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O reino de Deus e a Igreja


Samuel Guimarães

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O REINO DE DEUS E A IGREJA

NO

NOVO TESTAMENTO

Por

Samuel da Cruz Guimarães

Monografia apresentada em cumprimento

Às exigências da disciplina

TES 326 Escatologia

MEIBAD

Fanhões

2018-2019
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1
I. O QUE É O REINO DE DEUS E A IGREJA ........................................................................ 1
1. Basileia ......................................................................................................................... 1
2. Ekklesia ........................................................................................................................ 2
II. RELAÇÃO ENTRE O REINO DE DEUS E A IGREJA ..................................................... 3
1. Interligação................................................................................................................... 3
2. Diferenças .................................................................................................................... 3
III. QUANDO VIRÁ O REINO ................................................................................................. 4
1. Natureza do reino ......................................................................................................... 4
2. Temporalidade do reino ............................................................................................... 4
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 5
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 6
ANEXO 1 ................................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO
No âmbito da disciplina de Escatologia, foi proposto pelo docente investigarmos vários temas.
Após breve analise, propus ao docente analisar o tema “O reino de Deus e a Igreja no Novo
Testamento”. A tese do meu trabalho é “A visão sobre o reino de Deus e a Igreja no N.T. vai
influenciar a minha posição escatológica.” Inicialmente vou explicar os conceitos basileia e
ekklesia através de uma leitura do N.T. (maior enfase nos Evangelhos1). Depois pretendo
explicar a relação entra a Igreja e o reino de Deus, para finalmente colocar a minha enfase no
reino de Deus. Ao responder à minha tese na conclusão, mostrarei que as várias escolas de
interpretação escatológicas sobre o milénio2 estão invariavelmente ligadas a uma determinada
interpretação do Reino de Deus e da Igreja à luz das Sagradas Escrituras. Este é um tema onde
existe muita divergência.3

I. O QUE É O REINO DE DEUS E A IGREJA


1. Basileia4
“A atividade de Jesus gira em torno de um conceito fascinante. Tudo se relaciona com ele e
tudo provem dele. Esse centro é a basileia tou theou, o reino de Deus.”5 Jesus não se preocupa
em definir este conceito6, porque não era algo novo.7 “O NT segue de perto o precedente
estabelecido no AT8 e no judaísmo, ao atribuir somente a Deus e Cristo o pleno direito ao título

1
“A locução ‘reino de Deus’ provém de Jesus, pois fora dos evangelhos sinóticos quase que inexiste no N.T. Essa
inexistência tem duas causas: 1. Conceito comum no judaísmo da Palestina, dificilmente compreendido pelo
homem helenista.;2. Conceito afastado, na comunidade, por um motivo teológico. Paulo anuncia o kyrios e quase
não fala mais a respeito do basileia tou theou.” GOPPELT, L. p. 81.; “Modern scholars have agreed with the
synoptic evangelists that the center of Jesus’ message was his proclamation of the Kingdom of God (Hebrew:
malkuth Yahweh; Greek: he basileia tou theou) or Kingdom of Heaven.” DULING, D. C. p. 117.
2
“Escatologia é o estudo das últimas coisas. (...)Aqueles que argumentam que Cristo voltará antes da fundação
desse Reino são chamados pré-milenaristas. Os que defendem que a presente era da igreja representa o reino
intermediário dividem-se em duas correntes. Os pós-milenarista e os amilenaristas.” D. L. BOCK, Ed. p. 7.
3
“Quando perguntamos para a igreja cristã: “O que é o Reino de Deus? Quando e como ele virá?”, recebemos
uma variedade atordoante de explicações. Há poucos temas tão proeminentes na Bíblia que recebem interpretações
tão radicalmente divergentes como o do Reino de Deus.” LADD, G. E. p. 15.
4
βασιλεία significa: 1. domínio, reino governo, o exercício de poder real (Mt 6.13;Lc 1.33, Hb 1.8);2. um reino,
domínios, império, um povo e país debaixo de governo real (Mt 4.8; 12.25; Mc 6.23; Lc 11.17-18);3. As expressões
referentes ao reino de Deus (Mt 6.33; Mc 1.14-15; Lc 4.43) significam o reino espiritual divino, o glorioso reino
do Messias e seu triunfo são preditos. ROBINSON, E. p. 150.
5
GOPPELT, L. p. 80.
6
“Apesar de mencionar repetidas vezes o reino de Deus, Jesus jamais parou para defini-lo. (…) Jesus usou o termo
como se estivesse certo de que seria entendido, e realmente foi. O reino de Deus pertencia ao vocabulário de todo
o judeu. Era algo que entendiam e pelo qual ansiavam desesperadamente.” apud PENTECOST, J. D. p. 458.
7
“Ao anunciar a vinda do reino, Jesus não introduz algo novo, mas de que ele agora vem.” GOPPELT, L. p. 81.
8
Basileia no A.T. significa exercer autoridade sobre um povo num determinado lugar, ou um exercício de
soberania de Deus. COENEN, L., & BROWN, C. p. 2035.

