mecânicas do aço sob altas temperaturas podem
comprometer o desempenho deste tipo de elemento em situação de incêndio, como mostrado
em [1].
Nesse sentido, analisar o comportamento dessa laje quando exposta a um incêndio é bastante
importante, e tem sido estudado ao longo dos anos. Do ponto de vista experimental, um dos
poucos trabalhos publicados foi o [2], que realizou análise puramente térmica de 2 painéis,
sujeitos a curva do incêndio-padrão, contida em [3], concluindo que houve perda de isolamento
térmico aos 80 minutos de ensaio e que aos 180 minutos o steel deck se separa do concreto,
ou seja, a laje perde totalmente a sua resistência.
* Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. Rua Acadêmico Hélio Ramos, s/n, Cidade
Universitária. 50.740-530 - Recife - PE - Brasil. Tel.: +55 81 2126 8219 Fax: +55 81 2126 7216. e-mail: tacpires@yahoo.com.br
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
A fim de desenvolver análises paramétricas, testando diferentes espessuras (0,9 mm e 1,2 mm)
para a forma de aço e diferentes regimes de aquecimento (as curvas 1 e 2 da figura 1), por
exemplo, [5] desenvolveu um modelo numérico no software Abaqus [6], e apresentou
conclusões significativas. Por exemplo, ao avaliar as curvas de deslocamentos em função do
tempo, para lajes idênticas exceto pela espessura da forma de aço, sujeitas ao mesmo
carregamento, verificou-se que os elementos com a forma mais fina tiveram deslocamentos
discretamente maiores. Contudo, fazendo a mesma análise variando apenas o fck dos
concretos das lajes (aumentando de 36 MPa para 50 MPa) mostrou que a curva de
deslocamentos praticamente não variou.
Assim, esses resultados de [5] foram usados para a calibração dos parâmetros do modelo de
[7], que desenvolveu uma nova análise numérica, utilizando o software Diana para o
processamento, em que os resultados foram comparados com a NBR 14323:2013 [8], com o
Eurocode 4 - Parte 1-2 [9]. Como critérios de parada do modelo numérico, foram usados os
critérios prescritos em [3], para indicar a falha como perda do isolamento térmico ou da
capacidade resistente mecânica, de acordo, respectivamente, com os itens 10.2.3 e 10.2.1,
ambos de [3]. Dessa maneira, as conclusões de um modo geral foram que o método
simplificado de [8] não é antieconômico, ou seja, que os valores de resistência calculados pelo
método normativo não são muito maiores do que aqueles verificados com a modelagem
numérica. Contudo, para obter uma boa convergência com os resultados experimentais foi
utilizado um material para simular a interface entre o aço e o concreto, e tanto os valores de
resistência térmica nessa interface como os valores de emissividade para o aço, foram
calibrados com os resultados experimentais em [4]. A partir dessa calibração, foram adotados
valores de emissividade do aço diferentes do proposto por [8].
Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo principal apresentar o desenvolvimento de
um modelo numérico no ABAQUS [6], para analisar o comportamento ao fogo de lajes steel
deck. Inicialmente, o modelo é validado por meio dos resultados experimentais apresentados
em [4], tanto térmicos quanto mecânicos.
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2. MODELO NUMÉRICO
Como a análise do painel completo demanda um elevado custo computacional e grande tempo
de processamento, segue-se a estratégia adotada em [5] de trabalhar apenas com meia
nervura, ou seja, uma parte do painel e, com uso de simetria (seguindo a estratégia adotada
por [7]), para representar o comportamento global.
Contudo, diferentemente do que fizeram [5] e [7], a interface entre a forma de aço steel-deck e
a superfície do concreto foi considerada como uma aderência perfeita (tie), que não é a
representação mais fiel a realidade, mas já apresentou boa proximidade com os resultados
experimentais, conforme será mostrado mais adiante.
Optou-se por uma análise sequencial, ou seja, térmica seguida da mecânica, ao invés da
análise acoplada, a fim de reduzir o tempo computacional. Esta opção considera o resultado
mecânico dependente da temperatura mas, desconsidera o contrário, este último mais fiel a
realidade. Esta opção foi utilizada por diversos autores como [10] apresentando resultados
satisfatórios. Assim, a análise térmica é processada inicialmente, e são obtidas as
temperaturas para cada instante de tempo, que são usadas como dados de entrada para a
análise mecânica.
O modelo ainda está em fase de desenvolvimento. Estratégias para otimização, como o uso de
elementos bidimensionais do tipo shell, assim como um contato para representar a interface
aço-concreto estão sendo testadas, e serão apresentadas em trabalhos futuros.
3. MODELO EXPERIMENTAL
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F1 Curva 1 83,5
F2 Curva 1 55,6
F3 Curva 1 21
F4 Curva 2 83,5
F5 Curva 2 55,6
F6 Curva 2 21
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4. RESULTADOS
A figura 4 abaixo mostra os pontos da seção transversal da laje onde foram analisadas as
temperaturas. Estes pontos coincidem com pontos de medição do experimento realizado por
[4], para fins de comparação entre os resultados numéricos e experimentais.
A figura 5 mostra a evolução de temperatura em função do tempo para estes pontos. Em todos
os pontos de medição, as temperaturas ao final dos 90 minutos de aquecimento no modelo
numérico foram maiores do que aquelas medidas no modelo experimental.
Contudo, para os pontos T15 e T16, que correspondem, respectivamente, a superfície não-
exposta ao fogo da laje e a um ponto interno do concreto 40 mm abaixo desta superfície,
verifica-se uma boa correlação entre os resultados numéricos e experimentais, ao longo do
aquecimento a diferença entre as medições não ultrapassa os 15 oC.
Já para o ponto de medição T19, localizado na forma de aço, observa-se uma boa correlação
para os primeiros 10 minutos e uma divergência de 100°C a 200°C após este tempo, sendo as
temperaturas numéricas maiores do que a experimental. Esta mesma divergência foi relatada
por [7] quando simulou este experimento utilizando o software Diana. Diversas razões podem
justificar esta discrepância desde a instrumentação utilizada no experimento até a possibilidade
de resfriamento da forma de aço pela água evaporada do concreto conforme explicado por [7].
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A figura 6 mostra a evolução dos deslocamentos no meio do vão ao longo do tempo, para lajes
carregadas F1, F2 e F3 obtidas no experimento [4] e simuladas numericamente.
Figura 6: Deslocamentos no meio do vão para as lajes steel deck, num. x exp.
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Apesar da divergência observada na temperatura da forma de aço steel deck, verifica-se boa
correlação entre os deslocamentos experimentais e numéricos ao longo do tempo. A diferença
entre os deslocamentos numéricos e experimentais são maiores nos primeiros 10 minutos,
estabilizando-se após este tempo, em torno de 10%.
Os casos mostrados F1, F2 e F3 correspondem às lajes que sofreram aquecimento pela curva
2, mas os casos de carregamento de lajes que foram aquecidas pela curva 1 apresentaram
resultados também bastante semelhantes.
Nestes experimentos não foram determinadas as resistências ao fogo das lajes, até porque as
mesmas não foram aquecidas segundo a curva do incêndio padrão ISO834 [3] nem os demais
requisitos desta norma. Dessa forma, não são apresentadas neste trabalho as resistências ao
fogo obtidas pelo modelo numérico para estas lajes.
4. CONCLUSÕES
Este artigo apresentou um modelo numérico tridimensional, não linear, em elementos finitos,
para a análise de lajes steel deck em situação de incêndio. A validação foi feita pela
comparação com resultados experimentais obtidos por [4]. Analisou-se parâmetros como
temperaturas na seção transversal e deslocamentos verticais no meio do vão. As seguintes
conclusões podem ser destacadas:
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5. REFERÊNCIAS
[1] Santos, M.M.L. – Considerações iniciais sobre o comportamento de lajes mistas "steel
deck" em situação de incêndio, Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal
de Pernambuco, 2016, 52 p.
[2] Abdel-Halim, M.A.H et al. - Fire resistance of composite floor slabs using a model fire test
facility, Engineering Structures, vol. 21, 1999, p. 176-182.
[3] INTERNATIONAL STANDARD.ISO 834 Fire-resistance tests – Elements of building
construction – Part 1: General requirements.1999.
[4] Guo, S.;Bailey, C.G. - Experimental behaviour of composite slabs during the heating and
cooling fire stages, Engineering Structures, vol. 33, 2011, p. 563-571.
[5] Guo, S. - Experimental and numerical study on restrained composite slab during heating
and cooling, Journal of Constructional Steel Research , vol.69, 2012, p. 95-105.
[6] Pawtucket, Rhode Island: Hibbit, Carlsson and Sorensson Inc. – “User´s manual: volumes
I-III", version 6.7. 2005
[7] Santos, D.B.R. – Modelagem numérica de lajes mistas de aço e concreto em situação de
incêndio, Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, 2014, 243 p.
[8] ABNT NBR 14323 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto
de edifícios em situação de incêndio. 2013, 66p.
[9] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN 1994 -1 - 2:2005: Eurocode 4 -
Design of composite steel and concrete structures. Part 1-2: General rules - Structural Fire
Design.2005.
[10] Pires, T.A.C. - Fire resistance of composite columns made of concrete filled circular hollow
sections and restrained thermal elongation. 8th International Conference on Structures in Fire,
2014, p.745 - 752.
296
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1. OBJETIVO
O objetivo deste artigo é gerar curvas do estado – limite último de pilares de concreto armado
em incêndio, combinando a formulação de Wickström [1] com o método da isoterma de 500 °C,
usando um código computacional de autoria própria, desenvolvido em MATLAB. Esse código
calcula, por meio de métodos numéricos, os esforços, deformações lineares específicas e
diagramas de interação, para pilares curtos de concreto armado em situação de incêndio.
2. INTRODUÇÃO
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. Av. Prof. Almeida Prado,
83, Cidade Universitária. 05508-070 - São Paulo - SP - Brasil. Tel.: +55 11 3091-5542. e-mail: valpigss@usp.br
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Para os engenheiros civis é pouco comum ter programas que realizem análises térmicas, este
artigo apresenta como alternativa, o uso de uma formulação proposta por Wickström [1] para
substituir as análises térmicas.
Para realizar a análise estrutural dos pilares curtos de concreto armado em situação de
incêndio devem ser considerados vários aspectos, entre outros, o campo de temperaturas na
seção transversal e a não linearidade dos materiais. Para isso, uma das alternativas é usar o
método da Isoterma de 500 °C (ver item 5 deste texto), que demanda menos esforço
computacional.
Neste artigo serão apresentadas curvas envoltórias correspondentes ao estado – limite último
de pilares curtos de concreto armado submetidos à flexão composta oblíqua em situação de
incêndio. As análises térmicas foram realizadas com a formulação proposta por Wickström [1].
Para realizar as análises mecânicas, os autores usaram um código próprio desenvolvido no
programa Matlab que realiza uma discretização da seção transversal dos pilares e o cálculo
numérico das integrais de equilíbrio. As curvas foram representadas graficamente com o código
usando o método da isoterma de 500 °C.
Para validar os resultados deste artigo, foram comparados aos de outro artigo [2], em que, para
análise térmica, foi empregado o programa de computador Diana.
3. MATERIAIS
𝜀𝑐 𝑛
𝜎𝑐 = 𝛼𝑐𝑐 𝑓𝑐𝑘 [1 − (1 − ) ] 0 ≤ 𝜀𝑐 ≤ 𝜀𝑐2
𝜀𝑐2
(1)
𝜎𝑐 = 𝛼𝑐𝑐 𝑓𝑐𝑘 𝜀𝑐2 ≤ 𝜀𝑐 ≤ 𝜀𝑐𝑢
Nas Equações 1:
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𝜎𝑐 : Tensão do concreto.
𝜀𝑐 : Deformação do concreto.
𝑓𝑐𝑘: Resistencia característica do concreto.
𝛼𝑐𝑐 : Coeficiente de redução da resistência do concreto sob carregamento de longa duração.
𝜎𝑠,𝜃
𝜀𝑝,𝜃 ≤ 𝜀𝑠,𝜃
𝑏 𝑐
= 𝑓𝑝,𝜃 − 𝑐 + √𝑎2 − (𝜀𝑦,𝜃 − 𝜀𝑝,𝜃 + ) ≤ 𝜀𝑦,𝜃
𝑎 𝐸𝑠,𝜃
(2)
𝜀𝑦,𝜃 ≤ 𝜀𝑠,𝜃
𝜎𝑠,𝜃 = 𝑓𝑦𝑘,𝜃 ≤ 𝜀𝑡,𝜃
Nas Equações 2:
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Na Figura 3:
𝑆 = ∬ 𝜎(𝜀)𝑍𝑑𝑥𝑑𝑦 (3)
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Figura 4. Equilíbrio na seção transversal para flexão composta reta, à temperatura ambiente.
Na Figura 4:
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𝑁 = ∑𝑛𝑒𝑐 𝑛𝑒𝑠
𝑖=1 𝜎𝑐𝑖 (𝜀𝑐𝑖 )𝐴𝑐𝑖 + ∑𝑖=1 𝜎𝑠𝑖 (𝜀𝑠𝑖 )𝐴𝑠𝑖
Mx = ∑nec nes
i=1 σci (εci )yci A ci + ∑i=1 σsi (εsi )ysi A si (4)
𝑀𝑦 = ∑𝑛𝑒𝑐 𝑛𝑒𝑠
𝑖=1 𝜎𝑐𝑖 (𝜀𝑐𝑖 )𝑥𝑐𝑖 𝐴𝑐𝑖 + ∑𝑖=1 𝜎𝑠𝑖 (𝜀𝑠𝑖 )𝑥𝑠𝑖 𝐴𝑠𝑖
No sistema de Equações 4:
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O método da isoterma de 500 °C é um método simplificado criado pelo pesquisador sueco Dr.
Yngve Anderberg [7]. Em 1978, Anderberg propôs o método da isoterma de 550 °C, mais tarde
o método foi modificado considerando-se como limite a isoterma de 500 °C.
Figura 6. Seção transversal com o campo de temperaturas, mostrando a isoterma de 500 °C.
6. FORMULAÇÃO DE WICSTRÖM
De acordo com WIckström [1] e Purkiss [7] a variação da temperatura, considerando fluxo de
calor biaxial, em estruturas de concreto de peso normal é dado pela equação (5).
∆𝜃𝑥𝑦 = (𝑛𝑤 (𝑛𝑥 + 𝑛𝑦 − 2𝑛𝑥 𝑛𝑦 ) + 𝑛𝑥 𝑛𝑦 )∆𝜃𝑓 (5)
Na equação 5:
𝑛𝑤 = 1 − 0,0616𝑡 −0,88
𝑛𝑥 = 0,18 ln 𝑢𝑥 − 0,81
𝑛𝑦 = 0,18 ln 𝑢𝑦 − 0,81
𝑢𝑥 = 𝑡⁄𝑥 2
𝑢𝑦 = 𝑡⁄𝑦 2
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𝑡: Tempo (h)
𝑥, 𝑦: Distancias do ponto avaliado à face externa, para cada direção (m).
∆𝜃𝑓 : Variação da temperatura do incêndio.
A formulação desenvolvida por Wickström [1] permite calcular a posição da isoterma de 500 °C
de maneira simples, sem o uso de programas para análise térmica.
7. RESULTADOS
Para as modelagens deste artigo foi usado concreto com f ck = 30 Mpa, aço com fy = 500 Mpa e
E = 210 GPa. Foi estudada uma seção transversal de 30 cm x 30 cm com 4 ϕ 16 mm (Figura 7)
com discretização em elementos quadrados de 1 cm x 1 cm.
Na figura 8 são apresentadas as curvas do estado – limite ultimo N x M da seção analisada nos
tempos 30, 60 e 90 min, obtidas com o método de Wickstrom [1] e comparadas às curvas
obtidas em Suaznabar e Silva [2].
Figura 8. Curvas N x M.
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obtidas com o método de Wickstrom [1] e comparadas às curvas obtidas em Suaznabar e Silva
[2].
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8. CONCLUSÕES
9. AGRADECIMENTOS
10. REFERÊNCIAS
[1] WICKSTROM, U. Temperature calculation in fire safety engineering. Springer. 243p. 2016
[2] SUAZNABAR J. S.; SILVA V. P..Pilares Curtos de Concreto Armado Submetidos à Flexão
Composta Obliqua em Situação de Incêndio: Cálculo e Geração de Curvas do Estado-
Limite Ultimo pelo Método da Isoterma de 500°C. In: Congresso Brasileiro do Concreto
CBC2014, 56°. Natal. 2014.
[3] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARIZATION. EN 1992-1-1. Eurocode 2: Design of
concrete structures – part 1.2 General rules and rules for buildings. Brussels: CEN, 2004.
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas
de concreto: Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
[5] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARIZATION. EN 1992-1-2. Eurocode 2: Design of
concrete structures – part 1.2 General rules – structural fire design. Brussels: CEN, 2004.
[6] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15200: Projeto de estruturas
de concreto em situação de incêndio. Rio de Janeiro, 2012.
[7] PURKISS J. A. Fire Safety Engineering. Oxford, Elsevier, 2007.
306
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1. INTRODUÇÃO
Pires et al. [1] realizou uma série de 40 testes de resistência ao fogo de pilares tubulares em
aço avaliando diversos parâmetros, tais como o diâmetro da seção, o nível de carga e de
restrição ao alongamento térmico. Complementando esta pesquisa, os mesmos autores [2],
desenvolveram um modelo numérico, tridimensional, não linear, em elementos finitos com o
software ABAQUS [3]. A comparação das temperaturas, forças de restrição, deformações
axiais e resistências ao fogo obtidas experimentalmente demonstrou uma boa correlação entre
os resultados numéricos e experimentais mostrando que o modelo é capaz de simular o
comportamento ao fogo destes pilares em situação de incêndio.
*Prof, MSc. – Instituto de Educação Superior da Paraíba. Rodovia BR-230, Km 14, s/n, Forte de Cabedelo. 58.310-000- Cabedelo - PB. Tel.:
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Costa [4] e Rocha [5] apresentaram uma série de 8 testes de resistência ao fogo com pilares
em aço formados a frio. Novamente parâmetros importantes na determinação da resistência ao
fogo foram considerados. São eles: o nível de restrição ao alongamento térmico e o nível de
carga. A utilização do software ABAQUS [3] novamente se mostrou viável com o
aperfeiçoamento do modelo apresentado em [2], tendo estas comparações sido apresentadas
em [6 e 7].
Almeida [8] realizou análises experimentais em perfis de aço formados a frio a altas
temperaturas, comparando os resultados com os seus, obtidos através de análises numéricas
com modelos discretizados em elementos finitos da biblioteca do código ANSYS [9]. Neste
estudo o autor considerou parâmetros relevantes na determinação da resistência ao fogo dos
pilares. Como sejam a influência da restrição ao alongamento térmico e as condições de apoio.
Os resultados mostraram que as forças de restrições no pilar apresentadas nos ensaios foram
maiores nos elementos engastados do que nos rotulados, enquanto as temperaturas de ruptura
nos ensaios foram semelhantes em ambos os casos.
Este trabalho teve por objetivo, utilizando o software ANSYS [9] simular o comportamento de
pilares em aço em situação de incêndio. Assim pretendeu desenvolver-se uma abordagem
numérica alternativa para a análise de estruturas em situação de incêndio. Os resultados de
temperaturas, forças de restrição e resistência ao fogo obtidos numericamente foram
comparados com os resultados experimentais e numéricos obtidos nos trabalhos [1 – 2 e 4 - 7].
2. MODELO NUMÉRICO
SOLID70 / SOLID90
Térmica DC3D20
SURF152
Nesta análise foram modelados dois tipos de perfis tubulares: os de seção circular, com
diâmetros de 168,3 mm e 219,1 mm, 3000 mm de comprimento e espessura de 6 mm; e os de
seção quadrada, com dimensões 30 mm, formados pela soldagem de dois perfis tipo U
enrijecidos, 2000 mm de comprimento e 6 mm de espessura. A Figura 1 ilustra um esquema
das dimensões destes pilares. Estas dimensões foram escolhidas devido à disponibilidade dos
resultados experimentais publicados por [1 e 4] que foram utilizados na comparação com os
resultados do modelo numérico.
.
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(a) (b)
Figura 1: Seção transversal e comprimento dos pilares modelados
(a) circulares e (b) quadrados
A análise numérica no ANSYS [9] deu-se em três etapas: a primeira consistiu numa análise de
autovalor para representar a imperfeição geométrica inicial global do pilar; a segunda foi uma
análise puramente térmica do problema, representando o aquecimento do pilar conforme a
curva do Incêndio Padrão ISO834 [10]; a terceira e última etapa consistiu na análise termo-
estrutural do pilar. Esta etapa 3 utilizou as temperaturas obtidas na etapa 2 (output) como dado
de entrada (input). Este tipo de análise sequencial foi empregue para se reduzir o tempo
computacional das análises numéricas conforme sugerido em [2]. No entanto, traz uma
simplificação: o problema mecânico é dependente do problema térmico, mas o contrário não.
No entanto, tal simplificação permite a obtenção de resultados com boa precisão.
Na análise térmica (etapa 2) o calor foi transferido para a face externa do pilar através de dois
mecanismos de transferência de calor: convecção e radiação. Para isto, no modelo foi utilizado
o elemento de superfície de contato SURF152. A transferência de calor da superfície externa
para o interior da seção deu-se por condução.
A interação dos pilares (submetidos ao incêndio) com a estrutura circundante (não aquecida)
foi simulada através de molas com restrição axial e rotacional. Inicialmente os pilares eram
submetidos a uma carga axial, representando sua carga de serviço. Os valores destas cargas
variavam entre 30% e 80% da carga de projeto Nrd [11]. Em seguida, a restrição das molas era
ativada e a carga térmica (curva do incêndio padrão [10]) era aplicada ao longo do
comprimento do pilar, exceto em seus extremos.
309
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A restrição axial no ANSYS [9] realizou-se pela utilização do elemento LINK10, sendo ele um
elemento uniaxial com dois nós que possibilita sua utilização atuando apenas com tração ou
compressão, sendo neste caso utilizada apenas a compressão.
3. RESULTADOS
Observa-se através dos gráficos que os resultados do ABAQUS [3] e ANSYS [9] apresentaram
boa correlação, entre si e com os resultados experimentais. Foram testados dois tipos de
elementos no ANSYS [9], o SOLID70 e o SOLID90, mas como seus resultados foram
semelhantes, apresentam-se apenas os resultados de um deles, no caso os do SOLID90.
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Temperatura (°C)
Tempo (min)
Figura 2: Temperaturas na seção média do pilar em aço com seção circular (219,1) mm.
Temperatura (°C)
Tempo (min)
Figura 3: Temperaturas na seção média do pilar em aço com seção quadrada (100x100) mm,
tipo caixão composto por “U” enrijecidos.
A Figura 4, apresenta os resultados obtidos do pilar em aço, de seção circular, com diâmetro
de 168,3 mm, rigidez axial de 13 kN/mm e submetido a um nível de carregamento de 30%.
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P/P0
Tempo (min)
Figura 4: Forças de restrição (P/P0) para o pilar em aço, de seção circular, com diâmetro de
168,3 mm, rigidez axial de 13 kN/mm e nível de carga de 30%
Na Figura 5, são apresentados os resultados para o pilar em aço, de seção quadrada, com
dimensão (100x100) mm, rigidez axial 75 kN/mm e submetido a um nível de carga de 40%. Os
perfis em aço, de seção quadrada, não foram modelados no ABAQUS [3], pelo que os seus
resultados numéricos não são apresentados na Figura 5.
P/P0
Tempo (min)
Figura 5: Forças de restrição (P/P0) para o pilar em aço, de seção quadrada, com dimensão
(100x100) mm, rigidez axial de 75 kN/mm e nível de carga de 40%
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09a11 de Outubro de 2017
determinar o principal motivo de falha das análises, apenas que ocorria no instante em que a
curva se encontrava no seu ramo descendente.
A Tabela 3 apresenta uma comparação entre os valores do tempo crítico dos elementos
analisados, das simulações realizadas no ABAQUS [3] e no ANSYS [9], comparados com os
resultados experimentais. Os valores dos tempos críticos via ANSYS [9] foram obtidos por meio
de estimativa, pois como já foi dito anteriormente estes valores não puderam ser obtidos nas
análises, pois estas abortavam ao iniciar o ramo descendente das curvas.
4. CONCLUSÕES
Este trabalho apresentou uma análise sobre o comportamento ao fogo de pilares tubulares em
aço através de modelos numéricos, tridimensionais, não lineares, desenvolvidos em elementos
finitos sólidos, com 20 nós, no software ANSYS [9]. Parâmetros como a forma e as dimensões
da seção transversal, o comprimento do pilar, o nível de carga e restrições ao alongamento
térmico foram considerados. Resultados de temperaturas, forças de restrição e resistência ao
fogo foram comparados com resultados experimentais [1 e 4] e numéricos [2, 6 e 7] disponíveis
na literatura.
O modelo ainda precisa ser melhor calibrado para representar a parte descendente
das forças de restrição, que é primordial para a definição das resistências ao fogo;
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5. REFERÊNCIAS
[1] Pires, T. A.C.; Rodrigues, J. P. C.; Silva, J. J. R. .Fire resistance of concrete filled circular
hollow columns with restrained thermal elongation.Journal of Constructional Steel
Research, v. 77, p. 82-94, 2012.
[2] Pires, T. A. C.; Rodrigues, J. P. C.; Rêgo Silva, J. J. . Fire resistance of composite
columns made of concrete filled circular hollow sections and with restrained thermal
elongation. In: Structures in fire, 2014, Shangai. Proceedings of the 8th international
conference on structures in fire.Shangai: Tongji university press, 2014. v. II. p. 745-752.
[3] ABAQUS. User’s manual: volumes I-III version 6.12. Pawtucket, Rhode Island: Hibbit,
Carlsson and Sorensson Inc.:2005.
[4] Costa, L. M. (2013) - Análise experimental de pilares em aço formado a frio submetidos à
altas temperaturas com restrição à dilatação axial livre e restringida. Dissertação
(Mestrado) – Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco
– UFPE.
[5] Rocha, W. C.; Rêgo Silva, J. J. ; Pires, T. A. C.; Medeiros, L. C.. Fire Behavior of Cold
Formed Columns?Experimental Tests. In: International Fire Safety Symposium, 2015,
Coimbra, Portugal. Proceedings of International Fire Safety Symposium, 2015. v. 1. p. 71-
78. ~
[6] Rocha, W. C.; Pires, T. A. C.; Rêgo Silva, J. J. .Numerical Models of Cold Formed Steel
Columns made of Square Tubular Section Subject to Fire. In: IFireSS ?International Fire
Safety Symposium, 2015, Coimbra, Portugal.Proceedings of International Fire Safety
Symposium, 2015. v. 1. p. 9-18.
[7] Rocha, W. C.; Pires, T. A. C.; Rêgo Silva, J. J. ; Araujo, M. S. D. A.. Análise numérica de
pilares de aço submetidos à altas temperaturas com restrição ao alongamento. In: III
Congresso Ibero-Latino-Americano de Segurança contra Incêndio? CILASCI, 2015, Porto
Alegre, Brasil. Anais do III Congresso Ibero-Latino-Americano de Segurança contra
Incêndio ? CILASCI, 2015.
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Palavras-chave: Pilar. Aço formado a frio. Revestimento contra fogo. Situação de Incêndio.
Resistência ao Fogo.
1. INTRODUÇÃO
O estudo sobre incêndio ganhou espaço nas pesquisas nacionais no final da década de 70 e já
é possível encontrar na literatura trabalhos sobre estruturas de chapa fina em situação de
incêndio. Estruturas de aço de chapa fina formadas a frio vêm ganhando um crescente espaço
no mercado nacional, pois são elementos estruturais de alta relação entre capacidade de carga
e peso próprio. Uma grande desvantagem deste tipo de estrutura é a redução das
propriedades mecânicas do aço [1] [2] com o aumento da temperatura em situação de
incêndio. Este fato se torna ainda mais relevante quando se trata de pilares, devido a sua
importância no projeto estrutural.
Uma das soluções mais comuns para aumentar a resistência ao fogo deste tipo de estrutura é
utilizar algum tipo de proteção através do revestimento com materiais isolantes. Apesar de
alguns trabalhos, como [3] [4], abordarem o tema ainda são escassos os estudos sobre o
mesmo. As normas Europeia [1] e Brasileira [2] que definem as orientações para o projeto de
estruturas de aço em situação de incêndio trazem um método simplificado para determinação
das temperaturas desenvolvidas no perfil com proteção em situação de incêndio, entretanto,
não definem as características térmicas dos materiais de proteção, recomendando normas de
ensaio para obtenção destas características, dificultando a determinação das espessuras para
projetos de estruturas de aço em situação de incêndio.
Um estudo experimental realizado por Costa [5] ensaiou 10 exemplares de pilares tubulares de
aço formados a frio do tipo caixão, com e sem restrição axial em situação de incêndio, sendo
aquecidos em um forno elétrico capaz de reproduzir a curva de incêndio-padrão [6]. Os pilares
foram carregados axialmente com 40 e 80% de sua capacidade resistente em situação
ambiente e os tempos de resistência ao fogo segundo critérios fornecidos por [6] e por [7]
variaram entre 9 e 3 min.
**Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. Rua Acadêmico Héli o
Ramos, s/n, Cidade Universitária. 50.740-530 - Recife - PE - Brasil. Tel.: +55 81 2126 8219 Fax: +55 81 2126 7216. e-mail:
tacpires@yahoo.com.br
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A literatura [5] acima citada mostra que pilares de aço composto por chapas finas formadas a
frio possuem uma pequena resistência ao fogo (TRRF) [2], entretanto constata-se grande
escassez na literatura de trabalhos envolvendo revestimento contra fogo desse tipo de
estrutura.
Nesse âmbito, Silva [3] desenvolveu uma expressão analítica para cálculo da espessura do
material de proteção passiva e validou sua equação através de comparação com outras
equações encontradas na literatura, resultados experimentais e resultados obtidos
numericamente pelo programa SuperTempCalc, a equação foi inserida na ABNT NBR
14323:2013 [2]. A proteção térmica utilizada na validação foi a argamassa Blaze Shield II,
fornecida no Brasil pela Resfrasol/Isolateck. No seu desenvolvimento analítico o autor
considerou o que o calor passa do material de proteção passa para a peça protegida por
condução e afirma que os fenômenos de radiação e convecção não tem muita significância no
cálculo das temperaturas desenvolvidas no perfil de aço. Chegou-se à conclusão que a
equação era satisfatória para prever a temperatura dos elementos de aço protegido mas para
materiais de proteção com umidade os valores obtidos com sua expressão são conservadores.
Gerkeen [4] apresentou vários tipos de proteções passivas utilizadas no Brasil e fez um estudo
numérico comparativo entre o desempenho térmico das mesmas quando aplicadas com
espessuras de 10, 15 e 20 mm utilizando o programa Thersys, em elementos finitos
bidimensionais, para obtenção da temperatura desenvolvida em um perfil formado à frio tipo
caixa. As curvas utilizadas para o aquecimento do perfil foram a curva presente em [6] e uma
curva de incêndio natural extraída da simulação de incêndio feita pelo autor em um
apartamento popular, utilizando o programa Smartfire. Utilizando a curva [6] pela redução das
propriedades mecânicas do aço fornecidas pela ABNT NBR 14323:2013 [2] concluiu-se que,
com 10 mm de espessura a argamassa foi capaz de fornecer um TRRF de 30 min, já a placa
de gesso, para fornecer o mesmo TRRF, necessitou de 15mm de espessura.
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O software ABAQUS [8] permite que a modelagem numérica seja feita com elementos finitos
bidimensionais (tipo casca) ou tridimensionais (tipo sólido). O mesmo permite uma análise
termomecânica sequencial, da mesma forma que foi feito por Pires et al [7]. Esta estratégia
apresenta resultados muito semelhantes à analise acoplada com a vantagem de ter um menor
tempo de processamento. Primeiramente o problema térmico é resolvido. As temperaturas no
perfil de aço obtidas nesta etapa, são utilizadas na etapa subsequente onde o problema
mecânico é analisado. Ou seja, as temperaturas no perfil são saídas no modelo térmico e
entrada do modelo mecânico.
Os pilares foram aquecidos, ao longo de 1,0 m, na sua região central, utilizando-se um forno
elétrico capaz de reproduzir a curva de incêndio-padrão [6]. Variou-se o carregamento dos
pilares utilizando 40 e 80% do valor característico de resistência à compressão do perfil em
situação ambiente (Nrd). Este valor calculado conforme a ABNT NBR 14762:2010 [9] é 280 kN.
A seguir, serão mostradas as comparações com os pilares que receberam uma carga de 110
kN (40% Nrd) e não tiveram a dilatação térmica restringida. A comparação térmica entre os
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800
Temperatura (°C)
600
400
Numérico
200 Experimental
0
0 5 10
Tempo (min)
A diferença máxima entre esses valores foi inferior a 1.0 mm, o que representa menos do que
0,05% do comprimento do pilar conforme pode ser observado na Figura 3. Conclusões
semelhantes podem ser observadas quando o pilar é submetido a uma carga de 220 kN (80%
Nrd). Por questão de espaço, será suprimido deste trabalho. De um modo geral, o modelo
numérico pode ser utilizado para prever o comportamento de pilares de aço formado a frio com
boa precisão.
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Nesta seção, será feita uma análise do comportamento em situação de incêndio dos pilares de
aço formados a frio com revestimento contra fogo de placas de gesso e de argamassa
projetada. Estas soluções são comumente adotadas na proteção de estruturas sujeitas ao fogo.
Novamente, apenas a região central do pilar com comprimento de 1.0 m foi aquecida conforme
a curva de incêndio-padrão [6]. O material de proteção foi modelado em elementos finitos do
tipo sólido quadrático com 20 nós com dimensão máxima de 50 mm. Testes de resistência ao
fogo de pilares de aço com proteção passiva ainda estão em curso no laboratório do
Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco (DECIVIL/UFPE).
Dessa forma, neste artigo será apresentada uma comparação entre o modelo numérico e o
método simplificado da ABNT NBR 14323:2013 [2]. As comparações com resultados
experimentais serão apresentadas em trabalhos futuros.
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Figura 4: Evolução das temperaturas, na seção à meia altura, dos pilares de aço com
revestimento de placas de gesso.
Figura 5: Evolução das temperaturas, na seção à meia altura, dos pilares de aço com
revestimento de argamassa.
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Tabela 1: Resistências ao fogo dos pilares de aço com revestimento contra fogo
Gesso Argamassa
Figura 6: Deslocamento axial, obtida pelo modelo numérico, para o pilar de aço com diferentes
espessuras de revestimento de placas de gesso
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Figura 7: Deslocamento axial, obtida pelo modelo numérico, para o pilar de aço com diferentes
espessuras de revestimento de argamassa
Por fim, chama-se atenção para o fato do método simplificado [2] não possibilitar a
determinação da resistência ao fogo conforme a ISO 834 [6], pois se adequa apenas às
análises experimentais. O método normativo permite apenas a determinação da força axial
resistente (Nfi,rd). Nesse sentido, podemos determinar a falha do pilar quando esta se igualar ao
esforço solicitante (S = R). A
Figura 8 mostra a redução da força resistente (Nfi,rd) para o pilar de aço com diferentes
espessuras de revestimento de placas de gesso. O revestimento de argamassa apresentou
resultados semelhantes e o gráfico será suprimido por falta de espaço.
Figura 8: Força resistente (Nfi,rd) determinada segundo o método simplificado [2] para o pilar de
aço com diferentes espessuras de revestimento de placas de gesso
Como na primeira comparação, tanto a proteção com argamassa quanto a com placas de
gesso aumenta significativamente o tempo crítico de falha dos pilares. Embora os critérios de
falha empregados sejam diferentes, a resistência ao fogo, determinada pelo critério da ISO 834
[6] através das simulações numéricas, e o tempo crítico, determinado pelo critério da ABNT
NBR 14323:2013 [2] são comparados na Figura 9.
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Figura 9: Falha dos pilares de aço com revestimento, método simplificado vs modelo numérico
4. CONCLUSÃO
Este artigo apresentou um modelo numérico, não linear, desenvolvido em elementos finitos
tridimensionais do tipo sólido, para a análise do comportamento em situação de incêndio de
pilares de aço com e sem revestimento contra fogo. Diferentes tipos de revestimentos
(argamassa projetada e placas de gesso), de espessuras (10, 20, 30, 40 e 50 mm) foram
analisados. Os resultados foram discutidos através da análise das temperaturas desenvolvidas,
das deformações axiais e da resistência ao fogo dos pilares analisados. As seguintes
conclusões podem ser destacadas:
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Outras comparações, também com bases experimentais estão em curso para que uma maior
contribuição sobre o tema possa ser obtida.
5. REFERÊNCIAS.
[1] EN 1993-1-2. Design of Steel Structures – Part 1-2: General Rules – Structural fire design,
CEN, Brussels, 2005
[2] ABNT NBR 14323:2013 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios em situação de incêndio. 2013, 66p.
[3] Silva, V.P. – “Determination of the steel fire protection material thickness by an
analytical process—a simple derivation” Engineering Structures 27 (2005) 2036–2043
[4] Gerkeen, A.L.R. - “Materiais De Proteção Térmica Para Sistemas Construtivos De Baixo
Custo Estruturados Em Aço”. 2007. 236p.
[5] Costa, L.M – Análise experimental de pilares emaço formado a frio submetidos a altas
temperaturas com restrição à dilatação axial livre e restringida. 2013, 190p
[6] INTERNATIONAL STANDARD.ISO 834 Fire-resistence tests – Elements of building
construction – Part 1: General requirements.1999.
[7] Pires, T.A.C. – “Fire resistence of composite columns made of concrete filled circular hollow
and with restrained thermal elongation”. Journal of Constructional Steel Research (2012) n°
77 82–94 13p
[8] Pawtucket, Rhode Island: Hibbit, Carlsson and Sorensson Inc. – User´s manual: volumes I-
III, version 6.7. 2005
[9] ABNT NBR 14762 - Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis
formados a frio. 2010, 93p.
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H. Caetano J. P. Rodrigues*
Doutorando Professor
ISISE, Departamento de Engenharia Civil ISISE, Departamento de Engenharia Civil
Universidade de Coimbra, Portugal Universidade de Coimbra, Portugal
G. Ferreira P. Pimienta
Professora Fire Expert
Universidade Estadual de Campinas, Brasil CSTB, França
1. INTRODUÇÃO
Quando uma estrutura de betão armado fica exposta a um incêndio, poderá sofrer ações
térmicas provocadas pela radiação ou mesmo pela atuação direta das chamas. Esta exposição
térmica, além de provocar um aumento de tensões no material, induz a transformações físico-
químicas que conduzem a alterações significativas na sua microestrutura e,
consequentemente, nas suas propriedades térmicas e mecânicas. Este facto ocorre devido ao
facto dos constituintes do betão (pasta e agregados) apresentarem uma composição química e
valores de expansão térmica diferentes entre si, que quando sujeito a altas temperaturas,
provocam danos irreversíveis no betão. Além disso, como o betão possui água na sua matriz
cimentícia aquando da hidratação do cimento, regista-se uma perda de massa inicial devido à
evaporação da água livre presente nos poros do betão e, posteriormente, à água que se
encontrava quimicamente ligada devido à hidratação do cimento [1].
*
*Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil. Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade de Coimbra – Polo II. Rua Luís Reis
Santos. 3030-788 Coimbra. PORTUGAL. Telef.: +351 239 797237 Fax: +351 239 797242. e-mail: jpaulocr@dec.uc.pt
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composições testadas, uma era constituída apenas por fibras de polipropileno (betão de
referência) e, nas outras quatro, fez-se variar o tipo de fibras de aço (designadas
comercialmente por fibras Dramix 3D e 5D) e a sua dosagem (45 ou 75 kg/m 3).
2. PROGRAMA EXPERIMENTAL
2.1 Materiais
a) b) c) d)
Figura 1:. a) Fibras de aço 3D; b) Fibras de aço 5D; c) Fibras de polipropileno; d) Fibras
usadas.
As amostras utilizadas neste estudo experimental foram obtidas através da fabricação de cinco
composições (tabela 1) distintas: CR, 3D_45, 3D_75, 5D_45 e 5D_75.
326
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Valor por m³
Designação
CIM SP B1 B2 B3 A FC PP FA3D FA5D
das A/C
[kg] [kg] [kg] [kg] [kg] [kg] [kg] [kg] [kg] [kg]
Composições
CR 400 8 543 290 373 479 200 2 0 0
3D_45 400 8 525 290 373 479 200 2 45 0
3D_75 400 8 513 290 373 479 200 2 75 0 0.36
5D_45 400 8 525 290 373 479 200 2 0 45
5D_75 400 8 513 290 373 479 200 2 0 75
A composição de referência (CR) possui apenas fibras de PP, as composições 3D_45 e 3D_75
além de conterem fibras de PP, foram introduzidas fibras de aço do tipo 3D na sua composição
com uma dosagem de 45 e 75 kg/m 3, respetivamente. As composições 5D_45 e 5D_75 além
de conterem fibras de PP, as fibras de aço do tipo 3D foram substituídas pelas do tipo 5D com
dosagens de 45 e 75 kg/m3, respetivamente. A dosagem de fibras de PP usada em todas as
composições de betão foi de 2 kg/m3, assim como a razão de água/cimento de 0,36. Na Tabela
1 é possível identificar os diferentes materiais e respetivas dosagens usadas na fabricação dos
diferentes tipos de betão.
Com base nas cinco composições definidas na Tabela 1 foram fabricadas 5 lajes, cada uma
delas representativa de cada composição e foram retirados e retificados vários carotes
cilíndricos com dimensões finais de 210 mm de altura com 70 mm de diâmetro. Após 180 dias
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4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
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de idade, estes carotes cilíndricos foram cortados e obtiveram-se provetes cilíndricos com 3
mm de espessura e 70 mm de diâmetro. (Figura 2.a)).
a) b)
Figura 2: a) Provete cilíndrico com 3 mm de espessura e 70 mm de diâmetro; b) Amostra de
betão impregnado em resina polimérica.
A preparação dos provetes utilizados nos ensaios de análise térmica (TGA-DTA) e difração por
Raios X (DRX) foram obtidos a partir os provetes cilíndricos de 3 mm de espessura e 70 mm de
diâmetro, que foram fragmentados em vários pedaços e triturados até serem reduzidos a um pó
que atravessasse um peneiro de 100 µm.
328
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Recife, Pernambuco, Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
A difração de raios X (DRX) é uma técnica utilizada para a avaliação mineralógica do betão e
determinação da sua estrutura cristalina. Além disso, permite a identificação química qualitativa
e quantitativa das fases cristalinas encontradas no material, neste caso, após exposição aos
patamares de temperatura indicados. Para a realização deste tipo de ensaio, recorreu-se ao
equipamento Philips (difratómetro X’Pert), com recurso à radiação de cobalto (kα1= 1.78897 Å).
As leituras foram feitas numa gama de 2θ, num intervalo de 5° a 80°, a um passo de 0,025º e
um tempo de requisição de 1 segundo. A tensão e a corrente de filamento foram de 40 kV e 35
mA, respetivamente.
3. RESULTADOS
Numa primeira fase, os resultados obtidos nos ensaios realizados nesta investigação foram
analisados isoladamente e só posteriormente foram analisados em conjunto, uma vez que a
informação obtida em cada técnica permite complementar-se entre si.
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Verifica-se que entre os 25 e os 200 °C a perda de massa é de 2,20 % e que este pico
endotérmico pode ser atribuído à vaporização de água livre e decomposição inicial do silicato
de cálcio hidratado (C-S-H) [8,9]. Entre os 200 e os 400 °C a perda de massa é de 1,21%.
Segundo vários autores [10-12] a variação de massa entre os 200 e os 300 °C deve-se à
contínua desidratação do C-S-H, iniciada aos 200 °C. Outros autores [13,14] relatam que a
perda de massa entre os 200 e 400 °C deve-se também à perda de água adsorvida, presente
nos compostos que formam a matriz cimentícia, resultante da primeira fase de desidratação ou
descarbonatação deste material. Dollimore et al. [15] descrevem que a dissociação da
portlandite inicia a partir de 780 °C, provocando uma variação acentuada da massa nesta faixa
de temperatura (figura 3). Na sequência, ocorre a desagregação do CaCO3, próximo a
temperatura de 900 °C. A decomposição destes dois últimos compostos provoca drástica
deterioração da matriz cimentícia e dos agregados presentes.
330
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Para temperaturas entre os 400 e 500 °C registou-se outro pico endortérmico e a perda de
massa registada na amostra de betão foi de 0,79% e foi provocada pela decomposição da
portlandite (hidróxido de cálcio - CaOH2) em cal (óxido de cálcio - CaO) [11-14,16]. Através de
cálculos estequiométricos, a quantidade de portlandite existente na amostra, foi de 1.60 %.
Apesar de não haver nenhuma perda de massa, aos 573 °C verifica-se outro pico endotérmico
e a existência deste pico diz respeito à transição de fase do quartzo α para β. Este fenómeno
traduz-se numa expansão de volume dos agregados siliciosos (areias graníticas), o que se
traduz num aumento da fissuração do betão quando se encontra a esta temperatura.
Entre os 600 e os 900 °C regista-se a maior perda de massa devido à descarbonatação dos
agregados no betão (calcite - CaCO3, em óxido de cálcio - CaO) [11]. Aos 850 °C, regista-se o
último pico endotérmico e deve-se à decomposição da dolomite. A quantidade de calcite
(carbonato de cálcio - CaCO3) estimada foi de 62%.
Na Figura 4 estão representados os resultados obtidos nos ensaios de difração por raio-x das
amostras do betão de referência à temperatura ambiente e depois de terem sido sujeitas à
temperatura de 200, 500 e 1000 °C.
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P Portlandite
Q Quartzo
C Calcite
C´ Cristobalite
C* Óxido de Cálcio
L Larnite
Para a temperatura de 1000 °C, os resultados revelaram a presença de várias fases cristalinas
como o quartzo, a cristobalite, óxido de cálcio e a larnite. A larnite surgiu a partir da
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a) b)
c) d)
Figura 5: Imagens retiradas da observação ao MEV com a identificação da portlandite (1),
silicato de cálcio hidratado (2) e do óxido de cálcio (3) do betão à temperatura ambiente a) e
após ter sido sujeito a altas temperaturas: b) 200°C; c) 500°C e d) 800°C.
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4. CONCLUSÕES
- Entre 200 e os 400 °C, o processo de desidratação do silicato de cálcio hidratado (C-
S-H) continua a processar-se de forma gradual e a perda de massa diminui ligeiramente, no
entanto, a não ser um aumento significativo da fissuração, não se verifica nenhuma reação
endotérmica no gráfico de termogravimetria, pelo que não se consegue identificar uma
alteração microestrutural significativa na morfologia do betão.
- Entre os 400 e os 700 °C, mais propriamente entre os 420 e 500 °C, constata-se a
existência de um pico endotérmico no TGA-DTA, acompanhado de uma redução de massa,
que se traduz na desidroxilação da portlandite (CaCO3) originando óxido de cálcio. A ausência
da fase cristalina da portlandite nos ensaios de DRX e a sua ausência nas observações no
MEV, comprovam a ocorrência desta transformação. Além desta constatação verifica-se que,
tal como verificado pelos outros investigadores referidos neste artigo, aos 573 °C também
ocorre a transição de fase α para β nos agregados de quartzo, traduzindo-se num aumento de
volume dos mesmos, aumento a fissuração no betão.
- Entre os 700 e os 900 °C, e apesar da perda de massa ir aumento à medida que se
aumenta a temperatura, é a partir dos 700 °C que se verifica a maior perda de massa e de
forma mais abruta, devendo-se essencialmente à descarbonatação dos agregados calcários
originando mais óxido de cálcio. Além disso, é nesta faixa de temperatura que se verifica outra
reação endotérmica e originam-se novas fases cristalinas como é o caso da cristobalite e da
larnite. A partir do momento em que ocorre a descarbonatação dos agregados calcários, a
resistência microestrutural do betão fica seriamente comprometida e a principal consequência
desta transformação, passa pela incapacidade do betão oferecer resistência mecânica às
forças a que esteja sujeita.
AGRADECIMENTOS
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REFERÊNCIAS
[1] Naus D.J. - “The effect of elevated temperature on concrete materials and structures-a
literature review”, Technical report, Oak Ridge National Laboratory, Oak Ridge,
Tennessee, 2005.
[2] Alarcon-Ruiz L. et al. – “The Use of Thermal Analysis in Assessing the Effect of
Temperature on a Cement Paste”, Cement and Concrete Research, vol. 35, 2005, p. 609-
613.
