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EM CLIMA TROPICAL-ÚMIDO
Aprovada por:
_______________________________________________
Prof. Jules Ghislain Slama, D. Sc. - Orientador da Tese
_______________________________________________
Prof. Liana de Ranieri Pereira, D. Sc.
_______________________________________________
Prof. Cláudia Barroso-Krause, D. Sc.
_______________________________________________
Prof. Mauro César de Oliveira Santos, D. Sc.
222
x, 154 f.
Dissertação: Mestre em Ciências da Arquitetura
(Conforto Ambiental)
1. Acústica Ambiental
2. Acústica Arquitetônica
3. Ruído Urbano
I. Universidade Federal do Rio de Janeiro -
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
II. Título (série)
iii
AGRADECIMENTOS
The purpose of this work is to study the behavior of noise in cities, checking
how the phenomenons related to the sound propagation are processed in face of
the urban forms.
The bibliographic review of the urban noise elements and the concepts of
the permeability and thickness is done. The acoustical comfort strategies are
interpreteted and adapted for the use in buildings located in hot-humid climate.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 1
III.7. Fonte 39
III.8. Atenuação sonora 39
III.9. Combinação de Níveis Sonoros 41
III.10. Mudança de Meio de Propagação 42
III.10.1. Reflexão 43
III.10.2. Absorção 43
III.10.3. Transmissão 44
III.10.4. Difração 44
III.11. Campo Acústico 45
III.11.1. Campo Direto 45
III.11.2. Campo Reverberante 46
IV . O RUÍDO E O HOMEM 49
IV.1. O ouvido humano 50
IV.2. Limiares auditivos 51
IV.3. Sonoridade 52
IV.4. A curva de ponderação (A) 54
IV.5. A percepção sonora 55
IV.5.1.Ruído x Silêncio 55
IV.5.2. Mascaramento 58
IV.6. Efeitos do ruído no homem 59
IV.6.1. Efeitos Sobre o Sistema Auditivo 60
IV.6.2. Efeitos Não Auditivos 61
IV.6.3. Ultrasons e Infrasons 63
CONCLUSÕES
BIBLIOGRAFIA
x
INTRODUÇÃO
Uma cidade que cresce sem planejamento adequado do uso do solo, sem
parâmetros de verticalização e ocupação, principalmente em países que dispõe
de poucos recursos, compromete a qualidade de vida de seus habitantes:
“O descontrole processual em que se dá o uso do solo produz
dificuldades técnicas de implantação de infra-estrutura, altos custos de
urbanização e desconforto ambiental de várias ordens (térmico,
acústico, visual, de circulação). E a contaminação ambiental resultante
implica num lugar desagradável para viver e trabalhar.” [LOMBARDO
(85:18)]
“Em países dependentes, como é o caso do Brasil, em que a maior
parte da população urbana é carente de recursos básicos, tais como
habitação, serviços (água, energia e esgoto) e transporte, a
intervenção a nível tecnológico na correção do espaço urbano torna-se
economicamente inviável. Daí a necessidade de estudos que dêem
subsídios para um controle de ocupação do espaço urbano, fixando
parâmetros físicos para um ambiente mais compatível com a qualidade
de vida humana” [LOMBARDO (85:21)]
Capítulo I
1
FERRARI, Celso. Curso de Planejamento Municipal Integrado. São Paulo: Livraria Pioneira Ed,1973. p. 211
7
Presume-se que Roma tenha sido fundada no ano de 754 AC, por
descendentes dos antigos troianos. Em seu apogeu (século V A.C.), a cidade
atingiu uma população de 3000 habitantes2, número significativo mesmo para os
padrões atuais. Possuía 19 aquedutos que, juntos, forneciam 1.000.000 m3/dia à
cidade, sistema de esgotos dinâmico, ruas pavimentadas, 80 palácios e 46602
apartamentos. O alto padrão tecnológico permitiu a construção de prédios de até
8 pavimentos. Roma é um sugestivo exemplo da influência da técnica sobre o
desenvolvimento urbano.
