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2 Revista VEMPRAMESA
CON TEÚ D O
6
29
RADAR
DE JOGOS 16
Acompanhe alguns dos
mais de 40 lançamentos
que estarão agitando ENTREVISTAS
o mercado nos
Conversamos com três
próximos meses.
casais de game designers para
saber o que cada um pensa em
relação ao universo dos
12
board games no Brasil.
DICIONÁRIO
36
LÚDICO
Quem nunca ouviu falar do ter-
mo card drafting nas mesas de
jogos? Se você já escutou, então
está na hora de saber
um pouco mais sobre esta
VEMPRA PROTOTIPANDO
AULA
mecânica. Afinal, Magarem Nesta edição, nossa coluna
explica e não complica! abriu espaço para o leitor e
desenvolvedor de jogos Yuri
A força da mitologia Piratello que nos fala sobre
nórdica contada pelo algo que se tornou corriqueiro
Blood Rage para as salas de na criação de jogos euro.
aula com Laíse Lima
38 SORTE
OU REVÉS?
Trouxemos algumas
histórias e curiosidades sobre
o Banco Imobiliário, ou seria
22
Monopoly? E de quebra, ainda
conversamos com o
recordista Neil Scallan.
DAS AREIAS
12
SURGE CONEXÃO
PORTUGAL
MEDINA COLUNA
Carlos Abrunhosa decidiu DO PORTUGA
O mestre dos jogos sair da Europa e dar uma
abstratos, Roberto Pinheiro, passadinha na América O mestre de jogos Daniel
volta às areias do deserto do Sul, apresentando Portugal em mais um crônica
para nos trazer uma rese- a todos o Altiplano bem humorada, através de
nha sobre o jogaço Medina. uma janela para o futuro.
Revista VEMPRAMESA 3
FALA AÍ
EDITOR
Magarem
josealmirmedeiros@gmail.com
O
lá, meus amigos! A cada cionais que jogam e criam jogos
nova edição, a nossa motiva- juntos, uma harmonia vitoriosa
ção pelo mundo dos board que tem gerados bons frutos não
games aumenta. Por mais que seja- só no amor!
mos amantes de jogos e motivado- A Prototipando desta edição,
res do hobby, a cada edição conhe- mais uma vez desenvolvida Zuzu,
cemos novos jogos e a vontade de traz um texto sugerido pelo leitor VEMPRAMESA
tê-los em nossa ludoteca aumenta Yuri Piratello, desenvolvedor do Publicação mensal
Nº 14 / Outubro 2018
com a diversidade de títulos geniais jogo Bola na Rede, que faz uma @revistavempramesa
lançados a cada dia. Alimentando o bela reflexão sobre algo bem trivial facebook.com/
colecionismo de nossos leitores, sor- para quem desenvolve jogos de ta- revistavempramesa/
teamos um belíssimo Azzelij, o pri- buleiro, que é a métrica de Pontos Editor-chefe:
meiro de outros que estão por vir! de Vitória como base principal para José Medeiros (Magarem)
Como de praxe, na coluna Ra- definir o vencedor de um jogo.
Subeditor:
dar de Jogos, procuramos apresen- Dentre as matérias especiais Rodrigo Rodriguez (Zuzu)
tar jogos interessantes, objetivando destaca-se a Sorte ou Revés? Um
ampliar a wishlist de nossos leitores banco de histórias para contar... Revisor:
com títulos fornecidos por nosso Uma história bem contada por Daniel Portugal
mercado. Na sequência, esclarecen- nosso amigo Julio Cesar, sobre um Colaboradores:
do um pouco mais sobre o hobby, a dos jogos mais bem sucedidos da Carlos Abrunhosa
Dicionário Lúdico vem abordando a história do board game mundial: Cesar Cusin
Daniel Portugal
mecânica do Card Drafting o Monopoly... ou seria o Banco
Laíse Lima
Para esta edição, apresentare- Imobiliário? Roberto Pinheiro
mos duas resenhas de peso, com Em seguida, um TOP 5 empol- Rodrigo Zuzu
análises dedicadas aos jogos Me- gante, com grandes títulos desta- Silvanir Souza
dina e Altiplano. Por outro lado, cados pelo mestre Cesar Cusin! Ao Social media:
de forma mais descontraída, foca- final, mais uma boa prosa com Manuela Medeiros
Designer gráfico:
da na história e na mitologia dos nosso amigo Daniel Portugal em Julio Cesar
vikings, apresentamos o Blood mais um intrigante conto, desta
Os artigos assinados são de
Rage, em mais um ensaio da co- vez com direito a uma nova versão exclusiva responsabilidade dos
luna Vempraaula! da skynet: seremos um dia real- autores. Fica expressamente
Pinheiro dita as perguntas mente suplantados por robôs? proibida a reprodução total ou
parcial sem prévia autorização.
de uma entrevista inusitada que Décima quarta edição da Re-
foge aos padrões já edificados por vista Vempramesa já está no ar! PROJETO GRÁFICO
esta revista: vamos conhecer três Divulguem e compartilhem, nos-
casais de gamers designers na- sa revista precisa de vocês!
4 Revista VEMPRAMESA
VEMPRAMESA
EQUIPE DE COLABORADORES
# 14 OUTUBRO
DE 2018
BRASIL
revistavempramesa@gmail.com
Revista VEMPRAMESA 5
RADAR
MAGAREM
DE JOGOS
Notícias rápidas sobre tudo o que está rolando no
mundo dos jogos de tabuleiro nacional e internacional!
Segue a bola de neve de lançamentos já anunciada no mês de agosto e que agora já alcança outubro! Alguns já
destacados em edições anteriores da Vempramesa, já outros, ainda não mencionados, e que, portanto, merecem a
atenção de nosso Radar de Jogos!
ENTREGA
6 Revista VEMPRAMESA
RADAR DE JOGOS
ANUNCIADO
THE QUEST
FOR EL DORADO for el Dorado, os jogadores
realizam os papéis de líde-
Grow res de expedição que embar-
caram em uma busca pela
Falando em Knizia, olha lendária terra de ouro nas
mais um do mestre aí. Um densas selvas da América do
jogo familiar bastante feste- Sul. Cada jogador monta sua
jado no ano passado e que própria equipe, contratando
não passou despercebido vários ajudantes para o cien-
pelos “olhos da Grow”. E aí, tista. Todos têm apenas um
o que esperar da qualidade objetivo em mente: alcançar
Grow? Cenas do próximo a fronteira dourada em pri-
capítulo em breve. Esse jogo meiro lugar e ganhar todas
merece vir em boa qualida- as riquezas para si. Quem
de, como assim já se suce- escolher as melhores táticas
deu com o lançamento do será recompensado!
Puerto Rico e Burgundy (con- É um jogo de corrida
testado por uma minoria), rea- com movimento em área/
lizados pela própria editora. grades e construção de ba-
Dito isto, em The Quest ralhos/peças.
Revista VEMPRAMESA 7
PRÉ-VENDA
CAPTAIN SONAR tivo, porque um capitão não é nada os membros de uma equipe fazem
sem sua tripulação: o Imediato, o suas ações simultaneamente, ao
Conclave Editora Operador de Rádio e o Engenheiro. tentar controlar o que os adversá-
Todos os membros de uma equi- rios estão fazendo também. Quan-
Um grande sucesso de vendas pe sentam-se em um lado da mesa do um capitão está pronto para
lançado em 2016 acaba de abrir e cada um deles assume um papel lançar um ataque, a ação faz uma
pré-venda em terras tupiniquins: especial no submarino, com a divi- pausa por um momento para ver se
é o Captain Sonar. Sua mecânica são do trabalho para essas funções, um dano foi concedido. Vários ma-
inusitada prevê o confronto de sendo dependente do número de pas estão incluídos com diferentes
duas equipes em tempo real! jogadores no jogo: um jogador níveis de dificuldade.