[3] Alonso C. & Fernandez L. – “Dehydration and Rehydration Process of Cement Paste
Exposed to High Temperature Environments”, Journal of Materials Science, vol. 39, 2004,
p. 3015-3024.
[4] Castellote M. et al. – “Composition and Microstructural Changes of Cement Pastes Upon
Heating, as Studied by Neutron Diffraction”, Cement and Concrete Research, vol. 34,
2004, p. 1633-1644.
[5] Zhou Q. & Glasser F.P. – “Thermal Stability and Decomposition Mechanisms of Ettringite
at <120ºC”, Cement and Concrete Research, vol. 31, 2001, p. 1333-1339.
[6] NP EN 206-1M; Betão - Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade,
2007.
[7] RILEM TC-HTC (2004) - “Behaviour of concrete at high temperatures – Part 1 – Ordinary
concrete”, 2004.
[8] Fichet R. et al. - “Microstructural Aspects in a Polymer-Modified Cement”, Cement and
Concrete Research, vol. 28, 1998, p. 1687-1693.
[9] Hager I. - “Behavior of Cement Concrete at High Temperature”, Bulletin of the Polish
Academy of Sciences Techinical Sciences, vol. 61, 2013, p. 145-154.
[10] Khoury G. - “Compressive Strenght of Concrete at High Temperature a Reassessment”,
Magazine of concrete Research, vol. 44, 1992, p. 291-309.
[11] Noumowé A. - “Effet des Hautes Températures (20–600 °C) sur le Béton”, Thèse de
doctorat, Institut National des Sciences Appliquées, 1995.
[12] Richard N. - “Structure et Propriétés Élastiques des Phases Cimentières à Base de
Monoaluminate de Calcium”. Thèse de doctorat, Paris VI, 1999.
[13] Liu X. - “Microstructural Investigation of Self-compacting Concrete and Hhigh Performance
Concrete During Hydration and After Exposure to High Temperature”, Ph-D Thesis, Ghent
University, Belgium, 2006.
[14] Ye G. et al. - “Phase Distribution and Microstructural Changes of SCC at Elevated
Temperatures”, Cement and Concrete Research, vol. 37, 2007, p. 978–987.
[15] Dollimore, D.; Gupta, J. D.; Lerdkanchanaporn, S.; Nippani, S. A thermal analysis study of
recycled Portland cement concrete (RPCC) aggregates. Thermochimica Acta, v. 357-358,
2000, p. 31-40.
[16] G. Platret G. - “Caractéristiques Microstructurales et Propriétés Relatives à la Durabilité
des Bétons” Méthodes de mesure et d'essai de laboratoire. Méthode d'essai 58,
Laboratoire Central des Ponts et Chaussées, Février 2002.
[17] Arioz O. “Effects of Elevated Temperatures on Properties of Concrete”, Fire Safety
Journal, vol. 42, 2007, p. 516-522.
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1. INTRODUÇÃO
O estudo do efeito do incêndio na capacidade resistente à punção das lajes é recente e tem
bibliografia escassa. Uma pesquisa pioneira sobre o tema foi realizada por Kordina [1]. Nesse
trabalho, o efeito do incêndio na capacidade resistente à punção foi estudado por meio de uma
análise experimental, na qual foram ensaiadas 14 lajes com um pilarete central. As lajes foram
posicionadas sobre um forno, cuja variação de temperatura seguiu a curva do
incêndio-padrão [2] e a aplicação do carregamento se deu pela tração de uma barra no centro
do pilarete e a respectiva reação em uma área circular sobre a laje.
Em quatro ensaios, a força foi mantida constante durante a simulação de incêndio, por 92, 120
ou 180 minutos e após esse período de tempo ela foi aumentada até a ocorrência de ruptura
por punção. Entretanto, em dois casos a capacidade do macaco foi atingida sem a ocorrência
de ruptura. Nos demais ensaios, a força foi aumentada gradativamente durante os primeiros 30
minutos de ensaio para simular os efeitos de acréscimo de força devido a restrições de
movimentação térmica nos pilares. Após esse tempo, a força foi mantida constante durante um
período de simulação de incêndio e, após esse intervalo de tempo, aumentou-se o
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. Av. Prof. Almeida Prado,
83, Cidade Universitária. 05508-070 - São Paulo - SP - Brasil. Tel.: +55 11 3091-5542. e-mail: valpigss@usp.br
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carregamento até a ocorrência da punção. No entanto, houve casos em que a ruptura ocorreu
antes do término do ensaio.
Bamonte et al. [4] apresentam um modelo teórico para o cálculo da capacidade resistente à
punção de lajes em situação de incêndio (item 4 deste texto). Esse modelo é baseado na
Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento (TFCC), desenvolvida por Muttoni [5] (item 3 deste
texto), no qual o critério de ruptura é dado por uma equação dependente da máxima dimensão
dos agregados e da rotação da laje. A força última é dada pelo ponto no qual a curva força-
rotação do elemento cruza com a curva força última-rotação (critério de ruptura). A adaptação
desse método para a situação de incêndio leva em conta as deformações induzidas pela ação
térmica e pela perda de rigidez dos materiais. O modelo é utilizado para comparação aos
valores experimentais obtidos por Kordina [1].
Annerel et al. [6] fizeram uma análise experimental da capacidade resistente à punção de seis
lajes, sendo duas ensaiadas à temperatura ambiente e as demais submetidas ao incêndio-
padrão [2], com duração de 120 minutos. Foram utilizadas lajes sem armadura de cisalhamento
e lajes com 1, 2 ou 5 estribos em cada lado dos pilaretes. A configuração dos testes é similar à
utilizada por Kordina [1]. A medida de deslocamentos foi efetuada por meio de um sistema de
cabos e polias sobre as lajes. Essa solução apresentou problemas de leitura dos resultados,
devido à dilatação dos cabos pelos vapores quentes ou por surgir fissuras junto aos parafusos.
A utilização de estribos nos casos desse trabalho se mostrou ineficiente para a situação de
incêndio, pois a ocorrência de spalling os expôs diretamente ao calor.
338
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Ghoreishi et al. [8] realizaram uma análise experimental em seis lajes, sendo três delas
ensaiadas à temperatura ambiente e as demais submetidas à simulação de incêndio. Nesse
teste o forno é montado sobre a laje e o carregamento é aplicado diretamente no pilarete por
meio do macaco. Previamente à realização dos experimentos, os fornos foram testados e a
temperatura interna atingiu valores próximos a 600 ºC. No entanto, durante a realização dos
testes com força, a temperatura máxima atingida foi de 319 ºC. Os autores atribuem essa
diferença à absorção de calor pelo concreto. Devido aos baixos valores de temperatura
atingidos, o uso do resultado dessa análise para tirar conclusões sobre punção em lajes em
situação de incêndio deve ser empregado com cautela.
As isotermas de 500 ºC foram obtidas por meio de análise térmica utilizando o programa de
computador Super Tempcalc [11]. A
Figura 1 apresenta as distribuições de temperatura em uma das lajes analisadas.
Observa-se que a isoterma de 500 ºC está na região interna dos pilares e das lajes. Dessa
maneira, as equações referentes à tensão solicintante e à capacidade resistente à punção
fornecidas pela norma brasileira ABNT NBR 6118:2014 [9] são modificadas pelos valores de
339
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altura útil reduzida para a situação de incêndio, tendo os valores marcados com asterisco
alterados para a nova situação, conforme apresentado nas equações (1), (2), (3) e (4):
𝐹𝑆𝑑
τSd = (1)
𝑢* 𝑑*
(2)
𝜏𝑅𝑑2 = 0,27𝛼𝑣 𝑓𝑐𝑘 𝑢*𝑑*
(3)
τRd1 = 0,13(1 + √20/𝑑*)(100 𝜌* 𝑓𝑐𝑘 )1/3
Nas equações (1) a (4) 𝜏𝑆𝑑 é a tensão de cisalhamento solicitante de cálculo, 𝐹𝑆𝑑 é a força ou
reação de punção solicitante de cálculo, u é o perímetro de contorno, d é a altura útil, 𝑓𝑐𝑘 é a
resistência do concreto à compressão característica, 𝑢* deve ser tomado como o
correspondente a cada perímetro crítico fornecido em [9], 𝛼𝑣 = 1 − 𝑓𝑐𝑘 /250, 𝜌 é a taxa de
armadura de flexão, 𝐴𝑠𝑤 é a área de armadura de punção, 𝑓𝑦𝑤𝑑 é a resistência ao escoamento
característica da armadura de punção, 𝛼 é o ângulo de inclinação entre o eixo da armadura de
punção e o plano da laje e 𝑠𝑟 é o espaçamento da armadura de punção.
As equações (1), (2), (3) e (4) são semelhantes às equações do Eurocode 2 Part 1-1 [10], com
a diferença que no caso da norma europeia as constantes numéricas das expressões (3) e (4)
podem assumir valores distintos para cada país.
Na equação (4) a resistência ao escoamento do aço tem o valor alterado, de acordo com a
temperatura, segundo a ABNT NBR 15200:2000 [12]. Combinando-se a equação (1) com as
equações (2), (3) e (4), isto é, igualando-se os valores solicitantes aos valores resistentes e
utilizando o coeficiente de ponderação 𝛾𝑐 = 1,4, para transformar os valores de cálculo da
norma para valores médios, obtém-se a capacidade resistente da laje à punção, conforme
equação (5).
0,27 𝛼𝑣 𝑓𝑐 𝑢* 𝑑*
0,182 (1 + √20/𝑑*)(100 𝜌* 𝑓𝑐𝑘 )1/3 𝑢* 𝑑* (5)
𝑉𝑅 ≤
𝑑 (𝐴𝑠𝑤 𝑓𝑦 𝑠𝑒𝑛𝛼)
(100 𝜌* 𝑓𝑐𝑘 )1/3 + 1,5
{[0,14 (1 + √20/𝑑*) 𝑠𝑟 𝑢* 𝑑*
] 𝑢* 𝑑*
Na equação (5), o valor de 𝑢* deve ser tomado como o correspondente a cada perímetro crítico
em questão.
340
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A rotação ψ da laje é considerada constante na região fora da fissura crítica, ou seja, nessa
região a laje apresenta movimento de corpo rígido. Levando em conta que a rugosidade da
fissura crítica e sua capacidade de transferência de esforços de cisalhamento podem ser
consideradas dividindo o produto ψ d por 𝑑𝑔0 + 𝑑𝑔 , em que dg0 é a dimensão de um agregado
de referência, adotado como 16 mm e dg é a dimensão máxima do agregado graúdo, o critério
de ruptura proposto é o indicado na equação (6).
𝑉𝑅 3/4
= 𝜓𝑑 (6)
𝑢 𝑑 √𝑓𝑐𝑘 1+15
𝑑𝑔0 +𝑑𝑔
Caso seja conhecida a curva que descreve a rotação da laje em função da força aplicada, a
capacidade resistente da laje à punção é o ponto de interseção entre essa curva e a obtida
pela equação (6), conforme a Figura 4. Essa curva pode ser obtida por meio da utilização de
341
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métodos numéricos não lineares, como o método dos elementos finitos. Entretanto, Muttoni [5]
propõe uma relação analítica que descreve essa curva para o caso de lajes lisas
axissimétricas, i.e., lajes circulares com pilares circulares, dada pela equação (7).
3/2
𝑟𝑠 𝑓𝑦 𝑉𝑠
𝜓 = 1,5 ( ) (7)
𝑑 𝐸𝑠 𝑉𝑓𝑙𝑒𝑥
Para a utilização da TFCC para situação de incêndio [4], o deslocamento vertical da laje em
relação a um contorno de referência (wtot ) deve ser separado em duas parcelas, uma
correspondente ao deslocamento devido ao carregamento (wload ) e outra parcela
correspondente ao deslocamento provocado pela variação térmica (wth ), conforme a equação
(8).
(8)
wtot = wload + wth
342
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Para o cálculo desses deslocamentos, aproxima-se o deslocamento wload como uma função
linear na região além da fissura, ou seja, nessa região a rotação ψ é considerada constante e o
deslocamento wth é considerado como uma função de segundo grau, conforme apresentado
na Figura 5.
Figura 6: Diagrama momento-curvatura para lajes submetidas a incêndio na face inferior [4]
343
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5. RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta um resumo dos resultados da análise realizada neste trabalho. Para
aplicação da equação (5) se utilizou a correlação 𝑓𝑐𝑘 = 𝑓𝑐 − 8 𝑀𝑃𝑎 [13]. Os ensaios 1, 2 e 3
foram analisados também por Bamonte et al. [4] por meio da TFCC adaptada para a situação
de incêndio.
Número do teste 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Lado do pilar (m) 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25
fc (MPa) 45 45 51 51 33 33 53 53 43 43
fck (MPa) 37 37 43 43 25 25 45 45 35 35
Taxa de armadura
(%) 0,56 0,56 1,54 1,54 1,54 1,54 0,56 1,54 0,56 0,56
(temperatura ambiente)
Taxa de armadura
(%) 0,70 0,70 1,60 1,54 1,86 1,86 0,58 1,81 0,68 0,56
(incêndio)
Altura útil (temperatura
(m) 0,17 0,17 0,17 0,17 0,17 0,17 0,17 0,17 0,17 0,17
ambiente)
Altura útil (incêndio) (m) 0,13 0,13 0,16 0,17 0,14 0,14 0,16 0,14 0,14 0,17
Força de ruptura V R [1] (kN) 492 475 550 810 386 380 500 568 410 460
Força de ruptura V R [4] (kN) 380 475 600 - - - - - - -
Força de ruptura V R
(kN) 386 473 761 953 505 505 552 643 403 635
(este trabalho)
𝑉𝑅 (E r )
0,79 1,00 1,38 1,18 1,31 1,33 1,10 1,13 0,98 1,38
𝑉 1
Pela análise térmica, realizada com o programa Super TempCalc [1], observou-se uma
distância entre a face exposta ao fogo e a isoterma de 500 ºC igual a 3,3 cm, 2,9 cm, 0,6 cm e
0,6 cm para os testes com duração de 120 min, 90 min, 29 min e 27 min, respectivamente. A
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Os lados dos pilares, iguais a 25 cm, sofreram redução devido à desconsideração das regiões
com temperatura superior a 500 ºC. Usando o método da isoterma de 500 ºC, obteve-se
18,2 cm para a largura dos pilares, desprezando-se a parte com temperatura superior a
500 ºC para os testes 1 e 2, 24,4 cm para os testes 3 e 7 e 20 cm para os testes 5, 6 e 9.
Observa-se também redução da altura útil, igual a 17 cm, passando para 13 cm nos testes 1 e
2, 16 cm nos testes 3 e 7 e 14 cm nos testes 5, 6 e 9. Em decorrência dessas reduções houve
redução dos perímetros críticos. Com essas novas medidas, calculou-se a força cortante
resistente por meio da equação (5).
A desconsideração das regiões com temperatura superior a 500 ºC nas lajes resultou em
redução da altura útil e do perímetro crítico, o que tem um efeito de redução da capacidade
resistente à punção. No entanto, como a área de aço não se altera, há um aumento na taxa de
armadura, que tem efeito de aumentar a capacidade resistente, conforme se observa na
equação (5). Estudos mais aprofundados devem ser realizados para avaliar a confiabilidade
dessa relação.
As lajes dos testes 1 e 2 são muito semelhantes, com a diferença que no teste 2 utilizou-se
armadura de punção. A consideração desta armadura resultou em aumento de 23% e 25% na
capacidade resisitente à punção, pelo método da isoterma de 500 ºC e pela aplicação da
TFCC, respectivamente. No ensaio de Kordina [1], entretanto, a armadura se mostrou
ineficiente, pois houve um spalling que a expôs diretamente ao calor.
Observa-se que os resultados da capacidade resistente à punção obtidos por Bamonte et al. [4]
para o teste 3 e por este trabalho para os ensaios 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 10 apresentaram valores
contra a segurança quando comparados com os valores obtidos experimentalmente [1]. A
média entre os valores calculados pelo método da isoterma de 500 ºC e os obtidos
experimentalmente é igual a 1,16 e o coeficiente de variação é de 17,6%.
6. CONCLUSÕES
A punção em lajes de concreto pode ser uma ruptura frágil e, eventualmente, levar ao colapso
progressivo. Apesar da relevância desse tipo de ruína, o estudo da punção em lajes em
situação de incêndio é recente e com literatura escassa. Este trabalho realizou uma análise da
punção em lajes em situação de incêndio combinando o procedimento recomendado por norma
brasileira para a verificação da punção à temperatura ambiente, adaptado para a situação de
incêndio, e o método da isoterma de 500 ºC, recomendado pela norma europeia para
verificação de vigas, lajes e pilares em situação de incêndio.
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experimentais, com diferenças superiores a 38% contra a segurança. Por este estudo, o
método da isoterma de 500 ºC não poderia ser empregado para punção. Entretanto, mais
pesquisas devem ser realizadas para avaliar a possibilidade de se aperfeiçoar esse método,
mais bem adaptando as equações da ABNT NBR 6118:2014 para a situação de incêndio.
7. REFERÊNCIAS
[1] Kordina, K. – Flat slabs under fire: redistribution of internal forces and punching tests.
Institut für Baustoffe, Massivbau und Brandschutz, Technische Universität Braunschweig,
CEN/TC 250/SC 2/PT 1-2 Doc N35, 1-12p.
[2] INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO) – Fire-resistance
tests – elements of building construction – Part 1.1: General requirements for fire
resistance testing. ISO 834, 1990.
[3] Salem, H., Issa, H., Gheith, H. & Farahat, A. – Punching shear strength of reinforced
concrete flat slabs subjected to fire on their tension sides, HBRC Journal, 2012, p.36-46.
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fire, 7th International Conference on Structures in Fire, Zurich, 2012, p. 689-698.
[5] Muttoni, A. – Punching shear strength of reinforced concrete slabs without transverse
reinforcement, ACI Structural Journal, vol. 105-S42, 2008, p. 440-450.
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fire, Fire Safety Journal, 2013, p.83-95.
[7] Annerel, E., Taerwe, L., Merci, B., Jansen, D., Bamonte, P. & Felicetti, R. – Thermo-
mechanical analysis of an underground car park structure exposed to fire, Fire Safety
Journal, 2013, p.96-106.
[8] Ghoreishi, M., Bagchi, A. & Sultan, M. A. – Punching shear behavior of concrete flat slabs
in elevated temperature and fire, Advances in Structural Engineering, 2015, p.659-674.
[9] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) – NBR6118 Projeto de
estruturas de concreto: procedimento, 2014.
[10] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION (CEN) – Eurocode 2: Design of
concrete structures – Part 1-2: General rules – Structural Fire Design, 2004.
[11] FIRE SAFETY DESIGN (FSD) – TCD 5.0 User’s Manual, 2007.
[12] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) – NBR15200 Projeto de
estruturas de concreto em situação de incêndio, 2012.
[13] FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON (FIB) – Model Code for Concrete
Structures 2010, 2010.
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1. INSTRUÇÕES GERAIS
A norma ABNT NBR 15200:2012 [1] expõe que o projeto das estruturas em situação de
incêndio, tal como a necessária verificação de estruturas incendiadas antes de sua reutilização,
baseia-se na correlação entre o comportamento dos materiais em temperatura ambiente e
após a exposição as altas temperaturas. O comportamento dos elementos, por sua vez, é
afetado pelas propriedades dos materiais que os formam [2].
*
Autor correspondente – Departamento de Estruturas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, UNICAMP. Rua Saturnino de Brito, 135,
Barão Geraldo, 13083-852, Campinas - SP - Brasil.. e-mail: marcela.barros.souza@gmail.com
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Em consonância, Cánovas [4] aponta que quanto maior o coeficiente de dilatação térmica do
agregado, maior o dano sofrido pelo material quando exposto às altas temperaturas, Britez [5]
destaca que a alteração do tipo de agregado torna possível que dois concretos com resistência
mecânica similar possuam comportamento distinto frente ao fogo e as principais normas
referentes ao tema apresentam tabelas e gráficos que relacionam o decréscimo das
propriedades mecânicas do concreto em função da temperatura de acordo com o tipo de
agregado e a classe ou grupo de resistência mecânica.
Dessa forma, objetivando-se contribuir para a supressão dessas lacunas, foi desenvolvido um
amplo programa experimental baseado na determinação dos coeficientes de redução em
função da elevação da temperatura das propriedades mecânicas de concreto de resistência
normal (NSC) e alta (HSC) executado com granito, calcário e basalto. Foram utilizadas as
recomendações RILEM TC 200-HTC e RILEM TC 129-MHT – um padrão internacionalmente
reconhecido que propicia uma melhor separação dos efeitos próprios do material dos efeitos
estruturais durante o aquecimento das amostras [3].
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Forma de aplicação de
tensão
Pode-se destacar sobre os fatores apresentados na Tabela 1, com base em Schneider [7], que:
349
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Figura 1: Fator de redução fc,θ/ fcj para concretos ensaiados em diferentes condições –
adaptado [9].
EN 1992-1-2:2004/ABNT NBR
1,0
15200:2010 - Calcário
0,8
EN 1992-1-2:2004/ABNT NBR
0,6
fc,θ/fcj
15200:2010 - Silicoso
0,4
Abrams - Silicoso
0,2
350
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
O concreto foi dosado nas proporções 1:2:3 (cimento Portland CPII-E-32, areia média, brita 1),
com relação água/cimento de 0,49.
3. RESULTADOS
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4. DISCUSSÃO
A análise dos resultados obtidos permite verificar que os corpos de prova de concreto com
agregado granítico apresentaram desempenho superior ao concreto confeccionado com
basalto, o qual, por sua vez, apresenta desempenho superior em relação ao concreto
confeccionado com calcário. Tal comportamento está de acordo com as observações de
Khoury, que afirma que a estabilidade térmica dos agregados aumenta na seguinte ordem, da
menor para a maior: calcário, basalto, granito e gabro [2].
EN 1992-1-2:2004/ABNT
NBR 15200:2010 - Calcário
1,0
EN 1992-1-2:2004/ABNT
NBR 15200:2010 - Silicoso
0,8
Abrams - Silicoso
fc,θ/fcj
0,6
Abrams - Carbonático
0,4
NSC - Basalto
0,2
NSC - Granito
0,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
NSC - Calcário
Temperatura ( C)
Figura 3: Comparação entre fc,θ/ fcj obtidos, os valores apresentados por Abrams e pelas
normas ABNT NBR 15200:2012 e EN 1992-1-2:2004.
352
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confeccionado com basalto, por sua vez, foi muito semelhante à curva de Abrams para
concreto com agregado silicoso.
Na Figura 4 são expostos os resultados obtidos para NSC nesse estudo em comparação com
os valores apresentados por Sollero e Moreno Júnior [13] para HSC (condição unestressed
residual, amostras de referência e ensaiadas após aquecimento às temperaturas de 200ºC,
400º e 600ºC conforme RILEM TC 200-HTC e RILEM TC 129-MHT).
1,0
HSC - Basalto [13]
NSC - Granito
0,2
NSC - Calcário
0,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura ( C)
Figura 4: Comparação entre fc,θ/ fcj obtidos, os valores apresentados por SOLLERO e
MORENO JR. e pela norma EN 1992-1-2:2004.
5. CONCLUSÕES
É um fato que o tipo de agregado graúdo, o tipo de concreto e a clara caracterização das
amostras e do regime de ensaio exercem influência crucial na determinação da resistência
residual do concreto exposto às altas temperaturas. Ainda assim, observam-se lacunas nas
353
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normas e produções acadêmicas quanto a esses fatores. Dessa forma, foi desenvolvido um
programa experimental com o propósito de colaborar com a supressão das referidas lacunas,
cujas principais conclusões foram:
De forma geral, o coeficiente fc,θ/ fcj das amostras confeccionadas com os três tipos de
agregado apresentou-se inferior ao indicado nas normas ABNT NBR 15200:2012 e
EN 1992-1-2:2004 para NSC até os 600ºC e próximo ao valor indicado para concreto
com agregado silicoso aos 800ºC, enquanto o coeficiente das amostras de HSC
utilizadas como referência na análise é igual ou superior ao determinado pela norma
EN 1992-1-2:2004 até os 600ºC;
354
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6. AGRADECIMENTOS
7. REFERÊNCIAS
355
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356
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1. INTRODUÇÃO
Para determinar a segurança dos pilares de concreto armado de alta resistencia em situação
de incêndio devem ser considerados varios aspectos, entre outros, o campo de temperaturas
na seção transversal e a não linearidade dos materiais. A consideração desses aspectos em
uma análise numerica aumenta o nivel de dificuldade. Uma alternativa é definir os valores limite
para as deformações específicas lineares, ou seja, dominios de deformação, e aplicar esses
domínios à geração de curvas envoltórias de ruptura, também chamadas curvas de interação
de esforços. Essa interação de esforços (N – Mx – My) é função entre outros, das leis
constitutivas dos materiais, da geometria da seção transversal do pilar, do critério de ruptura
escolhido (Estado – Limite Último) e da temperatura, que por sua vez é função do tempo.
Porém, os dominios à temperatura ambiente são diferentes dos usados em situação de
incêndio. Esses últimos devem variar de acordo com a temperatura.
Como alternativa, pode ser usado o método da Isoterma de 500 °C, que demanda menos
esforço computacional, devido a que não considera o pivô móvel [1] nos domínios de
deformação.
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. Av. Prof. Almeida Prado,
83, Cidade Universitária. 05508-070 - São Paulo - SP - Brasil. Tel.: +55 11 3091-5542. e-mail: valpigss@usp.br
357
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Neste artigo serão apresentadas curvas envoltórias correspondentes ao estado – limite último
de pilares curtos de concreto armado de alta resistência submetidos à flexão composta obliqua
em situação de incêndio. As análises térmicas foram realizadas no programa comercial DIANA
FEA [2]. Para realizar as análises mecânicas, os autores usaram um código próprio
desenvolvido no programa MATLAB que realiza uma discretização da seção transversal dos
pilares e o cálculo numérico das integrais de equilíbrio. As curvas foram representadas
graficamente com o código usando o método da isoterma de 500 °C modificado e considerando
concreto de alta resistência. Serão feitas algumas considerações relacionadas às normas
brasileiras e europeias.
2. OBJETIVO
O objetivo deste artigo é plicar o método da isoterma de 500 °C levando em conta as hipótesis
desse método para pilares de concreto de alta resistência, usando um código computacional de
autoría própria, desenvolvido em MATLAB. Esse código calcula, por meio de métodos
numéricos, os esforços, deformações lineares específicas e diagramas de interação, para
pilares curtos de concreto armado de alta resistência em situação de incêndio.
As normas brasileiras ABNT 6118:2014 [3], ABNT NBR 15200:2012 [4] e ABNT NBR
8953:2015 [5] não são explicitas quanto à denominação do concreto de alta resistência, porém
elas recomendam um tratamento diferenciado nas propriedades dos concretos do grupo II de
resistência característica maior do que 50 MPa e menor ou igual do que 90 Mpa, que neste
artigo são chamados de concretos de alta resistência. Os concretos de menor resistência são
chamados concretos de resistência normal. Para os concretos de alta resistência, a norma
brasileira ABNT NBR 15200:2012 [4] indica que devem ser seguidas as recomendações da
norma europeia EN 1992-1-2:2004 [6] que por sua vez realiza algumas recomendações com
base na norma EN 1992-1-1:2004 [7].
Se esse fenômeno não for controlado, os pilares de concreto armado de alta resistência
perdem muita capacidade resistente devido à diminuição da seção transversal durante o
incêndio. Em uma comparação do desempenho de pilares com concreto de alta resistência e
de resistência normal, por meio de ensaios com as mesmas condições, foi verificado que os
pilares de alta resistência, devido ao “spalling”, tiveram menor capacidade resistente [10].
358
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Por outro lado, o EN 1992-1-2:2004 [6] permite o uso, entre outros, do método da isoterma de
500 °C, modificando a isoterma de acordo com o tipo de concreto, para calcular a capacidade
resistente de seções de concreto armado de alta resistência submetidas à flexão composta,
desde que seja controlado o “spalling”. Recomendações sobre esse controle são encontradas
em [6] e [8]. Neste artigo, assume-se que tais recomendações foram atendidas para minimizar
o fenômeno do “spalling”.
O método da isoterma de 500 °C é um método simplificado criado pelo pesquisador sueco Dr.
Yngve Anderberg [14]. Em 1978, Anderberg propôs o método da isoterma de 550 °C, mais
tarde o método foi modificado considerando-se como limite a isoterma de 500 °C.
359
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Figura 1. Seção transversal com o campo de temperaturas, mostrando a isoterma de 500 °C.
Para concretos de alta resistência o valor da isoterma deve ser modificado, de acordo com as
recomendações do EN 1992-1-2:2004 [6]. Para concretos de resistência característica de 55
MPa a 60 MPa deve ser modificado por 460 °C e para os de 70 MPa a 80 MPa deve ser
modificado por 400 °C.
5. MATERIAIS
360
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(1)
Nas Equações 1:
: Tensão do concreto.
: Deformação do concreto.
: Resistencia característica do concreto.
: Coeficiente de redução da resistência do concreto sob carregamento de longa duração.
361
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(2)
Nas Equações 2:
362
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Na Figura 4:
(3)
Em que:
363
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Figura 5. Equilíbrio na seção transversal para flexão composta reta, à temperatura ambiente.
Na Figura 5:
364
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(4)
No sistema de Equações 4:
7. RESULTADOS
365
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Foram realizadas as análises térmicas no programa DIANA FEA para 30 min, 60 min, 90 min e
120 min de exposição à curva-padrão ISO 834 [15], considerando exposição ao fogo nas
quatro faces. Os campos de temperatura obtidos com o programa DIANA FEA são
apresentados nas Figuras 8.a a 8.d e Figuras 9.a a 9.d.
Figura 8.a. Campo de temperaturas da ST1 Figura 8.b. Campo de temperaturas da ST1
para 30 min. para 60 min.
366
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Figura 8.c. Campo de temperaturas da ST1 Figura 8.d. Campo de temperaturas da ST1
para 90 min. para 120 min.
Figura 9.a. Campo de temperaturas da ST2 Figura 9.b. Campo de temperaturas da ST2
para 30 min. para 60 min.
Figura 9.c. Campo de temperaturas da ST2 Figura 9.d. Campo de temperaturas da ST2
para 90 min. para 120 min.
367
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Observa-se que quanto maior o tempo de exposição ao fogo, menor é a capacidade resistente
do pilar. Independentemente da resistência característica do concreto, as seções ST2
apresentam melhor desempenho que as seções ST1, isso decorre de que as seções ST2 são
mais robustas, o que dificulta o incremento da temperatura no seu interior ao longo do tempo.
A seguir, nas Figuras 12.a, 12.b, 13.a e 13.b são apresentadas as curvas de interação de
momentos Mx - My das seções transversais ST1_60 e ST1_70 para os campos de temperatura
de 30, 60, 90 e 120 min de exposição ao fogo ISO 834 [15], para as forças normais de
compressão de 1.000 kN e 2.000 kN.
368
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A seguir, nas Figuras 14.a, 14.b, 15.a e 15.b são apresentadas as curvas de interação de
momentos Mx - My das seções transversais ST2_60 e ST2_70 para os campos de temperatura
de 30, 60, 90 e 120 min de exposição ao fogo ISO 834 [15], para as forças normais de
compressão de 5.000 kN e 8.000 kN.
369
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8. CONCLUSÕES
370
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9. AGRADECIMENTOS
10. REFERÊNCIAS
[1] SUAZNABAR J. S.; SILVA V. P.; PIERIN I. Estudo dos domínios de deformação em
seções transversais de concreto armado em situação de incêndio. Natal, Out. 2014.
[2] TNO DIANA BV – DIANA Finite Element Analysis. User’s Manual. Delft, 2016.
[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas
de concreto: Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15200: Projeto de estruturas
de concreto em situação de incêndio. Rio de Janeiro, 2012.
[5] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8953: Concreto para fins
estruturais - Classificação pela massa específica, por grupos de resistência e
consistência. Rio de Janeiro, 2015.
[6] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARIZATION. EN 1992-1-2. Eurocode 2: Design of
concrete structures – part 1.2 General rules – structural fire design. Brussels: CEN, 2004.
[7] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARIZATION. EN 1992-1-1. Eurocode 2: Design of
concrete structures – part 1.2 General rules and rules for buildings. Brussels: CEN, 2004.
[8] SILVA V. P. Projeto de Estruturas de Concreto em Situação de Incêndio Conforme ABNT
NBR 15200:2012. São Paulo, Blucher, 2012.
[9] Mehta p. k., MONTEIRO P. J. M. Concrete. Microstructure, Properties and Materials.
Berkeley, McGraw-Hill, 2006.
[10] KODUR V. K. R.; McGrath r. Fire Endurance of High Strength Concrete Columns. Fire
Technology v. 39, p. 73-87, Kluwer Academic Publishers 2003.
[11] KODUR V. K. R.; Phan l. Critical factors governing the fire performance of high strength
concrete systems. Fire Safety Journal v. 42, p. 482-488, Elsevier Jun. 2007.
[12] DOHERTY P.; ALI F.; NADJAI, A. Explosive spalling of concrete columns with steel and
polypropylene fibres subjected to severe fire. 6th International conference on structures in
fire. Michigan, 2010.
[13] PARK J. E.; SHIN Y. S.; KIM H. S. Various Factors Influencing on Thermal Behaviors of
High Strength Concrete (HSC) Columns under Fire. Procedia Engineering. v. 14, p. 427-
433, Elsevier, 2011.
[14] PURKISS J. A. Fire Safety Engineering. Oxford, Elsevier, 2007.
[15] INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARIZATION ISSO 834-1:1999(E). Fire-
resistance tests – Elements of building construction – Part 1: General requirements.
Ginebra, 1999.
371
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Segurança Contra Incêndio
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1. RESUMO
A pesquisa da qual o presente artigo se origina abordou o desempenho de uma forma seletiva
de compartimentação horizontal, com vistas à promoção da segurança contra incêndio em
edificações - SCIE. Para tanto, utilizou-se as medidas de uma sala de aula de médio porte para
a elaboração de um modelo computacional, sobre o qual foram aplicadas diferentes
configurações de aberturas para a exaustão da fumaça em uma situação de incêndio, mas com
o confinamento do calor e das chamas no ambiente de origem. Durante o desenvolvimento da
pesquisa, caracterizada por um aprimoramento na operacionalização do software adotado,
percebeu-se resultados substancialmente distintos para diferentes níveis de aperfeiçoamento
do modelo e das condições de contorno. Os resultados revelaram que os dados obtidos nos
testes preliminares, realizados a partir de modelos e de condições de contorno simplificados,
apresentaram-se bastante animadores. Enquanto que os resultados obtidos com os modelos e
as condições de contorno aperfeiçoadas apresentavam apenas uma discreta melhoria na
exaustão da fumaça proporcionada pela compartimentação horizontal seletiva.
*
Leonardo Jorge Brasil de Freitas Cunha – Diretoria de Projetos e Obras, Superintendência de Infraestrutura, Universidade Federal Rural do Semiárido. Av.
Francisco Mota, 572, Costa e Silva. 59.625-900 - Mossoró - RN - Brasil. Tel.: +55 84 3317 8282. e-mail: leonardo@ufersa.edu.br
†
Edna Moura Pinto – Departamento de Arquitetura, Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Campus Universitário Lagoa
Nova. 50.740-530. Caixa Postal 1524 - Natal - RN - Brasil. Tel/ Fax.: +55 84 3215 3776. e-mail: emourapinto@gmail.com
375
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2. INTRODUÇÃO
O incêndio é um dos mais graves incidentes que pode ocorrer em uma edificação, uma vez que
além dos danos materiais, também está fortemente associado à perda de vidas humanas [1]. A
segurança contra incêndio em edificações - SCIE é uma área de estudo relativamente nova no
Brasil. Na arquitetura, a SCIE pode ser associada ao conjunto de soluções projetuais voltadas
para a proteção dos ocupantes. Uma medida de proteção passiva determinante na SCIE, e de
total controle por parte do arquiteto, é a compartimentação da edificação em ‘células’ capazes
de confinar a ação do incêndio no ambiente de origem. Por restringir as chamas e seus
subprodutos no interior do ambiente de origem, a compartimentação contribui efetivamente
tanto para a evacuação segura dos ocupantes do restante da edificação, quanto nas operações
de combate ao fogo [2].
3 OBJETIVO
O objetivo da pesquisa que originou esse artigo foi sugerir e avaliar o potencial de uma forma
alternativa de compartimentação, que restringisse chamas e calor no ambiente de origem,
porém que fosse capaz de proporcionar a exaustão da fumaça. Para tanto, utilizou-se a
simulação computacional para estimar o desempenho de diferentes configurações de aberturas
dispostas na parede e no teto de um ambiente representativo de uma sala de aula.
Incidentalmente, durante as simulações dos testes preliminares, verificou-se que os resultados
variaram significativamente. Contudo, à medida que se aperfeiçoou o modelo e as condições
de contorno das simulações observou-se melhorias apenas sutis no tempo de escape e altura
da camada visível.
4. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS
376
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4.2 Modelo
O modelo, denominado por ‘caso-base’, representa uma sala de aula para 65 alunos e consiste
em um prisma de base retangular, medindo 7,10 x 11,90 x 3,80 m [largura x cumprimento x
altura] (Figura 1). Alocou-se as seguintes esquadrias: duas portas, medindo 0,90 x 2,10 m
[largura x altura] e com bandeirola de vidro fixo de 0,40 m de altura, nas extremidades da
parede voltada para o corredor, e quatros janelas, medindo 2,50 x 1,00 x 1,10 m [largura x
altura x peitoril], dispostas na parede voltada para o meio externo. O forro é de placas
termoacústicas removíveis, apoiadas sobre armação de alumínio. As paredes são de alvenaria
convencional, com tijolos cerâmicos de oito furos, rebocadas e pintadas em ambas às faces.
Piso e cobertura são de laje de concreto pré-moldado, tipo volterrana.
377
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Durante a execução dos testes preliminares, denominou-se como caso-base – ‘CB’ o modelo
representativo da sala, com as janelas fechadas, a partir do qual foram considerados
dezessete casos hipotéticos de subdivisão do ambiente original, considerando as janelas
fechadas ou abertas. A primeira variação, doravante denominado ‘DIV’ representa a situação
mais comum, onde o caso-base é subdividido em duas salas por uma divisória posicionada
transversalmente no centro da sala. Esses dois casos serviram de referência comparativa para
a avaliação do desempenho da compartimentação horizontal seletiva, cujo objetivo é promover
a exaustão da fumaça, porém confinando chamas e calor no ambiente de origem do incêndio.
A compartimentação horizontal seletiva resulta da disposição de duas divisórias paralelas, com
aberturas posicionadas próximas ao forro, voltadas alternadamente para as salas oriundas da
subdivisão do ambiente original. O vão entre as divisórias paralelas é dividido ao meio, para
evitar que a fumaça gerada na sala incendiada invada a sala oposta. Por fim, foram concebidas
aberturas nas lajes para exaustão da fumaça (Figura 2).
378
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
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‡ O domínio é normalmente um prisma de base retangular com dimensão suficiente para comportar o objeto de estudo e, se desejável, o seu
entorno imediato. Casos específicos podem suscitar domínios bidimensionais ou cilíndricos.
379
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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
380
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Os resultados mostraram que a compartimentação seletiva, da forma como foi proposta, não foi
capaz de promover sozinha a exaustão completa da fumaça gerada, uma vez que em todos os
casos nos quais as portas e janelas estavam fechadas, a camada de fumaça conseguiu atingir
o nível do piso. Entretanto, observa-se um incremento significativo no tempo necessário para a
fumaça ocupar todo o ambiente. Tomando o caso ‘DIV’ como referência, nota-se que esse
intervalo é até quatro vezes maior com a presença da compartimentação horizontal seletiva
(Figura 5).
381
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Instigado pelos bons resultados obtidos com os modelos simplificados, optou-se por
aperfeiçoá-los, objetivando aproximá-los do cenário real. Além de refinamentos na geometria
dos elementos previamente modelados, foram inseridos outros itens do mobiliário, tais como:
armário, datashow, suporte do datashow, computador sobre a mesa do professor, quadro-
negro afixado à parede e cortinas persianas em frente às janelas (Figura 6). Também foram
introduzidos aperfeiçoamentos no modelo, tais como:
a. O comando “BURN_AWAY” foi ativado para todos os materiais combustíveis, permitindo
que eles iniciassem o processo de pirólise ao atingir a temperatura de ignição;
b. Inclusão do comando “RAMP_Q” para gerar um crescimento paulatino da chama.
Adotaram-se os valores referentes ao “Crescimento médio de incêndio”, obtidos a partir
da equação, retirada da norma britânica BS 3974/2001 [3];
c. Inclusão do comando “DEVC_ID” que permite impor uma ação a determinado objeto em
função do comportamento de alguma variável. No caso específico, determinou-se que as
superfícies de vidro desaparecessem ao atingir 500 ºC [4], simulando o efeito de quebra;
d. Correção do valor atribuído ao parâmetro “SOOT_YELD”, que determina a fração do
composto convertida em fumaça durante a combustão, para 5% [5];
e. Temperatura inicial ajustada para 25 ºC, por meio do parâmetro “&MISC TMPA=25”.
Atentando para os casos simulados com as janelas abertas, percebeu-se apenas um discreto
incremento, entre 9% e 18%, na altura da camada visível naqueles providos de
compartimentação seletiva em relação ao caso de referência ‘DIVplus_open’ (Figura 7).
Contudo, considerando a margem de erro envolvida, pode-se afirmar que, além de insensível
às diferentes combinações de abertura na divisória e na laje, a exaustão promovida pelas
janelas torna desnecessária a utilização da compartimentação horizontal seletiva.
382
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Recife, Pernambuco, Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Figura 7: Gráfico do incremento na altura da camada livre de fumaça, em relação ao caso com
divisória simples, obtidos com o modelo aperfeiçoado
Analisando apenas os resultados dos casos simulados com as janelas fechadas, percebe-se
que a compartimentação seletiva foi capaz de promover benefícios para os ocupantes durante
a evacuação, pois tornou a redução da camada livre de fumaça menos intensa, além de
estabilizá-la acima de 1,00 m de altura. Percebeu-se, contudo, pouca diferença entre os
resultados obtidos com diferentes combinações de aberturas na divisória e na laje, indicando a
inexistência de um coeficiente de proporcionalidade entre os vãos disponíveis para a exaustão
e o acréscimo na altura da camada livre de fumaça (Figura 8).
5.3 Conclusão
383
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6. REFERÊNCIAS
384
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Jesce John da S.
Borges*
Analista Ministerial
Ministério Público de
Pernambuco
Recife, Brasil
1. INTRODUÇÃO
Infelizmente a legislação sobre Segurança Contra Incêndio no Brasil é movida à tragédia, pois
somente após grandes incêndios que causaram inúmeras perdas humanas e materiais é que o
assunto passa a ser discutido para que sejam tomadas às devidas providências. A Tabela 01
apresenta os principais incêndios ocorridos no Brasil.
*
Autor correspondente – Engenheiro Civil. Especialista em Engenharia de Instalações Prediais. Especialista em Engenharia de Segurança Contra Incêndio e
Pânico. MBA - Especialista em Gestão do Ministério Público. Mestre em Geotecnia. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Doutorando em
Geotecnia na Universidade Federal de Pernambuco. Analista Ministerial do Ministério Público de Pernambuco. Membro da comissão de licitação da
Secretaria de Administração de Pernambuco. Rua São Miguel, 176, Afogados. 50.850-275 - Recife - PE - Brasil. Tel.: +55 81 99935-7622. e-mail:
jescejohn@hotmail.com
385
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Segundo o Instituto Sprinkler Brasil [2], o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de
mortes por incêndio. O cruzamento de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) com uma
pesquisa realizada pela Geneva Association é a base para a constatação. Trata-se de um dado
alarmante que esta relacionado com a fragilidade dos sistemas de proteção contra incêndio no
País e com a falta de políticas públicas para a sua prevenção, além de falhas na
regulamentação e na manutenção de equipamentos destinados ao combate ao fogo.
Neste contexto, o objetivo primordial deste trabalho é verificar em que situação se encontram
as condições de segurança contra incêndio das escolas estaduais e municipais do Estado de
Pernambuco. Para isso, foram verificados os dispositivos básicos de proteção contra incêndio
exigidos pelo Código de Segurança Contra Incêndio do Estado de Pernambuco - COSCIP PE.
2. DESENVOLVIMENTO
Nas décadas de 70 e 80 do século passado houve grandes incêndios em edifícios altos e lojas
de departamentos no Brasil, como edifícios Andraus - 31 andares (1972), Joelma - 25 andares
(1974), Conjunto Nacional (1978), Grande Avenida - 19 andares (1981) e torres da CESP - 21
e 25 andares (1987), em São Paulo; nas Lojas Americanas (1973) e Lojas Renner (1976), em
Porto Alegre, RS; no edifício Andorinha (1986), no Rio de Janeiro; no Edifício Visconde de
Itaboraí, onde funcionavam o Banco do Brasil e a Cacex, e no edifício do Ministério da
Habitação e Bem-Estar Social, ambos em 1988, em Brasília. Esses eventos demarcaram
386
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Recife, Pernambuco, Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
sobremaneira um novo período com a preocupação com a segurança contra incêndios nas
edificações [4].
Recentemente o incêndio na Boate Kiss em Santa Maria/RS em 2013 causou grande clamor
social e a legislação sobre segurança contra incêndio no Brasil voltou a ser debatida.
Verificando a deficiência e a desatualização das normas de SCI nos estados brasileiros, a
criação de uma lei federal passou a ser uma solução viável para os problemas. As normas de
SCI que estão em vigor são leis estaduais, ou seja, cada estado elabora sua própria legislação
com base em normas locais ou estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) ou mesmo pela Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho.
Para se determinar as medidas de proteção necessárias para uma edificação, ela deve ser
classificada segundo sua ocupação ou uso, altura da edificação, área construída, carga de
incêndio, capacidade de lotação e riscos especiais [4]. As edificações analisadas neste
trabalho são unidades escolares municipais e estaduais de Pernambuco.
Para Mendes [3], as escolas são habitações coletivas com características construtivas
específicas para crianças e adolescentes que, devido as suas limitações físicas, de experiência
e de conhecimento, estão mais vulneráveis e dependentes do auxílio de um adulto em
situações de emergência.
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Ainda segundo o levantamento do Instituto Sprinklers Brasil - ISB, desta vez considerando
ocorrências de incêndio por estado, Pernambuco ocupa a sétima posição na classificação geral
com 85 ocorrências de incêndio em 2015, Figura 2.
388
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A saída de emergência pode ser definida como um caminho contínuo, devidamente protegido e
sinalizado, proporcionado por portas, corredores, “halls”, escadas e rampas, que deverá ser
percorrido pelo usuário em caso de emergência, de qualquer ponto da edificação até atingir a
via pública ou espaço aberto, com garantia de integridade física, Figura 5.
Para salvaguardar a vida humana em caso de incêndio é necessário que as edificações sejam
dotadas de meios adequados de fuga, que permitam aos ocupantes se deslocarem com
segurança para um local livre da ação do fogo, calor e fumaça, a partir de qualquer ponto da
edificação, independentemente do local de origem do incêndio [6].
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Segundo o Art. 181 do COSCIP, o número de saídas de emergência será dimensionado pela
seguinte fórmula:
P
N (1)
C(d)
onde:
De acordo com o COSCIP [5], o sistema de sinalização pode ser feito através de sinal luminoso
com fonte alimentadora própria ou fosforescente (Figura 6). De maneira geral, os sistemas
devem conter a palavra SAÍDA e uma seta indicando o sentido do caminhamento.
390
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O sistema de proteção por hidrantes ou mangotinhos são sistemas hidráulicos acionados sob
comando, capazes de aplicar jatos de água sobre o foco de incêndio, promovendo o
resfriamento [1], Figura 8. Segundo o Art.º 105 do COSCIP, a exigência do sistema para
edificações escolares são: altura superior a 14,0 m e superior a 4 pavimentos.
O sistema de proteção por chuveiros automáticos – sprinklers (Figura 9), é o conjunto formado
por canalizações, válvulas, reservatórios d’água, chaves de fluxo, bicos dos chuveiros, e,
quando for o caso, sistema de bombas, destinado à proteção contra incêndio e pânico. O
quadro de exigência do Art.º 132 não apresenta expressamente o Tipo de ocupação K -
Escolar, porém pode-se considerar a condição de exigência para acima de 6,0 m de altura ou
acima de 2 pavimentos.