22
DAVIS, Kingsley et al. Cidades - A Urbanização da Humanidade. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1972. p.
47.
9
3
FERRARI, Op. Cit. p. 213
4
LOMBARDO, Op. cit. p. 23
16
Capítulo II
• (2) ventilação;
• (3) inércia térmica;
• (4) inércia térmica e ventilação noturna;
• (5) refrigeração por evaporação;
• (6) desumidificação;
• (7) ar condicionado;
• (8) aquecimento;
• (9) aquecimento por meios passivos.
II.3.3.Tabelas de Mahoney
Por trabalhar com médias e limites muito amplos nos grupos de umidade e
temperatura, podem ocorrer, eventualmente, distorções nos resultados. As
recomendações fornecidas pelas tabelas são bem genéricas, cabendo ao
arquiteto adaptar os resultados às situações particulares.
II.4.1.1. Ventilação
Uma ventilação adequada pode proporcionar boas condições de conforto
térmico sem necessidade de sistemas mecânicos de condicionamento de ar. A
ventilação tem três objetivos principais:
• renovar o ar no interior dos compartimentos;
• promover a perda de calor, por evaporação, e diminuir o desconforto provocado
pelo excesso de umidade;
• esfriar o envoltório do edifício.
23
Sempre que possível, deve ser adotada planta linear, com as maiores
fachadas voltadas para as direções norte e sul, a fim de reduzir a área de
exposição à radiação solar.
Uma vez que o edifício não pode oferecer boas condições de isolamento
contra os ruídos externos e conforto térmico por meios passivos,
simultâneamente, outras alternativas devem ser exploradas como, por exemplo, a
espessura da fachada e a utilização do efeito barreira.
Capítulo III
III.1. Definição
f=
• Amplitude (A); o deslocamento máximo atingida por uma molécula, em
relação à sua posição de equilíbrio. Pode ser medida em frações de metro.
• Comprimento de onda (λ): é a distância percorrida pela onda senoidal, em
um ciclo completo. É função da velocidade do som em um meio e da
freqüência. Também pode ser medido em frações de metro.
λ=
• Velocidade do som (c): Pode ser expressa em metros por segundo (m/s) e
varia em função da temperatura, da densidade e da homogeneidade do meio
de propagação. Quanto mais denso o meio, mais rápido é o deslocamento
das ondas sonoras.
Ao ar livre, a alteração da velocidade do som na atmosfera, causada pelas
variações de temperatura, pode provocar a refração das ondas sonoras, ou seja,
as ondas sofrem um ligeiro desvio, em relação à sua trajetória original.
28
c = 332
onde:
c = velocidade do som
t = temperatura do ar em 0C
Tabela III.1
material velocidade do som
(m/s)
ar (200C) 340
água 1460
madeira 1000 a 2000
concreto 3500
tijolo 2500
aço 5000 a 6000
vidro 5000 a 6000
chumbo 1320
cortiça 450 a 500
borracha 40 a 150
III.4. Ruído
De modo geral, atribui-se a denominação de ruído a todo sinal acústico
indesejado, esta porém é uma definição subjetiva. Do ponto de vista físico, ruído é
a: “mistura de tons cujas freqüências diferem entre si por valor inferior à
discriminação (em freqüência) do ouvido”. O ruído pode ser caracterizado por sua
composição espectral, ou seja, o nível de pressão sonora por banda de oitava (ou
terço de oitava).
III.5. Grandezas
Grandezas Sonoras
A caracterização do som pode ser feita por três grandezas físicas: pressão,
intensidade e potência.
pef2 =
onde:
pef é a pressão acústica eficaz
W é a potência da fonte
é a densidade do meio (ar)
c é a velocidade do som no meio (ar)
r é a distância entre a fonte e o receptor
31
I=
onde:
p é a pressão sonora, em Pascal
é a densidade do meio (ar)
c é a velocidade do som no meio (ar), em m/s
NIS =
onde:
I é a intensidade do som (W/m2)
Io é a intensidade de referência (10-12 W/m2), correspondendo ao limiar de
audibilidade
NWS = 10 log
onde:
W é a potência da fonte (W)
Wo é a potência de referência (10-12 W)
III.6.
