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Disciplina: Registro de Imóveis

Professor: Ralpho Monteiro


Aula: 60

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA - AFG

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA - AFG

Pagamento de Tributos

O registro da alienação fiduciária justamente porque transfere propriedade condicional não demanda recolhimento
do devido imposto.

Entende-se que o fato gerador no campo do direito tributário é a transferência da propriedade plena, e não aquela
limitada e que a princípio nasce para ser provisória.

Requisitos do Contrato de Alienação Fiduciária em Garantia – art. 24 da Lei 9.514/97.

Art. 24. O contrato que serve de título ao negócio fiduciário conterá:


I - o valor do principal da dívida;
II - o prazo e as condições de reposição do empréstimo ou do crédito
do fiduciário;
III - a taxa de juros e os encargos incidentes;
IV - a cláusula de constituição da propriedade fiduciária, com a
descrição do imóvel objeto da alienação fiduciária e a indicação do
título e modo de aquisição;
V - a cláusula assegurando ao fiduciante, enquanto adimplente, a livre
utilização, por sua conta e risco, do imóvel objeto da alienação
fiduciária;
VI - a indicação, para efeito de venda em público leilão, do valor do
imóvel e dos critérios para a respectiva revisão;
VII - a cláusula dispondo sobre os procedimentos de que trata o art.
27.
Parágrafo único. Caso o valor do imóvel convencionado pelas partes
nos termos do inciso VI do caput deste artigo seja inferior ao utilizado
pelo órgão competente como base de cálculo para a apuração do
imposto sobre transmissão inter vivos, exigível por força da
consolidação da propriedade em nome do credor fiduciário, este
último será o valor mínimo para efeito de venda do imóvel no primeiro
leilão.

Inadimplemento

Previsão: art. 26, da Lei 9.514/97.

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Art. 26. Vencida e não paga, no todo ou em parte, a dívida e
constituído em mora o fiduciante, consolidar-se-á, nos termos deste
artigo, a propriedade do imóvel em nome do fiduciário.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, o fiduciante, ou seu
representante legal ou procurador regularmente constituído, será
intimado, a requerimento do fiduciário, pelo oficial do competente
Registro de Imóveis, a satisfazer, no prazo de quinze dias, a prestação
vencida e as que se vencerem até a data do pagamento, os juros
convencionais, as penalidades e os demais encargos contratuais, os
encargos legais, inclusive tributos, as contribuições condominiais
imputáveis ao imóvel, além das despesas de cobrança e de intimação.

Vencida e não paga no todo ou em parte a dívida, e constituído em mora o devedor fiduciante, a propriedade será
consolidada em nome do fiduciário (regra geral).

Será intimado o devedor a requerimento do credor fiduciário pelo Oficial do Competente Registro de Imóveis, que
determinará ao devedor a satisfação do crédito no prazo de 15 dias acrescidas das parcelas vincendas, além dos
demais consectários legais.

Quando por duas vezes o Oficial de Registro de Imóveis ou de Títulos e Documentos houver procurado o devedor
sem o encontrar, e havendo suspeita de ocultação deverá intimar qualquer pessoa da família ou vizinho de que no
dia útil imediato voltará para intimá-lo na hora que determinar. Nesta matéria aplicam-se subsidiariamente as
normas do CPC, principalmente os artigos 252, 253 e 254 (art. 26, §3º-A da Lei).

Art. 26 [...]
§ 3º-A. Quando, por duas vezes, o oficial de registro de imóveis ou de
registro de títulos e documentos ou o serventuário por eles
credenciado houver procurado o intimando em seu domicílio ou
residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita motivada de
ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta,
qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, retornará ao imóvel, a
fim de efetuar a intimação, na hora que designar, aplicando-se
subsidiariamente o disposto nos arts. 252, 253 e 254 da Lei no 13.105,
de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).

Nos condomínios edilícios a intimação poderá ser feita ao funcionário da portaria responsável pelo recebimento de
correspondência – art. 26, §3º-B desta Lei.

Art. 26.
§ 3º-B. Nos condomínios edilícios ou outras espécies de conjuntos
imobiliários com controle de acesso, a intimação de que trata o § 3o-
A poderá ser feita ao funcionário da portaria responsável pelo
recebimento de correspondência.

Convalescimento do Contrato de Alienação Fiduciária em Garantia

Purgada a mora no Registro de Imóveis convalescerá o contrato de alienação fiduciária – art. 26, §5º desta Lei.

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Art. 26. [...]
§ 5º Purgada a mora no Registro de Imóveis, convalescerá o contrato
de alienação fiduciária.

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SUMÁRIO

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA - AFG

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA - AFG

Dívidas que podem ser garantidas por Alienação Fiduciária em Garantia

Qualquer dívida ou obrigação pode ser garantida ou abonada por meio da Alienação Fiduciária em Garantia. É o
que se retira do art. 51 da Lei 10.931/04 (Lei que dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações
imobiliárias).

Art. 51. Sem prejuízo das disposições do Código Civil, as obrigações em


geral também poderão ser garantidas, inclusive por terceiros, por
cessão fiduciária de direitos creditórios decorrentes de contratos de
alienação de imóveis, por caução de direitos creditórios ou aquisitivos
decorrentes de contratos de venda ou promessa de venda de imóveis
e por alienação fiduciária de coisa imóvel.

onstituição da Alienação Fiduciária em Garantia

Atos do Registro de Imóveis

1. Contratação – o art. 22, “caput” da Lei 9.514/97, fala ao definir a Alienação Fiduciária em Garantia de
maneira técnica em contratação da transferência ao credor fiduciário da propriedade resolúvel do imóvel.
O termo contratação é preciso porque neste momento ainda não há constituição de alienação fiduciária.

Art. 22. A alienação fiduciária regulada por esta Lei é o negócio jurídico
pelo qual o devedor, ou fiduciante, com o escopo de garantia, contrata
a transferência ao credor, ou fiduciário, da propriedade resolúvel de
coisa imóvel.

2. Constituição – o art. 23 desta Lei deixa claro que somente a partir do registro no competente Registro de
Imóveis é que surge propriedade fiduciária sobre o bem imóvel. O que se registra, portanto, é o contrato
(título registrário), a natureza do registro é, portanto, constitutiva.

3. Cancelamento da Alienação Fiduciária em Garantia – com o término do prazo e o pagamento integral,


resolve-se a propriedade fiduciária, averbando-se o seu cancelamento na mesma matrícula. Para tanto,
será necessário o termo de quitação que será fornecido pelo credor fiduciário com firma reconhecida.

Título Registrário

Questão: É preciso o uso de escritura pública? O título registrário é o contrato e costuma-se discutir se ele precisa
ser formalizado por meio de escritura pública, surgiram então 02 entendimentos:

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O entendimento majoritário é no sentido de que se o contrato tiver em corpo único o próprio negócio imobiliário
e a constituição da Alienação Fiduciária em Garantia haveria então dispensa da escritura pública (Luiz Guilherme
Loureiro, Martha El Debis). O professor Ralpho é favorável a este entendimento.

A corrente minoritária interpreta o art. 38 da Lei 9.514/97 que menciona os atos e contratos referidos nesta lei.
Assim, a possibilidade de contratar sem escritura pública estaria restrita aos casos em que há efetivo financiamento
– Julgado da 1ª Vara de Registros Públicos – Processo nº 0006136-24.2011.

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ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA - AFG

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Dinâmica da Alienação Fiduciária em Garantia

1. Criação de propriedade resolúvel – o primeiro passo é a alienação do imóvel com fins de garantia para o credor
que terá então propriedade resolúvel (condição resolutiva é o pagamento do devedor). O patrimônio está na
propriedade do credor, no caso de inadimplemento basta consolidá-la, sem a necessidade do judiciário.

2. Desdobramento da posse – o devedor fiduciante fica com a posse direta e o credor fiduciário com a indireta.

3. Consolidação da propriedade – do prisma do credor o pagamento gerará a resolução da propriedade que se


consolidará no patrimônio do devedor. Se não adimplir sofrerá o devedor a execução extrajudicial que
redundará na consolidação da propriedade em nome do credor.

Autonomia do Instituto em Face da Legislação

A alienação fiduciária em garantia encontra-se regulamentada pela Lei 9.514/97 que cuida do sistema financeiro
imobiliário – SFI, o entendimento, entretanto, é de que se trata de um instituto com autonomia, podendo-se
manejar ainda que por pessoas físicas ou jurídicas atuantes fora do sistema do SFI (art. 22, §1º, da Lei 9.514/97).

Art. 22. A alienação fiduciária regulada por esta Lei é o negócio jurídico
pelo qual o devedor, ou fiduciante, com o escopo de garantia, contrata
a transferência ao credor, ou fiduciário, da propriedade resolúvel de
coisa imóvel.
[...] § 1º A alienação fiduciária poderá ser contratada por pessoa física
ou jurídica, não sendo privativa das entidades que operam no SFI,
podendo ter como objeto, além da propriedade plena:

Objeto da Alienação Fiduciária em Garantia – art. 22, §1º, Lei 9.514/97.

Pode ser objeto da Alienação Fiduciária em Garantia além da propriedade plena:


• Os bens enfitêuticos - Hipótese em que será exigível o pagamento do laudêmio se houver, a consolidação
do domínio útil do credor fiduciário;
• Direito de uso especial para fins de moradia;
• Direto real de uso, desde que se possa aliená-lo; e
• Propriedade superficiária (abarca o direito de laje).

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SUMÁRIO

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA - AFG

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA - AFG

Previsão: art. 1.225, I, CC

Art. 1.225. São direitos reais:


I - a propriedade;
[...]

A alienação fiduciária em garantia no CC é chamada de propriedade fiduciária, que é uma modalidade de


propriedade resolúvel.

A alienação fiduciária é o negócio jurídico por meio do qual o devedor transfere ao credor a propriedade resolúvel
e a posse indireta de um bem infungível (móvel) ou imóvel para que nele se instale direito real de garantia – art.
1.361, CC e art. 22 da 9.514/97.

Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa


móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao
credor.

Art. 22 da Lei 9.514/97. A alienação fiduciária regulada por esta Lei é


o negócio jurídico pelo qual o devedor, ou fiduciante, com o escopo de
garantia, contrata a transferência ao credor, ou fiduciário, da
propriedade resolúvel de coisa imóvel.

Dinâmica da Alienação Fiduciária em Garantia

1. Criação de propriedade resolúvel – o primeiro passo é a alienação do imóvel com fins de garantia para o
credor que terá então propriedade resolúvel (a condição resolutiva é o pagamento do devedor). O
patrimônio está na propriedade do credor, no caso de inadimplemento basta consolidá-la, sem a
necessidade do judiciário.

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SUMÁRIO

USUCAPIÃO COLETIVA

USUCAPIÃO COLETIVA

O art. 10 do Estatuto da Cidade, atualmente não fala mais em áreas urbanas com mais de 250 metros quadrados,
também não há menção a população de baixa renda e para os casos em que não é possível identificar os terrenos
ocupados por cada possuidor.

Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há


mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de
possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados
por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente,
desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel
urbano ou rural.

Com a nova redação cogita-se de núcleos urbanos informais existentes sem oposição a mais de 05 anos.

A primeira discussão diz respeito a abolição dos requisitos da baixa renda e da impossibilidade da demarcação de
posses.

O entendimento mais afinado com a realidade “mens legis” vai no sentido que estes dois requisitos fazem parte do
conceito de núcleo urbano informal: população de baixa renda e impossibilidade de demarcação de posse.

A lei modificou os requisitos referentes a extensão da área. Antes se exigia áreas urbanas com mais de 250 metros
quadrados, agora será necessário realizar o cálculo da seguinte forma:

• A área total deverá ser dividida pelo número de possuidores e o resultado tem que ser inferior a 250 metros
quadrados por possuidor.

Exemplo: área de 3000 mil metros quadrados com 70 pessoas = 42,85 metros quadrados por pessoa. Supondo que
dessas 70 pessoas são 11 famílias o resultado seria 272 metros quadrados por pessoa, ou seja, não seria possível
usucapir.

Portanto, o critério deve ser o número de pessoas e não de família.

Participação do Ministério Público

Na usucapião coletiva a participação do Ministério Público é obrigatória por dizer respeito a interesse social coletivo
e de regularização fundiária. Neste caso, o Ministério Público deverá se manifestar pelo mérito.

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Aula: 55

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SUMÁRIO

USUCAPIÃO COLETIVA

USUCAPIÃO COLETIVA

Natureza Jurídica

A usucapião coletiva é modalidade de usucapião especial de imóvel urbano, assim regulamentada pelo Estatuto da
Cidade.

A usucapião coletiva formará o que se chama de condomínio especial, porque todos os ocupantes
independentemente da extensão de sua posse se tornará titular de igual fração ideal no registro imobiliário, salvo,
escrito entre todos os envolvidos na posse - art. 10, §3º do Estatuto da Cidade.

Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há


mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de
possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados
por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente,
desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel
urbano ou rural.
[...] § 3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a
cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que
cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos,
estabelecendo frações ideais diferenciadas.

Requisitos:

NUI + fazer uma divisão entre área total dividido pelo número de possuidores + 05 anos.

NUI + área total + 5 anos


possuidores

REURB criou o núcleo urbano informal, e o núcleo urbano consolidado.

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USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA OU EXTRAJUDICIAL

Documentos que instruem a Usucapião

3. Certidões Negativas dos Distribuidores da Comarca da Situação do Imóvel e do Domicílio do Requerente.

Previsão: art. 216-A, III, LRP.


Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de
reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado
diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em
que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do
interessado, representado por advogado, instruído com:
[...] III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação
do imóvel e do domicílio do requerente;

O objetivo da providência é verificar se há ações referentes ao imóvel, como por exemplo, outra usucapião, uma
ação possessória, reipersecutória ou ações locatícias, isso serve para verificar se a posse é efetivamente mansa e
pacífica.

4. Justo Título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o
tempo da posse.

Previsão: art. 216-A, IV, LRP.

Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de


reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado
diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em
que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do
interessado, representado por advogado, instruído com:
[...] IV - justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem
a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o
pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel.

O justo título será necessário quando a usucapião pretendida for na modalidade ordinária. A lei passa a falsa
impressão de que o justo título pode ser substituído por outros documentos, o que não é verdadeiro posto que
estes tem por objetivo provar a posse e a sua natureza, como por exemplo, o pagamento de impostos e tributos,
de encargos de notas referentes a benfeitorias realizadas, etc.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 53

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SUMÁRIO

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA OU EXTRAJUDICIAL

Documentos que instruem a Usucapião

1. Ata notarial lavrada pelo Tabelião, atestando o tempo de posse do Requerente e seus antecessores,
conforme o caso e suas circunstâncias.

Previsão: art. 216-A, I, LRP.

Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de


reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado
diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em
que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do
interessado, representado por advogado, instruído com:
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do
requerente e de seus antecessores, conforme o caso e suas
circunstâncias, aplicando-se o disposto no art. 384 da Lei no 13.105,
de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil);

A ata notarial é um documento de absoluta proeminência no sistema da Usucapião Extrajudicial.

