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Medievo
Características Gerais do Direito Medieval:
o Pluralismo Jurídico: iura própria e ius commune
Particular: riquíssima manifestação (e consolidação)
consuetudinária;
Localismo Jurídico: direito local;
Direitos de sujeitos específicos: direito feudal e
comercial.
Manifestações sem pretensões totalitárias: pressupõem o
direito comum;
o Só podem ser concebidas no âmbito do direito
comum.
o Seu âmbito é e pretende ser deliminado no plano
objetivo e territorial: ele pressupõe a existência de
outro ordenamento que, no nível da regulação
jurídica, pensa em tudo e tem soluções para tudo e
para todos, que é o direito comum.
Universal: ciência, esquemas gerais de organização; arquitetura
indiferente a projeções territoriais limitadas ou a limitados
âmbitos étnicos, de linhagem ou profissionais.
Direito Comum: interpretativo
o Dois aspectos:
Dimensão substancialmente científica;
A partir de um texto dotado de autoridade.
Corpus Iuris Civilis e Corpus Iuris
Caonici.
A ciência jurídica não pode ser
concebida sem o texto interpretado,
mas o texto não pode ser
considerado algo além de uma
insubstituível referência formal;
Tem pouco caráter exegético:
complementação, correção,
modificação do texto.
Direito fundado na razoabilidade: é o direito – com
soluções para cada caso e linguagem técnica e esquemas
organizativos capazes de formalizar os fatos mais
particulares e recentes.
Muitas vezes, o direito comum se contraía dando lugar
para o direito mais concreto e especial.
o Não há se falar em hierarquia entre iura própria e ius commune –
hierarquia é muito fixa;
Hierarquia pressupõe um Estado.
Idade Média: “Direito sem Estado” – direito que vive a
atua para além dos poderes políticos e da coação destes.
o Relativa indiferença do poder político ao direito.
O que nós temos são múltiplos ordenamentos
concorrentes que não requerem legitimação externo, mas
que substancialmente se autolegitimam enquanto
expressões espontâneas das mais variadas dimensões do
social;
A relação entre ambos é absolutamente maleável:
A aplicação ao caso concreto muitas vezes se definia pela
simples adequação de determinada norma a ele,
independentemente de sua hierarquia e consequente
preferência ou subordinação em relação à outra.
Incompletude dos sistemas harmonização:
o Princípio da Especialidade.
Com o passar do tempo, há uma subordinação do ius commune
aos iura própria.
Surgirá o direito dos estados como o novo ius commune:
haverá, ainda, subsistemas inferiores, particulares e
regionais.
o Em um momento, a autoridade do ius commune
vinha do direito romano, do império e do direito
canônico. Com o fortalecimento dos principados,
abre-se espaço para a afirmação do Direito dos
Estados.
O direito comum fundia em si a dimensão
romana e canônica.
O direito comum será parte integrante do
sistema de fontes do direito dos estados.
O ius proprium florentino, para preencher as lacunas, fazia um
apelo expresso a outro ordenamento jurídico – produzido pela
comunidade dos juristas, um direito científico com projeção
universal.
Na realidade, estes eram aplicados e o ius commune era recurso
ao qual se lançava mão em caso de lacunas. A aplicação como
direito subsidiário, por sua vez, não fazia do ius commune um
simples direito secundário. Sua autoridade invocava uma
“vigência potencialmente geral”, no dizer de Hespanha, o que lhe
permitia uma artificiosa infiltração em questões que a princípio
deveriam ser solucionadas pelo direito local e lhe concedia ainda
força suficiente para impor restrições a este direito: “Mesmo estes
[direitos locais], não deixavam de sofrer as consequências da sua
contradição com o direito comum. Não deviam ser aplicados a
casos neles não previstos (por analogia); não podiam constituir
fundamento para regras jurídicas gerais (…); deviam ser
interpretados de forma estrita.