III.6.4
6.4. Nível de Pressão Sonora
NPS = 20 log
onde:
P é a pressão sonora, em Pascal;
Po é a pressão sonora de referência (2 x 10-5 Pa), que corresponde ao
limiar de audibilidade
problemas de
turbo-reator 130
ouvido, surdez
impossível
20 120
indústrias
barulhos
extremamente 110
insuportáveis 2
ruidosas e britadeiras
100
gritando
90
rua de grande ambiência ruidosa
0,2
circulação incômoda 80 difícil
refeitório ruidoso
escritório de 70
ambiência suportável
datilografia 0,02 falando alto
mas barulhenta
apartamento com TV 60
rua tranquila/
apartamento 50
barulhos corriqueiros falando normalmente
barulhento
40
apartamento calmo calma 0,002
30
III.7. Fonte
N =logn
onde: Ir = intensidade sonora no local de recepção
If = intensidade sonora na fonte
A atenuação sonora depende, ainda, do tipo propagação:
• Propagação Esférica: é a que ocorre para fontes pontuais. O nível de
intensidade sonoro decai na proporção do quadrado do raio das
distâncias, o que implica em uma redução sonora de 6 dB, a cada vez
que a distância é dobrada (6 dB/dd). O nível sonoro percebido pode ser
calculado pela expressão:
NIS = NWS - 11 dB - 20 log r
onde: NIS é nível de intensidade sonoro no local de recepção
NWS é a potência sonora da fonte
r é a distância fonte/receptor
35
x dB x dB = (x + 3)dB
∆ NPS 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Acréscimo 3 3 2 2 2 1 1 1 1 1 0
36
III.10.1. Reflexão
Segundo a ótica geométrica, o ângulo de reflexão da luz sobre uma
superfície é igual ao ângulo de incidência. O comportamento da onda sonora, ao
encontrar uma superfície plana e rígida é análogo, o que permite o
desenvolvimento de estudos geométricos simplificados, visando estabelecer a
direção das ondas sonoras refletidas.
Este princípio, entretanto, só é válido para sons de pequeno comprimento
de onda, quando a menor dimensão da superfície refletora for igual a, no mínimo,
quatro vezes o comprimento da onda sonora incidente. Logo, para sons graves, a
“acústica geométrica” só pode ser usada após verificada a relação entre
comprimento de onda e dimensões do obstáculo.
III.10.2.
III.10.2. Absorção
α=1-
III.10.3. Transmissão
τ=
III.10.4. Difração
III.10.5. Difusão
Ocorre quando, devido às irregularidades da superfície refletora, as ondas
sonoras se espalham em todas as direções, promovendo uma distribuição mais
uniforme da pressão sonora. Um elemento arquitetônico (balcões, pilares, vigas)
será mais eficiente na difusão de uma onda sonora se a sua largura for igual ao
comprimento da onda (λ) e a profundidade das irregularidades de sua superfície
corresponderem à sétima parte desse comprimento.
Capítulo IV
O RUÍDO E O HOMEM
43
IV.1.
IV.1. O ouvido humano
Limiar de audibilidade = 0 dB
po = 2 x 10-5 N/m2
Io = 10-12 W/m2
Limiar de dor ~130 dB
p = 63 N/m2
I = 10 w/m2
IV.3. Sonoridade
Esta nova escala tem como unidade o fone (F) e cada curva é sempre
denominada pelo seu nível de pressão, ou intensidade, na freqüênciade 1000 Hz.
A relação entre sones e fones pode ser calculada pela seguinte expressão:
F − 40
10
S= 2
onde:
F = fone
S = sone
46
IV.5.2. Mascaramento
O efeito de máscara pode ser descrito como a elevação subjetiva do limiar
de audibilidade, ou seja: na presença de um ruído de fundo muito elevado, o som
de interesse precisa de maior energia sonora para ser percebido.