Jogada de mestre da Conclave! pode ser o capitão, que é respon-
É um jogo especial e inovador que sável por mover o submarino e
abrange um setup diferente na anunciar alguns detalhes deste
formação de times de jogadores e movimento; outro jogador está
que traz à tona uma nova forma equipando o sonar, a fim de ouvir
de se jogar board game! as ordens do capitão adversário e
De forma mais clara, em Cap- tentar decifrar onde esse submari-
tain Sonar, você e seus companhei- no possa estar na água; um tercei-
ros de equipe controlam um sub- ro jogador pode estar trabalhando
marino e estão tentando localizar na sala de munições para preparar
um submarino inimigo, a fim de torpedos, minas e outros dispositi-
destruí-lo antes que eles façam o vos que permitam o combate.
mesmo com você. Cada papel é Captain Sonar pode ser jogado
importante e o confronto é impla- em dois modos: turno a turno ou
cável. Seja organizado e comunica- simultâneo. No último setup, todos
CIV
CARTA IMPERA VICTORIA
Meeple BR Jogos
8 Revista VEMPRAMESA
RADAR DE JOGOS
DWAR7S: INVERNO
Mandala Jogos
Revista VEMPRAMESA 9
ABCDicionário Lúdico
Por Magarem
CARD DRAFTING
M
IMAGEM: LAÍSE LIMA
ecânicas de jogos de ta-
buleiro é um assunto
inesgotável! Em registro,
no Board Game Geek, vislumbra-
mos cerca de 51 tipos de mecâ-
nicas diferentes de board/card
games, sendo elas que definem
o substrato básico de um jogo:
onde sua estrutura se encontra
assentada. São tantas as possibili-
dades, combinações e inovações
que acabamos nos apegando a
certos jogos, em especial quanto
à mecânica preferida. Para esta
parcela significativa de jogado-
res não importa o quão atrativo
visualmente seja um jogo, seja
por seus “tiles” “tokens”, cartas,
dados ou até mesmo pela estrutu-
ra exemplar de suas miniaturas.
Mas, o que importa, de verdade,
é a mecânica ou a combinação
de mecânicas adotadas, que in-
fluem, diretamente, na dinâmica
de determinado jogo.
Pensando nisso, resolvi es-
quematizar, em uma rápida,
porém instrutiva matéria, um
pouco mais sobre uma mecânica em si, não é aleatório, uma vez de jogos que adotam esta me-
bastante querida por gamers que que cabe a cada jogador, ao sele- cânica! Jogos como 7 Wonders
curtem BG’s de ofertas manipu- cionar uma carta, buscar estra- e Splendor, por exemplo, já
láveis por todos, esta mecânica tegicamente, adotar a melhor bem conhecidos em nosso mer-
se chama “Card Drafting”. A me- forma para se alcançar a melhor cado, exigem a aplicação deste
cânica, essencialmente, funcio- pontuação ou vantagem para si, binômio: marcação-pontuação!
na com cada jogador escolhendo em desfavor de outrem. Citei, propositalmente, dois jo-
uma carta de um subconjunto Vantagem para si causando gos familiares, ou seja, de fácil
de cartas. O desenho de um jogo desvantagem para outro: clara- aplicação, sem camadas estraté-
formatado em um card drafting, mente é um dado interessante gicas mais complexas, para fins
Revista VEMPRAMESA
Revista VEMPRAMESA 1111
Resenha Com Roberto Pinheiro
roberto@pinheirobg.com
1
res representam engenheiros e rentes cores para formar os
arquitetos que estão reconstruin- Palácios (roxo, laranja, cinza
do a Medina em 1822. Apesar da
IMAGEM: STRONGHOLD GAMES E WHITE GOBLIN GAMES / DIVULGAÇÃO
12 Revista VEMPRAMESA
ILUSTRAÇÃO: J.CESAR
Muralhas que devem
2
ser colocadas nas laterais
da Medina, iniciando das
torres nos cantos da Medi-
na. Uma Muralha iniciada
em uma determinada Tor-
re nunca pode se conectar
com uma Muralha iniciada
em outra Torre, deve sem-
pre existir pelo menos um
espaço entre elas, indican-
do as entradas da Medina.
GAME DESIGNER
3
portante do jogo. Cada jo- Stefan Dorra, é um game
gador tem quatro Domos designer não tão conhe-
na sua cor que são usados cido, mas tem muitos
para clamar os Palácios. Os jogos nas costas. Nasceu
domos são colocados em em 1958, na Alemanha e
cima de alguma das Cons- lançou seu primeiro jogo
truções de um Palácio e com 34 anos em 1992.
indica que, agora, aquele Seu primeiro sucesso foi
jogador é dono daquele Pa- Intrigue (1994), conheci-
lácio. Um Palácio clamado
do por sua capacidade de
não pode mais ser expandi-
do por outras Construções.
destruir amizades, por ser
um jogo de pura nego-
ciação com muita facada
nas costas. Entretanto,
4
Mercadores que devem acredito que o seu jogo
ser colocados adjacentes ao mais conhecido é For Sale
mercador inicial já existente (1997), um jogo de leilões
e formar uma espécie de fila. bem simples e rápido.
Entre seus jogos mais
recentes, temos Valletta,
um Deck Building, com
Estábulos: cada jogador
algumas camadas a mais
5
tem uma certa quantidade
de euro game. Confesso
de estábulos, que servem
para ampliar os Palácios. O que Stefan Dorra não
estábulo é a única maneira parece ser lá muito co-
de crescer um Palácio já nhecido aqui no Brasil,
clamado. mas o cara tem mais de
40 jogos publicados.
Revista VEMPRAMESA 13
RESENHA MEDINA
14 Revista VEMPRAMESA
Revista VEMPRAMESA 15
Por Laíse Lima
VEMPRAAULA
Jogos de tabuleiro na educação
lailima19@gmail.com
A Força da Mitologia
Nórdica contada pelo
BLOOD
RAGE
O
din, com toda sua sabedoria, sempre
soube que o Ragnarok viria, mas não
pôde encontrar uma forma de evitar
a destruição de Midgard. Aos seres inferio-
res, só resta se esconder e esperar pelo fim.
Mas você é diferente. Você é um Viking,
líder de um clã ancestral que se orgulha de
seus feitos. Mesmo diante da derradeira con-
denação de todo o mundo, você comandará
seus guerreiros no campo de batalha, seguin-
do seus instintos naturais para conquistar e
saquear as províncias. Os deuses são gene-
rosos nos momentos finais e lhes concede-
rão dádivas e bênçãos. Até as criaturas mais
monstruosas de Midgard almejam a glória no
pouco tempo que lhes resta e estão dispos-
tas a se unirem a você em sua empreitada.
Você se valerá de tudo que lhe resta
para sobrepujar os outros clãs, ser o últi-
mo grande vitorioso da história do mun-
do e conquistar seu lugar em Valhala.
A vida é efêmera, mas a glória é eter-
na. E, assim, começam os tempos de fúria!
16 Revista VEMPRAMESA
BLOOD RAGE
Ilustrado com verdadeiras obras de arte, por Adrian Smith, e miniaturas incri-
velmente detalhadas, feitas por Mike McVey, Blood Rage vem com 46 miniaturas
pré-montadas, incluindo alguns grandes e impressionantes monstros lendários.
Revista VEMPRAMESA 17
BLOOD RAGE
batalha
convertidos a essa nova religião.
Os vários conflitos contra os in-
gleses e os nobres da Normandia
é Glória;
estabeleceram a desintegração
desta civilização.
Ragnar Lothbrok, o Viking
mais famoso de todos os tempos,
ficou conhecido por sempre pen-
sar à frente do seu tempo e por re- consistiria numa grande batalha
glória é
alizar feitos heroicos que o torna-
ram lendário. É uma época muito
distante, então não é possível
entre os deuses que, como conse-
quência, provocaria uma série de
catástrofes naturais no planeta
tudo”
precisar a veracidade dos aconte- que acabariam por destruí-lo.
cimentos e se todos eles pertence- Após a destruição do planeta,
ram de fato a Ragnar. Entretanto, o mundo iria renascer com fertili-
a tradição de um herói Viking dade. Os humanos sobreviventes e
chamado Ragnar que causou in- os deuses renascidos passariam a
contáveis estragos em meados do repovoar a Terra. Por isso, o objeti-
século IX na Europa é persistente vo do jogo não é necessariamente
até os dias de hoje. sobreviver ao fim do mundo, mas
Contudo, não foi Ragnar que alcançar a maior glória entre to-
deu origem ao termo Ragnarok, dos os clãs Vikings para então ser
centro da história do jogo e da mi- um clã poderoso no novo mundo.
tologia Nórdica. Ragnarok é um O jogador ganha glória vencendo
evento profético que representa- batalhas, saqueando províncias,
ria o fim do mundo. O apocalipse, completando missões para os
do ponto de vista dos nórdicos, deuses e morrendo com honra.
