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Cálcio, Fósforo e Vitamina D na

Doença Renal Crônica


Autora:
Cristina Martins. Nutricionista pela Universidade Federal do Paraná; Doutora em Ciências Médicas – Nefrologia
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em Nutrição Clínica pela New York University; Dietista
Registrada pela American Dietetic Association; Especialização em Nutrição Normal e Especialização em Nutrição
Clínica pela Universidade Federal do Paraná; Especialista em Nutrição Renal pela American Dietetic Association;
Especialista em Suporte Nutricional Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral;
Clínica Certificada em Suporte Nutricional pela American Society of Parenteral and Enteral Nutrition; Coordenadora do
Setor de Nutrição da Clínica de Doenças Renais de Curitiba e da Fundação Pró-Renal Brasil; Diretora Geral da NUTRO
Soluções Nutritivas; Diretora Acadêmica e de Produção do Instituto Cristina Martins de Educação em Saúde

Copyright© 2013 by Instituto Cristina Martins

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Cálcio, Fósforo e Vitamina D
na Doença Renal Crônica
Cristina Martins

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Após a leitura deste capítulo, você deverá estar apto a:
yy Descrever o metabolismo do cálcio, do fósforo e da vitamina D.
yy Identificar os valores séricos de referência, na doença renal crônica, para o cálcio, fósforo, produto cálcio x
fósforo e do paratormônio.
yy Reconhecer os princípios da restrição do fósforo alimentar como terapia de controle do metabolismo do cálcio
e fósforo.
yy Explicar as bases do uso de quelantes de fósforo em pacientes com doença renal crônica.
yy Identificar a possibilidade do uso da niacina como método de controle da hiperfosfatemia de pacientes com
doença renal crônica.
yy Compreender a indicação da reposição de vitamina D e análogos para pacientes renais crônicos.
yy Identificar os princípios do uso e as opções de calcimiméticos para o controle do metabolismo do cálcio e fósforo.

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Problematização - Estudo de Caso

M.C.C., 43 anos de idade, portador de DRC secundária a hipertensão arterial não controlada
durante 20 anos. Inicia um programa dialítico (hemodiálise) com função renal residual em
torno de 8mL/min. (média entre clearance de creatinina e de ureia). Peso inicial no programa
dialítico: 58kg; peso usual: 68kg. A hemodiálise é realizada três vezes por semana, quatro
horas por sessão. Após dois anos em hemodiálise com o esquema inicial, fístula arteriovenosa
sem intercorrências, o paciente passa a apresentar anorexia intensa e consequente perda
de peso. Pressão arterial=180/110mmHg. Ausência de edema periférico. Peso atual=50kg,
altura=163cm. A avaliação da adequação do procedimento mostra Kt/V=1,3, taxa de redução
de ureia (PRU)=65%. Dados laboratoriais sanguíneos: hemoglobina=10mg/dL, cálcio=9,4mg/
dL, fósforo=6,5mg/dL, PTH=150mcg/mL, albumina=3,2g/dL. Em uso de uma injeção de
eritropoietina, uma vez por semana.

1. Como você avalia os dados laboratoriais de cálcio, fósforo e PTH de M.C.C.?


2. Pelo fato de a albumina sérica estar abaixo do normal, o resultado do cálcio sérico deve
ser corrigido. Qual é o valor corrigido do cálcio sérico? Está dentro da normalidade?
3. Qual é o resultado do produto cálcio x fósforo de M.C.C.? Como você o interpreta?
4. A partir dos níveis séricos elevados de fósforo, apresentados por M.C.C., qual seria a sua
conduta primária?
5. Quais são as bases da educação alimentar para a restrição de fósforo na dieta de M.C.C.?
6. Na avaliação para o uso de quelantes de fósforo, quais os princípios básicos que devem
ser considerados para M.C.C.?
7. Para M.C.C., o PTH encontra-se normal, o fósforo sérico está elevado, assim como o nível
corrigido do cálcio sérico. Qual é o tipo de quelante que pode ser indicado no momento?
8. Quais são os principais motivos para a indicação da suplementação de cálcio em
pacientes com doença renal crônica?
9. Caso M.C.C. apresentasse níveis séricos de fósforo = 5,0mg/dL, de cálcio = 7,7mg/dL e
de PTH = 180mg/dL, qual seria a conduta mais indicada?

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Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica

INTRODUÇÃO METABOLISMO DO CÁLCIO,


FÓSFORO E VITAMINA D

N
o organismo saudável, há equilíbrio entre a
ingestão e a excreção de cálcio e fósforo. O osso é um tecido dinâmico, em contínua
O balanço é regulado, principalmente, renovação durante a vida. As características,
pela ação do paratormônio (PTH) e da vitamina compacta e esponjosa, fornecem força e
D. Na doença renal crônica (DRC), pode ocorrer densidade ideal para a mobilidade e proteção (1).
precocemente o aumento dos níveis séricos de Além disso, os ossos são reservatório de cálcio,
PTH e da excreção de fósforo urinário. Com a fósforo, magnésio, sódio e outros íons necessários
progressão da doença, nota-se a diminuição do para a homeostasia orgânica. O osso é composto
calcitriol sérico, que é a forma ativa da vitamina D, de duas fases: A primeira é a proteica osteoide,
e da absorção intestinal do cálcio. Em fases mais constituída basicamente por colágeno sintetizado por
tardias, observam-se resistência óssea à ação do osteoblastos. E a segunda é a mineral, representada
PTH, hipertrofia e hiperplasia das paratireoides, por cálcio e fósforo. Estes, na forma de cristais de
hiperfosfatemia e hipocalcemia. A diálise, hidroxiapatita, depositam-se sobre a primeira (2).
isoladamente, é incapaz de remover a quantidade Para os problemas relacionados ao metabolismo do
total de fósforo ingerido, principalmente por causa cálcio, fósforo e vitamina D, o KDIGO (Kidney Disease:
da baixa saída de fósforo do espaço intracelular para Improving Global Outcomes) sugere dois termos
o extracelular. Por isso, pacientes em diálise crônica distintos: a osteodistrofia renal (ODR) e o distúrbio
frequentemente apresentam hiperfosfatemia e/ou mineral e ósseo da DRC (DMO-DRC). A biópsia informa
produto cálcio x fósforo elevado. sobre a taxa de formação óssea, presença e quantidade
Graves consequências estão envolvidas com o de osteoide e grau de fibrose. Já o DMO-DRC refere-
desequilíbrio no metabolismo do cálcio, fósforo e se a uma síndrome que engloba as alterações clínicas
vitamina D em pacientes com DRC. A osteodistrofia e bioquímicas, relacionadas ao cálcio, fósforo, PTH e
renal e as alterações que englobam, também, as vitamina D. E as alterações ósseas e extra ósseas.
calcificações extra-ósseas são as principais. O Em um estudo pioneiro, Block et al descreveram
produto cálcio x fósforo elevado e a sobrecarga de o alto risco de mortalidade relacionada com o
cálcio imposta pelos quelantes de fósforo à base fósforo sérico acima de 6,5mg/dL em pacientes
de cálcio estão associados com maior calcificação submetidos à hemodiálise (HD) (3). Da mesma
de tecidos moles, calcificação cardiovascular e forma, o produto cálcio x fósforo elevado e a
aumento da mortalidade. sobrecarga de cálcio imposta pelos quelantes de
Embora desejada e recomendada, a restrição fósforo à base de cálcio foram associados com
alimentar de fósforo pode comprometer o maior calcificação de tecidos moles, calcificação
metabolismo proteico e dificultar a manutenção cardiovascular e aumento da mortalidade (4).
do estado nutricional adequado. Os quelantes de
fósforo, dependendo da forma de sua utilização, são, Cálcio
também, participantes em potencial da fisiopatologia As reservas de cálcio corporal estão 99% na forma
do distúrbio mineral ósseo da DRC. Esse capítulo de hidroxiapatita ([3Ca3(PO4)2].(OH)2). Somente 1% do
discute as bases do metabolismo do cálcio, fósforo cálcio do corpo encontra-se no sangue (1). O cálcio
e vitamina D, e as diversas terapias designadas para sérico encontra-se sob três formas: 1) livre (ionizado),
a prevenção e tratamento das alterações. 2) ligado a proteínas e 3) na forma de complexos. A
menor parte, em torno de 10% do cálcio sérico total,
está como complexos. Nesse caso, o cálcio forma
complexos com ânions, como o bicarbonato, o fosfato
e o sulfato. Já o cálcio ionizado representa 50% do
cálcio total sérico. E está em torno de 5mg/dL no
plasma (5). É a fração biológica mais importante,

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pois regula muitos processos metabólicos. A forma A função básica do PTH é preservar os níveis
ligada a proteínas compõe aproximadamente 40% sanguíneos do cálcio. Para isto, atua na reabsorção
do cálcio total sérico. A principal proteína ligada é a óssea, na excreção renal do cálcio e, indiretamente, em
albumina. Por isso, alterações nos níveis séricos dessa nível intestinal, no estímulo da atividade da 1-α-hidroxilase
proteína afetam a concentração do cálcio sérico total. renal. A consequência é a maior produção da 1,25(OH)2
A diminuição de 1,0g/dL na concentração plasmática vitamina D3. No osso, o PTH ativa a osteoclastogênese
da albumina reduz o cálcio sérico total em 0,8mg/dL. e promove a reabsorção óssea (6).
Por isso, preconiza-se a correção dos níveis séricos do A ingestão alimentar recomendada do cálcio é de
cálcio total em relação à concentração da albumina 1.000mg por dia para homens e mulheres adultas com
plasmática. A equação de correção utilizada é: idades entre 19 a 51 anos, e de 1.200mg por dia para
aqueles com mais de 51 anos (7). As principais fontes
Cálcio sérico total corrigido (mg/dL) = cálcio sérico total (mg/dL) + alimentares de cálcio são o leite e seus derivados.
0,8 x [4,0 – albumina sérica (g/dL)]
A ingestão alimentar média do mineral varia de 500
a 1.500mg por dia. Destes, apenas 25 a 45% são
As variações de normalidade dos níveis séricos absorvidos, e cerca de 130mg são secretados de volta
dependem do laboratório, de acordo com o método à luz intestinal (8). A absorção é regulada pela vitamina
utilizado para a análise. Os valores de referência mais D. Ocorre no íleo, de forma passiva, e no duodeno e
frequentemente utilizados são de 8,8 a 10,5mg/dL jejuno, de forma ativa. Na DRC, a absorção intestinal
(2,2 a 2,6mmol/L) para o cálcio total e 4,4 a 5,2mg/dL de cálcio, invariavelmente, diminui.
(1,1 a 1,3mmol/L) para o cálcio ionizado. Além de ter função estrutural, os ossos são um
O equilíbrio corporal do cálcio depende da reservatório não estático de cálcio. Durante o dia, em
integração entre o trato gastrintestinal, os rins e torno de 500mg de cálcio são reabsorvidos e a mesma
os ossos. O ajuste do cálcio sérico é feito por ele quantidade é acrescida aos ossos (5). A interação entre
mesmo, por intermédio de receptores nos órgãos- as principais células do osso, que são os osteoclastos
alvo e de diversos hormônios, principalmente o PTH e osteoblastos, é complexa e bem regulada.
e a vitamina D. Então, a interação entre o PTH e a A excreção do cálcio é, principalmente, pela
vitamina D mantém o cálcio e o fósforo sérico sob urina. Por dia, são excretados entre 2 e 4mg/
controle. A Fig. 1 demonstra a interação. kg de peso corporal, dependendo da quantidade
de cálcio absorvido pelo intestino (5). No rim, a