Conteúdo da ata notarial: o Notário narrará os fatos que presenciar, mas sem emitir juízo de valor, por exemplo,
não poderá atestar que a posse é mansa ou pacífica, não vai afirmar que a posse é longeva ou que reúne requisitos
para ser “ad usucapionem”. A análise de tais dados ficará a cargo do Oficial do Registro de Imóveis.

Nada impede que sejam lavradas várias atas.

A proposta do professor seria de “aproveitar” a ata notarial no processo judicial se não for possível o deferimento
extrajudicial.

2. Planta e memorial descritivo com a concordância dos interessados.

Previsão: art. 216-A, II, LRP.

Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de


reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado
diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em
que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do
interessado, representado por advogado, instruído com:

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[...] II - planta e memorial descritivo assinado por profissional
legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade
técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos
titulares de direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel
usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes;

São interessados os titulares de direitos reais e outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel
“usucapiente”, e nas matrículas dos imóveis confinantes.

O confinante limita-se a contestar eventual invasão em sua propriedade, não podendo impugnar os demais
requisitos da usucapião. Dentro de toda usucapião existe também uma demanda demarcatória.

Requisitos

A planta e o memorial devem ser assinadas pelo profissional habilitado inscrito no CREA, ou no CAU (Conselho de
Arquitetura e Urbanismo).

De acordo com a lei, as partes que manifestam concordância devem assinar o memorial descritivo. O ideal,
entretanto, é que assinem também a planta, porque este é documento de mais fácil compreensão.

Lembre-se que não é preciso todas as aquiescências neste documento, posto que, se alguma faltar será a pessoa
notificada pelo Registrador para que assim se manifeste. A não manifestação (silêncio) da parte intimada importa
concordância com a usucapião.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 52

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SUMÁRIO

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA OU EXTRAJUDICIAL

Questão: Quais modalidades de usucapião são compatíveis com a via administrativa? Em tese, qualquer
modalidade, mas imperativos de ordem prática podem impedir o processamento da usucapião coletiva nesta via,
como por exemplo, a necessidade da participação do MP na usucapião coletiva.

Documentos que instruem a Usucapião

1. Ata notarial lavrada pelo Tabelião, atestando o tempo de posse do Requerente e seus antecessores,
conforme o caso e suas circunstâncias.

A ata notarial é um documento de absoluta proeminência no sistema da Usucapião Extrajudicial.

Conteúdo da ata notarial: o Notário narrará os fatos que presenciar, mas sem emitir juízo de valor, por exemplo,
não poderá atestar que a posse é mansa ou pacífica, não vai afirmar que a posse é longeva ou que reúne requisitos
para ser “ad usucapionem”. A análise de tais dados ficará a cargo do Oficial do Registro de Imóveis.

Nada impede que sejam lavradas várias atas.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 51

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SUMÁRIO

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA OU EXTRAJUDICIAL

Pedido Inicial

a) Requisitos:

Os requisitos serão próximos de uma petição inicial, sendo, portanto necessário:


• Enquadramento legal;
• Apontamento da modalidade da usucapião pretendida;
• Descrição dos atos de posse;
• Fundamentos fáticos e jurídicos; e
• Pedido – formulado como dispõe o “caput” do art. 216-A.

O Registrador pode pedir emenda.

b) Desnecessidade de Reconhecimento de Firma na Procuração

Não é necessário seguir o que dispõe o art. 221, II da LRP, pois:

• O art. 221 refere documentos que servem de título para registro, categoria que não se enquadra a procuração;
• Para evitar um descompasso entre as vias judiciais e extrajudiciais, uma vez que o art. 38 do CPC/73, repetida a
regra no atual art. 105 não exige reconhecimento de firma.

Art. 221. Somente são admitidos registro:


[...] II - escritos particulares autorizados em lei, assinados pelas partes
e testemunhas, com as firmas reconhecidas, dispensado o
reconhecimento quando se tratar de atos praticados por entidades
vinculadas ao Sistema Financeiro da Habitação;

Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento


público ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a
praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar,
reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao
direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar
compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que
devem constar de cláusula específica.

c) Prenotação

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Assim que for apresentado o pedido de usucapião será inscrito no protocolo, portanto, prenotado, embora a
prenotação nos termos do art. 188 da LRP tenha validade de 30 dias, no procedimento administrativo ele se
prolonga até a manifestação de mérito do Oficial, ou até a impugnação (se houver).

Art. 188. Protocolizado o título, proceder-se-á ao registro, dentro do


prazo de 30 (trinta) dias, salvo nos casos previstos nos artigos
seguintes.

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Aula: 50

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA OU EXTRAJUDICIAL

A lei 11.977/09 (Minha Casa Minha Vida), “criou” a usucapião administrativa restrita a regulamentação fundiária
de interesse social.

O professor entende que este não foi o grande marco da usucapião administrativa e sim o CPC de 2015, pois foi ele
quem trouxe o art. 216-A da LRP como hipótese de usucapião administrativa geral de qualquer direito real, não
tendo como finalidade apenas a regularização fundiária.

Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de


reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado
diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em
que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do
interessado, representado por advogado, instruído com:

A usucapião administrativa não é uma afronta ao Poder Judiciário, pois não houve desjudicialização de matéria
reservada ao judiciário.

Tratamento da Lei Processual

Na nova sistemática processual pretendeu o legislador tornar a usucapião extra ou administrativa na regra,
deixando a judicial como exceção. Basta ver que no CPC/2015 a usucapião é processo comum, não tratado em
minúcias como é a extrajudicial.

Atribuição

O pedido de usucapião administrativa será dirigido ao Cartório de Imóveis (art. 216-A), da Comarca da situação do
imóvel, nesta serventia o pedido será processado e apreciado.

Em São Paulo as normas de serviço preveem uma audiência de conciliação que poderá ser feita pelo registrador.

O art. 1.691 do CC dispõe que o representante legal não pode alienar um bem dos seus representados sem
autorização judicial, no entanto, esta regra não se aplica usucapião extrajudicial, porque não há ato de alienação,
mas apenas o reconhecimento de que os requisitos da usucapião já estão preenchidos.

Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os


imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que
ultrapassem os limites da simples administração, salvo por
necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia
autorização do juiz.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 49

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA

USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA OU EXTRAJUDICIAL

Desjudicialização dos Procedimentos

O novo CPC trouxe diversos mecanismos de solução extrajudicial de conflitos.

No âmbito trabalhista a reforma trabalhista também visa dar “força” a desjudicialização, que serão apenas
homologados pelo Judiciário Trabalhista.

A desjudicialização trata-se de “tirar” matéria exclusiva do judiciário e resolvê-la de forma extrajudicial.

O CC no art. 5ª, I, parágrafo único, foi um grande marco para a desjudicialização quando tratou da emancipação
voluntária.

Art. 5º. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a


pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial,
ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis
anos completos;
[...]

A lei 11.441/07 tratou das separações, divórcios, inventários e partilhas extrajudiciais em âmbito absolutamente
extrajudicial, este fato está mantido no CPC atual.

Histórico da Usucapião

O art. 214, §5º da LRP, foi inserido pela lei 10.931/04 e evita o cancelamento do registro por vício do procedimento
quando presentes os requisitos da usucapião. Privilegia-se a aquisição do direito em detrimento de uma norma
procedimental.

Art. 214. As nulidades de pleno direito do registro, uma vez provadas,


invalidam-no, independentemente de ação direta.
[...] § 5º A nulidade não será decretada se atingir terceiro de boa-fé
que já tiver preenchido as condições de usucapião do imóvel.

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Aula: 48

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

USUCAPIÃO
1. Pressupostos da Usucapião

USUCAPIÃO (continuação)

d) Usucapião Familiar ou por abandono de lar

Previsão: art. 1240-A.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente


e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano
de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja
propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural.

• Prazo: 02 anos;
• Cônjuge ou companheiro abandonado permaneça no imóvel usando-o como sua moradia e de sua família;
• Condomínio entre os ex, de modo que o que vai se usucapir são os 50% do que abandonou;
• Até 250 metros quadrados;
• Não pode ter outra propriedade urbana ou rural (usucapiente);
• Usucapião que se adere uma única vez.

A crítica desta modalidade gira em torno da discussão de culpa, pois o juiz terá que julgar o abandono do lar.

e) Usucapião Coletiva – será tratada mais adiante.

Usucapião Extrajudicial ou Administrativa

A usucapião extrajudicial surge com o intuito de ocorrer a desjudicialização dos procedimentos.

Desjudicialização dos procedimentos, tendência no direito moderno é aumentar o espectro de atividades e


atribuições voltadas a solução de conflitos fora do âmbito do Poder Judiciário.

A alocação destas atividades para serventias extrajudiciais é apenas uma das modalidades de desjudicialização.

Desjudicialização dos procedimentos (linha do tempo):

a. Emancipação voluntária (art. 5º, parágrafo único, I, CC);

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Art. 5º. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial,
ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis
anos completos;

b. Separação, divórcio, inventário e partilha extrajudicial – Lei 11.411/07;

c. Em matéria de usucapião:
I. Art. 214, §5º, LRP. A lei 11.977/09;
II. Lei da minha casa minha vida, alguns doutrinadores dizem que este foi o grande marco da usucapião
administrativa, no entanto, o professor não entende desta forma, pois esta usucapião ficava limitada a
regularização fundiária de interesse social;
III. CPC/2015 – art. 216-A, LRP, professor entende que este foi o grande marco da usucapião, porque foi o diploma
processual que criou uma usucapião administrativa geral, isto é, aplicável para a aquisição de qualquer direito
imobiliário usucapível.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 47

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

USUCAPIÃO
1. Pressupostos da Usucapião

USUCAPIÃO (continuação)

c) Usucapião Especial ou Constitucional

A usucapião especial ou constitucional pode ser:

• Urbana;
• Rural

Usucapião Urbana Usucapião Rural


Prazo: 05 anos; Prazo: 05 anos;
Sem justo título e sem boa-fé; Sem justo título e sem boa-fé;
O usucapiende não pode ter outro imóvel; O usucapiende não pode ter outro imóvel;
Finalidade de moradia ou moradia da família; Finalidade de moradia ou tornar produtivo o imóvel;
Até 250 metros quadrados. Até 50 hectares.

A prova de que o usucapiende não tenha outro imóvel, é feito por simples declaração, sob pena de responsabilidade
civil e criminal, o ônus de provar que o usucapiende tem imóvel será do usucapido.

Não há flexibilização quanto aos requisitos objetivos.

d) Usucapião Familiar ou por abandono de lar

Previsão: art. 1240-A.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente


e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano
de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja
propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 46

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

USUCAPIÃO
1. Pressupostos da Usucapião

USUCAPIÃO (continuação)

1. Pressupostos da Usucapião (Gerais) (continuação)

Pressupostos Específicos (modalidades)

a) Usucapião Extraordinária:

• Prazo de 15 anos (se tiver posse-qualificada o prazo será de 10 anos), posse-qualificada é a posse pela
moradia, “pro-misero” ou “pro-labore”;
• Dispensa justo título e boa-fé;

b) Usucapião Ordinária:

• Prazo de 10 anos;
• Justo título – considera-se justo título todo e qualquer documento hábil em tese a transferir a propriedade,
mas que apresenta vício de natureza formal ou substancial que impede o registro. Exemplos: escritura de
compra e venda, formal de partilha, carta de arrematação, promessa de compra e venda, mas todas com
vícios.
• Boa-fé – trata-se da boa-fé prevista no art. 1.201, CC, daquele que ignora o vício na aquisição da posse.

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o


obstáculo que impede a aquisição da coisa.

Na usucapião ordinária o prazo será de 05 anos se o imóvel tiver sido adquirido onerosamente e o seu registro
posteriormente cancelado e desde que, o possuidor tenha nele feito sua morada ou realizado investimentos de
interesse social ou econômico – art. 1.242, parágrafo único, CC.

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que,


contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por
dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o
imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro
constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde
que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou
realizado investimentos de interesse social e econômico.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 45

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

USUCAPIÃO
1. Pressupostos da Usucapião

USUCAPIÃO (continuação)

1. Pressupostos da Usucapião (Gerais) (continuação)

2º) Objeto material – não podem ser usucapidos:

• Bens públicos de acordo com o art. 102 do CC (o critério para saber se o bem é público é a titularidade do
bem nos termos do art. 98, CC);
• Os terrenos de marinha (precisa ser analisado casuisticamente – fazer perícia normalmente);
• As terras devolutas (o fato de o imóvel não ter transcrição ou matrícula não significa que o bem é devoluto).
É preciso que o Estado prove tal condição – precedente REsp. 103255-MT, julgado 10.04.2000.

c) Requisitos Formais Gerais

• Tempo – o transcurso do tempo é fundamental para a estabilização jurídica de diversos institutos, com a
usucapião não é diferente.
• Posse – a posse deve ser mansa e pacífica, significando a ausência de oposição judicial. A posse tem que
ser também contínua.
• “Animus Domini” – tradicionalmente é a intenção de se tornar o dono, é o “animus rem sibi habendi”.
Atualmente entende-se o “animus domini” como comportamento de dono, o que se revela, por exemplo,
por realizações de benfeitorias, pela proteção possessória, pelo pagamento de contas e tributos referentes
ao imóvel, etc. Muda-se o critério de subjetivo para objetivo.

Pressupostos Específicos (modalidades)

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 44

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

USUCAPIÃO
1. Pressupostos da Usucapião

USUCAPIÃO (continuação)

1. Pressupostos da Usucapião (Gerais)

a) Requisitos subjetivos (ou pessoais) – neste pressuposto analisa-se a figura do possuidor (usucapiente) e do
proprietário (usucapido).

• Usucapiente (possuidor):
o Absolutamente incapaz – o absolutamente incapaz não exerce posse, somente exercerá posse por meio do
seu representante.
o Relativamente incapaz – o relativamente incapaz exerce posse, mas precisa do seu assistente para o
reconhecimento da propriedade (para o procedimento).
• Usucapido (proprietário) – sob o prisma do usucapido é preciso verificar se a prescrição está correndo ou já
correu (arts. 197, 198 e 199 do CC).

Art. 197. Não corre a prescrição:


I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores,
durante a tutela ou curatela.

Art. 198. Também não corre a prescrição:


I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados
ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo
de guerra.

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:


I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.

b) Requisitos objetivos (ou reais) – analisa-se o direito e a coisa usucapida:

1º) Direito real – inicialmente deve-se analisar qual o direito real deve ser usucapido. Exemplo: propriedade,
servidões, usufruto, direito de laje.

