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Rev Port Cardiol.

2016;35(12):681---695

Revista Portuguesa de
Cardiologia
Portuguese Journal of Cardiology
www.revportcardiol.org

ARTIGO DE REVISÃO

Choque cardiogénico --- fármacos inotrópicos


e vasopressores
José Amado ∗ , Paula Gago, Walter Santos, Jorge Mimoso, Ilídio de Jesus

Serviço de Cardiologia, Centro Hospitalar do Algarve, Faro, Portugal

Recebido a 5 de novembro de 2015; aceite a 26 de agosto de 2016


Disponível na Internet a 8 de novembro de 2016

PALAVRAS-CHAVE Resumo O choque cardiogénico é caracterizado por uma diminuição da contratilidade mio-
Choque cardiogénico; cárdica, apresentando uma mortalidade elevada. A instituição de terapêutica inotrópica e
Inotrópicos; vasopressora é recomendada e utilizada há vários anos no tratamento de doentes em choque,
Vasopressores mas continua a ser um tema controverso. Apesar do efeito benéfico na contratilidade miocár-
dica, os efeitos secundários dos inotrópicos (arritmias e aumento do consumo miocárdico de
oxigénio) podem-se associar a um aumento da mortalidade.
A farmacodinâmica dos diferentes agentes inotrópicos sugere benefícios em determinadas
situações, no entanto, estas diferenças não foram traduzidas em redução da mortalidade na
maioria dos estudos, dificultando a criação de recomendações.
Esta revisão pretende integrar os dados dos diferentes estudos, com fármacos inotrópicos e
vasopressores, em doentes com choque cardiogénico, sendo proposto um diagrama para o trata-
mento farmacológico de doentes em choque cardiogénico, de acordo com o perfil hemodinâmico
do doente.
© 2016 Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Todos os
direitos reservados.

KEYWORDS Cardiogenic shock: Inotropes and vasopressors


Cardiogenic shock;
Inotropes; Abstract Cardiogenic shock is characterized by a decrease in myocardial contractility, and pre-
Vasopressors sents a high mortality rate. Inotropic and vasopressor agents have been recommended and used
for several years in the treatment of patients in shock, but they remain controversial. Despite its
beneficial effect on myocardial contractility, the side effects of inotropic therapy (arrhythmias
and increased myocardial oxygen consumption) may be associated with increased mortality.
The pharmacodynamics of different inotropic agents suggest benefits in specific situations,
but these differences have not been reflected in reduced mortality in most studies, making it
difficult to formulate recommendations.

∗ Autor para correspondência.


Correio eletrónico: pina amado@hotmail.com (J. Amado).

http://dx.doi.org/10.1016/j.repc.2016.08.004
0870-2551/© 2016 Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Todos os direitos reservados.
682 J. Amado et al.

This review integrates data from different studies on the use of inotropes and vasopressors
in patients with cardiogenic shock, proposing a therapeutic scheme for the pharmacological
treatment of patients in cardiogenic shock according to the patient’s hemodynamic profile.
© 2016 Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Published by Elsevier España, S.L.U. All rights
reserved.

Introdução terapêutica por angioplastia é a preferida no tratamento


dos doentes com EAM em choque cardiogénico4 . Avanços na
O choque cardiogénico é um estado de hipoperfusão tecidu- terapêutica, nomeadamente no acesso à revascularização,
lar, condicionado por uma diminuição do débito cardíaco, têm diminuído a mortalidade por EAM e a incidência de cho-
estando, apesar de um volume intravascular adequado, que cardiogénico, contudo a sua ocorrência é preditora de
habitualmente presentes os seguintes parâmetros hemodi- uma taxa de mortalidade elevada3,5,6 .
nâmicos: pressão arterial sistólica inferior a 90 mmHg, por Na literatura é possível encontrar descrições da
mais de 30 min (sem suporte inotrópico ou vasopressor), utilização de fármacos inotrópicos e vasopressores no tra-
índice cardíaco baixo (inferior a 1,8 L/min/m2 sem assistên- tamento do choque cardiogénico desde a década de 507,8 ,
cia ou inferior a 2,2 L/min/m2 com assistência) e pressões no entanto, são poucos os estudos clínicos que envol-
de enchimento do ventrículo esquerdo aumentadas (pressão vam este tipo de doentes, pelo que a escolha entre os
capilar pulmonar > 18 mmHg)1,2 (Figura 1). fármacos a utilizar permanece controversa. Os autores
A causa mais frequente de choque cardiogénico é o efetuaram uma compilação dos trabalhos encontrados na
enfarte agudo do miocárdio (EAM) que representa quase literatura com fármacos inotrópicos e vasopressores, pro-
metade dos casos, podendo ocorrer em 5-15% destes doen- curando identificar as indicações para a utilização de cada
tes, nas diferentes séries3 . Desde o SHOCK trial que a fármaco.

PAM < 65mmHg e


FEVE < 40% ou
Índice cardíaco
< 1,8L/min/m2

Disfunção do
ventrículo direito
e/ou resistência
pulmonar elevada

Não Sim

Iniciar milrinona ou
levosimendan
Iniciar Dobutamina
associado a
noradrenalina

PAM > 65mmHg


Não Sim

PAM > 65mmHg

Noradrenalina Manter atitudes

Não Sim
PAM < 65mmHg

Vasopressina Vasopressina Manter atitudes

Ponderar
dispositivos de
assistência
ventricular

Figura 1 Terapêutica proposta para doentes que se mantêm em choque cardiogénico após reposição adequada de fluidos.
FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; PAM: pressão arterial média.
Choque cardiogénico --- fármacos inotrópicos e vasopressores 683

