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POTENCIE O VALOR DE ALIMENTAÇÃO PAGO AOS SEUS

COLABORADORES

Dilema
A atribuição de subsídio de alimentação aos colaboradores quando estes estão deslocados
ao serviço da empresa e o pagamento em simultâneo das despesas de refeição nesses dias
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por parte da empresa, configura uma duplicação dos gastos que poderá não ser aceite
fiscalmente.

Enquadramento fiscal
Caso os colaboradores se desloquem em serviço, o mais normal seria pagar-lhes o abono
de ajudas de custo a que têm direito, o qual se destina a compensar as despesas com
refeições, alojamento que o empregado suporta nessas deslocações. E neste caso, tais
despesas ficariam sujeitas ao regime instituído no artigo 23.º, n.º 2, alínea d), artigo 23.º-A,
n.º 1, alínea h) e artigo 88.º, n.º 9, todos do Código do IRC (CIRC).
Como os colaboradores recebem também subsídio de refeição, ao calcular as ajudas de
custo teria de ser deduzido o montante que é recebido a título de subsídio de refeição. E
compreende-se que assim seja, já que o montante das ajudas de custo destina-se a
compensar também as despesas com a alimentação dos colaboradores deslocados em
serviço [ver artigo 37.º do Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de abril (entretanto alterado pelo
Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28 de dezembro), que estabelece o regime jurídico do abono
de ajudas de custo e transporte ao pessoal da Administração Pública e que serve de
referência para efeitos de aplicação do disposto na alínea d) do n.º 3 do artigo 2.º do
Código do IRS (CIRS)].

Na prática
Caso a empresa decida não pagar as ajudas de custo aos colaboradores e reembolsá-los
das despesas com as refeições efetivas:
Para que aceitação fiscal dessas despesas possa ocorrer, é fundamental que os
documentos de refeição (faturas) sejam emitidos em nome da empresa, e que seja
comprovado que o colaborador, no dia e hora em que foi suportada a despesa, estava

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de facto a prestar serviços a um determinado cliente ou, por exemplo, em serviço em
outra delegação da empresa.

Se tais despesas não obedecerem ao requisito da indispensabilidade exigido no n.º 1


do artigo 23.º do CIRC, ou seja, se não ficar demonstrado que tais despesas
constituíram um gasto indispensável à realização dos rendimentos, as mesmas não
podem ser dedutíveis.

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Já quanto ao subsídio de refeição atribuído nos dias em que há essa deslocação, somos
de opinião que o mesmo não pode ser considerado como tal, uma vez que o
empregado não suporta nenhuma despesa com as refeições, sendo estas
integralmente pagas pela entidade patronal. Assim sendo, deve ser considerado, na
sua totalidade, um rendimento do trabalho dependente, sujeito a IRS (portanto, sem
os limites que, nos termos do número 2) da alínea b) do n.º 3 do artigo 2.º do CIRS, lhe
permitiriam a não sujeição a imposto), adicionando-se à remuneração mensal para
efeitos de aplicação de taxa de retenção na fonte.

Poderá optar por não atribuir aos colaboradores o subsídio de refeição nos dias em que
estes apresentem na empresa a fatura do almoço emitida pelo restaurante.

Recordar que os limites do subsídio de refeição, atualmente, o valor limite excluído de


tributação é de € 4,77 quando pago em dinheiro, pelo que, os subsídios que excedam este
valor ficam sujeitos a pagar IRS e Segurança Social. Se a entidade paga em cartão
(equiparado aos "vales de refeição") só fica sujeito a tributação (IRS e segurança social) se
exceder € 7,63 €.
Neste sentido, uma mudança na forma de pagamento do subsídio de alimentação
obrigatório quando pago em dinheiro para cartão de refeição, deverá ser considerado pela
empresa no processo de tomada de decisão sobre os aumentos de remunerações atribuir
aos colaboradores (partindo do pressuposto que a empresa paga em dinheiro o limite
máximo de subsidio de alimentação não sujeito a IRS e a Segurança Social)

Constância, 11 de fevereiro de 2022

geral@villaconsulting.pt Tel: 936 675 181

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