2º) Objeto material – não podem ser usucapidos:

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• Bens públicos de acordo com o art. 102 do CC (o critério para saber se o bem é público é a titularidade do bem
nos termos do art. 98, CC);
• Os terrenos de marinha (precisa ser analisado casuisticamente – fazer perícia normalmente);

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às


pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são
particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 43

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

ACESSÃO E USUCAPIÃO
1. Aquisição da Propriedade Imobiliária

ACESSÃO E USUCAPIÃO

Espécies de Acessão (continuação)

b4) Álveo Abandonado – ocorre o abandono de álveo quando um rio seca ou se desvia em razão de fenômeno da
natureza deixando descoberto o leito por onde antes corria. O álveo abandonado pertence aos proprietários
ribeirinhos das duas margens sendo que a sua divisão se fará com base na linha mediana – art. 1.252, CC.

Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos


proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham
indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo
curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o
meio do álveo.

USUCAPIÃO

É uma forma originária de aquisição da propriedade móvel ou imóvel, por meio do exercício prolongado e
ininterrupto da posse, em obediência aos pressupostos legais.

Função Social da Posse (posse-qualificada) – há 02 modalidades:

• Moradia – “pro-misero”
• Produtiva – “pro-labore”.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 42

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

ACESSÃO E USUCAPIÃO
1. Aquisição da Propriedade Imobiliária

ACESSÃO E USUCAPIÃO

Espécies de Acessão (continuação)

a) Industriais – são aquelas com a participação humana. Exemplos: edificações e plantações.


b) Naturais – ocorre por força da natureza.

b1) Aluvião – é o acréscimo paulatino de terra às margens de um rio ou de uma corrente com a consequente
aquisição da propriedade por parte do dono do imóvel ao qual aderiram as terras – art. 1.250, CC. Não há
indenização para o desfalcado, isso porque a terra foi adquirida de forma gradual.

Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente,


por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes,
ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos
marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios
de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da
testada de cada um sobre a antiga margem.

b2) Avulsão – é o repentino deslocamento de uma porção de terra em razão de força natural violenta,
desprendendo-se de um prédio e indo se juntar a outro. Nesse caso será lícito ao proprietário do imóvel desfalcado
pedir indenização no prazo decadencial de 01 ano – art. 1.251, CC.

Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se
destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a
propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem
indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono
do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se
remova a parte acrescida.

b3) Formação de Ilhas – é o decréscimo do volume de águas acarretando o surgimento de ilhotas em correntes de
rio, que pertencerão aos proprietários dos terrenos ribeirinhos fronteiros – art. 1.249, CC. Esta solução do CC
dificilmente irá se aplicar, pois em face do sistema constitucional brasileiro, grande parte dos rios são de
propriedade pública, portanto, as ilhas formadas também serão de propriedade pública.

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Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou
particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros,
observadas as regras seguintes:
[...]

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 41

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

ACESSÃO E USUCAPIÃO
1. Aquisição da Propriedade Imobiliária

ACESSÃO E USUCAPIÃO

1. Aquisição da Propriedade Imobiliária

A aquisição da propriedade pode ser uma aquisição derivada ou uma aquisição originária.

A aquisição derivada é aquela em que há uma relação entre o proprietário anterior e o novo, existindo, portanto
um lastro sucessivo como acontece na tradição e no registro do título translativo.

A aquisição originária é aquela em que não existe relação entre o proprietário anterior e o novo, portanto, quebra-
se o lastro sucessivo, não havendo necessidade de preocupação com o princípio da continuidade. Exemplos:
usucapião e acessão.

Questão: A execução forçada (hasta pública) é uma forma originária ou derivada de aquisição? O Conselho Superior
da Magistratura de São Paulo entende que é uma forma de aquisição derivada, mas muito embora a aquisição seja
derivada as penhoras do imóvel perdem seu efeito.

Acessão Imobiliária

Acessão é a incorporação a um objeto principal de tudo quanto se lhe adere em volume ou em valor.

Espécies de Acessão

a) Industriais – são aquelas com a participação humana. Exemplos: edificações e plantações.


b) Naturais.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 40

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

DOAÇÃO

DOAÇÃO (continuação)

e) Doação de ascendente para descendente

Não há nenhum óbice da doação de ascendente para descendente.

O art. 544, CC dispõe que é possível esta doação importando o bem doado em adiantamento de legítima (aquilo
que competiria ao donatário por herança).

Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge


a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.

É preciso que o donatário leve à colação o bem que foi doado em vida.

O valor dado para fins de colação é o do momento da doação, nos termos do art. 2.004, I, CC, no entanto, o art.
639, parágrafo único do CPC, dispõe que o valor do bem será o do momento da abertura da sucessão.

Cuidado: o art. 2004, I do CC foi tacitamente revogado pelo art. 639, parágrafo único do CPC.

Se o doador quiser fazer a doação de um bem ao seu descendente e dispensá-lo de levar a colação futuramente,
será necessário doar e especificar que o bem está saindo da parte disponível do doador.

Os arts. 2.002 e 2.005 do CC diz que o cálculo da metade disponível deverá ser feito no momento da doação.

f) Doação Inoficiosa

É a doação feita além daquilo que poderia o doador legitimamente deixar por testamento.

Havendo doação inoficiosa a parte que sobejar é nula, mas haverá validade da parte disponível.

Neste caso, deverá ser proposta uma ação de redução, ou seja, ação declaratória de nulidade.

O herdeiro prejudicado pode propor esta ação a qualquer tempo, por se tratar de um caso de nulidade.

Restrições Legais à Doação

• Doação de todos os bens do doador – a consequência é a nulidade – art. 548, CC;

Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou


renda suficiente para a subsistência do doador.

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• Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice – art. 550, CC (o cúmplice não é concubino) – a consequência é a
anulabilidade – o prazo para a propositura da ação é de 02 anos contados da dissolução do casamento.

O concubinato é uma relação contínua extraconjugal.

Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser


anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até
dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 39

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

DOAÇÃO

DOAÇÃO (continuação)

Previsão: art. 538, CC.

b) Doação Modal (ou clausulada, com encargo ou onerosa) – é a doação em que foi colocado um encargo
(elemento acidental do negócio jurídico).

O art. 136, CC mostra que o encargo é um elemento acidental diferenciado.

Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do


direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico,
pelo disponente, como condição suspensiva.

Os elementos acidentais do negócio jurídico são três, condição, termo e encargo.

A condição e o termo além de serem elementos acidentais são fatores de eficácia, pois tem o condão de modular
o negócio jurídico.

O encargo não é um fator de eficácia, pois não modula os efeitos do negócio jurídico.

O art. 136, CC dispõe que o encargo não suspende nem a aquisição nem o exercício do direito, portanto, em um
primeiro momento o donatário pode registrar a propriedade em seu nome independente de ter cumprido o
encargo.

Beneficiários do encargo:

• Doador;
• Donatário;
• Terceiro;
• Coletividade.

O encargo pode ser exigido judicialmente.

O doador pode exigir o encargo sempre, quando o encargo beneficiar a coletividade o MP tem legitimidade para
exigir o encargo.

Se o beneficiário for o donatário, o doador pode propor a ação, no entanto, a sentença de procedência servirá como
mero aconselhamento, na prática não será possível a execução da sentença.

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c) Doação feita ao nascituro

Previsão: art. 542, CC.

Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu
representante legal.

O nascituro não é um sujeito de direitos, de acordo com o art. 2º do CC o código adotou a teoria natalista, ou seja,
o nascituro tem expectativa de direito.

O nascituro é titular de um direito eventual, portanto pode receber uma doação.

O nascimento com vida é condição suspensiva para eficácia plena da doação, se eventualmente for o caso de
natimorto a liberalidade caducará, ou seja, não irá produzir seus efeitos.

Nos termos do art. 542, CC é válida a doação ao nascituro, desde que, aceita pelo representante legal.

d) Doação em contemplação de casamento futuro ou doação “propter nuptias”.

A realização do casamento é condição suspensiva, ou seja, se os nubentes desistirem do casamento a liberalidade


caduca, nos termos do art. 546, CC.

Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com


certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por
terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem
um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só
ficará sem efeito se o casamento não se realizar.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 38

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

COMPRA E VENDA E DOAÇÃO


2. Doação

COMPRA E VENDA E DOAÇÃO

2. Doação

Previsão: art. 538, CC.

Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por


liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de
outra.

Conceito: é o contrato em que o doador por liberalidade (“animus donandi”) transfere do seu patrimônio bens ou
vantagens para o patrimônio do donatário.

Natureza Jurídica (classificação):

1. Em regra, é unilateral (bilateral, se houver encargo);


2. Em regra é gratuito (oneroso, se houver encargo);
3. Consensual (se aperfeiçoa com a manifestação de vontade das partes);
4. Formal (exige instrumento escrito).

Exceção ao item 3 e 4 – doação manual: aquela que se faz de bens de pequeno valor, com a imediata tradição, esta
doação é real e informal. Não há um parâmetro para saber o que é um bem de pequeno valor.

Espécies de Doação

a) Doação pura – o doador não impõe nenhuma restrição ou encargo para o donatário, nem elemento incidental
do negócio jurídico. Há a mais completa e pura liberalidade.

Na doação pura poderá o doador fixar um prazo para o donatário manifestar sua concordância, se o donatário
ciente do prazo, não se manifestar presume-se sua aceitação – art. 539, CC.

Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se


aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo,
não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a
doação não for sujeita a encargo.

Em regra, o silêncio não é manifestação de vontade, nem concordância, mas excepcionalmente nos termos do art.
111, CC é possível que isso ocorra em casos quando a lei assim permitir, e o melhor exemplo é o art. 539, CC.

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Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os
usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade
expressa.

Na doação pura se o donatário for absolutamente incapaz é dispensada a sua aceitação, nos termos do art. 543,
CC.

Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a


aceitação, desde que se trate de doação pura.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 37

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

COMPRA E VENDA E DOAÇÃO


1. Compra e Venda

COMPRA E VENDA E DOAÇÃO

1. Compra e Venda

Restrições
a) Venda de ascendentes para descendentes – art. 496, CC.

• Autorização do Cônjuge.
• Prazo para ação de anulação – art. 179, CC.

Quando a lei dispuser que o ato é anulável e não dispuser o prazo, este prazo será de 02 anos decadenciais contados
do ato nos termos do art. 179 do CC.

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos,
a contar da data da conclusão do ato.

No entanto, o STJ entende que o prazo será de 02 anos decadenciais contados a partir da morte do alienante, pois
em tese neste momento haverá a abertura do inventário (REsp 999.921-PR).
A súmula 494 do STF é uma súmula antiga que falava em 20 anos porque no CC/16 não havia um dispositivo como
o art. 179, CC, portanto, não havia outra solução. A súmula não tem mais aplicação, mas continua no código porque
desde a CF/88 o STF não discute mais esta matéria.

b) Venda de parte indivisa em condomínio (direito de preferência)


Condomínio “pro indiviso” – art. 504, CC – condomínio que não comporta divisão.

Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua


parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O
condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá,
depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o
requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.

Requisitos:
• Condomínio indivisível;
• Preterição do condômino;
• O condômino oferece tanto por tanto (o mesmo valor e a mesma forma de pagamento);
• Depósito judicial do preço em 180 dias.

A sentença é título judicial para fins de registro público, esta ação tem natureza de adjudicação.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 36

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TÍTULOS TRANSLATIVOS
1. Compra e Venda

TÍTULOS TRANSLATIVOS

1. Compra e Venda (continuação)

Elementos da Compra e Venda

• Coisa;
• Preço;
• Consenso.

A coisa deve ser existente, a lei aceita a existência potencial da coisa, tal como uma safra futura ou um apartamento
a ser construído – art. 483, CC.

Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura.
Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo
se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.

Além de existente a coisa deve ser corpórea (a “venda” de bens incorpóreos como os créditos é uma cessão),
determinada ou determinável e ainda disponível (a coisa deve estar dentro do comércio jurídico), são assim
inalienáveis:

• Bens gravados com cláusula de inalienabilidade – é uma cláusula relativa porque eventualmente por ser
“derrubada” em juízo, e entrará no bem sub-rogado;
• Bens públicos – os bens dominicais podem ser alienados, observadas as exigências legais – art. 101, CC;

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados,


observadas as exigências da lei.

• Bens de família voluntários – art. 1.711 e ss. CC. O bem de família da lei 8.009/90 é um bem de família legal
e este é alienável.

Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante


escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio
para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do
patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as
regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida
em lei especial.

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Restrições à Compra e Venda

Venda de ascendente a descendentes – art. 496, CC.

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os


outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente
houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento
do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.

A venda assim realizada é anulável, salvo, se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente
houverem consentido.

Vênia conjugal – o parágrafo único do art. 496, CC dispensa a autorização do cônjuge se o regime for o da separação
obrigatória/legal (são os casos do art. 1.641, CC).

Entretanto, para a venda imobiliária o art. 1.647, I, CC determina ser imprescindível a autorização do outro cônjuge
para alienar e gravar de ônus real, e o dispositivo só dispensa a outorga quando o regime for da separação absoluta.

O STF, entretanto, por meio da súmula 377 entende que na separação obrigatória os bens aquestos se comunicam,
o que significa dizer então que na separação legal não existe separação absoluta. Para fins de bens imóveis o
parágrafo único do art. 496, CC é inócuo, ou seja, não será dispensado.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges


pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação
absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

Súmula 377/STF. No regime de separação legal de bens, comunicam-


se os adquiridos na constância do casamento.

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Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 35

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TÍTULOS TRANSLATIVOS
1. Compra e Venda

TÍTULOS TRANSLATIVOS

1. Compra e Venda (continuação)

Elementos da Compra e Venda

• Coisa;
• Preço;
• Consenso.

Preço que deve ser sempre em dinheiro, mas permitido o pagamento por meio de título de crédito, posto que este
ao final será redutível a dinheiro.

O preço deve ser sempre em dinheiro, se o pagamento for em prestação de serviço será enquadrado em contrato
atípico.

É possível pagar um imóvel com título da dívida pública ou por meio de ações de SA? A tendência atual é considerar
estes instrumentos como títulos de crédito e, portanto, servindo como preço.

É possível fixar o preço por taxa de mercado ou de bolsa (art. 486, CC), por referência a índices ou parâmetros (art.
487, CC) ou por arbitramento (art. 485, CC).

Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro,


que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o
terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo
quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.

Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de


mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.

Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou


parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.

O que não se permite é a chamada cláusula potestativa de fixação, de acordo com o art. 489, CC a cláusula será
considerada nula, porque não se permite deixar a fixação do preço ao arbítrio de uma das partes, essa cláusula
representa condição potestativa, o que é vedado pelo sistema.

Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao


arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.

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Durante a formação do contrato a fixação por uma das partes é válida, isso só não poderá ocorrer futuramente, ou
seja, terminar o contrato sem preço.

O preço vil ou simbólico indica que se está diante de doação, por exemplo, imóvel que vale R$ 200 mil, vendido por
R$ 10 reais. Se o preço for fictício o que se tem é doação simulada.

