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de Moçambique.
Pastor Sebastião Guimarães foi criado em um lar onde havia divergências religiosas, seu pai,
Eugênio Guimarães era espírita kardecista e sua mãe, Francisca Guimarães era católica.
Sebastião Guimarães por sua vez passou pelos processos que competem aos fiéis da Igreja
Católica e apesar de completar a comunhão e a crisma aos 14 anos ainda não tinha lido a
Bíblia. Nesse contexto, ele nunca tinha ido a uma Igreja Evangélica e segundo o autor:
[…] uma pessoa lhe perguntou se queria ler a Bíblia. Recusou a oferta, mas
se sentiu curioso por ela. Foi perguntar ao padre da igreja católica se deveria
ler a bíblia, e ele foi muito diretivo em sua resposta dizendo que ele não
deveria ler aquele livro, porque quem o lesse sem um preparo teológico
poderia até mesmo ficar louco. Aquele era um livro que exigia muito estudo
1
Discente do VIII semestre em História na Universidade do Estado da Bahia, Campus XVIII
Eunápolis. Endereço de e-mail: jaiseteles@hotmail.com. Bolsista de IC do projeto: Evangelizando o
interior da África: As missões batistas brasileiras na África do Sul (1974-2018), cuja orientadora é a
professora Drª Joceneide Cunha.
2
Discente do VIII semestre em História na Universidade do Estado da Bahia, Campus XVIII
Eunápolis. Endereço de e-mail: jjmeloneto@yahoo.com.br Bolsista de IC do projeto: Evangelizando o
interior da África: As missões batistas e assembleianas em Angola (1974-2018), cuja orientadora é a
professora Drª Joceneide Cunha
para compreendê-lo e que não lhe era recomendável. Poucos dias depois ,
passando uma rua, ficou decepcionado ao ver o padre com um grupo de
jovens em uma rodada de cervejas. Na sua ingenuidade perguntou a si
mesmo “porque ele poderia ler a Bíblia e compreendê-la e eu não, mesmo
estando cursando o ultimo ano do ensino fundamental? Saiu dali e foi direto
ao evangélico que havia lhe oferecido um exemplar da Bíblia. Recebeu o
livro e foi direto para casa com o objetivo de lê-lo. 3
Diante do ocorrido citado acima se pode compreender que o comportamento do padre que lhe
advertiu não ler a Bíblia alertando-o de não entendê-la lhe causou alguns questionamentos o
que fez com que ele retornasse ao evangélico que lhe oferecera a leitura da Bíblia. No
decorrer da leitura da biografia, pode-se afirmar que a conversão do Pastor Sebastião se
iniciou através das leituras bíblicas que realizava com o passar do tempo e que existe uma
determinada ênfase na propaganda da sua fé atual:
Por meses seguidos lia a Bíblia, até que chegou as palavras de Paulo que
declaram que temos que confessar com nossa própria boca o nome de Jesus
Cristo. Era madrugada e estava em seu quarto sozinho. Ajoelhou-se ao pé da
cama e declarou em voz alta que recebia Jesus Cristo como seu Salvador
pessoal e Senhor da sua vida. Pediu que o ajudasse a compreender melhor a
Bíblia para que pudesse viver como um verdadeiro Cristão. No momento
nem pensou em pertencer a uma igreja evangélica, mas logo depois muitas
dúvidas começaram a inundar seu coração e reconheceu que precisava
procurar alguém que conhecesse a Bíblia e pudesse lhe orientar. 4
Após as leituras ele, Sebastião procurou uma igreja evangélica no intuito de saber “como é ser
um cristão protestante” e até encontrar resposta coerente com o Pastor David Pereira Braga,
que posteriormente seria o seu discipulador, os pastores com quem tentava dialogar só lhes
dizia o que um Cristão pode ou não pode fazer, o que não era suficiente. No decorrer da sua
conversão a Igreja Batista ele começou a pregar nas praças, prisões e evangelizar na escola
em que estudava, contudo, tinha dúvidas sobre o seu futuro, foi quando em um culto de
missões um missionário falou sobre a consagração de vida para o ministério missionário, o
que lhe causou interesse em se tornar um missionário, a partir desse desejo ele procurou
orientação com o seu Pastor na época que investiu em seu desenvolvimento missionário:
A fonte utilizada para desenvolver o presente artigo intitula-se O Jornal Batista, nele é
apresentada na matéria de 1986 a participação do Pastor Sebastião Lúcio Guimarães no
desenvolvimento das missões batistas em Moçambique neste período, e nesta matéria ele
aborda sobre a quantidade de pessoas batizadas no ano anterior e relata sobre a falta de
material humano, sobretudo em Maputo. Isso indica a necessidade dos pastores responsáveis
por desenvolver missões batistas no continente africano.