Tabela 1 Fármacos utilizados no choque cardiogénico


Classe Mecanismo de ação Semivida Dose infusão
Adrenalina Catecolaminas Agonista ␣ e ␤ 2 min 0,01-1,0 ug/kg/min
adrenérgico
Dobutamina Catecolaminas Agonista ␤ adrenérgico 2-3 min 2-20 ug/kg/min
Dopamina Catecolaminas Agonista ␣ e ␤ 2 min 1-20 ug/kg/min
adrenérgico e
dopaminérgico
Milrinona Inibidores da Aumento de AMPc por 2h 0,375-0,750 ug/kg/min
fosfodiesterase inibição de PDE-III
Levosimendan Sensibilizador Aumento da 1 h (metabolito até 80 h) 0,1-0,4 ug/kg/min
do cálcio sensibilidade da
troponina C ao Ca2+
intracelular
Noradrenalina Catecolaminas Agonista ␣ adrenérgico 2-2,5 min 0,2-1 ug/kg/min
Vasopressina Vasopressor Agonista recetores da 10-20 min 0,6-6 UI/h
vasopressina (V1 e V2)

Inotrópicos habitualmente utilizados, pois para aumentos semelhantes


da pressão arterial, o balanço entre o efeito inotrópico e
Os fármacos inotrópicos aumentam a contratilidade miocár- vasoconstritor da adrenalina permitiu não só um aumento
dica, com consequente aumento do débito cardíaco. Muitos da frequência cardíaca menos marcado do que a dopamina,
destes fármacos aumentam também a frequência cardíaca mas também uma vasoconstrição menos intensa do que com
com o consequente aumento do consumo de O2 pelo miocár- noradrenalina e, assim, um menor efeito na «pós-carga».
dio, o que pode ser prejudicial em alguns doentes. Para além
das propriedades inotrópicas, possuem ainda propriedades
vasoconstritoras ou vasodilatadoras. Dobutamina
Atualmente, estes fármacos são maioritariamente utili-
zados para estabilizar doentes com insuficiência cardíaca A dobutamina é um fármaco que atua no miocárdio por
aguda. Enumeram-se, em seguida, os principais fármacos estimulação dos recetores ␤1 adrenérgicos aumentando a
inotrópicos e respetivas características (Tabela 1). sua contratilidade, e ao nível do músculo liso nos recetores
␤2 adrenérgicos causando vasodilatação14 . Foi rapidamente
aceite para o tratamento do choque cardiogénico, dado o
Adrenalina seu potencial em aumentar o débito cardíaco e diminuir as
pressões de enchimento ventricular esquerdo15,16 .
A adrenalina é um fármaco simpaticomimético com afi- Francis et al.17 compararam os efeitos hemodinâmicos
nidade para se ligar aos recetores ␣ e ␤ adrenérgicos. Este da dobutamina com os efeitos da dopamina e descrevem
fármaco aumenta a pressão arterial média por aumentar o um menor aumento da frequência cardíaca, menor incidên-
débito cardíaco e o tónus vascular periférico9 , sendo por cia de arritmias, menos vasoconstrição periférica e uma
isso considerado o seu uso nos indivíduos em choque. O diminuição mais consistente da pressão de enchimento ven-
seu efeito foi testado em ensaios clínicos com doentes em tricular esquerda, para uma subida semelhante do débito
choque séptico, constatando-se uma eficácia e mortalidade cardíaco.
semelhantes à da norepinefrina10,11 . Richard et al.18 também concluíram que a combinação
Levy et al.12 realizaram um ensaio com 30 doentes em dopamina e dobutamina consegue um aumento do débito
choque cardiogénico, não causado por uma síndrome coro- cardíaco semelhante à infusão isolada de dopamina, mas
nária aguda, comparando a adrenalina com a combinação com um menor consumo de O2.
noradrenalina e dobutamina. A eficácia, em termos de valo- Em doentes a aguardar transplante cardíaco confrontou-
res de pressão arterial, consumo de oxigénio e melhoria -se a eficácia da dobutamina versus milrinona, com alguns
da função renal, foi semelhante e a mortalidade sobre- autores a apontarem resultados semelhantes19 e outros a
ponível. No mesmo estudo, foi ainda observado que os favorecer a milrinona, tanto na mortalidade20 como na
doentes submetidos ao tratamento com adrenalina apre- menor necessidade de dispositivos de assistência ventricular
sentavam um aumento transitório dos valores de ácido na ponte para transplante21 .
lático e da glicemia, e uma frequência cardíaca mais ele- Numa meta-análise de 2012, Tacon et al.22 analisaram
vada (três doentes apresentaram taquiarritmias no grupo da 14 estudos, num total de 673 doentes com insuficiência
adrenalina e nenhum no outro grupo). O grupo de Morici cardíaca avançada, em que foi comparada a dobutamina
et al.13 sugere que este agente é importante na estabilização com placebo ou terapêutica convencional, registando-se um
hemodinâmica dos doentes com choque cardiogénico, apre- aumento da mortalidade nos doentes tratados com dobuta-
sentando um melhor «perfil» do que os restantes fármacos mina, embora sem significado estatístico.
684 J. Amado et al.