*afetados diretamente pela diminuição da função renal

Fig. 1 Resposta homeostática normal à diminuição do cálcio sérico

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Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica

maioria do cálcio filtrado (98 a 99%) é reabsorvida (H2PO4-2 e HPO4-2), 10% estão ligados a proteínas e 5%
pelos néfrons (5). Quando há expansão do volume formam complexos com o cálcio e o magnésio (5).
extracelular, a excreção urinária de cálcio aumenta. A concentração sérica de fósforo varia com a
Já na depleção do volume extracelular, a excreção idade, gênero, dieta e pH. Além disso, apresenta um
de cálcio diminui. Diuréticos, como a furosemida, ritmo circadiano, com concentrações mais baixas pela
promovem maior excreção de cálcio. manhã, elevação e pico à noite (5). Em nosso meio, as
A forma ativa da vitamina D, o calcitriol ou concentrações normais habituais de fósforo sérico são
1,25(OH)2D3, atua em quase todos os tecidos de 2,5 a 4,5mg/dL para o adulto. As concentrações
do organismo, com múltiplas e diferentes ações. normais de fósforo para crianças são mais elevadas,
Entretanto, suas ações principais são nos ossos em torno de 6 a 7mg/dL para a idade ao redor dos
e no metabolismo mineral. O calcitriol estimula a dois anos. Em muitos países, a concentrações de
absorção de cálcio e fósforo no intestino. No osso, fósforo são expressas em mmol/L. Para fazer a
o calcitriol estimula a deposição de cristais de conversão, deve-se multiplicar a quantidade em mg/
hidroxiapatita sobre a matriz proteica, induzindo, dL por 0,323 (mmol/L = mg/dL x 0,323).
assim, a mineralização do tecido ósseo. As condições que levam à hipofosfatemia estão
O PTH é um hormônio polipeptídico, produzido associadas ao raquitismo e à osteomalacia. Por outro
pelas células principais das paratireoides. A sua lado, a hiperfosfatemia da DRC está associada ao
principal função é controlar os níveis séricos de aumento do risco cardiovascular.
cálcio. O PTH está presente nos rins, nos ossos e O intestino e o rim têm funções importantes no
nos condrócitos da placa de crescimento (5). Nos metabolismo do fósforo, relacionadas à absorção
rins, o PTH tem três funções importantes: 1) estimar alimentar e à excreção, respectivamente, do mineral.
a reabsorção do cálcio, 2) inibir a reabsorção do Vários fatores e hormônios envolvidos no equilíbrio
fósforo, 3) aumentar a formação do calcitriol, além do fósforo alteram a eficiência da absorção intestinal
de reduzir a sua degradação. Como consequência, há ou da reabsorção renal do fósforo.
aumento da absorção intestinal de cálcio e de fósforo. Em condições normais, são absorvidos em torno de
No osso, o PTH aumenta a reabsorção óssea. 13mg/kg/dia, ou 1,0 a 1,5g/dia, de fósforo no intestino.
As principais causas de distúrbios no metabolismo A absorção do fósforo alimentar é de 60 a 70%,
do cálcio estão relacionadas aos desequilíbrios da principalmente em nível de duodeno e jejuno proximal
vitamina D e do PTH. (5). E a biodisponibilidade dele nos alimentos de origem
animal é maior do que em vegetais. O meio ácido do
Fósforo estômago e da maior parte do intestino delgado proximal
O fósforo tem papel importante na formação (pH = 5) é importante para manter a solubilidade e
molecular do DNA e do RNA. As células utilizam fósforo promover a absorção do fósforo. A absorção intestinal
para armazenar e transportar energia, na forma de do mineral é regulada, principalmente, pela vitamina
trifosfato de adenosina (ATP). Além disso, juntamente D. A quantidade absorvida de fósforo no intestino é
com o cálcio, é um dos principais componentes equivalente à excretada na urina.
minerais dos ossos. Aproximadamente 200mg de Em um adulto saudável e com função renal
fósforo entram e saem do osso diariamente (5). No normal, aproximadamente 7.000mg de fósforo
líquido extracelular, participa da formação e dissolução são filtrados por dia (5). Desses, de 80 a 97%
ósseas. O fósforo é, também, parte do sistema tampão são reabsorvidos pelos túbulos. Aproximadamente
urinário, fundamental para a manutenção do equilibro 15% são excretados na urina. A reabsorção renal
acidobásico (5). Em um indivíduo normal, há cerca de do fósforo é regulada pelo PTH e pela ingestão
600 a 700g de fósforo, que significam em torno de 1% de fósforo. O PTH causa fosfatúria. A ingestão de
do peso corporal. Aproximadamente 85% do fósforo fósforo diminui a reabsorção. A restrição de fósforo
total estão no esqueleto e dentes, 14% nos tecidos na dieta aumenta a reabsorção renal do mineral (5).
moles e o restante no sangue e líquido extracelular. Há O fósforo está presente em muitos alimentos.
pouca concentração de fósforo dentro das células. No Em geral, os alimentos ricos em proteínas são
sangue, 85% do fósforo estão como ortofosfatos livres também ricos em fósforo. Consequentemente, a sua