Por conseguinte no mesmo ano de 1986 o Jornal relata que o Pastor Sebastião Lúcio
Guimarães tem êxito em batizar novos membros, contudo a igreja de Moçambique passava
por uma crise doutrinária onde:
Existem diversas narrativas das experiências históricas que perpassa pelo território
moçambicano em se tratando, sobretudo de religião, não existia homogeneidade e com isso os
missionários batistas tiveram que se adaptar no decorrer das missões com hábitos e costumes
daquele povo, havendo na maioria das ocasiões algumas negociações que determinavam as
relações entre eles.
6
O Jornal Batista. Rio de Janeiro. Jun. 1986. p. 6.
Para desenvolver a sua dissertação, Priscila Rodrigues utiliza-se de entrevistas com alguns
missionários batistas brasileiros bem como a analise da trajetória de vida missionária deles,
Pastor Sebastião Lúcio Guimarães faz parte da sua pesquisa com uma contribuição
significativa através da sua entrevista, nos informando que:
O artigo das autoras Katani Maria Monteiro e Natalia Pietra Méndez intitulado Gênero,
biografia e ensino fundamentam o uso da biografia e o estudo do gênero no ensino de história,
nos primeiros pontos da escrita elas apresentam as aproximações e semelhanças entre esses
conteúdos atrelados com a participação dos professores de história.8
É válido ressaltar que a utilização dos Parâmetros Nacionais Curriculares (PCN’s) de história
auxilia o professor no desenvolvimento de cada conteúdo, e pode ser considerado um
elemento norteador do ensino de história:
7
SANTOS, Priscila Rodrigues dos. Retratos da evangelização batista: as relações entre os
missionários brasileiros e a diversidade de saberes em Moçambique (1970-2010). 2017.
Dissertação (Mestrado em História Social da Cultura) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, 2017. p. 40-41.
8
MONTEIRO, Katani Maria Nascimento; MÉNDEZ, Natalia Pietra. Gênero, biografia e ensino de
História. Aedos.11 vol. 4 – Set. 2012
Devemos considerar que os PCN’s são diretrizes orientadoras da ação
educativa, constituídas através da intersecção de diversos interesses, não
apenas do Estado, mas de especialistas da área, professores e movimentos
sociais. Como documento norteador, oferece possibilidades amplas de
construções curriculares.9
É necessário chamar atenção para o período em que a missão é retratada, pois o cenário
político era conflituoso por conta da guerra civil moçambicana que predominava no contexto,
a guerra se desenvolveu por conta da nova política colonial portuguesa, tais mudanças
levaram a várias reformas políticas e econômicas nas colônias, como no caso de Moçambique.
A nova forma do colonialismo português introduziu formas que impediam o desenvolvimento
da população negra.
Nesse contexto, diversas manifestações contra o domínio colonial foram feitas por parte da
população moçambicana no país e elas tomaram proporções maiores e mais radicais com o
desenvolvimento dos movimentos nacionalistas armados: Frente de Libertação de
Moçambique (FRELIMO).
9
MONTEIRO, Katani Maria Nascimento; MÉNDEZ, Natalia Pietra. Gênero, biografia e ensino de
História. Aedos.11 vol. 4 – Set. 2012. p. 85.
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FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do discurso. São Paulo: Contexto. 2005.
identificar os itens que compunham os processos de desenvolvimento das missões e os
objetivos de cada fala publicada na fonte utilizada.
Através do capítulo Fontes Impressas, foi possível compreender sobre a história e origem das
fontes, bem como, jornais, despertando dessa forma o desenvolvimento do processo de
pesquisador. Nos ajuda a pensar sobre a importância das fontes impressas e suas
especificidades.
Esperamos que a partir dessa biografia, possamos pensar ao mesmo tempo os fatores que
levaram a conversão do personagem central de nosso estudo, e assim, as estratégias que o
Protestantismo utilizou nos anos sessenta e início dos setenta no processo de conversão. Bem
como as estratégias empreendidas pelo mesmo que foram instrumentos para a conversão dos
nativos, e os locais que o mesmo desenvolveu o seu ministério pastoral e missionário. E como
essa trajetória nos ajuda compreender esses locais e as relações sociais lá existentes.
Portanto entendemos ser de grande importância pensar nessa biografia como estratégia de
ensino, a fim de que em dias de tanta intolerância religiosa, possamos colaborar com a
reflexão de uma educação de caráter ao mesmo tempo antirracista, inclusiva e disposta a
desenvolver um diálogo inter-religioso a partir da vivência escolar.
Referências Bibliográficas:
ALVES, Rubem. O que é religião? , São Paulo: Loyola, 6ª ed. 2005.
FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do discurso. São Paulo: Contexto. 2005.
LUCA, Tania Regina de. . Fontes Impressas. História dos, nos e por meio dos periódicos.
In: PINSKY, Carla Bassanezi. (Org.) Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2008, pg. 111
a 154.
MONTEIRO, Katani Maria Nascimento; MÉNDEZ, Natalia Pietra. Gênero, biografia e
ensino de História. Aedos.11 vol. 4 – Set. 2012.
SILVA, Orlando Gomes da. Biografia do Pastor Sebastião Lúcio Guimarães Um Servo a
Serviço de Deus. Rio de Janeiro: CIEM, 2012.