Dopamina No maior ensaio até à data que envolveu a milrinona,


o OPTIME-CHF33 , comparou-se a sua eficácia versus placebo
A dopamina é um precursor natural da noradrenalina e da em doentes internados por descompensação de insuficiência
adrenalina, com efeitos dose dependentes. Em doses baixas cardíaca crónica (foram, no entanto, excluídos os doentes
(1-2 ug/kg/min) a dopamina tem efeitos vasodilatadores ao em choque). A milrinona não demonstrou superioridade no
se ligar a recetores dopaminérgicos. Em doses mais eleva- tempo de hospitalização ou na mortalidade a 60 dias, tendo
das (5-10 ug/kg/min) tem efeitos agonista ␤1 adrenérgico e aumentado o número de casos de hipotensão e de taquiar-
consequentemente efeito inotrópico, tendo em doses ainda ritmias auriculares.
mais elevadas (superiores a 10 ug/kg/min) um efeito ago- No registo ADHERE34 , publicado em 2005, que incluiu
nista ␣ adrenérgico, causando vasoconstrição e subsequente doentes com insuficiência cardíaca aguda, os agentes
aumento da pressão arterial14,23 . inotrópicos registaram maior mortalidade do que os vasodi-
Foi durante muito tempo considerado que a dopamina latadores, no entanto, neste registo apenas 2,5% dos doentes
apresentava um efeito benéfico a nível da função renal, apresentavam pressão arterial sistólica inferior a 90 mmHg,
efeito que não foi demonstrado em dois ensaios24,25 , pressu- pelo que estes resultados não são extrapoláveis para os
pondo que não deverá ser utilizada com esse propósito. doentes em choque. Os agentes inotrópicos utilizados foram
Apesar de longamente utilizado, este fármaco tem vindo a dobutamina e a milrinona, tendo os doentes sob dobuta-
a ser cada vez menos preponderante no choque cardiogé- mina apresentado maior mortalidade do que os doentes sob
nico pois, numa subanálise do ensaio SOAPII26 , os doentes milrinona.
com choque cardiogénico que se encontravam sob este fár- Em doentes com insuficiência cardíaca avançada com
maco apresentaram maior número de eventos arrítmicos e necessidade prolongada de inotrópicos, a milrinona oral em
mortalidade, quando comparados com aqueles tratados com ambulatório foi associada a um aumento da mortalidade
noradrenalina. Uma possível explicação para esta diferença quando comparada com placebo35 . Verificou-se, no entanto,
entre a noradrenalina e a dopamina no choque é a dimi- boa tolerância quando associado a betabloqueantes36 . Já
nuída capacidade de resposta a agentes indiretos, como é o mais recentemente foi comparada a sua eficácia em
caso da dopamina, por défice na libertação de neurotrans- administração endovenosa contínua com a dobutamina,
missores nos doentes em choque27 . Apesar destes dados, em ocorrendo uma mortalidade semelhante em ambos os
2009, um estudo português de Póvoa et al.28 demonstrou que grupos37 .
em doentes com choque séptico a dopamina se associava a A importância da milrinona em indivíduos com diminuição
menor mortalidade do que a noradrenalina. da função do ventrículo direito e aumento da resistência vas-
cular pulmonar foi descrita por Pamboukian et al.38 , tendo
este resultado sido demonstrado também por Eiran et al.39 ,
num ensaio onde se comparou a milrinona com dobutamina,
Milrinona tendo a milrinona apresentado melhoria da função sistólica
ventricular direita e redução da pressão na artéria pulmonar.
A milrinona é um fármaco inibidor da fosfodiesterase (PDE).
Ao inibir a PDE-3 (enzima que degrada o monofosfato de
adenosina cíclico [AMPc]), aumenta os níveis de AMPc, faci- Levosimendan
litando a entrada de cálcio nos miócitos e aumentando a
contratilidade miocárdica. Ao nível do músculo liso vascu- O levosimendan é o mais recente inotrópico disponível para
lar periférico, esta menor degradação do AMPc aumenta a o tratamento de insuficiência cardíaca aguda. Este fár-
remoção do cálcio intracelular, condicionando relaxamento maco aumenta a sensibilidade da troponina C do aparelho
e vasodilatação29 . Este agente é descrito como sendo inotró- contrátil ao cálcio intracelular, apresentando propriedades
pico positivo, vasodilatador periférico e com propriedades inotrópicas e lusitrópicas40---42 . Tem ainda uma ação sobre
lusitrópicas. os canais de potássio dependentes do ATP, promovendo
O facto de não aumentar a frequência cardíaca como os relaxamento do músculo liso vascular e consequente-
fármacos catecolaminérgicos, pressupôs sempre a vantagem mente vasodilatação coronária e periférica34 . O efeito do
teórica de que não teria impacto negativo no consumo de levosimendan é dose-dependente, com impacto demons-
oxigénio ao nível miocárdico30 . trado no perfil hemodinâmico de doentes com insuficiência
Os primeiros estudos comparativos da milrinona com cardíaca43 , podendo o efeito do seu metabolito ativo durar
a dobutamina31 demonstraram que estes fármacos tinham cinco dias após a suspensão do fármaco44 .
igual eficácia no aumento do índice cardíaco, mas com uma Em doentes com insuficiência cardíaca aguda, alguns
redução da pressão de enchimento ventricular esquerdo, ensaios45---50 demonstraram que este fármaco não tem
ventricular direito e da pressão arterial mais marcadas com impacto na mortalidade quando comparado com placebo,
a milrinona. com resultados controversos quando comparado com outros
Foi demonstrado que a milrinona pode permitir a redução fármacos inotrópicos. No estudo REVIVE II45 o grupo tra-
da dose de catecolaminas em doentes com choque cardi- tado com levosimendan teve um benefício precoce ao nível
ogénico dependente das mesmas, muitas vezes de difícil da sintomatologia dos doentes e redução do valor BNP
desmame. Num estudo de Siostrzonek et al.32 que envolveu quando adicionado levosimendan ao tratamento versus pla-
20 doentes, a utilização da milrinona permitiu inclusiva- cebo, mas com tendência para um aumento da mortalidade.
mente a remoção das catecolaminas e alta mais precoce da No estudo LIDO46 , o levosimendan foi comparado com a
unidade de cuidados intensivos. Contudo, em alguns doentes dobutamina, em doentes com insuficiência cardíaca des-
foi necessário aumentar o suporte vasopressor. compensada e necessidade de terapêutica inotrópica. Aos
Choque cardiogénico --- fármacos inotrópicos e vasopressores 685