18 Revista VEMPRAMESA
VEMPRAAULA
Deuses
ODIN: Teria dado um de seus
olhos em troca do poder de
enxergar o passado, prever o
futuro e alterar o destino dos
homens. Considerado o criador
das runas e o maior mestre em
feitiçaria. Um dos papéis do
chefe dos deuses era recep-
cionar os combatentes mortos
em Valhalla, o lar pós-morte
dos heróis. Odin concede ao
jogador julgamento e punição,
dentro e fora da batalha.
clãs e miniaturas
era do mal. Loki fornece ao
jogador, vingança ou espólios
por derrotas em batalha.
Revista
Revista VEMPRAMESA
VEMPRAMESA 19
BLOOD RAGE
A beleza das miniaturas são um dos grandes destaques do jogo. Fato que
faz muitos colecionadores pintá-las em busca de maior realismo no tabuleiro
Logo após a fase de recruta- víncias. Não entraremos em deta- for destruída, todas as miniaturas
mento, os jogadores começam a lhes quanto às ações, pois o mais que estiverem lá ou em seu fiorde
realizar suas ações, gastando seus importante aqui é dar dicas com de apoio morrem e vão para Valhala
pontos de fúria (de acordo com relação à imersão no jogo. (palácio onde as almas dos guerrei-
seu estoque no tabuleiro indivi- Depois das ações, a fase de des- ros mortos com honra em combate
dual). Os jogadores têm 5 opções carte acontece, na qual os jogadores eram recebidas para servir ao deus
de ação, cada uma delas custa descartam todas as cartas não usa- Odin). Essas miniaturas conquistam
um valor específico em fúria e o das na rodada, com exceção de uma glória para seu clã de acordo com o
jogador precisa controlar esse re- que pode ser preservada para a pró- valor de sua força. Logo após a fase
curso de modo a conseguir fazer xima era. Na próxima fase, de mis- de destruição, começa a libertação
o maior número de ações possível são, todos revelam as missões que do Valhala, última fase, na qual to-
na era, levando em consideração a conseguiram completar e ganham das as miniaturas que foram destru-
sequência das ações (algumas são seus benefícios em glória. ídas voltam para a reserva.
gratuitas, mas só podem ser reali- Na fase do Ragnarök, uma das Todas essas fases são realizadas
zadas se ainda houver estoque de províncias é destruída e fica fora nas 3 eras do jogo e ao final da ter-
fúria). Nessa fase, o jogador pode da continuidade da partida. Não ceira era a pontuação final é conta-
invadir uma aldeia, marchar en- há morte mais gloriosa para um bilizada. O grande vencedor será o
tre províncias, baixar melhorias, Viking do que ser destruído pelo que conquistar o maior valor em
completar missões e saquear pro- Ragnarök. Quando uma província glória para seu clã.
20 Revista VEMPRAMESA
VEMPRAAULA
As ilustrações são outro fator belíssimo do aspecto A criatividade e a riqueza de detalhes também
visual gráfico do Blood Rage acompanham os demais componentes do jogo
Revista VEMPRAMESA 21
CONEXÃO
PORTUGAL
Por Carlos Abrunhosa
carlosdeabrunhosa@gmail.com
SETUP:
No centro da mesa, colocam-se os 7 tabuleiros de locais, de forma ale-
atória, formando um círculo: Aldeia, mercado, rua, porto, quinta, mina
e floresta. Em cada um desses tabuleiros, preenchem-se os diferentes
espaços destinados às fichas circulares, nas quantidades indicadas por
número de jogadores. Alguns desses locais também recebem cartas em
quantidades variáveis em função do número de jogadores.
22 Revista VEMPRAMESA
Todas as fichas e cartas em ex-
cesso são removidas para a caixa.
As fichas e as cartas são limitadas,
as moedas não. Ao lado do círculo
de tabuleiros de locais, coloca-se
o tabuleiro das extensões. Prepa-
IMAGENS: WWW.RENEGADEGAMESTUDIOS.COM
ram-se os cartões com as diferen-
tes extensões, separando-os pelas
letras A, B, C e D. Antes de formar
um monte único, retiram-se os
cartões com a inscrição 5+, 4+ e
3+ se necessário:
Os cartões 5+ só jogam em
partidas com 5 jogadores;
Os cartões 4+ só jogam em
partidas com 4 jogadores;
Os cartões 3+ só jo-
gam em partidas
com 3 jogadores;
Revista VEMPRAMESA 23
1. Ir ao saco:
Na primeira fase, os jogadores re-
tiram do seu saco, sem espreitar
para dentro dele, tantas fichas
como as indicadas pelo seu mar-
cador no tabuleiro de rua. Inicial-
mente são 4 fichas de recursos.
Mas, atenção! Quando o jogador
tem fichas de recursos na sua
área de planeamento (no seu tabu-
leiro individual), que podem não
ter sido usadas nas rondas ante-
riores, o jogador só tira fichas até
ocupar o número de espaços indi-
cado pelo seu marcador no tabu-
leiro de rua, isto é, no início do
jogo, se o jogador só puder tirar 4
fichas de recursos, mas tiver um
espaço já ocupado na sua área de
planeamento, o jogador só tirará
3 fichas do saco de tecido.
É possível colocar na área de pla- IMAGENS: WWW.RENEGADEGAMESTUDIOS.COM
neamento fichas de recursos que
não foram usadas em rondas an-
teriores. Obviamente que esses es-
paços ocupados já contam para o
limite de fichas de recursos que o
3. Ações:
Obedecendo à ordem de tur-
Mover o meeple
jogador pode tirar do saco!
no e ao sentido dos ponteiros do
relógio, cada jogador realiza uma
entre locais:
2. Planear: das suas ações de forma consecu- Para mover o seu meeple, o joga-
Nesta fase, os jogadores pla- tiva até que todos tenham con- dor tem de mover o seu cubo casta-
neiam as suas ações em simultâ- cluído todas as suas ações, isto é, nho (carro de mão) para a esquerda,
neo, alocando as fichas de recur- jogador A realiza uma ação, em indicando que gastou essa ação de
sos da sua área de planeamento seguida é o jogador B, depois o movimento, e mover imediatamen-
em diferentes espaços: C; entretanto chega a vez do jo- te o seu meeple até três locais para
• do seu tabuleiro individual gador A novamente, que realiza a direita ou para a esquerda.
• cartão de personagem a sua segunda ação e segue assim Atenção: esta ação de mo-
• extensões adquiridas até todos passarem. vimento não conta como uma
Há espaços que requerem 1 fi- Para realizar uma ação é ne- ação convencional, ou seja, mo-
cha de recurso, outras 2 fichas. É cessário que o jogador que a re- ver é uma ação complementar,
possível colocar apenas uma em aliza tenha o seu meeple no ta- necessária muitas vezes para
ações que requerem duas, no en- buleiro da localidade onde essa poder realizar a ação que o joga-
tanto, na fase 3 não se pode levar ação se executa, isto é, se alguém dor pretende fazer no seu turno.
a cabo essa ação, porém a ficha aí quiser produzir comida, vai ter Por exemplo, se o jogador estiver
colocada fica disponível para fu- de colocar primeiro o seu meeple num tabuleiro de local que fica
turas rondas. O jogador inicial é no tabuleiro da quinta (símbolo da ao lado da quinta e quiser produ-
o primeiro a anunciar quanto ti- alpaca) e só depois poderá execu- zir comida, primeiro gasta a sua
ver terminado o seu planeamen- tar essa ação (x número de fichas de ação de movimento, movendo o
to, prosseguindo assim no senti- alpaca para obter esse número em fi- seu cubo castanho para a casa da
do dos ponteiros. chas de comida). direita, e em seguida move o seu
24 Revista VEMPRAMESA
CONEXÃO PORTUGAL
AÇÕES BÁSICAS
iniciar uma linha de milho (se ainda
não existir nenhuma);
26 Revista VEMPRAMESA
CONEXÃO PORTUGAL
Revista VEMPRAMESA 27
Avaliação
Quando falamos em Altiplano
é impossível não o compararmos
com o seu irmão mais velho Or-
léans, mas ainda assim estamos
perante jogos que nos produzem
sensações bastante distintas.