Figura 10: Sistema de detecção e alarme de incêndio: detector de incêndio, acionador manual,
sirene e central de alarme. Fonte: São Paulo [6].
A central de Gás Liquefeito de Petróleo - GLP somente será exigida em escolas com área
construída superior a 750 m², conforme o Art.º 184. Quanto aos dispositivos de descargas
atmosféricas descritos no Art.º 247, serão exigidos para edificações com altura superior a 20,0
m ou com área de coberta superior a 1.500,0 m².
De maneira geral, para o perfil das edificações escolares estaduais e municipais que foram
analisadas, as exigências de proteção contra incêndio são: extintores de incêndio, sinalização,
saída de emergência e iluminação de emergência.
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Foram analisadas 120 unidades escolares no período de 2013 a 2016, sendo 27 estaduais
e 93 municipais. O resultado apresenta uma situação bastante preocupante para a segurança
contra incêndio nas escolas do Estado de Pernambuco, pois os itens básicos de segurança
não são atendidos em sua grande maioria, Tabela 2.
Constatou-se que 70,83% das unidades escolares não apresentam nenhum tipo de medida de
proteção contra incêndio. Os 29,17% restantes apresentaram apenas extintores de incêndio e
somente 05 escolas apresentaram iluminação de emergência. Porém, grande parte desses
equipamentos estava com deficiências (extintores com carga fora de validade,
despressurizados, obstruídos ou instalados de forma irregular e iluminação de emergência sem
funcionamento).
Tabela 2: Quadro resumo sobre as condições de segurança contra incêndio nas edificações
escolares do Estado de Pernambuco.
Exigência Extintores de Sinalização Iluminação de Saída de
Incêndio Emergência emergência
Atende 35* 0 5** 0
Não
85 120 115 120
atende
* Grande parte dos extintores constatados estavam com prazo de recarga vencido, despressurizados,
obstruídos ou instalados de forma irregular (altura superior a 1,60 m).
** Apenas 02 em funcionamento.
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Além disso, várias escolas apresentam centrais de Gás Liquefeito de Petróleo - GLP que não
atendem as exigências da NBR 13523/2008. São considerados riscos especiais e devem ter
proteção contra incêndio específica de acordo com capacidade de armazenamento da central.
Além de não atender às exigências da norma quanto ao projeto e à execução, as escolas não
apresentam unidades extintoras para suas centrais, ficando totalmente desprotegidas para o
caso de acidentes.
Ignorar a legislação vigente, não implantar os sistemas básicos de proteção contra incêndio e
acreditar que nunca ocorrerá um sinistro continuam sendo atitudes que exemplificam a
displicência no tratamento do tema de segurança contra incêndio no Brasil. A situação das
edificações escolares de Pernambuco comprova esse fato pois, apesar de estarem presentes
todos os indícios de vulnerabilidade, as pessoas preferem contar com a sorte ou talvez sejam
ignorantes quanto ao tema de modo que não consigam identificar os riscos a que estão
expostos.
Cabe lembrar que o pânico ocasionado pela ocorrência de emergências é motivo para
tumultuar a saída da edificação, resultando em pessoas pisoteadas, feridas e até mortas.
Estas não são consequência direta da situação de emergência, mas sim do tumulto e
pânico gerados. Esse cenário pode ter gravidade potencializada se houver a presença de
crianças e adolescentes.
3. CONCLUSÕES
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Verificou-se que 70,83% das unidades escolares analisadas não apresentam nenhum
dispositivo de proteção contra incêndio, ou seja, professores, alunos e funcionários estão
totalmente desprotegidos frente a uma situação de incêndio e pânico. Os 29,17% restantes
apresentaram apenas extintores de incêndio e somente 05 escolas apresentaram iluminação
de emergência, porém grande parte destes equipamentos estavam com deficiências (extintores
com carga fora de validade, despressurizados, obstruídos ou instalados de forma irregular e
iluminação de emergência sem funcionamento).
Este fato representa um dado alarmante que demonstra a fragilidade da segurança contra
incêndio em ambientes escolares. Lembrando que o Brasil ocupa a terceira posição no ranking
mundial de mortes por incêndios segundo o Instituto Sprinkler Brasil. Portanto, espera-se que
esse dado futuramente não reforce ou justifique a posição em que o país se encontra.
4. REFERÊNCIAS
[1] Aquino, L.M. – Aplicação das normas de segurança contra incêndio no Estado do Rio
Grande do Norte: Uma proposta de atualização. Dissertação de Mestrado. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2015.
[2] Instituto Sprinklers Brasil – Brasil é o 3º país com o maior número de mortes por incêndio
(Newsletter nº5). São Paulo, 2015.
[3] Mendes, C. M. R. A. – Percepção de Risco de Incêndio em escolas municipais em Campo
Magro/PR. Dissertação de Mestrado. Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Curitiba, 2014.
[4] Brentano, T. – Instalações Hidraúlicas de Combate a Incêndio nas Edificações. Porto
Alegre: Edição do autor, 2016. ISBN 978-85-907537-3-5.
[5] Pernambuco. – Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico para o Estado de
Pernambuco – COSCIP. Recife, 1997.
[6] São Paulo. Instrução Técnica nº 02 – Conceitos básicos de segurança contra incêndio.
São Paulo, 2015.
[7] São Paulo. Instrução Técnica nº 20 – Sinalização de emergência. São Paulo, 2015.
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1. INTRODUÇÃO
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Risco
O risco está em todo lugar: existe enquanto houver fontes de perigo e se apresenta várias
formas. Nesse sentido, duas observações podem ser feitas. A primeira: o risco não pode ser
inteiramente eliminado devido à sua natureza, mas pode ser reduzido, transferido ou mitigado
[4]. A segunda: o risco é um assunto de abrangência universal, se fazendo presente no
ambiente dos acidentes industriais, dos desastres naturais, das mudanças climáticas ou
mesmo no mundo dos negócios.
Para que o risco, enquanto realidade objetiva, possa ser gerenciado é necessário que ele
esteja estritamente definido [5]. Não existe, no entanto, no contexto na indústria de
processamento, uma única fonte autoritativa de nomenclaturas e definições relativas ao risco
[6]. Porém, existem na literatura especializada algumas definições bastante úteis no sentido de
desenvolver uma compreensão adequada do risco [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14].
De uma forma geral, podem ser observadas na literatura duas abordagens de conceituação do
risco: através da dimensão qualitativa ou da dimensão quantitativa. A primeira abordagem se
faz presente quando os autores buscam obter compreensões mais profundas, do ponto de
vista semântico, da ideia do risco. Para tanto, baseiam-se em uma melhor compreensão dos
conceitos subjacentes, como “perigo” e “incerteza”, e das suas inter-relações na construção do
conceito de risco. A segunda abordagem se apresenta no momento que os autores
transcendem a compreensão subjetiva do risco e buscam quantificá-lo objetivamente,
possibilitando comparar situações distintas e avaliar a grandeza assumida por ele.
396
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Na literatura podem ser encontradas basicamente três classes de medidas de risco. São elas:
as medidas de risco individual, social e os índices de risco [7]. Para efeito de simplificação,
apenas as duas primeiras serão consideradas aqui.
Risco individual é definido pela literatura como “risco para um indivíduo na localidade do
perigo” [7] [15] [9]. Ou, como [16] colocam, “a frequência de um indivíduo morrer devido a
eventos de perda de contenção [de substâncias tóxicas ou inflamáveis]”. O risco individual
é calculado através da equação 1.
397
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a) Explosão no pontão: ocorre quando o vapor confinado próximo aos pontões ou sob o
teto sofre ignição. O confinamento gera sobrepressão e, consequentemente,
explosão. Apesar de explosões não serem muito frequentes em tanques de teto
flutuante essa possibilidade existe e deve ser considerada;
b) Incêndio no anel de selagem: este tipo de incêndio ocorre quando o selo, localizado
entre o costado e o teto, perde a sua integridade e os vapores liberados sofrem
ignição, ocasionando um flash fire. Quando o flash fire é extinto, o selo continua a
queimar.;
c) Incêndio de poça local na superfície do tanque: ocorre quando o material combustível
é vazado para o teto do tanque, mas não há perda de flutuação. O vazamento pode
ocorrer por erros operacionais, falhas de equipamentos ou, ainda, pela ocorrência de
raios, que também atuam como fonte de ignição. É difícil prevenir que esse modo de
incêndio escale e atinja toda a superfície do tanque;
d) Incêndio de poça em toda a superfície: estabelecido quando toda a superfície do
tanque está engolfada pelas chamas, pode ocorrer diretamente, nos casos em que o
teto afunda expondo inteiramente a superfície do tanque, ou decorrer de escalamento
de incêndios menores. Em geral, as causas de perda de flutuação e afundamento do
teto estão relacionadas ao acúmulo de água da chuva no teto, acúmulo de gás sob o
teto ou a dano aos pontões de flutuação. São de difícil extinção, especialmente para
tanques com diâmetro maior que 40m;
e) Incêndio de poça no dique: é qualquer tipo de incêndio que ocorre fora da estrutura do
tanque e dentro da área de contenção. Esse modo de incêndio pode variar desde um
pequeno derramamento até um incêndio em toda a área do dique. Se o incêndio
engolfar uma estrutura de tanque o conteúdo pode sofrer ignição devido ao calor de
radiação e os cenários supracitados podem ocorrer.
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É importante notar que o é afetado pela presença de fuligem, uma vez que esta absorve
parte do calor irradiado [20]. A seguinte equação pode ser utilizada:
Fs m' H c
SEPmax (5)
1 4( L )
D
3. METODOLOGIA
O trabalho foi dividido nas seguintes partes: (i) levantamento dos cenários de acidentes,
realizado com base em revisão bibliográfica e na elaboração das árvores dos eventos
apresentadas anteriormente; (ii) seleção dos cenários de estudo, baseado na análise histórica
e na etapa de levantamento dos cenários; (iii) coleta de dados meteorológicos e de frequência
de ocorrência dos acidentes; (iv) modelagem do incêndio de poça e análise de vulnerabilidade;
(v) cálculo e integração do risco.
Assim, foram escolhidos dois cenários de incêndio de poça: o incêndio de tanque no teto do
tanque e um incêndio no dique.
401
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de 2017, com base nos quais foram calculadas as frequências com que o vento assumia as
direções escolhidas. Dessa mesma análise outros dados, como velocidade do vento (média e
máxima), pressão manométrica, temperatura e umidade relativa, foram obtidos. Como pode-se
observar nos gráficos abaixo, 73% do tempo o vento sopra nas direções ESE, SE e SSE,
dirigindo-se no sentido do mar ou do terreno descampado; durante o restante do tempo o vento
sopra em direções onde há pouco congestionamento.
A coleta das informações para a quantificação das frequências teve como base análises
históricas obtidas em livros, artigos e relatórios de organizações e órgãos competentes
internacionais. Em caso de conflito entre os valores indicados, os valores mais conservativos
foram considerados. As tabelas contendo as informações sobre as frequências dos acidentes
podem ser observadas abaixo:
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4. RESULTADOS
Distância do
Nível de Dano Definição Valor Limite Dano (m)
Dano Pequeno Efeitos reversíveis/ não severos 3 kW/m2 29 < x < 51
Dano Médio Dor para pessoas desabrigadas; 5 kW/m2 --
queimaduras de 2º graus improváveis
Dano Severo Alta letalidade 12.5 kW/m2 --
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Distância
Nível de Dano Definição Valor Limite do Dano
(m)
Sem dano Sem dano 1kW/m2 160
Dano Pequeno Efeitos reversíveis/ não severos 3 kW/m2 106
Dano Médio Dor para pessoas desabrigadas; 5 kW/m2 81
queimaduras de 2º graus improváveis
Possibilidade de escalamento 8 kW/m2 70
Dano Severo Alta letalidade 12.5 kW/m2 56
5. CONCLUSÕES
Este artigo apresenta uma aplicação de MATLAB para quantificar e apresentar os riscos
individual e social para um parque de tanques em SUAPE. O foco deste trabalho é
compreender melhor o que é e como se quantifica o risco, no contexto da indústria de
processamento, e avaliar os conceitos através de um estudo de caso de um incêndio de poça
em tanques de armazenamento de material combustível e os possíveis danos causados às
pessoas e aos tanques adjacentes. Este objetivo foi atingido através de revisão bibliográfica e
da análise dos resultados do risco individual e social. Dentre as diversas reflexões ocorridas no
decurso deste trabalho, as seguintes devem ser especialmente mencionadas:
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6. REFERÊNCIAS
[1] G. Reniers and T. Brijs, “Major accident management in the process industry: An expert
tool called CESMA for intelligent allocation of prevention investments,” Process Saf.
Environ. Prot., vol. 92, no. 6, pp. 779–788, Nov. 2014.
[2] J. Chang and C.-C. Lin, “Study of storage tank accidents,” J. Loss Prev. Process Ind., no.
19, pp. 51–59, 2006.
[3] G. Duarte, “Análise Histórica de Incêndios em Tanques Atmosféricos,” Universidade
Federal de Pernambuco, 2016.
[4] S. Kaplan and B. J. Garrick, “On The Quantitative Definition of Risk,” Risk Anal., vol. 1, no.
1, pp. 11–27, 1981.
[5] J. Casal, Evaluation of the Effects and Consequences of Major Accidents in Industrial
Plants, vol. 8. Oxford: Elsevier, 2008.
[6] AIChE, Guidelines for Chemical Process Quantitative Risk Analysis, 2nd ed. New York:
CCPS, 2000.
[7] M. D. Christou, “Introduction to risk concepts,” in Risk Assessment and Management in the
Context of the Seveso II Directive, 1a ed., C. Kirchsteiger, Ed. Amsterdã: Elsevier Science,
1998, pp. 109–128.
[8] Institution of Chemical Engineers, “Nomenclature for hazard and risk assessment in the
process industries.” 1985.
[9] J. S. Arendt and D. K. Lorenzo, Evaluating Process Safety in the Chemical Industry. New
York: Aerican Institute of Chemical Engineers, 2000.
[10] D. A. Crowl and J. F. Louvar, Chemical Process Safety: Fundaments and Applications.
New Jersey: Prentice Hall, 2002.
[11] M. Tweeddale, Managing Risk and Reliability of Process Plants. Elsevier, 2003.
[12] M. J. Assael and K. E. Kakosimos, Fires, Explosions and Toxic Gas Dispersions. New
Jersey: CRC Press, 2010.
[13] S. Mannan, Lees’ Loss Prevention in the Process Industries, vol. 1. Elsevier, 2005.
[14] SRA, “SRA Glossary,” 2015. [Online]. Available:
http://www.sra.org/sites/default/files/pdf/SRA-glossary-approved22june2015-x.pdf.
[Accessed: 03-Aug-2016].
[15] American Institute of Chemical Engineers, Guidelines for Chemical Process Quantitative
Risk Analysis, 2nd ed. New York: CCPS, 2000.
[16] P. Uijt de Haag and B. Ale, “Calculation and presentation of results,” in Purple Book -
Guidelines for quantitative risk assessment, 1a ed., TNO, Ed. The Hague: Committee for
the Prevention of Disasters, 1999, p. 237.
[17] Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 7821: Tanques soldados para
armazenamento de petróleo e derivados. Rio de Janeiro: ABNT, 1983.
[18] L. F. F. L. Alves, “Tanques de armazenamento em concreto protendido para petróleo,
derivados e biocombustíveis,” Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013.
405
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
[19] I. Shaluf and S. Abdullah, “Floating roof storage tank boilover,” J. Loss Prev. Process Ind.,
no. 24, pp. 1–7, 2011.
[20] C. J. H. van den Bosch and N. J. Duijm, “Outflow and Spray Release,” in Yellow Book -
Methods for the Calculation of Physical Effects due to releases of hazardous materials
(Liquids and Gases), 3a ed., TNO, Ed. The Hague: CPR 14E, 2005, pp. 1–179.
[21] OGP, “Storage incident frequencies,” 2010. [Online]. Available:
http://www.ogp.org.uk/pubs/434-03.pdf. [Accessed: 31-Oct-2016].
406
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Recife, Pernambuco, Brazil, 9 - 11 October, 2017
1. INTRODUCCIÓN
*
Autor correspondiente – Departamento de Mecánica, Facultad de Ingeniería, Universidad Nacional del Comahue. Buenos Aires 1400. 8300 - Neuquén .
Argentina. Tel.: +54 299 4490300 (488). e-mail: susana.espinosa@fain.uncoma.edu.ar
407
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De este modo, se busca determinar un perfil térmico más realista, que es utilizado
posteriormente para aproximar las consecuencias térmicas sobre la estructura de acero
mediante un análisis secuencial mecánico.
2. MODELADO
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Llama
Oscura
L=17.5m
T= 662°C
tanque
objetivo
tanque
fuente H=11.44
H=13.52 Llama
m
Clara
T= 933°C
D=11.44
m
Figura 1. Características del tanque bajo fuego y del tanque objetivo.
Para representar el aporte de rigidez que provee la estructura interna de vigas y columnas de
soporte del techo cónico [8], se compararon los desplazamientos considerando espesores
crecientes del techo respecto al espesor de la envolvente cilíndrica.
409
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3. RESULTADOS Y DISCUSIÓN
a b
Figura 2. Campo de presiones (a) y campo de velocidades (b) en el fluido inducido por
convección natural.
La Figura 3 muestra los perfiles de temperatura no estacionarios para cuatro nodos ubicados
sobre la superficie del tanque directamente enfrentada a la llama. Los nodos indicados como A,
B y C se encuentran sobre la superficie seca del tanque, y el nodo D, sobre la superficie en
contacto con el combustible líquido. Se observa que las temperaturas en los nodos A, B y C
aumentan rápidamente, llegando a valores estacionarios del orden de 400°C en poco más de
una hora. Por el contrario, el nodo D aumenta su temperatura más lentamente, manteniéndose
siempre por debajo de las temperaturas encontradas en la superficie seca superior. El
combustible líquido actúa por lo tanto, como refrigerante de la pared mojada del tanque, como
410
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consecuencia de la gran capacidad calorífica de los líquidos en general frente a la de los gases
que en este caso se encuentran por encima del nivel de combustible.
Figura 3. Perfil térmico transitorio para cuatro nodos ubicados sobre la coordenada vertical.
Adicionalmente, la deformación térmica del acero conlleva un riesgo potencial por colapso de la
estructura del tanque y derrame del combustible.
En este trabajo se determinaron las tensiones y deformaciones ocasionadas por efecto térmico
en tanques de acero con niveles variables de combustible almacenado. Para el cálculo se
aplicó un procedimiento secuencial, introduciendo en el modelo el perfil de temperatura
obtenido en el paso previo como un campo predefinido. La Figura 4 muestra la distribución de
411
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a b
Figura 4. Distribución de temperaturas [°C] (a), y deformaciones [m] (b), para un tanque
conteniendo combustible hasta la mitad de su altura y t=tc. Vista frontal.
La vista lateral (Figuras 5 a) permite apreciar mejor el cambio brusco de desplazamientos entre
las superficies seca y mojada, y la elevación, respeto del techo, del lateral superior a alta
temperatura. El desplazamiento entre la cáscara y el techo podría eventualmente producir una
separación entre estos, permitiendo el ingreso de cenizas incandescentes al interior del tanque
y dando lugar a un nuevo incendio [2].
a b
Figura 5. Comparación de deformaciones estructurales para diferentes espesores del techo
cónico. (a) Vista lateral, (b) Desplazamientos para t=tc () y t= 3 tc ()
412
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4. CONCLUSIONES
5. REFERENCIAS
[1] Liu, Y. – Thermal buckling of metal oil tanks subject to an adjacent fire, Phd Thesis, The
University of Edinburgh, 2011, 344 p.
[2] Mansour, K.A. – Fires in large atmospheric storage tanks and their effect on adjacent
tanks. Phd Thesis. Loughborough University, 2012, 383 p.
[3] Da Silva Santos F., Landesmann, A. – Thermal performance-based analysis of minimum
safe distances between fuel storage tanks exposed to fire. Fire Safety Journal, vol.69,
2014, p. 57-68.
[4] Espinosa, S.N., Jaca, R. C. – Transferencia de Calor entre Tanques de Combustible
expuestos a Fuego, MecánicaComputacional, vol. 34, 2016, p. 135-149.
[5] API 650. Welded steel tanks for oil storage. American Petroleum Institute, 2010.
[6] Abaqus. Simulia. Unified FEA. Dassault Systems. Warwick, Rhode Island. USA, 2006.
413
4th CILASCI – Ibero-Latin American Congress on Fire Safety
Recife, Pernambuco, Brazil, 9 - 11 October, 2017
[7] Incropera, F.P. and DeWitt, D.P., Fundamentals of Heat and Mass Transfer. New York,
John Wiley & Sons, 2002.
[8] Burgos C. A., J. C. Batista-Abreu, Calabró H. D., Jaca R. C., Godoy L. A. – Buckling
estimates for oil storage tanks: Effect of simplified modeling of the roof and wind girder,
Thin Walled Structures, no. 91, 2015, p. 29-37.
414
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
1. INTRODUÇÃO
Até o início dos anos 70, a segurança contra incêndio nas edificações no Brasil não era tratada
com a necessária relevância, não existindo, por exemplo, uma norma que abordasse as saídas
de emergência [1]. A verticalização das edificações ocorreu, então, sem a preocupação de
como as pessoas poderiam abandoná-las em caso de emergência. Os incêndios nos edifícios
Andraus e Joelma marcaram a mudança de paradigma, que culminou em diversas normas
atualmente em vigor, como a ABNT NBR 9077 – Saídas de emergência [2].
Incêndios em locais de reunião de público, como casas noturnas, geram risco iminente à vida
das pessoas. Casos históricos ratificam essa informação, como o caso da Republica Crômañon
em Buenos Aires, na Argentina, em 30 de dezembro de 2004 e, mais recentemente, em
Oakland, na Califórnia, em 2 de dezembro de 2016, reforçam as estatísticas e números de
vidas que se perdem devido a possíveis negligências no projeto de segurança contra incêndio.
Esses fatos enaltecem a importância de se projetar e construir edificações seguras, além de
operá-las da mesma forma. A segurança contra incêndio emergiu novamente após o incêndio
ocorrido na boate Kiss, na cidade de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, o qual vitimou
fatalmente 242 pessoas.
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Este trabalho objetiva avaliar a influência dos guarda corpos ordenadores de fluxo na
evacuação da boate Kiss, utilizando ferramentas computacionais. Diversos especialistas
manifestaram sua opinião sobre a influência destas barreiras, como no relatório técnico
elaborado pelo CREA-RS, como um fator de aumento considerável do tempo de abandono dos
ocupantes daquela casa noturna. Dada a importância das saídas de emergência para este tipo
de ocupação, bem como a necessidade de constante aprimoramento do tema para a melhoria
da segurança dos usuários, foram realizadas 4 simulações com duas ocupações diferentes,
com e sem a presença dos guarda corpos.
A reação ao fogo dos materiais empregados nas edificações se caracteriza como um dos
principais responsáveis pelo crescimento do fogo, pela propagação das chamas e pelo
desenvolvimento da fumaça e de gases tóxicos, contribuindo para a geração de pânico e
mortes [1]. Em um incêndio, a velocidade da fumaça pode atingir 2 m/s, contra a velocidade de
caminhamento das pessoas em um ambiente com aglomeração de público de 1 m/s a 2 m/s
[1], sendo o controle dos materiais de revestimento um dos fatores de maior influência sobre a
composição do tempo disponível para escape [7].
A saída de emergência está entre as medidas de proteção contra incêndio, visando níveis
adequados de segurança [8], caracterizando-se como aspecto fundamental no projeto [3]. Para
que o projeto seja eficaz, é necessário entender o comportamento humano em uma situação
de emergência, que geralmente tem uma reação lenta [9]. No entanto, a compreensão do
processo de evacuação não é uma tarefa simples, visto que se trata de um estudo
multidisciplinar [10].
Estudos de caso levaram à conclusão que a evacuação está dividida em dois períodos, o de
pré-evacuação e o de movimento [10]. O período de pré-evacuação abrange o tempo em que
ocorre a ignição até o instante em que uma pessoa ou um grupo começa a fuga, sendo dividido
em 3 subfases. Na primeira subfase ocorre o tempo de detecção do incêndio, na segunda
ocorre o tempo de alarme de incêndio e, na terceira, ocorre o tempo de pré movimento, isto é,
o tempo decorrente entre o alarme de incêndio e a decisão de evacuar [7].
No período de pré-movimento as pessoas tendem a buscar seus bens pessoais e alertar outras
pessoas. Decorrido este intervalo de tempo, o período de movimento começa e só é completo
quando o último indivíduo atinge um local seguro [5]. Diversos fatores são influentes no tempo
de evacuação como o comportamento das pessoas, a estruturação da edificação e a
416
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Onde:
; ; ;
;
Equação 1 – Tempo total de escape [7]
O escape em casas noturnas ocorre de forma mais lenta pelas condições ambientais
peculiares, como luzes fortes intermitentes e som alto, assim como condições de visibilidade e
percepção do sinistro limitados, o que se torna agravantes ao processo de abandono [1]. Além
disso, a evacuação desses locais é dificultada pela alta taxa de ocupação, possuindo potencial
elevado para ocorrência de vítimas.
3. METODOLOGIA
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A boate Kiss foi modelada conforme dados encontrados em matérias jornalísticas e relatório
técnico do CREA-RS, o que pode ser o principal limitador do presente estudo [11]. A área do
local era de aproximadamente 640 m², sendo classificada segundo sua ocupação como local
de reunião de público, Divisão F-6 pela legislação em vigor no Estado do Rio Grande do Sul. O
cálculo de ocupação máxima da boate, considerando as áreas de acomodação do público e as
áreas de apoio, resultou em 691 pessoas, sendo necessárias 7 unidades de passagem. Estas
unidades estavam distribuídas em 2 portas justapostas para saída da casa noturna.
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É importante ressaltar que o software possui limitações, como ocupantes presos, isto é,
ocupantes saem de forma racional do ambiente, não ultrapassando barreiras físicas, como
ocorre na realidade [12]. Essa limitação deixa a evacuação mais lenta, gerando resultados
conservadores.
4. RESULTADOS
Com base nos modelos criados, o primeiro resultado que se obtém diretamente é o tempo total
de evacuação. A Tabela 1 a seguir apresenta os tempos de escape para as simulações
desenvolvidas.
Percebeu-se, então, a influência dos guarda corpos, reduzindo o tempo total de escape em
48,98% para a boate com 691 ocupantes e 45,75% para a boate com 1061 ocupantes. Isso
pode ter ocorrido pelo fato de se formar um acúmulo de pessoas para passar em pequenos
espaços entre guarda corpos, conforme mostra a Figura 4a, e por um dos guarda corpos estar
posicionado em frente a uma porta que dá acesso à saída de emergência da boate. A Figura
4b e 4c apresenta a densidade do uso da edificação após a fuga, evidenciando a
desproporcionalidade no uso das rotas de fuga com e sem guarda corpos. Isto confirmou
também, que a menor largura existente é a condicionante para estabelecer a capacidade de
passagem das pessoas e que a saída de emergência deve seguir um caminho com fluxo
contínuo, com a menor mudança de direcionamento possível.
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Relatos e matérias jornalísticas, bem como estudos do incêndio ocorrido na casa noturna The
Station Night Club [13], em 2003, nos Estados Unidos, indicam que a boate não apresentava
condições ambientais de sobrevivência em aproximadamente 90s, ocasionada pela rápida
propagação da fumaça. Segundo a simulação computacional, na melhor hipótese de
evacuação simulada, isto é, 691 pessoas sem os guarda corpos, o tempo total de escape está
estimado em 200s. Logo, provavelmente haveria vítimas, pois há uma diferença de 110s entre
a habitabilidade da boate e a evacuação da mesma, o que ratifica a importância da aplicação
correta dos materiais de revestimento para aumentar o tempo de abandono para os usuários. A
Figura 5 apresenta a densidade da edificação aos 90s de evacuação, mostrando a pior
condição para saída das pessoas, e a melhor hipótese simulada.
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Analisando a Figura 6(a) e 6(b) é possível verificar uma tendência linear de evacuação nos dois
casos, isso ocorre por exisitir somente uma porta para saída da boate, passando todo o fluxo
pelo mesmo local. Na Figura 6(a), percebe-se que a partir dos 450s os ocupantes têm tempos
de evacuação maiores, pois há formação de uma fila entre os guarda corpos, equanto as
outras rotas ficam vazias, o que não ocorre na boate sem guarda corpos.
Realizando uma análise da evacuação da pista em que ocorreu o incêndio, se percebeu uma
redução de 100s na desocupação do local, quando comparadas 1061 pessoas com e sem
guarda corpos. Além disso, a Figura 7(a) mostra que alguns ocupantes passam novamente por
esta pista após os 350s (pico existente logo após este tempo), buscando o escape, devido ao
tempo de espera na fila formada entre os guarda corpos do salão central ser alta.
Analisando a simulação de 1061 pessoas com guarda corpos, verificou-se que a pista 2 teve o
maior tempo de escape. Esta era a pista de dança mais distante do incêndio e da saída de
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Figura 8 – Representação dos maiores tempos de abandono: 1061 pessoas com guarda
corpos.
5. CONCLUSÕES
Isto mostra que para a obtenção de eficiência no abandono incólume de todos os usuários, a
segurança contra incêndio nas edificações deve ser aplicada de forma sistêmica, com o
entendimento de que as medidas de proteção são complementares, e que somente
concatenadas é que fornecerão um bom nível de segurança e o tempo de abandono
adequado. Em outras palavras, as saídas de emergência terão mais efetividade se forem
previstas conjuntamente com o alarme de incêndio, o controle de fumaça, a aplicação de
materiais de revestimento com as classes requisitadas e os sprinklers.
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6. REFERÊNCIAS
[1] SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto
Editora, 2008.
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). - NBR 9077: Saídas de
emergência em edifícios. Rio de Janeiro, 2001.
[3] KOBES, Margrethe et al. Exit choice,(pre-) movement time and (pre-) evacuation
behaviour in hotel fire evacuation—Behavioural analysis and validation of the use of
serious gaming in experimental research. Procedia Engineering, v. 3, p. 37-51, 2010.
[4] SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. Polícia
Militar. Corpo de bombeiros. - Instrução técnica n. 11/2015: Saídas de emergência. São
Paulo, 2015.
[5] KULIGOWSKI, Erica. Predicting human behavior during fires. Fire Technology, v. 49, n. 1,
p. 101-120, 2013.
[6] THUNDERHEAD ENGINEERING. Verification and validation – Pathfinder. Manhattan,
2015.
[7] GOUVEIA, Antônio Maria Claret de; ETRUSCO, Paula. Tempo de escape em edificações:
os desafios do modelamento de incêndio no Brasil. REM: Revista Escola de Minas, v. 55,
n. 4, p. 257-261, 2002.
[8] BERTO, A. F. Medidas de proteção contra incêndio: aspectos fundamentais a serem
considerados no projeto arquitetônico dos edifícios. Dissertação de Mestrado. FAUUSP.
São Paulo, 1991
[9] MONCADA, Jaime A. Caos o pánico...Qué pasa durante el processo de evacuación em
um incendio? NFPA Journal latinoamericano, jun. 2005, p. 4
[10] SFPE, E. G. Human behavior in fire. SFPE Engineering Guide, 2003.
[11] CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO RIO GRANDE DO SUL
(CREA-RS). Analise do sinistro na Boate Kiss. Porto Alegre, 2013.
[12] GUIGAY, Georges J; SNORRASSON, Davið S. Fire and crowd evacuation modelling in a
low ceiling sport arena. Fire and Evacuation Modeling Technical Conference (FEMTC)
2014. Gaithersburg, 2014.
[13] GROSSHANDLER, William Lytle et al. Report of the technical investigation of the station
nightclub fire. Gaithersburg, MD: National Institute of Standards and Technology, 2005.
[14] RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública.
Polícia Militar. Corpo de bombeiros. Resolução Técnica n. 11/2016: Saídas de
emergência. Porto Alegre, 2016.
423
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1 INTRODUÇÃO
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Ao observar que cada unidade federativa do Brasil possui uma legislação própria sobre o
assunto, isso sem mencionar as regulamentações internacionais, percebe-se que existem
várias formas de estabelecer critérios de segurança ou de atestar que determinada edificação
apresenta as condições mínimas de proporcionar segurança aos seus usuários e de
prevenção a ocorrências de incêndios. Neste artigo, serão abordados alguns desses métodos
e escolhido um para que seja comparado à metodologia de avaliação em Pernambuco.
No Brasil, os normativos e legislações que tratam da segurança contra incêndios são muito
recentes. A ausência de grandes incêndios que resultassem em consideráveis perdas, seja do
patrimônio ou do quantitativo de vidas ceifadas, nunca permitiu, pelo menos até o início da
década de 70, uma relevante discussão acerca do tema no país. Somente a partir da
ocorrência de sinistros mais vultosos, as autoridades e pesquisadores passaram a perceber a
importância da implementação de regras mais rigorosas para as construções no intuito de
torna-las mais seguras para os seus ocupantes [1]. Seguindo esta tendência, após o trágico
incêndio ocorrido no munícipio de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, resultando em 242
vítimas fatais, as discussões para implantação de um código de segurança contra incêndio
nacional, implementadas pelo então Secretário Nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando
Corrêa, que resolveu constituir Grupo de Trabalho, em 14 de junho de 2015, com o objetivo de
elaborar estudos e apresentar uma minuta de projeto de lei que trate da segurança contra
incêndio e pânico em todo o território nacional, ganharam força.
Tendo em vista essa prematuridade das legislações, não é difícil para os órgãos de
fiscalização dos sistemas de segurança contra incêndios, representados pelos corpos de
bombeiros estaduais, se depararem com os problemas encontrados nas edificações
construídas anteriormente a esses normativos. Até 1970, em Pernambuco, não existiam
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normativos que disciplinassem a área e as exigências impostas eram baseadas nos códigos
de obrados munícipios [2]. Os conceitos arquitetônicos aplicados na construção de escadas,
ventilação e exaustão de fumaças, saídas de emergências, além dos critérios de exigência de
sistemas de combate a incêndios, como hidrantes, detecção e alarme e chuveiros
automáticos, por exemplo, são bem diferentes do que é praticado hoje.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Como resultado deste dispositivo legal, percebe-se no Brasil uma miscelânea de códigos de
segurança contra incêndio. Muito embora alguns deles sejam semelhantes em seus critérios
(às vezes até cópias fiéis uns dos outros), ressaltando-se a relevância das normas do Corpo
de Bombeiros Militar de São Paulo e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
que servem como base para grande parte, cada estado possui um normativo próprio para
tratar do assunto.
Conclui-se, tendo em vista a diversidade de normativos existentes, que não existe uma única
forma de se estabelecer critérios de segurança para os prédios. Sendo assim, buscar
alternativas diferentes das exigidas nas leis estaduais brasileiras para atestar que determinada
edificação encontra-se em condições de proporcionar segurança para os seus ocupantes é um
caminho para destravar os processos de obtenção de AVCB nos órgãos de fiscalização do
Brasil.
427
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[3] afirma que os códigos baseados no desempenho permitem que objetivos sejam traçados e
que vários caminhos possam ser percorridos, a critério do profissional responsável pela
avaliação, contanto que a segurança seja atingida. A tabela 2 estabelece um resumo
comparativo entre os códigos prescritivos e os baseados no desempenho, conforme Tavares
[3]:
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[10] diz que o único parâmetro válido para determinar quais as medidas relativas à segurança
contra incêndio a serem aplicada é o conhecimento exato do grau de risco desse sinistro, seja
quantitativa ou qualitativamente. Ele também lista os objetivos da avaliação de risco de
incêndio, tendo em vista a real necessidade de avaliá-los, São eles:
A seguir, a tabela 3 apresenta alguns dos métodos de avaliação de riscos de incêndio que tem
sido utilizados na avaliação de riscos de incendio na literatura:
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Este método vem sendo aplicado, ainda que parcialmente, nos corpos de bombeiros de São
Paulo e Minas Gerais, além de possuírem estudos comparativos para justificarem sua
implementação no estado de Santa Catarina [12]. No Paraná, a regulamentação que permite o
uso da avaliação proposta por Gretener foi decretada em julho de 2000, sendo alterada em
março do ano seguinte. Dos 24 itens verificados pelo código de segurança do corpo de
bombeiros paranaense, 10 são baseados no método em questão [13].
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Foram coletados dados das edificações para utilização do método e também com o intuito de
enquadrá-las na legislação vigente (área construída, altura, quantidade de pavimentos entre
outros). Além disso, foram vistoriadas as condições de segurança contra incêndio no tocante à
presença de equipamentos preventivos como também alguns questionamentos aos
responsáveis pelos prédios foram feitos com a finalidade de verificar o nível de treinamento
dos seus ocupantes no que diz respeito ao preparo em caso de incêndio.
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4 RESULTADOS
Diante do diagnóstico apresentado, percebe-se que a igreja não se enquadra nos requisitos
mínimos exigidos pela legislação em voga no estado de Pernambuco. As exigências a serem
cumpridas para o fiel cumprimento das especificações demandariam grandes intervenções
estruturais (como a mudança no tipo de escada e a instalação de reservatório para o sistema
de hidrantes, além do próprio sistema). Com o intuito de diminuir ou eliminar a necessidade
dessas mudanças, sem que as regras de tombamento sejam feridas e ainda trazer benefícios
para as edificações circunvizinhas (como a previsão de hidrantes públicos nas proximidades,
por exemplo), analisou-se a edificação pelo método de avaliação de risco de incêndio de
Gretener.
As figuras 01, 02 e 03 ilustram alguns dos fatores que interferem na obtenção do fator global
de segurança elencados por Gretener.
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Após a coleta de dados e ponderar os valores dos fatores avaliados pelo método, têm-se os
seguintes resultados apresentados na tabela 05:
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Como a satisfação da segurança, de acordo com o método, é atingido quando o fator global
iguala ou supera 1,00, verifica-se também que a igreja da Madre de Deus não apresenta
índices favoráveis sugeridos por Gretener. Para atingi-los, algumas sugestões são propostas:
Caso sejam aplicadas as soluções acima (que não exigiriam modificações estruturais a
edificação tombada pelo IPHAN), o fator global de segurança atingirá o valor de 0,97. A rigor,
não satisfaz o mínimo exigido, apesar de muito próximo. Porém, a instalação de hidrantes
prediais, sem reservatórios e pressurizados por viaturas de combate a incêndio, o que traria
pequenas alterações estruturais, com instalações de tubulações aéreas, elevaria o índice a
2,11, ultrapassando o limiar satisfatório.
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Fica evidente que o prédio comercial não se enquadra ao que exige o COSCIP-PE. As
exigências para a adequação também demandariam grandes mudanças estruturais. Acontece
que esta edificação não possui impedimentos dos órgãos de proteção do patrimônio histórico,
sendo os empecilhos para adequações apenas questões econômicas para o proprietário.
Somente uma delas, a transformação da escada aberta existente em escada enclausurada,
torna-se impossível devido à arquitetura da edificação.
Após a coleta de dados e ponderar os valores dos fatores avaliados pelo método, têm-se os
mostrados na tabela 07, a seguir:
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Como no caso anterior, o índice mínimo não foi satisfeito, apesar de estar muito próximo, o
que poderia ser aceitável. Porém, como a edificação também não se enquadra ao legislativo
estadual vigente, sugere-se algumas correções:
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5 CONCLUSÃO
Diante dos problemas que decorrem com o não cumprimento dos requisitos mínimos de
segurança por parte das edificações (impedimento para emissão de AVCB, falta de segurança
para as edificações, entre outros), surge a necessidade de serem vislumbrados novos
métodos de obtenção dos índices mínimos aceitáveis como alternativa para o funcionamento
dessas edificações obedecendo ainda a índices aceitáveis de segurança.
Escolhidos dois casos em Pernambuco, comprovou-se que a aplicação desse método pode
estabelecer a segurança nas edificações sem que grandes intervenções estruturais,
modificando-se e ajustando-se fatores que de fato são importantes em caso de incêndio.
Esses ajustes são importantes, haja vista que o potencial de uso de prédios que não se
enquadram nas legislações prescritivas em vigência não pode ser descartado, sob pena de
prejuízos à economia das cidades e do não aproveitamento dos imóveis para fins que tragam
desenvolvimento para a sociedade.
REFERÊNCIAS
[1] SEITO, A.I. et al. (Ed.). “A segurança contra incêndio no Brasil”. 2008. 484p.
[2] SILVA, Andreza Carla Procoro. “Gerenciamento de riscos de incêndios em espaços
urbanos históricos: uma avaliação com enfoque na percepção do usuário”. 2006. 207 pg.
[3] TAVARES, R. M., PROCORO, A. C., DAYSE, S. “Códigos prescritivos x códigos
baseados no desempenho: qual é a melhor opção para o contexto do brasil?” . 2002. 8p.
[4] BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988.
[5] ONO, Rosaria. “Parâmetros para garantia da qualidade do projeto de segurança contra
incêndio em edifícios altos”. 2007. 17p.
[6] BUKOWSKI, R.W. “An Overview of Fire Hazard and Fire Risk Assessment in Regulation”.
2006. 6p.
[7] WATTS, J.; HALL, J.R. “Introduction to Fire Risk Analysis”.2002. 7p.
[8] VENEZIA, A. P. P. G. “Avaliação de risco de incêndio para edificações hospitalares de
grande porte - uma proposta de método qualitativo para análise de projeto”. 2011. 384p.
[9] PERNAMBUCO. Decreto-Lei nº 19.644. Regulamenta o Código de Segurança Contra
Incêndio e Pânico (COSCIP-PE), de 13 de março de 1997.
[10] VALENTÍN, L.R.L. La Evaluación del Riesgo de Incendios. Espanha, 2009.
[11] SILVA, V. P. COELHO FILHO, H. S.. “Índice de segurança contra incêndio para
edificações”. 2007. 22p.
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Recife, Pernambuco, Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
[12] SOUZA, S. P. M., BACK, N. Risco de incêndio – Estudo comparativo entre o método de
Max Gretener e a NSCI/94 – CBM/SC. Universidade do Extremo Sul Catarinense.
Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Civil), Santa Catarina,
2012.
[13] CARNEIRO, L. G., XAVIER, A. A. P. Adaptação do método de Gretener a legislação de
prevenção contra incêndios – proposta para o código do estado do Paraná. Revista de
Engenharia e Tecnologia, v. 3, n. 3, p. 11-23, Paraná, 2011.
439
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Recife, Pernambuco, Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
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Resumo:
Com a intenção de lança alguma luz no entendimento das variáveis que contribuem para o
sucesso ou fracasso do sistema de sprinkler, o objetivo do presente trabalho é propor um
método de avaliação para o sistema de chuveiro automático. Pois, em algumas situações a
implementação das boas práticas de engenharia não responde ao seguinte questionamento: O
quanto seguro é o suficientemente seguro?
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1. INTRODUÇÃO
Uma termoelétrica ou uma refinaria representa um sistema com muitas partes, subsistemas,
que interagem entre si e com o mundo (cosmo) no seu entrono. Para entender como os
acidentes acontecem é necessário visualizar as interações entre os subsistemas. A existência
de muitos subsistemas não é problema para os engenheiros que projetam e operam o sistema,
se as interações são previsíveis e óbvias, i.e. desejáveis. Em outras palavras, enquanto
algumas interações são familiares outras não são visíveis ou não são compreendidas de
imediato. Os projetistas poderão antecipar algumas interações indesejáveis outras não.
Algumas dessas interações poderão resultar em uma sequência de eventos (i.e. falhas) que
poderá conduzir a um acidente. As interações não desejáveis poderão ser prevenidas, por
exemplo, um vazamento de gás e sua subsequente ignição poderão influenciar alguns
aspectos do projeto: a) localização das defesas ativas, b) localização dos detectores de gás, c)
tipos de sistemas de supressão, e d) os equipamentos para situações de emergências.
Segundo a NFPA 850 (item 7.8.6) [1] os transformadores, em que o líquido isolante é o óleo
mineral, que não atenderem as distâncias mínimas de separação ou não possuírem parede
corta-fogo devem ser protegidos por sistemas automáticos de água ou espuma. O sistema de
água deve ser projetado, instalado e mantido conforme recomenda a NFPA 15 [2].
O sistema automático de água (i.e. water spray systems) controla o incêndio no transformador
através do princípio da emulsificação da água com óleo. A emulsão é formada quando dois
líquidos imiscíveis são colocados em contato e há a tendência para que um dos líquidos torna-
se disperso no outro. A extinção do incêndio é alcançada aplicando-se água a certos líquidos
flamáveis, devido ao resfriamento da superfície do óleo e a eliminação dos vapores flamáveis,
ou seja, a superfície do óleo torna-se não flamável. Para a proteção do transformador este
deve ser completamente envolvido em finas gotículas de água, Figura 1.
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Há um consenso nas recomendações da FM Global Data Sheets 4-1N e 5-4 de 2010 [3,4],
IEEE 979-2012 [5] e NFPA 15 (Edição 2012)[2] para o projeto do sistema de water spray. Em
outras palavras, água deve ser aplicada a uma densidade não inferior a 10,2(L/min)/m 2 sobre
todo o transformador, exceto na sua parte inferior que deve ser 6,1(L/min)/m 2 . O suprimento de
água deve ser dimensionado para fornecer água durante 1 hora incluindo o fornecimento de
946L/min, para o combate manual através de mangueiras.
Se uma instalação possuir vários transformadores o sistema fixo de água deve ser projetado
para operação simultânea, i.e., para o transformador envolvido em chama e os adjacentes. Por
exemplo, em um bay com seis (6) transformadores, o sistema de water spray deve ser
dimensionado para a atuação de no mínimo três (3) transformadores.
A tubulação do sistema fixo de água não deve ser posicionada acima do transformador ou ficar
próxima às válvulas de alívio. Os dispersores de água não devem ser direcionados para as
buchas. A distância mínima entre os componentes do sistema water spray, tais como
tubulação, dispersores, etc. e o transformador é de 45,7cm, segundo a FM Global 5-4 [4].
3. EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
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sistema ao longo do seu ciclo de vida: metas, objetivos e critérios de danos associados a
prevenção e mitigação dos incêndios.
Por exemplo, no setor elétrico brasileiro há inúmeras subestações no nosso sistema de
geração, transmissão e distribuição, as quais foram projetadas e construídas baseadas em
interpretações de código e normas (boas práticas de engenharia) o que nos permite
reconhecer que o desenvolvimento do incêndio no transformador será distinto para cada
subestação. No Brasil uma pesquisa realizada pelo CIGRE [6] revelou que as taxas de
explosão e incêndios associadas aos transformadores de potência refrigerados a óleo mineral
são 0,19%pa e 0,08%pa, respectivamente. Ou seja, primeiro o transformador irá explodir
depois queimar, porém a explosão só será seguida de incêndio se a temperatura do óleo for
maior do que a sua temperatura de auto-ignição. Apesar da NFPA 15 recomendar a instalação
do sistema de water-spray para os transformadores, este ficará inoperante após a explosão.
Por outro lado, a implementação de boas práticas de engenharia não é uma credencial que nos
permita assegurar que o projeto de nossas subestações é a prova de incêndio. Por exemplo,
um autotransformador de 150MVA protegido por um sistema de water spray foi envolvido em
chama como resultado de uma falha na bucha, apesar de estar protegido pelo sistema de
water spray, Figura 2. O sistema de water spray simplesmente não funcionou conforme
esperado quando o incêndio iniciou na bucha. Com resultado, o incêndio propagou-se. Além da
existência do sistema de water spray, projetado e instalado conforme as normas, há outras
incertezas que são relevantes para o controle ou extinção do incêndio, tais como: Água é o
agente extintor adequado para o controle do incêndio? O agente extintor fluirá no momento em
que o sensor de calor (sprinkler head) for ativado? Quando o sensor for acionado pelo incêndio
a água fluirá, se as válvulas destinadas a sua liberação estiverem abertas. Água fluirá na
quantidade necessária para o controle do incêndio?
t1 t2 Tempo
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A pergunta a ser feita não é se o sistema de sprinkler irá atuar, mas quando? Para o período
de tempo 0-t1 temos absoluta certeza de que o sistema não irá atuar. Para o período
compreendido entre t1 e t2 há incertezas quanto a atuação do sistema. Porém, no período entre
t2 e t3 temos absoluta certeza de que o sistema irá atuar. A análise baseada no desempenho
não busca responder ao questionamento se o sistema de water spray foi instalado conforme as
boas práticas de engenharia. Ao contrário a pergunta a ser respondida é o sistema irá atuar
conforme esperado?