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deficiência em indivíduos saudáveis é muito rara. D nas células tubulares, sua ação é controversa, com
A ingestão recomendada para adultos saudáveis, possível atuação na reabsorção tubular ou excreção
homens e mulheres, é de 700mg por dia (9). Porém, de cálcio e de fósforo (8, 10). Portanto, a diminuição
a ingestão média da população é maior, variando da síntese do calcitriol reduz, por consequência, a
de 800 a 1.500mg por dia, e está relacionada ao absorção intestinal de fosfato (11).
consumo de alimentos ricos em proteínas. Além da regulação dos níveis corporais de cálcio e
de fósforo e da mineralização óssea, a vitamina D têm
Vitamina D vários outros efeitos biológicos. O receptor dela está
A vitamina D é um hormônio esteroide. Ela pode presente em vários tipos celulares.
estar presente sob duas formas: 1) ergocalciferol ou Atualmente, a dosagem sérica do calcidiol (25OHD)
vitamina D2, sintetizada em plantas a partir do precursor é a mais adequada para a avaliação e monitorização
ergosterol e 2) colecalciferol ou vitamina D3. A vitamina da condição nutricional da vitamina D. Os níveis séricos
D3 é produzida na pele pela irradiação ultravioleta considerados normais são >30ng/mL. Na insuficiência
do 7-di-hidrocolesterol (7-DHC, pró-vitamina D3). As (entre 10 e 30ng/mL) da vitamina, há elevação das
vitaminas D2 e D3 têm diferenças mínimas em suas concentrações circulantes de PTH. Consequentemente,
estruturas químicas. Mesmo assim, as diferenças ocorre o hiperparatireoidismo secundário, com
nas ações metabólicas são significativas. A vitamina redução da fração ativa [1,25(OH)2D]. Com isso, há
D2 é menos potente que a vitamina D3. aumento da reabsorção óssea e risco de fraturas. A
Após a exposição solar, o 7-DHC sofre quebra deficiência franca da vitamina D é considerada quando
fotoquímica e origina a pré-vitamina D3. Em 48 se encontra abaixo de 10ng/mL. Os níveis séricos do
horas, essa molécula é rearranjada, sob influência calcidiol podem variar nas estações do ano, de acordo
da temperatura, e resulta na formação da vitamina com a exposição solar e ingestão alimentar.
D3 (colecalciferol). Quando a vitamina D3 é formada
na pele ou a vitamina D2 é ingerida, elas entram
na circulação e podem ser armazenadas no tecido VALORES SÉRICOS DE REFERÊNCIA
adiposo ou transportadas para o fígado. No fígado, a
NA DOENÇA RENAL CRÔNICA
vitamina D (D2 ou D3, com a mesma metabolização a
partir desse ponto) é convertida em 25OHD (calcidiol).
As diretrizes da NKF-K/DOQI e do KDIGO para
Esta é um produto com pouca atividade metabólica,
o metabolismo mineral indicam o tratamento dos
mas é a principal forma circulante da vitamina D.
vários distúrbios que podem levar à DMO-DRC (12,
A 25OHD é transportada até os rins, onde é
13). O objetivo é prevenir não só a osteopatia,
filtrada, reabsorvida e convertida em 1,25-di-hidroxi-
mas também a calcificação, a doença arterial e a
vitamina D [1,25(OH)2D3, calcitriol], a forma ativa da
mortalidade cardiovascular relacionada à uremia.
vitamina D. A síntese do calcitriol é estimulada pelo
O Quadro 1 apresenta os valores de referência
PTH, que, por sua vez, é secretado em resposta aos
determinados pelo NKF-K/DOQI para pacientes em
níveis baixos de cálcio sérico. A diminuição do fósforo
estágio 4 da DRC ou em diálise.
sérico também aumenta a síntese do calcitriol.
A exposição solar é responsável por 80 a 90%
Quadro 1 Diretrizes do NKF-K/ para o metabolismo
das reservas de vitamina D. Peixes com alto teor de ósseo (13)
gordura, ovos e leite enriquecido são as principais Parâmetro Sanguíneo Valor Alvo
Cálcio (total, corrigido**) 8,4 a 9,5mg/dL
fontes de vitamina D na alimentação.
Fósforo 3,5 a 5,5mg/dL
A ingestão recomendada para adultos saudáveis Produto cálcio x fósforo <55mg2/dL2
varia de 5 a 15mcg por dia, de acordo com a idade (7). PTH 150 a 300pg/mL
A vitamina D exerce sua ação primordial no intestino
delgado, ao regular a absorção intestinal de cálcio e de As diretrizes do KDIGO são mais conservadoras
fósforo. Além disso, liga-se a receptores existentes nas e consideram, como objetivo, os mesmos valores
paratireoides e suprime diretamente a síntese do PTH. laboratoriais de referência recomendados para a
Nos rins, apesar de haverem receptores para a vitamina população saudável (12). Por exemplo, até 4,5mg/
dL para o fósforo sérico.

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Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica

Então, a terapêutica baseia-se em: manutenção carnes. Em um estudo com pacientes em HD, claras
dos níveis séricos recomendados de fósforo e de de ovos líquidas pasteurizadas foram incluídas em
cálcio, e reposição da vitamina D. Porém, apesar uma refeição por dia, durante seis semanas (16). Os
do avanço no conhecimento e na terapêutica da níveis séricos do fósforo diminuíram e os de albumina
DMO-DRC, a maioria dos pacientes não consegue aumentaram significativamente.
controlar adequadamente o PTH, o fósforo ou o Por outro lado, a restrição alimentar do fósforo pode
produto cálcio x fósforo séricos. Um estudo mostrou diminuir a ingestão proteica. E levar à desnutrição e
que apenas 7% dos pacientes atingiram os valores- ao aumento da mortalidade. Um estudo mostrou que
alvo propostos pelo NKF-K/DOQI (14). quanto maior a restrição alimentar de fósforo, piores
A manutenção dos níveis séricos recomendados foram os resultados a longo prazo dos indicadores do
de fósforo pode ser alcançada com o controle de a estado nutricional de pacientes em HD (17). E maior
ingestão alimentar do mineral e com o uso de quelantes. foi a indicação de uso de suplementos nutricionais.
Além disso, a terapia com a niacina pode ser uma boa Uma opção pode ser a suplementação de
opção. Para pacientes em diálise, a eficiência dialítica cetoácidos. Em um estudo, a restrição proteica
também é fator crucial para o controle da fosfatemia. alimentar (0,8g/kg/dia) com suplementação de
cetoácidos melhorou significativamente o fósforo
sérico de pacientes hiperfosfatêmicos em HD após
TERAPIAS oito semanas (18). Os cetoácidos contendo cálcio
resultam na formação de fosfato de cálcio insolúvel
Restrição do Fósforo Alimentar no intestino. No estudo, houve manutenção do
A restrição da ingestão alimentar de fósforo é estado nutricional dos pacientes. Portanto, essa pode
essencial para manter o controle sérico do mineral. ser uma boa alternativa terapêutica para aqueles com
Infelizmente, a dietoterapia ainda é subestimada hiperfosfatemia descontrolada. As grandes limitações
para o objetivo (15). A primeira estratégia é a dos cetoácidos, entretanto, são o alto custo e a
limitação de alimentos naturalmente ricos no mineral, exigência de uso de muitos comprimidos diários.
como o leite e os substitutos, as leguminosas e os Outro aspecto são os aditivos alimentares contendo
refrigerantes do tipo cola. Porém, o fósforo é bem fósforo, usados cada vez mais frequentemente na
difundido nos alimentos. E há relação estreita dele indústria de alimentos. Alimentos industrializados
com a quantidade de proteínas dos alimentos. Para contendo aditivos com fósforo reduzem os efeitos
pacientes em tratamento não dialítico da DRC, protetores da restrição alimentar de fósforo, exigem
que têm recomendação de dietas hipoproteicas, aumento do uso de quelantes e elevam o custo do
a restrição alimentar do fósforo é viável. Porém, tratamento, além de outras complicações. Os aditivos
para pacientes em diálise, com recomendação alimentares que contêm fósforo inorgânico são quase
de dietas hiperproteicas, a restrição alimentar do 100% absorvidos pelo trato gastrintestinal (19-21).
fósforo é extremamente complicada. Nesse caso, Em uma alimentação típica, contendo grãos, carne
uma estratégia é selecionar fontes alimentares com e laticínios, aproximadamente 40-60% dos fosfatos
baixa razão fósforo/proteína (Quadro 2). A melhor orgânicos naturais são absorvidos. Portanto, alimentos
relação fósforo/proteína é a clara do ovo, seguida das e bebidas contendo esses aditivos representam