180 dias, o levosimendan apresentou menor mortalidade melhoria do perfil hemodinâmico após o início da infusão
e maior número de dias até novo internamento. O estudo deste fármaco.
LEAF47 avaliou a eficácia do levosimendan versus placebo Complicações da infusão de noradrenalina como a
em doentes submetidos a angioplastia primária após EAM diminuição do fluxo sanguíneo renal e esplâncnico, em
complicado de insuficiência cardíaca, observando-se uma especial em doentes com necessidade de volume, são ampla-
melhoria da contratilidade miocárdica, mas sem benefício mente conhecidas53 .
em termos de mortalidade. Neste estudo apenas nove doen- As guidelines da Sociedade Europeia de Cardiologia de
tes apresentaram choque cardiogénico, não tendo havido EAM com supradesnivelamento de ST54 são confusas no que
diferenças significativas entre os grupos. Também em Por- se refere à terapêutica de doentes em choque cardiogénico,
tugal foi realizado um estudo com levosimendan, o estudo pois no texto é referido que a noradrenalina será o fármaco
PORTLAND48 , onde foram incluídos 129 doentes com insu- a eleger em doentes em choque cardiogénico com pressão
ficiência cardíaca aguda e função do ventrículo esquerdo arterial baixa; no entanto, aparece a dopamina com classe
deprimida, mas excluídos os doentes em choque cardiogé- de recomendação IIa/C e a noradrenalina como IIb/B.
nico, neste observou-se que este é um fármaco seguro, com Como já referido, no estudo SOAPII26 , a noradrenalina
aparente melhoria sintomática dos doentes e diminuição exibiu menor mortalidade do que a dopamina em doentes
de internamentos no follow-up a seis meses. No entanto, em choque cardiogénico. É considerado, assim, o fármaco
neste estudo o levosimendan não foi comparado com outras de eleição em doentes em choque cardiogénico, podendo
terapêuticas, mas sim com os dados dos internamentos por ser associado a um agente inotrópico.
insuficiência cardíaca existentes no país.
Samimi-Fard et al.49 compararam os resultados aos
12 meses de follow-up entre o levosimendan e a dobuta- Vasopressina
mina, em 22 doentes com choque cardiogénico após EAM,
submetidos a angioplastia coronária primária, não sendo A vasopressina é um agente com afinidade para recetores
evidenciado diferenças significativas. Fuhrmann et al.50 próprios. Ao se ligar aos recetores V1, causa vasoconstrição
compararam o levosimendan com a enoximona em 32 doen- pela contração do músculo liso vascular23,55 , e pela ligação
tes com choque cardiogénico, descrevendo uma diminuição aos recetores V2 promove a reabsorção de água ao nível
da mortalidade nos doentes tratados com levosimendan aos do sistema excretor renal55 . Em doentes com choque
30 dias. séptico provou ser uma terapêutica eficaz e segura, em
Para além dos efeitos na função ventricular esquerda, associação à noradrenalina23 , permitindo reduzir as doses
foi também demonstrado51 , num pequeno estudo com de outros vasopressores55 .
25 doentes, que o levosimendan pode melhorar a função do Na paragem cardiorrespiratória, verificou-se que a vaso-
ventrículo direito e reduzir a resistência vascular pulmonar, pressina tem uma eficácia semelhante à adrenalina na
podendo ter um papel na disfunção do ventrículo direito em reanimação de doentes em fibrilhação ventricular ou ativi-
doentes em choque cardiogénico após EAM. dade elétrica sem pulso e uma eficácia superior na presença
de assistolia56 .
Vasopressores Num pequeno estudo57 retrospetivo de doentes com cho-
que cardiogénico foi descrito que, naqueles sob dopamina,
a adição de vasopressina não é inferior em relação à nora-
Os fármacos vasopressores são considerados o tratamento a
drenalina, quando avaliado o aumento da pressão arterial
instituir a doentes em choque, com resistências vasculares
média e os restantes parâmetros hemodinâmicos, sem haver
sistémicas baixas, que não respondem à administração de
contudo um benefício na mortalidade.
fluídos. No choque cardiogénico reconhece-se que pode per-
Constatou-se também boa resposta à administração
sistir um estado pró-inflamatório sistémico que condiciona
de vasopressina em doentes hipotensos após implantação de
vasoplegia52 , o que conduz à necessidade de utilização de
dispositivos de assistência ventricular esquerda, permitindo
agentes vasopressores com o objetivo de manter a pressão
uma diminuição da necessidade de noradrenalina58 .
arterial dos doentes. Os agentes inotrópicos com propri-
No entanto, até à data, não existem ensaios clínicos ran-
edades vasoconstritoras como a dopamina e a adrenalina
domizados em doentes com choque cardiogénico tratados
podem ser usados com esta finalidade, mas o fármaco que
com vasopressina.
tem demonstrado maior impacto na mortalidade de doen-
tes em choque é a noradrenalina26 . Descrevem-se a seguir
os dois fármacos com propriedades vasoconstritoras mais
Discussão
utilizados atualmente (Tabela 1).
Os vários estudos sobre esta temática tornam bem eviden-
Noradrenalina tes as muitas incertezas que existem na utilização destes
fármacos no choque cardiogénico (Tabela 2).
A noradrenalina é uma catecolamina com efeito ␣ adrenér- Avaliando os resultados descritos, nenhum agente ino-
gico, sendo utilizado como um agente vasopressor com o trópico foi sugerido como superior ao placebo, tendo, no
objetivo de aumentar a pressão arterial em doentes em cho- entanto, quando comparados com outros fármacos havido
que. Em 19537 , aparece a descrição do primeiro caso clínico alguns com efeitos benéficos. Estes dados podem, em parte,
de um doente em choque cardiogénico após um EAM tra- ser explicados porque nos estudos versus placebo o que foi
tado com noradrenalina. Apesar do falecimento do doente feito, na realidade, foi acrescentar o fármaco em estudo
(choque cardiogénico complicado por sépsis), é descrita uma à terapêutica convencional do centro, demonstrando que
686
Tabela 2 Estudos com fármacos inotrópicos e vasopressores
Nome do estudo, Objetivos Tipo estudo n População Endpoints Resultados
autores, ano
Critérios inclusão Critérios exclusão
Levy et al. Comparar os efeitos Randomizado 30 Índice cardíaco Síndrome coronária Frequência Efeitos
201112 hemodinâmicos, < 2,2 L/min/m2 aguda cardíaca hemodinâmicos
metabolismo de lactatos e PAM < 60 mmHg Pressão arterial semelhantes da
impacto na perfusão Sinais de hipoperfusão PCO2 mucosa associação
sistémica da adrenalina e sistémica gástrica noradrenalina-
combinação Ausência de Níveis lactatos -dobutamina e
dobutamina-noradrenalina hipovolemia adrenalina.
A adrenalina
provocou aumento
transitório de
lactatos, da
frequência cardíaca
e, diminuiu a
perfusão da mucosa
gástrica
Myburgh et al. Detetar quais as diferenças Randomizado 280 Doentes internados em Pós-paragem Tempo até Não foram
200810 entre a adrenalina e a cuidados intensivos cardiorrespiratória alcançar PAM. encontradas
noradrenalina no alcance de candidatos a Anafilaxia a um dos Mortalidade aos diferenças em
PAM em doentes internados terapêutica com fármacos 28 e aos 90 dias nenhum dos
em cuidados intensivos noradrenalina ou Feocromocitoma endpoints
adrenalina Hipoadrenalismo
Terapêutica com
inibidores da MAO
(monoamina oxidase)
Annane et al. Eficácia e segurança da Randomizado 330 Doentes com Gravidez Mortalidade aos Mortalidade
200711 combinação diagnóstico de choque Cardiomiopatia 28 dias semelhante nos dois
noradrenalina-dobutamina séptico obstrutiva grupos
versus adrenalina no choque Síndrome coronário
séptico agudo
Outros tipos de choque
Francis et al. Comparar os efeitos Randomizado 13 Doentes com Outros tipos de choque Frequência Dobutamina
198217 hemodinâmicos da diagnóstico de choque cardíaca apresentou maior
dobutamina com a cardiogénico Arritmias aumento do débito e
dopamina no choque Perfusão do índice cardíaco

