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Historia da Educaçao na Idade Média

Ruy Afonso da Costa Nunes

Primeira parte

● INTRODUÇÃO
“(...) ao se iniciar o estudo da História da Educação na Idade Média sempre se tenha à mão para consulta um bom tratado de
História Medieval, assim como alguma obra séria de História da Igreja (...)” (p. 15).

--- Uma obra que serve como “uma primeira introdução ao seu estudo” (p. 15).
“História da Educação na Antiguidade Cristã. Não se pode compreender a pedagogia medieval, (...) sem o prévio conhecimento do
legado doutrinário dos Antigos e dos Santos Padres.” (p. 16).

● CAPÍTULO I - Conceito de “Idade Média”, os preconceitos e as fábulas


--- O termo “Idade Média” vem da investigação do desenvolvimento da língua latina.
“O termo Idade Média, apesar de impróprio, já se tornou convencional, embora seja um dos piores, (...) fato de parecer apenas ser
uma simples época intermediária, (...) entre a Idade Antiga e a Moderna.” (p. 22)

--- Periodização da Idade Média tendo em vista a História da Educação.


* V – VIII: Queda do Império – Carlos Magno: decadência antiga; monaquismo; cultura romana p/ os bárbaros;
* X – XII: Fim dos carolíngios – Universidade de Paris: renovação cultural; fim das invasões; feudalismo; renascimentos;
* SÉC. XIII: Apogeu medieval; Universidades; Doutrina Católica; Escolástica;
* XIV – XV: decadência medieval; crise cultural; verdadeira idade média;

--- Por onde é disseminado os preconceitos:


“(...) hoje está comprovado à luz da investigação crítica que o período medieval se tornou malsinado devido aos preconceitos
difundidos a partir do século XVI pelos humanistas e pelos protestantes, e no século XVIII pelos enciclopedistas (...)” (p. 25)
“(...) professores despreparados, (...) livros e artigos sectários que teimam sempre em veicular a trôpega noção das trevas medievais
numa lamentável persistência no erro (...)” (p. 24)

--- Principais fábulas:


* “Idade das Trevas”:
“(...) incultos são, pois, os que ainda se atrevem a caluniar o período medieval (...) pela triste insciência do que deve o mundo
moderno aos copistas monásticos da primeira parte da Idade Média, e das realizações grandiosas desse período histórico no campo
das letras, da filosofia, da religião, das técnicas, da arte e do ensino.” (p. 31)

* “As mulheres medievais tinham alma?”:


“Então, durante séculos, ter-se-ia batizado e admitido à Eucaristia seres sem alma! (...) Estranho que os primeiros mártires honrados
como Santos tenham sido mulheres, e não homens: Santa Inês, Santa Cecília, Santa Ágata e tantas outras. Triste, verdadeiramente
que Santa Blandida e Santa Genoveva tenham sido desprovidas de almas mortais.” (PERNOUD, 2020)

* “Papisa Joana”:
“(...) não é possível indicar uma data precisa para esse pontificado, simplesmente porque não ocorreu.” (p. 46)
● CAPÍTULO II – Questões Preliminares
--- Os bárbaros e a queda do Império Romano Ocidental;
“(...) o Império curvava-se sob o peso dos seus vícios internos, mas foram os bárbaros que lhe vibraram o último golpe e trouxeram a
dissolução final.” (p. 51)
O homem medieval “(...) concebe como a integração de elementos antigos tal como a sabedoria grega, a experiência da vida ou o
senso de organização dos romanos e da Graça evangélica proveniente do Oriente com os novos fatores como a força dos germanos
e a imaginação dos celtas.” (p. 53)

--- Conversão dos povos bárbaros e os Santos que os evangelizaram;


“Durante os primeiros séculos da Idade Média, o Cristianismo introduziu-se entre os povos bárbaros. A maior parte deles já aderira
ao arianismo (...) na época das grandes invasões. Assim, já eram cristãos os godos, os burgúndios, os vândalos e, depois, os
lombardos. Os francos e os saxões eram pagãos.” (p. 54)

* França – Batismo do Rei Clóvis, influência de sua esposa, Santa Clotilde (séc. IV);
* Germânia – São Bonifácio (séc. VIII);
* Inglaterra – Santo Agostinho de Cantuária, Papa São Gregório Magno (590);
* Irlanda – São Patrício (séc. V);

--- O fim da Educação romana e o papel da Igreja na reorganização;


“Antes, durante e logo após a derrocada do Império Romano do Ocidente, o sistema clássico de ensino entrou em crise e sofreu um
colapso definitivo.” (p. 57)
“Do século V ao XII, funcionaram escolas paroquiais e episcopais, assim como floresciam as escolas monásticas” (p. 60)
“É claro que, no turbilhão das invasões e nos tempos inseguros que se lhes seguiram, não havia condições para intensa atividade
escolar (...)” (p. 60)