Quadro 2. Relação fósforo/proteína em alguns alimentos


Alimento Fósforo (mg) Proteína (g) Relação Fósforo/Proteína
Gema de ovo (2, 50g) 250 8 31
Leite (230mL) 220 8 27,5
Queijo (50g; Minas) 215 9 24
Fígado de boi (100g) 370 20 18,5
Soja (100g)* 218 14 16
Carnes (1 bife, 100g) 197 20 9,8
Clara de ovo (2, 50g) 17 6 2,8
Fonte: média de diversas tabelas de composição química de alimentos.
*A biodisponibilidade intestinal do fósforo de alimentos de origem vegetal é menor do que de fontes animais.

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sobrecarga perigosa, extra e oculta, de fósforo. O uso significativamente, em quase metade, o teor fósforo
de aditivos contendo fósforo aumenta a relação do contido nesses alimentos crús (22). A quantidade
mineral para a proteína. Em alimentos processados de proteínas foi praticamente preservada com o
contendo aditivos com fosfato, um estudo mostrou procedimento. Por isso, o benefício da fervura em
taxa média de 14,6mg de fósforo para cada grama água como forma de reduzir fósforo dos alimentos deve
de proteína, comparado com 9,0mg por grama para fazer parte da educação alimentar dos pacientes com
itens que não continham o aditivo (20). dificuldades de controle do fósforo sérico.
Exemplos de aditivos alimentares que contém A baixa adesão à dieta pobre em fósforo e ao uso
fósforo são: fosfato de cálcio, fosfato de potássio, de quelantes de fósforo é um problema comum dos
fosfato de sódio, fosfato de magnésio e ácido fosfórico. pacientes em diálise (23). Para auxiliar na adesão,
Mas os nomes alternativos de cada um desses aditivos a educação alimentar de pacientes e da equipe
são inúmeros. Alimentos tradicionais que usam aditivos profissional é crucial. Vários estudos mostraram
contendo fósforo incluem (19): carnes reestruturadas eficácia da educação alimentar no controle de fósforo
(ex.: nuggets de frango e salsichas), queijos (24-28), particularmente na melhora do conhecimento.
processados ou em creme, produtos instantâneos O impacto parece ser maior para pacientes que
(ex.: pudins e molhos), alimentos refrigerados de apresentam menos conhecimento inicial e para aqueles
panificadora, e bebidas (ex.: refrigerantes, chás, sucos mais hiperfosfatêmicos. No estudo de Ford et al, 20 a
e águas flavorizadas de várias marcas). Mesmo as 30 minutos de educação alimentar adicional por mês
carnes frescas podem receber injeção de solução com resultou em melhora significativa da hiperfosfatemia
aditivos de sódio e fósforo. As razões para a indústria e doo conhecimento dos pacientes em relação ao
utilizar os sais de fosfato como aditivos são múltiplas. assunto (26). Porém, além do conhecimento, o sucesso
Eles não são onerosos e são efetivos para assegurar a na redução dos níveis de hiperfosfatemia depende da
qualidade dos produtos. E são considerados seguros motivação e da determinação do paciente. E pelo fato
para a população em geral. Os sais de fosfato agem de o tempo em diálise ter grande impacto na adesão
não somente como ácidos, como é o caso do ácido (23), estratégias educacionais devem ser planejadas
fosfórico, mas também como tampão. Eles asseguram para repetições criativas a longo prazo. A utilização
a cremosidade e a homogeneidade dos produtos de materiais educativos e de atividades lúdicas,
de laticínio, promovem ou previnem a cogulação, individuais e em grupo, com adequação às limitações
emulsificam, preservam a textura de carnes congeladas cognitivas e sensoriais, pode ajudar na motivação e
e melhoram o sabor e a cor das carnes. Eles também na melhora da adesão. O maior objetivo da educação
amaciam carnes duras e asseguram a maleabilidade de alimentar é dar poder ao paciente, que começa com
produtos de panificadora, refrigerados e congelados. o conhecimento dele sobre o assunto.
Eles também reduzem a rancificação pela oxidação e Em resumo, segue as recomendações do NICE
podem ser usados para adicionar nutrientes específicos, Clinical Guidelines sobre o manejo alimentar para a
como o cálcio, a um produto. Portanto, o uso de hiperfosfatemia de adultos e crianças (29):
aditivos contendo fósforo extende-se a todos os grupos yy Um nutricionista, especialista em doença renal,
alimentares industrializados, e tornou-se um grande apoiado por outros profissionais da saúde, com
desafio. As informações sobre o conteúdo de fósforo as habilidades e competências necessárias,
no rótulo, incluindo a quantidade nos aditivos, não são deve realizar avaliação e oferecer informação e
obrigatórias. E podem atém mesmo serem consideradas aconselhamento individualizado sobre o manejo
como “segredo industrial”. Portanto, para o momento, a alimentar do fósforo.
melhor sugestão é o paciente evitar qualquer alimento yy O aconselhamento sobre o manejo do fósforo
industrializado que contenha aditivo com fósforo. alimentar deve ser adaptado para as necessidades
Outro aspecto que influencia no conteúdo de individuais de aprendizado e preferências, ao invés
fósforo dos alimentos é o tipo de processamento ou de ser generalizado ou por meio de um programa
de cozimento, industrial ou doméstico. O procedimento complexo de multicomponentes.
de fervura pode eliminar certa quantidade de fósforo yy Devem ser dadas informações sobre o controle
dos alimentos. Em estudo, a fervura de 10, 20 e da ingestão de alimentos ricos em fósforo, em
30 minutos da carne vermelha e do frango reduziu particular aqueles com alto teor de fósforo por