1
de “Rei”.”9 O termo basileia é utilizado várias vezes no N.T. 10 Embora não exista consenso11,
podemos definir o reino de Deus como: 1. Conceito Dinâmico12; 2. Operação Soberana de
Deus13; 3. Atividade redentora e governo de Deus14. Sobre o uso do termo reino dos céus e
reino de Deus15, só alguns dispensacionalistas é que fazem alguma diferenciação entre eles16.

2. Ekklesia17
Será que a Igreja estava nas cogitações de Jesus?18 A palavra ekklesia está bastante ausente dos
Evangelhos.19 Ao aparecer apenas em Mt 16.18;18.17, levou alguns autores a dizer que a
ekklesia não era uma formulação de Jesus.20 Segundo D. A. Carson “(…) a evidência linguística
mais forte vai em outra direção.”21Ekklesia é um termo apropriado no contexto de Mateus.22

9
COENEN, L., & BROWN, C. p. 2031.
10
“A expressão reino (Basileia), referente ao reino de Deus ou de Cristo em Mateus ocorre 52 vezes, 16 em
Marcos, 43 em Lucas, 5 no evangelho de João e 2 no Apocalipse. Na literatura paulina há 19 ocorrências (…). No
total, há 144 ocorrências de basileia no NT com referência ao Reino de Deus, e 13 relativa aos reinos do mundo,
ao de Satanás e ao da besta.” COENEN, L., & BROWN, C. p. 2035.
11
“As interpretações a respeito do Reino de Deus têm assumido uma variedade de formas distintas umas das
outras, atingido quase uma variedade infinita em detalhes.” LADD, G. E. p. 55.
12
“No ensino de Cristo (basileia tou theo) é um conceito dinâmico no ensino de Cristo. Embora existam diferenças
de opinião há concordância geral no fato que Basileia tou theo denota, principalmente o exercício da soberania
divina, a realização do poder real.” COENEN, L., & BROWN, C. p. 2036.
13
“Operação da soberania de Deus na história, como cumprimento da esperança do A.T. Esse cumprimento deu-
se através da missão de Jesus na terra, que chegará À consumação escatológica na parusia (Vinda do Senhor).”
apud COENEN, L., & BROWN, C. p. 2040.
14
“(…) o Reino de Deus, antes de tudo, representa a atividade redentora e o governo de Deus em operação entre
os homens; e, em segundo lugar, é a esfera em que os homens vivenciam as bênçãos do governo dele.” LADD, G.
E. p. 121.
15
“Alguns intérpretes tentaram encontrar diferenças de significado entre as formas (reino dos céus ou de Deus)
todavia, onde Mateus tem “dos céus”, Mc e Lc têm “de Deus” (cf.,por exemplo, Mc 1:15 com Mt 4:17; Lc 6:20
com Mt 5:3), o que demonstra a igualdade de significado.” COENEN, L., & BROWN, C. p. 2035.
16
Alguns autores dispensacionalistas consideram o reino dos céus no NT como denotando, em seu sentido cristão,
a dispensação cristã, que compreende aqueles que recebem Jesus como o Messias, e que estão unidos por seu
Espírito e debaixo dele (Messias) como sua (deles) cabeça. ROBINSON, E. p. 151.
17
ἐκκλησία significa: 1. Uma assembleia popular ou outra qualquer composta de pessoas legalmente convocadas
(At 19.39);2. No sentido cristão, uma assembleia de cristãos (1 Co 11.18) a) Uma igreja especifica, como em
Jerusalém (At 8.1) e outras. b) A igreja universal (Mt 16.18; 1 Co 12.28). ROBINSON, E. p. 286.
18
GOPPELT, L. p. 218.
19
“O que é imediatamente notável na palavra ekklesia é que, com a exceção de Mt 16.18 e 18.17, a palavra está
ligeiramente ausente dos evangelhos. COENEN, L., & BROWN, C. p. 990-991.; “Nos evangelhos, ekklêsia
(“igreja”) ocorre só em Mateus 16.18 e 18.17.” CARSON, D. p. 432.
20
“Alguns autores como Bultmann, afirmam que o uso de ekklesia em Mateus não pode ser autêntico. O termo
refere-se a um grupo de cristãos praticantes, uma comunidade separada, ou a uma sinagoga cristã em contraste
com as sinagogas judaicas, e é presidida por Pedro.” CARSON, D. p. 432.
21
CARSON, D. p. 432.
22
“(…) ekklesia (“igreja”) é totalmente apropriada em Mateus 16.18 e 18.17, passagens em que não há ênfase na
instituição, na organização, na forma de adoração nem na sinagoga separada. Até mesmo a ideia de “edificar” uma
pessoa tem origem no Antigo Testamento. (…) Jesus, reconhecido como o Messias, responde que edificará sua
ekklesia, seu povo, sua igreja — o que é clássico messianismo. Assim, implicitamente, o versículo também abraça
a declaração de messiado. O “povo de Iavé” torna-se o povo do Messias.” CARSON, D. p. 432-433.