Como já foi visto anteriormente, quando duas fontes funcionam
simultâneamente, o ruído percebido corresponde ao de maior intensidade
acrescido de um determinado valor (item III.9). Caso a diferença entre os níveis
sonoros seja superior a 10 dB(A), o ruído resultante será igual ao maior dos dois,
o de menor intensidade terá uma contribuição desprezível para a sonoridade final.
50
Capítulo V
QUALIDADE ACÚSTICA NO
AMBIENTE CONSTRUÍDO
55
(1) (2)
Figura V.1
V.2. Ecos
Para que dois sons sejam percebidos separadamente pelo ouvido humano
é necessário que a defasagem de tempo entre ambos seja superior a 1/15
segundos, o que corresponde a um percurso de aproximadamente 22 metros
Quando uma onda sonora atinge um obstáculo, três hipóteses podem ocorrer:
• Se o som direto e o refletido alcançarem o receptor em um espaço de
tempo inferior a este limite, o som refletido se soma ao direto,
aumentando a sensação sonora;
• Se o espaço de tempo for superior ao limite de 1/15 de segundo o som
direto e o refletivo são percebidos distintamente;
• Se, embora alcançando o receptor em tempo inferior ao limite mínimo, o
som refletido superar em mais de 10 dB o som direto, será percebido
separadamente.
Nas duas ultimas hipóteses, ocorre o fenômeno do eco. O eco é um fator
que interfere significativamente na comunicação oral e pode ser evitado com o
uso de materiais absorventes e colocação de anteparos intermediários quando as
distâncias entre a fonte e as superfícies refletoras forem superiores a 11 metros.
Tr = 0,161
onde:
Tr é o tempo de reverberação, em segundos
V é o volume da sala, em m3
57
• Fórmula de Norris-Eyring:
Tr =
onde:
Tr é o tempo de reverberação, em segundos
V é o volume da sala, em m3
S é a área interna da sala, em m2
• Fórmula de Millington-Sette:
Tr =
onde:
Tr é o tempo de reverberação, em segundos
V é o volume da sala, em m3
Si é a área dos diferentes revestimentos internos, em m2
αi é o coeficiente de absorção de cada revestimento
> 0,3).
Tr =
58
Apesar do espectro da fala ser mais amplo (variando de 125 a 8000 hz), é
nas quatro faixas de freqüência acima citadas que o ouvido é mais sensível.
Podemos, portanto, escrever
I=
onde:
I é o índice de inteligibilidade
Nutil é o nível do ruído que desejamos ouvir (ou mascarar)
NIC é o nível do ruído de fundo
V. 5. Materiais Absorventes
Figura V.4
V.6. Materiais
Materiais Isolantes
R = 10 log
onde:
Wi é a potência acústica incidente
Wt é a potência acústica transmitida pela parede.
que a freqüência é dobrada. A figura V.5 traduz a relação entre a redução sonora
e a massa superficial da parede, por faixa de freqüência.
Compensado 1,9 12 20
2,5 16 24
3,2 21 26
Bloco de concreto 10,5 114 35
15,2 171 39
Tijolo 10,0 211 42
Plexiglas 0,06 7 27
1,5 18 32
Chapa (*) 0,06 4,5 20
0,08 23
0,1 7 25
0,13 19 27
Alumínio 0,32 9 24
Chumbo 0,16 18 32
67
Capítulo VI
VI.1. Emissão
Tabela VI.1
Leves Pesados
Auto-
Auto-estrada 4 5 5 6 6
Via urbana 10 13 16 18 20
Até algum tempo atrás tentou-se estabelecer uma relação entre o tipo de
pavimentação e o ruído emitido pelo tráfego. Entretanto, embora diversos estudos
e medições tenham sido realizados os resultados encontrados foram dispersos e,
até mesmo, contraditórios.