--- Feudalismo e suas características; sociedade patricêntrica e matricêntrica;


“(...) o feudalismo foi (...) um modo de viver que marcou as nossas relações sociais, tanto que "é por causa das tradições feudais que
chamamos à mulher que trabalha conosco de 'minha senhora' e que devemos caminhar à sua direita, para o caso de a termos de
defender com a nossa espada" (p. 64)

“O ideal humano e social seria a síntese desses dois polos masculino e feminino da justiça e da misericórdia que não se pode obter
numa sociedade patriarcal, mas que existiu, (...) em certo grau na Igreja Católica durante a Idade Média. A Virgem Maria e a Igreja,
mãe extremosa, são as figuras maternais que encarnam o amor e a misericórdia, enquanto o papa e o clero, figuras paternas,
representam a justiça e constituem os elementos de uma burocracia patriarcal, ficando o papa como o detentor supremo do poder e
da justiça.” (p. 65)

--- A Igreja na pacificação dos bárbaros, Construtora da Civilização Ocidental:


* Ordens de cavalaria;
“Na evolução da instituição da cavalaria ela conseguiu dar-lhes um tom evangélico, introduzindo o rito religioso para a ordenação
do cavaleiro, enaltecendo-lhe as virtudes peculiares, elaborando um código de conduta, sobre tomar várias medidas para coibir as
arbitrariedades e as violências dos cavaleiros que frequentemente não passavam de bandidos e salteadores.” (p. 73)

* Pax Dei e a Tregua Dei;


“Tregua Dei, suspensão de qualquer guerra ou combate desde a quarta-feira de tarde à segunda-feira de manhã e durante os
tempos sagrados do Advento, Quaresma, Páscoa e Pentecostes.” (p. 74)

* Escravidão
“(...) os cristãos aceitaram como elementos deste mundo as estruturas sociais romanas, particularmente a escravidão, mas
introduziram o espírito de caridade nas relações entre os irmãos.” (p. 75)

* Educação para todos


“(...) havia pouca diferença na educação proporcionada a crianças de condições diversas, pois os filhos dos menores vassalos eram
educados no solar do senhor junto com os do suserano (...)” (p. 78)
“(...) se algum fiel lhes confiasse os filhos para aprenderem as letras, eles os deveriam receber e instruir com a máxima caridade, sem
exigir dos pais nenhum pagamento, exceto se estes quisessem fazer alguma contribuição espontânea. (Séc. VIII)” (p. 120)
● CAPÍTULO III – A Transmissão da Cultura Antiga à Idade Média
--- A Origem do monaquismo;
* Santo Agostinho:
“(...) a orientação pedagógica da Idade Média iria obedecer a sua obra De Doctrina Christiana, (...) o centro da aprendizagem é a
Sagrada Escritura e para ela se volta todo o interesse que possam merecer as artes liberais, (...), enquanto o termo filosofia se
conserva para designar principalmente a concepção cristã da vida (...) A obra de Santo Agostinho agigantou-se no legado antigo e as
suas diretivas filosóficas e educacionais imperaram soberanas até ao século XIII (...)” (p. 87)

* Cassiodoro: servidor dos reis ostrogodos, tornou-se secretário do rei Teodorico, cônsul e, por fim, primeiro-ministro.
“(...) Cassiodoro, (...) fez do mosteiro não só uma escola teológica como um scriptorium para a multiplicação das cópias da Sagrada
Escritura, dos Padres da Igreja, dos comentadores sacros e dos grandes escritores profanos da antiguidade (...)”. (p. 90)
Obras – p. 89;

* Boécio: estadista e filósofo, foi um dos maiores educadores da Idade Média.


“Boécio projetou traduzir as obras de Platão e de Aristóteles e demonstrar, por meio de comentários, o acordo profundo do
pensamento desses filósofos.” (p. 90)
Obras e traduções – p. 91

* S. Isidoro de Sevilha: Educado por seu irmão mais velho São Leandro, a quem sucedeu no mesmo sólio episcopal.
“Durante o seu fecundo episcopado reuniram-se vários concílios, tendo sido mais famoso o IV Concílio nacional de Toledo, em 633,
de que participaram 62 bispos e que Santo Isidoro presidiu e influenciou profundamente. Entre outras medidas, esse concílio
decretou a fundação de seminários em cada diocese para a formação dos jovens clérigos. (p. 92-93)
Obras – p. 93

* Pseudo-Dionísio, o Aeropagita:
“Pode afirmar-se que o pseudo-Dionísio, o Areopagita, difundiu o neoplatonismo na Idade Média, (...) de modo que reforçou a
orientação neoplatônica das obras de Santo Agostinho.” p. 95