2
II. RELAÇÃO ENTRE O REINO DE DEUS E A IGREJA
“Um dos problemas mais difíceis em relação ao estudo do Reino de Deus é a questão do seu
relacionamento com a Igreja. Deve o reino de Deus, em algum sentido da palavra, ser
identificado com a Igreja? Se não qual a relação entre os dois?”23 Desde o início da história da
Igreja, a opinião generalizada era que o reino de Deus e a Igreja eram uma e a mesma coisa.24
Existem alguns versículos que aparentam suportar esta ideia, mas que devidamente analisados
são insuficientes como prova.25 A igreja não é o mesmo que o reino de Deus, como atesta
Carson26 e Ladd27. Contudo, existe uma interligação entre ambas.28

1. Interligação
A igreja pode ser vista, do ponto de vista do reino.29 Encontramos também algumas
interligações entre os dois conceitos. Ambos são esferas em que os homens podem entrar.30 A
igreja é resultado da vinda do reino de Deus ao mundo.31A Igreja também dá testemunho do
reino e para o reino32 e tem a tarefa de demonstrar a vida e comunhão do Reino de Deus.33

2. Diferenças
Para explicar a diferença entre o Reino e a Igreja, Ladd vai utilizar cinco pontos: 1. A igreja
não é o reino;34 2.O reino cria a Igreja;35 3.A igreja dá testemunho do reino36; 4.A igreja é a

23
LADD, G. E. p. 99.
24
“De Agostinho aos reformadores, o ponto de vista dominante foi que o Reino, deveria ser identificado com a
Igreja. A Igreja constitui o povo do Reino, mas não pode ser identificada com o Reino.” LADD, G. E. p. 56.
25
“Poucos versículos do N.T. equiparam o Reino à igreja. Em Ap. 5.9,10, o Reino de Deus não é o Reino do
governo de Deus; é o próprio Reino, compartilhado com aqueles que se entregam a ele.” LADD, G. E. p. 125.
26
“A ‘igreja’ de Jesus não é a mesma coisa que seu ‘reino’: as duas palavras pertencem a conceitos distintos, a
primeira palavra para “povo” e a outra para ‘governo’ ou ‘reino’” CARSON, D. p. 433.
27
“De acordo com a fraseologia bíblica, o Reino não deve ser identificado com as pessoas que pertencem a ele.
Elas são o povo do domínio de Deus que entra no Reino, vive sob a autoridade do Reino, e é governado e orientado
pelo Reino. A Igreja é a comunidade do Reino, mas nunca o próprio Reino.” apud LADD, G. E. p. 105.
28
“Existe uma relação inseparável entre o Reino e a Igreja.” LADD, G. E. p. 112.
29
“The ekklesia can be viewed from the standpoint of the basileia. It is a community of those who await the
salvation of the basileia. (…) In every respect the church is surrounded and impelled by the revelation, the progress,
the future of the kingdom of God without, however, itself being the basileia.” RIDDERBOS, H. p. 355-356.
30
LADD, G. E. p. 106.
31
apud LADD, G. E. p. 106.
32
“(…) este testemunho refere-se aos atos redentores de Deus em Cristo. Isto fica ilustrado pela missão que Jesus
deu aos doze, setenta (Lc 10) e pela proclamação dos apóstolos no livro de Atos.” LADD, G. E. p. 107.
33
LADD, G. E. p. 108.
34
“O N.T. não iguala os crentes com o Reino. Os primeiros missionários pregaram o reino de Deus, não a Igreja
(At 8.12;19.8;20-25). É impossível substituir ‘reino’ por igreja nessas expressões.” LADD, G. E. p. 105.
35
“A igreja se constitui no povo do Reino, contudo, ela não forma o povo em seu caracter ideal, pois inclui
presentemente algumas pessoas que não são realmente filhos do Reino. (…) a entrada na Igreja não é uma
expressão sinonima da entrada no Reino.” LADD, G. E. p. 106.
36
“A demonstração da vida característica do Reino é um elemento essencial do testemunho.” LADD, G. E. p. 108.