Atualmente admite-se que todos os tipos de pavimentação apresentam
resultados semelhantes, com as seguintes exceções:
• revestimentos de alta aderência (anti-derrapantes) que provocam um
acréscimo da ordem de 3 dB(A);
• paralelepípedos que provocam um acréscimo de cerca de 5 dB(A).
dB 71 70 66 65 63 57
dB(A) 55 62 63 65 64 58 70 dB(A)
VI. 2. Propagação
Como foi visto no item III.8, no caso de uma fonte pontual, o nível sonoro
sofre uma redução de 6 dB(A) para cada vez que a distância entre a fonte e o
receptor é dobrada. Para uma fonte linear, a redução é da ordem de 3 dB(A)/dd.
Indústrias e outras atividades produtoras de ruído podem ser, a grandes
distâncias, consideradas fontes pontuais fixas. Uma estrada, ou qualquer outra via
de circulação de veículos, deve ser tratada como uma fonte linear de grandes
dimensões.
Um redução de 10 dB(A) equivale, para o ouvido humano, à metade da
sensação sonora. Logo, podemos concluir uma primeira medida pode ser a de,
quando possível, aumentar a distância entre a fonte de ruído e o receptor. Níveis
sonoros muito elevados podem exigir medidas mais drásticas, como a
implantação de barreiras acústicas, como será visto mais adiante (item VI.2.5).
Xiaotu propõe a adoção das seguintes equações para determinar a
distância mínima preventiva para fontes de ruído:
• indústrias (1):
Ld = Lo - 18 log
• via de tráfego (2):
Ld = Lo - 13 log
onde: Ld é o nível sonoro recomendado pelas normas, em dB(A)
Lo é o nível sonoro à distância D0, em dB(A)
D0 é igual a 50 e 10m para as equações (1) e (2), respectivamente
d é a distância preventiva entre a fonte e o receptor, em metros
Este é, no entanto, um cálculo simplificado. Outros elementos tais como: o
vento, a temperatura, a topografia modificam essas leis. No caso de grandes
distâncias, devemos também considerar a absorção do ar, que provoca um
enfraquecimento de cerca de 7 a 8 dB(A) por quilômetro.
O plantio de árvores sobre taludes de terra, nas bordas das vias de tráfego, se
revela bem mais eficiente, mas são os taludes e não a vegetação que se opõem à
propagação do ruído. Entretanto, como a utilização de barreiras artificiais provoca,
muitas vezes, rejeição por parte das populações vizinhas devido ao aspecto de
degradação visual que acarretam, alguns autores recomendam o uso combinado
das duas soluções.
74
VI.2.4. Reflexão
Como foi visto anteriormente (item.III.10.1), assim como a luz, ao ser
refletida por um espelho, quando uma onda sonora encontra um obstáculo em
seu caminho de propagação ela é refletida segundo um ângulo de reflexão igual
ao de incidência.
O som emitido por uma fonte linear também pode ser, total ou
parcialmente, refletido por um obstáculo de largura limitada. A figura acima mostra
que o receptor (R) está recebendo o ruído emitido pela fonte (F) situada à
distância (d), acrescido do ruído da fonte virtual (F’), simétrica à (F) , em relação
ao plano refletor (P). O ângulo (β), a distância (d ) e o comprimento (L) dependem
da posição do receptor em relação aos limites do plano refletor.
Este é, esquematicamente, o comportamento do ruído emitido por uma via
de circulação de veículos, ao encontrar uma fachada. A quantidade da energia
acústica refletida varia em função da natureza mais ou menos absorvente do
plano refletor: quanto maior for o coficiente de absorção do material, menor será a
energia refletida. (item V.5)
75
VI.2. 5.Transmissão
O som pode atravessar uma parede, ainda que esta não apresente
nenhuma abertura. O que ocorre é que, ao ser atingida por uma onda sonora, a
parede vibra e passa a funcionar como uma nova fonte, transmitindo o ruído.