4. AVALIAÇÃO DO SISTEMA
O método de avaliação de qualquer sistema deve iniciar pelo entendimento do fenômeno físico
ao qual está associado. Por exemplo, a função principal do sistema de chuveiro automático é
controlar o incêndio. Logo, é imprescindível o entendimento da dinâmica do incêndio. A Figura
3 representa a energia liberada por um incêndio em função do tempo.
No presente estudo a ignição é definida como a energia mínima necessária para iniciar o
processo de combustão. Sendo o incêndio uma reação exotérmica iniciada em um pacote de
combustível, a qual poderá se auto-extinguir se a energia perdida para o ambiente for maior do
que a energia produzida pela reação. Ao contrário, se após a ignição a energia produzida for
maior do que a dissipada ocorrerá o estabelecimento da chama. Se a chama está estabilizada
há a possibilidade do ambiente ser envolvido pela chama, ou seja atingir o flashover. Se
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desejamos proteger as pessoas e o patrimônio a temperatura dos gases aquecidos do teto não
devem atingir a temperatura de 600oC.
O acionamento dos chuveiros automáticos depende do calor que incide nos sensores, os quais
operam uma válvula automática de inundação possibilitando que água flua através dos
dispersores de água, Figura 1. A aplicação do agente expressa o sucesso ou falha de que a
água fluirá através dos componentes do sistema, sendo essencial ter pressão, tempo e fluxo
adequados para controlar o incêndio, Figura 4.
A água fluirá através do sistema se as válvulas estiverem abertas quando o elemento sensor
atuar. O sucesso depende da cultura de segurança e da política de manutenção da
organização. Dado que a água irá atingir os dispersores de água, o sucesso em controlar um
incêndio de um determinado tamanho envolve o entendimento da interação entre o incêndio e
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a quantidade de água fornecida pelo sistema, ou seja do projeto do incêndio. Mas o que é o
projeto do incêndio?
Quando um engenheiro estrutural projeta uma viga, os esforços a que ela estará submetida
devem ser previstos. Da mesma forma as proteções contra incêndios devem estar em
conformidade com o tipo de incêndio mais provável de acontecer. Devem ser previstos a
quantidade de material que irá queimar e o tempo associado, tendo-se por finalidade ajudar os
técnicos a formarem uma opinião sobre as possíveis consequências e estabelecer o
embasamento necessário para o dimensionamento das barreiras de proteção, i.e., o
dimensionamento das proteções ativas e passivas dependem do projeto do incêndio.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os sistemas de sprinklers possuem uma capacidade limitada. Quanto muitos sprinklers são
ativados a quantidade de água e a sua pressão são reduzidas. Se a capacidade do sistema é
atingida e o incêndio não é controlado, a probabilidade de sucesso do sistema é reduzida. Para
um determinado tamanho de incêndio, o sucesso do sistema em controlar o incêndio depende
do sucesso da atuação do sensor, da aplicação do agente e da existência ou não de
obstruções. Concluíndo, o método de avaliação proposto está baseado nos seguites
questionamentos:
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1. Todos os sprinklers que protegem uma dada área irão atuar antes que o incêndio se
propague além da área protegida?
2. A água fluirá através dos sprinklers em quantidade, pressão e duração para controlar
o incêndio?
3. As obstruções existentes no sistema ou no seu entorno poderão impedir que a água
alcance a chama?
REFERENCES
[1] NFPA 850, Recommended Practice for Fire Protection for Electric Generating Plants
and High Voltage Direct Current Converter Station, 2010.
[2] NFPA 15, Standard for Water Spray Fixed Systems for Fire Protection, 2012
[3] FM Global, Property Loss Prevention Data Sheets 4-1N: Fixed Water Spray System
for Fire Protection, May de 2010.
[4] FM Global, Property Loss Prevention Data Sheets 5-4: Transformer, May de 2010.
[5] IEEE Std 979, Guide of Substation Fire Protection, 2012.
[6] Bastos, G., An Analysis of The Increase on Transformer Failure Rate Phenomena and
Measures Taken to Improve Transformers Reliability, In the proceedings of the
CIGRE Bienal in Paris (France), 2006.
[7] David R. Hague, Fire Protection Systems for Special Hazards, pgs. 22 e 23, National
Fire Protection Association, Quincy, Massachusetts, 2004.
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1. INTRODUÇÃO
Os trajes de combate a incêndio são suplementados por proteção respiratória, visto a atividade
ser realizada, quase sempre, em local tomado por fumaça ou na presença de gases tóxicos ou
desconhecidos. Esta proteção é, regra geral, fornecida através de um Equipamento de
Proteção Respiratória – EPR autônomo, que contem em um cilindro com ar respirável
comprimido, válvulas de redução de pressão, uma máscara panorâmica e corpo estrutural
anatômico, além de mangueiras e acessórios fundamentais ao seu uso.
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Para a definição do índice de consumo médio, necessário para estimar o tempo das equipes
em intervenção, foram definidos três parâmetros na literatura [2][3] a partir do esforço que a
atividade executada sugere.
Naturalmente, uma inspeção em áreas contiguas ao foco principal de incêndio não exige tanta
capacidade respiratória quanto, por exemplo, transportar uma vítima desacordada, definindo-se
assim três padrões de consumo para esforços: leve, moderado e grande [2].
Contudo em 2015 [4] foi proposto um protocolo experimental para o cálculo do consumo do
EPR que observasse as características específicas de cada corporação de bombeiros, fazendo
aferições em esteiras ergométricas e com os profissionais trajando seu equipamento de
penetração nos incêndios e o próprio EPR, conforme se vê a seguir:
.
Figura 1: Fases do Protocolo Experimental para cálculo do consumo de ar com EPR [7].
450
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2. TREINAMENTO INTENSIVO
O treinamento conta com uma quantidade restrita de discentes (12 a 18) e se desenvolve no
âmbito da própria instituição, sobretudo com o uso do Centro de Instrução e suas várias
oficinas, no transcorres de três semanas em tempo integral, com uma única folga semanal.
3. MÉTODO E AFERIÇÕES
No primeiro dia letivo de instrução a última turma do EOCI de 2016 foi convidada a participar
do teste para aferição de consumo conforme o protocolo em uso no CBMPE [7]. Sendo
aferidos os resultados, não só de consumo mais também: frequência cardíaca, temperatura
antes e depois das etapas de teste, pesagem com e sem equipamento e pressão arterial, todos
como parâmetros de segurança para a execução dos testes. Foi ainda assinado por parte dos
discentes um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual é sinteticamente
apresentado os objetivos e riscos da pesquisa, em consonância com as boas práticas de
pesquisa.
Após 20 minutos de repouso o mesmo profissional, igualmente trajado, faz uso da esteira pelo
período de 8 minutos a uma velocidade de 6 km/h, estimando um esforço mediano ou médio.
Finalmente e depois de nova sessão de descanso por 20 minutos, o Bombeiro subia a esteira
com a equipagem, para correr sobre ela, por 06 minutos, a uma velocidade de 8 km/h,
considerando um esforço grande.
Durante as três semanas seguintes os discentes, passaram por intensa carga de treinamento,
quase sempre trajando o equipamento de aproximação e muitas vezes o EPR. Posteriormente
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3. RESULTADOS
Após três semanas de treinamento intensivo os bombeiros tiveram uma consistente melhoria
na valência relativa ao consumo do EPR, equipamento fundamental nas operações de
Combate a Incêndio. Esta assertiva baseia-se, sobretudo, pelos consumos médios (média
aritmética do consumo dos discentes), no início e no final do Estágio de Operações de
Combate a Incêndio, onde foram aferidos respectivamente 53,1 62,1 e 139,3 litros por minuto
no início do estágio, e 43,0 60,1 e 98,4 litros por minuto em seu final, para os consumos
relacionados a esforços leve, médio e grande.
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Tal melhoria pode representar o aumento do tempo efetivo de um bombeiro em operação, que
suplantou 29% durante ações que exijam um esforço grande, melhorando a desempenho
individual e coletivo das equipes.
Esta melhoria na média é bastante relevante, contudo chama atenção alguns Bombeiros em
particular, como um dos cursistas que durante o teste de ingresso durante atividade leve
consumiu 72,0 litros a cada minuto em média, em um esforço moderado seu consumo médio
foi de 83,3 e em esforço grande foram consumidos 151,5 litros de ar a cada minuto. Neste caso
individual, as melhorias no consumo por grau de esforço foram respectivamente de: 45% (49,5
l/min), 32% (63,0 l/min) e 55% (97,5 l/min).
Gráfico 2 – Consumo Aferido Antes e Depois do Bombeiro que mais evoluiu no Treinamento.
5. CONCLUSÕES
Compreendendo que o experimento deve ser repetido, buscando uma cristalização dos
resultados, em cenários e com indivíduos distintos, vê-se em princípio, uma consequência
bastante positiva em favor do treinamento intensivo de combatentes de incêndio, com uma
melhoria considerável no consumo do ar do EPR e consequentemente uma capacidade
superior de permanência no local do sinistro.
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5. REFERÊNCIAS
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Fotografia Fotografia
Autor 2 30 mm
Autor 3
30 mm
40 mm
40 mm
SUMÁRIO
Na elaboração dos projetos arquitetônicos as Normas Brasileiras (NBR) aparecem como fonte
de parâmetros técnicos. As questões de acessibilidade são tratadas na NBR 9050,
recentemente revisada em 2015. A sua observação é obrigatória por lei e ainda é exigido o
registro da responsabilidade de seu atendimento pelo conselho de classe dos arquitetos. A
NBR 9077 (2001) - Saídas de emergência, é incorporada ao projeto pela legislação estadual do
corpo de bombeiros. No entanto na aplicação dessas normas aparecem conflitos que
interferem na decisão das propostas do projeto arquitetônico e trazem inconsistências quanto
aos conceitos de acessibilidade e desenho universal. Este trabalho busca fazer uma verificação
desses conflitos e analisá-los para auxiliar o entendimento e as decisões do arquiteto. Na
conclusão temos que há conflitos em critérios importantes que, se não observados, implicarão
no não atendimento das normas. Nota-se a supremacia da NBR 9050 sobre a NBR 9077 na
determinação das dimensões das saídas de emergência para compor rotas de fugas
acessíveis a todos os tipos de edificações, consequência da imposição legal de se chegar o
mais próximo possível do desenho universal.
*
Autor correspondente – Centro de Tecnologia, Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Av. Senador Salgado Filho, 300 - Lagoa Nova, CEP 59078-970- Natal - RN - Brasil. Tel.: +55 84 3215 3776. e-mail: eriberto@ufersa.edu.br
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1. INTRODUÇÃO
Este trabalho se propõe a levantar os pontos onde há conflitos nas indicações de parâmetros
projetuais entre as duas normas em questão, e definir, de acordo com o entendimento legal, a
opção que deve ser escolhida para garantir o desenho universal e a segurança do usuário com
deficiência nas propostas do projeto arquitetônico, sobretudo na previsão de rotas de fugas
realmente acessíveis.
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2. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Já a norma de saídas de emergência em edifícios, a NBR 9077 [3], tem como um dos seus
objetivos fixar as condições exigíveis que as edificações devem conter para que sua população
possa abandoná-las, em caso de incêndio, completamente protegida em sua integridade física.
Observou-se que não há distinção expressa de condições físicas ou intelectuais da população
das edificações. Nota-se que a inclusão de pessoas com deficiência definida em lei, sobretudo
pelo Estatuto da pessoa com Deficiência, sugere essas pessoas como parte da população de
457
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Outras leis relacionadas com a inclusão de pessoas com deficiências ou com necessidades
especiais definem a obrigatoriedade de garantir o acesso e por consequência a condição de
fuga segura nas edificações. São decretos como o Decreto 5.296 [4] que regulamenta as Leis
10.048, de 08 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que
especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, e dá outras providências. Esse decreto, no seu artigo 23, diz que deverão
ser reservados assentos em quantidade de, no mínimo, 2% da lotação do estabelecimento
para pessoas em cadeiras de rodas em teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de
esporte, casas de espetáculos, salas de conferências e similares, sendo estes assentos
distribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa visibilidade, próximos aos corredores,
devidamente sinalizados, evitando-se áreas segregadas de público e a obstrução das saídas,
em conformidade com as normas técnicas de acessibilidade da ABNT – Associação Brasileira
de Normas Técnicas. Ainda para os mesmos locais citados o decreto obriga ainda, a
destinação de 2% dos assentos para acomodação de pessoas portadoras de deficiência visual
e de pessoas com mobilidade reduzida, incluindo obesos, em locais de boa recepção de
mensagens sonoras, seguindo ainda os mesmos critérios de sinalização das normas da ABNT.
No mesmo artigo, em seu inciso 4, informa a obrigatoriedade desses locais ter rotas acessíveis
e assim, da necessidade de aplicação das normas técnicas de acessibilidade.
No primeiro momento do estudo foi feito levantamento da interação explícita entre as normas.
As normas em foco fazem citação de uso uma da outra em alguns pontos específicos. Na NBR
9050, norma de acessibilidade, a NBR 9077 é citada como de observação em pontos como
dimensionamento das rotas de fugas, sinalização, largura das escadas, guarda corpo. Já na
NBR 9077, norma de saída de emergência, a NBR 9050 é citada para definição de uso de
rampa para locais onde existam cadeirantes, e no item de condições específicas de acessos
sem obstrução para o dimensionamento das larguras das rotas de fuga acessíveis.
Já a NBR 9050 tem a sua aplicação exigida nos projetos arquitetônicos através dos Artigos 55
e 56 do Estatuto da Pessoa com Deficiência [1]. O Artigo 55 diz: “A concepção e a implantação
de projetos que tratem do meio físico, de transporte, de informação e comunicação, inclusive
de sistemas e tecnologias da informação e comunicação, e de outros serviços, equipamentos e
instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana
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como na rural, devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referência as
normas de acessibilidade”. Já o artigo 56, além da determinação de atendimento da
acessibilidade, cobra das entidades de fiscalização profissional das atividades de Engenharia,
de Arquitetura e correlatas, a exigência de registro da anotação da responsabilidade
profissional declarada de atendimento às regras de acessibilidade previstas em legislação e em
normas técnicas pertinentes. Esta exigência está voltada para a construção, a reforma, a
ampliação ou a mudança de uso de edificações abertas ao público, de uso público ou privadas
de uso coletivo.
Através da comparação dos critérios que são propostos em cada norma para atendimento de
seus objetivos temos o aparecimento de divergências e conflitos que foram relacionados e
dispostos no Quadro 1.
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Degrau de Espelhos (e): 0,16 m ≤ e ≤ 0,18 Altura (h): 0,16 m ≤ h ≤ 0,18 m, com
escada m; tolerância de 0,05 cm;
Pisos (p): 0,28 m ≤ p ≤ 0,32 m Largura b dimensionada pela fórmula
de Blondel: 63 cm ≤ (2h + b) ≤ 64 cm
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
a) b)
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larguras devam ser pensadas para contemplar esses atores. Um exemplo está na largura das
circulações de 1,50m que atendem a passagem de um cadeirante e um usuário em pé e ainda
ao mínimo da NBR 9077 que é de 1,10m (Figura 2).
Na análise realizada os critérios da NBR 9050 se apresentam, na maioria dos casos, mais
abrangentes e com valores acima dos mínimos prescritos na NBR 9077. Outros pontos
discrepantes amarram dimensões como: os degraus da escada entre 16 e 18 cm para o
espelho e, 28 a 32 cm para a largura do piso; o bocel com 1,5cm; corrimão duplo com 0,92m e
0,70m de altura; largura mínima das portas de 80 cm; diâmetro do corrimão circular entre 30 e
45 mm; barras antipânico em todas as portas de rotas de fuga.
4. CONCLUSÕES
Diante do levantamento realizado através desta pesquisa constata-se que existem diversos
conflitos entre as normas estudadas. A necessidade de uma revisão conjunta das normas com
o intuito de ajustar os critérios aos objetivos propostos fica evidente. Nos conflitos identificados
temos a necessidade de buscar os pontos de interseção que remetem a dimensionamento de
vãos, larguras, altura e diâmetros de espaços e equipamentos para decidir dentre as opções e
faixas de dimensões prescritas, a que atenderia ambas as normas. Os critérios e parâmetros
da NBR 9050 aparecem como mais abrangentes no atendimento às diversas possibilidades de
usuários das edificações. É mais atualizada e detalhada, e acaba prevalecendo na maioria dos
pontos conflitantes com a NBR 9077.
5. AGRADECIMENTOS
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6. REFERÊNCIAS
[1] Casa Civil. Lei Federal n° 13.146/15, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), Brasília, 2015.
[2] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050 - Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, Rio de Janeiro, 2015, 148 p.
[3] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9077 – Saídas de emergência em
edifícios, Rio de Janeiro, 2001, 36 p.
[4] Casa Civil. Decreto Federal – nº 5296/04, Regulamenta as Leis n°s 10.048, de 8 de
novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e
10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade, Brasília, 2004.
[5] Ono, R. Vittorino, F. – “Desempenho da largura de corredores no tempo de abandono de
pavimentos numa edificação”. Anais do 1º CILASCI – Congresso Ibero Latino-Americano
sobre Segurança Contra Incêndio, Vol. 1, Natal, Brasil, 2011, 317-326p.
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1. INTRODUÇÃO
Para se projetar rotas de fuga na cidade de São Paulo podem ser aplicadas, atualmente, três
documentos que regem o assunto, a saber: COE - Código de Obras do Município de São
Paulo, a Instrução Técnica n° 11 do Decreto Estadual 56.819/2011 do Corpo de Bombeiros de
São Paulo e a norma brasileira ABNT NBR 9077 - Saídas de Emergência em edificações.
A prefeitura de São Paulo solicita que se atenda ao seu Código de Obras e Edificações do
Município de São Paulo. O Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo aceita, para saídas
de emergência, que seja atendido este mesmo Código municipal na cidade de São Paulo e
exige o cumprimento à sua Instrução Técnica n° 11/2014 para os demais municípios. A norma
brasileira ABNT- NBR 9077, por sua vez, deve ser adotada na cidade de São Paulo somente
em locais onde não há cobertura pela legislação municipal.
Assim, há uma certa clareza sobre o assunto, no que se diz respeito às questões técnico-
operacionais. No entanto, ao verificar os critérios de dimensionamento e os resultados
*
Autor correspondente – Tecfire Consultoria de Projetos, Rua Diana, 592 - conj.72 CEP.: 05019-000 - São Paulo – SP - Brasil. Fone/Fax:
465
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originados destes, percebe-se que larguras de corredores e escadas, assim como o número e
os tipos de escadas variam e, em alguns casos, são discrepantes.
O ideal seria que todas as legislações que tratam do mesmo assunto fossem convergentes,
porém, isso não ocorre. As diferenças, em alguns casos, são grandes, deixando a dúvida,
principalmente, sobre quais critérios de dimensionamento são os mais adequados, isto é, qual
deles garante um nível de segurança aceitável com custos razoáveis.
2. OBJETIVO
3. METODOLOGIA
Este estudo realiza uma análise comparativa dos três documentos aplicáveis para
dimensionamento de saídas de emergência na cidade de São Paulo, a saber:
4. DOCUMENTOS ANALISADOS
O Código de Obras e Edificações (COE) do Município de São Paulo foi sancionada em 1992,
sob a Lei 11.288 de 25 de junho, seguida de complementação por meio do Decreto 32.329 de
23 de setembro do mesmo ano. Essa regulamentação aborda a questão da segurança contra
incêndio para edificações novas no Capítulo 12 (Circulação e Segurança) da lei e no Anexo 12
(Circulação e Segurança) do decreto. Já o Anexo 17 deste mesmo decreto trata
especificamente da Adaptação das edificações existentes às condições mínimas de segurança.
Uma das principais alterações trazidas por esta regulamentação municipal, no que se refere às
questões de segurança contra incêndio, estava no método de dimensionamento das saídas de
emergência, assim como nos novos valores (densidade) utilizados para o cálculo da lotação. A
lotação dos pavimentos deve ser corrigida em função da altura da edificação e do tipo de
proteção provido para as rotas de fuga, dada pela seguinte equação:
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onde:
• Lc :Lotação corrigida;
• Lo: Lotação de origem;
• K: capacidade de passagem da tabela 12.7.1.2 do COE;
• Y: valor determinado pela altura do edifício; vide equação 2
onde:
• altura “Ho”, medida em metros, entre a cota do pavimento de saída, e a cota
do último pavimento da via de escoamento considerada.
A largura dos corredores e das escadas, neste caso, variam em função da altura da edificação
e da lotação dos pavimentos, sendo que se adota a largura mínima de 1,20m e módulos de
0,30m para sua ampliação. Assim, o valor obtido Lc deverá ser dividido em módulos de 0,30m
para se obter o número de unidades de 0,30m necessários para atender a largura
dimensionada.
As distâncias a percorrer até atingir uma saída de pavimento estão definidas em função do tipo
de proteção encontrada na rota horizontal (sem proteção (aberto), protegido com chuveiros
automáticos ou protegido por compartimentação). Os tipos de escada admissíveis são as
escadas abertas, as escadas protegidas sem antecâmara e as escadas protegidas com
antecâmara ou vestíbulo.
A norma NBR 9077 atualmente em vigor é resultado de uma revisão elaborada, inicialmente,
sob coordenação da Comissão de Estudos do CB-2 (Comitê Brasileiro da Construção Civil) da
ABNT, com a colaboração do recém-criado CB-24 (Comitê Brasileiro de Segurança contra
Incêndio), aprovada e publicada em 1993. Apesar de algumas tentativas posteriores, a
atualização desta norma, considerada necessária, ainda não ocorreu até o momento. Esta
norma teve como base, em sua origem, princípios da norma NFPA 101 – Life Safety Code [4]
da National Fire Protection Association da década de 1970. No entanto, as revisões sucessivas
desta última revelam diferenças significativas entre esses dois documentos, atualmente. A
norma NBR9077 adota como largura mínima de corredores e escadas, o valor de 1,10m e
módulos de 0,55m para a sua ampliação.
N = P/C (3)
onde:
• N: número de unidades de passagem, arredondado para número inteiro
imediatamente maior que o valor do quociente (1 unidade de passagem = 0,55m);
• P: população calculada para o pavimento, conforme densidade dada na tabela 5 da
Norma, por tipo de ocupação;
• C: capacidade da unidade de passagem conforme tabela 5 da Norma.
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As distâncias máximas a percorrer até uma saída no pavimento são estabelecidas em função
da quantidade de saídas (saída única ou mais de uma saída) e da existência ou não dos
chuveiros automáticos. Os tipos de escada estabelecidos pela norma são: escada não
enclausurada ou aberta (NE); escada enclausurada protegida (EP), sem antecâmara, e escada
à prova de fumaça (PF), com antecâmara / vestíbulo ventilados naturalmente ou à prova de
fumaça pressurizada mecanicamente.
Já a Instrução Técnica n° 11/2014, tem como estrutura e conceito básico a norma brasileira
NBR 9077 (1993), com ajustes que o corpo técnico do Corpo de Bombeiros do Estado de São
Paulo considerou necessários, com base na experiência acumulada no exercício de análise e
aprovação de projetos de proteção contra incêndio ao longo dos anos. A primeira versão desta
Instrução Técnica é de 2001, e em revisões sucessivas, o seu conteúdo vem sendo alterado,
em parte, em função da ausência da atualização da NBR 9077. Esse documento também
adota alguns conceitos do COE, como a largura mínima de corredores e escadas, de 1,20m,
porém, com módulos de ampliação de 0,55m da norma brasileira. O cálculo das larguras de
rotas horizontais e verticais segue a equação da norma brasileira (Equação 3) valores de
capacidade de unidade de passagem (C) ajustadas para alguns tipos de ocupação.
5. RESULTADOS
Classificada como local de reunião de público, adotou-se uma edificação de culto religioso com
altura do piso de acesso (entrada) ao piso mais elevado de 9,00 m. Esta edificação tem a
previsão de uma sala de culto no último pavimento, com lotação máxima de 750 pessoas. A
área de cada pavimento é de 15m por 70m, totalizando 1.050 m² e não é exigido sistema de
proteção por chuveiros automáticos ou por detecção e alarme automático de incêndio.
A largura mínima total de corredores, neste caso, estão muito próximas entre as três
referências brasileiras em análise.
No caso de escadas, pelo COE seriam necessárias 2 escadas a prova de fumaça, com largura
cada uma de 1,50 m e caminhamento para se atingir uma saída segura de, no máximo, 25 m.
Por outro lado, tanto pela IT-11 quanto pela NBR 9077, a largura total das escadas seria de
5,50m e são exigidas escadas protegidas.
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O custo da escada protegida é menor que o da escada à prova de fumaça exigida pelo COE.
No entanto, a largura total de escadas exigidas pela IT-11 e NBR 9077 é quase o dobro
daquela exigida pelo COE. O caminhamento máximo do COE, para atingir uma escada, por
outro lado, é bem inferior ao exigido pela IT-11 ou a NBR 9077.
2 corredores 2 escadas PF
NBR 9077 1,10m 2,20m + de 1 saída: 55m
(1,10m cada) (1,10m cada)
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A largura total mínima para corredores exigida pelo COE é pelo menos 4 vezes superior à
exigida pelas duas outras referências. No caso da largura total mínima das escadas,
novamente, o COE é que exige a maior largura e menor distância a percorrer.
Neste exemplo, a largura mínima de escada exigida pelo COE é o dobro da IT-11, que por sua
vez é também menor que a exigência da NBR 9077. As distâncias de caminhamento são
discrepantes e somente o tipo de escada a ser adotado é consenso, isto é, todas exigem
escadas a prova de fumaça, devido ao risco trazido pela altura da edificação.
Neste exemplo foi adotado um edifício de escritórios com altura do piso de acesso (entrada) ao
piso mais alto ocupado de 30 m, lotação máxima, por piso, de 200 pessoas, sendo provida de
sistemas de chuveiros automáticos e de detecção e alarme de incêndio. Os resultados do
dimensionamento são apresentados na tabela 3.
Tabela 3: Dimensionamento do Exemplo 3.
Corredor Escada Distância máx. a
Documento Largura Largura percorrer e número
Solução de Solução de
de referência total total mínimo de saídas
projeto projeto
mínima mínima verticais
2 corredores 2 escadas PF
COE 2,70m 1,80m + de 1 saída: 38m
(2 x 1,50m) (1,20m cada)
2 corredores 2 escadas PF
NBR 9077 1,10m 2,20m + de 1 saída: 55m
(2 x 1,10m) (1,10m cada)
1 escada PF 1 saída: 55m
2 corredores (1,65m) (com detecção)
IT-11 1,20m 1,65m
(2 x 1,20m) 2 escadas PF + de 1 saída: 75m
(2 x 1,20) (com detecção)
No caso, do COE, essa largura de corredor diminuiu, mas ainda é mais que o dobro das
demais. A largura da escada também diminuiu no caso do COE, em quase a metade.
Permanece uma discrepância grande entre as distâncias máximas a serem percorridas.
Interessante verificar que somente no caso do COE a largura das escadas aumenta com a
altura da edificação.
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Este exemplo contempla um edifício residencial com altura do piso de acesso (entrada) ao piso
mais alto ocupado de 60 m, com 4 apartamentos por andar, de 3 dormitórios cada, portanto,
com população estimada máxima de 24 pessoas por pavimento. Não é exigido, neste caso, a
instalação de sistema de chuveiros automáticos no edifício, nem sistema de detecção e alarme
de incêndio. Os resultados são apresentados na tabela 4.
Tabela 4: Dimensionamento do Exemplo 4.
Corredor Escada Número mínimo de
Documen
Largura saídas verticais e
to de Largura total Solução de Solução de
total Distância máx. a
referência mínima projeto projeto
mínima percorrer
COE 1,20m 1 corredor 1,20m 1 escada PF 1 saída: 25m
Como pode ser visto, admite-se, nos documentos brasileiros analisados, que o edifício
residencial não tenha alternativa de fuga vertical, ou seja, que tenha apenas uma escada,
quando tiver até 80m de altura – no caso do COE e da IT-11, e quando atende até 4 unidades
residenciais por pavimento – no caso da NBR 9077, independentemente da altura do edifício.
Em todas as situações da tabela 4, é exigida uma escada à prova de fumaça.
Compreende-se que uma lotação baixa por pavimento resultará num dimensionamento com as
larguras mínimas exigidas pelas documentações em análise. No entanto, contesta-se a falta de
alternativa de fuga vertical nesse tipo de ocupação.
5.5 Discussão
Como pode ser visto, há discrepâncias, no que se refere ao dimensionamento das saídas de
emergência, entre os documentos analisados, principalmente no que se refere à largura das
rotas verticais (escadas) e às distâncias máximas a percorrer até uma saída segura.
Para edifícios de baixa altura, como do exemplo1, as escadas dimensionadas conforme o COE
têm larguras bem menores que as escadas dimensionadas conforme a NBR 9077 e IT-11. Por
outro lado, para edifícios de média altura ou altos, a situação se inverte e as escadas
dimensionadas conforme o COE têm largura muito superiores.
Uma das hipóteses que explica este fenômeno é que possivelmente as premissas adotadas
para o dimensionamento das rotas de fuga verticais sejam bem diferentes entre o COE e a
NBR 90777/IT-11. As premissas, neste caso, se fundamentam em diferentes tipos de estratégia
de abandono adotados para edifícios de múltiplos pavimentos de diferentes usos.
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O COE, assim como a regulamentação espanhola da qual este derivou [5], adiciona um fator
de correção no dimensionamento das rotas de fuga verticais em função do número de
pavimentos envolvidos que tende a aumentar a sua largura final. Presume-se que este fator de
correção leve em consideração o abandono total e simultâneo do edifício. No entanto, também
se verifica que este mesmo fator pode inviabilizar o projeto, devido à largura total excessiva
resultante. Por outro lado, não existe, no referido documento técnico espanhol, nenhuma
clareza sobre o tipo de estratégia de abandono considerado pela regulamentação.
Ainda assim, há outras diferenças que devem ser analisadas e compreendidas, como as
distâncias máximas a percorrer na horizontal, para atingir uma saída segura e as formas de
proteção que dão ganho a essas distâncias.
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6. REFERÊNCIAS
[1] SÃO PAULO (Município). Lei Nº 11.228/1992. Dispõe sobre as regras gerais e específicas
a serem obedecidas no projeto, licenciamento, execução, manutenção e utilização de
obras e edificações, dentro dos limites dos imóveis; revoga a Lei no 8.266, de 20 de junho
de 1975, com as alterações adotadas por leis posteriores, e dá outras providências.
[2] SÃO PAULO (Estado). Saídas de emergência. Instrução Técnica No.11. Secretaria do
Estado dos Negócios da Segurança Pública / Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do
Estado de São Paulo: São Paulo, 2014.
[4] COTÉ, R.; HARRINGTON, G.E. (Ed.) Life Safety Code Handbook. 11th ed., Quincy:
National Fire Protection Association, 2009.
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1. INTRODUÇÃO
No Brasil a Segurança Contra Incêndio em Edificações já conta com uma literatura substancial,
sobretudo no tocante ao comportamento de estruturas em situação de incêndio. Existem ainda
pesquisas publicadas norteando metodologias de mapeamento de riscos de incêndio [1] e
parâmetros para projetos seguros [2]. Todavia, os dados estatísticos deste tipo de incêndio não
são contemplados, na profundidade adequada, pelos estudos mais conhecidos [3].
Este relatório da International Association Fire and Rescue Service - IFRS, tem uma rede de
colaboradores e três polos coordenando o estudo, a saber: Alemanha (Berlin Fire and Rescue
Academy – GFPA), Rússia (Academy of State Fire Service, Russia) e Estados Unidos (National
Fire Protection Association – NFPA) [5].
Este artigo visa discutir a falta de dados consolidados de incêndios em edificações no Brasil,
observando que sem estes não há como dimensionar um problema, oculto ou
subdimensionado pelas políticas públicas.
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2. ESTATÍSTICAS DE INCÊNDIO
Neste item pretende-se apresentar alguns momentos das estatísticas de incêndios no Brasil,
buscando compreender o enredo que conduz a atual situação.
Moore (1994) em Whorkshop sobre o tema, explicou as aferições feitas pelo IBGE:
Estes dados nos anuários foram divulgados até o ano de 1991, com dados de 1990. Na época
foi alegada uma dificuldade de aferição pelo IBGE, relacionada ao custo de coleta e a
fidedignidade dos dados, para a interrupção naquele ano, não sendo mais realizado desde
então.
Com o fim da divulgação dos ‘Anuários Estatísticos’ nacionais, a descrição do problema dos
incêndios aflorou visivelmente e pesquisadores começaram a alertar para a necessidade da
criação de um sistema nacional, como foi o caso de Negrisolo [8] ao discutir, no Seminário
Nacional de Bombeiros em 1992, a proposição do dito sistema.
Nesta década, em 1997, foi criada no âmbito do Ministério da Justiça a Secretaria Nacional de
Segurança Pública (SENASP), órgão que entre outras, tem por finalidade “implementar, manter
e modernizar o Sistema Nacional de Informações de Justiça e Segurança Pública”, apesar dos
Corpos de Bombeiros estarem inseridos na Segurança Pública o sistema pouco ou nada
contempla os milhares de atendimentos realizados por estes, inclusive os atendimentos a
incêndios [9]. Registrou-se alguns dados quinze anos depois, ainda incipientes e sem
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Figura 1 – Capa da Pesquisa Perfil das Instituições de Segurança Pública, editada em 2013.
No último mês de 1997 foi editada a NBR 14.023 sob o título ‘Registro de Atividades de
Bombeiros’.
Esta norma tem por objetivos: “revelar a extensão do prejuízo e dos problemas de
emergências; indicar os problemas que requerem ações adicionais e pesquisa; acompanhar o
desenvolvimento do tratamento médico de emergência; orientar ações de prevenção e
proteção, manuseio de materiais perigosos etc.; orientar o desenvolvimento efetivo de códigos,
regulamentações e normas” [11], nascendo assim com um largo e ambicioso espectro.
A norma traz uma série de definições, conceitos e critérios mínimos de aferição, lastreando um
possível ‘Sistema Nacional de Coleta e Análise de Dados de Bombeiros’ [11].
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A incipiência dos dados sobre incêndios em edificações (entre outros), principalmente devido à
autonomia de aferição e método os quais os vários Corpos de Bombeiros estabeleceram para
consolidar suas estatísticas ao longo da História, levou, em 2007, o Conselho Nacional dos
Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (LIGABOM) a estabelecer um modelo de aferição que
permita uma ‘padronização’ nacional [12]. Esta recomendação, que também coadunada com a
NBR 14.023, foi adotada por várias das instituições. Apesar desta iniciativa recente, o Brasil
ainda não possui um estudo estatístico nacional que expresse os números de forma detalhada,
ou ainda um ‘Sistema Nacional de Coleta e Análise de Dados de Bombeiros’, proposto há
muito por Negrisolo [8] e ainda não operacionalizado
Neste particular Duarte e Ribeiro [7], ao estudarem a coleta de dados de incêndio no Brasil,
afirmam: “Cada (Corpo de) bombeiro, de acordo até mesmo com a cultura da região onde se
encontra, busca um determinado número e tipo de informação que considera mais importante”.
3. CONCLUSÕES
Este trabalho apresenta as várias iniciativas para criação de um modelo para coleta de dados
estatísticos de incêndio no Brasil e demonstra que ainda não existe um sistema de coleta
nacional.
Foi visto que por décadas no século XX (1951 a 1990) o IBGE apresentou dados de incêndios
no Brasil, no corpo do ‘Anuário Estatístico ‘, interrompendo tal procedimento no início do ano de
1991.
Seis anos depois (1997) é criada a Secretaria Nacional de Segurança Pública, no âmbito do
Ministério da Justiça, que entre outras várias atribuições deve implementar, manter e
modernizar um Sistema Nacional de Informações de Justiça e Segurança Pública, contudo
apenas dados pontuais sobre os incêndios havidos no Brasil, são publicados dentro do perfil
das instituições de segurança pública.
Existindo inclusive uma Norma Brasileira (ABNT – 14.023) que norteia esta aferição, a qual foi
usada como base para uma importante deliberação da Liga dos Comandantes Gerais dos
Corpos de Bombeiros do Brasil, que reunidos em 2007 e atendendo a sugestão de um grupo
de trabalho específico, apresentaram uma padronização para o ‘Relatório de Ocorrências’,
todavia a autonomia dos Estados Membros e o pacto federativo, faz dessa padronização uma
recomendação, passível ou não de ser adotada.
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4. REFERÊNCIAS
[1] SILVA, Valdir Pignatta; AZEVEDO, Macksuel Soares. Eurocode method for calculating the
external steelwork temperature in fire; comparative studies. Fire and Materials, 2015.
DOI: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/fam.2315/abstract
[2] ONO, Rosaria. Parâmetros para Garantia da qualidade do projeto de Segurança Contra
Incêndio em Edifícios Altos. Revista Ambiente Construído, v.7, n.1, p.97-113, 2007.
Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/ambienteconstruido/article/viewFile/3731/2083
[3] CORRÊA, Cristiano; RÊGO SILVA, José J.; PIRES, Tiago A.; BRAGA, George C..
Mapeamento de Incêndios em Edificações: Um estudo de caso na cidade do
Recife. Revista de Engenharia Civil IMED, vol. 2, nº. 3, 2015, p. 15-34
DOI: http://www.bibliotekevirtual.org/index.php/2013-02-07-03-02-35/2013-02-07-03-03-
11/1752-rec-imed/v02n03/18433-mapeamento-de-incendios-em-edificacoes-um-estudo-
de-caso-na-cidade-do-recife.html
[4] CTIF, Centre of Fire Statistics (International Association of Fire and Rescue Services).
World Fire Statistics, Report nº17, 2013, p.62
[5] CTIF, Centre of Fire Statistics (International Association of Fire and Rescue Services).
World Fire Statistics, Report nº17, 2015, p.58
[6] DUARTE, Rogério Bernardes. Boletim Técnico – Estatística de Incêndios no Brasil
(GSI). Grupo de Pesquisa em Segurança Contra Incêndio – GSI/USP, 1996.
[7] DUARTE, Rogério Bernardes; RIBEIRO, Ivanovitch Simões. Coleta de Dados de
Incêndio. In___ A Segurança Contra Incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008.
[8] NEGRISOLO, Walter. Sistema Nacional Padronizado de Coleta e Tabulação de
Dados. In__ Anais do II SENABOM – Seminário Nacional de Bombeiros, Ribeirão Preto,
São Paulo. p. 305 a 335, 1992.
[9] BRASIL. Decreto n. 2.315, de 4 de setembro de 1997, cria a Secretaria Nacional de
Segurança Pública, 1997.
[10] SENASP, Secretaria Nacional de Segurança Pública, PESQUISA PERFIL DAS
INSTITUIÇÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2013. Disponível em:
http://www.justica.gov.br/central-de-conteudo/senasp/anexos/pesquisa-perfil-2013_ano-
base_2012.pdf
[11] ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14.023: Registro de
Atividades de Bombeiros, Rio de Janeiro, 2013.
[12] LIGABOM, Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil. RELATÓRIO
DE OCORRÊNCIA, 2007
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Jesce John da S.
Borges*
Analista Ministerial do
Ministério Público de
Pernambuco,
Brasil
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata das normas de Segurança Contra Incêndio – SCI adotadas nos estados
brasileiros pelos Corpos de Bombeiros. Atualmente, não existe uma lei nacional que estabeleça
requisitos mínimos de segurança contra incêndio que possa ser adotada como padrão nas
atuações dos Corpos de Bombeiros Estaduais. As normas de SCI que estão em vigor são leis
estaduais, ou seja, cada estado elabora sua própria legislação.
*
Autor correspondente – Engenheiro Civil. Especialista em Engenharia de Instalações Prediais. Especialista em Engenharia de Segurança Contra Incêndio e
Pânico. MBA - Especialista em Gestão do Ministério Público. Mestre em Geotecnia. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Doutorando em
Geotecnia na Universidade Federal de Pernambuco. Analista Ministerial do Ministério Público de Pernambuco. Membro da comissão de licitação da Secretaria
de Administração de Pernambuco. Rua São Miguel, 176, Afogados. 50.850-275 - Recife - PE - Brasil. Tel.: +55 81 99935-7622. e-mail: jescejohn@hotmail.com
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Além dos incêndios citados, recentemente o Brasil passou por uma grande tragédia numa
discoteca na cidade de Santa Maria, no estado do Rio Grande do Sul. O incêndio ocorreu na
madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, matou 242 pessoas e deixou 680 pessoas feridas. Foi
considerada a segunda maior tragédia do país em número de vítimas em incêndio, perdendo
apenas para o incêndio do Gran Circo Norte-Americano, ocorrido em 1961. Atualizações nas
normas de segurança contra incêndio são extremamente importantes visto que novas medidas
e dispositivos de proteção surgem constantemente devido aos avanços tecnológicos que
garantem uma maior proteção. Consequentemente, é de grande relevância que as normas de
SCI acompanhem a modernização das tecnologias de proteção contra incêndio.
Diante do exposto, o objetivo primordial deste estudo é verificar em que situação se encontram
as normas de segurança contra incêndio de cada estado brasileiro no que se refere às suas
atualizações. Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se como recurso metodológico a
pesquisa exploratória, realizada a partir do acesso ao site de cada Corpo de Bombeiros Estadual
em busca do histórico de legislações de segurança contra incêndio.
2. DESENVOLVIMENTO
Está previsto na Constituição Federal de 1988 que os Estados podem legislar plenamente em
casos de omissões legislativas por parte da União, esta diretriz aplica-se à segurança contra
incêndio e pânico. Ou seja, os Estados elaboraram suas próprias legislações de SCI e, de
maneira geral, as denominam de Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico – COSCIP.
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Joelma e Andraus, em São Paulo. A primeira providência tomada pela prefeitura municipal de
São Paulo foi a edição do Decreto Municipal nº 10.878 que instituiu “normas especiais para a
segurança dos edifícios a serem observadas na elaboração do projeto, na execução, bem como
no equipamento e dispõe ainda sobre sua aplicação em caráter prioritário”.
Ainda em 1974, a Associação Brasileira de Normas Técnicas, por meio do Comitê Brasileiro da
Construção Civil, publicou a NB 208 — Saídas de Emergência em Edifícios Altos. Em 1975, o
governador do Rio de Janeiro apresenta o Decreto-Lei nº 247, que dispõe sobre Segurança
Contra Incêndio e Pânico naquele Estado, o qual foi regulamentado em 1976. O Ministério do
Trabalho editou a Norma Regulamentadora 23 (NR-23) - Proteção Contra Incêndios, em 1978,
dispondo regras de proteção contra incêndio na relação empregador/empregado - embora isso
não fosse consequência única desses incêndios, mas sim, parte de uma reestruturação na
segurança do trabalho [1].
No Brasil, o primeiro Código de Segurança contra Incêndio e Pânico foi elaborado no Rio de
Janeiro pelo Decreto - Lei nº 247 de 21 de julho de 1975, que completou 41 anos em 2016.
Outros estados também possuem códigos bastante antigos e que ainda não foram atualizados.
Consequentemente, muitos aspectos que funcionavam há décadas atrás, hoje não apresentam
os mesmos efeitos devido às mudanças nos sistemas de construção pelas novas tecnologias.
Após o incêndio na Boate Kiss em Santa Maria/RS em 2013, a legislação sobre segurança contra
incêndio no Brasil voltou a ser debatida. Verificando a deficiência e a desatualização das normas
de SCI nos estados brasileiros, a criação de uma lei federal passou a ser cogitada como uma
solução para os problemas. O código nacional passaria a disciplinar sobre requisitos básicos de
segurança, que deveriam valer para todo o território nacional enquanto a legislação estadual
deveria cuidar apenas das especificidades regionais.
A partir do clamor social causado pelo incêndio da Boate Kiss, iniciativas para criação de um
Código Nacional de Segurança Contra Incêndio foram discutidas, entretanto o projeto de lei não
chegou à pauta de votação mesmo depois um ano de sua elaboração [3]. Atualmente existem
projetos de lei que estão tramitando na Câmara dos Deputados e Senado Federal, são eles:
- PLS 121/2014, criado pela senadora Ana Amélia Lemos (PP/RS), que institui normas gerais
sobre Segurança Contra Incêndio e Pânico no Brasil;
- PLC 33/2014 (antigo PL 2020/2007), criado pela deputada federal Elcione Barbalho
(PMDB/PA), que estabelece diretrizes gerais sobre medidas de prevenção e combate a incêndio
e a desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público;
- PL 4.923/2013, criado pela deputada federal Nilda Gondim (PMDB/PB), que dispõe sobre as
obrigações que devem ser observadas por proprietários, administradores e responsáveis por
boates, casas de shows, bares, restaurantes e estabelecimentos congêneres.
Importante ressaltar que o problema não se encontra apenas na ausência de um código nacional
mas também na fiscalização, que é um serviço muito importante para obter resultados
satisfatórios e é uma iniciativa de responsabilidade do Corpo de Bombeiros. A descrição da
fiscalização pode ser resumida em uma vistoria in loco nos estabelecimentos para verificar se a
execução dos sistemas de proteção contra incêndios encontra-se conforme projeto
anteriormente aprovado. A fiscalização também se dá nas atuações em edificações que estão
funcionando sem Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros – AVCB. São evidentes as falhas
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na fiscalização realizada pelos bombeiros, isto se dá graças à falta de efetivo nas corporações
ou à falta de capacitação dos vistoriadores.
Buscando analisar a situação de cada estado no que tange à legislação sobre segurança contra
incêndio, realizou-se uma pesquisa exploratória em meio eletrônico em cada site do Corpo de
Bombeiros a fim de verificar se no seu histórico normativo ocorreram atualizações ao longo dos
anos. Esta pesquisa será descrita a seguir:
Em 29 de julho de 1994, foi criada a Lei nº 1.137, que dispõe sobre Segurança contra Incêndio
e Pânico no Estado do Acre, cria a taxa de Serviços Técnicos e dá outras providências. Sofreu
alterações com a Lei nº 2.679 de 27 de dezembro de 2012 que tem como destaque a criação da
Tabela de Taxas de Serviços Técnicos do Corpo de Bombeiros Militares do Acre.
A normatização da Segurança Contra Incêndio no estado de Alagoas se deu através da Lei n.º
7.456, de 21 março de 2013. Dois meses depois, o Decreto nº 26.414, de 20 de maio de 2013,
instituiu o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico – COSCIP no Estado de Alagoas.
Duas instruções técnicas (publicadas através das Portarias n.º 178 de 12 de junho de 2013 e n.º
117 de 08 de maio de 2014) fazem parte da legislação de SCI.
Inicia-se com a Lei nº 0790/2003, que instituiu a cobrança de taxas a serem cobradas pelos
serviços realizados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Amapá. Em seguida, surge a Lei nº 0870
de 31/12/2004, que define infrações e penalidades. Em 2004, com a Lei nº 0871, foi aprovada a
edição do Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Estado do Amapá. No período de
2005 a 2012 foram criadas 14 Normas Técnicas.
A Lei nº 2.812 de 17 de julho de 2003 instituiu o Sistema de Segurança Contra Incêndio e Pânico
em Edificações e Áreas de Risco no Estado do Amazonas. Um ano depois, o Decreto nº. 24.054
de 1º de março de 2004 regulamentou o Sistema de Segurança Contra Incêndio. Atualmente, a
DST/CBMAM utiliza as Instruções Técnicas – IT do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Na Bahia, a SCI se deu com a Lei nº 12.929 de 27 de dezembro de 2013. Após isso, foi
regulamentado pelo Decreto nº 16.302 de 27 de agosto de 2015. Atualmente, o CBMBA conta
com 16 Instruções Técnicas datadas do ano de 2016.
A Lei nº 3.218, de 20 de julho de 1978 marca o início da Segurança Contra Incêndio no Estado
do Espírito Santo, sendo seguida pela Lei nº 7.990, de 25 de maio de 2005. Essas duas leis
foram consolidadas pela Lei nº 9.269, de 21 de julho de 2009 e esta foi regulamentada pelo
Decreto nº 2.423-R, de 15 de dezembro de 2009. No presente momento, o CBMES apresenta
21 Normas Técnicas elaboradas entre o período de 2009 a 2015. Além disso, são
disponibilizados 26 pareceres técnicos com datas entre 2010 a 2016.
Nasce a SCI do estado de Goiás através da Lei nº 9.292, de 24 de novembro de 1982, em que
foi estabelecido o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico – COSCIP. Após 11 anos,
essa lei foi revogada pela Lei nº 12.111, de 22 de setembro de 1993 e esta foi revogada pela Lei
Estadual nº 15.802, de 11 de setembro de 2006, que tem como texto “Institui o Código Estadual
de Segurança contra Incêndio e Pânico e dá outras providencias”. Atualmente, o CBMGO possui
43 Normas Técnicas elaboradas no ano de 2014 (a exceção da NT 41 que recebeu uma
atualização em 09/09/2016).