J. Amado et al.
cardiogénico periférica que a dopamina.
Pressão
enchimento VE
Débito cardíaco
Choque cardiogénico --- fármacos inotrópicos e vasopressores
Tabela 2 (Continuação)

Nome do estudo, Objetivos Tipo estudo n População Endpoints Resultados


autores, ano
Critérios inclusão Critérios exclusão
Richard et al. Determinar a eficácia da Randomizado 8 Doentes em choque N/A PAM A combinação
198318 combinação cardiogénico sob PCP dobutamina-
dobutamina-dopamina no ventilação invasiva Índice cardíaco -dopamina permitiu
choque cardiogénico Frequência um aumento da PAM
cardíaca e manteve a PECP
dentro de limites
normais.
Aranda et al. Compara «outcomes» Randomizado 36 Doentes em lista de Intolerância a Perfil Não foram
200319 clínicos associados com o transplante cardíaco dobutamina ou hemodinâmico encontradas
uso de dobutamina ou dependentes de milrinona Arritmias diferenças entre os
milrinona em doentes terapêutica inotrópica Instabilidade ventriculares dois fármacos
hospitalizados à espera de hemodinâmica com Necessidade de
transplante cardíaco necessidade de terapêutica
dispositivos de suporte vasodilatadora ou
mecânico inotrópica
adicional
Mehra et al. Avaliar a segurança da Observacional 71 Dependência de N/A Necessidade de A milrinona
199721 milrinona i.v. durante mais terapêutica inotrópica suporte demonstrou ser um
de 72 h e avaliar a utilidade Estabilidade circulatório fármaco seguro por
deste fármaco como ponte hemodinâmica > 72 h mecânico perío-
para transplante cardíaco Utilização de Efeitos adversos dos > 72 hDiminuiu a
na IC avançada milrinona > 72 h cardíacos necessidade de
terapêutica de
suporte circulatório
SOAP II Avaliar se a escolha de Randomizado 1679 PAM < 70 mmHg após < 18 anos Taxa mortalidade Taxa mortalidade
De Backeret al. noradrenalina versus 1000 ml de cristaloides Terapêutica aos 28 dias, aos semelhante entre os
201026 dopamina como agente ou 500 ml de coloides e vasopressora prévia por seis e 12 meses. dois fármacos.
vasopressor de 1.a linha sinais de hipoperfusão mais de 4 h Eventos adversos Dopamina
diminui a taxa da tecidular Arritmias não associou-se a mais
mortalidade nos doentes em controladas arritmias.
choque Taquicardia ventricular
Morte cerebral Análise subgrupo
choque cardiogénico
dopamina teve
mortalidade
superior à da
noradrenalina

687
688
Tabela 2 (Continuação)