Tabela VI.5
VI.2.6. Difração
Chama-se difração ao processo físico que permite que o receptor possa
ser submetido ao ruído emitido por uma fonte sonora, mesmo quando um
anteparo impede a propagação direta. Dois são os efeitos principais ocasionados
pela existencia de um obstáculo entre a fonte e o receptor:
• parte de som é refletido e tem sua trajetória modificada;
• parte do som é difratado, modificando o campo sonoro na região do
receptor.
Como já foi visto anteriormente o nível sonoro emitido por uma fonte
sonora linear decai de 3 dB a cada vez que a distância fonte/receptor é dobrada.
Para níveis sonoros muito elevados, ou quando não existe a possibilidade de
afastar o alinhamento dos prédios da via de tráfego pode ser necessária a
implantação de uma barreira acústica.
N = 2δ/λ
onde:
δ = (A+B) - (a+b)
λ é o comprimento de onda
Figura VI.6
∆t = 13 + 10 log (N)
onde:
∆t é a atenuação sonora
N é o número de Fresnel (N>1)
A fórmula acima é válida para o cálculo da difração provocada por uma
barreira ideal,infinita, porém, seu uso pode ser estendido a situações envolvendo
barreiras muito longas. Pode, ainda, ser aplicada a outras configurações como
barreiras espessas e fonte e receptor localizados em planos diferentes.
V.3. Espaços
Espaços Sonoros Urbanos
V.3.3. A Via
Do ponto de vista estritamente acústico, é necessário distinguir a rua da
via. Chamaremos de via o espaço reservado ao deslocamento motorizado, a pista
de circulação de veículos. A via é a fonte sonora.
85
6 0 51 _ _ _ _
60 5 63 61 _ _ _
100 5 67 65 62 _ _
500 10 75 73 70 65 67
600 10 76 74 71 66 68
900 10 78 76 73 68 70
1200 15 _ 77 74 70 72
1500 15 _ 78 75 71 73
2000 15 _ _ 76 72 74
4000 15 _ _ 79 75 77
6000 15 _ _ 81 77 79
10000 10 _ _ _ 78 80
15000 10 _ _ _ 80 82
V.3.4. A Rua
H/L >0,2
• Rua em “L”: quando a relação entre a altura dos edifícios e a distância entre
fachadas é inferior a 0,2. Aproxima-se, em termos de propagação sonora, do
campo livre ou direto.
KH =
90
V.3.5. A quadra
A quadra recebe o som que, emitido pela via, propaga-se ao longo da rua.
Para o urbanismo pode ser definida como “a menor unidade do espaço
urbano, inteiramente delimitada pelas vias de circulação”. Nas cidades européias
mais antigas, a forma e as dimensões das quadras são extremamente variáveis.
91
V.3.7. Permeabilidade
Figura VI.18
Figura VI.19
95
Tabela
Tabela VI.7
70 dB(A) 65 a 70 dB(A) 60 a 65 dB(A) 55 a 60 dB(A) Inferior a 55
dB(A)
Como foi visto anteriormente, o ruído pode “atravessar” uma parede ainda
que esta não apresente nenhuma abertura. No caso das paredes simples, cujo
comportamento é regido pela “Lei da Massa”, quanto mais pesada a parede,
maior será sua capacidade de se opor à transmissão do ruído. A estreita
amplitude térmica, característica do clima tropical-úmido, recomenda o uso de
materiais leves (baixa inércia térmica) que apresentam, conseqüentemente, mau
desempenho como isolantes.
V.3.8. Espessura
Ainda não existe no Brasil nenhum laboratório apto a realizar este tipo de ensaio.
O método acima descrito é utilizado no Centro de Maquetes de Grenoble, França.
Embora caro e, até o momento, não disponível em nosso país o estudo sobre
modelos reduzidos permite grande precisão nos resultados podendo resultar,
quando em obras de grande porte, em considerável redução do custo final.