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Teve início a SCI no Maranhão pela Lei nº 6.546 de 29 de dezembro de 1995 que estabeleceu o
Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico. O CBMMA tem como legislação complementar
06 Normas Técnicas que tratam dos seguintes temas: procedimentos para credenciamento de
empresas, padronização dos sistemas de bombas de incêndio, classificação das edificações
quanto ao risco, parâmetros mínimos de pressão e vazão no cálculo dos hidrantes, eventos
temporários e brigada de incêndio. As NT 01, 02, 03 e 04 são datadas no ano de 1997, a NT 05
de 2000 e a NT 06 de 2014.
Constatou-se que o Decreto Estadual nº 857 de 29 de agosto de 1984 foi a primeira legislação a
tratar de SCI no Estado do Mato Grosso. O tema foi reforçado pela Lei nº 8.399 de 22 de
dezembro de 2005, que estabeleceu a Legislação de Segurança Contra Incêndio e Pânico do
Estado de Mato Grosso. O exercício de fiscalização do CBMMT foi regulamentado pelo Decreto
nº 2.346, de 21 de janeiro de 2010. A legislação sobre SCI do Mato Grosso recentemente sofreu
uma atualização através da Lei nº 10.402, de 25 de maio de 2016 e apresenta também 12
Normas Técnicas elaboradas em 2016. Além disso, foi verificado que o CBMMT adota várias
instruções técnicas de São Paulo, NBR’s e NR 23.
O Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Estado de Mato Grosso do Sul foi criado
pela Lei nº 4335 de 10 de abril de 2013. Esta sofreu atualização pela Lei Estadual nº 4.921 de
20 de agosto de 2016. Além disso, o CBMMS apresenta 43 Normas Técnicas elaboradas no
período de 2013 a 2016.
No Estado de Minas Gerais a SCI começa com a Lei nº 14.130 de 19 de dezembro de 2001,
sendo regulamentado pelo Decreto nº 44.746 de 29 de fevereiro de 2008. Este sofre alteração
pelo Decreto nº 46.595 de 10 de setembro de 2014. O CBMMG apresenta 40 Instruções Técnicas
elaboradas ou modificadas no período de 2014 a 2016.
O início da SCI no Estado do Pará se deu com a Lei nº 4.453, de 22 de dezembro de 1972 que
criou o Serviço de Proteção e Prevenção Contra Incêndio do Corpo de Bombeiros. Uma nova
redação foi dada pela Lei nº. 5.088 de 19 de setembro de 1983. Em seguida, surge a Lei nº.
6.010 de 27 de dezembro de 1996. Esta sofre alteração pelas seguintes leis: Lei nº 6.013, de 27
de dezembro de 1996, Lei nº 6.430, de 27 de dezembro de 2001 e Lei nº. 6.724 de 2 de fevereiro
de 2005. A regulamentação da SCI foi dada pelo Decreto nº 357 de 21 de agosto de 2007. O
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
CBMPA apresenta duas Instruções Técnicas: Instrução Técnica nº. 02/2012 e Instrução Técnica
nº. 17/2013.
O Código de Prevenção de Incêndios (CPI) criado pelo Boletim Geral do Comando Corpo de
Bombeiros nº 044, de 06/03/2001, foi a principal norma de Segurança Contra Incêndio no Estado
do Paraná. Um novo código surgiu no ano de 2011 através da Portaria nº002/11. Depois disso,
no ano de 2014, entra em vigor outro novo código publicado através da Portaria Interna nº
006/2014 do Comando do Corpo de Bombeiros. O CBMPR apresenta 41 Normas Procedimentos
Técnico elaboradas no período de 2014 a 2016.
Para o Estado de Pernambuco a Segurança Contra Incêndio teve seu início marcado pela Lei nº
11.186, de 22 de dezembro de 1994, sendo regulamentada pelo Decreto nº. 19.644 de 13 de
março de 1997. Surge a Lei nº 12.323 de 6 de janeiro de 2003 que trata sobre dispositivo de
segurança em elevadores que sofreu alterações pela Lei nº 12.792 de 28 de abril de 2005. Já
em 2014, surgem duas leis: a Lei n° 15 232, que dispõe sobre normas de prevenção e proteção
contra incêndio e a Lei n° 15 233, que trata da obrigatoriedade de as casas noturnas e casas de
recepção manterem vigente seguro patrimonial. Aquela sofreu alteração pela Lei n° 15 873 de
08 de julho de 2016. Além disso, o CBMPE tem 03 Normas Técnicas.
A Lei nº 5.483 de 10 de agosto de 2005 criou o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico
do Estado. Esta sofreu alterações pela Lei nº 5.801 de 26 de setembro de 2008 e sua
regulamentação se deu através do Decreto nº 12.192 de 02 de maio de 2006. Constatou-se que
o CBMPI utiliza as Instruções Técnicas de São Paulo para assuntos de Segurança Contra
Incêndio.
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Constata-se que CBMRJ possui várias normas que tratam segurança contra incêndio, a título de
exemplo pode-se citar: Lei n° 938, de 16 de dezembro de 1985; Lei n° 1.535, de 26 de setembro
de 1989; Lei nº 1587, de 14 de dezembro de 1989; Lei nº 1.866. de 08 de outubro de 1991; Lei
nº 2.780, de 04 de setembro de 1997; Lei Nº 2.803, de 07 de outubro de 1997; Resolução nº 108,
109, 124, 125 e 135 de 1993; Resolução nº 142, 148, 166, 169, 170 e 172 de 1994; Portaria
CBMERJ Nº 722 e 727 de 2013; Aditamentos Administrativos de Serviços Técnicos;
Regulamento Técnico Nº BM/5-001/2016 e outros.
A Lei nº 858, de 16 de dezembro de 1999 é a norma que disciplina a segurança contra incêndio
no Estado de Rondônia. A regulamentação foi feita pelo Decreto nº 8987, de 08 de fevereiro de
2000.
A SCI no Estado de Roraima teve destaque com a criação do Código Estadual de Proteção
Contra Incêndio e Emergência pela Lei Complementar nº. 82, de 17 de dezembro de 2004. Já a
Lei Complementar nº 083, de 17 de dezembro de 2004 trata das infrações e penalidades a serem
aplicadas no caso de descumprimento das normas referentes à segurança contra incêndio e
pânico. No mesmo ano, surge a Lei nº 471, de 17 de dezembro de 2004. O CBMRR tem 40
Normas Técnicas que tratam dos diversos temas de SCI.
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4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
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Em São Paulo, a Segurança Contra Incêndio teve importante relevância quando, em 1983, foi
publicado o Decreto Estadual n. 20.811, referente a Especificações para Instalação de Proteção
Contra Incêndios. Posteriormente, foi substituído pelo Decreto Estadual n. 38.069/93.
Atualmente, a última publicação foi o Decreto Estadual 46.076, de 31 de agosto de 2001, que
institui o Regulamento de Segurança contra Incêndio das edificações e áreas de risco. O Código
Estadual de Proteção Contra Incêndios e Emergências de São Paulo foi criado pela Lei
Complementar nº 1.257, de 6 de janeiro de 2015. Além disso, o CBMSP conta com 44 Instruções
Técnicas que são atualizadas frequentemente. Cabe ressaltar que a legislação paulista é
referência no Brasil pelo seu alto grau de exigência, o que justifica sua adoção por vários estados
brasileiros conforme demonstrado anteriormente.
A Segurança Contra Incêndio inicia-se com a Lei nº 4183, de 22 de dezembro de 1999. A Taxa
de Aprovação de Projetos de Construção e a Taxa Anual de Segurança Contra Incêndio foi criada
pela Lei nº 4184, de 22 de dezembro de 1999. O CBMSE apresenta 21 Portarias que tratam de
diversos assuntos de SCI (2013 a 2016), 04 Orientações Técnicas Normativas (2013 a 2014) e
01 Instrução Normativa (2016).
A normatização em Tocantins se deu através de Lei nº 1.787, de 15 de maio de 2007 que dispõe
sobre a Segurança contra Incêndio e Pânico em edificações e áreas de risco no Estado do
Tocantins. Além disso, o CBMTO tem 33 Normas Técnicas datadas em 2010.
Além disso, foi constatada que a legislação paulista é uma referência no Brasil no que se refere
à Segurança Contra Incêndio. Por ser a cidade com a maior quantidade de edifícios no Brasil e
por ter uma história de tragédias relacionadas a incêndios, São Paulo passou a ter um alto nível
de exigência quanto à Segurança Contra Incêndio. Logo, tem-se como consequência a
legislação mais completa do Brasil, assim como um órgão técnico com profissionais capacitados
que atualizam continuamente as Instruções Técnicas com base nos assuntos mais avançados
de tecnologia de prevenção e combate a incêndio. Cabe ressaltar que o Comitê Brasileiro de
Segurança contra Incêndio (ABNT/CB-24), criado em 1990, funciona no prédio do Comando do
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Corpo de Bombeiros da cidade de São Paulo e foi responsável pela maior integração entre os
Corpos de Bombeiros e a ABNT. Portanto, verificou-se que muitos estados brasileiros copiaram
ou adotaram de forma integral as Instruções Técnicas de SP.
Foi verificado que o processo de elaboração das Instruções Técnicas tem como referência as
próprias normas da ABNT, complementada por normas de países estrangeiros, notadamente
dos Estados Unidos, França, Inglaterra, Portugal e Alemanha, entre outros. Seguindo essa
tendência, uma média de 50% dos estados brasileiros passou a adotar integralmente as
Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo e exigir o cumprimento dos
seus parâmetros na elaboração de projetos e instalação de sistemas de segurança contra
incêndio [3]. Portanto, percebe-se que Aquino [3] chegou a conclusão semelhante. A ideia de
uma lei federal que estabeleça um Código Nacional de Segurança Contra Incêndio surge como
uma solução para definir um padrão básico de requisitos mínimos de segurança contra incêndio
a serem atendidos em todos estados.
5. CONCLUSÕES
Diante do exposto, conclui-se que muitos estados brasileiros possuem legislações de Segurança
Contra Incêndio bastante antigas, com vigência próxima ou superior a 40 anos (Ex: RN, RJ, PA
e ES). Considerando a dinâmica proporcionada pelo avanço tecnológico que reflete nas normas
de SCI, é importante que ocorra uma constante atualização das normas utilizadas nos estados.
Nesse ínterim, é necessário que a legislação brasileira de SCI receba uma atenção constante e
pare de ser um tema discutido apenas após grandes tragédias, pois as tecnologias de prevenção
e combate a incêndio acompanham as mudanças dos avanços tecnológicos, portanto sempre
vão surgir novas medidas ou dispositivos mais seguros cuja inclusão é necessária na norma de
SCI.
6. REFERÊNCIAS
[1] Seito, A. I. et al. - A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008.
[2] Negrisolo, W. - Arquitetando a segurança contra incêndio. Tese (Doutorado em arquitetura)
- Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2011.
[3] Aquino, L. M. - Aplicação das Normas de Segurança Contra Incêndio no Estado do Rio
Grande do Norte: Uma proposta de atualização. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Civil) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. 2015.
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1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o acontecimento de diversos desastres, causados pela natureza ou por
ações ou omissões humanas, levaram a muitas perdas humanas e materiais. A forma com que
estes eventos foram gerenciados interferiu diretamente na proporção dos danos causados por
estes eventos. Os incêndios em edificações são um tipo de desastre tecnológico e chamam a
atenção uma vez que são originados, grande parte das vezes, por descuido dos ocupantes,
negligência ou omissão dos projetistas, executores ou órgãos de fiscalização.
*
Maria Luiza Tremel de Faria Lima – Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Centro de Tecnologia e Ciências, Universidade Federal e Santa Catarina.
Rua Roberto Sampaio Gonzaga - UFSC – Trindade, PósARQ/CTC. 88.040-900 - Florianópolis - SC - Brasil. Tel.: +55 48 99969 2533. e-mail:
marialuizatfaria@hotmail.com
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4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco, Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
A prevenção, apesar de ser o caminho menos custoso, tanto no que se refere a perdas
humanas quanto às perdas materiais, pode não ser suficiente, principalmente para eventos de
evolução rápida como os incêndios em edificações, pois não se pode calcular o fim das falhas
humanas. Portanto, devem existir planos de gerenciamento de riscos e de emergência que
vislumbrem a particularidade de cada local, avaliando os recursos disponíveis a fim de garantir
a desocupação dos mesmos da forma mais segura e rápida possível.
Existem fatores que dificultam a evacuação dos locais e um deles é a possível dificuldade de
mobilidade autônoma dos ocupantes. Este fator faz surgir a necessidade de buscar estratégias
diversas, possivelmente mais elaboradas para o esvaziamento destes locais em caso de
sinistro.
Os autores dividem o processo de evacuação em três fases distintas: pré alarme, pré
evacuação e evacuação propriamente dita, conforme a figura 1. A primeira fase consiste na
ativação do alarme e pode ocorrer de forma automática ou provocada por algum usuário. A
segunda, por sua vez, inicia-se com o efetivo funcionamento do alarme com a posterior tomada
de decisão dos ocupantes em abandonar o local. Esta decisão pressupõe o entendimento por
parte do ocupante do risco iminente a que está submetido caso não reaja, levando que o
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mesmo entre em ação. A partir daí, inicia-se a movimentação, para alcançar-se a finalização do
processo, com a evacuação propriamente dita.
Conforme os autores, a fase mais demorada consiste na fase de pré evacuação que, na
maioria das vezes, leva mais tempo que a própria evacuação e este tempo será determinante
nas consequências de um sinistro.
Em situações de pânico as pessoas tendem a alterar suas respostas, agindo, muitas vezes, de
forma inconsciente, estando propensas a repetir ações de outras pessoas de forma desatenta.
Quando o pânico está associado a um grande número de pessoas reunidas é possível que
ocorram situações que dificultem tanto o abandono do local quanto o acesso de equipes de
socorro como no caso do uso indiscriminado de pequeno número de saídas disponíveis por um
grande número de pessoas.
A figura 2 demonstra uma consequência típica do pânico que consiste na repetição da ação
dos demais e na situação simulada demonstra diversas pessoas adotando uma única saída
apesar de a sala possuir duas na mesma parede.
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Valentin [3], entretanto, afirma que quando pessoas estão tentando escapar de um edifício em
chamas por uma única saída, mesmo quando outras existem, seu comportamento parece
extremamente irracional para uma pessoa que analisa a situação depois. O autor afirma que
estas pessoas que estão tentando sair podem desconhecer as outras saídas, tendo aquela
como a única disponível, preferindo lutar por ela em vez de morrer queimado.
O conceito de “pânico em massa” sugere que a multidão é menos inteligente e mais emocional
do que indivíduos agindo sozinhos. Desta forma pode ser que a resposta de um conjunto de
pessoas reagindo a uma situação de emergência seja desproporcional ao perigo uma vez que
os instintos de sobrevivência podem sobressair a respostas socializadas. [4]
A característica da população de cada edificação é outro fator que deve ser levado em
consideração no que se refere à evacuação em caso de emergência. Existem edificações que
são ocupadas por grande número de pessoas com dificuldade de mobilidade autônoma, tais
como asilos, hospitais e creches. Estas edificações, com população com diferentes graus de
dependência, exigem que sejam tomados cuidados especiais para o planejamento de
prevenção de riscos e resposta a emergências.
Dentre ocupantes com dependência total ou parcial no que se refere a sua mobilidade vale
destacar as pessoas com deficiência e as pessoas com mobilidade reduzida.
A NBR9050 [5] define deficiência como a redução, limitação ou inexistência das condições de
percepção das características do ambiente ou de mobilidade e de utilização de edificações,
espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos, em caráter temporário ou permanente.
Já a pessoa com mobilidade reduzida é definida como aquela que, temporária ou permanente,
tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Entende-se como
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pessoa com mobilidade reduzida a pessoa com deficiência, idosa, obesa gestante, entre
outros.
Alguém com algum tipo de deficiência (ou mais de uma delas associadas) ao ter dificuldade de
utilizar a edificação de forma autônoma e relacionar-se com o espaço e com os sinais,
provavelmente precisará de mecanismos especiais de fuga ou de auxílio de outra pessoa para
abandonar o local em caso de necessidade em virtude de evento adverso.
Entretanto, nem sempre será possível a evacuação de forma segura e rápida da população de
determinado local. Analisando as diferenças dos ocupantes deve-se pensar em diferentes
estratégias de evacuação avaliando-se, necessariamente, o grau de dependência destas
pessoas e considerando que algumas terão facilidade de se movimentar de forma
independente, alcançando a rota de fuga mais eficiente, mas outras não.
Deve-se pensar também que, em certos casos, a decisão de evacuar talvez não seja a melhor
a ser tomada por dispender muitos riscos aos ocupantes com limitação e aos que os auxiliarão
uma vez que o tempo de escape necessário pode não ser suficiente para que todos
abandonem o local com segurança. Isto ocorre em edificações hospitalares, por exemplo, que
possuem ocupantes com saúde debilitada.
Para estas situações em especial, a NBR9077 [7] prevê a existência de áreas de refúgio nas
edificações e a conceitua como a parte de um pavimento separada do restante por paredes
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corta-fogo e portas corta-fogo, tendo acesso direto, cada uma delas, a uma escada de
emergência.
Para edificações com grande número de pessoas dependentes no tocante à sua mobilidade ou
ocupadas por pessoas impossibilitadas de evacuar imediatamente por alguma razão, este
sistema com área de refúgio mostra-se muito útil, possibilitando a compartimentação da
edificação.
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Gouveia e Etrusco [9] afirmam que no que tange à edificação, a sua arquitetura pode ou não
facilitar a orientação dos usuários; pode ser maior ou menor a sua adequação ao número de
usuários efetivamente nela admitidos. No que concerne à interação usuário-edificação, a
familiaridade do usuário com o espaço que utiliza e a eficiência da sinalização de emergência
no contexto do uso da edificação são parâmetros que podem influir na severidade de um
desastre.
Portanto, aliados às rotas e sinalização adequadas, os ocupantes destes locais precisam estar
familiarizados com o local ou serem bem instruídos. Deve-se considerar que muitos podem não
ter domínio espacial do local e é interessante que os ocupantes habituais, que possuem este
domínio, possam servir de guias para os demais.
4. CONCLUSÕES
A ocorrência de eventos adversos que colocam em risco a vida das pessoas gera a
necessidade de evacuação das edificações. O crescente número de pessoas afetadas por
incêndios traz a preocupação de ampliação de procedimentos preventivos para redução dos
danos. Porém, não se deve pensar nas edificações como um todo e sim nas particularidades
de cada uma delas, analisando-se sua espacialidade e seu sistema construtivo bem como as
particularidades de seus ocupantes uma vez que cada edificação afetada por evento adverso
criará um cenário distindo para a evacuação e quanto mais específico um plano de prevenção
e de emergência for para a edificação em questão, antevendo os possíveis riscos e
dificuldades, menores serão as consequências.
É importante salientar que nem sempre a solução mais adequada para determinado tipo de
edificação sob efeito de incêndio é a desocupação imediata uma vez que a população pode
precisar de auxílio de terceiros para esta movimentação. Portanto, faz-se necessário projetar-
se locais seguros que possam servir de abrigo enquanto o resgate mais adequado não chega
ou enquanto o risco não cesse.
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O projeto da edificação pode e deve auxiliar na prevenção e combate aos eventos adversos,
permitindo que os ocupantes encontrem meios de combate adequados mas também meios
eficazes de abandono ou permanência segura por tempo suficiente para que recebam auxílio
na evacuação ou para que aguardem o perigo cessar.
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
[1] Kinateder M. T. et al. – Risk perception in fire evacuation behavior revisited: definitions,
related concepts and empirical evidence. Fire Science Reviews, vol. 4 no 1, p.1 - 26.
[2] Shiwakoti, N. et al. – Modelling pedestrian behavior under emergency conditions: State of
the art and future directions, 31st Australian Transport research forum, Gold Coast, 2008,
p. 457-473.
[3] Valentin, M. V. e Ono, R. – Saídas de emergência e o comportamento humano: uma
abordagem histórica e o estado atual de arte no Brasil, Núcleo de pesquisa e tecnologia
da arquitetura e urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006, 8 p.
[4] Drury, J.; Cocking, C. – The mass psychology of disasters and emergency evacuations: a
research report and implications for practice, Tese de doutorado, University of Sussex,
2007,40p.
[5] ABNT. NBR 9050: Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações,
espaço, mobiliário e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004.
[6] Dischinger, M. Et al. Promovendo acessibilidade espacial nos edifícios públicos: Programa
de Acessibilidade às Pessoas com Deiciência ou Mobilidade Reduzida nas Ediicações de
Uso Público. Florianópolis. 2012.
[7] ABNT. NBR 9077: Saídas de emergência em edifícios. Rio de Janeiro, 2001.
[8] ANVISA: Segurança contra Incêndio em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. 1ᵃ ed.
Brasília: Anvisa, 2014. 141 p.
[9] Gouveia, Antônio. M e Etrusco, Paula. Tempo de escape em edificações: os desafios do
modelamento de incêndio no Brasil, Revista Escola de Minas, Ouro Preto, v. 55, n. 4, dez.
2002.
[10] Rego, F. A.. Implantação de um plano de emergência em uma instituição de ensino
pública: uma abordagem centrada nos usuários e nos fatores que afetam as ações de
abandono. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011,
145p.
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1. INTRODUÇÃO
Os bombeiros portugueses têm a sua origem no primeiro grupo de homens a quem o rei D.
João I incumbiu, em Lisboa, de enfrentar o flagelo do fogo, estabelecendo, em 1395, as
primeiras regras tendo em vista evitar e combater os numerosos incêndios que ocorriam em
Lisboa [1].
Alguns municípios do país foram criando, ao longo dos séculos e até aos nossos dias, as suas
companhias de incêndio, mais tarde transformadas em Corpos de Bombeiros Municipais
(nestes casos os seus elementos podiam desempenhar funções em tempo parcial como
funcionários camarários e o restante tempo como bombeiros do município). Nas principais
cidades do país, foram criados Corpos de Bombeiros totalmente profissionais, em que os seus
elementos desempenham a sua função de bombeiro a tempo integral e que passaram a
designar-se por corpos de bombeiros sapadores, com uma estrutura idêntica à estrutura militar,
razão pela qual surgiu o Regimento de Sapadores Bombeiros, em Lisboa, o Batalhão de
Sapadores Bombeiros, do Porto e mais cinco Companhias de Bombeiros Sapadores,
nomeadamente nas cidades de Braga, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Setúbal e Faro.
Apesar da prevenção de incêndios ter sido sempre uma preocupação dos responsáveis dos
municípios, apenas 26 criaram Corpos de Bombeiros na autarquia. A fragilidade da resposta às
*
Autor correspondente – Diretor Nacional de Bombeiros, Autoridade Nacional de Proteção Civil, Av. do Forte, s/n, 2794-112 - Carnaxide - Portugal.
Telem.: +351 917203050 e-mail: jpedrolopes1803@gmail.com
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A forma como os corpos de bombeiros foram criados em Portugal não foi baseada em qualquer
análise de risco da área a proteger, muito menos num estudo abrangente do território nacional,
que permitisse uma cobertura eficiente de meios de socorro. Com facilidade se conclui da
distorcida e pouco homogénea distribuição dos corpos de bombeiros, o que pode pôr em causa
a segurança das pessoas e seus bens em geral e, em especial, tal como a legislação de SCIE
[3] impõe, a segurança dos edifícios de 3º e 4ª Categoria de Risco (CR). Importará por isso,
que os decisores avaliem a atual malha de distribuição das estruturas de socorro existente em
Portugal, verifiquem da correta localização dos nós dessa malha, na prática representados
pelos quartéis dos Corpos de Bombeiros e da capacidade de resposta pouco homogénea de
cada um deles. Este problema é particularmente sensível na resposta dos recursos adequados
ao combate a incêndios em edifícios e recintos das 3ª e 4.ª categoria de risco, nos termos do
Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios (RT-SCIE), estabelecido
pela Portaria 1532/2008, de 29 de dezembro [4]. A legislação exige um número mínimo de
veículos e operacionais disponíveis para acorrerem a um incidente desse tipo, num tempo
máximo de 10 ou 15 minutos dando provas de satisfação do Grau de Prontidão dos Meios de
Socorro exigido pela Nota Técnica [NT] nº 8, da Autoridade Nacional de Proteção Civil,
aprovada pelo Despacho nº 12037/2013, de 19 de setembro [5].
Só com a definição correta ou tão próxima quanto possível da solução ideal, será possível ao
decisor político apostar claramente no apoio à sustentabilidade e dinamização dos nós da
malha das estruturas de socorro, em detrimento do dispêndio de verba que todos os outros
quartéis existentes no país significam, sem o proporcional e correspondente benefício de
segurança associado.
Sendo 95% dos Corpos de Bombeiros do tipo Associativo, isto é, criados por vontade de um
grupo de cidadãos de determinada localidade e sem a participação do Estado, compreender-
se-á que a sua desativação ou deslocalização será extremamente difícil, para não se dizer
mesmo impossível. Restará aos responsáveis políticos, o incentivo ao Agrupamento de
Associações e Corpos de Bombeiros ou mesmo a fusão entre eles, através de aliciantes de
financiamento que permitam uma melhor sustentabilidade da estrutura de socorro. São
diversas as partes interessadas (stakeholders) envolvidas na existência de um corpo de
bombeiros e, como tal, participantes ativos na decisão da sua manutenção na malha de
resposta principal e secundária que o país deve possuir. Os próprios bombeiros pertencentes
aos Corpos de Bombeiros em causa, os seus familiares e vulgarmente também eles
associados da instituição, todos os outros sócios, as Câmaras Municipais, as forças vivas da
localidade, a população em geral e o Estado central, são intervenientes no processo, com
interesses nem sempre coincidentes e dando origem a situações problemáticas mal definidas,
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onde se podem considerar diferentes interpretações e onde existe uma elevada componente
política, social e humana, dando origem a um problema de resolução complexa.
Neste contexto, é fundamental a utilização de uma metodologia de apoio à decisão que analise
os múltiplos critérios existentes, apoiando o processo de escolha da solução mais adequada
aos objetivos pretendidos.
Importa assim efetuar uma análise da capacidade de resposta dos Corpos de Bombeiros
portugueses na área de atuação correspondente, de forma a ser possível determinar uma
melhor adequação dos apoios nacionais à aquisição de determinado material ou equipamento
e eventualmente duma melhor localização dos quarteis de bombeiros.
2. OBJETIVOS
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a) Distância e o tempo máximo a percorrer, pelas vias normais de acesso, entre o quartel
do corpo de bombeiros e a Utilização-tipo (UT) do edifício ou recinto;
A referida NT nº8 estabelece que, para um incêndio verificado num edifício ou recinto de 3ª ou
4ª Categorias de Risco, o número de veículos a mobilizar que deverão chegar no tempo
indicado, são os expressos no Quadro 1, com a respetiva guarnição.
Quadro 1
Guarnições Nº de veículos
Tipo de veículos de socorro
mín. / veículo <10 min < 5min
Ambulância de Socorro 2 1 0
TOTAL 13 2 3
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Veículo Escada, que dispõe de estrutura extensível em forma de escada, com ou sem cesto,
apoiando-se em base giratória ou a Plataforma Elevatória com plataforma de trabalho e uma
estrutura extensível hidráulica com possibilidade de incorporar uma escada em paralelo. No
que respeita ao transporte de produtos de extinção, como seja a água, estão classificados
como Veículos Tanque Urbanos, os que estão equipados com bomba de serviço de incêndio e
tanque de agente extintor, para apoio a operações de apoio e assistência. Como veículos de
socorro e assistência a doentes estão caracterizadas as Ambulâncias de Socorro (ABSC),
dotadas de equipamento e tripulação que permite a aplicação de medidas de suporte básico de
vida, destinadas à estabilização e transporte de doentes e sinistrados que necessitem de
assistência durante o transporte. Os Comandantes das Operações de Socorro dispõem para
sua deslocação de Veículos de Comando Tático, equipados com meios de comunicação e
diverso equipamento de apoio à decisão, direção e comando das operações de socorro e
combate a incêndios.
UT –
Utilizações A B C D E F G
Tipo
I ● ● ●
II, III, ● ● ● ● ● ●
VI a XII ● ● ● ● ● ●
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Definimos uma árvore de objetivos e serão considerados onze critérios de avaliação, sete dos
quais são expressos numa escala quantitativa e quatro são expressos numa escala qualitativa,
com o respetivo indicador da escala e o sentido de preferência de cada critério considerado.
O modelo será então tratado por um software - IRIS (análise de robustez interativa e inferência
de parâmetros para a classificação de problemas multicritério), software de apoio à decisão
projetado para classificar um conjunto de ações (alternativas, projetos, candidatos) em
categorias predefinidas ordenadas, de acordo com as suas avaliações (desempenhos) com
vários critérios. Será assim possível priorizar a solução mais vantajosa, com base nos
diferentes critérios utilizados na avaliação.
Só com a definição correta ou tão próxima quanto possível da solução ideal, ainda que devam
vir a ser considerados pontos principais e secundários nessa malha, será possível ao decisor
político apostar claramente no apoio à sustentabilidade e dinamização dos nós dessa malha,
em detrimento do dispêndio de verba que todos os outros quartéis existentes no país
significam, sem o proporcional e correspondente benefício de segurança associado.
Sendo 95% dos Corpos de Bombeiros do tipo Associativo, isto é, criados por vontade de um
grupo de cidadãos de determinada localidade e sem a participação do estado, compreender-
se-á que a sua desativação ou deslocalização será extremamente difícil, para não se dizer
mesmo impossível. Restará aos responsáveis políticos, o incentivo ao Agrupamento de
Associações e Corpos de Bombeiros ou mesmo a fusão entre eles, através de aliciantes de
financiamento que permitam uma melhor sustentabilidade da estrutura de socorro. São
diversos os stake holders envolvidos na existência de um corpo de bombeiros e, como tal,
participantes ativos na decisão da sua manutenção na malha de resposta principal e
secundária que o país deve possuir. Os próprios bombeiros pertencentes aos Corpos de
Bombeiros em causa, os seus familiares e vulgarmente também eles associados da instituição,
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A fase de estruturação do problema é hoje reconhecida como uma das fases mais importante
no processo de apoio à decisão.
Esta fase de estruturação e formulação do problema será assim o primeiro passo duma
metodologia de apoio à decisão, baseada numa análise multicritério, que possa ser utilizada na
tomada de decisões que permitam a melhoria da eficácia no combate a incêndios urbanos.
Os PSM devem assim permitir que diferentes perspetivas sejam analisadas em paralelo e
facilmente acessíveis de forma a conseguirmos ter um processo participativo e representativo.
505
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Neste contexto, a metodologia MCDA é particularmente adequada a lidar com um vasto leque
de problemas nos quais potenciais alternativas devem ser julgadas de acordo com diferentes
eixos de avaliação que são explicitamente considerados no modelo.
Os modelos MCDA permitem incluir critérios de avaliação de diferentes naturezas, que são
geralmente conflituosos e incomensuráveis, tendo em conta o ponto de vista dos diferentes
stakeholders, cada um dos quais contribui para o processo com os seus próprios valores,
preferências ou critérios.
Tal como antes referido, um dos métodos mais significativos incluídos nos Problem Struturing
Methods é o Soft Systems Methodology (SSM), que usado para redefinição de sistemas, tem
como grande diferença a determinação dos objetivos ser uma parte do problema. Inicia-se a
análise com cada participante a expressar as suas questões e perspetivas, concebendo
modelos conceptuais a partir de definições de raiz.
A estruturação deste problema foi efetuada com a apresentação de uma árvore de objetivos,
na qual estão esquematizas as ações inerentes à concretização dos objetivos definidos.
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3. CONCLUSÕES
Para uma redução dos danos causados pelos incêndios urbanos, a avaliação multicritério a ser
desenvolvida permitirá concluir da vantagem em apostar na melhoria das condições de
resposta técnica e humana do(s) Corpo(s) de Bombeiros ou antes na melhoria das condições
de segurança passiva e ativa do(s) edifício(s) a licenciar e implantar no local. O método de
avaliação poderá mesmo permitir concluir que, em vez da melhoria das condições de
segurança do edifício em causa, a solução mais eficiente venha a ser a relocalização do
Quartel de Bombeiros responsável pela intervenção ou mesmo o agrupamento entre Corpos de
Bombeiros. Estando disponíveis os diversos dados que condicionam a melhor decisão sobre a
solução condizente com a eficiência pretendida para os bombeiros portugueses, será utilizada
uma metodologia “Soft Systems Methodology” (SSM) que permita consolidar o conhecimento
sobre a situação em análise, identificando os fatores em causa e estruturando os seus valores.
Importará salientar que dos diferentes objetivos considerados, ainda que se pretenda que todos
eles conduzam a uma melhoria do sistema de proteção e socorro em Portugal, a sociedade
não os aceitará de igual forma nem lhes atribuirá a mesma prioridade. Se nos objetivos
relacionados com a preservação da vida humana, ninguém deixará de considerar a sua
importância, já nem todos darão o mesmo peso aos objetivos sociais ou mesmo aos
ambientais. Relativamente aos objetivos económicos, pouco poderá ser contestado, mas no
que diz respeito à eficiência, muitas versões poderiam ser apresentadas e contestações aos
objetivos e ações escolhidas para os alcançar. A concretização de alguns dos objetivos poderá
afetar as ações que influenciam outros, pelo que só com uma análise global e integrada será
possível apontar a solução mais vantajosa.
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Esta análise poderá permitir, no futuro, definir quais os corpos de bombeiros que se justificará
virem a ser imprescindíveis para a proteção e socorro de pessoas e bens, deixando o estado
de suportar financeiramente outras estruturas de 2ª linha e rentabilizando a eficiência do
Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro estabelecido em Portugal.
4. REFERÊNCIAS
[1] Santos, F.H. et al. - Bombeiros Portugueses – Seis séculos de história 1395 – 1995,
Serviço Nacional de Bombeiros e Liga dos Bombeiros Portugueses, Lisboa, 1995, 520 p.
[2] Decreto-Lei nº 247/2007, de 27 de junho, alterado pelo Decreto-Lei nº 248/2012, de 21 de
novembro, que define o Regime Jurídico aplicável à constituição, organização,
funcionamento e extinção dos Corpos de Bombeiros, DR, Lisboa, 2007, 12 p.
[3] Decreto-Lei nº 220/2008, de 12 de novembro, republicado e alterado pelo Decreto-Lei nº
224/2015, de 9 de outubro, que estabeleceu o Regime Jurídico de Segurança Contra
Incêndio em Edifícios (SCIE), DR, Lisboa, 2008, 35 p.
[4] Portaria Nº 1532/2008, de 29 de dezembro, que aprovou o Regulamento Técnico de
segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE), DR, Lisboa, 2008, 78 p.
[5] Despacho Nº 12037/2013, de 19 de setembro - Nota Técnica nº 8 – Grau de Prontidão
dos Meios de Socorro, Despacho do Presidente da ANPC, DR, Lisboa, 2013, 2 p.
[6] Despacho nº 7316/2016, de 3 de junho, que aprovou o novo Regulamento de
especificações técnicas de veículos e equipamentos operacionais dos corpos de
bombeiros portugueses, DR, Lisboa, 2016, 56 p.
[7] Coelho, D.; Antunes, C. H.; Martins, A. G.- “Using SSM for structuring an MCDA model for
sustainable urban energy planning”, in M. Grasserbauer, L. Sakalauskas, E. K. Zavadskas
(Eds.) Proceedings of the EURO Mini-Conference – 5th Int. Vilnius Conf. Knowledge-
Based Technologies and OR Methodologies for Strategic Decisions of Sustainable
Development (KORSD), Vilnius, Lithuania. Vilnius: Technika, 2009, p. 102–107.
[8] Diakoulaki, D.; Antunes, C. H.; Martins, A. G. - “MCDA and Energy Planning”, in J.
Figueira, S. Greco and M. Ehrogott (Eds.). Multiple Criteria Decision Analysis: State of the
Art Surveys. Springer, New York, 2006, p. 859–890.
[9] Freitas, J.S. et al. – “O Soft Systems Thinking e a Soft Systems Methodology”, Anais do 4º
Congresso Brasileiro de Sistemas, Centro Universitário de Franca Uni-FACEF, 2008, 15p.
[10] Rosenhead, J. and Mingers J. (Eds.) - “Rational Analysis for a Problematic World
Revisited: Problem Structuring Methods for Complexity”, 2nd ed., Wiley, 2001, 386 p.
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1. INTRODUÇÃO:
O fogo apesar de importante para o desenvolvimento das civilizações, sempre foi uma séria
ameaça ao ser humano, quando fora de controle. As grandes tragédias vividas ao longo dos
últimos séculos, foi o marco na busca de se conhecer melhor o comportamento do fogo e suas
consequências. Nos centros urbanos, a existência de multidões e o acontecimento de
incêndios formam uma combinação que, não raramente, provoca tragédias vultosas com perda
considerável de patrimônio e principalmente de vidas humanas.
*
Autor correspondente - Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco. Av. João de Barros, nº 399, Boa Vista. 50.050-180 - Recife - PE - Brasil.
Tel.: +55 81 3181-2483. E-mail: robertorfmenezes@hotmail.com
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acompanhadas das preocupações preventivas adequadas aos riscos, o que representa uma
fonte catalisadora para a eclosão de incêndios e um desafio para a segurança contra incêndio
na minimização de mortes e feridos. Outrossim, os incêndios na RMR apresentaram, no triênio
2011-2013, um crescimento constante com um aumento de mais de 15% [2]. Não obstante, os
prejuízos e as perdas que impactam não apenas a economia, mais principalmente o bem estar
social, aponta para a face mais cruel destes incêndios que são refletidos através de vítimas,
quer sejam as quem venham a óbito ou aquelas feridas pelas consequências do incêndio.
Quando se fala em estatísticas de mortalidade e letalidade nos incêndios, Paes [3] aponta que
um sistema de estatísticas seria vital, o qual é subutilizado em vários países da América Latina
devido as suas limitações por serem incompletos, desatualizados e dispersos. Destaca-se que
no estudo mundial feito por IAFRS/CTIF [4] nenhum dado do Brasil ou de outro país da
America Latina é descrito, ensejando a possibilidade de inexistência ou inconsistência de
estatística nacional consolidada na área, padecendo de investigações.
Só no ano de 2016, a Região Metropolitana do Recife registrou 2.503 incêndios, sendo 835
incêndios em edificações, o correspondente a 33,3% do total de incêndios na RMR [5], sendo a
alta densidade demográfica um fator catalisador. Sendo assim, analisar os incêndios em
edifícios através do seu mapeamento, peculiaridades construtivas, tipo de ocupação, estimativa
local dos focos primários, bem como a carga incêndio consumida existente, poderá contribuir
efetivamente na implantação de políticas públicas que visem reduzir o problema [6].
2. METODOLOGIA
Utiliza-se como método para aferição e apresentação dos dados nesta pesquisa, a tabulação e
interpretação dos dados, derivante de entrevista dos atendimentos a incêndios realizados pelo
Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco que ocasionaram óbitos e feridos em edificações
na Região Metropolitana de Recife no período de 1 (um) ano, mais especificamente entre os
dias 25 de outubro de 2015 a 25 de outubro de 2016.
Assim a pesquisa alicerça-se na lógica hipotética dedutiva proposta Lakatos e Marconi [7],
quando sugerem que a hipótese de pesquisa deve coletar subsídios para a comprovação,
partindo da premissa de que é possível o estabelecimento de relações entre os incêndios letais
e sua caracterização no perímetro em estudo.
Uma ficha de levantamento de dados foi construída objetivando colher informações mais
detalhadas dos incêndios com vítimas logo após acontecessem. Sua confecção baseou-se nos
aspectos mais comuns e relevantes dos formulários de ocorrências preenchidos pelos mais
diversos órgãos de resposta à emergências, sendo observados 8 (oito) pontos que
possibilitassem uma melhor percepção do acontecido, bem como se pudesse traçar um perfil
do cenário sinistrado. Entre os pontos elencado no formulário, estão: dados do vitimado, como
sexo, idade, local do ferimento ou se veio a óbito; endereço da emergência; características do
evento, viaturas de socorro empregadas, distância, tempo resposta; histórico da ocorrência;
características da edificação, sistemas preventivos existentes, área presumida de origem do
incêndio, área atingida, tipo de construção e possível local onde a vítima foi encontrada;
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Além disso, foram utilizados como aliados na análise dos dados, os boletins de ocorrência
emitidos pelo Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco sobre o desastre, bem como bases
de dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
É de bom alvitre destacar que algumas informações não foram colhidas diretamente da família
atingida, e sim por vizinhos, amigos e até mesmo pelos bombeiros militares que atenderam ao
chamado do sinistro, visto o estado emocional que ainda se encontravam os familiares do ente
falecido ou ferido. Além disso, em alguns casos perguntas não tiveram resposta elucidadas
pela falta de conhecimento do entrevistado sobre a informação solicitada.
3. DISCUSSÃO E RESULTADOS
Dos 3.961 incêndios atendidos no Estado de Pernambuco pelo Corpo de Bombeiros durante o
ano de 2016, 2.503 foram atendidos na RMR, sendo que desse total, 835 (33,3 %)
correspondem a incêndio em edificações, ou seja, incêndios ocorridos em residências,
comércios, depósitos, hospitalares, industriais, escolares, entre outras.
Dos incêndios em edificações ocorridos no período de 1 (um) ano, entre os dias 25 de outubro
de 2015 a 25 de outubro de 2016, aconteceram 7 óbito e 6 feridos em 11 ocorrências. Das
ocorrências que geraram óbito, todas as edificações eram classificadas como residências
unifamiliares. Já das que resultaram em feridos, 50% eram residências unifamiliares e os
outros 50% residências multifamiliares, conforme tabela a seguir.
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Segundo Corrêa et al. [6], incêndios em casas destinadas a uma única família correspondem a
quase 3/4 dos incêndios em residências, coadunando com o somatório das ocorrências
verificadas nas tabelas 1 e 2 que representaram 75% do total de incêndios com mortos e
feridos.
No trabalho feito por Santos [9], o qual comparou incêndios gerais com incêndios em
residências no Estado de São Paulo em 2014, o mesmo demonstrou que embora haja uma
pequena parcela dos atendimentos a incêndios em residências, foi elevado o percentual com
óbito nesse tipo de edificação, chegando próximo dos 90%. Ainda cita que em alguns países a
estratégia de se utilizar detectores de incêndio como prevenção primária é bem aceita na
mitigação dos incêndios com mortes, principalmente para incêndios noturnos e que envolvam
pessoas idosas e vulneráveis. Não só em Pernambuco, mas no Brasil, a prevenção primária de
mortes em incêndios residenciais é feita por meio de educação pública buscando evitar as
principais causas de incêndio. Para Zago et al. [10] a probabilidade de que um incêndio se
propague é reduzida em edifícios com detectores de fumaça, sistema de chuveiros
automáticos, brigada contra incêndio e compartimentação adequada, instrumentos ausentes no
interior das residências.
A tabela abaixo retrata algumas outras observações feitas durante o levantamento de dados.
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Pelas tabelas 4 e 5 é possível verificar, inicialmente, que os óbitos e feridos nos incêndios
aconteceram, em sua maioria, no período das 21:00h ás 06:00h, o que mostra, muitas vezes, a
fragilidade de uma edificação residencial, principalmente unifamiliar, que não possui em seu
interior sistemas preventivos que possibilitem reconhecer o princípio do incêndio e, muito
menos, promover sua extinção, haja vista ser um horário onde boa parte da população já se
encontra dormindo ou com déficit de atenção devido a um dia intenso de atividades.
Entende-se como edificações em alvenaria aquelas onde as paredes têm função estrutural,
além de divisória de ambientes (alvenaria estrutural, alvenaria resistente). Na RMR estas
alvenarias são, em sua grande maioria, constituídas de tijolos cerâmicos.
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Vê-se um bom tempo resposta compreendido entre o chamado e a chegada da equipe nas
duas tabelas anteriores, sendo notório que tal tempo resposta relaciona-se ao fato de boa parte
das ocorrências terem se dado entre os períodos da noite e da madrugada, em contrapartida
um fator contribuinte que é o auxílio de transeuntes nas proximidades do local para maiores
esclarecimentos esteve comprometido, visto que na maioria dos incêndios com óbito, os
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acessos aos locais sinistrados eram de total desconhecimento por parte dos bombeiros
militares. Outro fator complicador relaciona-se a probabilidade do risco relacionado à própria
segurança física dos bombeiros quando de sua chegada no cenário sinistrado, sendo
necessário o apoio e presença da Polícia Militar para se adentrar em determinados bairros, o
que pode acarretar em retardo no tempo resposta.
Nas ocorrências que se dão no período matutino ou vespertino, o imenso fluxo de veículos
somados com vias de espaçamento reduzido, dificultam a passagem de veículos de grande
porte. Para Corrêa et al. [12] a resposta aos incêndios em edificações na RMR advém dos
quartéis do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco - CBMPE, atendendo-os a partir de
suas bases. Essas bases ou quartéis com viaturas de combate a incêndio somados, chegam a
apenas seis endereços, o que é obviamente um fator limitante, sobretudo com o crescimento
da frota veicular na RMR de mais de 380% em 24 anos (1990-2014), saindo de 251,42 mil
veículos automotores para 1,22 milhões, e as consequentes dificuldades de mobilidade [13].
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Ainda é notório destacar que entre as mortes acontecidas, três das sete vítimas possuíam
menos de 7 anos, mostrando o risco existente tanto pela falta de conhecimento quanto pela
limitação em distinguir e avaliar o perigo. Além disso, outro fator associado a óbito, está na
ação criminosa, o qual ocasionou a morte de uma senhora de 43 anos, no dia 25 de outubro de
2015, e de um senhor que aparentava ter 40 anos, no dia 05 de agosto de 2016. Outro ponto a
ser explícito está no envolvimento de pessoas com distúrbios mentais, o que pode acarretar em
ações suicidas, como o acontecido com a vítima de 47 anos que se trancou no quarto no
momento em que familiares se ausentaram, vindo a atear fogo no seu próprio corpo no dia 26
de outubro de 2015.
Quando verificada a tabela 5, o qual retrata dados dos incêndios que levaram a feridos, pode-
se perceber a existência, entre as seis vítimas envolvidas nas quatro ocorrências, que no
incêndio do dia 14 de novembro de 2015 as pessoas envolvidas se tratavam de duas crianças,
uma de 3 e outra de 4 anos, tendo a origem do sinistro quando as duas brincavam com um
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Os outros dois casos que envolveram três pessoas feridas, nos incêndios dos dias 24 e 27 de
fevereiro de 2016, retratam a imagem de pessoas com maior capacidade intelectual, sendo
caracterizadas por serem as únicas com cursos superiores. Possivelmente, o maior grau de
educação e, consequentemente, conhecimento do que se fazer em situações de emergência,
foram fatores que minimizaram o surgimento de maiores danos a essas pessoas. Dentre todas
as ocorrências, essas foram as únicas em residências classificadas como multifamiliares.
Sabendo-se que os ferimentos e mortes acontecidos por incêndios são um preocupação não
só do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, mais também mundial, buscou-se discutir os
dados apresentados comparando-os com outros países e cidades, verificando que em relação
ao número de mortos, a RMR apresenta uma proporção de 0,18 mortes por 100.000
habitantes, encontrando-se bem próximo dos valores apresentados por países como Itália,
Singapura e Vietnã [4]. Já em relação às vítimas feridas, a RMR encontra-se em uma leve
vantagem em relação a países como Itália e Vietnã, e a cidade de Hanoi (Vietnã), com uma
proporção de 0,16 por 100.000 habitantes.
Destaca-se ainda que em uma análise relativizando o número de mortos e feridos com a
quantidade de incêndios atendidos na RMR, vê-se que são necessários 357,5 incêndios, em
média, para que haja uma morte, e 417,1 incêndios para que se tenha um ferido. Comparados
com a tabela abaixo o número de mortos por 100 incêndios, há uma similaridade com países
como: USA, Polônia e Croácia, e índices piores que França, Grã Bretanha, Singapura e
cidades como: Eslovênia, Nova Iorque e Hong Kong, sendo melhor apenas que a cidade de
Berlim.
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4. CONCLUSÃO
Embora com poucos números referentes a incêndios que geraram mortes e feridos no prazo de
um ano, quando comparado com outros locais no mundo, a probabilidade do surgimento de
novos eventos na Região Metropolitana do Recife não está distante, visto, principalmente, o
forte adensamento populacional existente aliado às construções subnormais e edificações
verticalizadas que nem sempre acompanham as preocupações preventivas adequadas aos
riscos.
