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todas elas com um objetivo comum: buscar a efetividade do processo. Apesar da sua
autonomia, o processo retoma sua característica marcante: a de servir como instrumento para
satisfazer o bem jurídico da vida objeto de litígio. Nesses termos, um processo efetivo é
obtido o reconhecimento do direito indicado como ameaçado ou lesionado, e que, por isso
resultados devem ser efetivos, isto é, concretos, palpáveis, sensíveis no plano exterior do
1
Publicado na Revista Dialética de Direito Processual n.º 83.
2
JÚNIOR DIDIER, Fredie, curso de direito processual civil (vol. 1). 8ª. ed. Salvador: Podivm, 2007. p. 37.
regra, íntima relação com a satisfação do pedido mediato nele formulado. Como é sabido, o
pedido, como um dos elementos identificadores da ação (art. 301, §2º, do CPC), é
adjudicação etc.), enquanto que o pedido mediato é aquele que busca a satisfação do crédito
em cobro.
professar que “depreende-se que a tutela jurisdicional executiva: (a) realiza-se não só com o
intuito de ver restaurado um direito violado, como também para impedir a ocorrência de
tal violação; (b) abrange não apenas o resultado da execução forçada ( = realização material
nacional promoveu inúmeras mudanças no processo executivo. Atualmente não se fala mais
3
BUENO, Cássio Scarpinella, Curso sistematizado de direito processual civil (vol. 1). 2ª ed., São Paulo:
Saraiva, 2008. p. 148 (grifos do autor).
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MEDINA, José Miguel Garcia, Execução. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 25 (grifos do autor).
5
Segundo Humberto Theodoro Júnior, “em pleno século XX, voltou-se a presenciar o mesmo fenômeno da
Idade Média: o inconformismo com a separação da atividade jurisdicional de cognição e de execução em
compartimentos estanques, e a luta para eliminar a desnecessária figura da ação autônoma de execução de
sentença (a velha actio iudicati do direito romano)” (JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de direito processual
civil (vol. II). 39ª. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 11) (grifos do autor).
satisfação do crédito6.
de Processo Civil7 e o advento do novel art. 655-A do citado Estatuto Processual8. Tais
6
Os artigos 615-A, 685-C, 689-A, 694 e 736 e s.s., todos do CPC, são exemplos dessa mudança. Não
analisaremos aqui as injuridicidades de algumas dessas alterações, já que o estudo desses dispositivos não é o
foco do presente trabalho. Havendo interesse em nossa opinião, em especial nos reflexos dessas mudanças para
as execuções fiscais, sugerimos a pesquisa da obra A reforma do CPC e a execução fiscal [MARQUEZI
JÚNIOR, Jorge Sylvio, RIBEIRO, Diego Diniz, SALOMÃO, Marcelo Viana (coordenadores). A reforma do
CPC e a execução fiscal. 2ª. ed. São Paulo: MP Editores, 2009.], bem como o artigo por nós publicado na
Revista Dialética de Processo Civil (RIBEIRO, Diego Diniz. A suspensividade dos embargos na execução fiscal
– a (não) incidência do novo art. 739 do CPC, Revista Dialética de Direito Processual. São Paulo/SP, vol. n.º
61, pp. 22-32, abril-2008).
7
“Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - veículos de via terrestre;
III - bens móveis em geral;
IV - bens imóveis;
V - navios e aeronaves;
VI - ações e quotas de sociedades empresárias;
VII - percentual do faturamento de empresa devedora;
VIII - pedras e metais preciosos;
IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado;
X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
XI - outros direitos.
§1o Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá,
preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse
intimado da penhora.
§2o Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado”.
8
“Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a
requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por
meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato
determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§1º As informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até o valor indicado na execução.
(Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§2º Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta corrente referem-se à hipótese do
inciso IV do caput do art. 649 desta Lei ou que estão revestidas de outra forma de impenhorabilidade. (Incluído
pela Lei nº 11.382, de 2006).
§3º Na penhora de percentual do faturamento da empresa executada, será nomeado depositário, com a atribuição
de submeter à aprovação judicial a forma de efetivação da constrição, bem como de prestar contas mensalmente,
entregando ao exeqüente as quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida. (Incluído pela
Lei nº 11.382, de 2006).
§4º Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à
autoridade supervisora do sistema bancário, nos termos do que estabelece o caput deste artigo, informações sobre
a existência de ativos tão-somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que
tenha dado causa a violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos
praticados, de acordo com o disposto no art. 15-A da Lei no 9.096, de 19 de setembro de 1995”.