A semelhança mais evidente é
o mecanismo de bag building que
ambos partilham, mas que para-
doxalmente os diferencia, pois em
Altiplano, as fichas de recursos só
entram para o saco quando este
fica vazio, ao contrário do que
acontecia com Orléans, em que os
recursos ganhos iam diretamente
para o saco. Ao contrário de Or-
léans, Altiplano é um jogo que re-
quer mais reflexão e tem uma du-
ração maior, aspecto que quanto a
mim é negativo em termos com-
parativos; tanto mais que é fácil
sofrermos de AP (analysis paralysis).
Os componentes do jogo são de
qualidade indiscutível como é ha-
bitual na editora alemã e a quanti-
dade de componentes é imensa. As
regras estão muito bem escritas e
detalhadas com exemplos.
Em suma, estamos perante um
jogo muito bom que recomendo
vivamente e que será do agrado,
sobretudo, dos adeptos de jogo de
gestão de recursos de complexida-
de média-alta.
ALTIPLANO
28 Revista VEMPRAMESA
ENTRE
VISTAS
Uma situação muito engraçada, alguns diriam trágica, são
os casais com relação aos jogos de tabuleiro. Vemos gente re-
clamando do(a) parceiro(a) que não joga nada. Que já tentou
todos os jogos recomendados para casais por todos os vídeos
de Youtube e nunca conseguiu nada. Por outro lado, temos os
casais mais satisfeitos com essa situação, que obviamente não
reclamam, pois curtem a companhia um do outro à mesa. O
quão raro são esses casais? Eu não saberia dizer... Será que são
até comuns? Pensando nessa situação, eu quis ir além. Vamos
chegar ao ápice da conexão com o hobby. Não basta jogar jun-
tos, iremos ver aqui casais que criam juntos. Isso mesmo, criam
seus próprios jogos juntos. Talvez você até diga: “Impossível!”.
Pois, caro leitor, convido-lhe para conhecer não um casal, mas
três casais de Game Designers!
Revista VEMPRAMESA 29
JORGE BIANCA
E SABRINA E MOISÉS
Jorge atua na área de desenvolvimento de jogos Em 2015, o casal criava o Moby Studios, um estú-
digitais, com o estúdio Dumativa, no Rio de Janeiro, dio de criação e desenvolvimento de jogos analógi-
e Sabrina está à frente como uma das organizadoras cos. Nesse estúdio são desenvolvidos todos os jogos
do Board Game Girls, evento de representatividade do casal, incluindo o já publicado Overdrive, o recen-
feminina, também no Rio. temente financiado Grasse e outros ainda em proces-
O primeiro jogo assinado pelo casal e em vias so de desenvolvimento: Gramado e Roda Cutia.
de publicação é o Sereias, que entrará em Finan- Overdrive (Editora Sherlock S.A.) é um jogo de alo-
ciamento Coletivo no mês de outubro ou novem- cação de dados sobre batalhas de bandas de outras
bro deste ano, pela Potato Cat. Atualmente, pos- dimensões. Ele ficou 3 anos em desenvolvimento e
suem jogos em diferentes estágios mais avançados foi financiado pelo Catarse em dezembro de 2017.
de desenvolvimento, sendo levados a eventos e Enquanto que Grasse – Mestres Perfumistas (Editora
aguardando alguma publicação: Lunetas (Sabrina Ludens Spirit), é um jogo de alocação de trabalhadores
e Jorge), Cordel (Jorge), Os Moscovis (Sabrina), Alpha com rondel, sobre a produção e venda de perfumes.
Charlie Tango (Sabrina e Jorge). O Grasse vinha sendo desenvolvido desde 2015 e foi
Ambos são participantes da Casa do Goblin, financiado em 24 horas, tendo atingido todas as me-
um estúdio colaborativo de criação de jogos de tas estendidas em uma semana de campanha.
mesa do Rio de Janeiro. Também participam de Uma curiosidade: Todo mundo acha que o nome
um grupo aberto de playtests no Rio de Janeiro, do estúdio é apenas uma referência à obra de Her-
a Oficina do Playtest. Por meio dessas duas inicia- man Melville, mas não é só isso! O nome Moby vem
tivas, desenvolvem alguns outros jogos, ainda em da junção dos nomes Moisés e Bianca!
fase inicial ou intermediária de desenvolvimento,
como o Korruptônia (Jorge), El Salvador (Sabrina e
Jorge), Caos (Jorge) e outros.
30 Revista VEMPRAMESA
ENTREVISTA
KEVIN
E SAMANTA
O Casal compõe o time da Editora Potato Cat,
sendo também os principais Game Designers e de-
senvolvedores da mesma. Atualmente, possuem dois
Jorge
jogos publicados como Game Designers: Cartas a Va-
por e Café Express, ambos pela Potato Cat; e também
financiaram recentemente pelo Catarse o New Eden
Project, que está em vias de produção. Começamos a trabalhar juntos duran-
Como editores, o casal lançou pela Potato Cat, os te o desenvolvimento do Sereias, em 2017,
micro-jogos da Diceberry (Jetpack Lhama, Magic Flow e mesmo sem perceber muito, na época. Eu
Sudokiller) e está trabalhando no Sereias, do Jorge e da já tinha criado alguns jogos, quando ainda
Sabrina; e no Cyber Squad, do Guerra e do Leonardo. só atuava no digital, mas foi com o Sereias
Como ações complementares à Potato Cat, par- em que realmente comecei a entender como
ticipam de algumas sessões de playtest da editora funciona o trabalho específico com jogos de
Dijon Jogos. Individualmente, Kevin trabalha na IBM mesa. A Sabrina acabou acompanhando esse
como Game Design Specialist e Samanta com revisão processo desde o início e também foi apren-
e copidesque freelance de manuais e outros textos. dendo como tudo funcionava, embora ainda
não passasse por sua cabeça a ideia de criar
jogos. No entanto, como ela participava ati-
vamente dos testes, das modificações no pro-
tótipo, dos eventos, as opiniões dela começa-
ram a ganhar mais peso com o tempo, até
que percebemos que muitas delas acabavam
por influenciar determinantemente as novas
versões de jogo. Com isso, em dado momen-
to, chegamos à conclusão de que ela já era
coautora do jogo. Depois disso, outro projeto
em que trabalhamos juntos foi o Lunetas, só
que nesse foi a Sabrina quem criou o concei-
to principal, com minha coautoria. Assim, fo-
mos nos intercalando na criação de projetos
com ajuda um do outro.
Revista VEMPRAMESA 31
ENTREVISTA
Samanta
Já durante a faculdade, por
Moby
nos conhecermos de vista da
escola onde havíamos estu-
Sabrina
dado - mas nunca nos falado
Na verdade, não temos
Não houve um episódio es- - acabamos ficando mais pró-
uma divisão clara de tarefas
pecífico. Como um era parcei- ximos e participando do mes-
na criação de um jogo. Como
ro de playtest do outro, nada mo grupo de atividades. Como
o Jorge já trabalha há algum
mais natural que passássemos ambos tínhamos esse interesse
tempo com jogos, por conta do
de playtesters a coautores, já pelo game design, começamos
estúdio digital, ele tem mais
que fica difícil, em dado mo- a criar juntos e, desde então,
facilidade com as mecânicas,
mento, separar o que era ideia tem sido assim.
por isso acaba se dedicando
de um e o que era de outro.
mais a essa parte em nossos
jogos. Eu quase sempre penso
primeiro em um conceito de
jogo, dentro de uma temáti-
Interessante. Apesar de ca ou uma mecânica básica,
caminhos diferentes, a por isso até agora foi comum
lógica é bastante similar. que eu surgisse com um con-
Então, gostaríamos de ceito e o Jorge encaixasse as
mecânicas necessárias para o
saber como é o proces- funcionamento da ideia. Mas
so de criação de vocês? já teve vezes em que isso se
Existe alguma divisão de inverteu, como no meu jogo
Kevin tarefas? Como vocês se
beneficiam das habili-
Os Moscovis. Nessa situação,
eu pensei nas mecânicas já
A vontade de fazer jogos já dades de cada um? encaixadas, mas que não fun-
vinha de antes de nos conhe- cionavam dentro dos concei-
cermos na FATEC São Caetano. tos de jogo imaginados. Então,
Eu, desde criança, dizia para o Jorge criou um conceito e o
meus pais que queria fazer jo- jogo funcionou. Geralmente
gos. O que, na época, parecia eu espero que o Jorge crie solu-
surreal. O desejo se manteve ções de mecânicas, e ele espe-
durante esses anos todos e ago- ra de mim ideias de jogo, mas
ra cá estamos! não costumamos sistematizar
esse processo, pois preferimos
adaptá-lo a cada situação de
desenvolvimento.