Parte do pagamento em dinheiro e parte em objeto

Se a compra e venda envolvera entrega de bem e pagamento de preço em dinheiro, dependerá do que prepondera.
Se o preço é preponderante o que se tem é compra e venda. Mas se o que prepondera é o objeto o que se tem é
permuta e eventual torna.

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Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 34

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TÍTULOS TRANSLATIVOS
1. Compra e Venda

TÍTULOS TRANSLATIVOS

1. Compra e Venda (continuação)

Natureza Jurídica (classificação)

Deve-se classificar o contrato típico dentro da teoria geral dos contratos, e não dizer simplesmente que se trata de
negócio jurídico.

a) Bilateral ou Sinalagmático – é bilateral porque faz surgir obrigações para ambas as partes (obrigações).
b) Oneroso – porque ambas as partes vão auferir vantagem (vantagens).
c) Consensual – porque a compra e venda se aperfeiçoa com a manifestação de vontade.
d) Não solene – portanto um contrato informal. Em regra, a compra e venda segue a regra geral do artigo 107, CC
e dispensa forma especial para sua validade.

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de


forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.

Quando o negócio for imobiliário e gerador de direito real a compra e venda deverá ser formal. Se o imóvel tiver o
valor de 30 vezes o maior salário mínimo vigente no país basta documento particular. Se o valor for igual ou superior
é imprescindível escritura pública – art. 108, CC.

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é


essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis
de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

Elementos da Compra e Venda

• Coisa;
• Preço;
• Consenso.

O consenso deve ser livre e espontâneo, feito por quem tenha capacidade e legitimação, e manifestado por vontade
séria.

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Aula: 33

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TÍTULOS TRANSLATIVOS
1. Compra e Venda

TÍTULOS TRANSLATIVOS

• Compra e venda;
• Doação;
• Permuta.

Esses contratos geram a base para a transferência de domínio.

Título translativo porque o direito brasileiro filiou-se ao sistema romano-germânico de transmissão da propriedade.

Trata-se de sistema bifásico em que cria-se primeiro um título que servirá de suporte para a futura transmissão
(esta será a fase de execução do contrato).

Existem alguns contratos chamados de contratos reais, trata-se do contrato que exige para o aperfeiçoamento do
contrato a efetiva entrega do bem, por exemplo, comodato, contrato de depósito manual (bens de pequeno valor),
contrato estimatório e mútuo.

1. Compra e Venda

Conceito

Compra e venda é o contrato em que o vendedor obriga-se a transferir ao comprador a propriedade de certa coisa,
mediante pagamento de determinado preço – art. 481, CC.

Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se


obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe
certo preço em dinheiro.

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Aula: 32

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

DIREITOS REAIS DE LAJE


2. Limitação Espacial
3. Lajes Sucessivas

DIREITOS REAIS DE LAJE

2. Limitação Espacial

O §1º do art. 1.510-A, CC diz que o direito de laje comtempla o espaço aéreo ou o subsolo dos terrenos públicos
ou privados tomados em projeção vertical, como unidade imobiliária autônoma, mas não contemplando as
demais áreas edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base. O espaço decorrente da laje
não pode conflitar com o do proprietário, dono do que a lei chamou de construção-base.

Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a


superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o
titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente
construída sobre o solo. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
§ 1º O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de
terrenos públicos ou privados, tomados em projeção vertical, como
unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas
edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base.
(Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

Além disso, o §4º, confirmando o primeiro determina que a instituição do direito real de laje, não implica a
atribuição de fração ideal no terreno ao titular da laje e nem a sua participação proporcional nas áreas já
edificadas.

§ 4º A instituição do direito real de laje não implica a atribuição de


fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação
proporcional em áreas já edificadas. (Incluído pela Lei nº 13.465,
de 2017)

3. Lajes Sucessivas

O art. 1.510-A, §6º, CC admite direitos de laje sucessivos, ou seja, laje de segundo, terceiro e de outros graus na
medida em que este direito real for instituído sobre outro anterior.

De qualquer forma, como uma laje sucessiva pressupõe uma laje anterior é pressuposto inafastável que haja uma
construção já realizada na laje anterior.

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Em outras palavras somente se poderá registrar um direito real de laje de segundo grau se na matrícula da laje
anterior já tiver sido averbada alguma construção. É necessária autorização expressa dos titulares da construção-
base e das demais lajes.

§ 6º O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção


para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja
autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais
lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.
(Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

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Aula: 31

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

DIREITOS REAIS DE LAJE


1. Direito de Laje

DIREITOS REAIS DE LAJE

1. Direito de Laje (continuação)

Condomínio Edilício – há uma corrente absolutamente minoritária que sustenta tratar-se de condomínio edilício.
Assim faz sob o argumento de que se aplicam subsidiariamente as normas do condomínio edilício quanto as
despesas referentes as partes que servem em comum a construção-base e as unidades autônomas, de
condomínio edilício não se trata porque não há titularidade do dono da laje sobre fração do solo. Mais do que
isso: ao dono da laje não é dado utilizar nenhuma das áreas pertencentes ao proprietário.

Direito de propriedade – sustenta-se por fim que a laje é um direito de propriedade. A corrente desdobra-se
entre aqueles que em primeiro lugar propugnam ser uma propriedade plena. Muito embora, o titular da laje
tenha todos os direitos do proprietário (art. 1.228, CC), ele não é dono do solo e nem do espaço aéreo e
subterrâneo correspondente (art. 1.229, CC).

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da


coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.
[...]

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e


subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu
exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam
realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não
tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

Uma segunda vertente sustenta tratar-se de propriedade, mas superficiária, que seria um novo direito real no
sistema brasileiro, justamente porque o dono da laje tem todos os poderes do proprietário, mas alijado do solo,
isto é, limitado a sua unidade autônoma.

Recomendação Doutrinária: Eduardo Silveira Marchi – Propriedade Superficiária – Editora YK.

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Disciplina: Registro de Imóveis
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Aula: 30

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

DIREITOS REAIS DE LAJE


1. Direito de Laje

DIREITOS REAIS DE LAJE

1. Direito de Laje

Conceito: direito de laje é o direito real constituído a partir da cessão por um proprietário da superfície superior
ou inferior da sua construção representando unidade autônoma distinta daquela originalmente construída sobre
o solo.

Laje superior – laje sobreposta.


Laje inferior – laje sotoposta.

A grande marca da laje é o fato de formar uma unidade autônoma, ou seja, tem uma matrícula própria.

A cessão da laje é para que haja uma edificação, criando uma unidade autônoma. A unidade autônoma não tem
qualquer titularidade sobre fração do solo, o dono dessa unidade autônoma não terá no solo do proprietário
fração.

A Natureza Jurídica é o principal ponto de discussão sobre a laje.

Embora seja indubitavelmente um direito real (art. 1.225, XIII, CC), discute-se se a laje é:
• Novo direito real (“sui generis” – não se enquadra em nenhum direito real);
• Uma modalidade de superfície;
• Condomínio edilício; ou
• Direito de propriedade.

Art. 1.225. São direitos reais:


[...]
XIII - a laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

Direito de Superfície – a ideia de superfície surge em razão da dicção da lei, que menciona cessão de superfície
tanto na redação atual como naquela dada pela MP 759. Neste caso, a laje seria um direito real de fruição sobre
coisa alheia. A tese não se sustenta porque a cessão não é da superfície do solo, mas da laje sobreposta ou
sotoposta, exigindo-se sempre uma construção base.

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Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 29

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

HIPOTECA
1. Extinção da Hipoteca

HIPOTECA

Perempção:

A hipoteca convencional terá validade máxima de 30 anos, nos termos do art. 1.485 do CC. Poderá dentro desse
prazo ser prorrogada por simples averbações sucessivas desde que, requeridas por ambas as partes. Atingido o
prazo ocorrerá a sua perempção.

Art. 1.485. Mediante simples averbação, requerida por ambas as


partes, poderá prorrogar-se a hipoteca, até 30 (trinta) anos da data
do contrato. Desde que perfaça esse prazo, só poderá subsistir o
contrato de hipoteca reconstituindo-se por novo título e novo
registro; e, nesse caso, lhe será mantida a precedência, que então lhe
competir. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)

1. Extinção da Hipoteca

Previsão: art. 1.499, CC.

• Extinção da dívida;
• Perecimento do bem;
• Resolução da propriedade (casos de propriedade resolúvel);
• Renúncia do credor;
• Arrematação/adjudicação.

Art. 1.499. A hipoteca extingue-se:


I - pela extinção da obrigação principal;
II - pelo perecimento da coisa;
III - pela resolução da propriedade;
IV - pela renúncia do credor;
V - pela remição;
VI - pela arrematação ou adjudicação.

Ler artigos 1.500 e 1.501, CC. O art. 1.500 se refere a averbação do cancelamento, o art. 1.501 é uma exceção a
extinção da hipoteca por arrematação.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 28

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

HIPOTECA

HIPOTECA

Espécies de Hipoteca:

A hipoteca pode ser:

a) Convencional – quando tiver origem contratual. Neste caso a sua constituição se dá por meio do registro
imobiliário.

b) Legal – quando constituída a hipoteca por meio de lei – art. 1.489, CC. É o que acontece em favor dos filhos
sobre os imóveis do pai ou da mãe que passem as segundas núpcias sem prévia partilha do casamento anterior.

Art. 1.489. A lei confere hipoteca:


I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imóveis
pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda ou
administração dos respectivos fundos e rendas;
II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras
núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior;
III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do
delinqüente, para satisfação do dano causado pelo delito e
pagamento das despesas judiciais;
IV - ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da
partilha, sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente;
V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do
pagamento do restante do preço da arrematação.

c) Judicial – quando a hipoteca se originar de decisão que condene o réu ao pagamento de prestação em dinheiro
– art. 495, “caput”, CPC. Para que seja oposta perante terceiros demanda registro da sentença (é o título
constitutivo da hipoteca).

Os requisitos para este registro estão nos parágrafos do art. 495, CPC.

Art. 495, CPC. A decisão que condenar o réu ao pagamento de


prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão
de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação
pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária.
§ 1º A decisão produz a hipoteca judiciária:
I - embora a condenação seja genérica;
II - ainda que o credor possa promover o cumprimento provisório da
sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do devedor;

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III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo.
§ 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante
apresentação de cópia da sentença perante o cartório de registro
imobiliário, independentemente de ordem judicial, de declaração
expressa do juiz ou de demonstração de urgência.
§ 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data de realização da
hipoteca, a parte informá-la-á ao juízo da causa, que determinará a
intimação da outra parte para que tome ciência do ato.
§ 4º A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará, para o
credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao pagamento,
em relação a outros credores, observada a prioridade no registro.
§ 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão que impôs o
pagamento de quantia, a parte responderá, independentemente de
culpa, pelos danos que a outra parte tiver sofrido em razão da
constituição da garantia, devendo o valor da indenização ser
liquidado e executado nos próprios autos.

A condenação pode inclusive ser genérica, e mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo.

Pluralidade de Hipotecas:

É possível que se efetivem novas hipotecas sobre o mesmo imóvel já hipotecado, mas desde que, constituídas por
outros títulos – art. 1.476, CC. É o que se chama de subipoteca.

Art. 1.476. O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra


hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo ou de
outro credor.

Somente não se permite nova hipoteca se o título anterior proibir.

Se o devedor não revelar ao constituir uma nova hipoteca a existência de uma anterior, poderá cometer crime de
estelionato – art. 171, §2º, II, CP.

Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo


alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
[...]
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
[...]
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
sobre qualquer dessas circunstâncias;

O credor da primeira hipoteca não fica prejudicado porque em caso de concurso, ele terá direito de preferência.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 27

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

HIPOTECA

HIPOTECA

Características da Hipoteca: (continuação)

d) Caráter acessório;
e) Em regra, é solene – art. 108, CC;
f) Confere direito de preferência – tendo direito de preferência o credor hipotecário tem direito de sequela sobre
o bem, assim se este for alienado, ele será transferido ao adquirente com este ônus, desde que, previamente
registrada (sem registro, portanto, o adquirente não sofrerá seus efeitos).

Objeto da Hipoteca:

Previsão: art. 1.473, CC.

Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca:


I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;
II - o domínio direto;
III - o domínio útil;
IV - as estradas de ferro;
V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230,
independentemente do solo onde se acham;
VI - os navios;
VII - as aeronaves.
VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei
nº 11.481, de 2007)
IX - o direito real de uso; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
X - a propriedade superficiária. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

1. Imóveis e acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;


2. Domínio direto;
3. Domínio útil;
4. Estradas de ferro;
5. Recursos naturais a que se refere o art. 1.230, CC (são as jazidas, minas, potenciais de energia hidráulica e
monumentos arqueológicos);
6. Navios;
7. Aeronaves;
8. Direito real de uso para fins de moradia;
9. Direito de uso;
10. Propriedade superficiária (laje – não confundir com direito real de superfície).

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 26

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SUMÁRIO

USUFRUTO

HIPOTECA

USUFRUTO

Constituição do Usufruto:

b) Usufruto Usucapional (continuação)

Ação 1ª Vara de Registros Públicos – SP – Proc. 103623831.2019, julgado 13.05.2019.

c) Usufruto Legal – é o usufruto que decorre de determinação da lei, independentemente da vontade das partes.
O art. 1.689, I do CC diz que o pai e a mãe enquanto no exercício do poder familiar são usufrutuários dos bens dos
filhos menores.

Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:


I - são usufrutuários dos bens dos filhos;

HIPOTECA

Conceito: é o direito real de garantia que tem por objeto bens imóveis, navios ou aeronaves pertencentes ao
devedor ou a terceiro e que ainda que não entregues ao credor asseguram-lhe o recebimento do seu crédito.

Características da Hipoteca:

a) Objeto gravado pode ser do devedor ou de terceiro;


b) O devedor ou terceiro continua na posse do bem;
c) Indivisibilidade – a hipoteca grava o bem na sua totalidade, e da mesma forma o pagamento parcial da dívida
não dissolverá parte da hipoteca que se mantém íntegra até o completo adimplemento.

Cartório
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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 25

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

USUFRUTO

USUFRUTO

Constituição do Usufruto:

Sob o prisma de sua origem o usufruto pode ser:

• Convencional;
• Usucapional;
• Legal.

a) Usufruto Convencional – será calcado na vontade das partes e se institui por meio de negócio jurídico,
normalmente o contrato ou testamento. Quando o usufruto recai sobre bem imóvel, a sua constituição exige
registro na serventia imobiliária – art. 167, I da LRP e art. 1.391, CC.

Instituição – Negócio Jurídico.


Constituição – Registro.

Art. 167 LRP. No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos.


(Renumerado do art. 168 com nova redação pela Lei nº 6.216, de
1975).
I - o registro: (Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975).

Art. 1.391 CC. O usufruto de imóveis, quando não resulte de


usucapião, constituir-se-á mediante registro no Cartório de Registro
de Imóveis.

b) Usufruto Usucapional – é usucapional o usufruto que decorre de usucapião, nos termos do próprio art. 1.391,
CC. A observação é importante porque a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade e de outros
direitos reais. Sendo assim, sua aquisição não depende do registro porque basta o preenchimento dos requisitos
legais.