A aplicação ao caso concreto muitas vezes se definia pela simples
adequação de determinada norma a ele, independentemente da
sua hierarquia e consequente preferência ou subordinação em
relação à outra. É de se considerar a incompletude dos sistemas, o
que conduziu a uma engenhosa harmonização entre eles diante da
crescente demanda social por regulamentação e solução de
conflitos. O princípio da especialidade, segundo o qual a regra
geral é preterida por outra especial, definiu as relações e
prioridades de aplicação dos direitos e excluiu as contradições
que pudessem ser estabelecidas por regras de diferentes ordens
normativas. A mesma situação se colocou no convívio entre os
direitos dos reinos e sistemas menores, locais, que deles se
distinguiam. Neste caso, o direito do reino assumia um papel de
direito comum frente à diversidade do regionalismo.
o Idade Média como civilização intimamente jurídica;
o Direito e “Estado”:
O Direito está muito pouco nas mãos do Príncipe;
O Príncipe moderno é antes de tudo legislador, o príncipe
medieval é antes de tudo juiz iurisdictio
O direito existe antes do poder e prescinde deste: encontra-se nas
raízes mais íntimas da sociedade.
o Ordem:
O direito é primariamente concebido como uma ordem
Um tipo de substrato profundo que fertiliza e nutre a
superfície;
A ordem é complexa, mas reconduzida harmonicamente à
unidade.
Nossa sociedade (jurídica) é simples, a medieval
complexa – mesmo que ordenada.
o Autonomia:
O direito nasce nos fatos da vida cotidiana e muitos destes fatos –
sobretudo graças a sua duração no tempo – adquirem por si
próprio carga normativa, sem que seja necessária a intervenção de
um poder público para dar autoridade e garantir a obediência.
O direito expressa a globalidade, a complexidade da sociedade e
seu particularismo – valorização das microentidades.
A ordem jurídica medieval é um mundo de autonomias, fundado
e construído nessa noção fundamental e característica, em relação
à qual é fácil e simples supor, num mesmo lugar e dentro de uma
entidade política, a concorrência de uma pluralidade de
ordenamentos, cada qual com seu âmbito específico; pressupõe a
convivência e o respeito por outros, não tem pretensões de
expansionismos abrangentes.
o Grossi o Direito e a Igreja na Alta Idade Média:
“Opção pelo Direito”:
Reconhece no Direito um valioso elemento consolidador
do próprio poder – conciliador social e instrumento de
poder.
o A opção pelo Direito é uma opção pelo temporal e
pelo social.
A Igreja recebeu de Roma, como legado, o sentimento
da importância do Direito.
A lei canônica não pode ser igual para todos se todos não são
efetivamente iguais:
Anti-Formalismo: a lei não é garantia formal, mas auxílio
substancial.
o A lei é instrumento.
o Teoria da Dispensa: o superior pode não aplicar a
norma no caso concreto se considerar que a
aplicação trará mais prejuízo que proveito.
Controvérsias em que o Direito toma frente:
o Querela das Investiduras e Doação de Constantino;
o Todos os lados vão usar alicerce jurídico para fundamentar seu poder:
Monarcas desvencilhar das fundamentações religiosas do
poder;
Igreja preponderância da ordem religiosa sobre a secular.
Grossi: Produzir um valioso instrumento de controle da
vida social.
Graciano fornece uma armadura jurídica para dominar
o século – uma arma à política teocrática do Pontificado
romano.
o Pós graciano: Decretais – atividade normativa dos
pontífices.
Demonstra a inexistência de divisão de
poderes na Igreja.
o Controvérsia Franciscana.
Santo Agostinho:
o Justificação da preponderância do poder religioso sobre o terreno:
Cidade de Deus;
Contingência da Cidade dos Homens
Lei Eterna;
Ordem.
A única cidade que dá substrato para a real e absoluta justiça é
aquela governada por Cristo.
Santo Tomás:
o Novo olhar para o terreno:
Bem comum;
Comunidade Política.
o “O poder secular está subordinado ao espiritual do mesmo modo que o
corpo à alma”.
À Igreja é garantia supremacia perante o Estado e é garantido o
governo de todos os cristãos por meio do governo dos príncipes.
Assim, o Estado cuida da finalidade que lhe é atinente e tem certa
autonomia em relação ela, ao passo que a Igreja cuida de um fim
maior, a finalidade última do homem, apropriada a toda a
cristandade - e não a Estados específicos - e hierarquicamente
superior a qualquer outro objetivo. Nesta seara, o Estado
encontra-se subordinado à Igreja, em outras palavras, esta tem
supremacia no tocante a todas as questões concernentes à
finalidade maior do homem.
o Egídio Romano.
Marsílio de Pádua, João de Paris e Guilherme de Ockham: ataques à
subordinação do poder temporal ao espiritual
o Crítica à Teoria dos Dois Gládios;
o Novas Problemas Jurídicos
Marsílio: questão da jurisdição dos bens da Igreja;
João: quem é legítimo para julgar o papa ou o rei.
Dante: dois fins.
Philipe