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AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DO CONCRETO APÓS INCÊNDIOS

ATRAVÉS DE ENSAIOS DE ULTRASSOM

Willian Menezes da Silva 1, Tiago Ancelmo de Carvalho Pires 2

1
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil (PPGEC), willmenezes@outlook.com.br
2
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil (PPGEC), tacpires@yahoo.com.br

RESUMO

O conhecimento da resistência residual de elementos de concreto dentro de um edifício,


após um incêndio, é importante para decidir se ele deve ser demolido ou apenas feito
alguns reparos e assim reintegrado. Com isso, uma avaliação deve ser conduzida em
tais elementos. Assim, o presente trabalho, que está em estágio inicial, procurará fazer
uma avaliação experimental da resistência do concreto após incêndios através de
ensaios de ultrassom em pilares e testemunhos, usando diferentes tempos de exposição
à curva padrão. Esses resultados da velocidade do pulso no ultrassom serão
comparados com ensaios convencionais destrutivos, verificando a fidelidade dos
resultados. Além da análise experimental, também é feita a numérica com o uso do
software Abaqus, a fim de observar a distribuição da temperatura no interior dos pilares
de concreto. Espera-se que as velocidades dos pulsos ultrassônico pós-incêndio
indiquem valores aproximados nos pilares e nos seus respectivos testemunhos e os
valores de resistência sejam aproximados nos ensaios destrutivos e não-destrutivos.
Palavras chaves: Segurança contra incêndio; Ensaio de ultrassom; Concreto;
Simulação computacional.

ABSTRACT

The knowledge on residual resistence of concrete parts, after a fire, is important to


decide if it must be demolished or just repaired and therefore reintegrated. Thus, an
evaluation must be lead in such matters. This way, the current work, which is in the early
stages, will try to do an experimental evaluation on the resistence of the concrete after
fires through ultrasound trials in pillars and witnesses, using different times of exposure
to the standard curve. The results of the speed of the pulse in ultrasound will be
compared with conventional destructive trials, verifying the accuracy of the results.
Besides the experimental analysis, the numeric one is also done with use of the Abaqus
software, in means to observe the distribuiton of temperature inside the pillars of
concrete. Post-fire ultrasonic pulse velocities are expected to indicate approximate
values in the abutments and their respective cores, and strength values are approximate
in both destructive and non-destructive testing.
Keywords: Safety against fire; Ultrasound trial; Concrete; Computer simulation.

1. INTRODUÇÃO

A NBR 15200 (ABNT, 2012) afirma que as propriedades mecânicas do concreto


degradam quando ele é exposto a altas temperaturas devido às mudanças químicas e
físicas dos materiais que compõem o mesmo.
Segundo Hwang et al. (2018), o método da velocidade do pulso ultrassônico, um
ensaio não destrutivo, pode ser empregado para avaliar a integridade do concreto
submetido a altas temperaturas (correlacionando com características residuais, como a
resistência e o módulo de elasticidade), já que tem a vantagem de ser um procedimento
simples, barato e com capacidade de avaliar as mudanças na estrutura interna, podendo
assim ser utilizado in situ, em estruturas logo após um incêndio. A Figura 1 traz uma
representação do aparelho de ultrassom, usado no ensaio não destrutivo.

Figura 1 - Representação do funcionamento do ultrassom.


Fonte: (SILVA, 2009)

Yang et al. (2009), por exemplo, propôs uma equação geral relacionando a
Velocidade de Pulso Ultrassônico (VPU) a resistência à compressão residual do
concreto submetido a temperaturas elevadas.
Todos os resultados experimentais propostos anteriormente, a exemplo Yang et
al. (2009), mostraram que a VPU e a resistência à compressão diminuem aumentando
a temperatura de exposição para todas as amostras de concreto com diferentes
proporções de mistura.
Pesquisas anteriores, como a de Hwang et al. (2018), focaram apenas no
desempenho de colunas de concreto durante o fogo, mas é muito importante também
entender o desempenho dessas colunas após a fase de resfriamento, porque a maioria
das estruturas de concreto expostas às condições de incêndio não entram em colapso
e podem ser reutilizadas por métodos de reparo adequados.
No entanto, de acordo com Mustafa & Kadhum (2018), a decisão sobre se é mais
econômico reformar as estruturas expostas ao fogo ou se deve ser demolida e
reconstruída é uma tarefa desafiadora. Essa decisão requer um entendimento completo
do comportamento dessas estruturas após serem expostas ao fogo, a fim de decidir se
a capacidade de carga residual ainda é adequada.
Diante dessas premissas, é importante avaliar experimentalmente a resistência
do concreto após incêndios através de ensaios de ultrassom em pilares e testemunhos,
usando diferentes tempos de exposição à curva padrão (já que os incêndios podem ter
durações variadas), pois fornecem resultados imediatos, podendo assim compará-los
com ensaios destrutivos em corpos de prova. Espera-se, com isso, obter valores
aproximados em ambos os métodos, com base em valores empíricos indicados na
bibliografia.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A proposta do trabalho é avaliar a resistência residual do concreto pós-incêndio,