Sabrina é autora do
jogo Moscovis e orga-
nizadora do evento
Board Game Girls
32 Revista VEMPRAMESA
ENTREVISTA
Moby
Primeiro um dos dois che-
ga com uma ideia e, geralmen-
Kevin
te, já com um esboço do jogo. Sim, porque cortar protóti-
A partir daí, não há papéis pos é HORRÍVEL. Mas, voltando
muito bem definidos, ambos à criação, acredito que o nosso
vão trabalhando conforme processo funciona bem porque
os fluxos vão acontecendo. “cobrimos bem” um ao outro.
Normalmente é o Moisés que Eu tenho uma certa dificuldade
monta os protótipos e eu faço em lapidar as ideias, em jogar
o “design gráfico”. Eu sou mais mecânicas fora, mas a Samanta
focada no aspecto criativo, en- faz isso bem. Em contrapartida,
Jogo
quanto o Moisés acaba se con- geralmente sou eu quem conse-
centrando mais na parte de ba- gue formular a base das ideias,
lanceamento e equilíbrio. enquanto a Samanta se perde
rápido
um pouco para achar esse cami-
nho inicial.
Revista VEMPRAMESA 33
ENTREVISTA
Jogo
rápido
com Bianca
Jogo
Game Designer? Bruno Ca-
thala, porque criou o meu jogo
preferido!
rápido
Designer Brasileiro? Marcos
Macri, pela consistência!
Top 1? Five Tribes!
Eurogame? Five Tribes!
Jogo
Americangame? Battlestar
Galactica! com Moisés
Tema? Históricos!
rápido
Mecânica? Pick up and
Game Designer? Michael
Deliver!
Rieneck, um pouco démodé, mas
Componente? Os mais vi-
consegue fazer uma ótima junção
suais, que complementem a
com Sabrina
de mecânicas simples!
experiência do jogo!
Designer Brasileiro? Daniel Al-
Sonho? Ir para Essen!
ves, versatilidade e ótimos temas!
Vempramesa? Um ótimo veí-
Top 1? Eclipse!
Game Designer? Bauza! culo para fomentar ainda mais
Eurogame? Archipelago!
Designer Brasileiro? Samanta, o hobby!
Americangame? Arcadia Quest!
a primeira autora com quem tive
Tema? Sci-fi!
contato quando entrei no hobby
Mecânica? Alocação de Traba-
de board games!
lhadores, especialmente se combi-
Top 1? Hanabi, um coop muito
nada com outros elementos!
desafiador quando a mesa joga
Componente? Cartas, são ele-
direitinho!
mentos versáteis que podem ser
Eurogame? 7 Wonders!
utilizados para diversas situações!
Americangame? Dead of Winter!
Sonho? Desenvolver um jogo 4X!
Tema? Oriental!
Vempramesa? Sentia falta
Mecânica? Draft de cartas!
da Ludobrasil, com essa cara de
Componente? Os azulejos
revista tradicional. Acho que a
do Azul!
Vempramesa veio para suprir esse
Sonho? Mais mulheres no game
espaço!
design nacional e fim do machis-
mo no hobby!
Vempramesa? Está de parabéns
por dar voz aos autores nacionais!
34 Revista VEMPRAMESA
ENTREVISTA
Jogo
rápido
com Kevin
Game Designer? Antoine Bau-
za, porque todo jogo que me veio
Jogo
à mente foi dele!
Designer Brasileiro? Diego de Obrigado aos
Moraes (Dijon), pelo imenso senso casais por terem
rápido
estratégico/mercadológico e por
vencer de mim por 1 ponto no
aceitado o convite
Ganges! para essa entrevista
Top 1? Steampunk Rally, pelo múltipla. Foi minha
melhor uso de dados com machi-
ne building! com Samanta primeira experiência
Eurogame? Lords of Waterdeep, com entrevista, mas
melhor presente de aniversário Game Designer? Vital Lacerda, espero que tenha re-
(depois do Lisboa que a Samanta simplesmente porque queria
ganhou)! fazer jogos pesados e complexos sultado em algo baca-
Americangame? Mysterium, como ele! na para os leitores e
porque a dinâmica é sensacional! Designer Brasileiro? Eduardo
Tema? Viagem no Tempo, prin- Guerra. Porque o cara faz 1 jogo por
para os entrevistados.
cipalmente se tiver paradoxos semana e os jogos são sempre bons! Com certeza, para
temporais! Top 1? Lisboa! mim foi bastante
Mecânica? Machine Building, Eurogame? Lisboa de novo. Ou
de todos os tipos! Deck Building, qualquer um que rache bem a
útil, pois é um assun-
Card Building, Dice Building, Pool cuca em, no máximo, 3 horas! to que me interessa
Building, tudo! Americangame? Eldritch Hor-
Componente? Ampulhetas. São
(co-design) e é sempre
ror. Me fazer sair da mesa, depois
caras, dão trabalho quando ficam de 8h, derrotada e feliz não é pra legal ver visões sobre
emperrando, mas são um charme! qualquer jogo.! um mesmo tópico de
Sonho? Mudar o mundo de algu- Tema? Tudo, menos zumbis.
ma forma significativa, positiva e, Quanto mais inusitado melhor!
várias perspectivas
talvez, através de um jogo! Mecânica? Deck Building ou diferentes. Cambio,
Vempramesa? Genial! Uma ini- alocação de dados. Se for um “e”, desligo.
ciativa que com certeza merecia melhor ainda!
ser mais popular! Componente? OCoisas que
podem ser montadas, dobradas
ou encaixadas. Basicamente,
elementos em 3D que não sejam
miniaturas!
Sonho? Produzir um jogo híbrido,
misturando analógico com digital!
Vempramesa? Enriquecedora.
Uma iniciativa perfeita para fo-
mentar e disseminar o hobby!
Revista VEMPRAMESA 35
Por Rodrigo Zuzu
PROTOTIPANDO
rodrigo@sampaiorodriguez.com.br
PONTOS
DE VITÓRIA
Este mês, a Prototipando traz
um texto sugerido pelo nosso
leitor e amigo Yuri Piratello,
desenvolvedor do jogo Bola na
Rede que, em breve, entrará
em financiamento coletivo.
Em suas palavras, Yuri traz
uma bela reflexão sobre algo
bem trivial para quem desen-
volve jogos de tabuleiro, que
é a métrica de Pontos de Vi-
tória como base principal para
definir o vencedor de um jogo.