Nome do estudo, Objetivos Tipo estudo n População Endpoints Resultados


autores, ano
Critérios inclusão Critérios exclusão
SACiUCI Avaliar qual o impacto da Observacional 458 Todos os doentes N/A Mortalidade Noradrenalina
Póvoa et al. escolha da terapêutica admitidos por choque hospitalar e aos apresentou maior
200928 vasopressora na séptico 28 dias mortalidade
mortalidade do choque hospitalar e aos
séptico 28 dias que a
dopamina
Colucci et al. Avaliar os efeitos Prospetivo 15 Doentes com IC NYHA N/A Índice cardíaco Igual aumento do
198631 hemodinâmicos da Não III-IV Pressões índice cardíaco
milrinona e dobutamina na randomizado enchimento VE e Milrinona teve maior
insuficiência cardíaca VD descida dos valores
avançada Resistência das pressões de
vascular periférica enchimento do VE e
VD e das resistências
vasculares
periféricas
OPTIME-CHF Avaliar o impacto da Randomizado 949 Hospitalização por IC Necessidade de Dias de Sem diferenças nos
Cuffe et al. utilização de milrinona ou NYHA II-IV inotrópico i.v. hospitalização nos dias de
200233 placebo em adição à FEVE < 40% Síndrome coronária 60 dias após hospitalização.
terapêutica «standard» em aguda randomização. Milrinona
doentes hospitalizados por FA mal controlada Eventos adversos apresentou mais
insuficiência cardíaca Taquicardia efeitos adversos
ventricular/fibrilhação
ventricular
ADHERE Compara a mortalidade em Registo 65 180 Doentes admitidos em Diagnóstico principal Mortalidade Maior mortalidade e
Adams et al. doentes com IC aguda hospitais de agudos não ser IC hospitalar tempo de estadia
200534 medicados com um de cardíacos e com o hospitalar nos
quatro agentes vasoativos diagnóstico de IC Tempo de estadia doentes sob
(nitroglicerina, nesiritide, hospitalar inotrópicos do que
milrinona e dobutamina) nos sob
vasodilatadores
(milrinona 12,3%,
mobutamina 13,9%,

J. Amado et al.
nitroglicerina 4,7%,
nesiritide 7,1%)
Choque cardiogénico --- fármacos inotrópicos e vasopressores
Tabela 2 (Continuação)

Nome do estudo, Objetivos Tipo estudo n População Endpoints Resultados


autores, ano
Critérios inclusão Critérios exclusão
PROMISE Determinar o efeito da Randomizado 1008 NYHA III-IV Doença valvular Mortalidade Aumento da
Packer et al. milrinona oral (versus FEVE < 35% obstrutiva cardiovascular mortalidade nos
199135 placebo) na mortalidade de Sob digoxina, Miocardite aguda hospitalar doentes sob
doentes com IC avançada diuréticos e IECA Cardiomiopatia milrinona
que se mantêm hipertrófica
sintomáticos apesar da Amiloidose cardíaca
terapêutica convencional Patologia tiroideia não
controlada
Gorodeski et al. Investigar o impacto na Caso-controlo 112 IC dependente de N/A Sobrevida Sem diferenças na
200937 mortalidade entre a escolha inotrópicos mortalidade entre
de milrinona ou dobutamina dobutamina e
em doentes com IC milrinona
dependentes de inotrópicos
Pamboukian et al. Determinar os efeitos da Observacional 19 Doentes candidatos a N/A Resistência A milrinona diminui
199938 milrinona na resistência Retrospetivo transplante cardíaco vascular pulmonar a resistência
vascular pulmonar com hipertensão Débito cardíaco vascular pulmonar, a
pulmonar Pressão art. pressão da art.
Pulmonar pulmonar e a PECP
PECP com aumento do
débito cardíaco
REVIVE II Avaliar a eficácia e Randomizado 700 Hospitalização por IC Entubação orotraqueal Morte Mortalidade aos
Packer et al. segurança do levosimendan aguda PAS ≤ 90 mmHg Sintomas 14 dias semelhante
201345 (versus placebo) em FEVE < 35% FC > 120 bpm Agravamento IC Grupo do
doentes com IC aguda Angina nas 6 h prévias BNP Levosimendan:
CVE nas 4 h prévias - alta mais precoce
Obstrução valvular - diminuição do BNP
AVC/AIT aos 5 dias mais
Insuficiência hepática marcada
Insuficiência renal
(Cr. >5 mg/dl) Niveis de BNP aos
DPOC severa 31 dias
Anemia Hb < 10 g/dl sobreponíveis
Infecção ativa
K+ < 3,5/ > 5,4 mEq/L
História de torsades de
pointes

689
690
Tabela 2 (Continuação)

Nome do estudo, Objetivos Tipo estudo n População Endpoints Resultados


autores, ano
Critérios inclusão Critérios exclusão
LIDO Comparar os efeitos do Randomizado 203 Hospitalização por IC Idade < 21 anos Melhoria Levosimendan
Follath et al. levosimendan com os da com baixo débito Idade fértil se mulher hemodinâmica às conseguiu melhoria
200246 dobutamina na performance cardíaco e necesside Cardiomiopatia 24 h: hemodinâmica
hemodinâmica e «outcome» de inotrópicos hipertrófica ou - aumento de 30% superior à
clínico em doentes com Deterioração de IC restritiva ou mais no débito dobutamin.
baixo débito cardíaco crónica apesar de Doença valvular cardíaco Menor mortalidade
terapêutica óptima estenótica - diminuição da aos 180 dias com o
IC severa após cirurgia Dor torácica na PECP de 25% levosimendan
cardíaca randomização (26 versus 38%)
IC aguda com TV/FV nas últimas duas Mortalidade
FEVE < 35% semanas Número de dias
Índice car- FC > 120 bpm até novo
díaco < 2,5 L/min/m2 PAS < 85 mmHg internamento
PECP > 15 mmHg Insuficiência renal
severa
Insuficiência hepática
Tamponamento
cardíaco
Choque séptico
SDRA
LEAF Avaliar a eficácia e Prospetivo 61 EAM com SST após Alteração do Levosimendan
Husebye et al. segurança do levosimendan Não angioplastia 1.◦ com: < 20 anos índice de melhora o índice de
201247 (versus placebo) em randomizado - abertura de vaso FC > 120 bpm motilidade do VE motilidade do VE
doentes com EAM com SST, culprit Choque séptico Alteração do pós EAM.
submetidos a angioplastia - alterações em pelo SDRA NT-Pro BNP
1.◦ , complicada por IC menos três segmentos Cr. > 450 umol/L Tamanho enfarte MACE igual nos dois
sintomática do VE Insuficiência hepática aos 42 dias grupos
- insuficiência cardíaca severa Tempo até MACE
com um dos seguintes: Obstrução saída do VE (morte, EAM não
Edema agudo de significativa fatal,
pulmão, Necessidade Alergia a um dos revascularização,
de CPAP ou ventilação fármacos reospitalização
invasiva, necessidade Anemia por IC)
de diuréticos ev por Gravidez