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ações propagadoras de incêndio, já que estatisticamente são as mais envolvidas nesse cenário
de perdas humanas.
Novos estudos são necessários para que se aprofundem questões relacionadas a fatalidade
ocasionada nos incêndios e que possam ratificar os números apresentados nesse trabalho
através de estudos quantitativos e qualitativos acerca do assunto, possibilitando, portanto,
munir cada vez mais os gestores de informações para tomadas de decisões mais precisas na
redução do número de mortos e feridos.
REFERÊNCIAS:
[1] IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Perfil das Cidades - Pernambuco.
Disponível em:
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[10] ZAGO, C. da S.; MORENO JUNIOR, A. L.; MARIN, M. C. - Considerações sobre o
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[11] LEITE, H. A. L.; MORENO JÚNIOR, A. L.; TORRES, D. L. - Dimensionamento da
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Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 89-107, abr./jun. 2016.
[12] CORRÊA, Cristiano; RÊGO SILVA, José J.; BRAGA, George C. - Incêndios com
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2011. Revista dos Transportes Públicos, vol. 143, 2016, p. 109-124.
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1. INTRODUÇÃO
Os incêndios em edificações no Brasil, a despeito de sua freqüência, ainda não são conhecidos
integralmente [1]. As edificações mais suscetíveis a estes sinistros, sua ocupação, capacidade
de resiliência e principalmente capacidade de sobrevida em seu interior, constituem
informações ainda não consolidadas no país. Buscando propor um método fácil e exequível
para este mapeamento baseado em recomendação da NBR 14.023 [2], realizou-se o
mapeamento dos incêndios da cidade do Recife [1].
2. PLANEJAMENTO DO ENSAIO
Durante o triênio de 2011-13 foi realizado um estudo que gerou uma edificação modal que
representa o conjunto de mais de mil edificações incendiadas neste período na cidade de
Recife-PE através de metodologia própria [3]. Este estudo chegou a uma residência unifamiliar,
construída basicamente em alvenaria, com 97 metros quadrados e uma carga incêndio
inspirada nos objetos mais encontrados nos incêndios [1]. A figura 1 a seguir ilustra esta
construção.
523
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Instalou-se uma carga incêndio (mobiliário) encontrada na pesquisa [3], sendo esta constituída
de: 01 (um) cama beliche de madeira, 01 (uma) cama de solteiro de madeira, 03 (três) colchões
de espuma, 02 (dois) criados mudos em madeira, 01 (um) guarda-roupas em aglomerado, 02
(dois) ventiladores e 01(uma) televisão pequena, tudo adquirido em um estabelecimento de
móveis usados, buscando a fidedignidade dos objetos, e consequentemente carga incêndio,
encontrada nas residências da cidade de Recife. A Figura 2 reproduz este planejamento:
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Foram instalados 24 (vinte e quatro) termopares tipo K, distribuídos nas paredes (interior e
exterior), nos mobiliários e uma haste (no interior do cômodo), buscando aferições térmicas nos
45 minutos do ensaio. A haste representada na figura 2 teve os termopares instalados a 0,3;
0,6; 0,9; 1,2; 1,5; 1,8; 2,1 e 2,4 metros, podendo observar o gradiente de temperatura em
vários níveis, ou mesmo comparar com diversas alturas das vias respiratórias de um homem
em pé, agachado, rastejando ou sobre uma peça de mobiliário. A instalação dos termopares
nas paredes foi feita a 2,1 m de altura e a 0,5 m dos vértices, com exceção da parede com
reboco cimentício onde os termopares ficaram a mesma altura e a 0,5 m do portal de entrada,
lembrando que estes estão interna e externamente em cada parede.
3. EXPERIMENTO
Em janeiro de 2017 foi realizada a pequena reforma, com o preenchimento das paredes em
alvenaria lesadas pelas queimas de treinamento, aplicados os revestimentos indicados (acima)
no projeto e feito uma pequena pintura com tinta PVA. Passados 38 dias da reforma, no
período de 06 a 08 de março de 2017 foi posto o mobiliário e instalada a instrumentação, no
dia seguinte (09) foi realizado o experimento. O cômodo antes da queima estava de acordo
com a representação a seguir:
525
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O ensaio foi realizado no período matinal e durou pouco mais de 45 minutos, contados do
acendimento da chama inicial até o término da extinção por parte da equipe de combate a
incêndios, e sua saída do local. Sendo iniciado através de um dispositivo em parafina para
acendimento de lareiras, a substância (parafina) e a localização do foco inicial também foram
inspiradas na estatística [1].
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1 2 3
4 5 6
7 8 9 10
Os fios termopares (tipo K) aferiram as temperaturas durante todo o ensaio, obtendo cinco
aferições por segundo, com variações mínimas de 0,1 ºC.
O ensaio foi acompanhado de filmagem térmica executada por técnico em termografia cedido
pela empresa ‘Câmaras Térmicas FLIR’.
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Um dos criados mudos foi intumescido com tinta específica para madeira de fabricação CKC do
Brasil, aplicada conforme instruções do fabricante.
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4. CONCLUSÕES
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4. AGRADECIMENTOS
4. REFERÊNCIAS
[1] CORRÊA, Cristiano; RÊGO SILVA, José J.; PIRES, Tiago A.; BRAGA, George C..
Mapeamento de Incêndios em Edificações: Um estudo de caso na cidade do
Recife. Revista de Engenharia Civil IMED, vol. 2, nº. 3, 2016, p. 15-34.
[2] ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14.023: Registro de
Atividades de Bombeiros, Rio de Janeiro, 2013.
[3] CORRÊA, Cristiano; RÊGO SILVA, José J.; PIRES, Tiago A.; BRAGA, George C.; VIEIRA
DE MELO, Izabela A.. Edifício Modal: Uma representação para o Estudo de Incêndios
na cidade de Recife. In__4 Congresso Íbero–Latino-Americano de Segurança Contra
Incêndio, Recife 2017.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil. Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade de Coimbra – Polo II. Rua Luís Reis Santos.
3030-788 Coimbra. PORTUGAL. Telef.: +351 239 797237 Fax: +351 239 797242. e-mail: jpaulocr@dec.uc.pt
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reduzida (apenas 10% do efetivo). Nos edifícios hospitalares, a realidade é bem diferente, uma
vez que a grande parte dos utentes daquelas instalações precisam de alguém que os auxilie a
sair do edifício em situação de emergência.
A sala de operações foi considerada objeto de estudo neste trabalho porque os seus utentes
são pessoas que se supõem sofrer uma intervenção cirúrgica e em caso de incêndio, a
evacuação dos mesmos é complicada. Regra geral, as pessoas nos hospitais não deviam
necessitar de ser evacuadas. Entretanto, para não evacuarem os edifícios devem ter
capacidade de resistência e meios de combate ao incêndio. Caso seja necessário evacuar,
certamente, os pacientes vão precisar de meios auxiliares de evacuação, o que pode tornar a
evacuação demorada e complicada. Muitos dos pacientes em salas de operações devem ser
evacuados ligados a aparelhos auxiliares de vida, por outro lado apresentam um quadro clínico
debilitado, o que lhes deixa mais vulneráveis aos efeitos dos incêndios, em especial aos fumos
e gases tóxicos, provenientes dos materiais em combustão.
O pavilhão do Hospital em estudo foi construído sob a égide duma legislação de segurança
contra o incêndio anterior ao Decreto-Lei nº 220/2008, de 12 de novembro e Portaria nº
1532/2008, de 29 de dezembro. No entanto, o presente artigo pretende verificar se as
condições de segurança contra o incêndio nele existente garantem uma evacuação rápida e
segura dos seus ocupantes. Para o efeito neste trabalho estudou-se os efeitos da
desenfumagem do compartimento corta-fogo, Sala de Operações, para a evacuação dos
pacientes/efetivos que ocupam o mesmo, figura 1. Segundo o projeto de segurança contra o
incêndio do hospital, o compartimento corta-fogo (CCF), Sala de Operações, possui um
sistema de desenfumagem localizado nas vias horizontais de evacuação laterais.
O estudo baseou-se em uma simulação numérica, FDS+Evac [3], que se desenvolveu em dois
cenários, porém com variação de parâmetros. No primeiro cenário, o incêndio teve a sua
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origem numa das salas de operações que está permanentemente com efetivo. No segundo
cenário, o incêndio teve a sua origem na farmácia, um compartimento sem efetivo. Em ambos
os cenários variaram-se parâmetros como sistema de desenfumagem na via horizontal de
evacuação, (VH1), localizada na parte interior do compartimento corta-fogo (CCF) em estudo e
aumento das larguras de todas as portas, usadas para a evacuação.
Em todos os casos o incêndio ocorreu no período noturno, tempo que se supõe que as
pessoas estejam em repouso. Atendendo que a farmácia não está ocupada e o incêndio
acontece à noite, a evacuação só se processa depois do acionamento do alarme geral, isto é,
todos os compartimentos tomam conhecimento do incêndio ao mesmo tempo e reagem
também ao mesmo tempo. O tempo de pré-movimento foi definido como sendo de 180
segundos [4].
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3. CASOS EM ESTUDO
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do CCF – sala das operações. Que efeitos a existência ou não da desenfumagem na via
horizontal de evacuação VH1 (mantendo a desenfumagem prevista no projeto em
funcionamento, VH2, VH3 e VH4) têm para a evacuação da sala das operações?
a) b)
Figura 1: a) projeto de arquitetura (com indicação das portas dos compartimentos e de
evacuação e nomenclatura dos compartimentos; b) construção geométrica no Software
PyroSim® (com indicação das vias horizontais de evacuação, efetivo e localização dos
burners)
O efetivo total simulado foi de 47 pessoas (quadro 2), conseguido depois da correção pelo fator
1,3 [16], para efeitos de dimensionamento de vias de evacuação e saídas considerando que, o
efetivo a evacuar é constituído por pessoas limitadas na mobilidade, nas capacidades de
perceção e/ou reação a um alarme de incêndio.
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Além dos parâmetros referidos anteriormente, também foi levado em conta a existência de
grelhas de desenfumagem e os respetivos valores de caudais de extração e insuflação de ar,
quadro 3.
O primeiro cenário consistiu numa simulação na qual o incêndio teve a sua origem na sala das
operações D3, com um efetivo de 6 pessoas. Para o estudo esteve em análise uma situação
em que o compartimento dispõe apenas do sistema de desenfumagem constante do projeto,
isto é, nas vias horizontais de evacuação VH2, VH3 e VH4, figura 2a. Na segunda simulação
analisada acrescentou-se um sistema de desenfumagem na via horizontal de evacuação
localizada no interior do CCF – sala das operações, VH1, figura 2b.
a) b)
Figura 2: a) sistema de desenfumagem constante do projeto, VH2, VH3 e VH4 e b) sistema de
desenfumagem constante do projeto e o acrescido pelo autor, VH1
Atendendo que o incêndio ocorre numa sala permanentemente ocupada, o tempo de deteção e
reação reduziu consideravelmente. Para ambas situações o tempo de deteção na sala das
operações D3 foi de 15 segundos e de reação 45 segundos. A sala de anestesia D6, local por
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onde passam os ocupantes da sala das operações D3 durante a evacuação, reagiu aos 60
segundos. A sala das operações D4 reagiu aos 120 segundos e os restantes compartimentos
reagiram ao incêndio aos 180 segundos. Em todas as simulações, quer as do compartimento
com o sistema de desenfumagem constante do projeto, quer as do compartimento com o
acréscimo do sistema de desenfumagem na VH1, as pessoas conseguiram evacuar, figuras 3 e
4. A diferença nos dois casos reside no tempo da evacuação da última pessoa. Na simulação
com o sistema de desenfumagem do projeto, a última pessoa evacuou aos 341 segundos e na
segunda simulação aos 323 segundos.
Com o objetivo de se obter uma leitura global das condições de evacuação dos ocupantes do
CCF, houve também a necessidade de se estimar a temperatura, visibilidade e concentração
de gases tóxicos (FED) em locais específicos durante o percurso de evacuação. Os locais de
medição da temperatura, da visibilidade e dos gases tóxicos foram as portas de evacuação e a
via horizontal de evacuação localizado na zona interior do CCF – sala das operações, VH1.
Neste sentido a figura 5 apresenta as temperaturas registadas numa das simulações. Nela
constam as temperaturas nas portas de evacuação (P.E.), no momento em que evacuou a
última pessoa pela tal saída. As temperaturas variam de 80 a 110 ºC. A exposição às
temperaturas acima dos 80 ºC (temperatura aceitável para uma evacuação segura) é feita por
pouco tempo, porque as pessoas estão em movimento, daí que não interferiu na evacuação.
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Por outro lado, as temperaturas acima dos 80 ºC foram sentidas pelos últimos ocupantes a
abandonarem o edifício, o que aconteceu a partir dos 180 segundos.
Relativamente a visibilidade, figura 6, a mais baixa foi registada na simulação com o sistema de
desenfumagem do projeto, contudo esteve acima dos 2 m. Esta distância de visibilidade está
dentro do limite aceitável para evacuar em segurança numa situação de incêndio.
Em ambas simulações os gases tóxicos (FED) registaram valores muito abaixo de unidade. A
boa visibilidade e o FED muito inferior à unidade foram devidos ao tipo de curva de incêndio
usada para as simulações, que consistiu numa curva de incêndio com uma taxa de libertação
de energia de crescimento médio, figura 7. Por outro lado, a boa visibilidade e o FED criaram
condições para que todos os ocupantes abandonassem o edifício em segurança, mesmo para
os ocupantes que evacuaram com a temperatura acima dos valores aceitáveis.
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No segundo cenário o incêndio teve a sua origem na farmácia, compartimento sem efetivo. O
tempo de pré-movimento foi aos 180 segundos. Este tempo foi definido como único para a
evacuação de todo o compartimento corta-fogo sala das operações.
48 Evac
44
pessoas evacuadas
40
36 P.E. 1
32
28 P.E. 2
24
20 P.E. 3
16
12
8 P.E. 4
4
0 P.E. 5
0 50 100 150 200 250 300 350 400 P.E. 6
tempo (s)
Na segunda simulação o parâmetro estudado foi o da largura das portas. Todas as portas
usadas durante a evacuação foram aumentadas quase para o dobro e analisou-se a influência
do aumento daquelas larguras na evacuação do bloco operatório. Nesta simulação, variou-se
apenas a largura das portas e os demais parâmetros constantes do projeto mantiveram-se
inalteráveis. Os resultados praticamente não diferem dos da primeira simulação, isto é, das 47
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pessoas evacuadas
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12
8 P.E. 5
4
0 P.E. 6
0 50 100 150 200 250 300 350 400
tempo (s)
Nas duas simulações os parâmetros temperatura, visibilidade e FED, foram registados nos
mesmos pontos usados para o primeiro cenário. As temperaturas mais altas registadas, nas
duas simulações, variam de 91,53 ºC a 100 ºC.
O FED em ambas simulações teve valores muito inferiores à unidade, de tal forma que não
influenciou negativamente na evacuação. No entanto, a visibilidade, figura 10, teve valores
abaixo de 2 m, o que fez com que maior parte dos ocupantes não alcançassem as saídas de
evacuação e acabassem por morrer. A descida da camada de fumo abaixo de 1,80 m, altura de
segurança, provoca a perda da visibilidade e consequente inacessibilidade das saídas de
emergência, o que pode levar a morte das pessoas a evacuar mesmo em situações de baixa
concentração dos gases tóxicos, [12].
Na terceira simulação, para além do sistema de desenfumagem constante nas vias horizontais
de evacuação laterais (VH2, VH3 e VH4), que consta do projeto em planta, foi adicionado ao
cenário um insuflador e extrator de fumos na via horizontal de evacuação central (VH1). O
efetivo, as unidades de passagem, a localização do burner, bem como os demais parâmetros
não sofreram alterações, inclusive o número de simulações. Das 47 pessoas por evacuar, 39
conseguiram evacuar e 8 não evacuaram, figura 11.
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0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 P.E. 6
tempo (s)
Nesta última simulação a temperatura variou de 97 a 103 ºC, estando deste modo acima do
valor aceitável, no entanto, pelas razões anteriormente referidas as pessoas conseguiram
evacuar. Por outro lado o vestuário ajudou na proteção contra os efeitos da radiação, a
produção e evaporação do suor pela pele (permitiu a diminuição da temperatura no corpo) e a
inércia térmica do próprio organismo humano.
O FED não atingiu a unidade, por outro lado a existência do sistema de desenfumagem na via
horizontal de evacuação VH1 ofereceu melhores condições de visibilidade em toda a
simulação, o que fez com que mais pessoas evacuassem em relação as duas primeiras
simulações do mesmo cenário.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo tem como principal objetivo verificar, se com as condições de segurança
contra incêndios existentes, no novo pavilhão do Hospital, são ou não, suficientes para garantir
os princípios base da legislação (Decreto-Lei nº 220/2008, de 12 de novembro e Portaria nº
1532/2008, de 29 de dezembro), no concernente a evacuação dos ocupantes em risco dum
incêndio.
No primeiro cenário os ocupantes do CCF sala das operações evacuaram todos. A evacuação
ocorre ainda com boas condições quer de temperatura, quer de visibilidade, porque a deteção
e reação ao incêndio foi nos instantes iniciais do mesmo. Assim pode se concluir que, em
incêndios detetados na fase inicial, o sistema de desenfumagem constante do projeto mostra-
se eficiente para garantir uma evacuação segura.
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O aumento das larguras das portas de evacuação quase para o dobro não influenciou
significativamente a evacuação, porque mais uma vez a reação ao alarme do incêndio deu-se
aos 180 segundos, tempo em que a via horizontal de evacuação VH1 já se encontrava
totalmente enfumada. As condições de visibilidade são iguais a primeira simulação do mesmo
cenário, consequentemente o número de mortos é também maior.
Com base nos resultados obtidos na última simulação pode-se concluir que, a existência do
sistema de desenfumagem na via horizontal de evacuação VH1 criou condições para
evacuação do maior número de pacientes, mesmo com o tempo de pré-movimento estimado
em 180 segundos. O mesmo não se observa nos casos em que o compartimento não dispõe
daquele sistema de desenfumagem, situação real e atual do hospital, atendendo que o número
de mortos foi quase o triplo do cenário com desenfumagem na via horizontal de evacuação
(VH1), localizada na parte interior do CCF – sala das operações. Logo, pode se concluir que
este compartimento precisa dum sistema de desenfumagem na via horizontal de evacuação
VH1, para situações em que o incêndio é detetado muito tarde e a reação ao mesmo também
começa demasiadamente tarde, isto é, aos 180 segundos como foi na simulação.
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[12] Yan, T., MingHeng, S., YanFeng, G., & JiaPeng, H., (2009). Full-scale experimental study
on smoke flow in natural ventilation road tunnel fires with shafts. Tunnelling and
Underground Space Technology, 24(6), 627-633.
[13] Society of Fire Protection Engineering – SFPE, (2002). Handbook of Fire Protection
Engineering. Third Edition.
[14] Shi, L., Xie, Q., Cheng, X., Chen, L., Zhou, Y., & Zhang, R., (2009). Developing a
database for emergency evacuation model. Building and Environment, 44(8), 1724-1729.
[15] Manual, P. U. (2014). Thunderhead Engineering. Manhattan KS.
[16] Portaria nº 1532/2008 de 29 de Dezembro: Regime técnico de segurança contra incêndio
em edifícios. Diário da República 2008.
[17] Bukowski, R. W., & Hurley, M. J. (2003). Fire Hazard Analysis Techniques. NFPA, Fire
Protection Handbook, Section, 3, 121-134.
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1. INTRODUÇÃO
De modo geral, no Brasil não há uma pesquisa que valide o efeito da implantação do sistema
de controle de fumaça em edificações onde a densidade de pessoas seja alta. Motivo pelo qual
esta pesquisa busca realizar um estudo do comportamento do fogo e suas consequências em
edificações, abordando especialmente o estudo do controle de fumaça mecânico em grandes
áreas, onde devido a sua ocupação é difícil implementar o sistema de controle de fumaça
natural. Para este estudo, o objetivo principal será o estudo da influência do efeito do sistema
de controle de fumaça na temperatura interna de um compartimento.
*
Autor correspondente – Pós-graduando, Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte. BRASIL. Telef.: +55 31 994263038. e-mail: jpaz_hurtado@hotmail.com
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2. METODOLOGIA
2.1 Introdução
As edificações a serem levadas em conta para este processo são as pertencentes às divisões
C-2, C-3, F-5 e F-6 da classificação da norma ABNT NBR 14432:2001 [4] quanto à sua
ocupação. Estas edificações têm ocupações e usos diferentes, mas apresentam similaridade
na sua configuração geométrica e carga de incêndio específica, estipulada em 600 MJ/m².
Essas edificações, devido a seus parâmetros de construção, são do tipo galpões de grandes e
médios portes construídos com estruturas de aço ou estruturas mistas de concreto e aço, onde
o seu contorno deve ser totalmente fechado (sem aberturas), impedindo assim que possam ser
instaladas na fachada janelas ou áreas de ventilação natural. Sendo assim, levam aos
projetistas a instalarem sistemas de ar condicionado para o conforto térmico dos ocupantes,
deixando em segundo plano o controle dos efeitos negativos que produz a camada de gás
quente à estrutura e às pessoas.
A inexistência de uma norma nacional sobre o controle de fumaça no Brasil tem levado a que a
implantação deste sistema não seja uma prioridade nas construções que deveriam tê-lo. Para
este fim, somente o estado de São Paulo conta com a IT No. 15/ 2011[1]. Para poder analisar
melhor o efeito do sistema de controle de fumaça, foi realizada uma simulação numérica em
um compartimento de 800 m² seguindo as diretrizes da IT 15 do CBPMESP.
O compartimento escolhido é classificado como C-2 pela norma ABNT NBR 14432: 2001 está
classificação é dedicada a atividades comerciais em geral. Segundo o Decreto Estadual No.
56819/2011 do Estado de São Paulo [5] e a Instrução Técnica No. 01/2015 do CBPMMG [6], as
edificações contempladas nas divisões C-2 com áreas superiores a 750 m² ou altura superior a
12,00 m, devem cumprir certas medidas de segurança contra incêndio e pânico como
apresentado no resumo da Tabela 2.1.
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5,24 m. A massa ou produção de fumaça foi calculada em 11, 07 Kg/s, devido a que z < z1 foi
utilizada equação 2.1.
A vazão volumétrica (V) foi definida com a equação 2.2, obtendo-se um valor de 20,12 m³/s.
V = m⁄ρ (2.2)
A vazão de exaustão (Ve) foi calculada em 26,00 m³/s, definida com a equação 2.3.
Ve = V x 1,25 (2.3)
A vazão do ventilador de entrada de ar (Vv) foi calculada em 16,00 m³/s, definida por médio da
equação 2.4
Vv = Ve x 0,6 (2.4)
Tabela 2.1: Edificações do grupo C e F com área superior a 750 m² ou altura superior a 12 m.
Divisão C-2 e C-3
Medidas de segurança contra Classificação quanto à altura (m)
incêndio e pânico H ≤ 12 12 < H ≤ 30 30 < H ≤ 54 Acima de 54
Segurança estrutural contra X X X X
incêndio
Chuveiros automáticos - X X X
Controle de fumaça - X X X¹
Divisão F-5 e F-6
Medidas de segurança contra Classificação quanto à altura (m)
incêndio e pânico H ≤ 12 12 < H ≤ 30 30 < H ≤ 54 Acima de 54
Segurança estrutural contra X X X X
incêndio
Chuveiros automáticos - X X X
Controle de fumaça X² X² X X
¹: Acima de 60 m de altura, segundo o Decreto Estadual No. 56819/2011 do CBPMESP.
²: Somente para edificações com lotação superior a 500 pessoas, segundo a IT 01/2015 do
CBPMMG.
Fonte: Adaptado do Decreto Estadual 56819/2011 do Estado de São Paulo e da IT 01/2015 do
CBPMMG.
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Os dados dos arquivos de entrada para a modelação numérica são dados na tabela 2.2.
Para a definição da malha dos cenários foi empregada à equação 2.5, obtendo como resultado
para a simulação numérica selada uma malha grossa com 25,920 celas, na simulação
numérica com o sistema de controle de fumaça foi obtida uma malha grossa de 52,170 celas.
2
𝑄̇ 5
𝐷∗ = ( ) (2.5)
𝜌∞ 𝑐𝑝 𝑇∞ √𝑔
onde;
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A taxa de liberação de calor para ambas as simulações foi definida por uma Ramp como
mostra-se na tabela 2.3.
Nesta simulação de acordo com a equação 2.5, o Mesh foi representado por 25,920 celas
sendo 72 celas no eixo X, 36 celas no eixo Y e 10 celas no eixo Z. Foram instalados 6
medidores ou layers desde o piso até o teto para a medição da descida da camada de fumaça
e obtenção das temperaturas médias dos gases, como apresentado na figura 2.1. As paredes
foram representadas por meio de Vents definindo o concreto como superfície de vedação.
Os resultados obtidos para esta simulação são apresentados nos gráficos das figuras 2.2 e 2.3.
Na figura 2.2 observa-se o resultado da descida da camada de fumaça e no gráfico da figura
2.3 as temperaturas médias dos gases no compartimento.
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Na figura 2.2 pode-se observar que a camada de fumaça desceu até 0,80 m acima do nível do
piso e manteve-se estável nessa altura ao longo da simulação. A maior temperatura obtida foi
de aproximadamente 200°C no layer 5 desprezando os picos de temperaturas. Como previsto,
nos layers 1 e 4 as temperaturas foram menores devido a que estavam localizadas mais longe
da área do incêndio.
Para a simulação numérica com o sistema de controle de fumaça (SCF) foram adicionados
espaços para a circulação de ar nos eixos Y e Z, no eixo Y foram adicionados 2,13 m para
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cada lado e 2,00 m de altura no eixo Z. O Mesh para este cenário foi conformado por 52,170
celas, sendo 74 celas na direção X, 47 celas na direção Y e 15 celas na direção Z.
Nesta simulação com o sistema de controle de fumaça foram inseridos como entrada de ar
quatro Supplys com um caudal volumétrico de 4,00 m³/s, totalizando 16,00 m³/s. As entradas
de ar foram localizadas nas esquinas do compartimento, cada uma das entradas com uma área
de 2,00 m². Para a exaustão da fumaça foram instalados seis exaustores no teto cada um com
uma área de 4,00 m² e uma vazão de 4,33 m³/s, totalizando uma vazão de 26,00 m³/s, de
acordo com os cálculos feitos baseados na IT 15 do CMPMESP. As paredes e o teto nesta
simulação foram inseridas como obstruções sendo de concreto. Na figura 2.4, apresenta-se o
cenário da simulação com o sistema de controle de fumaça.
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Com base nos resultados anteriores, pode-se concluir que o sistema de controle de fumaça
permitiu extrair do compartimento a camada de fumaça formada por gases quentes, logrando
que o compartimento e as estruturas não fossem submetidos a longos períodos de
temperaturas elevadas.
3. CONCLUSÕES
O principal objetivo do sistema de controle de fumaça e manter a fumaça a uma altura livre
para permitir a evacuação das pessoas em um compartimento. No entanto neste trabalho este
objetivo não foi atingido, ficando uma zona livre de fumaça de 0,90 m quando a altura mínima
deve ser de 2,20 m.
É importante lembrar que, ainda que este resultado não tenha sido satisfatório em manter a
altura da camada de fumaça ao nível de 3,00 m em que foi projetado, o sistema de controle de
fumaça ajudou na diminuição das temperaturas internas no compartimento, o qual pode trazer
ganhos em relação à proteção contra o incêndio nas estruturas.
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4. REFERÊNCIAS
[1] Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo - CBPMESP. Controle de
Fumaça - Instrução Técnica No. 15/2011. São Paulo. 2011.
[2] Thunderhead Engineering, PyroSim: A Model Construction Tool for Fire Dynamics
Simulator (FDS), PyroSim User Manual, 2010.2, Thunderhead Eng., Manhattan, USA,
2010.
[3] National Institute of Standards and Technology. NIST. Fire Dynamics Simulator, Version
5.5.3. User`s Guide, Special Publication 1019-5.
http://code.google.com/p/fds-smv/ Quincy, Massachuset, 2010.
[4] Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 14432. Exigências de
Resistência ao Fogo de Elementos Construtivos de Edificações. Rio de Janeiro, 2001.
[5] Estado de São Paulo. Decreto Estadual No. 56819. São Paulo 2011.
[6] Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de Minas Gerais - CBPMMG. Procedimentos
Adminstrativos - Instrução Técnica No. 01/2015. Belo Horizonte 2015.
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1. INTRODUÇÃO
A energia elétrica é um insumo mais utilizado em todo o mundo, obtida nas diferentes formas e
transformadas em inúmeras tensões sendo considerada de baixa, média e alta tensão.
É importante lembrar que o fornecimento de energia elétrica no Brasil é feito por meio de um
grande e complexo sistema de subestações e linhas de transmissão, interligadas ás várias
usinas de diversas empresas. Nesse sentido, a produção de energia elétrica busca atender as
necessidades e suprir um mercado consumidor cada vez mais exigente.
**
Érica Silva dos Santos – Centro Territorial de Educação Profissional do Semiarido II.. Rua José Domingos Silva Neto, nº 01, Centro. 48.400-000 - Bahia -
** Fabício de Medeiros Dourado Varejão – Instituto Federal de Educação Técnica e Tecnológica de Pernambuco. Rua Professor Luis Freire 500, Cidade
Unuversitária, 50.740-540 – Recife - Pernambuco – PE - Brasil. Tel.: +55 81 99977-0800 - E-mail: fvarejao16@outlook.com
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A transformação de energia elétrica, por outro lado, deve merecer a devida atenção por parte
dos profissionais envolvidos neste tipo de operação, haja vista a existência permanentemente
nestes sistemas dos ricos elétricos, os quais podem ser agrupados em: riscos de choques
elétricos; riscos de arco-voltaicos; riscos de campos magnéticos; riscos adicionais de incêndio,
explosões, queda de diferença de nível e riscos de exposição a agentes nocivos a saúde como
ruído, calor, gases, poeiras, vapores, vibrações e tantos outros.
Diante da relevância do tema, desta forma propor um modelo de gestão para subestação de
energia elétrica é primordial para a prevenção de acidente do trabalho e incluindo danos
materiais para toda e qualquer empresa.
2. JUSTIFICATIVA
Também a relevância do tema reside nos registros estatísticos de acidentes do setor elétrico no
Brasil e parte destas ocorrências sao incêndios em instalações elétricas em alta tensão. A
seguir, alguns registros de acidentes do setor elétrico que justificam a relevância desse tema e
do plano de gestão de riscos ora proposto.
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Nesse sentido, as subestações de energia precisam estar protegidas por sistema de gestão de
segurança e saúde ocupacional que façam com que ocorrências diversas. Portanto, conceber,
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planejar, executar e manter o sistema de gestão de segurança do trabalho é vital para evitar a
descontinuidade operacional ao sistema elétrico, além de prevenir prejuízos materiais e
acidentes do trabalho que quase sempre são de elevada gravidade nas subestações elétricas.
3. METODOLOGIA
A metodologia aplicada neste estudo tomou como base a larga experiência dos autores junto à
subestação de energia elétrica e no gerenciamento de riscos elétricos em unidades indústrias
de diversos segmentos econômicos. Do conhecimento acordado, foram observados e
elencados instrumentos de gestão de segurança do trabalho que foram testados e aplicados
rotineiramente com eficácia na obtenção de resultados.
Ressaltou-se ainda que estes estudos de caso permitissem aos autores organizarem em ordem
de prioridade os instrumentos de gestão de segurança adiante demonstrados.
A subestação SE-910 está localizada planta da Companhia Petroquímica PTA (setor tereftálico
purificado) e PET (setor responsável pela fabricação de polímeros e filamentos de poliéster e
resina para embalagens PET), no Complexo Industrial Portuário de Suape, localizado no
Estado de Pernambuco.
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Diversos aspectos relevantes estão envolvidos em subestações de energia elétrica tais como:
cabeamento inadequado, acessórios de corrente contínua que liberam gases inflamáveis e
tóxicos, arcos elétricos e acúmulo de carga elétrica estática dentro dos equipamentos,
superaquecimento de equipamentos referentes a controle elétrico, válvula e cabeamento, além
de intercorrências operacionais, erros de procedimento operacional e falhas em componentes
do sistema elérico podem permitir a ocorrência de incêndio e explosões, a qual poderá se
alastrar caso haja grande quantidade de material na forma de hidrocarboneto, que fica nos
cabeamentos e isolamentos. Os ambientes destinados às baterias que fornecem energia
interruptamente, poderá se tornar altamente explosivo devido ao grande acúmulo de altas
concentrações de gás hidrogênio.
Os acidentes de trabalho de origem elétrica são provocados devido aos atos inseguros,
condições inseguras, contatos diretos e contatos indiretos com a eletricidade. Conforme
prevista no NR-10, norma regulamentadora sobre instalações e serviços com eletricidade, da
lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977, do Ministério do Trabalho e Emprego, a segurança deve
ser concebida conforme constam no seu texto desde o projeto, construção, montagem,
operação e manutenção, ou seja, em todas as etapas do sistema elétrico e seus componentes.
Para a prevenção dos incêndios, limpeza e ordem ambiental (LOA), análise de riscos de
acidentes e plano de medidas de controle de riscos são instrumentos essenciais de gestão que
de forma eficaz auxiliam na manutenção de sistemas de combate a incêndio e explosão em
subestações elétricas de alta tensão.
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Vale ressaltar que cada risco identificado recebe uma classificação que o conferiu uma
categoria, sendo tudo resultado do produto de probabilidade (ou freqüência) de ocorrer versus
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a gravidade (ou severidade) dos danos que pudessem adivir do evento danoso. Desta forma,
foram constatadas as seguintes classes de probabilidade ou freqüência de eventos:
No trabalho com cesta áerea IP deve-se verificar o acesso ao equipamento a ser reparado;
avaliar as probabilidades de riscos no local; isolar a área de trabalho com sinalização
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Com base no ciclo PDCA, segue o detalhamento das etapas para o desenvolvimento das
ações de prevenção específicas.
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Nesta etapa são definidas as ações preventivas a serem implantadas no plano de gestão para
prevenção e controle de riscos em subestação de energia em de alta tensão. Pode-se dizer
que são definidas as responsabilidades pelas rotinas operacionais preventivas, os recursos
necessários, as fontes de recursos na implementação das ações, prazos com data de início de
término para implantar cada ação, os procedimentos operacionais e referências técnicas, além
das metodologias aqui usadas na operação de cada ação e o plano de capacitação das
equipes de lideres de processo em cada ação.
Na deve-se atentar e ao máximo aproximar os conteúdos e prazos e cada ação, aos conteúdos
e prazos planejados na etapa anterior (planejamento).
Com relação a etapa de verificação, o check list são cotejados as ações planejadas com as
ações executadas visando avaliar a existência de desvios quanto as metas estabelecidas
(PxD= Plan x Do).
A etapa da ação corretiva (A-Action) visa à adoção de ajustes e observa-se que cada medida
preventiva deve ser especifica em função da etapa do projeto, seja na montagem, operação ou
manutenção.
Pode-se dizer que cada etapa possui suas peculiaridades de riscos com suas respectivas
naturezas, portanto devem ser consideradas características de correntes de cada fonte
potencial de desvio, quais sejam os perigos por etapa . Convém destacar que a
operacionalização das ações apenas surtirá os efeitos esperados quando foram previamente
aproximadas pela alta direção da empresa e no sentido como todo, ou seja, implantadas em
todos os níveis hierárquico da organização.
Após a capacitação serão formados grupos de trabalho com líderes específicos para cada
ação, e assim atuaram no processo de aplicação prática destas medidas preventivas, com
reuniões de trabalho que deverão seguir um cronograma de revisão e avaliação da
operacionalização de cada ação. Portanto, o ideal que estas reuniões ocorram semanalmente
na fase inicial, podendo ser ajustadas as freqüências de realização com o tempo conforme
dificuldades.
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As avaliações de eficácia de cada ação devem serão ser mensais, inclusive devem contar com
auditorias comportamentais para verificar o grau de assimilação pelos participantes da equipe
em cada ação prevista, e assim ter um maior controle.
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8. CONCLUSÕES
Com a partilha destas experiências profissionais esperamos estar contribuindo senão para um
mundo melhor, pelo menos com um sopro na crença da vida do ser humano, que na labuta
diária pela sobrevivência se expõe a tantos riscos de acidentes e para as empresas que
necessitam de previsibilidade, confiabilidade e controle de seus riscos como forma de garantia
da sua continuidade operacional com responsabilidade social.
9. AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus e aos nossos pais por ter dado força para superar os momentos difícies.
Aos professores que tivemos em vida e nos colocaram nos trilhos da linha do conhecimento
A este congresso que nos deu essa oportunidade de compartilhar as nossas crenças
10. REFERÊNCIAS
Varejão, Fabrício de Medeiros Dourado, Incidentes e acidentes guia prático para investigação e
análise. Editora Lucygraf, Recife, 2012.
Lobosco, Vagner, Gestão NR-10- Faça você mesmo. Editora LTR, São Paulo, 2010.
Pereira, Joaquim/ Sousa João José- Manual de auxílio na interpretação e aplicação da NR-10.
NR-10 comentada, MTE, São Paulo, 2011.
Fire Protection Handbook. National Fire Protection Association International. NFPA 1600,
Edition 2007.
Novas estatísticas de acidentes com eletricidade: Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel
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RESUMO
É objetivo do presente estudo identificar e avaliar, através da árvore de falhas, como um evento
iniciador poderá resultar em um acidente tecnológico envolvendo o tanque atmosférico. A análise
histórica realizada pelo Centro de Estudos em Riscos Tecnológicos (CERTEC) indicou que no
período de 2000 a 2013, nos países em desenvolvimento, acidentes que desencadearam efeito
dominó estão associados a atividades de estocagem e transporte. E os tanques atmosféricos
representam 18,6% da origem destes acidentes.
1. INTRODUÇÃO
Por outro lado, um acidente em uma instalação não definida como de risco elevado poderá
também causar um impacto significativo na cadeia produtiva, na qual está inserida, devido ao
forte grau de acoplamento entre os seus subsistemas. Em fevereiro de 1997 um acidente na
Aishin Seiki, responsável por 99% da produção de válvulas de freios usados pela Toyota (i.e.
*
Autor correspondente: Departamento de Engenharia Mecânica, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco.
Rua Acadêmico Hélio Ramos, s/n, Cidade Universitária. 50.740-530 - Recife - PE - Brasil. Telefone: 5581992080866 Fax: 55812126 8232. E-
mail: duarte@ufpe.br
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Soma-se a isto o fato de que não há um consenso na literatura sobre o que é um acidente
tecnológico, talvez em razão da forte carga emocional a ele vinculada. Para a United Nation
Environmental Protection–UNEP/APELL um acidente tecnológico deverá resultar em um número
de mortes e feridos maior do que 25 e 125, respectivamente. E o total de pessoas evacuadas
maior do que 10.000 e um impacto econômico superior a 10 milhões de dólares. Segundo, Keller
et al [2, 3] o que caracteriza um acidente é um número de mortes e feridos maior do que 5 e 10,
respectivamente, mais de 50 pessoas evacuadas e um prejuízo superior a 1 milhão de dólares.
A definição proposta por Keller foi utilizada no estudo da escala de desastre de Bradford. As
Diretrizes de Seveso II, considera que um desastre grave envolve a ocorrência de emissões
graves (ou seja substâncias tóxicas), incêndio e explosão causados pelo descontrole de
operações em instalações que substâncias perigosas são manuseadas, e que podem resultar
em danos à saúde e/ou meio ambiente imediatos ou retardados, dentro dos limites de
propriedade da instalação ou no seu entorno.
Por outro lado, uma análise histórica realizada por Chang Lin [6] revelou que o principal tipo de
tanque envolvido em incêndio e explosão é o tanque atmosférico de teto fixo ou flutuante. Eles
são utilizados no armazenamento de óleo cru (petróleo), gasolina e diesel. Cerca de 47,6% deles
estão localizados em refinarias de petróleo e 26,4% em terminais de estocagem e bombeamento.
A análise mostrou também que incêndios e explosões respondem por 85% dos acidentes,
seguidas de vazamentos de óleo, gás ou líquido tóxico. Além disso, as causas mais relevantes
dos acidentes são descarga atmosférica (32%), manutenção inadequada (13%) e erros
operacionais (12%). A pesquisa realizada foi baseada na análise de 242 acidentes ocorridos no
período de 1960-2003 nos Estados Unidos, México, Canadá, Ásia (Tailândia, Japão e China),
Austrália, Europa (UK e Itália), América do Sul e África do Sul.
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2. O PROBLEMA
A análise histórica acerca dos acidentes nos tanques de armazenamento deixou evidente que
os incêndios estão relacionados aos tanques atmosféricos de teto flutuante [4,6]. No dia 2 de
abril de 2015, um incêndio envolvendo vários tanques que armazenavam etanol e gasolina
ocorreu no porto de Santos, litoral paulista. O incêndio iniciou no teto de um dos tanques, e a
energia térmica irradiada desencadeou um efeito dominó. Após nove dias o incêndio foi
controlado e extinguido.
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Um fator comum aos acidentes ocorridos nos terminais de Buncefield, CAPECO e Jaipur é que
esses acidentes envolveram o vazamento de uma grande quantidade de gasolina resultando na
formação de uma nuvem de vapor, a qual não se dispersou em razão da baixa velocidade do
vento durante o vazamento (em Porto Rico antes do acidente a velocidade do vento registrada
foi de 2,2 m/s), permitindo a formação de uma nuvem de vapor que se manteve próxima ao solo.
A explosão da nuvem resultou em uma detonação, em razão da existência de árvores,
edificações e tubulação no entorno dos terminais, contribuindo para a aceleração da velocidade
da chama. Antes destes acidentes as explosões de nuvem de vapor estavam associadas ao
vazamento de uma grande quantidade de gases flamáveis sob pressão ou líquido superaquecido
como resultado do rompimento de vasos, reatores, tanques ou tubulações.
3. ENTENDIMENTO DO PROBLEMA
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Os stakeholders são todos aqueles que direta ou indiretamente determinam com funcionará
o terminal de estocagem ao longo do seu ciclo de vida, desde a escolha da tecnologia até a
sua desativação. São os envolvidos no projeto, construção, operação e manutenção. São
também os responsáveis pelo planejamento de emergência, os consumidores de
combustíveis, as agências reguladoras e o operador do terminal. Com relação aos
stakeholders os seguintes questionamentos devem ser respondidos.
1. O que eles necessitam e desejam? Ou seja, quais as suas metas e objetivos? Quais as
suas prioridades? A Tabela 1 sugere metas para o gerenciamento do risco de incêndio
e seus respectivos objetivos de perdas.
2. Os seus objetivos são conflitantes? Como especificar, instalar, operar e gerenciar o
terminal e o sistema, ao qual está conectado?
3. Como traduzir o que os stakeholders necessitam e desejam em termos de critérios de
danos?
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Quando um engenheiro estrutural projeta uma viga, os esforços a que ela estará submetida
devem ser previstos. Da mesma forma as proteções contra incêndios devem estar em
conformidade com o tipo de incêndio mais provável de acontecer. Devem ser previstos a
quantidade de material que irá queimar e o tempo associado, tendo-se por finalidade ajudar os
técnicos a formarem uma opinião sobre as possíveis consequências e estabelecer o
embasamento necessário para o planejamento de emergências. Por outro lado, o potencial para
ignição e desenvolvimento de um incêndio, o qual é um risco para o terminal e seu entorno, está
virtualmente em todos os lugares, devido às limitações do conhecimento e da tecnologia hoje
disponíveis, em combinação com a percepção dos riscos pelos stakeholders.
Dentro desse contexto é imprescindível e urgente identificar cenários, os quais nos ajudem a
entender como um tanque atmosférico de teto flutuante poderá ser envolvido por um incêndio.
Na próxima seção são detalhados os cenários plausíveis de acontecer.
A árvore das falhas, Figura 2, reuniu cenários que conduzem a incêndio em tanques atmosféricos
de teto flutuante, baseada na análise histórica dos acidentes e nas barreiras de proteção dos
tanques de atmosféricos que foram identificadas através da NBR 17505 (2013).
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A vedação dos tanques nas conexões e acessórios não é perfeita, logo, há emissões fugitivas.
Segundo a resolução CONAMA 382 de 2006, em seu artigo 3º, emissão fugitiva é o lançamento
difuso na atmosfera de qualquer forma de matéria sólida, líquida ou gasosa, efetuado por uma
fonte desprovida de dispositivo projetado para dirigir ou controlar o seu fluxo. A NBR 8969 de
1985 define emissões fugitivas como descarga de matéria e/ou energia no ar. Nos tanques, elas
ocorrem de modo imprevisível, sendo predominantes as atmosféricas (forma gasosa).
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Existe a possibilidade de falha na selagem do teto flutuante, a qual pode acontecer por três
motivos: falha no selo, instabilidade do teto ou deformação excessiva do costado. O primeiro
ocorre em consequência de desgaste ou especificação inadequada do material e o segundo é
causado por furos presentes no mesmo ou pela água da chuva que se acumulou devido à
obstrução dos drenos ou à falha no sensor de abertura da válvula de retenção, não permitindo
assim a drenagem dessa água. Já o terceiro pode ocorrer devido a terremotos, furacões,
problemas operacionais e, por fim, em virtude de cargas de vento juntamente com um mau
projeto dos anéis de contraventamento.
Para evitar repetição na árvore das falhas, alguns eventos foram agrupados em tipos A e B.
Os eventos do tipo A conduzem às seguintes falhas: falha de válvulas, juntas e conexões;
corrosão e trinca do fundo, costado e teto do tanque; trincas na linha de
alimentação/descarregamento do tanque; desacoplamento de conexão da linha; desgaste no
selo; drenos obstruídos; falha no sensor de abertura da válvula de retenção; problema do
termostato. Esses eventos são quatro: o material inadequado; o problema de inspeção devido à
inspeção não efetiva ou a não liberação do equipamento no prazo para ser inspecionado em
conjunto com o atraso na inspeção; o problema de manutenção ocasionado pela manutenção
incompleta ou pela falta de manutenção, sendo essa falta de manutenção por causa da não
liberação do equipamento no prazo ou do não atendimento às recomendações de inspeção; a
ação de terceiros com roubo de produto ou sabotagem.
Os eventos do tipo B são três: pintura inadequada; sistema de monitoração da corrosão
inadequado; falha do sistema de proteção catódica. Esses eventos conduzem às corrosões do
fundo, costado e teto do tanque.
A fonte de ignição fornece a energia mínima necessária para que a reação com o oxigênio e
combustível seja iniciada. As prováveis fontes são: incêndio no entorno do parque de tanques,
oriundo de fogo na vegetação; incêndio no entorno do tanque, proveniente de edificações ou de
outro tanque envolvido em chamas; trabalhos de solda e corte, os quais liberam faíscas durante
operações de manutenção; líquidos aquecidos; cigarros; fontes de energia elétrica.
A energia elétrica pode ser proveniente de equipamentos elétricos mal conservados no tanque
ou no seu entorno, os quais geram arcos elétricos ou faíscas. Essa energia também pode estar
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relacionada com as cargas estáticas, devido ao atrito do escoamento do produto nas tubulações
e/ou por causa do contato do vento com o tanque.
Porém, segundo Chang, Lin [6], a principal fonte de ignição é a descarga atmosférica. Por causa
do calor intenso produzido pelo raio existe a possibilidade de perfuração do teto ou costado,
devido à fusão do metal. A corrente produzida pelo raio resulta em um intenso calor (efeito
térmico) que poderá causar um furo no teto, provocando um vazamento do conteúdo do tanque,
ressaltando que a fonte de calor pode ser o próprio metal aquecido.
Em relação ao costado, caso o mesmo seja atingido por uma descarga, haverá um grande
vazamento, apesar da probabilidade de sofrer um impacto ser pequena. A perfuração do teto ou
do costado pode envolver todo o tanque em um incêndio de poça e a probabilidade dessas partes
serem danificadas por uma descarga atmosférica depende da: a) espessura do teto ou do
costado e do nível de desgaste por corrosão; b) descarga em produzir um valor de corrente
necessário para a fusão do metal; e c)qualidade do aterramento.
Ademais, o não aterramento dos tanques ou aterramento deficiente resulta no acúmulo de cargas
elétricas no mesmo, causado uma diferença de potencial, podendo resultar na ignição de bolsões
inflamáveis existentes acima da superfície do líquido.