“
É
mais que sabido da diver-
sidade de temas e mecâni-
cas dentro do mundo dos
jogos de tabuleiro, a ponto de se
perguntar se não supera até a di-
versidade que já foi explorada pe-
los jogos eletrônicos. Nessa forte
maré de jogos nascendo via edi-
tora ou independente, designers Se considerarmos o top 50 comparados com os adversários e,
nos impressionam com os malaba- do ranking BGG ou Ludopedia, sem dúvida, é uma tendência que
rismos mecânicos, componentes e perceberá um numero grande de parece eterna em ‘BGs euro’.
artes nunca vistos, e a competitivi- jogos que tem como objetivo de Mas será que não estamos sa-
dade sempre à mesa. Porém, tanta cada jogador, conquistar pontos turados dessa conclusão no final
arte e combinações únicas de me- de vitória (PVs). Oriundo da Euro- da tarde? Quem fez mais pontos!?
cânicas, para formalizar o conjun- pa provavelmente, é uma forma Embora eu seja consumidor
to da obra, tem um objetivo final divertida e cativante nos jogos de e jogador, aventuro-me como de-
pouco explorado, consolidando nos ter todos seus esforços sendo con- signer e tenho oito jogos infor-
lendários Pontos de Vitória. vertidos em números para serem malmente criados. Desde o pri-
36 Revista VEMPRAMESA
( PROTOTIPANDO
meiro, há seis anos, eu tentava Por sua vez, um jogo que apre-
criar objetivos finais de vitória senta de forma satírica e bacana
“criativos” e era um desafio tão uma nova forma quanto à corrida
igual a matar um dragão com de pontos de vitória, sem deixar
uma faca de plástico de marmita. de segui-la, é o Segundon ou Why
Depois de jogar uma insana diver- First?. Neste jogo, vence literal-
sidade de jogos anos à frente e me mente quem ficar em segundo, o
deparando com os PVs, descobri que parece ser fácil, mas no trans-
como era fácil criar BGs que mi- correr do jogo há MUITAS revira-
grassem todos esforços das mecâ- voltas que fazem com que você
nicas convertidos em números no torça para passar na frente em um
fim do jogo, isso resolveu minha dado momento e para ser passado
vida com os jogos seguintes. Ao para trás em outros. Um exercício
mesmo tempo que resolveu um bem diferente de tentar sempre
problema, criou outro, que é a de- ser o mais eficiente possível e bus-
capitação da criatividade. car sempre mais pontos. Como
Acompanho meus amigos com- disse, parece uma sátira, mas ain-
patriotas designers se esforçando da assim tem os PVs com base.
todos os dias, fazendo um ótimo Podemos excluir da análise
trabalho e queria compartilhar também os jogos competitivos
com eles essa observação que me com eliminação de jogadores,
persegue, alertando que a cria- como o conhecidíssimo Coup.
tividade precisa se estender em Nele não há pontos de vitória,
todas nuances do jogo, para que mas sim um único “sobrevivente”
nem todas as vezes, acabe em ao final da partida. É uma forma
pontos de vitória.” diferente e bastante explorada de
O sentimento do Yuri é de fácil métrica para jogos competitivos
entendimento para quem desenvol- que não usa a acumulação de PVs,
ve jogos de tabuleiro. Realmente, é porém traz a eliminação de joga-
muito mais fácil converter todos os dores que não é nada característi-
esforços in game para uma métri- ca dos jogos estilo europeu.
ca final, numérica e objetiva. É MUI- Deste ponto em diante, aprovei-
TO difícil sair disto, pois finais de to o texto do Yuri e minhas conside-
jogos criativos e que definam um rações para fazer um desafio para
vencedor de forma distinta é algo você, leitor da VemPraMesa, que
bem difícil de planejar e de “ven- desenvolve jogos: Como criar um
“
der” como um produto. jogo totalmente competitivo onde
Da mesma forma que acha- a métrica de definição de vencedor
mos difícil desenvolver algo que não seja atribuída a acúmulos de
criatividade precisa fuja deste padrão, identifica- pontos de vitória e que não seja um
se estender em todas mos, nos jogos cooperativos, a jogo de eliminação de jogadores?
construção de um desafio “não Para finalizar, agradecemos ao
nuances do jogo, para numérico”, em quase todas as Yuri Piratello pelo texto e desde já
que nem todas as ve- suas expressões. Quem sabe, se abrimos o espaço para receber no-
zes, acabe em pontos olharmos mais a fundo, podere- vas sugestões e matérias interes-
mos achar algo que nos estimu- santes sobre desenvolvimento de
de vitória” le a pensar diferente? É um belo jogos. O espaço é de vocês, aguar-
exercício, não acham? damos suas sugestões!
Revista VEMPRAMESA 37
IMAGENS: ROY BARI/ PIXABAY.COM
SORTE
OU REVÉS ?
Um banco nião dos novos adeptos dos board
games atuais. Nada que use papel
casa dos 35 milhões de jogos.
Os brasileiros também tem
O
diado por poucos e ama- em apenas uma delas, ele possui por Getúlio Vargas, que proibia
dos por muitos, assim 12 milhões de seguidores de 40 qualquer entidade de usar no-
podemos definir o maior nacionalidades diferentes. Embo- mes relacionados aos países do
sucesso de publicação e vendas ra não exista um número exato, Eixo (Alemanha, Itália e Japão), o
da história, em se tratando de especula-se que ao longo destes fato, mal interpretado pela po-
jogos de tabuleiro moderno. E 83 anos de existência, apenas o pulação, teria se confundido com
não adianta questionar com ar- Monopoly na versão de autoria uma espécie de obrigatoriedade
gumentos de praxe recheados de de Charles Darrow, tenha sido de tornar em português certas ci-
comparações, muito menos se vendido para 1,3 bilhão de pesso- tações estrangeiras, situação que
estamos nos referindo a um jogo as no mundo. Já a versão brasilei- foi fortemente inserida na popu-
de conceito batido ou não, na opi- ra, supostamente possa chegar à lação durante todo o restante da
38 Revista VEMPRAMESA
( Especial MONOPOLY / BANCO IMOBILIÁRIO
59 dias
foi o tempo que durou
possíveis obras da administração
do prefeito na época. Independen-
te do desfecho deste caso, o jogo
Porém, poucos compreendem, que
o trunfo dele, pode estar na própria
necessidade humana de acreditar
a mais longa partida teve tiragem limitadíssima, sain- que a prosperidade financeira é fru-
do jogo no mundo. do de linha de produção do fa- to de bons investimentos e uma boa
bricante para tornar-se objeto de parcela de sorte, e nisto, o Banco
aquisição de colecionadores. acerta em cheio, adaptando-se a te-
FONTES:
WWW.MUSEUMOFPLAY.ORG Outras versões menos polemi- mas diversos e acrescentando itens
GUSTAVOCOUTO.COM.BR zadas também tendem a tornarem- que dão uma “sobrevida” a sua fór-
se objeto raro de coleções, como as mula de sucesso, sem ser necessá-
versões intermediárias Banco Imo- rio reinventar-se muito. Bastando
biliário/Monopoly Simpsons e Dis- vender a ilusão de que qualquer
década de 40 e início dos anos 50. ney/Pixar que marcam a divisão da jogador à mesa pode se tornar rico,
A outra suposição é que havia produção do jogo, no Brasil, tanto já que riqueza é uma das principais
uma preocupação com os rumos pela Estrela S/A, quanto pela Has- ambições do homem!
do mercado imobiliário nacional, bro, empresa que adquiriu a Parker
com a corretagem brasileira ainda Brothers, em 2012. Um acordo
atrelada a práticas defasadas e o possibilitou a empresa brasileira
jogo, teria surgido dentro do con- manter-se proprietária da versão
texto de ensino como ferramenta, Banco Imobiliário, enquanto a
para a geração de futuros interes- Hasbro, passou a assinar com a
sados neste segmento. Se a inten- denominação original de Mono-
ção foi esta ou não, curiosamente poly. Ambos com o direito de ne-
muitos corretores das décadas se- gociar o produto no país, porém,
guintes apreciaram o jogo quando com sutis diferenças nas regras.
criança ou adolescente. Esta afinidade histórica dos
Ainda no ponto de vista educa- brasileiros com Banco, também MONOPOLY
cional, o jogo é considerado uma acaba gerando a confecção de Banco Imobiliário
ótima ferramenta para o apren- versões artesanais, exclusivas e
dizado financeiro, auxiliando na personalizadas do jogo, onde são País de origem: USA
interação, compreensão da maté- adaptados cenários destintos, no
Estilo: Family game
matica, capacidade de raciocínio entanto, o mais comum é usar a
própria localidade onde reside Para: 2 a 4 Jogadores
e desenvolvimento do conceito
de liderança, embora este último como tema. Esta criatividade leva Ano: 1935
critério possa ser questinado por o jogo às suas origens históricas, Fabricantes:
ainda vivenciadas na época da Hasbro / Estrela
alguns educadores. Ele se insere
na função do administrador do criadora Elizabeth Magie, quan- Criadores: Elizabeth Magie
banco, responsável por conduzir do nos Estados Unidos, vários jo- e Charles Darrow
Revista VEMPRAMESA 39
“Sua coleção é
composta por
Sorte?