9
Explicaremos o equívoco da designação “penhora on line” mais adiante.
É sobre esses prescritivos, em especial, que nos debruçaremos.
Antes de tratarmos, todavia, dos eventuais reflexos dos artigos 655 e 655-A
do CPC nas execuções fiscais, mister se faz verificar o problema da antinomia de leis e as
Dessa feita, havendo antinomia entre uma norma geral e outra especial de igual teor, essa
última deve prevalecer. Da mesma forma, existindo um conflito entre uma lei anterior e outra
uma lei geral posterior veicular norma jurídica11 idêntica a outra inserida no sistema por
o que ensina Noberto Bobbio ao dizer que “o conflito entre critério de especialidade e critério
cronológico deve ser resolvido em favor do primeiro: a lei geral sucessiva não tira do caminho
a lei especial precedente. O que leva uma posterior exceção ao princípio lex posterior derogat
priori: esse princípio falha, não só quando a lei posterior é inferior, mas também quando é
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“Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a
lei anterior.
(...)”.
11
A expressão norma jurídica é aqui empregada como o resultado de uma atividade interpretativa, ou seja, como
juízo de valor formado a partir da interpretação de um ou vários textos normativos. Sua estrutura lógica é dual,
sendo composta por um antecedente, descritor de um determinado fato hipotético, e um conseqüente, prescritor
de uma relação jurídica, os quais são vinculados um ao outro por um dever-ser neutro.
generalis (e a ‘Lex prior é specialis’)”12.
entre a lei n.º 6.830/80 e o Código de Processo Civil? Parece que não.
Para se chegar a tal conclusão importante sublinhar que o art. 1º da lei das
execuções fiscais determina, de forma muito clara, que o Estatuto Processual Civil só se
aplicará nas ações exacionais fiscais de forma subsidiária, i.e., quando não houver disposição
Face à tal prescrição, não há que se falar em antinomia entre a LEF e o CPC.
A própria lei n.º 6.830/80 já resolve questão por meio da aplicação subsidiária do Estatuto
Processual Civil.
que, como visto linhas acima, norma geral posterior não tem o condão de revogar norma
especial anterior.
jurisprudência do STJ
12
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. 10ª. Ed.. Brasília: UNB, 1999, p. 108.
13
MARQUEZI JÚNIOR, Jorge Sylvio, RIBEIRO, Diego Diniz. “A reforma dos títulos extrajudiciais e sua
repercussão nas execuções fiscais”, in A Reforma do CPC e a execução fiscal. 2ª. ed. São Paulo: MP Editores,
2009, p. 23.
tema aqui proposto, analisando as alterações promovidas pelos artigos 655 e 655-A, ambos do
primeira mudança significativa diz respeito à menção expressa no caput do dispositivo quanto
a ordem ali exposta ser preferencial. Em outros termos, em sede de execução civil a penhora
A primeira dúvida que surge diante desse prescritivo é se este incide ou não
em execuções fiscais, o que desde já respondemos negativamente, haja vista que a lei n.º
6.830/80 trata textualmente do assunto no seu art. 1114. O citado dispositivo da lei especial
prevê um rol de bens passíveis de penhora e que tal rol obedece uma ordem, o que denota a
sua preferencialidade.
Não obstante, outra questão que surge refere-se à previsão da penhora “on
line”, capitulada no art. 655-A do CPC15 e sua incidência subsidiária em execuções fiscais.
“on line” pela lei n.º 6.830/80, aplicar-se-ia subsidiariamente a regra do art. 655-A do CPC,
nos termos do art. 1º da LEF. Coadunando com tal conclusão, recentemente o Superior
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“Art. 11 - A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:
I - dinheiro;
II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;
III - pedras e metais preciosos;
IV - imóveis;
V - navios e aeronaves;
VI - veículos;
VII - móveis ou semoventes; e
VIII - direitos e ações.
§1º - Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem
como em plantações ou edifícios em construção.
§2º - A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do artigo 9º.
§3º - O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública
exeqüente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo”.
15
“Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a
requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por
meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato
determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução”.
Tribunal de Justiça proferiu a seguinte decisão:
(...).
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REsp n.º 1101288/RS; RECURSO ESPECIAL: 2008/0241056-0; Relator: Ministro BENEDITO
GONÇALVES; Órgão Julgador: T1 - PRIMEIRA TURMA; Data do Julgamento: 02/04/2009; Data da
Publicação/Fonte: DJe 20/04/2009; V.U. (grifos nosso).