10
Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica

grama de proteína, e alimentos e bebidas com frequentes (36). O uso dos sais de cálcio é limitado
altos conteúdos de fosfato (aditivos). O objetivo pelo desenvolvimento de hipercalcemia em até 38%
é controlar o fosforo sérico e, ao mesmo tempo, dos pacientes, e pela elevação do produto cálcio x
evitar a desnutrição, mantendo a ingestão fósforo, principalmente quando em uso da vitamina
proteica no mínimo ou acima do recomendado. D. A ingestão de quelantes à base de cálcio é fator
Para pessoas em diálise, levar em conta as de risco independente para a calcificação vascular
possíveis perdas pelo dialisato. (37). Por isso, recomenda-se que a dose total de
yy Caso seja necesssário usar um suplemento cálcio elementar, incluindo o cálcio alimentar, não
para manter a ingestão proteica de crianças e deve exceder 2g (lembrar que 500mg de carbonato de
jovens com hiperfosfatemia, oferecer um produto cálcio contém 200mg de cálcio elementar). Também
com baixo conteúdo de fósforo, considerando a se desaconselha o uso em pacientes hipercalcêmicos
preferência e outras necessidades nutricionais. (cálcio total maior que 10,2mg/dL), naqueles com PTH
intacto menor que 150 e em casos de calcificação
Quelantes de Fósforo grave, seja ela vascular ou de tecidos moles (38).
O uso de quelantes está indicado quando o controle A manutenção de níveis adequados de calcemia é
do fósforo (níveis séricos acima de 5,5mg/dL) é difícil parte importante do controle do metabolismo mineral
somente com a alimentação. Ou em caso de indicação em pacientes submetidos à terapia renal substitutiva.
de dieta hiperproteica (30). Todos os quelantes Pacientes em diálise peritoneal apresentam
apresentam mecanismo de ação semelhante: ligam- mais frequentemente tendência à hipercalcemia,
se ao fósforo proveniente da dieta e diminuem a principalmente pelo uso de quelantes de fósforo à
absorção deste íon no trato gastrintestinal. Portanto, base de cálcio associado às bolsas de diálise com alta
é evidente que os quelantes devem ser prescritos de concentração de cálcio. Quando o cálcio total exceder
acordo com o conteúdo de fósforo de uma refeição 10,2mg/dL, medidas como redução de quelantes à
ou lanche. Porém, muitas vezes, eles são prescritos base de cálcio, diminuição ou suspensão da oferta
inadequadamente (31). O uso adequado pode de vitamina D ou de seus análogos e utilização de
diminuir a quantidade prescrita de comprimidos (25). bolsas de diálise com concentração de cálcio de
Além disso, pode melhorar a adesão do paciente, 2,5mEq/L devem ser implementadas (38).
diminuir custos e riscos do tratamento. A hipocalcemia (cálcio total menor que 8,4mg/
De forma ideal, um quelante deveria ter alta dL) deve ser corrigida se o paciente apresentar
afinidade pelo fósforo, baixa solubilidade, ser palatável sintomas como parestesias ou sinais de tetania ou se
e não ser absorvido ou apresentar toxicidade. o PTH estiver acima dos níveis-alvo recomendados.
Os quelantes à base de alumínio são bastante Nestes casos, utilizam-se medidas opostas àquelas
efetivos em diminuir a absorção de fósforo. empregadas no tratamento da hipercalcemia.
Porém, devido aos vários efeitos colaterais que O hidrocloridrato ou, agora também disponível, o
apresentam, como por exemplo, anemia microcítica, carbonato de sevelamer (Renagel®, Renvela®) é um
osteomalácia e risco de encefalopatia, eles têm quelante de fósforo isento de cálcio e de alumínio, não
seu uso bastante restrito (32). absorvível e resistente à degradação digestiva (39). Em
Os quelantes à base de cálcio podem ser um estudo multicêntrico que analisou 200 pacientes
empregados como terapia inicial. Carbonato ou acetato em HD, Chertow et al demonstraram que o sevelamer,
de cálcio são as preparações mais utilizadas. O acetato comparado ao carbonato ou ao acetato de cálcio,
de cálcio (1mg de fósforo quelado por 3mg de cálcio preveniu a progressão de calcificações coronarianas
absorvido) é mais efetivo que o carbonato de cálcio e valvares aórticas, documentadas por tomografia
(1mg de fósforo quelado por 8mg de cálcio absorvido) computadorizada por feixe de elétrons (EBCT) (40).
(33, 34). Clinicamente, não há diferença significativa na Ao final das 52 semanas do estudo, o fósforo sérico,
taxa de hipercalcemia entre as duas preparações (35). assim como o produto cálcio x fósforo, foi semelhante
Ambos devem ser utilizados próximos ou durante as em ambos os grupos. Entretanto, a incidência de
refeições. Sintomas gastrintestinais como obstipação, hipercalcemia foi significativamente maior no grupo
desconforto abdominal e baixa palatabilidade são que utilizou quelantes à base de cálcio. Outro achado,