3
agência do Reino;37 5.A igreja a guardadora do Reino.38 Vamos focar-nos de seguida no Reino
de Deus, por percebermos que está acima da Igreja.39 e é a mensagem central de Jesus40.

III. QUANDO VIRÁ O REINO


“O reino de Deus é um conceito escatológico, tem a ver com a concretização do propósito de
Deus para a humanidade.”41 Duas considerações importantes sobre o reino dizem respeito à sua
natureza e temporalidade.

1. Natureza do reino
O reino é de natureza divina.42 Quando pensamos na natureza do reino é importante
percebermos que o reino é físico e externo, mas não só43. O Reino de Deus também é espiritual
e interior44.

2. Temporalidade do reino
De acordo com COENEN, L., & BROWN, C. a relação entre o reino de Deus e o tempo tem
três categorias para classificação: 1.O Reino é uma realidade já presente45; 2. O reino é futuro46;

37
“Os discípulos de Jesus não somente proclamaram as boas-novas a respeito do Reino; eles também foram
considerados como agentes instrumentais do Reino, pelo fato das obras do Reino terem sido realizadas por eles
como se fossem realizadas pelo próprio Jesus.” LADD, G. E. p. 109.
38
“Mediante a proclamação do evangelho do Reino ao mundo será decidido quem vai entrar no Reino escatológico
e quem será excluído.” LADD, G. E. p. 111-112.
39
“The basileia is the great divine work of salvation in its fulfillment and consummation in Christ; the ekklesia is
the people elected and called by God and sharing in the bliss of the basileia. Logically the basileia ranks first, and
not the ekklesia.” RIDDERBOS, H. p. 354.
40
“A erudição moderna revela quase que uma unanimidade ao afirmar que o reino de Deus constitui a mensagem
central de Jesus (Mc 1.14-15; Mt 4.23; Lc 4.21).” LADD, G. E. p. 55.
41
COENEN, L., & BROWN, C. p. 2045.
42
“O Reino é a atuação exterior visível da vontade divina; é o ato do próprio Deus. Está relacionado aos homens
e pode atuar nos homens e através dos homens; mas nunca se torna sujeito aos homens.” LADD, G. E. p. 98.
43
(Lucas 17.20-21) Os fariseus estavam interessados num reino exterior e visível. É evidente pelo que Jesus disse
aos discípulos nesta ocasião que um reino exterior e visível fazia parte do programa de Deus. Esse reino um dia
viria. Ao concentrar-se, porém, no aspeto exterior e visível do reino, os fariseus corriam o risco de não perceber
que o reino de Jesus tinha uma dimensão espiritual. LENNOX, J. C. p. 378.
44
“Quando consideramos quem o Rei Messias é e o que ele representa, uma dimensão espiritual para o seu reino
é inevitável. A existência e sobrevivência de qualquer reino depende da lealdade de seus cidadãos ao rei. Mas
quando o rei não é outro senão o Deus encarnado, é claro que mais do que liberdade política e física da opressão
estará em questão. Tem de haver confiança e lealdade do coração humano.” LENNOX, J. C. p. 379.
45
“A enfase desta ideia é a negação da realidade futura do Reino, como entidade a ser consumada no fim da
história, trazendo consigo uma nova ordem de existência. O Reino de Deus deve ser realizado no presente estado
de coisas, ou não se realizará nunca.” COENEN, L., & BROWN, C. p. 2037-2038.
46
Neste prisma o Reino é visto como essencialmente escatológico e supra-terreno. J. Weiss foi o pioneiro desta
linha. COENEN, L., & BROWN, C. p. 2038.; J. Weiss utiliza alguns textos para apoiar a sua interpretação de um
reino meramente presente. Um dos textos “definitivos” é o de Lucas 12.31. Sobre isto Weiss diz que ardente oração
dos discípulos era que o reino viesse futuramente. WEISS, J. p. 73.