É comum a organização entender o aspecto funcional da falha, porém o impacto da falha na sua
missão e objetivos muitas vezes não é claro, por que? Há organizações em que os técnicos
possuem conhecimento e experiência sobre a área em que atuam, porém como a organização
não possui uma política de treinamento que permita o intercâmbio entre as áreas, os técnicos
não interagem e o seu conhecimento/experiência sobre a vulnerabilidade das interconexões
entre as unidades é incompleto. Por outro lado, a análise quantitativa do risco não considera o
impacto da falha na cadeia produtiva, a exemplo do que aconteceu no sistema Toyota na década
de 1990.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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As interações não desejáveis e identificadas poderão ser prevenidas ou mitigadas através das
barreiras de proteção do sistema. As barreiras de prevenção têm a função de prevenir a falha,
evitar que o acidente aconteça. Por outro lado, as barreiras de mitigação, ou seja, barreiras para
prevenir falhas catastróficas buscam mitigar as consequências de um eventual acidente e
provável efeito dominó. As suas funções das barreiras de proteção são: 1) criar um entendimento
sobre as falhas; 2) dar uma indicação clara das falhas; 3) alterar ou interromper uma falha
eminente; 4) de intertravamento; 5) reiniciar o sistema após uma situação anormal; 6) barreira
física e 7) de resgate e fuga. Dentro deste contexto, um acidente é o resultado da interação de
falhas que perpassam as camadas de proteção do sistema. As prováveis causas de acidentes
podem ser atribuídas a interações entre falhas de equipamentos, softwares ou erros humanos.
REFERÊNCIAS
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Jesce John da S.
Borges*
Analista Ministerial do
Ministério Público de
Pernambuco,
Brasil
1. INTRODUÇÃO
No direito Constitucional no seu art 5º, o direito de ir e vir é parte integrante do direito à liberdade
pessoal. É direito fundamental inerente às características essenciais da natureza humana. É
também conhecido como direito de locomoção ou de liberdade de circulação. Consiste na
faculdade de o indivíduo entrar e sair do território nacional e, dentro do país, de deslocar-se pelas
vias públicas ou afetadas ao uso público, tendo apenas a lei como limitação.
Infelizmente, este direito não é atendido. Alguns cinemas ainda não possibilitam acessibilidade
para pessoas com deficiência de forma satisfatória de modo atender às exigências das normas
pertinentes. Além de ficarem nos piores lugares nos cinemas, os deficientes físicos ainda
encontram sérias dificuldades em relação às rotas de fugas para as situações de incêndio e
pânico, pois os trechos acessíveis previstos em projeto de combate a incêndio não são os
mesmos percorridos pelas pessoas com deficiência. É possível perceber que nos cinemas existe
uma série de obstacúlos nas rotas de fuga, por exemplo, um desnível, uma escada ou até mesmo
uma porta sem as características adequadas.
*
Autor correspondente – Engenheiro Civil. Especialista em Engenharia de Instalações Prediais. Especialista em Engenharia de Segurança Contra Incêndio e
Pânico. MBA - Especialista em Gestão do Ministério Público. Mestre em Geotecnia. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Doutorando em
Geotecnia na Universidade Federal de Pernambuco. Analista Ministerial do Ministério Público de Pernambuco. Membro da comissão de licitação da Secretaria
de Administração de Pernambuco. Rua São Miguel, 176, Afogados. 50.850-275 - Recife - PE - Brasil. Tel.: +55 81 99935-7622. e-mail: jescejohn@hotmail.com
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Observa-se nos cinemas que a saída de emergência destinadas às PCDs são geralmente a porta
da entrada principal, pois a outra porta caracterizada como saída de emergência apresenta
acesso através de escada, o que impossibilitaria a utilização por uma pessoa em cadeira de
rodas. Atualmente no processo de aprovação de um projeto de proteção contra incêndio o setor
de engenharia do Corpo de Bombeiro Estadual não analisa no projeto os pontos de rotas de fuga
para PCD e nem a Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA), órgão da prefeitura
responsável pela fiscalização da acessibilidade, verifica as rotas de fuga dos PCDs levando em
consideração as situações de incêndio e pânico.
Diante das inúmeras dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência, este artigo irá
discorrer sobre as situações encontradas pelos PCDs nos cinemas, levando em consideração
as saídas de emergências disponíveis que são utilizadas como rotas de fuga para as situações
de incêndio e pânico.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Ainda segundo Brasil [1], a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)
aprovou a Convenção Internacional de Direitos da Pessoa com Deficiência sendo adotada em
2006 e entrando em vigor em 2008. Ressalta que se trata de um importantíssimo instrumento de
aprimoramento dos direitos humanos, não apenas porque atende às necessidades específicas
desse grupo, que conta com cerca de 650 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), mas, acima de tudo, por que revigora os direitos
humanos, atualmente ameaçados por guerras consideradas ilegais pela ONU e pelo avanço do
mercado global, em detrimento de direitos sociais antes consolidados.
Hoje são utilizadas diversas siglas para definir os portadores de deficiência, PNE (Pessoas com
Necessidades Especiais), termo que inclui, além das pessoas com deficiência, aquelas com altas
habilidades, condutas típicas, e outras necessidades especiais, portanto mais abrangente. PNEE
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Para Valle et al. [3], o termo pessoas com deficiência envolve um número bastante elevado de
pessoas e não apenas os cadeirantes ou os que usam moletas. O número de pessoas inclui
desde amputados até o portador de deficiência mental.
A Carta Magna de 88 tutela os direitos das pessoas com deficiência, trazendo na sua estrutura
e organização dispositivos baseados nos princípios da igualdade, dignidade da pessoa humana,
da solidariedade e da justiça social, visando garantir a inclusão e integração das mesmas na
sociedade [4]. Além disso, a carta Magna assegura ao cidadão brasileiro o seu direito à liberdade,
educação, saúde, lazer, trabalho. Pastore [5] ainda cita o direito a instalações desportivas e de
lazer acessíveis a todos.
O Decreto [6] regulamenta as Leis [7], que dá prioridade de atendimento às pessoas que
especifica, e [8], que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
providências. Esse decreto apresenta alguns conceitos, de entre os quais se destacam:
acessibilidade - condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos
espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos
dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida; barreiras - qualquer entrave ou obstáculo que limite ou
impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de
as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação.
Conforme o art. 78 da Lei [9] os cinemas, auditórios, teatros, casas de espetáculos, estádios e
ginásios desportivos, deverão ser exigidos espaços apropriados para cadeiras de rodas, ao longo
dos corredores, na proporção de 2% (dois por cento) da lotação, até 500 (quinhentos) lugares,
com o mínimo de 1 (um), daí acrescido de acordo com a norma brasileira [10]. Deste modo,
qualquer imóvel que se enquadre nessa lei deverá dispor de acessos, banheiros, rampas,
elevadores, sinalização, entre as adaptações necessárias para permitir o acesso, circulação e
permanência de pessoas com deficiência. Já o art. 23 estabelece que os espaços sejam
distribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa visibilidade, próximos aos corredores,
devidamente sinalizados, evitando-se áreas segregadas de público e a obstrução das saídas. O
parágrafo 4 deste artigo fala da obrigatoriedade para que as rotas de fuga e saídas de
emergência sejam acessíveis, conforme padrões das normas técnicas de acessibilidade da
ABNT, a fim de permitir a saída segura de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida,
em caso de emergência.
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Já a norma brasileira [10] no seu item 8.2 estabelece que os locais de reunião (cinemas, teatros,
auditórios e similares) devem possuir, na área destinada ao público, espaços reservados para
pessoas em cadeira de rodas (P.C.R.), assentos para pessoa com mobilidade reduzida (P.M.R.)
e assentos para pessoa obesa (P.O.), atendendo às seguintes condições: estar localizados em
uma rota acessível vinculada a uma rota de fuga; estar distribuídos pelo recinto, recomendando-
se que seja nos diferentes setores e com as mesmas condições de serviços; estar localizados
junto de assento para acompanhante, sendo no mínimo um assento e recomendáveis dois
assentos de acompanhante; garantir conforto, segurança, boa visibilidade e acústica; estar
instalados em local de piso plano horizontal; ser identificados por sinalização no local e na
bilheteria, conforme 5.4.1; estar preferencialmente instaladas ao lado de cadeiras removíveis e
articuladas para permitir ampliação da área de uso por acompanhantes ou outros usuários
(P.C.R. ou P.M.R.).
Portanto, a acessibilidade é um conceito baseado na ideia do design universal, que permite que
um ambiente seja utilizado por diversas pessoas independentes da sua condição física. Muitas
vezes quando falamos de acessibilidade pensamos somente em como as pessoas vão acessar
o local, porém uma parte fundamental acaba ficando esquecida: a saída de emergência. A saída
de emergência é fundamental em teatros, shoppings, cinemas, casas de shows e qualquer tipo
de estabelecimento comercial. A saída de emergência visa retirar as pessoas do local – em caso
de sinistro – de maneira segura e eficaz.
3. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo feito com base nas vistorias realizadas in loco nos cinemas da Região
Metropolitana do Recife, verificando as condições das rotas de fugas destinadas as pessoas com
deficiência para as situações de incêndio e pânico. As vistorias foram realizadas nos principais
cinemas da Região Metropolitana do Recife, buscando verificar a real situação encontrada nos
cinemas. Segue a relação de cinemas vistoriados: Shopping Rio Mar (Figura 1), Shopping Recife
(Figura 2), Shopping Plaza (Figura 3), Shopping Rosa e Silva (Figura 4), Shopping Tacaruna
(Figura 5) e Shopping Guararapes (Figura 6).
Figura 1: Shopping Rio Mar. Figura 2: Shopping Recife. Figura 3: Shopping Plaza.
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Considerando que os cinemas são classificados como ocupação de reunião pública, esses locais
devem possuir condições exigíveis para que a sua população possa abandoná-las, em caso de
incêndio, completamente protegida em sua integridade física, assim como permitir o fácil acesso
de auxílio externo (bombeiros) para o combate ao fogo e a retirada da população. Essas
condições exígiveis estão disciplinadas na norma brasileira [11] que trata da saída de emergência
em edifícios.
Utilizando a tabela 1 da norma brasileira [11] que refere-se à classificação da edificação quanto
a ocupação, o cinema tem a seguinte classificação:
- grupo: F;
- ocupação/uso: Locais de reunião de público;
- divisão: F5;
- descrição: Locais para produção e apresentação de artes cênicas.
O dimensionamento de uma saída de emergência pode ser feito através da fórmula e requisitos
previstos no item 4.4.1.2 da norma brasileira [11].
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Cinemark do Shopping Rio Mar tem as seguintes características: são 12 salas, sendo uma
com tecnologia XD e duas salas VIP’s. O cinema possui a seguinte capacidade por sala: Sala 1
– 94, Sala 2 – 114, Sala 3 – 231, Sala 4 – 231, Sala 5 – 152, Sala 6 – 152, Sala 7 – 171, Sala 8
– 231, Sala 9 – 231, Sala 10 – 161, Sala 11 - 231 e Sala 12 (XD) - 486 lugares. Para cada sala
existem pelo menos duas rotas de fugas que dão acesso às suas respetivas portas de saída de
emergência (entrada principal e saídas laterais), isto ocorre para todos os cinemas analisados.
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A saída de emergência das salas do Cinemark é proporcionada por porta, este local recebe a
combinação de alguns dispositivos como sinalizações, iluminação de emergência, abertura no
sentido do fluxo (Figura 7) e barra antipânico (Figura 8). No Cinemark, foi verificado que o local
caracterizado como saída de emergência (local com sinalizações, iluminação de emergência,
abertura no sentido do fluxo e barra antipânico) possui acesso através de escada (Figura 9).
Figura 7: Porta principal Figura 8: Porta com barra Figura 9: Acesso à saída
abrindo no sentido do fluxo. antipânico. feito através de escada.
Portanto, a única rota de fuga acessivel para a pessoa com deficiência seria o acesso pela porta
principal (Figura 7). Apesar de esta apresentar alguns dispositivos como sinalização, iluminação
de emergência e porta abrindo no sentido do fluxo, não é suficiente para ser caracterizada como
saída de emergência para atender a população presente no local, pois não apresenta barra
antipânico, dispositivo obrigatório para ambientes com população superior a 200 pessoas
segundo o item 4.5.4.6 da norma brasileira [11].
Além disso, outro ponto desfavorável às pessoas com deficiência é a distância máxima a ser
percorrida até atingir o local seguro. Ocorre que as pessoas com deficiência têm a sua rota de
fuga feita através do acesso principal, esse percurso normalmente é superior ao percurso
utilizado quando se faz uso da saída de emergência das salas.
O cinema do shopping Recife tem as seguintes características: são 14 salas, sendo 03 em 3D,
03 VIP´s e 01 IMAX. Capacidade por sala: Sala 1 – 264, Sala 2 – 135, Sala 3 – 378, Sala 4 – 76,
Sala 5 – 131, Sala 6 – 131, Sala 7 – 194, Sala 8 – 378, Sala 9 – 126, Sala 10 – 248, Sala 11
(Vip) – 75, Sala 12 (Vip) – 52, Sala 13 (Vip) – 76 e Sala 14 (IMAX) – 438 lugares.
As salas Vips e a sala IMAX foram inauguradas recentemente. As 10 salas mais antigas
apresentam acesso à saída de emergência feitas através de rampa (Figura 10), o que permite o
acesso às pessoas com deficiência no caso de incêndio e pânico. Porém, as novas salas (Vips
e IMAX) não apresentam a mesma situação, pois o acesso é feito através de escada (Figura 11).
Portanto, a única rota de fuga para as pessoas com deficiência é a que dá acesso à porta da
entrada principal e que não possui barra antipânico (Figura 12).
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Figura 10: Rampa de acesso Figura 11: Escada de acesso Figura 12: Porta da
à saída de emergência. à saída de emergência. entrada principal (IMAX).
O cinema do shopping Plaza tem as seguintes características: são 05 salas, sendo 01 em 3D.
Capacidade por sala: Sala 1 – 185, Sala 2 – 185, Sala 3 – 185, Sala 4 – 185 e Sala 5 – 294
lugares. Foi constatado que o acesso à saída de emergência é feito através de escada (Figura
13) e que a única rota de fuga para as pessoas com deficiência se dá através da porta da entrada
principal, sendo que esta não possui o dispostivo de barra antipâncio (Figura 14).
Figura 13: Escada de acesso à saída de Figura 14: Porta sem barra antipânico.
emergência.
O cinema do shopping Rosa e Silva tem as seguintes características: são 04 salas, sendo 01 em
3D. Capacidade por sala: Sala 1 – 156, Sala 2 – 127, Sala 3 – 127 e Sala 4 – 127. Na Figura 15
é possivel perceber que a porta da entrada principal possui abertura no sentido da rota de fuga,
ausência de sinalização, ausência de iluminação de emergência e ausência de barra antipânico.
Todos os acessos eram feitos através de rampa, o que a princípio permitiria a utilização por parte
das pessoas com deficiência nos caso de incêndio e pâncio (Figura 16). Porém, constatou-se
que após a saída pela porta de saída de emergência, a rota de fuga era feita através de uma
escada metálica (Figura 17). Também foi verificado que a largura da escada era inferior à largura
da saída de emergência, situação em desacordo com a norma brasileira [11]. Mesmo não sendo
necessária a barra antipâncio na porta da saída de emergência devido à população ser inferior
a 200 pessoas, foi constatada a presença do dispositivo (Figura 18).
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Figura 15: Ausência de barra antipânico na Figura 16: Rampa de acesso à saída de
entrada principal. emergência.
Figura 17: Escada metálica localizada logo Figura 18: Barra antipânico na porta da
após a porta da saída de emergência. saída de emergência.
O cinema do Shopping Tacaruna tem as seguintes características: são 08 salas, sendo 02 Salas
3D Digital 4K, totalizando 1.223 poltronas. A porta da entrada principal (Figura 19) de acesso às
salas possui abertura no sentido da rota de fuga, sinalização, ausência de iluminação de
emergência e ausência de barra antipânico. Porém, como a sala de maior capacidade no cinema
possui 182 pessoas, portanto, não há necessidade da porta da saída de emergência apresentar
barra antipânico, pois a exigência para esse dispositivo é para locais com população superior a
200 pessoas. Mesmo não ocorrendo a exigência de barra antipânico nas portas de saída de
emergência, foi constatado na vistoria in loco que as salas do cinema apresentavam barra
antipânico nas suas portas destinada à saída de emergência (Figura 20). Além disso, todos os
acessos se davam através de rampa (Figura 21), o que permitia a utilização por parte das
pessoas com deficiência no caso de incêndio e pânico.
Figura 19: Porta da entrada Figura 20: Porta da saída de Figura 21: Rampa.
principal. emergência.
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Figura 22: Plataforma Figura 23: Ausência de barra Figura 24: Acesso à saída
elevatória. antipânico na porta principal. de emergência.
5. CONCLUSÕES
Considerando as rotas de fugas disponíveis para as PCDs nos cinemas da Região Metropolitana
do Recife nas situações de incêndio e pânico, conclui-se que estes locais na sua grande maioria
não apresentam saídas de emergência acessíveis às pessoas com deficiência, visto que o seu
acesso é feito através de escadas.
Na maioria dos cinemas, constatou-se que para as situações de incêndio e pânico a única rota
de fuga disponível para as pessoas com deficiência é feito através da entrada principal, sendo
que a porta da entrada principal não apresenta as mesmas combinações de dispositivos para
que possa ser caracterizada como saída de emergência de forma a atender a população
presente no local, de entre esses dispositivos podemos destacar a barra antipânico. Logo, além
das dificuldades enfrentadas devido a sua deficiência, essas pessoas ainda se deparam com
uma situação desfavorável quando comparado com as pessoas que possui suas plenas
condições físicas, pois para conseguir sair do sinistro tem que colocar certa força para vencer a
resistência na abertura da porta, que mesmo não tendo fechadura, essas portas apresentam
grande peso, o que dificulta sua abertura quando utilizada por pessoas com deficiência.
Além disso, em alguns casos a rota de fuga quando realizada pela entrada principal possibilita
um maior percurso quando comparado com a rota de fuga feita através da saída de emergência
propriamente dita, ultrapassando a distância máxima percorrida exigida pela norma brasileira
[11].
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6. REFERÊNCIAS
[1] Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego - A inclusão das Pessoas com Deficiência no
Mercado de Trabalho. Brasília: SIT/DEFIT, 2007, 97p.
[2] São Paulo - Manual de Orientação às Escolas SENAI-SP para Atendimento a Pessoas com
Deficiência e Necessidades Educacionais Especiais. São Paulo: SENAI/SP, 2010.
[3] Valle, S. C. V. do. et al. - A inclusão das pessoas com deficiência nas organizações. IX
Congresso Nacional de Excelência em Gestão. ISSN 1984 - 9354. Rio de Janeiro, 2013.
[4] Corrêa, G.M – O serviço social e a realidade vivenciada pelas pessoas com deficiência, no
que se refere à acessibilidade em Florianópolis, Dissertação de Mestrado, Universidade
Federal de Santa Catarina, 2005, 43 p.
[5] Pastore, J. – Oportunidades de trabalho para portadores de deficiência. São Paulo: LTR,
2000.
[6] Brasil. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004 - Regulamenta as Leis nos 10.048, de
8 de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000 e dá outras providências.
[7] Brasil. Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000 - Dá prioridade de atendimento às pessoas
que especifica, e dá outras providências.
[8] Brasil. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 - Estabelece normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, e dá outras providências.
[9] Pernambuco. Lei nº 16.292, de 29 de janeiro 1997 - Regula as atividades de Edificações e
Instalações, no Município do Recife, e dá outras providências.
[10] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050 - Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004.
[11] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9077 - Saída de Emergência em Edifício.
Rio de Janeiro, 2001.
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1. INTRODUÇÃO
Diante desta questão, este trabalho procurou investigar a percepção sobre a segurança contra
incêndio entre alunos do ensino médio de uma escola da rede pública localizada na cidade de
Pau dos Ferros, estado do Rio Grande do Norte. Este artigo é um recorte de uma pesquisa de
maior abrangência que analisou além das questões de percepção dos alunos, as condições de
*
Autor correspondente – Centro Multidisciplinar de Pau dos Ferros, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Rural do Semi-Árido. Rodovia
BR 226, s/n, Pau dos Ferros/RN. CEP: 59900-000. Tel.: +55 84 3317-8236. e-mail: daniel.andrade@ufersa.edu.br
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segurança encontradas na escola. Ao final da pesquisa, será feita a proposição de medidas que
possam orientar a escola no atendimento das questões diagnosticadas.
2. A ESCOLA
A escola da rede de ensino estadual Doutor José Fernandes de Melo foi fundada no ano de 1971
como Colégio Normal de Pau dos Ferros. Ao longo dos anos sua denominação sofreu várias
alterações até chegar ao nome atual. Dentre estas denominações, estiveram: Escola Estadual
31 de Março, Centro Escolar 31 de Março e o mais próximo do atual, Centro Escolar Doutor José
Fernandes de Melo. Desde 2001 a unidade passou a oferecer aulas apenas para alunos do
ensino médio. Em 2008 passou a integrar ao ensino médio o curso de técnico em secretariado
e, nos dias atuais, a escola também possui um sistema chamado Ensino Médio Inovador.
A escola estadual doutor José Fernandes de Melo encontra-se localizada na cidade de Pau dos
Ferros/RN, na rua Monsenhor Valfredo Gurgel. É constituída por 703 alunos, 20 professores e
37 funcionários, e disponibiliza turmas de ensino nos períodos matutino, vespertino e noturno.
A Figura 02 apresenta uma planta baixa esquemática da escola dividida em zonas: salas de aula,
salas de apoio às atividades de ensino (tais como biblioteca, laboratórios e auditórios), salas de
apoio técnico (tais como sala dos professores, diretoria, coordenação, secretaria e depósito) e
circulações cobertas. Destaca-se que as circulações cobertas, em sua maioria, não apresentam
vedações laterais.
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3. METODOLOGIA DA PESQUISA
A presente pesquisa é do tipo qualificável e quantificável. O trecho qualificável foi elaborado com
abordagem no tema principal através de revisões da literatura. Buscou-se fontes pesquisas
nacionais através de teses, publicações científicas, artigos, normas e instruções técnicas. O
trecho quantitativo foi desenvolvido através de questionários elaborados com base na pesquisa
realizada por Mendes [1], que relata a percepção de risco de incêndio em escolas municipais de
Campo Magro/PR. Os questionários foram aplicados in loco, em uma quantidade de
entrevistados que representam uma amostra da população total de alunos da edificação.
O público alvo deste trecho da pesquisa, como dito, foram os alunos da escola, visto que, em
termos quantitativos são os que mais representam a ocupação escolar e, desta forma,
responderam ao questionário com perguntas específicas destinadas aos seus conhecimentos.
Em outra etapa, espera-se ampliar as perguntas para os professores e funcionários da escola.
A pesquisa foi do tipo amostragem estatística, a qual seleciona-se um subconjunto do total da
população alvo do estudo. Os alunos que compuseram a amostragem foram selecionados
aleatoriamente e a quantidade que os define baseados em um nível de confiança e uma margem
de erro. Para a população total de 703 alunos, chegou-se a uma quantidade de 249 para a
amostra, com nível de confiança de 95% e margem de erro no percentual de 5%. Houve a
consideração quantitativa com base no número de alunos que deram a mesma resposta, e assim
pôde-se representar cada tipo de resposta em percentual.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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não se distanciou do perfil esperado para alunos de ensino médio, o qual a maior parte dos
entrevistados apresentam entre 15 e 17 anos, correspondendo a um total de 82,33%.
A pergunta chave que iniciou o questionário procurou avaliar se o aluno considera a sua escola
segura, o que resultou na negativa de 70,28% dos entrevistados (ver Gráfico 01). Mesmo
considerando a idade dos entrevistados e um possível desinteresse na pesquisa, ainda é um
fator preocupante a quantidade de alunos que não consideraram a escola um ambiente seguro
contra incêndios.
Aliado a questão apresentada no Gráfico 01, soma-se ainda duas outras perguntas que
corroboram com o dado apontado: 89,96% dos entrevistados acreditam que pode ocorrer um
incêndio na escola e 65,65% dos entrevistados afirmam nunca ter participado de uma atividade
sobre como agir em caso de um incêndio (ver gráficos 02 e 03). É provável que a falta de contato
com o tema em sala de aula e no cotidiano das atividades da escola contribua com a percepção
de insegurança gerada entre os alunos. Apesar de não ser possível garantir que um incêndio
não ocorra, considerando o uso da edificação (atividades de ensino) e a tomada de medidas de
prevenção adequadas, este risco pode ser consideravelmente reduzido e os possíveis incidentes
podem se resumir apenas em princípios de incêndio controlados com o uso de extintores.
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Também foi procurado na pesquisa investigar a forma que os alunos se comportariam em caso
de um incêndio. A falta de treinamento é evidente, sendo verificado que boa parte dos alunos
agiriam por conta própria, sem seguir orientações dos professores e funcionários, além da
vontade de manter objetos pessoais em sua posse, mesmo em caso de necessidade de
abandono. A situação recomendada em um caso de evacuação do prédio seria a de sair
ordeiramente, em fila e seguindo orientações do professor ou funcionários da escola. Esta
situação hipotética, uma vez que o treinamento para tanto não existe, foi entendida como a
correta por 20,88% dos entrevistados. Outros 50,40% tentariam sair o mais rápido possível por
qualquer meio viável (ver Gráfico 04).
Gráfico 04: com você agiria caso ocorresse um incêndio na sua escola?
A forma de agir em relação aos pertences pessoais também foi questionada, uma vez que em
caso de incêndio a atitude recomendada é, além de deixar o local no momento da ciência do
evento e de forma ordeira, não levar consigo bens e objetos pessoais, uma vez que esta atitude
pode provocar atrasos no processo de abandono. Mais de 70% dos alunos procurariam levar
objetos pessoais antes de iniciar o processo de abandono (Gráfico 05). 50% dos alunos, caso
não se encontrassem em sala de aula, voltariam para buscar objetos e pertences (Gráfico 06).
Ações como estas podem pôr em risco a vida dos ocupantes além da possibilidade de tumultuar
o processo de abandono.
Gráfico 05: Se ocorresse um incêndio na sua sala de aula, o que você levaria na hora de
escapar?
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Gráfico 06: Caso ocorra um incêndio na sua escola em um momento que você não está em
sala, o que você faria?
A fumaça produzida pela queima de materiais no incêndio, segundo dados estatísticos [2], pode
ser a maior causadora de mortes em eventos desta natureza. A taxa de mortalidade causada
pela fumaça chega a mais de 25% em relação aos outros fatores [2]. Saber como se comportar
na presença de fumaça é um fator importante em situações de incêndio, desta forma, é esperado
que o ocupante além de abandonar o local o mais breve possível, permaneça abaixado evitando
contato com os produtos tóxicos resultante da queima de materiais diversos.
Diante deste panorama, foi perguntado aos alunos como eles agiriam na presença de fumaça.
Apenas 16,87% procuraria cobrir as vias respiratórias e se abaixar para reduzir o contato com a
fumaça. Quase 70% tentaria abrir janelas e portas em busca de ar fresco, o que pode levar a
uma ingestão desnecessária e perigosa de fumaça. Outros 7,63% procuraria subir em uma
cadeira como forma de proteção, o que nos leva a crer a completa falta de instruções sobre o
comportamento do fogo e fumaça em caso de um incêndio.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo da educação dos usuários como ponto importante para que a segurança contra incêndio
atinja um patamar elevado, uma vez que sua aplicação depende em grande parte da colaboração
da população envolvida no evento, procurar entender como esta população tem consciência
sobre questões relacionadas com a segurança contra incêndios é parte importante de qualquer
projeto e política prevencionista.
A pesquisa, focada nos alunos de uma escola de ensino médio, procurou investigar esta questão
com perguntas direcionadas sobre a percepção em relação as questões sobre segurança contra
incêndios, além de entender quais seriam as atitudes dos alunos diante de situações típicas de
um incêndio, como a necessidade de abandono, comportamento em relação aos objetos
pessoais, presença de fumaça, entre outras questões apresentadas.
A falta de treinamento acaba se tornando um problema cíclico, uma vez que é provável que os
professores e a direção da escola não abordem este tema em sala de aula porque não recebem
treinamento e informação da gestão municipal e estadual. Os gestores, por sua vez, não
fomentam políticas públicas de segurança contra incêndio de maneira a atingir professores e
funcionários da escola. Desta forma, ocorre um “efeito cascata” que termina com os alunos sem
informações e, em muitos casos, correndo riscos.
Por fim, reitera-se que a pesquisa apresentada neste artigo é parte de um trabalho maior que
buscará, ao se encerrar, direcionar a administração da escola na busca de meios que possam
preparar melhor sua população para eventos desta natureza.
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
A Segurança Contra Incêndio (SCI) é vista no mundo como uma ciência e vem recebendo cada
vez mais incentivos e investimentos em suas diversas áreas de pesquisa. Inúmeras instituições
e laboratórios internacionais se dedicam à análise e testes de materiais, componentes
estruturais, sistemas construtivos, equipamentos e utensílios usados nas edificações do ponto
de vista da SCI [1]. Entretanto, apesar dos esforços e investimentos voltados para esta área, o
alto custo dos equipamentos e das instalações necessárias para a realização de experimentos
que envolvam edificações completas em escala real torna esse tipo de pesquisa escassa no
mundo e praticamente inexistente no Brasil [2][3].
Atualmente, observa-se que a grande maioria dos estudos desenvolvidos na área da SCI são
voltados para a analise de elementos estruturais ou sistemas construtivos, que são ensaiados
para resistir ao fogo de acordo com a curvas padronizadas internacionalmente [4]. No entanto,
tal padronização não é capaz de representar o desenvolvimento de incêndios reais, visto que o
comportamento destes depende de inúmeras variáveis, tais como, quantidade e
posicionamento de aberturas, distribuição da carga de incêndio no ambiente, tipo de materiais
combustíveis e incombustíveis presente no ambiente, utilização de exautores e dispositivos de
detecção e combate a incêndio, dentre muitos outros fatores que tornam cada incêndio único,
com características próprias. Ademais, em incêndios reais, além do desenvolvimento de altas
temperaturas há também liberação de fumaça e gases tóxicos que se tornam determinantes
para a sobrevivência humana, pois, em caso de incêndios, são estas as maiores causas
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. Rua Acadêmico
Hélio Ramos, s/n, Cidade Universitária. 50.740-530 - Recife - PE - Brasil. Tel.: +5581 2126 8219. e-mail: tacpires@yahoo.com.br
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imediatas de mortes [1]. Sendo assim, é evidente a necessidade de uma análise mais profunda
baseada no desempenho para adequar projetos de edificações a situações de incêndios.
Como solução a estes impasses, a simulação computacional é uma ferramenta que vem sendo
cada vez mais utilizada para a avaliação de edificações completas em escala real em situação
de incêndio, uma vez que possibilita a realização de análises de múltiplas alternativas, sem os
riscos e os custos advindos de ensaios com modelos reais. Assim, se ajustadas
adequadamente, essas simulações podem auxiliar na compreensão do comportamento do
incêndio, tanto em aspectos estruturais servindo de suporte a análise das estruturas em
Situação de Incêndio (SI), como também na definição de geometria dos ambientes, distribuição
de aberturas, e materiais utilizados na construção, favorecendo a criação, revisão e
aperfeiçoamento de projetos e normas técnicas de Segurança Contra Incêndio em Edificações
(SCIE) [2][3]. No entanto, no Brasil, a utilização de softwares para este fim ainda é pouco
difundida entre os pesquisadores da área, fato que acarreta em uma escassa disponibilidade
de literatura para auxiliar a utilização dos mesmos.
Neste sentido, este trabalho tem por objetivo desenvolver um modelo computacional, que seja
capaz de representar adequadamente o desenvolvimento de temperaturas de um incêndio
compartimentado. Para validar o modelo utilizou-se de um experimento [5] realizado em um
container cuja carga de incêndio referiu-se a ocupação de um escritório.
Para realização das simulações utilizou-se do software Fire Dynamics Simulator – FDS,
desenvolvido pelo National Institute of Standards and Technology – NIST/EUA, cuja escolha se
deu por ser atualmente um dos programas de fluidodinâmica computacional mais usado para
simulações de incêndios tanto para reconstituições [2][6], projeções e diagnósticos [3][7],
quanto para investigações policiais [8], e diversas outras aplicações.
Com isso, pretende-se avaliar a eficácia da utilização do software para simulação de incêndios
reais, bem como aprimorar o conhecimento sobre a ferramenta computacional, promovendo a
obtenção de diversas possibilidades de futuras aplicações de modelos computacionais no
desenvolvimento de projetos de SCIE e/ou no auxílio de avaliações e recuperação de
edificações sinistradas.
Para validar o modelo desenvolvido, os resultados obtidos através do FDS são comparados
com os resultados de um estudo experimental realizado por [5], cujo objetivo foi simular um
incêndio real em um escritório. Neste experimento utilizou-se de um container com dimensões
internas de 5.0m x 2.0m com 2.4m do piso ao teto, possuindo uma janela de 0.7m x 0.7m (que
permaneceu totalmente aberta durante o ensaio) e, uma porta de 0.9 m x 2.0 m (que ficou
parcialmente aberta durante o ensaio), utilizadas para ventilação e extração da fumaça.
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3. MODELO COMPUTACIONAL
A extrapolação da malha para além das dimensões do container é justificada pela presença da
porta e da janela abertas para o exterior do compartimento e, pelo fato de que as OPENS
VENTS geralmente possuem condição de limite de pressão imperfeita e, neste caso é
recomendado que se estenda o domínio alguns metros a fim de não afetar o padrão de fluxo
desta região [9].
Alguns parâmetros ambientais foram considerados, tais como: temperatura ambiente inicial
(TMPA) de 20°C, pressão atmosférica (P_INF) de 101325.0 Pa e, umidade relativa do ar
(HUMIDITY) de 50%, ambos atribuídos na linha MISC, responsável pela entrada de parâmetros
globais variados no FDS [9].
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Quanto à modelagem do incêndio, no FDS, o usuário pode optar entre duas maneiras: (i) a
primeira é especificar uma taxa de liberação de calor por unidade de área (HRRPUA) como
parte de uma superfície (inseridos na linha SURF); (ii) a segunda é especificar um calor de
reação (HEAT_OF_REACTION), juntamente com outros parâmetros térmicos, como parte de
um material (inseridos na linha MATL) [10]. Devido à escassez de dados relativos à madeira,
neste modelo optou-se pela utilização da primeira alternativa, sendo esta a maneira mais
simples de se designar um incêndio, pois, não necessita a inserção de muitos parâmetros
referentes ao material combustível presente no modelo. Sendo assim, atribuiu-se uma
HRRPUA de 100 kW/m² [14] na superfície referente às pilhas de madeira. Além disso, para dar
um aspecto mais natural ao incêndio, retardando o inicio da queima das pilhas, atribuiu-se a
essa superfície uma temperatura de ignição (IGNITION_TEMPERATURE) de 210°C [11].
No experimento [5] a ignição das pilhas foi feita através de um trilho de aço envolvido por lã
cerâmica embebida com álcool isopropílico sob as pilhas de madeira. Neste trabalho, para
desencadear o processo de queima das pilhas de madeira (representando o processo ocorrido
no experimento) considerou-se que um dos caibros da pilha do centro do compartimento
entraria em combustão imediatamente ao inicio da simulação. Para isso, criou-se uma
superfície com IGNITION_TEMPERATURE de 0 °C e, para acelerar o processo de queima,
considerou-se que sua HRRPUA é de 200 kW/m². Assim, com o aumento de temperatura, os
demais caibros entram em ignição ao atingirem suas respectivas temperaturas de ignição. A
Tabela 2 mostra o resumo das superfícies criadas para este modelo (essas propriedades foram
inseridas na linha SURF e referem-se respectivamente aos comandos ID, MALT_ID,
THICKNESS, IGNITION_TEMPERATURE e HRRPUA).
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menor que a original, ou seja, com dimensões de 0.3 m x 2.0 m posicionada analogamente ao
experimento [5].
Em posse desses parâmetros, para efeitos de comparação, foram admitidas duas situações
para as simulações: (i) Situação 1, todas as obstruções, com exceção das pilhas de madeira,
foram consideradas inertes; (ii) Situação 2, todas as obstruções receberam suas respectivas
propriedades conforme o indicado nas Tabela 1 e Tabela 2.
3. RESULTADOS
Para ambas as situações consideradas o tempo de simulação estabelecido foi de 120 minutos
e, o tempo de processamento das simulações, utilizando um desktop com processador Intel®
Core™ i7 3.40 GHz e 16.0 GB de memória RAM, para ambas as situações foi de
aproximadamente 35 horas. Para comparar os resultados obtidos através das simulações com
os apresentados experimentalmente [5], serão mostradas a seguir as temperaturas do
termopar A6 que capturou as máximas temperaturas desenvolvidas no compartimento.
Ressalta-se que os demais termopares considerados nas simulações apresentaram
comportamentos semelhantes ao termopar A6 em ambas as situações estudadas.
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Quanto a coerência nos resultados obtidos, é notório que a Situação 1 não conseguiu
representar adequadamente o desenvolvimento das temperaturas no compartimento estudado.
Isso se deu justamente pela falta de consideração das propriedades térmicas dos materiais não
combustíveis na simulação, produzindo resultados muito ruins para o estudo em questão.
Nota-se que entre 45 a 120 minutos o decaimento das temperaturas registradas na simulação
acontece mais rapidamente que o registrado no experimento [5]. Isso talvez tenha ocorrido
devido ao fato deste modelo computacional não contemplar a consideração de produção de
carvão durante a queima da madeira, diferentemente do ocorrido no ensaio experimental, onde
estes produziram uma radiação intensa que provavelmente contribuiu para manter as
temperaturas do ambiente mais elevadas no final do experimento [5].
Nesta situação o desenvolvimento das temperaturas registradas foi muito próximo aos
resultados apresentados no ensaio experimental realizado por [5]. Desta forma fica evidente
que o conhecimento dos materiais envolvidos numa simulação computacional, bem como sua
natureza (combustível ou incombustível) e propriedades térmicas é de suma importância para a
obtenção de resultados coerentes e confiáveis.
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4. CONCLUSÕES
As simulações realizadas mostraram que o FDS, por ser um software que não possui interface
gráfica, acaba tornando a modelagem trabalhosa e demorada, uma vez que sua entrada de
dados é inteiramente feita através de documentos de texto. Apesar de a modelagem
geométrica ser relativamente simples, a definição e obtenção dos dados referentes às
propriedades dos materiais combustíveis para alimentação do modelo se tornam a maior
dificuldade enfrentada na utilização deste programa. Entretanto, quando devidamente
calibrado, o modelo é capaz de oferecer ao usuário diversos dados como: temperatura,
deslocamento de fumaça, concentração de oxigênio, consideração de dispositivos de combate
a incêndio (sprinklers), dentre uma infinidade de outros, que podem abrir um leque de opções
de estudos a serem realizados. Ressalta-se a existência do software PyroSim, desenvolvido
pela Thunderhead Engineering, que funciona como uma interface gráfica do FDS ajudando o
usuário a criar e gerenciar modelos de fogo complexos [10], no entanto, diferentemente do
FDS, sua licença não é gratuita.
É importante salientar que atualmente existem diversos outros softwares mais simples, como o
OZone e o CFAST utilizados no trabalho de [5], que possuem uma interface gráfica agradável e
intuitiva, e que tornam a modelagem de incêndios mais fácil e rápida. Nestes, a obtenção de
resultados também se torna consideravelmente mais rápida, entretanto, a quantidade de
variáveis obtidas, na grande maioria dos casos, é bem mais limitada em comparação com as
obtidas através do FDS. Desta forma, cabe ao pesquisador avaliar o custo-benefício da
utilização destes através da definição de quais variáveis são realmente importantes no estudo
desenvolvido.
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5. REFERÊNCIAS
[1] Seito, A. I.; et al. – A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora,
2008, 496 p.
[2] Ruschel, F. – Avaliação da utilização de ferramentas de simulação computacional para
reconstituição de incêndios em edificações de concreto armado: aplicação ao caso
Shopping Total em Porto Alegre - RS. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil,
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande
do Sul - UFRGS, Porto Alegre/RS, 2011, 131 p.
[3] Cunha, L. J. B. F. – O desempenho da compartimentação horizontal seletiva na promoção
da segurança contra incêndio em edificações. Tese de Doutorado em Arquitetura e
Urbanismo, Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte - UFRGN, Natal/RN, 2016, 237 p.
[4] INTERNATIONAL STANDARD – ISO 834-1:Fire-resistance tests - Elements of building
construction. Part 1: General requirements. Suíça, 1999.
[5] Teixeira, C.J.M.; et al. – Experimental and Numerical Simulations of a natural Fire in a
Compartment. In: 15th ICEM15, International Conference on Experimental Mechanics,
Porto, Portugal, 2012.
[6] Chi, J. H. – Using thermal analysis experiment and Fire Dynamics Simulator (FDS) to
reconstruct an arson fire scene. Journal of thermal analysis and calorimetry, 113(2), 2013,
p. 641-648.
[7] Luther, W.; Müller, W. C. –FDS simulation of the fuel fireball from a hypothetical
commercial airliner crash on a generic nuclear power plant. Nuclear Engineering and
Design, 239(10), 2009, p. 2056-2069.
[8] Honma, M.; et al. – Simulation of fire development and spread in japanese-style rooms
under different ventilation conditions. In: 13th INTERFLAM, International Fire Science &
Engineering Conference, Londres, Reino Unido, 2013, p. 1371-1382.
[9] McGrattan, K.;et al. –Fire Dynamics Simulator User’s Guide: Sixth Edition.NIST Special
Publication 1019: National Institute of Standards and Technology - NIST, Maryland (EUA),
2016.
[10] Thunderhead Engineering – PyroSim User Manual, 2016.
[11] Figueroa, M. J. M.; Moraes, P. D. – Comportamento da madeira a temperaturas elevadas.
Ambiente Construído, Porto Alegre, out./dez. 2009, v. 9, n. 4, p. 157-174.
[12] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION – EN 1991-1-2, Norma Portuguesa:
Eurocódigo 1 – Acções em estruturas. Parte 1-2: Acções gerais – Acções em estruturas
expostas ao fogo. Caparica, Portugal, 2010.
[13] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. – ABNT NBR 15220-2:
Desempenho térmico de edificações. Rio de Janeiro, 2005.
[14] Rocha, M. A. F. – Determinação experimental de propriedades de combustão de madeiras
maciças brasileiras. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Programa de Pós-
graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Rio de
Janeiro/RJ, 2014, 147 p.
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1. INTRODUÇÃO
Incêndios podem causar e, tem causado grandes prejuízos à sociedade, bem como perdas de
vidas humanas, financeiras, de patrimônio cultural ou histórico, entre outros. Os riscos de
incêndios em edificações tornaram-se cada vez maiores com o desenvolvimento urbano. Por
exemplo, cita-se o recente incêndio de um edifício residencial de 24 pavimentos em Londres.
Assim, vem se tornando cada vez mais importante a proteção à vida e ao imóvel, que deve ser
garantida pelos diversos sistemas de segurança contra incêndio das edificações, ou melhor,
sistemas de proteção passiva, ativa, rotas de fuga, materiais não flamáveis, ou que, ao menos,
não produzam gases tóxicos.
Testes de resistência ou reação ao fogo de materiais e estruturas, em geral, são caros em função
da complexidade de instalações e equipamentos necessários para os modelos experimentais.
Isto dificulta pesquisas experimentais relacionadas a incêndios no Brasil e no mundo.
Uma alternativa consiste no uso de simulações computacionais, que foram desenvolvidos com o
intuito de auxiliar na definição de cenários de uma maneira mais simples, minimizando custos.
Por exemplo, a utilização de softwares para simulação de incêndios em espaços
compartimentados permite analisar a dinâmica do fogo nas edificações durante um incêndio,
assim como os efeitos causados pelo aquecimento, testar hipóteses acerca das causas e estimar
variações de temperatura e particulados, contribuir para minimização dos danos causados pelo
incêndio antes mesmo de sua ocorrência, ajudar na definição da geometria do compartimento e
na distribuição dos materiais e aberturas se constituindo em apoio à investigação de incêndios e
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. Rua Acadêmico
Hélio Ramos, s/n, Cidade Universitária. 50.740-530 - Recife - PE - Brasil. Tel.: +5581 2126 8219 Fax: +5581 2126 7216. e-mail: tacpires@yahoo.com.br
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aperfeiçoamento de normas técnicas [1] [2] [3]. Logo, estes softwares se constituem como
ferramentas úteis para o aprimoramento da segurança contra incêndio em edificações.
De acordo com a NBR 14432:2001, a carga de incêndio é o potencial de liberação de calor que
o material existente no ambiente possui, caso este, entre em combustão. Também fazem parte
deste parâmetro os revestimentos das paredes, divisórias, pisos e tetos, que não foram levados
em consideração para este estudo de caso.
Para realização da simulação foi utilizado o software OZone, desenvolvido pela Universidade de
Liègena Bélgica, sendo um programa de fácil utilização e capaz de fornecer as temperatura de
gases em incêndios compartimentados e a concentração de oxigênio no interior do sinistro em
função do tempo através do modelo de zonas.
Como estudo de caso escolheu-se o cenário de uma unidade residencial, mais especificamente
um quarto de um estudante universitário. Este compartimento foi escolhido, dentre outros tipos
de unidade habitacional, por ser um modelo padrão de alojamentos estudantis próximos à
Universidade Federal de Pernambuco e por ter um alto valor de carga de incêndio, considerando
que papéis e roupas aumentam significativamente o valor da carga total de incêndio.
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Polipropileno,
Televisor 1 2,8 43,0 120,4
vidro, etc.
Roupas Roupas 1 30,0 21,0 630,0
Livros, revistas,
Papel 1 20,0 17,0 340,0
etc.
Carga total (MJ) 5085,1
Área do dormitório (m²) 9,0
Carga de incêndio (MJ/m²) 565,0
2. O CENÁRIO ESTUDADO
O compartimento adotado para realizar a simulação computacional foi uma unidade habitacional,
mais precisamente um quarto típico de estudante na Região Metropolitana do Recife. O quarto
é composto de: 01 (uma) cama de solteiro de madeira, 01 (um) colchão de espuma, 01 (um)
criado mudo em madeira, 01 (um) guarda-roupas em aglomerado, 01 (um) ventilador, 01 (uma)
televisão pequena, 01 (uma) escrivaninha de madeira e 01 (uma) cadeira. Na Figura 1 é
mostrado um esboço do compartimento referente ao quarto estudado.
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
específico de 2300 kg/m³, condutividade térmica à temperatura ambiente de 1,6 W/m.K, calor
específico de 1000 J/kg.K e emissividade relativa de 0,8. Considera-se que a porta, de
dimensões de 2,1 m de altura e 0,8 de comprimento, está aberta e que a janela, de dimensões
de 1,1 m de altura e 1,6 de comprimento, está 0,6 m aberta.
Considera-se, neste caso, que as camadas são uniformes, uma vez que as diferenças na própria
camada são desprezíveis quando comparadas com as diferenças que existem entre as duas
camadas. Este modelo apresenta os resultados com referência aos parâmetros de estratificação
do ambiente com fumaça, bem como altura livre da camada de fumaça e as temperaturas das
camadas quente e fria. Como exemplos de ferramentas computacionais utilizadas para realizar
este cálculo pode-se destacar o CFAST (desenvolvido pelo National Institute os Standards and
Technology – NIST) [9], o ARGOS (desenvolvido pelo Danish Institute of Fire and Security
Technology – DBI) [10] e o OZONE [3] [11].
610
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Este software possui uma interface gráfica agradável e intuitiva, apresenta uma boa avaliação
quando utilizado dentro do seu campo de aplicação real e de fácil utilização para o usuário, sendo
esta uma grande vantagem para análise de incêndios em compartimentos [7]. No entanto, deve-
se ressaltar que o programa permite apenas a análise computacional de um único ambiente por
simulação, impedindo a análise da propagação do incêndio a cômodos adjacentes [8]. Outro fator
limitante deste código computacional é a utilização de uma única fonte de incêndio.
A fonte de incêndio é definida por três parâmetros, a taxa de pirólise, a taxa de liberação de calor
ea área de incêndio. A taxa de pirólise é a vazão mássica de combustível sólido que é
transformada em gás combustível, é a taxa de perda de combustível. A taxa de liberação de calor
é a quantidade de energia liberada pelo fogo por segundo e depende do tipo e quantidade de
combustível, da quantidade de oxigênio disponível e da fase do fogo. A área de incêndio é a área
de combustão, onde estão localizados os materiais combustíveis [8].