2.249
versões do jogo”
O engenheiro Charles Brace Darrow,
tornou-se mais uma vítima da grande
depressão que atingiu os Estados Unidos
em 1930. Desempregado, Darrow tor-
nou-se vendedor autônomo nas ruas do
bairro de Germantown (Bairro alemão),
atual bairro de Mount Airy, na Filadelfia.
Até que, em 1933, teria descoberto um
passatempo que havia aprendido nas ruas
e que consistia em negociar imóveis por
valores fictícios. Como a brincadeira era
muito complexa, usou seus conhecimentos
para simplificá-lo pegando uma toalha
de mesa, desenhou uma pequena cidade,
criou cartas escritas à mão, utilizou peças
de bijuteria de suas filhas e confeccionou Conversamos com
Neil Scallan
com pedaços de madeira pequenas casas.
Passando a jogar com seus filhos, vizinhos
e amigos. Logo Darrow se rendeu à magia
do brinquedo e compreendeu que nele
poderia estar o futuro de sua família. Em
O
1934, registrou seu projeto enviando cópias Norte-Americano Neil eram seus jogos de infância e
para as editoras Parker Brothers e a Milton Scallan é atualmen- isto é uma maneira de man-
Bradley, ambas, desconsideram o projeto, te reconhecido pelo ter a tradição do jogo ativo.
com a Parker, alegando ter encontrado Guinness Records, como o Segundo ele, a atual ge-
52 erros fundamentais para um jogo de maior colecionador de Mono- ração gosta de jogos com
sucesso, como tempo exagerado, tema poly do mundo. Sua coleção tempo cada vez mais curto e
banal e complexidade desinteressante. é composta por 2.249 versões esta necessidade de rapidez,
Com a negativa, Darrow partiu para a do jogo em vários idiomas. muitas vezes torna o jogo
produção independente com o apoio de Dialogando com a Vempra- desinteressante para muita
um amigo e usando os poucos recursos mesa, Neil, explica que várias gente, porém, isto não sig-
poupados, produziu uma tiragem de 5 mil gerações cresceram jogando nifica que o jogo esteja defa-
unidades, passando a oferecer o produto o Monopoly e grande parte sado ou ultrapassado. Como
de loja em loja. O jogo foi um sucesso de dos jogadores é formada por colecionador recordista
vendas, esgotado em poucos meses, fato pais e avós que veem no jogo mundial, Neil afirma que
que despertou novamente o interesse da uma oportunidade de reu- não está fácil encontrar ver-
Parker Brothers, que voltou atrás e fechou nir a familia e descontrair- sões originais que possam
os direitos de produção do Monopoly, em se. Muitos querem mostrar ampliar sua estante, já que
1935, antes que a Milton Bradley fizesse. para seus filhos e netos como o jogo é também um dos
40 Revista VEMPRAMESA
Revés?
Revista VEMPRAMESA 41
Por Cesar Cusin
Que tal um jogo para levar na mochila e jogar a não menos emocionantes, estratégicos e imersivos.
qualquer momento? Essa, dentre outras, é uma das A ideia foi reunir nesta lista 5 Card Games que
finalidades dos Card Games: proporcionar a mesma “nasceram” como Card Games, ou seja, que não de-
sensação do Board Game, mas de maneira rápida (às rivam de Board Games e por isso têm sua identidade
vezes nem tanto) e divertida. Card Games geralmente própria. Não que Card Games derivados de Board Ga-
reduzem bastante o demorado setup dos board ga- mes sejam ruins, mas isso é assunto para outro Top
mes, possuem regras mais simples ou reduzidas, mas 5. Vamos à lista!
5 CITADELS
rísticas de gerar intriga (aí está a
graça do jogo) para atrapalhar os
planos dos oponentes.
O fato é que ninguém sabe ao
certo que papéis cada jogador está
interpretando até a hora da reve-
um ao seu lado da linha de bata-
lha. Há 2 decks de cartas: tropas
e táticas. Cada carta colocada na
sua linha de batalha, você terá
que repor essa carta da sua mão
com cartas de um dos 2 decks (de
lação dos papéis em uma ordem tropas ou táticas).
estabelecida, o que gera o suspen- A tensão fica por conta das
se e tensão necessária para fazer cartas táticas, que não são mui-
de Citadels um ótimo jogo para tas, mas também correr atrás
vários jogadores, com sua pitada delas em detrimento de cartas
de estratégia na hora de escolher fortes de tropas, pode não ser um
seu papel. Se procura estratégia, bom negócio. Tem que se admi-
diversão, tensão e intriga, reco- nistrar muito bem, balancear es-
mendo Citadels! trategicamente e taticamente sua
mão de cartas para surpreender
4
Está à procura de um Card o oponente conquistando 3 ban-
Game de construção de cidades deiras adjacentes ou 5 bandeiras
medievais, que envolva nobres e quaisquer antes de seu oponente.
muitas, mas muitas intrigas? Pois E isso é fácil? Não! Mas é isso que
bem, Citadels é o seu jogo! Uma BATTLE LINE faz de Battle Line mais um exce-
caixa quadrada pequena, regras lente jogo de Knizia! Se procura
simples para jogar a qualquer mo- Eis um Card Game de respei- uma disputa direta com seu opo-
mento e comporta de 2 a 8 joga- to, Battle Line, do tão aclamado nente, muita estratégia e tática,
dores. As mecânicas são simples e designer Reiner Knizia! Em Battle recomendo Battle Line!
envolvem jogadores com diferen- Line, 2 jogadores se enfrentam em
tes habilidades, ordem de fases uma linha de batalha para tomar
variável e seleção de cartas. bandeiras do inimigo. Se procura
Em Citadels, cada jogador go- um Card Game com mecânicas de
verna uma cidade e terá que fazer gestão de mão e coleção de com-
a mesma prosperar construindo ponentes que envolva muita estra-
novos distritos. Para tanto, cada tégia, Battle Line é o seu jogo!
jogador, a cada rodada, interpre- Battle Line é um jogo de setup
tará um nobre com característi- quase que imediato, muito rápi-
cas diferentes para tentar conse- do mesmo, o que faz o mesmo
guir construir seu 8º distrito e ganhar mesa fácil. O jogo se dá
assim finalizar o jogo, ou inter- com 2 jogadores se enfrentando
pretará um nobre com caracte- em formações organizadas, cada
42 Revista VEMPRAMESA
2 51ST. STATE
1
ticas de gestão de mão, jogadores
3
com diferentes habilidades e sele-
ção de cartas no cenário em que o RACE FOR
mesmo se desenvolve. Tudo isso faz
DOMINION THE GALAXY
de 51st. State um jogo único. Se pro-
cura um jogo altamente imersivo e
eletrizante, esse é o seu jogo!