4
3. O reino é parcialmente presente e parcialmente futuro.47

CONCLUSÃO
Parece algo obvio recorrer à Palavra de Deus48 para compreender melhor este assunto, mas
percebemos que isso nem sempre é assim tão fácil. Ao estudar este tema foi possível perceber
a ordem de grandeza do assunto. Quando examinamos este assunto, isso vai automaticamente
influenciar a minha escatologia. Se o reino de Deus é sobretudo presente, apenas reina no
coração dos homens e é implementado gradualmente, eu aproximo-me do pós-milenismo49. Se
eu porventura mantenho a linha pós-milenista, mas não dou grande ênfase à implementação do
reino através do crescimento da Igreja porventura posso aproximar-me do amilenismo50.
Contudo se eu acredito que existe uma realidade presente e futura do reino, e que esse reino
físico não está dependente de uma implementação gradual, mas que vai ser implementado na
parousia de Jesus, eu estou próximo do pré-milenismo51. Como indica Howard Snyder, o
entendimento do reino implica reconhecer algumas polaridades (ver anexo 1) sobre o reino de
Deus.52 Fica bastante claro as implicações que o tema “reino de Deus e a igreja” tem na
escatologia. As dificuldades em chegar a consensos, não devem tirar-nos o foco no essencial:
1. Jesus irá voltar; 2. A nossa esperança é uma realidade;3. Devemos encarar estes assuntos
com equilíbrio quando encontramos uma ideia diferente da nossa. Romanos 13.11 “E digo isto
a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa
salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos.” (ARA).

47
Existem vários proponentes desta ideia e o seu ensino pode ser resumido pela posição de Ladd que diz o seguinte:
“(…) o reino de Deus é a realeza redentora de Deus, dinamicamente ativa para estabelecer Seu domínio entre os
homens, e que esse Reino, que irá aparecer como um ato apocalíptico no final desta era, já veio à história humana
na pessoa e missão de Jesus(…) O Reino de Deus envolve dois grandes momentos: cumprimento dentro da história,
e consumação no fim da história.” COENEN, L., & BROWN, C. p. 2042.
48
“Diante da diversidade de interpretação na história da teologia cristã, talvez muitos leitores reajam com estas
palavras: “Deixemos de lado todas as interpretações humanas. Passemos diretamente à Palavra de Deus e vejamos
o que ela tem a dizer sobre o Reino de Deus”. O fato que nos deixa perplexos é que quando nos voltamos para as
Escrituras encontramos uma diversidade quase tão desnorteante de declarações sobre o Reino de Deus.” LADD,
G. E. p. 17.
49
“(…) a contínua propagação do evangelho irá gradualmente estabelecer o reino.” ERICKSON, M. J. (2010).
Escatologia a polêmica em torno do milênio. p. 67.
50
“O ponto de vista amilenista leva em conta ou uma deterioração, ou uma melhoria das condições, não ensinando
que o mundo inteiro será convertido antes da volta de Cristo, nem que as condições do mundo inevitavelmente
piorarão.” ERICKSON, M. J. (2010). Escatologia a polêmica em torno do milênio. p. 106.
51
“O fator essencial, no entanto, é que esse reino será na terra, e Jesus Cristo estará fisicamente presente. De
acordo com a conceção pós-milenista, o reino de Deus será na terra, mas Cristo não terá voltado fisicamente. Além
disso, a realidade desse milênio terreno não se dará por meio de um processo de crescimento ou desenvolvimento
gradativos. Ao contrário, será inaugurado pela Segunda Vinda, de modo surpreendente ou cataclísmico.”
ERICKSON, M. J. (2010). Escatologia a polêmica em torno do milênio. p. 112.
52
SNYDER, H. p. 1.