Estes parâmetros podem ser correlacionados ou definidos independentes uns dos outros. A partir
dessas entradas, para representar o fogo, os usuários devem escolher entre três diferentes
modelos de combustão. Cada um deles foi concebido para representar uma situação diferente
de utilização do código:
611
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4. RESULTADOS
612
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Além da curva de incêndio, outros importantes resultados fornecidos pelo software para definir a
fonte de incêndio são a taxa de liberação de calor e a taxa de pirólise.
5. CONCLUSÕES
Observa-se o pico de temperatura do pequeno valor de carga incêndio adotado por [4], bem
inferior ao recomendado por [5] ou ao estimado de acordo com a literatura sobre dinâmica do
incêndio.
613
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Por fim, de acordo com as bibliografias encontradas, o software Ozone mostrou-se uma
ferramenta eficaz e simples para determinação de temperaturas em ambientes
compartimentados [12] podendo ser facilmente aplicada para a análise de cenários de incêndios
em espaços residenciais.
6. REFERÊNCIAS
614
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
1. INTRODUÇÃO
Yi et al. [1] realizaram experimentos em um laboratório construído na China pela The Hong
Kong Polytechnic University (PolyU) e pela University of Science and Technology of China
(USTC). O átrio do laboratório possuía 22,4 m de comprimento, 12 m de largura e 27 m de
altura.
Três experimentos foram realizados com uma taxa de calor liberado de 3.000 kW e nomeados
como Testes 1, 2 e 3. O combustível utilizado foi o Etanol (C2H6O), disposto conforme a norma
AS 4391:1999. O foco do fogo foi centralizado no piso do átrio.
No Teste 1 havia uma abertura (janela) com largura de 1,4 m e altura de 1,1 m, centralizada em
uma das paredes de comprimento igual a 22,4 m, com um peitoril de 10,5 m. A temperatura
ambiente era de 10 ºC e o tempo de duração do fogo foi de 560 s. No teto do átrio havia um
sistema de extração mecânica de fumaça com taxa de extração de 15m 3/s.
No Teste 2 havia uma abertura (porta) com largura de 1,6 m e altura de 2,5 m, centralizada em
uma das paredes de comprimento igual a 12 m. A temperatura ambiente era de 10 ºC e o
*
Autor correspondente – Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais. Avenida Antônio Carlos,
6627, Bloco 1, Andar 4, Pampulha. 31.270-901 – Belo Horizonte - MG - Brasil. Tel.: +55 31 3409 3589 Fax: +55 31 3409 1973. e-mail:
lucimarcaldas@gmail.com
615
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
tempo de duração do fogo foi de 620 s. Assim como no Teste 1, havia, no teto, um sistema de
extração mecânica de fumaça com taxa de extração de 15m 3/s.
Os modelos desenvolvidos com base nos Testes 1, 2 e 3 realizados por Yi et al. [1], possuem:
a mesma geometria; presença ou não de aberturas ou sistema de extração de fumaça;
temperatura ambiente; e tempo de duração do fogo, ou seja, tempo de simulação.
O tamanho das células foi tomado com valor próximo ao utilizado por Yi et al. [1] em suas
simulações com o FDS [2]. Para os testes 1 e 2 a malha foi prolongada por aproximadamente 2
m além da parede com a abertura e, acima do teto com o sistema de extração de fumaça. A
área do sistema de extração foi tomada igual a 1,0 m². Nos testes 1 e 2 o teto, com sistema de
extração de fumaça, e as paredes, com as aberturas, foram modeladas como Obstructions. As
demais paredes e o piso, localizadas nos limites da malha, foram modeladas como Vents.
Paredes, teto e piso foram modeladas com 0,10 m de espessura de concreto, conforme Bong
[3] e as propriedades fornecidas pela biblioteca do programa PyroSim [4]: densidade de 2280
kg/m³; calor específico de 1,04 kJ/(kgºK); condutividade de 1,8 W/(mºK); emissividade de 0,9. A
composição química do Etanol (C2H6O), quantidade de átomos, foi informada ao programa
que calculou o calor de combustão entre 24.510 e 26.780 kJ/kg.Nas simulações com o FDS [2],
o volume utilizado nas simulações foi dividido em 72 x 45 x 96 (celulas em X, Y e Z,
respectivamente) para o Teste 1 e, 80 x40 x 96 para o Teste 2 resultando em células com
dimensões de 0,31 m x 0,31 m x 0,30 m e 0,30 m x 0,30 m x 0,30 m, respectivamente. Para o
Teste 3 o volume foi dividido em 72 x 40 x 90 resultando em células com dimensões de 0,31 m
x 0,30 m x 0,30 m.
616
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
A área do fogo foi de 2,0 m². Para cada teste, duas simulações foram realizadas, uma com taxa
de calor liberado constante (TCL constante) e outra com um incêndio quadrático ultra rápido
(TCL t²). A fração de radiação média, obtida foi de 0,32; 0,33 e 0,38 para as simulações dos
teste 1, 2 e 3, respectivamente, com taxa de calor liberado constante. Para a simulação TCL t²
as frações de radiação médias foram de 0,31; 0,33 e 0,37 para os testes 1, 2 e 3,
respectivamente. Seis medidores da camada de fumaça (Layer Zoning Device) foram definidos,
quatro deles próximos aos cantos do átrio, coincidindo com as linhas verticais de termopares,
do teto ao piso, usados nos experimentos.
Nas simulações com o CFAST [5], foram utilizados os mesmos dados de entrada das
simulações com o FDS. Para o combustível Etanol, foi adotado o calor de combustão igual a
26.780 kJ/kg (conforme sugestão do CFAST) e a fração emitida por radiação foi tomada com o
valor padrão do programa igual a 0,35. O fogo foi localizado ao nível do piso.
No programa B-RISK [6], foram utilizados os mesmos dados de entrada das simulações com o
CFAST.
3. RESULTADOS E CONCLUSÕES
Nas simulações observou-se que as análises com o programa FDS têm duração de horas
(entre 8 e 12 h) enquanto as simulações com os programas de zonas, CFAST e B-RISK, tem
duração de segundos.
Comparando as simulações realizadas neste trabalho com os resultados experimentais, figuras
2 a 7, nota-se, assim como observado por Yi et al. [1], que, de maneira geral, os resultados
obtidos com o FDS [2] se aproximam mais dos resultados experimentais, e se mostram, mais
seguros, ou seja, preveem uma Altura da Interface da Camada de Fumaça - AICF inferior à
observada experimentalmente e uma Temperatura Média da Camada de Fumaça - TMCF
superior à observada experimentalmente. Yi et al. [1] ao analisar seus proprios resultados com
o FDS, comentam que as AICF previstas concordaram bem com os experimentos, enquanto a
TMCF foi muito superestimada uma vez que as malhas atribuídas não eram boas o suficiente
para considerar a transferência de calor por condução e convecção nos contornos, devido à
limitação dos computadores. Simulações com malhas mais refinadas e condições de contorno
detalhadas podem dar resultados que concordam melhor com os experimentos. Os autores
ainda acrescentam que o FDS [2] previu bem a altura da camada de fumaça em relação ao
experimento, mas o cálculo da temperatura da camada de fumaça apresentou diferença
considerável em relação ao experimento. A perda de calor para os limites teve pouco efeito
sobre a altura da interface de fumaça, mas é essencial para a predição da temperatura da
mesma.
Os programas de zonas, CFAST [5] e B-RISK [6], para o Teste 1, previram uma AICF entre 5 m
e 6 m, aos 500 s, comportamento bem diferente do observado experimentalmente, no qual a
fumaça atinge o piso, demonstrando que estes modelos podem conduzir a resultados
inadequados. Neste caso, há extração mecânica, e a abertura (janela) está localizada na
camada de fumaça, diferentemente do Teste 2 onde a abertura está na parte inferior do átrio e
do Teste 3 sem qualquer ventilação. Essa observação, também feita por Yi et al. [1], pode
indicar que estes modelos não são apropriados para analisar situações nas quais a abertura
617
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
25
20
Altura (m)
15
10
0
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
30
25
20
Altura (m)
15
10
0
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
618
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30
25
20
Altura (m)
15
10
0
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
Em relação à TMCF e em comparação com o FDS [2] e CFAST [5], o B-RISK prevê maiores
elevações de temperatura, exceto para o Teste 2, em que o programa prevê que a fumaça
atinge o piso e interrompe a sequência de elevação da temperatura se aproximando mais do
valor experimental ao fim da simulação.
Comparando as análises com TCL constante e TCL t² pode-se constatar que a diferença na
previsão da AICF e na TMCF ocorre apenas no início das simulações, alterando de maneira
pouco significativa o tempo em que a camada de fumaça atinge o piso. Ao final das
simulações, a influência da TCL constante ou TCL t² é irrelevante. Analisando os resultados
experimentais, com as condições de abertura (porta) e extração do Teste 2, a AICF pode ser
mantida a 4 m acima do piso, indicando uma condição segura.
Embora o fornecimento de ar na camada de fumaça, localizada a 0,5 m acima do chão no
Teste 1, possa reduzir a TMCF observada experimentalmente, a camada de fumaça desceu a
um nível muito baixo, de 4,2 m (1,5 + H / 10) acima do chão em cerca de 174 s, adiada por
apenas cerca de 50 s em comparação com o enchimento natural de fumaça observado no
Teste 3. Portanto, aberturas nas posições baixas devem ser fornecidas para oferecer uma
condição segura para a evacuação do átrio. Segundo a Instrução Técnica número 15 do Corpo
de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo – CBPMSP IT 15 [7], uma altura livre
de fumaça é aquela capaz de garantir a fuga das pessoas do ambiente com fogo, e devido à
presença do jato de fumaça poderá alcançar no máximo 85% da altura da edificação,
observando-se um mínimo de 2,5 m acima do piso. Ainda segundo instrução técnica, a altura
mínima da camada de fumaça a ser considerada para os cálculos de extração é de 2,20 m, e a
velocidade do ar por ponto de extração deve ser no máximo de 5 m/s, considerando ainda um
mínimo de 2 pontos de extração por pavimento.
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70
60
Temperatura (°C)
50
40
30
20
10
0
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
80
70
60
Temperatura (°C)
50
40
30
20
10
0
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
Figura 6: Teste 2 - Elevação da Temperatura Média da Camada de Fumaça – TMCF
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90
80
70
Temperatura (°C)
60
50
40
30
20
10
0
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (s)
Yi et al. [1] concluem que a altura mínima da interface da camada de fumaça pode ser mantida
com fornecimento de ar sob uma determinada TCL e de extração mecânica de fumaça. Para
garantir uma AICF maior do que a altura segura da camada de fumaça (por exemplo, uma
altura característica, 1,5 + H / 10 = 4,2 m acima do chão), as aberturas devem estar
posicionadas nas posições abaixo da altura segura.
Quando a entrada de ar está acima da interface da camada de fumaça, o ar irá se misturar com
a fumaça. Em sistemas de extração de fumaça mais bem concebidos, esta situação deve ser
evitada, tal como, limitando a quantidade de materiais combustíveis no compartimento, pois irá
acelerar a descida da taxa de fumaça. A temperatura da fumaça será reduzida nesta situação.
Se ocorrer um grande fogo num compartimento com uma taxa de extração relativamente
pequena, incapaz de atingir a altura segura da camada de fumaça, a posição da entrada de ar
não é mais importante porque a camada de fumaça irá descer rapidamente. Pelo contrário, a
extração com entrada de ar mais elevada, reduz a temperatura da fumaça e até mesmo atrasa
a descida da camada de fumaça um pouco mais do que com o fornecimento de ar ideal, o que
pode ajudar a proteger as estruturas contra o incêndio.
Além da posição das entradas de ar, outros fatores importantes, tais como a distribuição de
entradas de ar, a distância da entrada de ar a partir do fogo, e a velocidade do fluxo de ar
através da entrada de ar devem também ser considerados cuidadosamente durante a
operação de escape mecânico.
5. AGRADECIMENTOS
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Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
6. REFERÊNCIAS
[1] Yi, L., et al. - A Simple Two-Layer Zone Model on Mechanical Exhaust in an Atrium.
Building and Environment 40. Elsevier, 2005. p. 869 - 880.
[2] McGrattan, K., et al. - Fire Dynamics Simulator. User’s Guide. NIST Special Publication
1019. Sixth Edition, 2015.
[3] Bong, W. J. (2011). - Limitations of Zone Models and CFD Models for Natural Smoke
Filling in Large Spaces. Department of Civil and Natural Resources Engineering
University of Canterbury Christchurch, New Zealand, 2011.
[4] Thunderhead Engineering. - PyroSim User Manual. 2016.
[5] Peacock R.D., Reneke P. A., Forney G. P. - Consolidated Model of Fire Growth and
Smoke Transport – CFAST. User’s Guide. National Institute of Standards and Technology.
Version 7. Volume 2. November 2015.
[6] Wade, C., et al. - B-RISK User Guide and Technical Manual. BRANZ study report 282.
BRANZ 2013.
[7] CBPMSP IT 15:2015. - Instrução Técnica Nº 15/2015 do Corpo de Bombeiros do Estado
de São Paulo. Controle de Fumaça.
622
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Fotografia Fotografia
Autor 1 Autor 2
30 mm 30 mm
40 mm 40 mm
1. INTRODUÇÃO
A sinalização de emergência, desta maneira, tem como finalidade reduzir o risco de incêndio,
alertando para os riscos existentes, e garantir que sejam adotadas ações adequadas à
*
Autor correspondente – Centro Multidisciplinar de Pau dos Ferros, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Rural do Semi-Árido.
Rodovia BR 226, s/n, Pau dos Ferros/RN. CEP: 59900-000. Tel.: +55 84 3317-8236. e-mail: daniel.andrade@ufersa.edu.br
623
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
Considerando que o primeiro fator a ser observado para que os ocupantes possam interpretar
corretamente o sinal é que o mesmo seja fisicamente visível, o presente trabalho busca
apresentar considerações sobre as diferenças de entendimento de como a sinalização de
emergência pode ser percebida pelo usuário de acordo com a norma britânica BS 5499-4:2013
e a norma brasileira da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 13434:2004.
A norma brasileira ABNT NBR 13434:2004 tem por objetivo estabelecer os critérios para
instalação do sistema de sinalização de segurança contra incêndio e pânico nas edificações. A
mesma encontra-se dividida em três partes e aborda questões sobre princípios do projeto de
sinalização (parte 01); símbolos, formas, dimensões e cores (parte 02) e; requisitos e métodos
de ensaio (parte 03). A norma de sinalização de emergência da ABNT possui uma versão mais
antiga de 1995, substituída pela vigente. Atualmente encontra-se em processo de revisão pelo
Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio (ABNT/CB-24).
Embora a questão da percepção visual abranja todo tipo de sinalização, seja de emergência ou
apenas informativa, o presente trabalho direcionou a atenção para a chamada sinalização de
orientação e salvamento, que são os sinais responsáveis por “indicar as rotas de saída e ações
necessárias para o seu acesso” [3]. Neste artigo buscou-se verificar como a presente norma
aborda a questão da distância de visualização do sinal e sua relação com o usuário, de forma a
entender como é vista a área de abrangência física do sinal a ser considerada no projeto de
sinalização de emergência.
A L² / 2000 (1)
Onde:
▪ A é a área da placa, em metros quadrados;
▪ L é a distância do observador à placa, em metros.
h L / 125 (2)
Onde:
624
4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
É entendido que em toda a área coberta pelo raio L é possível que o usuário da edificação,
desde que não existam obstáculos físicos, consiga perceber a presença do sinal e realizar a
sua leitura. Destaca-se que a correta interpretação do sinal depende de diversos fatores físicos
e psicológicos, porém em primeiro lugar o sinal deve ser fisicamente visível para os ocupantes,
caso contrário, os demais fatores se tornam irrelevantes.
A norma britânica British Standard (BS) 5499-4:2013 apresenta estrutura semelhante a norma
brasileira ABNT NBR 13434:2004, composta por indicações para projeto, tipos de sinais,
tamanho do sinal e distâncias de visualização, construção, durabilidade e manutenção. A parte
04 da BS 5499 trata da sinalização de orientação e salvamento, mesma categoria considerada
na análise da norma brasileira. A análise abordou, como já dito, o entendimento de como é
tratada a área física de percepção visual da sinalização de emergência pela referida norma.
Como princípio de projeto, a norma britânica não fixa distâncias máximas entre sinais, ao
contrário da ABNT 13434:2004, permitindo ao projetista locar a sinalização a qualquer
distância, desde que dentro dos padrões de visibilidade estabelecidos pela própria BS 5499-
4:2013. A condição fixada pela norma é a de que “em qualquer lugar dentro de um edifício no
qual não for possível visualizar diretamente uma saída ou que possa existir dúvida quanto à
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4º CILASCI – Congresso Ibero-Latino-Americano sobre Segurança contra Incêndio
Recife, Pernambuco. Brasil, 09 a 11 de Outubro de 2017
sua posição, um sinal direcional deve ser fornecido para o ocupante” [4]. Esta condição permite
mais liberdade em conceber a distribuição da sinalização da edificação, embora o princípio da
redundância seja algo desejável na segurança contra incêndio.
A partir de uma demonstração teórica (modelo matemático) e empírica (testes com usuários)
chegou-se a uma nova proposta de área de visualização do sinal diferente da adotada pela
própria norma britânica (até sua revisão) [5] e por normas de outros países, como a brasileira.
A demonstração teórica partiu da consideração de que a partir do ângulo perpendicular em
relação ao sinal e da distância máxima de visualização para determinado tamanho de sinal era
possível definir um ângulo mínimo de visualização formado pelo observador e as extremidades
da sinalização. Todas as distâncias seguintes deveriam possuir esse ângulo ou uma angulação
maior. Este problema proposto originou uma formulação matemática que ao resolvida resultou
que a área de visualização se assemelharia a um círculo que tangência o sinal e apresenta
diâmetro igual a distância máxima de visualização para o ângulo perpendicular (ver Figura 3).
Esta formulação procurou criar uma restrição que em teoria impede a visualização correta do
sinal, no caso, a redução além do ângulo mínimo proposto [6].
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627
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Projetos complexos estão se tornando cada vez mais frequentes devido a necessidade
humana de se agrupar, trabalhar, comprar, socializar, entre outras. Tais edificações podem se
configurar em um verdadeiro problema quando analisado do ponto de vista da necessidade de
orientação dentro da mesma e, principalmente, deslocamento em situação de emergência em
direção a alguma saída. Certas edificações podem apresentar um layout complexo e pouco
intuitivo, não sendo possível contar apenas com o senso de navegação das pessoas, fazendo-
se necessário o apoio de um sistema de sinalização de emergência [7]. Desta forma, é
entendido que o projeto de sinalização de emergência tem papel fundamental no processo de
abandono de uma edificação, não adiantando a mesma contar apenas com rotas de escape
bem distribuídas.
O modelo britânico, através de estudos de validação teórica e empírica, propõe uma forma
diferenciada de avaliar esta questão, na qual a área de visualização e percepção do sinal se
assemelha a um círculo tangente a sinalização e com diâmetro igual a distância máxima de
visualização quando o usuário se encontra perpendicular ao sinal.
Esta diferença pode ser notada no modelo proposto pelas figuras 4 e 5. A Figura 4 apresenta a
planta baixa de um auditório onde foi disposta a sinalização de acordo com a ABNT NBR
13434:2004 considerando a distância máxima que esta norma permite entre os usuários e o
sinal (7,50 m). A disposição foi feita de forma que a área de abrangência visual dos sinais
cobrissem todo o auditório. A Figura 5 apresenta a planta baixa do mesmo auditório e a mesma
proposta de distribuição da sinalização da Figura 4, porém considerando a área de
abrangência visual da norma britânica BS 5499-4:2013. É possível notar as áreas de sombra
visual ocasionadas pelas diferenças entre as áreas de visualização, o que faria necessário uma
revisão do projeto como forma de sanar essas questões e evitar que usuários ficassem
desprotegidos por não perceberem a sinalização.
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Figura 4: Área de abrangência visual (em azul) dos sinais de acordo com a ABNT NBR
13434:2004
Figura 5: Área de abrangência visual (em azul) dos sinais de acordo com a BS 5499-4:2013
4. REFERÊNCIAS
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Marcela Maciel de
Araujo*
Pesquisadora, Instituto
de Pesquisas
Tecnológicas do
Estado de São Paulo,
São Paulo, Brasil
1. INTRODUÇÃO
A presença de gás metano não deve ser uma questão relacionada somente, por exemplo, às
operações de aterro sanitário. O problema colocado pela presença de gás inflamável, a título
de exemplo o gás metano, no solo superficial também deve ser avaliado no âmbito do
gerenciamento de áreas contaminadas. Neste trabalho, são apresentados os riscos da
presença desse tipo de gás no solo e um estudo para solução desse problema que foi
empregado visando à mitigação dos riscos em edificações construídas em terrenos com
emanação de gás inflamável.
*
Autor correspondente – Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas, Insituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Avenida Professor
Almeida Prado,532, Butanta. 05.508-901 – São Paulo - SP - Brasil. Tel.: +55 11 3767 4649 Fax: +55 11 3767 4246. e-mail: marcelam@ipt.br
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Um composto que tem sido encontrado nesses tipos de terrenos é o gás metano (CH4), que é
um gás incolor, inodoro, não tóxico, porém inflamável, podendo ocasionar ambientes
explosivos, ou asfixiantes por deslocamento do oxigênio na atmosfera. As principais
preocupações associadas à geração e migração de metano a partir do solo em edificações são
sua inflamabilidade e explosividade.
As fontes potenciais de gás metano incluem solos orgânicos naturais, ou antigos depósitos de
lixo em regiões de várzea, minas de carvão, matéria orgânica em decomposição, aterros
sanitários, pântanos e derramamento de combustível derivados do petróleo no solo.
O gás metano também pode ser transportado à superfície do solo subsuperficial dissolvido na
água ou puro. O metano dissolvido em água quando em contato com o ar migra da água para o
solo e deste para a atmosfera (Figura 1).
Gás metano, sendo inflamável, provoca risco pela possibilidade de intrusão nos edifícios, e
também pela sua possível acumulação sob as lajes de piso, em vazios provocados pela
subsidência do solo por efeito da colocação prévia do aterro de regularização na área [2].
Como exemplo, no município de São Paulo, citam-se áreas em que foi identificada a presença
de gás metano, onde necessitaram de intervenções, por exigência da Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo:
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i) o caso da USP Leste: a presença de metano no subsolo do terreno da USP Leste foi
documentada em 2005, em prospecções de baixa profundidade (0,5 e 1,0 m)
antes da construção dos edifícios;
ii) Shopping Center Norte: a área onde foi construído o shopping foi objeto de disposição
de resíduos sólidos de origem desconhecida, os quais não foram removidos e
serviram para aterrar a área durante a construção do shopping. Uma investigação
ambiental realizada em 2004 confirmou a presença e intrusão do gás metano
acima do limite inferior de inflamabilidade, caracterizando situação de risco em
diversas partes do terreno do shopping, e;
iii) Conjunto habitacional COHAB Heliópolis: a área onde foi implantado o conjunto
habitacional foi objeto de investigação em 2001, onde foi constado que ocorreu a
disposição inadequada de resíduos de diversas providencias, por longos anos.
Em 2009, foi detectada elevada concentração de gás metano em diversos pontos.
No presente trabalho, apresenta-se um estudo que foi conduzido pelo IPT na área da USP
Leste para a elaboração de diretrizes de intervenção visando à implantação de sistemas de
mitigação do risco em onze edificações do campus da universidade.
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Sondagens nessa área indicaram uma camada de aterro da superfície do terreno até
profundidades variáveis de cerca de 0,80 - 7,50 m, constituída de camadas fofas de areia fina
ou areia média argilosa de cor amarela a marrom ou cinza, intercaladas com camadas moles
de argila orgânica de cor cinza escura, com nível d’água natural do subsolo a cerca de 1,0 a
4,0 m de profundidade. Uma sondagem indicou a presença de uma camada de turfa preta
muito mole no interior da camada de aterro.
Abaixo do aterro, ocorrem camadas aluvionares alternadas de argilas orgânicas moles e areias
médias e finas argilo-siltosas fofas, a maioria de cor cinza escura, e amarela em alguns pontos.
Camadas de turfa preta, muito moles, ocorrem a profundidades e com espessuras variáveis.
Solos de cor cinza ou preta, de maneira geral são solos que contem matéria orgânica em maior
ou menor grau, e, estando localizados abaixo do lençol freático, são potencialmente produtores
de gás metano pela decomposição anaeróbia da matéria orgânica.
Os sistemas de ventilação do superfical dos edifícios estudados e que foram propostos para
serem instalados na área visando mitigar os risco devido à emanaçao de gás metano,
constituiram-se, basicamente, da implantação ou utilização de uma camada de brita (em alguns
casos, previamente instalada, devido a obra de construção dos edificios) sob as lajes de piso,
interceptando as eventuais emanações de gás do solo. Pontos de extração por exaustores e
pontos de captação de ar atmosférico foram propostos para serem instalados no tapete de brita
perfurando-se as lajes de piso. A corrente de ar atmosférico efluente formada pelo sistema
ativado por centrífugas promoveria a condução do ar por tubulações para pontos acima do teto
dos edifícios.
A definição dos pontos de extração e captação de ar, assim como a diferença de pressão
necessária para ventilação dos tapetes foi desenvolvida com auxílio do software Visual
ModFlow, de acordo com as adaptações descritas na norma da American Society for Testing
and Materials - ASTM D5719-95 [4]. A taxa de substituição de volume de poros e a velocidade
do ar no tapete foram os parâmetros avaliados para aceitação da rede de fluxo [5].
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Atmosfera
Ponto
Ponto de de extração de ar Separador
captação de ar de gás/líquido
atmosférico
Edificação
Laje
Exaustor
Camada
de brita
Aterro de terraplanagem
Solo subsuperficial
Migração de gás T ubos geomecânicos com gás inflamável/explosivo
Rede de fluxo de ar
inflamável/explosivo subterrâneos drenantes
O objetivo da proposição desses sistemas foi estabelecer uma rede de fluxo na camada de
brita, possibilitando sua ventilação, captando gás metano eventualmente emanado do solo
superficial e conduzindo-o para os pontos acima do teto dos edifícios, evitando não somente a
eventual intrusão, mas também o possível acúmulo desse gás sob a laje.
Outra etapa importante proposta na avaliação operacional dos sistemas foi à análise da
concentração de metano na saída do sistema e em pontos estratégicos sob o ponto de vista da
investigação ambiental no solo superficial, que permite verificar se esta havendo ou não aporte
de gás metano em poços de monitoramento instalados a 0,30 m de profundidade da laje de
piso e se há risco de explosão nas edificações.
4. CONCLUSOES
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5. REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
Existe então uma necessidade de se optar por um destes estilos (Americano ou Europeu),
sendo o conforto térmico uma característica primordial para esta escolha. Então visando
comparar com números reias a diferença de ambos os trajes, o artigo apresenta os resultados
preliminares de ensaios de ‘incêndio real’, repetido por 04 (quatro) vezes, em um mesmo
ambiente físico, com a mesma carga-incêndio e com procedimento análogo, onde em duas
oportunidades os bombeiros trajavam um dos dois ‘tipos de trajes’. Foram monitoradas as
temperaturas no ambiente e no traje (interna e externamente) dos bombeiros, através de
termopares tipo K, buscando analisar as qualidades protetivas, quanto a transmissão térmica,
dos dois estilos de vestimenta, comparando-se os resultados ao final.
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2. METODOLOGIA
Na imagem central da figura 1, fica visivel a estrutura interna do local onde ocorre a queima. O
piso é em argamassa de cimento, as paredes em alvenaria de meia vez chapiscadas, o teto em
laje nervurada com blocos cerâmicos não revestidos, e a janela e a porta são em chapa de
aço. O ambiente apresenta algumas patologias tais como, chapisco soltando das paredes e
blocos ceramicos da laje degradados. Esses danos se devem principalmente às diversas
instruções de combate a incêndio realizadas na edificação, na maioria das vezes utilizando
combustiveis classe B, como oleo diesel e gasolina, os quais apresentam liberação de calor
consideravelmente superior aos de classe A durante a combustão .
Observa-se que foram postas duas hastes metálicas fixadas em bases cilindricas de concreto,
dotadas de dois termopares tipo K, afixados as alturas de 0,6 e 1,2 metros, medido a partir do
solo, em cada haste. O objetivo era medir as temperaturas no ambiente de incêndio,
especificamente a 1,5 metros de distância do foco inicial conforme figura 2. Na parte externa da
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sala foram montados os equipamentos destinados ao processamento dos dados medidos, tais
como datalog e computador.
Cada traje foi utilizado em dois ensaios semelhantes, cada seção de incêndio natural durou
aproximadamente 12 minutos efetivos, e em seguida a equipe de apoio, formada por dois
bombeiros devidamente equipados, entrou no ambiente e iniciou o combate com uso de água
pressurizada por bombas, extinguindo em seguida o foco.
Destaca-se que para ofertar a maior similaridade possível entre os ensaios, os trajes eram
usados em sequência alternada e da forma indicada em seus respectivos manuais. Sendo os
trajes testados o de estilo europeu, dotado de apenas uma camada de proteção e, portanto,
inexistência de camada de ar isolante entre as peças, ao passo que o de estilo Americano,
possui duas camadas. Ambos podem ser vistos nas figura 3 e 4 respectivamante . São listados
na tabela 1 algumas caracterisiticas de ambos os trajes..
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3. RESULTADOS
Foi aferido, durante os quatro ensaios válidos (dois com cada traje), que as temperaturas
máximas nas hastes (1,5 m de distância do foco) variaram de 487º a 598º C, apresentando
uma variação compatível com a condição de ‘incêndio natural’. Os picos de temperatura no
ambiente estiveram sempre entre o terceiro e o quinto minuto, após o início das chamas.
Quanto a comparação do conforto térmico, o traje de estilo europeu teve um desepenho
inferior ao traje de estilo americano (com a camada de ar entre os tecidos), estando a
representação gráfica a seguir (figura 5) coadunada com esta assertiva:
Figura 5 – curvas Temperatura x tempo para termopar fixado na parte interna do trajes.
Fonte: Autor.
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4. CONCLUSÕES
A comparação dos tipos de traje apontaram que o ‘americano’ é mais adequado para o
combate aproximado que o ‘europeu’, tendo por único parâmetro o conforto térmico, sendo
esta conclusão fruto das aferições nos trajes, com destaque para os termopares afixados na
altura da coxa, ponto mais próximo do foco na posição de combate a três pontos, adotada no
ensaio.
Vê-se uma diferença de seis a oito gráus entre ambos, em boa parte do intervalo de maior
termicidade (50 a 300 segundos), para a aferição do termopar que encontrava-se na altura da
coxa, na parte interna do traje.
Os estudos nesta área apenas principiam no Brasil, sendo este um ensaio que pode ser
repetido e aprofundado em pesquisas futuras.
5. REFERÊNCIAS
[1] Silva, J. N.; Jesus, B. C. O.S.. Os incêndios nas páginas dos jornais: relatos de casos
e o corpo de bombeiros no Rio de Janeiro oitocentista. XII Encontro Regional da
ANPUH-Rio. Rio de Janeiro, RJ: XII Anais do XII Encontro Regional da ANPUH-Rio, 2010.
[2] Lawson, J. R.; Mell, W. E.; Prasad, K.. A Heat Transfer Model for Firefighters’
Protective Clothing, Continued Developments in Protective Clothing Modeling. Fire
technology, v. 46, n. 4, 2010, p. 833-841
[3] Svesson, S., Reducing fire fighter fatalities – the knowledge based approach,
Reducing Firefighter Deaths and Injuries: Changes in Concept, Policy, and Practice Virtual
Symposium, 2008.
[4] Braga, G. C.; Lisboa Neto, J.P; Salazar, Helder de Farias. A Temperatura e Fluxo de
Calor em uma situação de Incêndio e as consequências para os Bombeiros. Revista
Flammae, v.2, n.4, 2016, p.09-28
[5] Corrêa, C.; Rêgo Silva, J. J.; Pires, T. A.; Braga, G.C. Os Incêndios em Pernambuco:
um estudo comparativo com os padrões mundiais. Revista Flammae, v.1, n.2, 2015,
p.08-27.
[6] Corrêa, C.; Rêgo Silva, J. J.; Pires, T. A.; Braga, G.C. Mapeamento de Incêndios em
Edificações: Um estudo de caso na cidade do Recife. Revista de Engenharia Civil
IMED, vol. 2, nº. 3, 2015, p. 15-34.
[7] PRASAD, Kuldeep; TWILLEY, William; LAWSON, J. Randall. Thermal Performance of
Fire Fighters’ Protective Clothing. 1. Numerical Study of Transient Heat and Water
Vapor Transfer. National Institute of Standards and Technology, Gaithersburg, MD, 2002.
[8] BARR, David; GREGSON, Warren; REILLY, Thomas. The thermal ergonomics
of firefighting reviewed. Applied ergonomics, v. 41, n. 1, p. 161-172, 2010.
[9] QUINTAL, Pedro Emanuel da Silva. In: Caracterização do stresse térmico no
combate a incêndios e avaliação de sistemas de arrefecimento individual.
2012.
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1. INTRODUÇÃO
*
Autor correspondente – Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Quartel do Comando Geral do CBMDF. SAM Lote D Modulo E - CEP 70620-000
- Brasília - DF - Brasil. Tel.: +55 61 3901 8601. e-mail: andretelles@unb.br
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pública orientada para resultados com foco no cidadão, relacionando gestão de pessoas por
competências e gestão do conhecimento [7,8].
3. MATERIAIS E MÉTODOS
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O instrumento de pesquisa foi aplicado ao contingente total do CBMDF, 5.718 (cinco mil,
setecentos e dezoito) bombeiros militares, no período de 6 de agosto a 23 de setembro de 2016.
O questionário eletrônico foi enviado por email corporativo aos bombeiros militares cadastrados.
O quantitativo de respostas válidas resultou em uma amostra de tamanho 𝑛 = 204, com margem
de erro relativo de 5% e grau de confiança de 95% para as estimativas da média populacional a
partir do desvio padrão amostral. Essa margem de erro (relativo) equivale a um erro absoluto de
0,17 nas questões com escala de 1 a 5 e de 0,35 naquelas com escala de 1 a 10 [18,19,20].
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Do total de respondentes dos questionários, 89% foi de homens (181) e 11% de mulheres (23).
A média de idade foi de 41,4 anos. O tempo de serviço na corporação da maior parcela dos
respondentes, 41%, ficou entre 21 e 25 anos. Ampla maioria declarou ter curso de graduação,
46%, ou de especialização, 42%.
Quanto ao tempo decorrido desde a última capacitação realizada na corporação, 45% indicaram
ter cursado há menos de um ano. Uma grande parcela, 29%, cursou pela última vez entre um
ano e três anos atrás. Aproximadamente ¼ dos respondentes participou de algum programa de
capacitação no CBMDF há mais de 3 anos. Ou seja, quando perguntados “Quando foi sua última
capacitação pelo CBMDF?”, 55% dos entrevistados responderam que não realizam uma
capacitação há, pelo menos, um ano. Tudo conforme figura 1.
A escala de crenças sobre o treinamento é composta por 3 fatores. O primeiro fator da escala,
contribuições do treinamento para o indivíduo e para a organização, retrata o componente de
resultados a longo prazo do modelo de avaliação integrado e somativo (MAIS) [21]. A avaliação
desses itens, conforme tabela 1, reforça a crença de que os programas de TD&E contribuem
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O item com a maior média, 8,78, revela a importância de cursos e treinamentos para a melhoria
dos processos de trabalho do CBMDF, na percepção dos participantes. Os respondentes
apontaram receptividade às diversas modalidades de educação corporativa (a distância,
presencial e no local de trabalho), média 8,17. Ao mesmo tempo, destacaram a importância das
trocas de experiências para o processo de aprendizagem, média 8,44. Os itens com notas mais
baixas dizem respeito à necessidade de tornar os cursos mais aplicáveis à realidade das
pessoas, média 6,60. Esse sentimento é reforçado pelas médias mais baixas quando se fala de
alinhamento estratégico (6,72) e fortalecimento dos valores essenciais da corporação nos
programas de TD&E (6,95).
Apesar de apontar a divulgação dos cursos como elemento facilitador da escolha mais adequada
às suas necessidades, os participantes sentiram falta de informações suficientes sobre os
cursos, média 5,60. Deram resposta próxima da neutra também quanto à facilidade para escolher
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os cursos mais apropriados, média 5,67. Uma oportunidade de melhoria surge, então, no que
tange à divulgação dos programas de treinamento.
Outros dois itens que podem ser reforçados estão relacionados com a premiação (média 6,23) e
o autodesenvolvimento (iniciativa pessoal, média 6,56). As pessoas numa organização precisam
sentir que o autodesenvolvimento vale mais a pena do que permanecer estagnado, o que se
alcança com uma gestão de pessoas por competências efetiva.
As assertivas do terceiro fator da escala de crenças tratam do treinamento em si, da vivência que
as pessoas experimentam quando participam dos cursos e da aprendizagem decorrente dessa
experiência. Os resultados apontam no sentido de reconhecimento da qualidade da atividade
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O quesito com média mais alta, 7,33, diz respeito à qualificação dos instrutores. Também exibe
média acima de 7,0 o item sobre aprendizagem dos conteúdos. No entanto, em relação à
facilidade de aplicação dos conteúdos no ambiente de trabalho e a efetiva aplicação do que
aprenderam nos cursos, as respostas apresentam notas mais baixas, médias de 6,09 e 6,60.
Este conjunto de assertivas, com 9 itens, capta a opinião do participante a respeito do nível de
apoio organizacional à transferência de treinamento, isto é, o apoio fornecido pelo ambiente à
participação em atividades de treinamento e ao uso eficaz, no trabalho, das novas habilidades
adquiridas. Os itens dos fatores situacionais estão ligados a oportunidades e ao apoio da chefia
imediata à aplicação das novas aprendizagens no trabalho e as notas variam de 1 a 5.
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As notas obtidas nesta parte da avaliação indicam que o ambiente corporativo não está
favorecendo a aplicação das competências adquiridas nos cursos. O item com a média geral
mais baixa, conforme tabela 4, indica que as chefias não se empenham na identificação e
remoção dos obstáculos à aplicação das novas habilidades no serviço.
Os respondentes não se ressentem de falta de tempo para aplicar o que aprenderam nos cursos
no ambiente de trabalho. Assim como não acreditam que os prazos de entrega das missões
inviabilizem o uso das habilidades aprendidas nos cursos. Ou seja, as chefias precisam exigir
mais de suas equipes no sentido de criar oportunidades para aplicação das novas competências
adquiridas. Esses resultados coadunam com a literatura, que recomendam um certo senso de
urgência, um nível de caos criativo, para que as equipes deem o melhor de si.
5. CONCLUSÕES
A área de ensino somente é alçada ao nível estratégico da organização quando contribui para a
melhoria do desempenho e o alcance dos resultados organizacionais. Esses resultados são
obtidos na medida em que ocorre o alinhamento das ações educacionais com a estratégia
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6. AGRADECIMENTOS
7. REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
Diferentes níveis de segurança podem estar sendo oferecidos para as pessoas denominadas
vulneráveis, ou seja: crianças, pessoas com deficiência e idosos. De acordo com o Censo
demográfico de 2010 [9], no Brasil existem 45.932.294 crianças com até 14 anos de idade e
14.081.477 pessoas com mais de 65 anos de idade. Já a Cartilha do Censo 2010 – Pessoas com
deficiência [10] indica que existem 32.609.022 brasileiros, com idade entre 15 e 65 anos, com
algum tipo de deficiência.
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Com esta pesquisa, pretende-se ampliar os conhecimentos acerca desta população e fornecer
subsídios para o poder público quando da elaboração de regulamentos, para a sociedade quando
da elaboração de normas e manuais de abandono/brigadas de incêndio/planos de abandono e,
ainda, fornecer subsídios para os desenvolvedores de softwares que simulam o abandono das
pessoas.
2. O EDIFÍCIO E A POPULAÇÃO
A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) onde o estudo foi realizado está localizada
no interior de uma unidade do Centro Educacional Unificado (CEU) da cidade de São Paulo, que
abrange um Centro de Educação Infantil, além de equipamentos esportivos e culturais.
O CEU atende alunos de educação infantil e do ensino fundamental, mas tendo-se em vista que
que esta pesquisa tem como foco alunos do ensino fundamental, somente esses participaram
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da pesquisa. No total, 538 crianças participaram dos simulados de abandono, sendo 273 no
simulado realizado no período manhã (Simulado 1) e 265 no da tarde (Simulado 2).
O edifício possui três pavimentos (térreo, primeiro e segundo pavimento) sendo que as salas de
aula estão localizadas no segundo pavimento. Nos demais pavimentos estão as áreas
administrativas, o refeitório, a biblioteca e outras instalações de apoio. Além da escada coletiva
localizada no centro do edifício e utilizada pelos alunos da educação infantil e fundamental,
existem duas escadas com largura de 1,30 m em cada uma das extremidades do edifício. A
Figura 1 apresenta a disposição das salas de aula, dos corredores e das escadas em planta e a
Figura 2, uma vista lateral com a disposição de uma das escadas e os corredores que dão
acesso.
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A faixa etária dos alunos que estudam nas EMEFs varia entre 6 e 14 anos. A Tabela 2 demonstra
a quantidade de alunos que participaram dos simulados bem como suas posições no momento
em que o alarme foi acionado.
Para coleta dos tempos em que os alunos cruzavam os pontos de medições predeterminados e,
também, para verificar os caminhos percorridos nos patamares, utilizou-se um sistema de
monitoramento por circuito fechado de TV (CFTV). Para facilitar a contagem e identificar a turma
ao qual o aluno pertencia, foram distribuidos coletes com cores diferenciadas por turma, para
todos os alunos.
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Por ter sido o primeiro simulado realizado nessa escola e com o objetivo de não causar
ansiedade nos ocupantes, todos foram informados com antecedência do dia e do horário em que
o evento aconteceria. Foram realizadas duas palestras com todos os alunos, professores e parte
da equipe administrativa, onde foi apresentado o objetivo da pesquisa, a rota a ser utilizada, a
sequência de saída das salas e o ponto de encontro, bem como foi ressaltada a importância dos
simulados. Em todas as salas de aula foram fixados cartazes, com a planta do segundo
pavimento indicando a rota a ser utilizada e a localização do ponto de encontro, além da
descrição dos procedimentos a serem seguidos. Na área coletiva da escola foram fixados
cartazes com a indicação do evento.
Instalou-se um sistema de CFTV para gravar o movimento das crianças durante os simulados
de abandono. Treze câmeras foram instaladas, sendo cinco em um dos corredores e oito nas
escadas, ver Figuras 2 e 3.. A administração da escola forneceu uma sala para a instalação do
computador que centralizava o sistema e armazenava as imagens gravadas pelo CFTV.
O método de mediçõa adotado seguiu aquele já realizado por Ono (2013), em pesquisa anterior.
Além da utilização do sistema de CFTV para facilitar o monitoramento e a contagem do fluxo de
alunos, foram distribuídos coletes coloridos, com cores específicas por sala de aula e faixas
amarelas foram coladas no piso nos pontos de coleta dos tempos. Para a obtenção das
velocidades de caminhamento dos alunos nas escadas e no corredor, registraram-se os tempos
em que os alunos passavam pelos pontos que estavam sendo monitorados pelo CFTV.
Para identificar o trajeto percorrido por cada aluno nos patamares (três no total), visto que
existem várias possibilidades, também foram utilizadas as filmagens. Inicialmete, analisando as
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imagens, identificou-se os percursos que eram utilizados com maior frequência no trajeto de
descida das escadas. Tendo-se em vista que cada percurso corresponde a uma distância de
caminhamento, após o levantamento in loco, as escadas foram desenhadas no programa
AUTOCAD, possibilitando que as distâncias de cada um dos nove percursos mais utilizados
fossem obtidas (ver Figura 6).
4. RESULTADOS
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A Tabela 3 visa apresentar os resultados dos tempos gastos pelo primeiro e o último aluno para
finalizar a descida de ambas as escadas, após o sinal de alarme ter sido acionado, nos dois
simulados de abandono realizados na escola com todo os estudantes.
Tabela 3: Tempo para descida das escadas do primeiro e do último aluno nos simulados
Escada Simulado 1 – 265 alunos Simulado 2 – 273 alunos
utilizada Primeiro (s) Último (s) Primeiro (s) Último (s)
Escada A 149 351 60 203
Escada B 62 235 62 222
É possível observar que o tempo gasto aproximado para que os primeiros alunos finalizassem a
descida foi de 60 s, exceto para os que utilizaram a escada A no primeiro simulado. Tal atraso
se deu pela demora da professora em iniciar o movimento de saída. Pode-se observar,
analisando a Figura 7, que o comportamento dessa turma na escada foi constante embora
tenham demorado para iniciar o movimento rumo à escada.
No simulado 1, as variações de tempo no trajeto podem ser justificadas com base nas imagens,
da seguinte forma: a) um aluno do 9º A (aluno 7) deixou para colocar o colete já nas escadas,
tendo como consequência um atraso maior no deslocamento dentro da escada; b) houve um
aumento brusco no tempo dos quatro últimos alunos do 5º A que se justifica pelo uso do celular
por um dos alunos e do congestionamento que ocorreu no último lance da escada; c) os alunos
do 6º B tiveram seus tempos iniciais abaixo da média, principalmente por conta da velocidade da
professora que “puxou” a fila; d) os últimos alunos do 5º B e D perderam algum tempo tentando
fechar a porta da seus respectivas salas.
42
37
32
27
22
17
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Alunos
7º A 7º B 5º A 5º B 5º C 5º D
4º D 9º A 6º B 9º B 6º A 6º C
Figura 7: Tempo gasto por cada aluno para descer as escadas – Simulado 1
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55,00
45,00
tempo (s)
35,00
25,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Alunos
1º C 1º B 1ºA 4º B 4º C 4º A
3º D 3º C 3º B 3º A 2º B 2º A
Figura 7: Tempo gasto por cada aluno para descer as escadas – Simulado 2
As velocidades foram agrupadas para se obter a velocidade média por série. Percebe-se, na
Figura 8, que a velocidade média dos alunos até a 4º série é inferior a dos alunos maiores, o que
sugere que alunos mais velhos tenham velocidades mais próximas dos padrões de adultos.
vm (m/s)
0,75 0,75
0,80 0,70
0,75 0,65
0,70 0,63
vm (m/s)
0,65 0,60
0,60 0,54
0,55 0,47
0,50 vm (m/s)
0,45
0,40
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Agrupado por série
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6. CONCLUSÕES
Essa pesquisa faz parte de um trabalho de doutorado em desenvolvimento e tem também como
objetivo compreender o fenômeno do movimento de crianças brasileiras em corredores e
escadas quando submetidas a simulados de abandono.
Preliminarmente, verificou-se que a velocidade dos alunos menores, até a 4º série, são inferiores
a dos alunos maiores, indicando que há uma tendência de aumento da velocidade com a idade.
Observou-se também que nesses simulados, a velocidade do professor teve grande influência
sobre a velocidade dos alunos de suas respectivas classes e também na das classes
subsequentes.
Constatou-se, ainda, que para a obtenção de velocidades para serem utilizadas em modelos
matemáticos – um dos objetivos desta pesquisa- a velocidade em simulados não são
suficientemente precisas e adequadas devido às várias influências apresentadas. Sendo assim,
o próximo passo da pesquisa considera realização da coleta de dados de velocidade
descendente de alunos de forma isolada, sem a influência do grupo, assim como sua associação
com os dados antropométricos de cada aluno.
REFERÊNCIAS
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Amerind Publishing, Co. Pvt. Ltd, 1978.
[2] FRUIN, J. J. Pedestrian Planning and Design (Revised Edition). Mobile: Elevator World,
1987.
[3] LÁRUSDÓTTIR, A. R. Evacuation of Children: Focusing on daycare centers and elementary
schools. Technical University of Denmark, Department of Civil Engineering. (BYG Rapport
R-295), 2014.
[4] ANDRÉE et al. Attitudes about safe refuge areas as an egress strategy from the point of
view of the mobility impaired people, authorities and building planners. In: 6rd International
Symposium on Human Behaviour in Fire, 2015, Cambridge, UK.
[5] Ronchi, E.; Najmanová, H. An Experimental Data-Set on Pre-school Children Evacuation.
Fire Technology, 2017.
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ANAIS DO 4º CONGRESSO
Ibero Latino Americano
sobre Segurança Contra Incêndio
ISBN 978-85-5707-674-7
9 788557 076747
Recife/PE, Brasil