Na usucapião é possível ser proprietário sem registro, isso ocorre quando há uma sentença de usucapião que não
foi registrado.

É imprescindível o posterior registro da sentença que reconhece a usucapião do usufruto para que este direito
real possa ser exercido “erga omnes”.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 24

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

USUFRUTO

USUFRUTO

Características

a) Temporariedade

O usufruto será sempre temporário. Extingue-se com a morte do usufrutuário – art. 1.410, I, CC ou no prazo de 30
anos se instituído em favor de Pessoa Jurídica.

Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no


Cartório de Registro de Imóveis:
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;
[...]
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi
constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data
em que se começou a exercer;

É possível que o usufruto seja vitalício, isto é, instituído para servir ao usufrutuário até a sua morte. Essa
possibilidade não descaracteriza a temporariedade, visto que o direito real não se transmitirá aos herdeiros do
usufrutuário (nosso sistema não prevê usufruto sucessivo ou ambulatorial).

b) Oponibilidade “erga omnes”

Isso significa dizer que o usufrutuário tem direito de sequela.

c) Inalienabilidade

O usufruto é inalienável somente se permitindo a cessão de seu exercício a título gratuito ou oneroso – art. 1.393,
CC.

Quando a cessão for a título gratuito o que se tem é comodato e quando oneroso é locação.

Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o


seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso.

d) Impenhorabilidade

É impenhorável, o que se pode penhorar é a nua-propriedade.

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Não se confunda a vedação de impenhorabilidade, portanto, com a possibilidade de a penhora recair sobre o
exercício do usufruto, caso em que haverá constrição sobre as suas comodidades e sobre a faculdade de perceber
os frutos e vantagens da coisa frutuária.

Repercussão no Registro de Imóveis:

Daí porque o objeto de usufruto deve ser rigorosamente individualizado, o que é matéria de qualificação
registraria quando de sua constituição no registro adequado.

Princípio da Especialidade Objetiva:

Se houver constrição o Registro de Imóveis deve saber exatamente o que é objeto da constrição.

A penhora sobre o exercício do usufruto é uma modalidade de penhora sobre renda ou faturamento,
regulamentada nos artigos 867 a 869 do CPC.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 23

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

USUFRUTO

USUFRUTO

Conceito: Por meio do usufruto alguns dos poderes inerentes a propriedade são transferidos ao usufrutuário que
dessa forma passa a usar e gozar ou usar e fruir coisa alheia.

O titular do direito real de usufruto é chamado usufrutuário.

O titular do direito real de propriedade é chamado de nu-proprietário.

Objeto:

Poderá o usufruto recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro ou parte deste,
abrangendo-lhe no todo ou em parte os frutos e utilidades.

Extensão: 1 objeto (coisa).


Parte do patrimônio.
Todo o patrimônio.

Fruição (art. 1.390, CC): Totalidade dos frutos.


Parcialmente os frutos.

Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou


imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe,
no todo ou em parte, os frutos e utilidades.

Poderá recair ainda sobre universalidade ou cota-parte de bens (art. 1.392, §3º, CC), por fim poderá ter por
objeto títulos de crédito (art. 1.395, “caput”).

Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos


acessórios da coisa e seus acrescidos.
[...]
§ 3º Se o usufruto recai sobre universalidade ou quota-parte de bens,
o usufrutuário tem direito à parte do tesouro achado por outrem, e
ao preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para obter meação
em parede, cerca, muro, vala ou valado.

Art. 1.395. Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o


usufrutuário tem direito a perceber os frutos e a cobrar as
respectivas dívidas.

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Parágrafo único. Cobradas as dívidas, o usufrutuário aplicará, de
imediato, a importância em títulos da mesma natureza, ou em títulos
da dívida pública federal, com cláusula de atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 22

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TÍTULOS REGISTRÁVEIS
2. Conceito de Título Registrável
3. Taxatividade dos Títulos Registrários
4. Espécie de Títulos
5. Dispensa de Escritura Pública

TÍTULOS REGISTRÁVEIS

2. Conceito de Título Registrável


(continuação)

Do quanto visto a ideia é definir o título do ponto de vista formal. Considera-se título registrável então, o
documento que encerra todos os requisitos legais e formais e que contém negócio jurídico apto a ingressar no
registro imobiliário.

São instrumentos admitidos no Registro de Imóveis.

3. Taxatividade dos Títulos Registrários

Conforme o art. 222 da LRP, só se admitem no RI os títulos previstos em lei. Trata-se, portanto, de rol de
“numerus clausus”.

Art. 222. Em todas as escrituras e em todos os atos relativos a


imóveis, bem como nas cartas de sentença e formais de partilha, o
tabelião ou escrivão deve fazer referência à matrícula ou ao registro
anterior, seu número e cartório. (Renumerado do art
223 com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).

4. Espécies de Títulos

Conforme o art. 222, da LRP os títulos admitidos no RI são:

i. Escrituras públicas;
ii. Cartas de sentença;
iii. Formais de partilha;
iv. Mandados judiciais;
v. Certidões extraídas de processos;
vi. Instrumentos particulares.

Observação: Nos termos do art. 107, CC vige o princípio da informalidade que dispõe que os negócios jurídicos
em tese podem ser celebrados de qualquer maneira, inclusive verbal. Quando a lei impuser certa forma esta
passa a ser da substância do ato, requisito de validade (art. 104, III, CC), como por exemplo:

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Art. 108, CC - Se for realizar um negócio real imóvel de valor superior a 30 vezes o salário mínimo será necessário
escritura pública, caso contrário o ato será nulo.

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é


essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre
imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo
vigente no País.

Art. 1.653, CC – pacto antenupcial também demanda escritura pública.

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura
pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.

Lei 5.709/71 versa sobre a aquisição de imóveis rurais por estrangeiros também exige escritura pública.

A escritura lavrada em consulado brasileiro, apesar de produzida fora do país tem a mesma eficácia de uma
escritura lavrada no Brasil.

5. Dispensa de Escritura Pública

Estão dispensadas de escritura pública:

• Os negócios jurídicos imobiliários de valor inferior a 30 salários mínimos vigentes;


• As cédulas de crédito;
• Contrato de penhor rural;
• O desdobro ou a fusão;
• O cancelamento de direitos reais de garantia.

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Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 21

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TÍTULOS REGISTRÁVEIS
1. Sentido Material e Sentido Formal de Título Registrário

TÍTULOS REGISTRÁVEIS

Negócio Jurídico: (translativo: compra e venda, doação);


Título: documento - exteriorização da vontade.
Direitos: efetivar a realidade jurídica.

1. Sentido Material e Sentido Formal de Título Registrário

Existe tradicional distinção em matéria imobiliária que aponta ser o imóvel o objeto da matrícula, existir um título
que é o documento a ser registrado e posteriormente um direito que será publicado.

Sobrevieram críticas a esta distinção porque a partir dela não deveriam ser publicados os direitos, mas sim os
títulos porque estes são o objeto do registro.

Para contornar o problema a doutrina passou a adotar dois conceitos de título, título em sentido material e título
em sentido formal.

Em sentido material a ideia se confunde com a ideia de título translativo, isto é, o negócio jurídico que serve de
suporte para a aquisição ou extinção de um direito (ex. doação, compra e venda).

Em sentido formal o que se destaca é o documento que materializa corporifica o referido negócio jurídico, neste
sentido, trata-se da forma de exteriorização da vontade.

Sistema de Registro no Brasil:

A pergunta que se faz é se o sistema brasileiro é de registro de títulos ou de direitos. O raciocínio que deve ser
desenvolvido para responder é o seguinte: a forma tem um conteúdo jurídico; aquele é o documento, este é o
negócio translativo nele plasmado.

O que gera a modificação dos direitos reais é o negócio e não o título em si, de modo que o nosso sistema é de
registro de direitos.

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Aula: 20

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA
4. Procedimentos e algumas questões pertinentes

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA

4. Procedimentos e algumas questões pertinentes (continuação)

f) Recurso – art. 202, da LRP.

Da sentença poderão interpor apelação com efeitos devolutivo e suspensivo, o interessado, o MP e o terceiro
prejudicado.

O Registrador não tem legitimidade recursal.

Art. 202. Da sentença, poderão interpor apelação, com os efeitos


devolutivo e suspensivo, o interessado, o Ministério Público e o
terceiro prejudicado. (Renumerado do parágrafo único
do art. 202 com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).

g) Consequências da Sentença – art. 203, da LRP.

Havendo apelação irá para a corregedoria e será apreciada pelo Relator Nato (Corregedor Geral de Justiça).

A última instância é a Corregedoria Geral do respectivo Estado, não há embargos de pré-questionamento, pois
não há recursos para instâncias superiores.

Transitada em julgado a decisão da dúvida, proceder-se-á do seguinte modo:

• Procedente – os documentos serão devolvidos a parte, dando-se ciência da decisão ao Oficial para que
ele cancele a prenotação (o interessado “perde” a ação).
• Improcedente – o interessado apresentará novamente os seus documentos, com o respectivo mandado
para que desde logo se proceda ao registro, anotando-se o ocorrido na coluna de anotações do protocolo.

Art. 203 - Transitada em julgado a decisão da dúvida, proceder-se-á


do seguinte modo: (Renumerado dos arts. 203 e 204 com
nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).

I - se for julgada procedente, os documentos serão restituídos à


parte, independentemente de translado, dando-se ciência da decisão
ao oficial, para que a consigne no Protocolo e cancele a prenotação;
II - se for julgada improcedente, o interessado apresentará, de novo,
os seus documentos, com o respectivo mandado, ou certidão da

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sentença, que ficarão arquivados, para que, desde logo, se proceda
ao registro, declarando o oficial o fato na coluna de anotações do
Protocolo.

• Apresentação do Título (Protocolo);


• Qualificação Negativa (Nota Devolutiva);
• Interessado faz o requerimento de dúvida;
• Anotações da suscitação e a rubrica na documentação;
• Certificação no próprio título;
• Oficial apresenta suas razões e cientifica o interessado do termo dessas razões;
• Remessa ao Juízo e fluência do prazo de 15 dias para impugnação;
• Prazo de 10 dias para manifestação do MP;
• Dilação probatória (eventualmente);
• Sentença - prazo 15 dias.

Se a dúvida for inversa, o interessado apresenta as razões diretamente no juízo, que deve notificar o Oficial para
se manifestar em 15 dias.

Retornando ao juízo seguirá o procedimento normal a partir da manifestação do MP.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 19

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA
4. Procedimentos e algumas questões pertinentes

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA

4. Procedimentos e algumas questões pertinentes (continuação)

c) Manifestação do MP

Após a vinda da impugnação, ou decorrido o seu prazo, e apresentados os documentos que o interessado
entender pertinente o MP será ouvido no prazo de 10 dias (art. 200 da LRP).

Art. 200. Impugnada a dúvida com os documentos que o interessado


apresentar, será ouvido o Ministério Público, no prazo de dez dias.
(Renumerado do art. 202 com nova redação pela Lei nº 6.216, de
1975).

A manifestação do MP é obrigatória no sentido de ter que se manifestar no mérito.

d) Dilação Probatória

Questão interessante é a de se saber se é possível em sede de dúvida a produção de outras provas. Em que pese,
não seja comum a providência é cabível a vista da redação do art. 201 da LRP, que menciona: “se não forem
requeridas diligências”. O que se deve observar é que a dúvida tem âmbito estreito de natureza administrativa, o
que não permite a abertura de discussões jurisdicionais.

Art. 201. Se não forem requeridas diligências, o juiz proferirá decisão


no prazo de quinze dias, com base nos elementos constantes dos
autos. (Renumerado do art. 202 com nova redação pela Lei
nº 6.216, de 1975).
e) Sentença

Prazo para prolação:

Encerrada a dilação probatória ou se esta não existir, deve o juiz prolatar a sentença no prazo de 15 dias.

Natureza da “Sentença” – art. 204, LRP:

A LRP afirma que a decisão da dúvida tem natureza administrativa. Em verdade, o procedimento de dúvida como
um todo tem natureza administrativa. Em razão dessa natureza decorre que não se discutem questões da esfera
jurisdicional e também não se impede propositura de outra demanda nesta esfera jurisdicional.

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Art. 204 - A decisão da dúvida tem natureza administrativa e não
impede o uso do processo contencioso competente.
(Renumerado do art. 205 com nova redação pela Lei nº 6.216, de
1975).

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Disciplina: Registro de Imóveis
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Aula: 18

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA
4. Procedimentos e algumas questões pertinentes

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA

4. Procedimentos e algumas questões pertinentes


(continuação)

Imprescindibilidade de apresentação do título original (mesmo na dúvida inversa):


O título apresentado como dito é a essência da dúvida e deve sempre acompanhá-la.

Julgado: Apelação Civil nº 101.3579-15.2017 – Rel. Des. Pinheiro Franco, 02.08.2018.

Tomar ciência dos termos da dúvida

Em seguida o Oficial dará ciência dos termos da dúvida ao apresentante fornecendo-lhe cópia da suscitação e
notificando-o para impugná-la, já perante o juízo competente no prazo de 15 dias.

Essa notificação é mais importante para o fim de contagem do prazo de 15 dias para a impugnação, porque na
prática, a esta altura o interessado já sabe quais são os motivos da recusa.

b2) Impugnação

Não é possível afirmar que a impugnação é obrigatória, ou mesmo que seja um ônus para o interessado. E isso
porque não há revelia no procedimento de dúvida (art. 199, da LRP).

Art. 199. Se o interessado não impugnar a dúvida no prazo referido


no item III do artigo anterior, será ela, ainda assim, julgada por
sentença. (Renumerado do art. 201 § 1º com nova redação
pela Lei nº 6.216, de 1975).

Dúvida inversa – impugnação parcial

O entendimento atual do CSM do TJSP é o de que a dúvida não pode ser suscitada e impugnada parcialmente
pelo interessado. Nestes casos, a dúvida considera-se prejudicada. É que se o juiz acolher os motivos impugnados
ainda assim restarão os não impugnados que servirão de óbice para o registro.

Julgado: Apelação Cível nº 100.1945-30.2017 – Rel. Des. Geraldo Pinheiro Franco, j. 23.11.2018.

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Aula: 17

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA
4. Procedimentos e algumas questões pertinentes

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA

4. Procedimentos e algumas questões pertinentes (continuação)

b) Prenotação, impugnação e outras providências iniciais.

b1) Prenotação – art. 198, I, da LRP.

Art. 198. Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por


escrito. Não se conformando o apresentante com a exigência do
oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento
e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para
dirimi-la, obedecendo-se ao seguinte: (Renumerado do art
198 a 201 "caput" com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).
I - no Protocolo, anotará o oficial, à margem da prenotação, a
ocorrência da dúvida;

O art. 198, I determina que suscitada a dúvida no protocolo o oficial anotará a margem da prenotação a sua
ocorrência, a providência é importante, pois o Registrador precisa controlar o prazo legal de validade da
prenotação e o seu eventual cancelamento (art. 205 da LRP).