Capítulo VII
(Pef )2=
onde:
Pef é a pressão acústica eficaz
∆t é o intervalo de tempo considerado, entre os instantes t1 e t2
p é a pressão acústica instantânea
Leq = 10 log
onde:
Li é o nível sonoro correspondente ao ponto médio da classe, em dB(A)
ti é o intervalo de tempo (expresso em porcentagem do período de tempo
relevante ou representativo escolhido) para o qual o nível sonoro
permanece dentro dos limites da classe (i)
105
• Forma contínua:
Leq = 10 log
onde:
T é o tempo de observação
L é o nível sonoro, variando ao longo do tempo (T), em dB(A)
O Leq pode ser calculado para diferentes períodos de tempo, como por
exemplo: Leq curto (1, 2, 10 seg,...); Leq de 20 minutos; Leq diurno ou noturno,
representando diferentes realidades acústicas.
Para indicação do período de observação pode ser adotada uma das
seguintes convenções:
• Leq (t1, t2) = x dB(a), onde t1 e t2 representam os limites do tempo de
observação;
• Leq (T) = x dB(A), onde T é o período estudado.
Uma segunda curva, denominada Noise Rating (NR), adotada pela ISO,
permite avaliar o incômodo provocado pelo ruído na vizinhança das áreas
industriais.
Tabela VII.1
Valores de NPS (em dB) por Faixa de Freqüência (em Hz) das Curvas NC
NC - 70 83 79 75 72 71 70 69 68
NC - 65 80 75 71 68 66 64 63 62
NC - 60 77 71 67 63 61 59 58 57
NC - 55 74 67 62 58 56 54 53 52
NC - 50 71 64 58 54 51 49 48 47
NC - 45 67 60 54 49 46 44 43 42
NC - 40 64 57 50 45 41 39 38 37
NC - 35 60 52 45 40 36 34 33 32
NC - 30 57 48 41 36 31 29 28 27
NC - 25 54 44 37 31 27 24 22 21
NC - 20 50 41 33 26 22 19 17 16
NC - 15 47 36 29 22 17 14 12 11
Tabela VII.2
dB(A) NC
Locais
Hospitais
Apartamentos, Enfermarias, Berçários, Centros Cirúrgicos 35 - 45 30 -40
Laboratórios, Áreas para Uso do Público 40 - 50 35 - 45
Serviços 45 - 55 40 - 50
Escolas
Bibliotecas, Salas de Música, Salas de Desenho 35 - 45 30 - 40
Salas de Aula, Laboratórios 40 - 50 35 - 45
Circulação 45 - 55 40 - 50
Hotéis
Apartamentos 35 - 45 30 - 40
Restaurantes, Salas de Estar 40 - 50 35 - 45
Portaria, Recepção, Circulações 45 - 55 40 - 50
Residências
Dormitórios 35 - 45 30 - 40
Salas de Estar 40 - 50 35 - 45
Auditórios
Salas de Concerto, Teatros 30 - 40 25 - 30
Salas de Conferência, Cinemas, Salas de Uso Múltiplo 35 - 45 30 - 35
Restaurantes 40 - 50 35 - 45
Escritórios
Salas de Reunião 30 - 40 25 - 35
Salas de Gerência, Salas de Projetos e de Administração 35 - 45 30 - 40
Salas de Computadores 45 - 65 40 - 60
Salas de Mecanografia 50 - 60 45 - 55
Igrejas e Templos (Cultos Meditativos) 40 - 50 35 - 45
Locais para Esporte
Pavilhões Fechados para Espetáculos e Atividades 45 - 60 40 - 55
Esportivas
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Capítulo VIII
Como foi visto nos capítulos anteriores qualquer situação acústica envolve,
necessariamente, três elementos: fonte sonora, meio de propagação e receptor. A
cada um destes elementos corresponde um determinado conjunto de medidas
que podem minimizar os efeitos nocivos da poluição sonora causada pelo tráfego
de veículos. Nem todos os níveis de interferência, entretanto, estão no âmbito do
desenho urbano e da arquitetura. Na realidade, os problemas gerados pelo ruído
do tráfego urbano devem ser estudados por uma equipe multidisciplinar que
inclua, também, especialistas na área de transportes e da indústria
automobilística.