5
BIBLIOGRAFIA
BLAISING, C., GENTRY Jr., K., & STRIMPLE, R. (2005). O Milênio 3 pontos de vista. (D.
L. BOCK, Ed., & V. DEAKINS, Trad.) São Paulo: Vida Acadêmica.
CARSON, D. (2010). O Comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações.
COENEN, L., & BROWN, C. (2000). Dicionário Internacional de Teologia do Novo
Testamento. (G. CHOWN, Trad.) São Paulo: Vida Nova.
DULING, D. C. (1982). The Kingdom of God in the Teaching of Jesus. Word & World, Luther
Seminary, 117-126.
ERICKSON, M. J. (2010). Escatologia a polêmica em torno do milênio. (G. CHOWN, & M.
P. MEDEIROS, Trads.) São Paulo: Vida Nova.
GOPPELT, L. (2003). Teologia do Novo Testamento. (M. DREHER, & I. KAYSER, Trads.)
São Paulo: Teológica.
LADD, G. E. (1997). Teologia do Novo Testamento. (D. DUSILEK, & J. Árias, Trads.) São
Paulo: Exodus.
LADD, G. E. (2011). O evangelho do reino. (H. G. SILVA, Trad.) São Paulo: Shedd.
LENNOX, J. C. (2017). Contra a correnteza. (L. A. MACEDO, Trad.) Rio de Janeiro: CPAD.
PENTECOST, J. D. (1999). Manual de Escatologia. São Paulo: Vida.
RIDDERBOS, H. (1963). The coming of the kingdom. Ontario: Paideia Press.
ROBINSON, E. (2012). Léxico Grego do Novo Testamento. (P. S. Gomes, Trad.) Rio de
Janeiro: CPAD.
SNYDER, H. (1993). TRANSFORMATION VOL. 20 - Models of the Kingdom: Sorting out
the Practical Meaning of God's Reign. Sage Publications, Ltd., 1-6.
WEISS, J. (1985). Jesus's Proclamation of the kingdom of God. California: Scholars Press.

6
ANEXO 153
Esquema
Espiritual
Igreja Ação Divina

Individual
Cataclismo

Presente Futuro

Social
Gradual

Ação Humana
Igreja
Terreno
Polaridades

Uma das formas de interpretar o reino Deus é através da utilização de modelos,


utilizando uma perspetiva mais teológica e história. Este foi o método utilizado por
Avery Dulles, models of the Church and Models of revelation. Howard Snyder
empregou esta mesma abordagem. Para este autor o entendimento do reino de Deus
implica reconhecer algumas das polaridades do reino de Deus. O reino de Deus é: 1.
Presente vs futuro;2. Individual vs Social;3. Espiritual vs material;4. Gradual vs
imediato;5. Ação Divina vs ação humana;6. Relação da Igreja com o reino.

Modelos

1. Reino Futuro: Um reino como esperança futura


2. Reino interior: O reino de Deus como uma experiência espiritual
3. O reino dos céus: Uma comunhão mística
4. O Reino e a Igreja: O reino como a igreja institucionalizada
5. O Reino como contra sistema
6. Reino teocrático: O Reino como um estado político
7. O Reino Transformador: O Reino como uma sociedade cristã
8. O Reino utópico: o reino como uma utopia terrena

53
Nota: Este é um artigo com 6 páginas que cobre vários modelos interpretativos sobre o Reino de Deus e a Igreja.
É interessante perceber as implicações escatológicas na forma como interpretamos as Escrituras. Algumas delas
estão na conclusão do meu trabalho. Neste anexo para não perder a essência do artigo apenas coloquei o resumo
do mesmo. Para consulta mais completa o link encontra-se na citação. SNYDER, H. (1993). Models of the
Kingdom: Sorting out the Practical Meaning of God's Reign. Transformation, 10(1), 1-6. Retrieved from
http://www.jstor.org/stable/43052383 [traduzido e adaptado pelo autor desta monografia]

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