J. Amado et al.
congestão, oligúria
persistente
- choque:
PAS < 90 mmHg,
hipoperfusão sistémica
Choque cardiogénico --- fármacos inotrópicos e vasopressores
Tabela 2 (Continuação)

Nome do estudo, Objetivos Tipo estudo n População Endpoints Resultados


autores, ano
Critérios inclusão Critérios exclusão
PORTLAND Avaliar a eficácia clínica e Prospetivo 129 NYHA III-IV Choque Proporção de Levosimendan foi
Silva-Cardoso et al. segurança do levosimendan Não FEVE < 40% Taquiarritmia não doentes nos quais eficaz e seguro com
200948 no tratamento da IC aguda randomizado Descompensação de IC controlada o levosimendan é aparente melhoria
sistólica na prática clínica com necessidade de Angina em repouso ou seguro e eficaz às sintomática.
diária inotrópicos pós EAM 24 h
História de torsades de Redução de
pointes Proporção de internamentos aos
Obstrução mecânica do doentes nos quais seis meses nos
enchimento ou da o levosimendan é doentes tratados
ejeção do VE seguro e eficaz aos com levosimendan
Insuficiência renal cinco dias
severa (Cr. > 3 mg/dl)
Insuficiência hepática
severa
Anemia (Hb < 9 g/dl)
Gravidez
Alergia ao
levosimendan
Samimi-Fard et al. Determinar o efeito na Randomizado 22 EAM com SST Enfarte com disfunção Mortalidade aos Mortalidade aos
200749 sobrevida a longo prazo do submetido a do ventrículo direito 12 meses 12 meses igual entre
levosimendan comparado angioplastia 1.◦ e Taquicardia ventricular os dois grupos
com dobutamina em choque cardiogénico Regurgitação mitral
doentes com EAM com significativa
supraST e angioplastia
primária que desenvolvem
choque cardiogénico

691
692
Tabela 2 (Continuação)

Nome do estudo, Objetivos Tipo estudo n População Endpoints Resultados


autores, ano
Critérios inclusão Critérios exclusão
Fuhrmann et al. Investigar os efeitos do Randomizado 32 Choque cardiogénico Complicação mecânica Mortalidade aos 30 Levosimendan
200850 levosimendan e da refratário após do EAM dias apresentou menor
enoximona no choque revascularização, balão Doença valvular mortalidade que
cardiogénico refratário que intra-aórtico, estenótica enoximona (31,3
complica o EAM fluidoterapia e Taquicardia ventricular versus 62,5%)
inotrópicos. Hemorragia major
Índice car- Insuficiência hepática
díaco < 2,5 L/min/m2 severa
PECP ≥ 8 mmHg Sépsis
Sinais de hipoperfusão Choque
cardiogénico > 24 h
Russ et al. Comparar os efeitos do Observacional 25 EAM e choque N/A Índice cardíaco do Levosimendan
200951 levosimendan na função do cardiogénico VE e VD melhora os
VE e VD em doentes com Resistência parâmetros
choque cardiogénico após vascular pulmonar hemodinâmicos na
EAM função do VE e do
VD
Jolly et al. Examinar os efeitos da Retrospetivo 30 Choque nos 1.◦ s cinco N/A PAM Vasopressina teve
200557 vasopressina no índice dias após EAM. Índice cardíaco aumento da PAM,
cardíaco e débito urinário Terapêutica com PECP sem efeitos no
em doentes com choque dopamina que índice cardíaco ou
após EAM necessitou de na PECP
noradrenalina ou
vasopressina
Doentes com cateter
arterial pulmonar
AIT: acidente isquémico transitório; AVC: acidente vascular cerebral; CVE: cardioversão elétrica; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crónica; EAM: enfarte agudo do miocárdio; EAM com
SST: enfarte agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; FC: frequência cardíaca; IC: insuficiência cardíaca; N/A: não
apresentados; PAM: pressão arterial média; PAS: pressão arterial sistólica; PECP: pressão de encravamento capilar pulmonar; VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo.