11
atribuído à ligação com sais biliares, foi a diminuição quelantes foram o formato da dose, o sabor, o número
dos níveis séricos de colesterol total e da LDL com o de comprimidos e a intolerância gástrica. A intolerância
uso do sevelamer. O nível sérico de bicarbonato foi gástrica e o sabor ruim foram mais frequentemente
menor ao final do estudo em pacientes que utilizaram relatados para o hidróxido de alumínio. O sevelamer
o hidrocloridrato de sevelamer (22,1 ± 4,4 vs 19,2 recebeu queixas em relação ao tamanho muito grande
± 4,3, p=0,0003) (40). Vários estudos confirmaram e ao número elevado de comprimidos por dia. As
sua eficácia em diminuir o fósforo sérico e os níveis queixas do lantânio foram em relação a ser mastigável.
de PTH, sem aumentar o cálcio do sangue (41-43). As recomendações do NICE Clinical Guidelines, sobre
No entanto, um estudo randomizado e multicêntrico, quelantes de fósforo no manejo da hiperfosfatemia
de 2.103 pacientes, objetivou avaliar a mortalidade crianças, jovens e adultos são (29):
total e por causa específica (cardiovascular, infecção yy Para crianças e jovens, oferecer quelantes à base
ou outras) (44). Não houve vantagem na sobrevida de cálcio como primeira opção de quelante para
de pacientes prevalentes em diálise. Houve somente o controle do fósforo sérico, além do manejo
algum benefício no subgrupo com mais 65 anos de alimentar.
idade. O sevelamer deve ser administrado junto com as yy Para crianças e jovens, em caso de várias
refeições. A dosagem inicial, bem como a manutenção, medidas seriadas de cálcio sérico mostrarem
deve ser em função dos níveis de fósforo sérico. tendência para o limite máximo da normalidade
A associação com baixas doses de sais de cálcio para a idade, considerar um quelante à base de
mostrou-se promissora em alguns estudos (45, 46). E cálcio em combinação com o sevelamer, levando
pode diminuir os custos potenciais do tratamento, ao em consideração outras causas para o aumento
permitir o uso de doses menores de sevelamer. dos níveis de cálcio.
O carbonato de lantânio (Fosrenol®), aprovado pelo yy Para crianças e jovens adultos que permanecem
Food and Drug Administration americano (FDA) em hiperfosfatêmicos, apesar da aderência ao
2004, ainda não está disponível em nosso meio. Ele quelante de fósforo à base de cálcio, e que os
também é um quelante isento de cálcio e de alumínio, níveis de cálcio sérico estão acima do limite
que se liga ao fósforo e forma o fosfato de lantânio. máximo normal para a idade, considerar a
Apresenta baixa absorção gastrintestinal e os resultados combinação ou a mudança para o sevelamer,
foram favoráveis para pacientes hemodialisados. levando em consideração outras causas para o
Dados histomorfométricos não revelaram a presença aumento dos níveis de cálcio.
de osteomalácia ou de doença adinâmica em período yy Para adultos, oferecer acetato de cálcio como
de uso do lantânio de até um ano (47). Além disso, primeira opção de quelante de fósforo para
o metal não cruza a barreira hemato-liquórica. E o controlar o fósforo sérico, além do manejo
número de comprimidos necessários para a quelação alimentar.
de fósforo é pequeno (1 a 3 por dia), o que pode facilitar yy Para adultos, considerar o carbonato de cálcio se
a adesão ao tratamento (48). Entretanto, o lantânio o acetato de cálcio não estiver sendo tolerado, ou
é um metal de transição e, devido aos problemas o paciente o achar impalatável.
anteriores com o alumínio, sua aceitação ainda é yy Para adultos com DRC nos estágios 4 ou 5, não
controversa. E os desfechos clínicos e a calcificação em diálise, e que estão tomando quelante à base
vascular ainda não foram adequadamente avaliados. de cálcio:
A não aderência ao uso de quelantes pode estar ŒŒ considerar a mudança para um quelante
relacionada à preferência do paciente, além de outros não à base de cálcio se o quelante à base
fatores. Num estudo, 54,5% dos pacientes relataram de cálcio não estiver sendo tolerado;
não gostar do quelante prescrito (49). Estes pacientes ŒŒ considerar a combinação ou a mudança
tiveram maior risco de apresentar níveis séricos de para um quelante não à base de cálcio se a
fósforo maiores que 5,5mg/dL. O acetato de cálcio foi o hipercalcemia se desenvolver (levando em
quelante preferido por quase a maioria dos pacientes, conta outras causas do aumento dos níveis
seguido do lantânio, do sevelamer e do hidróxido de cálcio), ou se os níveis séricos do PTH
de alumínio. As razões para a não preferência de estiverem baixos.

12
Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica

yy Para adultos com DRC no estágio 5, em diálise, e A niacina é conhecida como ácido nicotínico. A
que que permanecem hiperfosfatêmicos, apesar nicotinamida, ou niacinamida, é o amido do ácido
da aderência à dose máxima recomendada ou nicotínico. A conversão do ácido nicotínico para a
tolerada de quelante de fósforo à base de cálcio, nicotinamida não é um processo direto. Embora
considerar a combinação ou a mudança para um ambos sejam rapidamente absorvidos no corpo, o
quelante não à base de cálcio. ácido nicotínico somente é capaz de funcionar nas
yy Para adultos com DRC no estágio 5, em diálise, e formas de coenzimas nas células, para o processo
que estão tomando quelante à base de cálcio, se de glicogenólise, no metabolismo de ácidos graxos
os níveis séricos de fósforo estão controlados pela e na respiração de tecidos (52). As duas formas da
dieta atual e pelo regime atual de quelante, mas: niacina têm sido estudadas em relação ao efeito nos
ŒŒ os níveis de cálcio sérico estão acima do níveis de fósforo sérico. Efeitos positivos e negativos
limite máximo de normalidade ou de ambas têm sido identificados. Aparentemente,
ŒŒ os níveis de PTH estão baixos, considerar a a nicotinamida tem menos efeitos colaterais. Os
combinação ou a mudança para o sevelamer efeitos negativos potenciais do ácido nicotínico são
ou lantânio, levando em consideração a vermelhidão cutânea, as alterações nos testes de
outras causas para o aumento dos níveis função hepática, a piora da resistência insulínica, os
de cálcio. distúrbios gastrintestinais, como náuseas, vômitos
yy Para crianças, jovens e adultos, se é usada a e irritação de úlceras gástricas pré-existentes. Com
combinação de quelante de fósforo, aumentar a nicotinamida, os efeitos colaterais mais comuns
lentamente a dose, até alcançar o controle do são o desconforto gastrintestinal e o potencial
fósforo sérico, levando em consideração os para trombocitopenia. Mas, aparentemente, o
efeitos de qualquer quelante à base de cálcio nos monitoramento da tolerância do paciente e o fornecimento
níveis séricos do cálcio. de doses mais baixas do suplemento podem resultar em
yy Levar em consideração a preferência e a facilidade reações pequenas nos pacientes (53).
de administração, assim como as circunstâncias Com a compreensão de que a nicotinamida pode
clínicas, quando oferecer um quelante de fósforo inibir o transportador Na-Pi-IIb no intestino e no
recomendado. túbulo renal, os estudos têm focado na eficiência e
yy Orientar os pacientes (ou, quando apropriado, os determinação da dose exata que pode ajudar no controle
pais e/ou cuidadores) que é necesssário tomar os do fósforo sérico em pacientes com DRC. A eficiência e
quelantes de fósforo junto com os alimentos, para a segurança foram bem comprovadas com diferentes
controlar o fósforo sérico. doses (de 1 a 2g por dia) de niacina, por períodos usuais
yy Em resumo, em cada rotina clínica, revisar e de 2 a 3 meses (54-59). Ao iniciar a suplementação,
avaliar o controle sérico de fósforo, levando em o paciente deve ser monitorado cuidadosamente para
consideração: determinar o nível de tolerância individual.
ŒŒ manejo alimentar do fósforo; Enfim, a suplementação com a nicotinamida deve
ŒŒ regime de uso do quelante de fósforo; ser considerada como alternativa ou adição às terapias
ŒŒ aderência à dieta e medicamento; atuais de controle do fósforo sérico de pacientes
ŒŒ outros fatores que podem influenciar o com DRC. A suplementação pode ajudar a diminuir
controle do fósforo, como o uso da vitamina o número usado de comprimidos de quelantes, pode
D e a diálise. melhorar a adesão do paciente e diminuir custos.