adotando tempos distintos de exposição e, em cada um desses tempos, segue-se o
esquema da Figura 2. Vale salientar que, antes da concretagem dos pilares, são
realizados ensaios de granulometria e de caracterização dos materiais usados na
pesquisa, ou seja: a brita 1 e a areia média.
Após a exposição de um pilar de concreto (1 m x 0,3 m x 0,3 m) a elevadas
temperaturas, durante determinado tempo, seguindo a curva de incêndio padrão ISO
834 (podendo atingir temperaturas próximas à 1200 °C), é feito o ensaio de ultrassom
no mesmo a fim de avaliar a velocidade do pulso ultrassônico. Posteriormente, são
extraídos testemunhos destes pilares, seguindo os procedimentos da NBR 7680 (ABNT,
2015) e realizado o ensaio de ultrassom nestes testemunhos.
À medida que são concretados os pilares, também são produzidos corpos de
prova, a fim de realizar os ensaios destrutivos que possam ser comparados com os não
destrutivos, após a exposição a altas temperaturas. A Figura 2 apresenta um esquema
do procedimento experimental deste trabalho.

Figura 2 - Esquema do procedimento experimental deste trabalho.


Fonte: O Autor.

Depois de definido o procedimento experimental, foi produzida a forma para os


pilares, que será reutilizada através do processo de forma e desforma. A Figura 3 traz
a forma para a concretagem dos pilares da pesquisa.

Figura 3 - forma para a concretagem dos pilares da pesquisa.


Fonte: O Autor.
A concretagem dos pilares e dos corpos de prova está prevista para o mês de
julho de 2019 e, após um período de cura de 45 dias, serão realizados os ensaios
destrutivos e não destrutivos (de ultrassom).
Paralelamente aos ensaios experimentais, serão feitas simulações numéricas no
software de elementos finitos Abaqus/CAE, definindo distribuições de temperatura no
interior do pilar.
Segundo o EN1992-1-2 (2010), os métodos avançados de cálculo são
consolidados pelos modelos numéricos e devem envolver o cálculo da evolução de
temperatura nos elementos estruturais e o cálculo do comportamento mecânico
(deslocamentos e tensões) dos elementos ou da estrutura expostos ao fogo.

4. RESULTADOS E CONCLUSÕES ESPERADAS

Espera-se que os resultados da velocidade do pulso ultrassônico pós-incêndio


indiquem valores aproximados nos dois objetos de avaliação: nos pilares e nos seus
respectivos testemunhos.
Os valores da velocidade de pulso ultrassônico (tanto de pilares quanto de
testemunhos) serão associados a valores de resistências à compressão e módulo de
elasticidade do concreto, de acordo com equações desenvolvidas por diversos autores.
Deseja-se, assim, comparar esses resultados com os dos ensaios destrutivos de
resistência à compressão e módulo de elasticidade, afim de avaliar a fidelidade dos
métodos.
Como cada um dos pilares será exposto a tempos distintos de fogo (60, 120 e 180
min), é previsto que para tempos menores as resistências residuais ainda sejam
suficientes para que a estrutura possa ser recuperada sem ser necessária a sua
demolição.
A partir da simulação numérica no Abaqus, espera-se obter a resistência à
compressão e módulo de elasticidade do concreto após a exposição a altas
temperaturas nos tempos predeterminados e compara-los com os ensaios
experimentais, obtendo valores com certa aproximação. Além disso, analisar as
distribuições de temperatura no interior do material.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT NBR 15200: Projeto


de estruturas de concreto em situação de incêndio. Rio de Janeiro, 2012.

Eurocode 2: Design of concrete structures – Part 1.2: General Rules – Structural Fire
Design. EN 1992-1-2.

HWANG, E.; GYUYONG, K.; GYEONGCHEOL, C.; MINHO, Y.; GUCUNSKI, N.;
NAMA, J. Evaluation of concrete degradation depending on heating conditions by
ultrasonic pulse velocity. Construction and Building Materials 171, 511–520, 2018.

MUSTAFA, S. A. & MOHAMMED, M. K.; Experimental and numerical study on post-fire


behaviour of concentrically loaded reinforced reactive powder concrete columns.
Construction and Building Materials 168, 877–892, 2018.

SILVA, D. dos S. Propriedades mecânicas residuais após incêndio de concretos


usados na construção civil na grande Florianópolis. Dissertação de Mestrado em
Engenharia Civil, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis – SC (Brasil), 102 p., 2009.

YANG, H.; YICHING, L.; CHIAMEN, H.; JIAN-YOU, L. Evaluating residual compressive
strength of concrete at elevated temperatures using ultrasonic pulse velocity. Fire
Safety Journal44, 121–130, 2009.

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