Segundo o entendimento veiculado no julgado transcrito, os pedidos de
penhora “on line” formulados antes da reforma CPC, ou seja, antes do advento do art. 655-A,
de outros meios passíveis de constrição, nos termos do que prescreve o art. 185-A do CTN.
demandariam mais tal prova, mesmo em ação exacional fiscal, visto que nessa hipótese
Processual Civil.
vinha sendo utilizado de longa data em execuções fiscais, ou seja, antes mesmo do advento do
art. 655-A do CPC. Isso porque a própria lei de execução fiscal já previa a possibilidade de
penhora sobre dinheiro, conforme se confere do seu art. 11, inciso I, não havendo espaço,
execução civil é que nesta última praticamente basta o pedido do exeqüente17 para obtê-la,
procedimento adotado nessas diferentes execuções. Assim, convém desde já destacar que, em
se tratando de execução civil, o executado não tem mais o direito de indicar livremente bens à
penhora. Uma vez citado, cabe ao executado pagar o débito ou se defender por meio de
17
Não se pode olvidar que o art. 620 do CPC, o qual prevê que a execução deverá ser realizada de forma menos
gravosa ao executado, continua vigente.
embargos à execução18. Mais do que isso, o próprio exeqüente, já na sua petição inicial, pode
indicar os bens que pretende penhorar, inclusive dinheiro. Essa é a regra do art. 652, §2º, do
CPC19.
devedor tem o prazo de 05 (cinco) dias para saldar o débito, ficar inerte ou indicar bens à
execuções fiscais, conclui-se que a penhora “on line” não poderá ser levada à cabo em
execução fiscal diante do simples pedido do credor, isso porque o devedor tem – repita-se – a
Os bens indicados pelo devedor devem ser analisados pelo juízo e, sendo
eles suficientes para garantir o débito e de fácil alienação em um futuro leilão, devem ser
line”.
18
“Art. 621. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial, será
citado para, dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a obrigação ou, seguro o juízo (art. 737, II), apresentar embargos.
(...).”
“Art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução por
meio de embargos”.
19
“Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida.
(...)
§2o O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados (art. 655)
(...)” (g.n.).
20
“Art. 8º - O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de
mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes
normas:
(...)”.
“Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão
de Dívida Ativa, o executado poderá:
I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure
atualização monetária;
II - oferecer fiança bancária;
III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou
IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública.
(...)” (g.n.)..
Isso porque, caso se admita a prevalência pura e simples da penhora “on
line” frente aos outros bens passíveis de penhora e elencados no art. 11 da lei n.º 6.830/80,
prevêem a faculdade do devedor indicar bens à penhora. Tais dispositivos perderiam a razão
de existir.
tributária a penhora “on line” continua sendo medida excepcional, nos termos do que
esclarecer que a chamada “penhora on line” não é penhora, mas sim decretação de
Isso porque para que haja penhora, mister se faz a existência de auto ou
termo de penhora, nos parâmetros do que dispõe a lei n.º 6.830/80. É o que se depreende,
denomina-se ‘auto de penhora’, quando é lavrado fora do processo, pelo oficial de justiça,
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“Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à
penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus
bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que
promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam
cumprir a ordem judicial.
§1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz
determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite.
§2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigo enviarão
imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido”.
22
“Art. 12. Na execução fiscal, far-se-á a intimação da penhora ao executado, mediante publicação, no órgão
oficial, do ato de juntada do termo ou do auto de penhora.(...)” (g.n.).
escrivão nos próprios autos do processo, diante da aceitação ou aprovação da nomeação feita
pelo executado”24.
mesmo em caso de depósito em dinheiro realizado pelo executado, ainda sim haveria a
(...)
de auto ou termo para que se possa efetivamente falar-se em penhora, razão pela qual a
23
“Art. 13. 0 termo ou auto de penhora conterá, também, a avaliação dos bens penhorados, efetuada por quem
o lavrar(...)” (g.n.).
24
THEODORO JUNIOR, Theodoro. Lei de Execução Fiscal. 8ª. ed. 2002. São Paulo: Saraiva, p. 73 (g.n.).
suposto devedor: é a norma extraída do art. 185-A do CTN26.
seus ativos financeiros, só pode ocorrer se o executado for citado, não nomear bens à penhora
Fazenda com os bens nomeados, por si só, não autoriza tal constrição. Nesta senda, é o
25
(STJ, RESP 39672/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, SEGUNDA TURMA, Data do Julgamento: 18/04/2000,
Data da Publicação: 22/05/2000) (g.n.).
26
“Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à
penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus
bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que
promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam
cumprir a ordem judicial.
