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E
libélulas.
ra uma vez um lago, e nesse lago havia rãs. Rãs que passavam os dias a fazer coisas
de rãs: saltavam e apanhavam moscas, dormiam sestas ou brincavam com as
Durante o verão, depois de jantar, divertiam-se a cantar juntas. Foi precisamente numas
dessas noites de verão, enquanto estavam a cantar GROAC, GROC, GROAC, que algo vindo
do céu, PLOC, caiu no lago.
Rapidamente, as rãs começaram a procurar no fundo do lago o que poderia ali ter caído.
Uma das rãs, que tinha visto o sítio exato onde aquela coisa tinha caído, não demorou a
encontrá-la.
Era algo pequeno e brilhante.
Era uma coroa.
Assim falaram as rãs que sabiam o que uma rainha deve fazer e assim aconteceu.
A rainha deixou de falar com as outras rãs e de molhar os pés, pediu que lhe trouxessem
uma folha larga e moscas bem gordas para o almoço. Como não se podia cansar, ordenou às
rãs que fossem apanhar moscas, não só para ela, mas
também para as rãs que a aconselhavam, porque
estavam agora muito ocupadas.
Quando voltou à superfície, perguntou: “Então, que tal? Foi ou não foi um bom salto?”
Mas no lago fez-se um grande silêncio. Todas as rãs a olhavam sem dizer palavra. Apenas
uma falou: “Onde está a coroa? Ela já não tem coroa!”
No mergulho, a rainha tinha perdido a coroa.
Imediatamente ordenou: “Procurem a minha coroa!”
Mas as rãs responderam: “Quem és tu para nos dar ordens?”
“Sou a vossa rainha!”
“Não tens coroa! Não podes ser
rainha!” Foi então que as rãs começaram a
atirar-lhe bolas de lama.
Entretanto, lá em cima, na ponte, por vezes aparece um casal de namorados. Uma vez,
nessa mesma ponte, os dois discutiram, mas agora tudo está bem.
Ele beija-a atrás das orelhas. Ela tem num dedo um anel muito parecido com uma
pequena coroa brilhante. Quanto ele a beija, ela sorri e sorri.
Davide Cali
A rainha das rãs não pode molhar os pés
Figueira da Foz, Bruaá editora, 2012