Art. 205. Cessarão automaticamente os efeitos da prenotação se,


decorridos 30 (trinta) dias do seu lançamento no Protocolo, o título
não tiver sido registrado por omissão do interessado em atender às
exigências legais. (Renumerado do art 206 com nova
redação pela Lei nº 6.216, de 1975).

Mas a suscitação tem o condão de suspender este prazo para que se aguarde decisão do juiz corregedor, a
suspensão é efeito lógico da dúvida porque do seu julgamento dependerá o desfecho do registro.

Rubrica das folhas do procedimento:

O título apresentado é a essência da dúvida, e assim é o documento principal do procedimento. O Registrador


certificará no próprio título a prenotação e a suscitação da dúvida. Com isso, apresentará as suas razões de recusa
(essencialmente são os motivos já apresentados com a nota devolutiva).

Tudo isso feito deverá o Oficial rubricar todas as suas folhas nos termos do art. 198, II da LRP.

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Art. 198. [...]
Il - após certificar, no título, a prenotação e a suscitação da dúvida,
rubricará o oficial todas as suas folhas;

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 16

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA
4. Procedimentos e algumas questões pertinentes

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA

4. Procedimentos e algumas questões pertinentes

a) Iniciativa

De acordo com o art. 198, “caput”, a dúvida em princípio é suscitada, a partir de requerimento do interessado
inconformado com a exigência feita pelo Registrador, entretanto é absolutamente tranquilo que o próprio
registrador pode suscitar dúvida por sua iniciativa, em razão de situação atípica que lhe seja apresentada.

Art. 198. Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por


escrito. Não se conformando o apresentante com a exigência do
oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento
e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para
dirimí-la, obedecendo-se ao seguinte: (Renumerado do art
198 a 201 "caput" com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).

Além destas possibilidades existe ainda o que se chama de dúvida inversa. Nesta, a suscitação é feita diretamente
pelo interessado, apresentando seus motivos ao juiz competente, sem que se utilize do registrador como
intermediário.

O grande fundamento da dúvida inversa é a economia processual ou economia procedimental.

O art. 30 da Lei 8.935/94 impõe ao Registrador a suscitação de dúvida, desta forma, se percebeu que quando os
juízes de 1º grau recebiam a dúvida inversa eles indeferiam dizendo que não era o procedimento apropriado, isto
acarretava a parte o ônus de levar a documentação ao Registrador para que ele suscite a dúvida, ou seja, chegaria
no juízo da mesma forma por força do art. 30.

Em face de razões de economia processual ou procedimental a jurisprudência passou a acolher a dúvida inversa –
apelação cível nº 0002920-92.2011, Relator Desembargador Nalini.

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Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 15

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA
2. Conceito de Dúvida
3. Órgão Julgador

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA

2. Conceito de Dúvida
(continuação)

Conceito Registrário: material e formal.

É possível dizer que há um conceito jurídico para a dúvida registraria. Neste sentido, há uma acepção material,
que é o juízo de valor emitido pelo Registrador no exercício de suas funções; e há um sentido formal que significa
o procedimento de revisão hierárquica daquele juízo administrativo de uma objeção à pretensão de registro.

3. Órgão Julgador

É aquele que tem competência administrativa de fiscalização direta da serventia – art. 198 da LRP.

Em tese não é só o Juiz Corregedor que tem esta competência, será este em um primeiro momento.

Art. 198. Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por


escrito. Não se conformando o apresentante com a exigência do
oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento
e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para
dirimí-la, obedecendo-se ao seguinte: (Renumerado do art
198 a 201 "caput" com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).

O fundamento constitucional da fiscalização encontra-se no art. 236, §1º, CF, que determina que a lei irá regular
as atividades extrajudiciais disciplinando ainda a responsabilidade civil e criminal dos delegatários, bem como,
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter


privado, por delegação do Poder Público. (Regulamento)
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e
criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.

O Poder Judiciário exerce fiscalizações por meio dos Juízos Corregedores Permanentes (1º grau) e Corregedoria
Geral de Justiça (2º grau e normatização).

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Questão: Porque é o Judiciário Estadual? Em razão da história do judiciário formado inicialmente por juízes
Estaduais e atualmente em função da sua capilaridade (divisão em comarcas).

Há também fundamento legal, disposto no art. 37 da Lei 8.935/94.

Art. 37. A fiscalização judiciária dos atos notariais e de registro,


mencionados nos artes. 6º a 13, será exercida pelo juízo competente,
assim definido na órbita estadual e do Distrito Federal, sempre que
necessário, ou mediante representação de qualquer interessado,
quando da inobservância de obrigação legal por parte de notário ou
de oficial de registro, ou de seus prepostos.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 14

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA
1. Pressupostos da Dúvida
2. Conceito de Dúvida

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA

1. Pressupostos da Dúvida
(continuação)

A qualificação é o ato que se define como espécie de filtro para impedir a passagem de títulos que ostentem
vícios.

Surge em nosso sistema como um dever legal do Registrador, é o primeiro pressuposto para o procedimento de
dúvida.

O princípio da legalidade, aplicável aos delegatários, impõe certos deveres e limitações próprios ao seu regime.
Um desses deveres é o de na qualificação verificar minuciosamente o título apresentado, que se não reunir os
requisitos necessários será devolvido, mas sempre indicando as razões para tanto (devolução motivada), é o que
se retira do início do art. 198 da LRP, quando proclama que “havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á
por escrito”.

Art. 198. Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por


escrito. Não se conformando o apresentante com a exigência do
oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento
e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para
dirimí-la, obedecendo-se ao seguinte: (Renumerado do art
198 a 201 "caput" com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).

O item 40 e 40.1, do capítulo XX, das NSCGJ de São Paulo dispõe a obrigação do Registrador quanto à nota
devolutiva.

Item 40. É dever do Registrador proceder ao exame exaustivo do


título apresentado. Havendo exigências de qualquer ordem, deverão
ser formuladas de uma só vez, por escrito, de forma clara e objetiva,
em formato eletrônico ou papel timbrado do cartório, com
identificação e assinatura do preposto responsável, para que o
interessado possa satisfazê-las ou requerer a suscitação de dúvida ou
procedimento administrativo.

Item 40.1. A nota de exigência deve conter a exposição das razões e


dos fundamentos em que o Registrador se apoiou para qualificação
negativa do título, vedadas justificativas de devolução com

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expressões genéricas, tais como “para os devidos fins”, “para fins de
direito” e outras congêneres.

A LINDB (Lei 13.655/18) em seu art. 20, dispõe sobre a necessidade da motivação das decisões.

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se


decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam
consideradas as consequências práticas da decisão.
(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) (Regulamento)
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a
adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das
possíveis alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

2. Conceito de Dúvida

A palavra dúvida tem um conceito etimológico, semântico, gnosiológico e registrário.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 13

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

ESCRITURAÇÃO
2. Livros Específicos previstos pela LRP

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA
1. Pressupostos da Dúvida

ESCRITURAÇÃO E PROCEDIMENTO DE DÚVIDA

2. Livros Específicos previstos pela LRP

iv) Livro 4 – Indicador Real

O livro número 04 servirá de repositório de todos os imóveis que figurarem nos demais livros, devendo-se
apontar identificação, referência a número de ordem dos outros livros (para remissão) e anotações necessárias,
nos termos do art. 179 da Lei de Registros Públicos.

Art. 179. O Livro nº 4 - Indicador Real - será o repositório de todos os


imóveis que figurarem nos demais livros, devendo conter sua
identificação, referência aos números de ordem dos outros livros e
anotações necessárias. (Renumerado do art. 176 com
nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).
§ 1º Se não for utilizado o sistema de fichas, o Livro nº 4 conterá,
ainda, o número de ordem, que seguirá indefinidamente, nos livros
da mesma espécie.
§ 2º Adotado o sistema previsto no parágrafo precedente, os oficiais
deverão ter, para auxiliar a consulta, um livro-índice ou fichas pelas
ruas, quando se tratar de imóveis urbanos, e pelos nomes e
situações, quando rurais.

O indicador real não irá funcionar se não fizer referência ao número de ordem do outro livro.

Há uma liberdade do Registrador sobre quais serão as anotações necessárias, ou seja, o conteúdo irá variar de
acordo com a necessidade do imóvel.

v) Livro 5 – Indicador Pessoal

É um livro cuja finalidade é apontar todas as pessoas e sujeitos que realizaram atos de registro naquela
determinada serventia.

O livro será dividido em ordem alfabética, deverá conter o nome de todas as pessoas envolvidas, que individual
ou coletivamente figurarem nos demais livros.

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PROCEDIMENTO DA DÚVIDA

Previsão: arts. 198 ao 205 da Lei de Registros Públicos.

1. Pressupostos da Dúvida

a) Qualificação Registral – o Registrador faz um controle prévio de legalidade.


b) Legalidade/Necessidade de Exposição de Motivos para as Qualificações Negativas.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 12

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

ESCRITURAÇÃO
2. Livros Específicos previstos pela LRP

ESCRITURAÇÃO

2. Livros Específicos previstos pela LRP

ii) Livro 2 – Livro de Registro Geral

A matrícula é a própria inserção do imóvel no registro imobiliário. É importante salientar que o desmembramento
do imóvel acarreta o surgimento de nova matrícula.

O desmembramento territorial de uma serventia não justifica a abertura de uma nova matrícula do imóvel.

São requisitos da matrícula:

a. Número de ordem ao infinito;


b. Data de abertura da matrícula;
c. Descrição/identificação do imóvel (especialidade objetiva).
d. Nome, domicílio e nacionalidade do(s) proprietário(s) (especialidade subjetiva);
e. Número do registro anterior.

iii) Livro 3 – Livro de Registro Auxiliar

Registra-se no livro 03 atos que sendo atribuídos ao RI não digam respeito diretamente a imóvel matriculado, por
exemplo, a emissão de debênture e o registro de fundos líquidos e ações.

Há controversa a respeito do pacto antenupcial se deveria ser registrado no livro 02 ou livro 03.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 11

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

ESCRITURAÇÃO
2. Livros Específicos previstos pela LRP

ESCRITURAÇÃO

2. Livros Específicos previstos pela LRP

i) Livro 1 – Protocolo

Há situações de não obediência ao prazo de 30 dias da prenotação, o que não é propriamente uma suspensão,
mas sim uma exigência da lógica, são exemplos de não obediência, a retificação extrajudicial e a usucapião
administrativa, porque estas são procedimentos.

Encerramento Diário:

O encerramento do livro 01 é diário com o fim de proteger a prioridade dada pela prenotação, evitando-se que os
títulos sejam protocolados fora do horário de expediente – art. 184 da LRP.

Art. 184. O Protocolo será encerrado diariamente.


(Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).

ii) Livro 2 – Registro Geral

É em regra o livro destinado para a matrícula dos imóveis e registro ou averbação dos atos mencionados no art.
167 da LRP, quando digam diretamente com o imóvel.

Art. 167. No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos.


(Renumerado do art. 168 com nova redação pela Lei nº 6.216, de
1975).
I - o registro: (Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975).
[...]
II - a averbação: (Redação dada pela Lei nº 6.216, de
1975).
[...]

Normas de Escrituração

Cada imóvel tem uma matrícula própria. No momento do primeiro ato de registro de cada imóvel será necessária
a abertura de matrícula do imóvel.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 10

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

ESCRITURAÇÃO
2. Livros Específicos previstos pela LRP

ESCRITURAÇÃO

2. Livros Específicos previstos pela LRP

i) Livro 1 – Protocolo

Nos termos do art. 174 o livro protocolo se presta ao apontamento de todos os títulos apresentados diariamente.
A finalidade essencial é bem demonstrar a data exata do ingresso do título na serventia.

Art. 174. O livro nº 1 - Protocolo - servirá para apontamento de todos


os títulos apresentados diariamente, ressalvado o disposto no
parágrafo único do art. 12 desta Lei. (Renumerado do art.
172 com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).

Ingressa no protocolo todos os títulos que forem levados para registro em sentido amplo, devem ser
devidamente inscritos no Livro 01, como por exemplo, os atos de registro estrito senso, averbação, abertura de
matrícula, notificações, etc.

No aspecto formal na prenotação constará a data de apresentação, o nome do apresentante e a natureza formal
do título, por exemplo, título translativo de compra e venda, doação, permuta, retificação, usucapião.

Será dado número de ordem ao título que segue sequência rigorosa, e em simetria com o número dado no
protocolo com a data da prenotação.

Existência de dúvida e fiscalização tributária:

A palavra dúvida nos termos do art. 12 não é a dúvida em sentido estrito (procedimento de dúvida), é a dúvida
que o escrevente ou o registrador tem ao considerar se será possível ou não o registro.

O STF julgou e considerou que o Registrador não é um fiscal da fazenda, o Registrador deve apenas exigir o
imposto que deve ser recolhido do ato praticado.

Nos termos do art. 12, “caput” nenhuma exigência fiscal ou dúvida obstará a apresentação de um título e o
lançamento no protocolo com o respectivo número de ordem.

O registrador não pode negar prenotação já percebendo que o título evidentemente não dará registro, isto
porque a opção do legislador foi garantir a prioridade.

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CARREIRAS JURÍDICAS
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Prenotação e sua validade:

Em relação a validade da prenotação uma vez protocolado, o título possui o prazo de 30 dias para proceder aos
atos cabíveis, sendo possível excepcionalmente a sua suspensão, nos termos dos arts. 188 e 205 da LRP, a
exemplo, da suscitação de dúvida em que a análise de título contraditório fica obstada, hipoteca em grau superior
aquele em que deveria ser registrado.

Art. 188. Protocolizado o título, proceder-se-á ao registro, dentro do


prazo de 30 (trinta) dias, salvo nos casos previstos nos artigos
seguintes. (Renumerado do art. 189 com nova redação
pela Lei nº 6.216, de 1975).

Art. 205. Cessarão automaticamente os efeitos da prenotação se,


decorridos 30 (trinta) dias do seu lançamento no Protocolo, o título
não tiver sido registrado por omissão do interessado em atender às
exigências legais. (Renumerado do art 206 com nova
redação pela Lei nº 6.216, de 1975).

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 09

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

ESCRITURAÇÃO
1. Livros Específicos fora da LRP
2. Livros Específicos previstos pela LRP

ESCRITURAÇÃO

Escrituração normalmente se refere aos livros essenciais de registro, em um sentido mais amplo é possível falar
de marcadores ou índices.

Ser um livro específico não significa ser exclusivo, ser específico é dizer que aquele livro está descrito na lei para
aquela serventia.

Gerais
Livros obrigatórios
Específicos LRP
Legislação Extravagante

1. Livros específicos fora da LRP

a) Livro aquisição de terras rurais por estrangeiros (já estudado).


b) Livro de indisponibilidade (já estudado).
c) Livro de Recepção de Títulos – art. 12, parágrafo único, LRP e itens 18 a 24 do capítulo XX.