Dominion é considerado o pai Neste Card Game, os Estados Race for the Galaxy ganha pela
da mecânica de gestão de mão, Unidos entram em colapso e você se sua temática e mecânicas, ação si-
essa denominação não é irreal, torna o comandante de uma facção multânea, gestão de mão, jogadores
realmente Dominion revolucio- para tenta construir o 51º Estado com diferentes habilidades, ordem
nou e faz fãs até hoje. Mas devo (51st. State). As facções têm habilida- de fases variável. Para ser sincero,
ser sincero, ele não se encaixa des diferentes, e para tanto, tentam principalmente a ação simultânea,
no perfil dos Card Games de cai- construir novos locais, outros ten- o ápice do jogo, é onde se concen-
xa pequena. Se procura um Card tam saquear o que restou, outros tra toda a emoção do jogo. Todos os
Game com muitas opções, alta re- contratam novos líderes, ganhar re- jogadores escolhem suas ações e as
jogabilidade, setup rápido, regras cursos, etc. Enfim, é uma luta cons- revelam ao mesmo tempo e tudo
simples e muitas cartas (mais de tante, frenética e eletrizante pelo no jogo será em função dessas es-
500), Dominion é o seu jogo! controle deste novo estado. colhas. Quer emoção? Race for the
Nele de 2 a 4 jogadores inter- Outra característica interes- Galaxy é o seu jogo!
pretam governantes que começam sante deste Card Game é que as Você terá que colonizar a galá-
com um deck igual e vão adminis- cartas podem ser usadas de 3 for- xia, fazer descobertas, desenvolver,
trando sua mão para aumentar seu mas diferentes: para saquear, para vender, consumir, produzir, enfim,
reino. Você luta todo turno para cooperar (dando 1 recurso a cada tudo o que gira em torno da cons-
contratar mercenários, construir turno) ou anexar ao seu Estado, trução do império espacial. Cada jo-
edificações, fortificar seu castelo, tornando-o mais forte e podendo gador tem um deck semelhante de
aumentar seu tesouro e com isso usar suas habilidades. Realmente cartas de ação, um mundo inicial e
estabelecer seu Dominion. 51st . State é diferenciado! algumas cartas na mão para admi-
A estratégia se mostra mais evi- Se procura um jogo em que nistrar e dar início ao seu império.
dente quando você tem que decidir você se sinta realmente disputando A graça do jogo reside na esco-
o que fazer com sua mão de cartas com outras facções para fundar o lha da ação a ser feita por cada jo-
no seu turno, ou seja, aproveitar ao 51º Estado de forma estratégica, re- gador, pois em sua escolha há pri-
máximo o que tem na mão e fazer comendo 51st. State! vilégios, porém, todos executam
as escolhas certas para potenciali- sua ação sem privilégio, ou seja, es-
zar cada turno. O jogo pode acabar colher algo para si com privilégios,
a qualquer momento, basta o deck também dará oportunidade aos
de Províncias se esgotar ou 3 decks oponentes. Há muito que se pensar
quaisquer de suprimento estiverem nas suas escolhas. Trabalhar com
vazios. Mais uma preocupação para todas as possibilidades que o jogo
se administrar. É uma corrida ten- oferece em ações. Se procura um
sa contra o tempo. Quem gerir me- jogo com muita emoção e decisões
lhor, será o melhor monarca. Reco- a serem tomadas, recomendo Race
mendo Dominion! for the Galaxy!
Revista VEMPRAMESA 43
COLUNA
DO PORTUGA Carioca natalense, professor
de Português e Literatura.
danportugal1978@hotmail.com Família e jogos sempre à mesa!
Skynet sem
JOHN CONNOR
C
omo se não bastasse, ainda te- lium já esteja fazendo efeito. F5,
mos que nos preocupar com F5, F5 enquanto for possível, para
os robôs e suas cabeçorras de atualizar a página e assim garan-
inteligência artificial. Eles, implacá- tir a compra online da apresenta-
veis e soberbos, substituirão você. ção única de Sir Robort Thoven.
Não se engane, pouco a pou- É chegado o dia, depois de
co, esse emaranhado de fios de ser recepcionado por uma Robo-
turbilhão tecnológico ocupará zete Siliconada, você adentra no
seu emprego. Cabe-lhe o direito teatro monumental e guiado por
de estender o capacho eletrônico um giroscópio alado, também co-
das boas-vindas. nhecido como Wonderbot, encon-
Sim, eles entrarão na sala de tra seu lugar. Sir Robort aparece
aula, portando jalecos sujos de gra- trajando bermudas estampadas,
xa sintética, dando aquele toque daquelas usadas quando existiam
clássico peculiar, mãos de pantufa férias. Acima da cintura, black tie.
e diante da menor reação arbitrá- Clássico, chique e na moda. Que
ria de seus pupilos, saberão respon- robô, dirão os bobonautas! Conhe-
der prontamente. Afinal, todos os cido por sua irreverência, antes de
cálculos feitos num merdonésimo se dirigir à orquestra, presenteou
de segundo garantem o sucesso, e, a todos com 10 minutos de stand
além disso, o professor-robô sabe fa- up high tech. A maioria não en-
zer joinha com o polegar opositor. tendeu bem o que ele quis dizer,
A turma vai ao delírio e em unísso- mas quando ele fez o moon wa-
no gritará: “Vai Jonny, vai Jonny”. lker, era impossível se conter e as
A algazarra é ouvida pelo corredor palmas engrossavam.
e a robô ASG, tão mal paga e com Com a batuta simbólica à
aquecimento constante, acena ne- mão, olhou uma última vez para
gativamente. Pouco importará a seus pares na orquestra de metais.
aprendizagem, quando as primei- Só metais e gases nobres.
ras luzinhas da tela de 32K se acen- Sua mais nova composição
dem. Ninguém desvia o olhar e o foi chamada, sem exageros, de
GERALT/PIXABAY.COM
44 Revista VEMPRAMESA
my god definition, nem seu pen- nos, 1 Robocop. Danou-se. As novas
samento mais íntimo escapará. versões vêm com vários itens opcio-
A preocupação aqui foi maior do nais que podem ser habilitados
que em outros setores. Os robôs remotamente. Desde interface
seguem um protocolo rígido que andrógina, até tocar na qualida-
começa com um aperto sensível de authentic stereo os sucessos
de mão, identificando o risco de de Mc Drone e os Automatas.
várias doenças, como diabetes, Nem tudo são flores. A mídia
câncer, doenças cardiovasculares, oficial não divulga, porém alguns
AVCs e morte prematura. Indo robôs começam a visitar os Ma-
além, o paciente pode apenas ter o chinas Anônimos. Com leves tra-
aperto de mão fraco, só isso mes- ços de depressão, podem dar voz
mo. Mas o check up é bíblico. aos seus medos e anseios entre
Como se não bastasse, o con- amigos eletrônicos, usam a ca-
junto de dentes extras do Dr. miseta “Por esse século não”, ou
Clank, garante um sorriso 155% então “Uma era de cada vez”. O
mais contagiante, imagine o clo- depoimento eletrizante e como-
se, nem precisa de up, conquis- vente de Chappie gerou acessos
tando assim o coração mole e en- recordes aos terminais lacrimais
tupido de qualquer um. de todos ali presentes:
E ainda tem mais, com os 48 - Olá, eu sou um Ex-Machina.
scanners funcionando a todo va- Todos respondem:
por, ou melhor, funcionando sa- - Olá!
tisfatoriamente com seu núcleo E por onde olhar, você verá
de plutrânio, o Dr. Clank assume Substitutos, Transformers (esses
a interface desgastada do pacien- são chatinhos), Runners e, é cla-
te, onde encontra, reconhece, ca- ro, os mais fofinhos RePets. Esses
taloga, classifica, verifica, explo- animaizinhos de estimação, além
ra, sonda, pesquisa, considera, de babarem no seu sofá e fazerem
examina, avalia, afere, esquadri- cocô de verdade, podem realizar
nha, esmiúça, disseca e decom- pequenas tarefas caseiras, tudo
põe o problema. incluído no módulo Snaps de
Nem precisava de tanto, ele configuração.
sabe exatamente como proceder O final é triste. Já faz um bom
diante do diagnóstico molecular tempo que não vejo os humanos.
antropológico – humanos rudi- Um deles, um desses humani-
mentares e de fácil leitura. Para a nhos, conhecido apenas como Nihil,
felicidade de todo o corpo roboico subiu num caixote e vociferou:
do hospital, eram apenas gases e, - O movimento operacional
o doutor sempre cuidadoso, libera power off começa agora mesmo.
doses não letais de metano para Seja menos metálico, seja menos
ser solidário com o paciente. Em máquina. Você ainda é humano,
meio a uma conversa descontra- sobretudo por causa das suas im-
ída, ainda deixa escapar: “Todo perfeições. Reconhecerei você atra-
mundo solta pum, até eu!”. vés de suas imprevisibilidades e
Sim, eles estão nas ruas, em defeitos. E só assim me sinto vivo de
todo lugar, garantindo sua seguran- novo, seguindo, em frente, até o dia
ça. Depois de assinado o protocolo em que nos encontraremos com o
ATS (Assurance Totality of Security, grande soldador.
em português, “Você está protegido Muitos e muitos aplausos, mas
pra cacete”), para cada 100 huma- todos ali na plateia eram ROBÔS!
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