Niacina Vitamina D e Análogos


A área menos pesquisada e nova é o uso da niacina A deficiência absoluta da forma ativa da vitamina
com método para controle da hiperfosfatemia. A base D, 1,25(OH)2D3 ou calcitriol, possui papel central
do uso da niacina foi a descoberta do transportador na gênese do hiperparatireoidismo secundário.
Na-Pi-IIb, parcialmente responsável pela quantidade Adicionalmente, diminuição no número de receptores
de fósforo absorvida, e presente no intestino e e resistência à ação da vitamina D concorrem para
nos túbulos renais. O transportador é inibido pela uma deficiência relativa deste hormônio (60).
presença da nicotinamida (50, 51).

13
O calcitriol (Rocaltrol®) é efetivo em reduzir os níveis (<15ng/mL) ou deficiência (15-30ng/mL) de calcidiol
séricos de PTH. Entretanto, o aumento da absorção deve ser tratada com vitamina D2 ou D3.
intestinal de cálcio e de fósforo é o principal limitante
para seu uso. Em pacientes com hiperparatireoidismo Calcimiméticos
secundário, a administração da vitamina D em pulsos Por seu papel regulador da secreção de PTH, os
não apresentou maior vantagem que a via oral (61). receptores sensores de cálcio, detectados em vários
Doses de calcitriol de 0,5 a 1µg por via oral duas ou tecidos, como paratireoides, rins, intestino e osso,
três vezes por semana, de preferência à noite, são tornaram-se alvo farmacológico potencial, na tentativa
comumente empregadas (38, 62). Alternativamente, de suprimir o PTH e diminuir os níveis séricos de cálcio
doses menores (0,25µg) podem ser administradas e de fósforo. Ligantes que ativam estes receptores
diariamente. O objetivo em pacientes com DRC e inibem a secreção de PTH foram desenvolvidos
estágio 5 é a redução de níveis séricos de PTH e denominados de calcimiméticos. A utilização
para valores entre 150 a 300pg/mL ou mantê-los destes compostos por via oral diminui abruptamente
na faixa de aproximadamente duas a nove vezes o o PTH sérico, em uma a duas horas, de maneira
valor do limite superior da normalidade. Infelizmente dose-dependente. Como efeito colateral, nota-se a
não é rara a necessidade de suspensão do calcitriol hipocalcemia com alguma frequência. Dados obtidos
por hipercalcemia (>10,2mg/dL) ou hiperfosfatemia de estudos clínicos, que utilizaram o hidrocloreto
graves (6mg/dL). É também frequente, pela já citada de cinacalcete (Mimpara®), com duração de 12 a
hiperabsorção intestinal de cálcio e de fósforo, a 24 meses, indicam que o PTH pode ser diminuído
necessidade de adequação da concentração de efetivamente em pacientes hemodialisados, com
cálcio no dialisado, a diminuição no uso de quelantes decréscimo concomitante no produto cálcio x fósforo
de fósforo à base de cálcio e/ou a introdução de (66, 67). Uma indicação possível dos calcimiméticos
quelantes não calcêmicos para evitar aumentos são os casos de hipercalcemia durante a utilização de
indesejáveis do produto cálcio x fósforo. calcitriol. Em um estudo multicêntrico (OPTIMA) (68),
Mais recentemente, foram desenvolvidos análogos a eficácia terapêutica do cinacalcete foi comparada
da vitamina D com menor ação hipercalcêmica e ao tratamento tradicional com doses flexíveis de
hiperfosforêmica. Estudos iniciais com o doxercalciferol vitamina D (ou análogos) e quelantes de fósforo, em
(1-α-OH-vitamina D2) e com o paricalcitol (19-nor- pacientes submetidos à HD e com hiperparatireoidismo
1,25(OH)2D2, Zemplar®) mostraram-se promissores secundário inadequadamente controlado (PTH maior
(45, 63). Em 2003, um estudo chamou atenção que 300 e menor que 800pg/mL). No geral, 71% dos
ao detectar menor mortalidade de pacientes pacientes tratados com cinacalcete, em contraste
hemodialisados que utilizaram o paricalcitol versus com apenas 22% nos tratados com doses flexíveis
aqueles que usaram o calcitriol. Neste estudo, Teng et de vitamina D, alcançaram níveis plasmáticos de
al, em uma análise retrospectiva, compararam 29.021 PTH médios menores que 300pg/mL (p<0,001).
pacientes que utilizaram o paricalcitol e 38.378 que Estudos em andamento (estudo EVOLVE - EValuation
usaram o calcitriol (64). Ao final de 36 meses, houve Of Cinacalcet HCl Therapy to Lower CardioVascular
redução da mortalidade em aproximadamente 4% Events, por exemplo) procuram determinar o
no grupo que utilizou o paricalcitol. Os mecanismos efeito do cinacalcete na morbidade e mortalidade
para esses resultados ainda são desconhecidos. cardiovascular de pacientes em HD.
Outro estudo retrospectivo relatou menor taxa de
hospitalização e de permanência hospitalar com o
paricalcitol (65). Apesar de intrigantes, obviamente CONCLUSÃO
estes dados necessitam de confirmação, com
estudos prospectivos e multicêntricos. A hiperfosfatemia é um obstáculo difícil para
É importante frisar que em qualquer estágio a população de pacientes com DRC. Quando
de progressão da DRC, devem-se avaliar os não tratada, há aumento do risco para múltiplos
níveis de calcidiol (25-OH-vitamina D), a forma de problemas de saúde e sobrevida. Estes incluem a
estoque da vitamina. São consideradas adequadas doença cardiovascular, resultante da calcificação
concentrações entre 30 a 60ng/mL. A insuficiência

14
Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica

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Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica

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