Art. 12. Nenhuma exigência fiscal, ou dúvida, obstará a apresentação


de um título e o seu lançamento do Protocolo com o respectivo
número de ordem, nos casos em que da precedência decorra
prioridade de direitos para o apresentante.
Parágrafo único. Independem de apontamento no Protocolo os
títulos apresentados apenas para exame e cálculo dos respectivos
emolumentos.

O denominado livro de recepção de títulos tem por objetivo receber os lançamentos dos títulos que forem
apresentados com a finalidade exclusiva de exame e cálculo dos respectivos emolumentos, sem lhes conferir
prioridade, nos termos do parágrafo único do art. 12 da LRP.

Este livro não dá os efeitos de prioridade, a prioridade é dada pelo livro de protocolo (prenotação).

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2. Livros específicos previstos pela LRP – art. 173.

Art. 173. Haverá, no Registro de Imóveis, os seguintes livros:


(Renumerado do art. 171 com nova redação pela Lei nº 6.216, de
1975).
I - Livro nº 1 - Protocolo;
II - Livro nº 2 - Registro Geral;
III - Livro nº 3 - Registro Auxiliar;
IV - Livro nº 4 - Indicador Real;
V - Livro nº 5 - Indicador Pessoal.
Parágrafo único. Observado o disposto no § 2º do art. 3º, desta Lei,
os livros nºs 2, 3, 4 e 5 poderão ser substituídos por fichas.

Livro 1 – Protocolo;
Livro 2 – Registro geral;
Livro 3 – Registro auxiliar;
Livro 4 – Indicador real;
Livro 5 – Indicador pessoal.

i) Livro 1 – Protocolo

Nos termos do art. 174 o livro protocolo se presta ao apontamento de todos os títulos apresentados diariamente.
A finalidade essencial é bem demonstrar a data exata do ingresso do título na serventia.

Art. 174. O livro nº 1 - Protocolo - servirá para apontamento de todos


os títulos apresentados diariamente, ressalvado o disposto no
parágrafo único do art. 12 desta Lei. (Renumerado do art.
172 com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 08

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

LIVROS
1. Livros Gerais e Específicos
1.1. Livros Gerais
1.2. Livros Especiais

LIVROS - ESCRITURAÇÃO

1. Livros Gerais e Específicos

1.1. Livros Gerais

São considerados gerais os livros comuns a todas as serventias, como por exemplo, o livro de visitas e correições,
os classificadores e outros indicadores.

1.2. Livros Especiais

São livros específicos aqueles atinentes a cada especialidade. Rol dos livros especiais do RI – art. 173, LRP.

Dentre os livros especiais alguns são previstos pela própria LRP quanto ao Registro de Imóveis, no entanto, há
outros fora deste diploma, pela LRP são livros especiais:

• Livro 1 – Protocolo;
• Livro 2 – Registro Geral;
• Livro 3 – Registro Auxiliar;
• Livro 4 – Registro Real;
• Livro 5 – Registro Pessoal.

Art. 173. Haverá, no Registro de Imóveis, os seguintes livros:


I - Livro nº 1 - Protocolo;
II - Livro nº 2 - Registro Geral;
III - Livro nº 3 - Registro Auxiliar;
IV - Livro nº 4 - Indicador Real;
V - Livro nº 5 - Indicador Pessoal.
Parágrafo único. Observado o disposto no § 2º do art. 3º, desta Lei, os
livros nºs 2, 3, 4 e 5 poderão ser substituídos por fichas.

Livros especiais fora da LRP são encontrados em leis esparsas ou a própria norma da corregedoria traz livros
obrigatórios.
a) Livro de aquisições de terras rurais por estrangeiros – é o livro que serve tanto para estrangeiros pessoas físicas
quanto pessoas jurídicas e está previsto no art. 10 da Lei 5.709/71.

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Nos termos do art. 8º da Lei 5.709/71 é obrigatório a escritura pública sempre que a aquisição for feita por pessoa
estrangeira e do instrumento constará menção do documento de identidade do adquirente, prova de residência no
território nacional e quando for o caso autorização do órgão competente ou assentimento prévio do antigo
Conselho de Segurança Nacional – art. 9º desta lei. Este órgão é chamado pela CF/88 de Conselho de Defesa
Nacional.

Art. 8º. Na aquisição de imóvel rural por pessoa estrangeira, física ou


jurídica, é da essência do ato a escritura pública.

Art. 9º. Da escritura relativa à aquisição de área rural por pessoas


físicas estrangeiras constará, obrigatoriamente:
I - menção do documento de identidade do adquirente;
II - prova de residência no território nacional; e
III - quando for o caso, autorização do órgão competente ou
assentimento prévio da Secretaria-Geral do Conselho de Segurança
Nacional.

b) Livro de indisponibilidade de bens

Facilita a busca do imóvel indisponível quando está catalogado em um livro em separado.

Próxima Aula: Livro de Recepção de Títulos.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 07

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PRINCÍPIOS E LIVROS
LIVROS
1. Escrituração

PRINCÍPIOS E LIVROS

g) Princípios da Especialização Subjetiva e Objetiva

A especialização subjetiva é o ato de apontar e individualizar as partes envolvidas no ato de registro “lato sensu”.
Documentação do comprador, do vendedor e de todos os envolvidos no ato.

Existe uma tendência de em casos excepcionais ocorrer a atenuação deste princípio. Acontece quando já existem
elementos suficientes para identificar uma das partes, elementos estes tirados de fontes segura. Ainda assim,
aplica-se na impossibilidade de apresentação de nova individualização. Exemplo: inventário judicial onde já houve
a demonstração de documentos.

A especialização objetiva é a perfeita e exata descrição do imóvel objeto do registro “lato sensu”, seguindo-se as
normas técnicas pertinentes de modo que possa o registrador ter absoluta certeza de que está registrando o imóvel
correto. Em áreas rurais não raro exige-se o georreferenciamento.

Neste campo da especialização objetiva não há a menor possibilidade de ocorrer atenuação deste princípio.

Cartório
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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 06

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PRINCÍPIOS E LIVROS

PRINCÍPIOS E LIVROS

e) Princípio da Continuidade (continuação)

Exceções ao Princípio da Continuidade

Ocorre que o ato de alienação forçada pelo Estado, essência da execução não é modo originário de aquisição de
propriedade, pois não dá ensejo a desapropriação. Aliás, é por isso que se deve inclusive expedir a carta de
arrematação, isto é, uma ordem para registro com o respectivo recolhimento do ITBI.

Portanto, desde 2014 entende-se que a arrematação é forma derivada de aquisição da propriedade. Paradigma
CSM 3005724-43.2013 – Rel. Des. Elliot Akel.

f) Princípio da Prioridade

De acordo com o Princípio da Prioridade a lei oferece proteção a quem primeiro registrar (lato sensu) o título, mais
precisamente cabendo ao ato de prenotação assegurar prioridade na qualificação do título e o seu consequente
ingresso no fólio real – art. 191 da LRP.

Art. 191. Prevalecerão, para efeito de prioridade de registro, quando


apresentados no mesmo dia, os títulos prenotados no Protocolo sob
número de ordem mais baixo, protelando-se o registro dos
apresentados posteriormente, pelo prazo correspondente a, pelo
menos, um dia útil.

A prenotação é um ato anterior a qualificação, mesmo que o Registrador perceba que não será possível registrar
ele será obrigado a prenotar, pois garante prioridade na qualificação.

A prenotação tem um prazo de validade de 30 dias e se o registro for feito neste prazo irá retroagir a data do dia
do protocolo da prenotação. Se passar dos 30 dias haverá perda da prioridade.

O art. 192 da LRP traz uma rara exceção a prioridade. Quando duas escrituras públicas forem lavradas na mesma
data com indicação de horário e apresentadas para registro no mesmo dia, implicando prenotação em datas iguais.
Neste caso, vale aquela que foi lavrada no horário anterior e não a apresentada antes para registro.

Art. 192. O disposto nos arts. 190 e 191 não se aplica às escrituras
públicas, da mesma data e apresentadas no mesmo dia, que
determinem, taxativamente, a hora da sua lavratura, prevalecendo,
para efeito de prioridade, a que foi lavrada em primeiro lugar.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 05

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PRINCÍPIOS E LIVROS

PRINCÍPIOS E LIVROS

e) Princípio da Continuidade (continuação)

Exceções ao Princípio da Continuidade

Em geral as exceções dizem respeito às figuras que denotam aquisição da figura originária do direito real.

A aquisição pode ser derivada quando for uma aquisição com lastro, ou seja, existe uma ligação entre o anterior
titular de um direito que se transmite para outro titular.

A aquisição originária é anômala, pois rompe qualquer nexo com os antigos proprietários tabulares, ao quebrar
esta cadeia quebra-se a continuidade. A usucapião é a “ultima ratio”.

Havia apenas 02 exceções ao princípio da continuidade referentes aos modos de aquisição originária da
propriedade, a usucapião e a desapropriação.

A lei 13.465/17 trouxe mais exceções ao Princípio da Continuidade.

Com o advento da Lei 13.465/17, o art. 11 trouxe o núcleo urbano informal consolidado - favela (aquele de difícil
reversão), perfaz legitimação fundiária (mecanismo de reconhecimento da aquisição do direito real de propriedade
também de modo originário) constituído por registro no RI. Trata-se de mais uma exceção a continuidade. É o que
pode acontecer também com a usucapião coletiva e eventualmente com a legitimação de posse.

Art. 11. Para fins desta Lei, consideram-se:


[...] III - núcleo urbano informal consolidado: aquele de difícil reversão,
considerados o tempo da ocupação, a natureza das edificações, a
localização das vias de circulação e a presença de equipamentos
públicos, entre outras circunstâncias a serem avaliadas pelo
Município;

Observação: Arrematações (alienações forçadas). Durante os anos de 2012 e 2013 o CSMTJSP (Conselho Superior
da Magistratura de SP) considerou as cartas de arrematação e adjudicação como títulos que rendiam aquisição
originária da propriedade, com base em uma decisão do STJ da Ministra Eliana Calmon, tendo em vista a sub-
rogação dos débitos no preço da arrematação.

Disso decorria a não cobrança de ITBI, além de permitir ingresso registrário mesmo quando o bem não pertencesse
ao executado, já que é modo originário de aquisição.

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Seguindo a linha de que arrematação era modo originário tem-se o paradigma do CSM 0013197.92.2012 – Relator
Desembargado Nalini.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 04

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PRINCÍPIOS DO REGISTRO DE IMÓVEIS


1. Princípios em Espécie

PRINCÍPIOS DO REGISTRO DE IMÓVEIS

d) Princípio da Territorialidade

Ao Oficial do Registro de Imóveis aplica-se o Princípio da Territorialidade com estrita observância da circunscrição
imobiliária, conforme o art. 12 da Lei 8.935/94.

Art. 12. Aos oficiais de registro de imóveis, de títulos e documentos e


civis das pessoas jurídicas, civis das pessoas naturais e de interdições
e tutelas compete a prática dos atos relacionados na legislação
pertinente aos registros públicos, de que são incumbidos,
independentemente de prévia distribuição, mas sujeitos os oficiais de
registro de imóveis e civis das pessoas naturais às normas que
definirem as circunscrições geográficas.

O desmembramento territorial posterior ao registro não exige sua repetição na nova Serventia Extrajudicial – item
13 do capítulo XX das NSCGJ.

Os oficiais do Registro de Imóveis só podem praticar atos típicos de sua atribuição para imóveis situados na
respectiva circunscrição, o que vale para qualquer ato posterior de averbação – art. 169 da Lei 6.015/73.

Art. 169. Todos os atos enumerados no art. 167 são obrigatórios e


efetuar-se-ão no Cartório da situação do imóvel, salvo:
I - as averbações, que serão efetuadas na matrícula ou à margem do
registro a que se referirem, ainda que o imóvel tenha passado a
pertencer a outra circunscrição;
II – os registros relativos a imóveis situados em comarcas ou
circunscrições limítrofes, que serão feitos em todas elas, devendo os
Registros de Imóveis fazer constar dos registros tal ocorrência.
III - o registro previsto no n° 3 do inciso I do art. 167, e a averbação
prevista no n° 16 do inciso II do art. 167 serão efetuados no cartório
onde o imóvel esteja matriculado mediante apresentação de qualquer
das vias do contrato, assinado pelas partes e subscrito por duas
testemunhas, bastando a coincidência entre o nome de um dos
proprietários e o locador.

Linhas Férreas

A lei 13.465/17 fez alterações importantes no registro das linhas férreas.

Cartório
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Quanto às linhas férreas a lei 13.465/17 não revogou expressamente a LRP, mas dispôs em sentido contrário,
acarretando, portanto, sua derrogação tácita.

A partir da lei, o trecho inicial da linha férrea deve ser registrado no Registro de Imóveis da primeira estação e os
demais nos trechos correspondentes aos Registros de Imóveis das respectivas estações.

e) Princípio da Continuidade

Previsão: art. 195, LRP.

De acordo com o Princípio da Continuidade o sistema de registro imobiliário demanda perfeito encadeamento entre
as sucessivas transmissões, sendo certo que apenas a pessoa que figurar como proprietário no Registro de Imóveis
pode alienar ou gravar o bem, nos termos do art. 195, da LRP.

Art. 195. Se o imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome


do outorgante, o oficial exigirá a prévia matrícula e o registro do título
anterior, qualquer que seja a sua natureza, para manter a
continuidade do registro.

Próxima Aula: Exceções ao Princípio da Continuidade.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 03

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PRINCÍPIOS DO REGISTRO DE IMÓVEIS


1. Princípios em Espécie

PRINCÍPIOS DO REGISTRO DE IMÓVEIS

b) Princípio da Força Probante (continuação)

O princípio em questão alcança não apenas os envolvidos no ato de registro “lato sensu”, mas toda a coletividade,
que poderá se servir da acessibilidade as informações para a tutela e defesa de interesses próprios.

Fraude à Execução

Conforme a súmula 375 do STJ a fraude a execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova
de má-fé do terceiro adquirente.

Súmula 375. O reconhecimento da fraude à execução depende do


registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro
adquirente.

Responsabilidade pela imprecisão das informações constantes do registro.

Considerando o sistema brasileiro, em que o Registrador controla a prática dos atos que lhe são submetidos o
equívoco registrário poderá gerar para ele responsabilidade pessoal e subjetiva, haja vista que a Serventia não tem
personalidade jurídica (art. 22, da Lei 8.935/94).

Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis


por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo,
pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que
autorizarem, assegurado o direito de regresso.
Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação
civil, contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial.

Já no sistema Alemão em que há presunção absoluta de veracidade eventual responsabilidade recairá sobre o
Estado.

c) Princípio da Legalidade:

A legalidade impõe, por exemplo, que o Registrador de Imóveis exponha as razões pela qual não aceite realizar
aquele registro.