V.1. Emissão
A intervenção sobre o nível de ruído emitido pelas fontes sonoras escapa
ao objetivo central deste trabalho. Vamos, no entanto, resumidamente, listar
algumas medidas que podem contribuir para atenuação do ruído emitido:
• legislações que estabeleçam níveis máximos de emissão de ruído para
os veículos das diversas categorias;
• limtação da velocidade em algumas áreas, o que permite, sem diminuir o
fluxo de veículos, reduzir o nível sonoro em 6 a 8 dB(A);
• estabelecimento de restrições (horário e itinerário) ao tráfego de veículos
pesados;
• adoção de um plano viário e coordenação dos sinais luminosos (onda
verde) objetivando maior fluidez no tráfego. Estas medidas podem
reduzir em até 5 dB(A) o nível sonoro das vias;
• criação de um sistema eficiente de transportes coletivos (metrô, trens,
ônibus). Mesmo os ônibus, individualmente mais ruidosos que os
automóveis, permitem uma relação entre passageiros transportados e
ruído emitido mais favorável, desde seu tráfego se restrinja a pistas
seletivas, com boas condições de escoamento;
• pavimentação com materiais pouco refletores (por exemplo, asfalto
absorvente);
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VIII.2.2. Implantação
A localização das fontes de ruído é um dos critérios para escolha da
implantação mais adequada para um edifício. Evidentemente que outros fatores,
como insolação e ventilação, não podem ser negligenciados. Em clima tropical-
úmido, particularmente, a disposição dos edifícios deve considerar a direção dos
ventos dominantes para evitar que, a criação de espaços resguardados do ruído,
implique em prejuízo da ventilação natural.
Os exemplos abaixo mostram a importância de uma implantação que
considere a localização das fontes de ruído.
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VIII.2.3.Barreiras
Não deve pode ser esquecido o fato de que as margens da via de tráfego
são habitadas. O uso combinado de barreiras construídas com vegetação se não
tem grande eficiência do ponto de vista acústico permite uma melhoria da
ambiência sonora, pelos efeitos de mascaramento e absorção, e atenua o
impacto visual negativo que muitas vezes a barreira artificial acarreta. Também é
interessante, sempre que possível, dotar a barreira de trechos transparentes.
VIII.2.3.4. No Edifício
VIII.2.4. Escalonamento
VIII.2.4.2. No Edifício
VIII.2.6. Fachada
RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES
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CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
Por outro lado, a ambiência acústica dos espaços deve ser valorizada. Os
arquitetos possuem todo um vocabulário formal associado à tipologia dos
edifícios, uma fábrica, um hospital ou uma residência cumprem funções diferentes
e são visualmente diferentes. Da mesma forma, os espaços devem ter preservada
sua identidade sonora. Em uma escola, se a biblioteca não pode apresentar
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Este trabalho pretende ser o passo inicial para integrar o Conforto Acústico
aos projetos de Arquitetura e Urbanismo, como já o foram muitos aspectos
relativos aos Confortos Térmico e Lumínico. Alguns dos conceitos nele abordados
merecem ser objeto de pesquisa mais aprofundada.
BIBLIOGRAFIA
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BIBLIOGRAFIA
CMG - Centre Des Maquettes De Grenoble, L’outil des Études Acoustiques sur
Maquettes Urbaines. Centre Scientifique et Technique du Bâtiment. Grenoble.
SLAMA, Jules Ghislain & NIEMEYER, Maria Lygia , Estratégias para Elaboração
de uma Legislação para Controle de Ruído Urbano em Região de Clima
Tropical Úmido. In Anais: I Congresso Ibero-Americano de Acústica, 1998,
Florianópolis. SOBRAC, 1998.
137
XIAOTU, L. Community Noise and its Control. In anais do “Internoise 95”. New
Port Beach, USA. 1995.