--- Trabalho dos monges copistas:


* Local de escrita (scriptorium), instrumentos, como, os diferentes tipos de penas e tintas... (p. 99)

--- Como a língua latina se tornou cristã:


“(...) o Cristianismo viera revitalizar o latim, contribuindo para que se tornasse a língua da especulação, pois a enriqueceu com muitos
vocábulos novos correspondentes a ideias abstratas. Isso foi possível, (...) graças à tradução latina da Bíblia, a famosa Vulgata (São
Jerônimo), assim denominada por ser um texto bíblico ao alcance de todos, comum, usual, já que só os doutos podiam ter acesso aos
originais hebraico e grego. A Bíblia, foi o princípio e o grande instrumento da reforma do latim, ao introduzir, de um lado, as
riquezas poéticas do hebraico e, de outro, as riquezas filosóficas do grego (...)” (p. 99)
“(...) na Idade Média o latim não era língua morta cultivada pelos sábios , mas língua viva das camadas superiores da população e
que deu origem às línguas modernas neolatinas, influenciou as germânicas e foi por elas influenciado.” (p. 100-101)
“(...) No século XIII, o latim foi a língua internacional das universidades e dos livros, a língua técnica do ensinamento abstrato, da
filosofia, da teologia, do direito e das demais ciências.” (p. 101)

--- Natureza do Monaquismo:


* O que é o monge:
“Primeiramente surgem, pois, os anacoretas, homens que abandonavam as cidades e as povoações, buscavam a solidão dos
desertos, praticavam a perfeita castidade e se entregavam a práticas de piedade e de penitência.” (p. 102)
“Desde a sua origem, o monge é, um homem chamado pelo Espírito Santo a renunciar aos cuidados, desejos e ambições dos outros
homens para dedicar toda a sua vida à procura de Deus” (p. 102)

* Os primeiros monges:
“O primeiro organizador da vida cenobítica foi São Pacômio que nasceu em 287, de pais pagãos, em Sné (...) Ele chegou a dirigir
7.000 monges e morreu em 347, depois de ter fundado também mosteiros de monjas. No fim do século V, havia no Próximo Oriente
uns 50.000 monges (...). O maior paladino do monaquismo oriental foi São Basílio, que instituiu os monges basilianos e, com o
auxílio do amigo São Gregório Nazianzeno, compôs a célebre Regra, equivalente oriental da regra beneditina para os monges do
Ocidente.” (p. 104)

* S. Agostinho:
“Organizou a vida monástica e a sua Regra serviu de base para muitas ordens religiosas. Essa Regra é a Epístola 211, dirigida a
religiosas, e a Regra para os servos de Deus, em 12 capítulos, em que o santo bispo propõe princípios para a vida comunitária de
homens. Ela foi depois seguida pelos Cônegos Regulares, adotada no século XII pelos Premonstratenses, no século XIII pelos
Dominicanos, Mercedários e Servitas e, mais tarde, pelos Irmãos de São João de Deus etc.” (p. 105-106)

* João Cassiano:
“João Cassiano, (...) passou alguns anos no Oriente sob a orientação de mestres anacoretas e cenobitas e fundou (...) o famoso
mosteiro de São Vítor. Da sua convivência com os Padres do deserto trouxe máximas, casos e experiências em duas obras preciosas
para a vida monástica, as Instituições Cenobíticas e as Conferências, que influenciaram as Regras compostas na Gália, na Itália e na
Espanha e constituem obras clássicas da espiritualidade monacal.” (p. 106)

--- Importância de S. Bento:


* “Ora et labora”:
No prólogo da sua Regra, inscreve São Bento a característica essencial da sua Ordem: "Devemos constituir uma escola de serviço do
Senhor" (p. 108)
“São Bento prescreve, no capítulo 48 da Regra, o preceito do trabalho manual e intelectual: "A ociosidade é inimiga da alma; por isso,
em certas horas devem ocupar-se os irmãos com o trabalho manual e, em outras horas, com a leitura espiritual." Desse modo,
conjugaram-se na Ordem Beneditina o Opus Dei com o trabalho, ora et labora.” (p. 108)

* A missão beneditina:
“Já no século VI começou a epopeia missionária beneditina, quando o papa beneditino São Gregório Magno enviou Santo Agostinho
e mais 39 monges para a conquista espiritual da Inglaterra.” (p. 109)

* São Bento e a educação:


