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COMUNICADO
TÉCNICO Técnicas de amostragem
213 para diagnose da
murcha-de-phytomonas
(hartrot) em coqueiro
Aracaju, SE
Dezembro, 2018
Michel Dollet
Viviane Talamini
Leandro Eugenio Cardamone Diniz
2
Técnicas de amostragem
para diagnose da murcha-de-
phytomonas (hartrot) em coqueiro1
1
Biólogo, PhD em Biologia Molecular, pesquisador do CIRAD, Montepellier, França, pesquisador
visitante especial CNPQ/Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE. Engenheira Agrônoma, doutora em
fitopatologia, pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE. Biólogo, doutorado em Genética e
melhoramento, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE.
A B
Fotos: Michel Dollet
Figura 1. Percevejos do gênero Lincus (A) e Ochlerus (B), ambos da família Pentatomidae,
insetos vetores da murcha-de-phytomonas.
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Metodologia 1
A murcha-de-phytomonas ocorre em
plantas jovens, a partir de 2 anos de
idade e também em plantas adultas. As Amostragem das
primeiras plantas doentes geralmente espatas/inflorescência
estão localizadas na bordadura do co-
queiral. A disseminação é rápida levan- O protozoário causador da murcha-
do a perda quase total do plantio quan- -de-phytomonas, Phytomonas sp.,
do a população do inseto vetor é alta no pode ser visualizado na seiva da espa-
plantio. Dessa forma, a detecção preco- ta/inflorescência em microscópio ótico
ce da doença é fundamental para o seu (Figura 3). Para tanto deve-se coletar
manejo, pois plantas doentes devem ser a espata da folha nove ou de folhas
eliminadas da propriedade com a máxi- mais jovens (oito e/ou sete e seis),
ma urgência para evitar o progresso da no ponto de fixação desta ao estipe
doença. O controle do inseto vetor tam- (caule) mantendo o pecíolo. Também
bém deve ser feito conforme instruções é possível coletar para diagnóstico a
de profissional habilitado. inflorescência aberta, ou seja, a inflo-
Os sintomas externos nas plantas rescência da folha dez (Figura 4).
infectadas podem ser confundidos com
os de outras doenças como o amareleci-
mento letal e o anel vermelho e com de-
ficiências nutricionais, sendo indispen-
sável à visualização dos protozoários
flagelados no floema para a diagnose da
doença, principalmente em regiões onde
a doença é pouco conhecida (Renard,
1989).
O objetivo desta publicação é
apresentar, de forma prática, o passo a
Foto: Michel Dollet
Espata 9
Espata 8
Inflorescência 10
Espata 7
Figura 4. Espatas das folhas sete, oito e nove do coqueiro e a inflorescência da folha dez aberta
recentemente.
A
6
Espata 9
Figura 5. Espata da folha nove do coqueiro sendo possível sua visualização até a base
após a remoção das folhas e cachos (A) e espata da folha nove retirada íntegra da planta
do coqueiro (B).
No caso de coqueiro com altura su- Se não for possível enviar para análi-
perior a 3 m, o acesso às inflorescências se a inflorescência inteira, devido ao seu
é mais difícil. Nesse caso, na ausência volume, cortar com um facão limpo (de-
de escadas seguras ou plataformas que sinfetado com produto antimicrobiano
permitam acesso às espatas, a planta como hipoclorito de sódio a 2% e, poste-
riormente, enxaguado com água limpa)
deverá ser cortada para amostragem.
o pecíolo localizado no primeiro terço
Uma vez a copa da planta estando no
desta, ou seja, na base da inflorescência
solo, deve-se proceder ao corte das fo- que está inserida na planta (Figura 7).
lhas a dois terços do seu comprimento Imediatamente após o corte, envolver
para detectar a base das espatas; e, em o fragmento com papel filme ou papel
seguida, o corte do caule no nível das alumínio (Figura 8A) e embalar com um
folhas baixas/intermediárias. Retire as saco plástico (Figura 8B) e etiquetar a
folhas uma a uma; das folhas mais bai- amostra antes do envio. Recomenda-se
xas (velhas) para as mais novas, tendo armazenar a amostra em temperatura
o cuidado de cortá-las na sua base (no inferior a 25 °C caso a análise seja feita
nível em que estão presas no caule). em até 12 horas. Se o período de envio
da amostra para o laboratório for supe-
Quando chegar ao nível da folha nove,
rior a 12 horas, recomenda-se mantê-la
cortar o pecíolo no seu ponto de fixação
entre 8 °C e 10 °C. É importante ressal-
ao tronco. Assim, será possível a remo-
tar que as amostras nunca deverão ser
ção da inflorescência inteira conforme congeladas.
demonstrado anteriormente.
B
Fotos: Viviane Talamini
Figura 8. Preparo do pecíolo antes do envio para a análise. Em papel filme (A); e em saco
plástico limpo (B).
A B
C D
Fotos: Viviane Talamini
Após a obtenção do líquido deve-se trando a forma das fitomonas foi inseri-
depositar uma lamínula sobre a gota da no início deste documento. Caso as
(Figura 11A) e analisar ao microscópio fitomonas não apresentem movimento
ótico com auxílio da objetiva de 40x ou em caso de dúvidas será necessário
(aumento de 400x) (Figura 11B). No fazer um esfregaço e colorir com coran-
caso das amostras estarem contamina- tes (tipo Giemsa) indicados para colora-
das com fitomonas será possível ver as ções de tripanossomatídeos como, por
estruturas desses ao microscópio. Quan- exemplo, os utilizados para visualização
do a doença estiver em estágio inicial é do Trypanosoma cruzi em microscopia.
possível visualizar, no microscópio, as fi-
tomonas se movendo sendo assim mais
fácil o diagnóstico. Uma figura demons-
A B
Fotos: Viviane Talamini
Por se tratar de uma doença causada Infection, Genetics and Evolution, v. 12,
por um protozoário que invade o siste- p. 299-308, 2011.
ma vascular e é transmitida por insetos
vetores, é primordial a detecção precoce
da murcha-de-phytomonas nas áreas de
produção. Haja vista que o método de
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