§1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz
determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite.
§2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigo enviarão
imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido.”
27
MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. “A indisponibilidade de bens on-line na execução fiscal e o
postulado da proporcionalidade”, in Processo Judicial Tributário, sob a coordenação de Clélio Chiesa e
Marcelo Magalhães Peixoto. São Paulo: MP Editora, 2006. p. 279.
estes não sejam aceitos pela Fazenda Pública, ou sejam considerados
insuficientes. Do mesmo modo, se, citado, o executado deixa transcorrer o
prazo de que dispõe para pagar ou oferecer bens (muitos fazem isso, pois
tudo o que perdem é o direito de escolher sobre quais bens a constrição irá
recair) a indisponibilidade não poderá ser decretada sem que antes sejam
procurados, pelo oficial de justiça, bens penhoráveis”28.
financeiros é o último provimento a ser adotado em juízo em prol do credor. Nesta senda, para
que haja sua incidência, mister se faz a presença concomitante de um pressuposto, qual seja,
(a) a citação do executado e dois requisitos, sendo eles (b) a inércia do pretenso devedor e (c)
excepcional dessa medida extrema, por sua vez, é um consectário lógico decorrente da forma
pelo Fisco. Diferentemente do que ocorre com o título executivo de natureza civil, a formação
28
Op. cit. Loc. cit. (g.n.).
29
Neste diapasão é o entendimento do Tribunal Regional Federal, consoante se depreende do seguinte julgado:
“Ementa
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO FISCAL -
DECISÃO QUE INDEFERIU O PEDIDO DE DECRETAÇÃO DA INDISPONIBILIDADE DOS BENS OU
DIREITOS DO DEVEDOR – AGRAVO IMPROVIDO.
1. O art. 185-A do CTN, introduzido pela LC 118/2005, usando o modo imperativo, dispõe que o juiz
determinará a indisponibilidade de bens, do que se conclui que o juiz não poderá deixar de cumpri-la, desde que
observados três requisitos: a citação do devedor, ter deixado ele de apresentar bens à penhora e a não
localização de bens sobre os quais possa incidir a constrição judicial.
2. A redação do referido dispositivo não deixa dúvida acerca da desnecessidade de se exigir do credor que esgote
os meios disponíveis para localização de bens para garantia do Juízo. A expressão "e não forem encontrados
bens penhoráveis", contida no "caput" do art. 185-A, não pode ser interpretada como necessidade de
esgotamento de meios pelo credor tributário na busca de bens e, sim, como sendo a atividade do oficial de justiça
encarregado de efetivar a constrição judicial.
3. No caso, a citação dos devedores foi feita por edital, sendo certo que não efetuaram o pagamento, nem
nomearam bens à penhora. Todavia, a estes autos não veio a certidão no sentido de que o oficial de justiça
não encontrou bens penhoráveis, não coexistindo, assim, os pressupostos para incidência do disposto no
art. 185-A do CTN.
4. Agravo improvido”.
da CDA não se dá por meio de acordo de vontade das partes, mas sim por imposição
unilateral do Fisco.
medida constritiva nas execuções de natureza civil estaria, em tese, justificada, na medida em
título executivo extrajudicial cível, o qual seria elemento suficiente para justificar essa medida
extrema.
necessidade de se garantir uma execução ainda menos gravosa se comparada à execução civil,
excepcional.
4. Conclusões
Código Civil estabelece dois critérios para sua resolução: a) o critério temporal e b) o critério
prevalecer;
aquelas depreendidas da lei de execução fiscal, já que essa última, em seu art. 1º, prescreve
(IV) O art. 655 do CPC não se aplica às execuções fiscais, haja vista haver
do art. 655-A (penhora “on line”) nas execuções fiscais para aqueles casos em que o
caráter excepcional dessa medida para os casos anteriores a tal marco temporal;
(VI) Entendemos, contrariamente ao que defendido pelo STJ, que o art. 655-
A não tem aplicação nas execuções fiscais, vez que a chamada penhora “on line” tem
implicaria o esvaziamento dos artigos 8º e 9º, ambos da LEF, já que a faculdade do executado
art. 185-A do CTN (norma especial) trata do assunto, prescrevendo ser tal restrição medida
nomear bens penhoráveis e ainda a Fazenda não encontrar bens de sua propriedade passíveis
de constrição; e
executivo), já que essa é elaborada unilateralmente pelo Fisco. Em outros termos, o que se
quer dizer é que a imposição da “penhora on line” como primeira medida constritiva nas
extrajudicial cível, o que, por seu turno, não acontece em matéria tributária.