Cartório
CARREIRAS JURÍDICAS
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O princípio da Legalidade dispõe que incumbe ao Oficial do Registro de Imóveis examinar a validade dos títulos
apresentados para registro “lato sensu”, mas não sendo possível ingressar na análise de vícios intrínsecos ao
negócio jurídico.

A análise e a qualificação recairão sobre elementos exteriores afastando-se então a verificação de ocorrência de
um vício do consentimento, da inobservância de um direito de preferência na compra e venda, etc. Para tais
reconhecimentos é imprescindível a propositura de demanda judicial.

O título judicial é qualificável e a ordem judicial é não qualificável, ainda que manifestamente ilegal.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 02

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PRINCÍPIOS DO REGISTRO DE IMÓVEIS


1. Princípios em Espécie

PRINCÍPIOS DO REGISTRO DE IMÓVEIS

a) Princípio da Publicidade (continuação)

Acessibilidade

Tratando-se de publicidade passiva a ideia não é cientificar a população em concreto, mas sim tornar acessível a
ela o ato de registro “lato sensu”.

Publicidade e a Lei 13.465/17.

Na lei 13.465/17 existem providências de cientificação de terceiros interessados quando prevê publicações em
jornais de ampla circulação no âmbito da Serventia Extrajudicial, como acontece, por exemplo, para fins de se levar
a consolidação da propriedade fiduciária quando não localizado o devedor fiduciante. Nesse caso, tem-se
publicidade ativa.

Publicidade e Controle

A publicidade é reforço dos controles judiciais e administrativos, porque uma vez registrado ou averbado os atos,
surge a possibilidade de um terceiro prejudicado impugná-los. Com isso, haverá maior controle por parte do Poder
Judiciário que atua por dispositivo constitucional como fiscal da atividade extrajudicial.

Só e possível controlar o que temos conhecimento.

b) Princípio da Força Probante

A regra geral no nosso sistema é a criação de uma prova que goza de presunção relativa “juris tantum”.

O registro de imóveis goza de presunção relativa “juris tantum” incidente sobre todos os dados contidos na
matrícula do imóvel, ou seja, titularidade dele, metragem do bem, negócios jurídicos pertinentes a ele, etc.

A presunção é relativa, pois o direito brasileiro admite prova em contrário. O instrumento mais comum que
demonstra esta relatividade é o procedimento de retificação de imóvel.

Exceção à regra da presunção relativa é o registro efetuado por meio do Sistema Torrens, nos termos do art. 277 e
ss. da LRP. É um sistema que cuida a princípio dos imóveis rurais.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 01

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PRINCÍPIOS DO REGISTRO DE IMÓVEIS


1. Princípios em Espécie

PRINCÍPIOS DO REGISTRO DE IMÓVEIS

Introdução

Os princípios no ordenamento jurídico atual têm função expressiva porque não se destinam apenas a hermenêutica
ou a integração, mas também servem como normas – art. 4º, LINDB.

1. Princípios em Espécie

a) Princípio da Publicidade

O Princípio da Publicidade tem o condão de disponibilizar o acesso público da prática dos atos de registro e
averbação para o conhecimento geral de sua ocorrência.

Essa prática gera publicidade passiva porque o registro “lato sensu” consta do RI, mas não obriga o Registrador a
cientificar individualmente os interessados.

A publicidade ativa é uma cientificação individual e específica.

Com o registro imobiliário a publicidade será sempre passiva, há uma presunção que todos tomarão conhecimento
daquele ato.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula complementar: 04

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

REURB
6. Procedimento da Reurb

REURB

6. Procedimento da Reurb

Previsto no artigo 28 da Lei da Reurb.

I. Requerimento dos legitimados: a ideia da lei foi conferir ampla legitimidade para o requerimento (art.
14), incluindo até mesmo pessoas que deram causa à irregularidade.

Art. 14. Poderão requerer a Reurb:


I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
diretamente ou por meio de entidades da administração pública
indireta;
II - os seus beneficiários, individual ou coletivamente, diretamente ou
por meio de cooperativas habitacionais, associações de moradores,
fundações, organizações sociais, organizações da sociedade civil de
interesse público ou outras associações civis que tenham por
finalidade atividades nas áreas de desenvolvimento urbano ou
regularização fundiária urbana;
III - os proprietários de imóveis ou de terrenos, loteadores ou
incorporadores;
IV - a Defensoria Pública, em nome dos beneficiários
hipossuficientes; e
V - o Ministério Público.
§ 1º Os legitimados poderão promover todos os atos necessários à
regularização fundiária, inclusive requerer os atos de registro.
§ 2º Nos casos de parcelamento do solo, de conjunto habitacional ou
de condomínio informal, empreendidos por particular, a conclusão
da Reurb confere direito de regresso àqueles que suportarem os seus
custos e obrigações contra os responsáveis pela implantação dos
núcleos urbanos informais.
§ 3º O requerimento de instauração da Reurb por proprietários de
terreno, loteadores e incorporadores que tenham dado causa à
formação de núcleos urbanos informais, ou os seus sucessores, não
os eximirá de responsabilidades administrativa, civil ou criminal.

II. Processamento administrativo do requerimento:


a. Classificação da modalidade de Reurb (art. 30). O município terá 180 dias para definir a
modalidade de Reurb.

Cartório
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b. Identificação e notificação dos titulares de direitos reais e confrontantes. O interessado, depois
de notificado, terá o prazo de 30 dias para impugnação do procedimento (art. 24, p.1º do decreto
9310/2018).
c. A notificação será feita de duas formas: via postal para os proprietários e confinantes + via edital,
se na via postal eles não forem localizados ou se recusarem a receber a cientificação.

III. Elaboração do projeto de regularização (art.35)

Art. 35. O projeto de regularização fundiária conterá, no mínimo:


I - levantamento planialtimétrico e cadastral, com
georreferenciamento, subscrito por profissional competente,
acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ou
Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), que demonstrará as
unidades, as construções, o sistema viário, as áreas públicas, os
acidentes geográficos e os demais elementos caracterizadores do
núcleo a ser regularizado;
II - planta do perímetro do núcleo urbano informal com
demonstração das matrículas ou transcrições atingidas, quando for
possível;
III - estudo preliminar das desconformidades e da situação jurídica,
urbanística e ambiental;
IV - projeto urbanístico;
V - memoriais descritivos;
VI - proposta de soluções para questões ambientais, urbanísticas e de
reassentamento dos ocupantes, quando for o caso;
VII - estudo técnico para situação de risco, quando for o caso;
VIII - estudo técnico ambiental, para os fins previstos nesta Lei,
quando for o caso;
IX - cronograma físico de serviços e implantação de obras de
infraestrutura essencial, compensações urbanísticas, ambientais e
outras, quando houver, definidas por ocasião da aprovação do
projeto de regularização fundiária; e
X - termo de compromisso a ser assinado pelos responsáveis,
públicos ou privados, pelo cumprimento do cronograma físico
definido no inciso IX deste artigo.
Parágrafo único. O projeto de regularização fundiária deverá
considerar as características da ocupação e da área ocupada para
definir parâmetros urbanísticos e ambientais específicos, além de
identificar os lotes, as vias de circulação e as áreas destinadas a uso
público, quando for o caso.

IV. Saneamento do procedimento administrativo

V. Decisão da autoridade competente (ato formal e público): Ato formal e público, que deve ser
fundamentado (art. 20 e ss da LINDB).

VI. Expedição do documento de regularização (CRF)

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VII. Registro da CRF + do projeto de regularização fundiária

Art. 28. A Reurb obedecerá às seguintes fases:


I - requerimento dos legitimados;
II - processamento administrativo do requerimento, no qual será
conferido prazo para manifestação dos titulares de direitos reais
sobre o imóvel e dos confrontantes;
III - elaboração do projeto de regularização fundiária;
IV - saneamento do processo administrativo;
V - decisão da autoridade competente, mediante ato formal, ao qual
se dará publicidade;
VI - expedição da CRF pelo Município; e
VII - registro da CRF e do projeto de regularização fundiária aprovado
perante o oficial do cartório de registro de imóveis em que se situe a
unidade imobiliária com destinação urbana regularizada.
Parágrafo único. Não impedirá a Reurb, na forma estabelecida nesta
Lei, a inexistência de lei municipal específica que trate de medidas ou
posturas de interesse local aplicáveis a projetos de regularização
fundiária urbana.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula complementar: 03

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

REURB
5. Espécies de Reurb
5.1. Reurb-S
5.2. Reurb-E
5.3. Reurb Inominada

REURB

5. Espécies de Reurb

A classificação da lei leva em conta exclusivamente o critério econômico da população que ocupa o NUI:
• Reurb-S (interesse social)
• Reurb-E (interesse específico)

5.1. Reurb-S (interesse social)

Formada por população predominantemente de baixa renda. A definição da classificação do núcleo informal é de
competência do município/DF (art. 30, I), ou, quando for o caso, dos Estados e da União (critério regional).

O critério econômico é determinado pelo artigo 6º do Decreto 9310/2018 – a população de baixa renda será
definida por ato do poder público municipal ou distrital sempre considerando as peculiaridades locais e regionais.

Art. 30, I. Compete aos Municípios nos quais estejam situados os


núcleos urbanos informais a serem regularizados:
I - classificar, caso a caso, as modalidades da Reurb; (...)

Obras de infraestrutura – Quando operada sobre aárea de titularidade de ente público, caberá ao referido ente a
responsabilidade de elaborar o projeto de regularização fundiária. Quando operada sobre área titularizada por
particular, caberá também ao município ou distrito federal a responsabilidade de custear o projeto, quando
necessário.

Aprovação ambiental – Menos rigorosa (art. 4º, p.5º do decreto 9310/2018).

Emolumentos – Os atos de regularização são gratuitos.

5.2. Reurb-E (interesse específico)

Aquela que se utiliza para núcleos que não se enquadram como de interesse social.

Obras de infraestrutura – A regularização fundiária será contratada e custeada por seus potenciais beneficiários
ou requerentes privados.

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Aprovação ambiental – Mais rigoroso (art. 4º, p.6º do decreto 9310/2018).

Emolumentos – Por estar fora da regra de exceção, incidem normalmente os emolumentos devidos nos termos da
tabela vigente em cada estado.

5.3. Reurb Inominada

É a Reurb de glebas parceladas para fins urbanos em data anterior a 19.12/1979 (edição da lei 6766/79). Marca-se
por ter um procedimento ainda mais simplificado.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula complementar: 01

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

REURB
1. Conceito
2. Objetivos

REURB

A Regularização Fundiária Urbana é regida pela lei 13.465/17.

1. Conceito

A Regularização Fundiária Urbana (Reurb) consubstancia-se em um conjunto de normas e procedimentos


aplicáveis para a incorporação dos Núcleos Urbanos Informais (NUIs) com a titulação dos seus ocupantes.

Atenção! Titulação é tornar a situação fática em direito, que não necessariamente é direito de propriedade. A não
circulação jurídica redunda na irregularidade do registro e quebra a relação de veracidade. Logo, é do interesse
geral que o imóvel circule de maneira regular e legal.

2. Objetivos (art. 10)

a) Identificação pelo poder público dos núcleos urbanos informais (NUIs) a serem regularizados;
b) Identificar os impactos urbanísticos e ambientais da regularização;
c) Ampliação do acesso à terra urbanizada pela população de baixa renda;
d) Direitos reais devem ser concedidos preferencialmente em nome da mulher (a mulher é considerada o
sustentáculo familiar).

Art. 10. Constituem objetivos da Reurb, a serem observados pela


União, Estados, Distrito Federal e Municípios:
I - identificar os núcleos urbanos informais que devam ser
regularizados, organizá-los e assegurar a prestação de serviços
públicos aos seus ocupantes, de modo a melhorar as condições
urbanísticas e ambientais em relação à situação de ocupação
informal anterior;
II - criar unidades imobiliárias compatíveis com o ordenamento
territorial urbano e constituir sobre elas direitos reais em favor dos
seus ocupantes;
III - ampliar o acesso à terra urbanizada pela população de baixa
renda, de modo a priorizar a permanência dos ocupantes nos
próprios núcleos urbanos informais regularizados;
IV - promover a integração social e a geração de emprego e renda;
V - estimular a resolução extrajudicial de conflitos, em reforço à
consensualidade e à cooperação entre Estado e sociedade;

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VI - garantir o direito social à moradia digna e às condições de vida
adequadas;
VII - garantir a efetivação da função social da propriedade;
VIII - ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade
e garantir o bem-estar de seus habitantes;
IX - concretizar o princípio constitucional da eficiência na ocupação e
no uso do solo;
X - prevenir e desestimular a formação de novos núcleos urbanos
informais;
XI - conceder direitos reais, preferencialmente em nome da mulher;
XII - franquear participação dos interessados nas etapas do processo
de regularização fundiária.

❖ O princípio da eficiência deve ditar o procedimento da Reurb?


Sim. O princípio da eficiência é uma das diretrizes da Reurb.

❖ A regularização é uma forma de solução de conflitos pela via extrajudicial?


Sim. Hoje, a regra do sistema jurídico é a usucapião extrajudicial, ao passo que a usucapião judicial deixou até
mesmo de ser regida por procedimento especial no CPC.

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Disciplina: Registro de Imóveis
Professor: Ralpho Monteiro
Aula complementar: 02

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

REURB
1. Conceito
2. Objetivos
3. Incidência
4. Recursos da Reurb

REURB

Pilares da REURB = integração do parcelamento ilegal à cidade + titulação dos ocupantes

3. Incidência da Reurb

A Reurb somente se aplicará aos núcleos urbanos informais (NUIs), notadamente aqueles considerados
consolidados.

NUI – Assentamento ou conglomerado urbano em parcelamento realizado de forma clandestina ou irregular (que
não foi passível de titulação para os seus ocupantes).

Limitação temporal para fins de regularização – Para fins da lei 13.465/2017, somente são regularizáveis os NUIs
existentes até 22.12.2016.

Parcelamento clandestino e irregular – Considera-se clandestino o parcelamento realizado sem aprovação


municipal ou dos demais entes envolvidos (como consequência, não tem registro no RI). De outro lado, é irregular
o parcelamento do solo que, ainda aprovado pelos órgãos competentes, não foi objeto de registro, ou, se o foi,
não restou efetivamente implantado ou não titulou os adquirentes.

4. Recursos da Reurb

Para que o atual sistema de regularização funcione efetivamente, a lei de 2017 quebrou diversos paradigmas
jurídicos:
❖ Em matéria urbanística = Possibilidade de diminuição dos percentuais de área pública, diminuição da
fração mínima de parcelamento (art. 11, p.1º), autorização em regularizar parcelamentos em áreas
protegidas pela legislação ambiental.
❖ Em matéria jurídica = Possibilidade de unificar imóveis de proprietários diferentes, possibilidade de
registro da Reurb e dos outros instrumentos jurídicos mesmo com a existência de ônus ou
indisponibilidades (art. 74), o reingresso no RI do direito possessório (art. 25).

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