J. Amado et al.
Choque cardiogénico --- fármacos inotrópicos e vasopressores 693

provavelmente o efeito aditivo de inotrópicos não traz bene- onde não é sugerida a utilização de nenhum inotrópico ou
fícios na mortalidade da insuficiência cardíaca avançada. vasopressor específico, mas é salientado que a dopamina
Contudo, na falta de alternativas os agentes inotrópi- deve ser evitada.
cos e vasopressores continuam a ser essenciais no manusea- O agente inotrópico «ideal» será aquele que consiga
mento de doentes em choque cardiogénico59 , com o aumentar o débito cardíaco e diminuir as pressões de
objetivo de evitar hipoperfusão tecidual e consequente enchimento ventricular, sem efeitos secundários e com
disfunção multiorgânica, devendo para isso ser mantida uma redução da mortalidade, continuando a ser um objeto de
pressão arterial média acima de 65-70 mmHg60 . investigação no tratamento do choque cardiogénico65 . O
Nas guidelines de insuficiência cardíaca europeias61 , omecamtiv mecarbil é um novo fármaco com resultados pro-
recomendam nos doentes hipotensos, com hipoperfusão ou missores na insuficiência cardíaca estável, que apresenta
em choque a utilização de um inotrópico (dando o exemplo efeito inotrópico ao ativar a miosina cardíaca29 . As tera-
da dobutamina), classe IIa, e a utilização de um vasopressor pêuticas genéticas constituem outra inovação na área da
(noradrenalina ou dopamina) em doentes sob terapêutica insuficiência cardíaca, com resultados favoráveis em estudos
com inotrópico, com o objetivo de elevar a pressão arterial de fase II66 . Aguardam-se resultados de estudos com estes
e melhorar a perfusão, classe IIb. As guidelines de insuficiên- novos agentes terapêuticos.
cia cardíaca americanas (ACC/AHA)62 recomendam, classe No ensaio IABP-SHOCK II67 ficou demonstrado que cerca
I, a utilização de fármacos inotrópicos, sem fazerem refe- de 40% dos doentes em choque sob terapêutica inotrópica
rência a nenhum fármaco em específico, quanto a fármacos ou vasopressora acabam por morrer. A maioria dos doentes
vasopressores aparecem no texto como podendo ser uti- em choque cardiogénico falece nos primeiros três dias6,67 ,
lizados, sem classe de recomendação e sem referência a sendo por isso necessário, além de instituir a terapêutica
qualquer fármaco em específico. farmacológica, ponderar a implantação de dispositivos de
Assim, atualmente, a utilização dos fármacos para este suporte circulatório mecânico o mais precocemente possí-
fim varia de acordo com a experiência dos profissionais de vel. Nos estudos com dispositivos de suporte circulatório
saúde e condições de cada centro, como ficou demonstrado mecânico68 , os resultados descritos em termos hemodinâ-
por Xian-Bo et al.63 , sendo sugerido que se devia melhorar a micos parecem ser promissores, sendo a sua implantação
formação médica na área dos agentes vasoativos no choque recomendada nos doentes que permanecem em choque após
cardiogénico e uniformizar o tratamento. a instituição de terapêutica inotrópica e vasopressora. Ainda
Como consequência de tudo o que foi exposto, os auto- assim, a mortalidade destes doentes permanece elevada,
res acreditam que, à luz dos conhecimentos atuais, será fazendo pensar que nem sempre a instituição destas tera-
recomendável a utilização de fármacos inotrópicos e vaso- pêuticas trará os benefícios pretendidos69,70 . Aguardam-se
pressores nas doses mínimas e apenas durante o período resultados de ensaios clínicos que indiquem quais os melho-
de tempo estritamente necessário, seguindo-se o esquema res dispositivos em cada situação e qual o momento ideal
terapêutico proposto no diagrama1 . para a sua implantação.
A noradrenalina, como sugerem as guidelines da Socie- Em Portugal foram publicados, em 2009, dados do
dade Europeia de Cardiologia54 e após os dados do estudo registo nacional de síndromes coronárias agudas71 , com
SOAP II26 , deverá ser o fármaco de escolha em doentes em 22 482 doentes inseridos entre 2002-2008. Neste registo, 7%
choque cardiogénico, hipotensos e com vasoplegia. Deverá dos doentes foram medicados com catecolaminas, 50% dos
também ser ponderada a associação de vasopressina naque- quais por choque cardiogénico. Apesar da falta de dados no
les com necessidade de doses elevadas de noradrenalina ou nosso país quanto à utilização de suporte circulatório mecâ-
nos doentes instáveis do ponto de vista do ritmo cardíaco, nico, sabe-se que o número de doentes com acesso a estas
nos quais seja pouco seguro aumentar a dose de noradrena- terapêuticas é pequeno, sendo, seguramente, benéfica a
lina. criação de redes de referenciação para o choque cardiogé-
Quanto aos agentes inotrópicos, deverão ser reservados nico.
para situações de baixo débito cardíaco como terapêutica
provisória. A dobutamina poderá ser o fármaco a conside-
rar em doentes com disfunção ventricular esquerda isolada, Conclusões
enquanto em doentes com resistência pulmonar elevada
e disfunção ventricular direita parece haver benefício na O único tratamento que demonstrou diminuição da mor-
utilização de inibidores da PDE ou levosimendan. Estes dois talidade no choque cardiogénico, até à data, foi a
fármacos são ainda a opção mais pertinente em doentes sob revascularização emergente.
terapêutica prévia com betabloqueante, uma vez que atuam A escolha do fármaco, ou combinação de fármacos, mais
independentemente dos recetores beta-adrenérgicos. adequado ao tratamento do choque cardiogénico permanece
A adrenalina demonstrou também ser um fármaco que ainda controversa, sendo necessários mais estudos aleatori-
poderá ser utilizado em situações de choque cardiogénico zados nesta área.
com segurança semelhante aos restantes, sendo, por isso, Os doentes em choque cardiogénico refratário a terapêu-
de ponderar a sua utilização em associação aos descritos tica médica têm um prognóstico reservado, podendo alguns
caso estes não resultem na subida de pressão arterial. beneficiar de terapêuticas de suporte circulatório mecânico.
A dopamina aparenta ser o fármaco com mais efeitos
adversos e sem aparentes benefícios, pelo que merece ter
cada vez mais, um papel limitado no tratamento de doentes Conflito de interesses
em choque, assim como fica evidente nas guidelines de EAM
com supradesnivelamento de ST americanas (ACC/AHA)64 , Os autores declaram não haver conflito de interesses.
694 J. Amado et al.

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