“Desde os primeiros dias da sua solidão, São Bento foi procurado pelos patrícios de Roma e pelos habitantes da redondeza, para lhes
educar os filhos. Por isso, a atividade educacional vem desde a origem da Ordem Beneditina como uma das suas características
acidentais e por uma disposição da Providência divina. Em todo mosteiro passou a existir, ao lado da escola interna em que
estudavam os monges, uma escola externa franqueada a todos os interessados e onde se aprendia a ler, escrever, contar e a cantar,
e na qual, aos poucos, veio a organizar-se o ensino completo das artes liberais e da própria filosofia, tanto quanto ela podia servir ao
ideal monástico da formação e, assim, a Ordem de São Bento foi a educadora da Europa.” (p. 110)

● CAPÍTULO IV – As Escolas Medievais até o Século XII


--- Escolas Paroquias: Origem das paroquias;
“Essa época, todavia, era de transição e de mudança, pois os estabelecimentos escolares importantes ou eficientes eram cada vez
mais raros e, à medida que as instituições oficiais desapareciam, estavam a surgir, entre o fim do século IV e o começo do século V,
as escolas paroquiais, sob administração exclusivamente eclesiástica.” (p. 155)

* A criação das paróquias:


“(...) comunidades dividiram-se em muitas igrejas nas grandes cidades e, a partir do século III, havia igrejas também na zona rural,
continuando o bispo como o superior de todas as igrejas.” (p. 116)

* Ensino elementar e superior:


“O nível elementar desse ensino era representado pelas escolas paroquiais e o superior, pelas episcopais. A escola paroquial
funcionava na igreja matriz da paróquia ou na casa paroquial, e a escola episcopal alojava-se na igreja catedral ou na residência do
bispo.” (p. 117)

“Por conseguinte, as escolas paroquiais e as episcopais foram instituídas para a formação do clero. No entanto, devido ao
desaparecimento das escolas públicas e à falta ou à raridade das particulares, nelas também estudavam alunos que não se
dedicariam mais tarde ao sacerdócio e que, a certa altura dos estudos, resolviam constituir família.” (p. 117)

--- Educação Religiosa para todos, inclusive para os que não seriam padres;
"Nas paróquias, todos os padres devem, (...) acolher em suas casas os jovens leitores não casados, a fim de instruí-los no canto dos
salmos, nas lições teológicas e na lei do Senhor, para que desse modo preparem para si próprios dignos sucessores . Todavia, se
mais tarde o leitor quiser casar-se, não se lhe deverá recusar a permissão" (p. 118)

"Aqueles que, desde a infância, foram destinados por seus pais ao estudo eclesiástico, logo depois de terem recebido a tonsura ou o
ministério de leitor, devem ser educados por um preposto numa residência da igreja, sob a vigilância pessoal do bispo. Quando
completarem dezoito anos, o bispo lhes perguntará, perante o clero e o povo, se querem casar. Se eles escolherem, por inspiração
divina e com a graça da castidade, o estado da continência que jurarem conservá-la, submeter-se-ão ao jugo leve do Senhor, serão
ordenados subdiáconos com 20 anos e diáconos aos vinte e cinco". (p. 119)
--- Igreja e os Concílios que confirmam a gratuidade no ensino;
“O cânon 18 do XI Concílio Ecumênico, o III de Latrão, em 1179, no pontificado de Alexandre III, prescreveu que em toda catedral se
instituiria um benefício que permitisse custear os estudos dos clérigos e dos escolares pobres que não deviam ser privados de
instrução devido à falta de recursos dos pais.
Essa prescrição foi renovada pelo cânon 11 do XII Concílio Ecumênico, Quarto de Latrão, no pontificado de Inocêncio III, onde se
declara a renovação do cânon 18 do XI Concílio Ecumênico, para que se outorgue ensino gratuito aos clérigos da catedral e a outros
estudantes pobres.
Esse Concílio Ecumênico de 1215 prescreveu que qualquer igreja, além da catedral, com recursos suficientes, sustentasse um
professor de gramática e que a igreja metropolitana mantivesse um teólogo, a fim de ensinar aos padres e a outros a Sagrada
Escritura e o cuidado das almas.
Com essas referências aos concílios lateranenses dos séculos XI e XII só quisemos ressaltar o princípio da gratuidade do ensino aos
estudantes pobres, tão defendido por Teodulfo de Orleães no século VIII.” (p. 122-123)

--- Escolas Monásticas: trabalho intelectual e manual; Escolas internas e externas: para postulantes e leigos;
As escolas monásticas, (...) surgiram por um processo espontâneo no interior dos cenóbios. (...) O trabalho intelectual e o manual
exprimiram-se de forma proveitosa na cópia e na reprodução dos manuscritos . Por conseguinte, os monges deviam saber ler e
possuir instrução. (p. 127)

Os rudes, ignorantes, recebiam a instrução suficiente para o cumprimento dos deveres monásticos. Acresce que os mosteiros, como
os da Ordem Beneditina desde a sua origem, recebiam os pueri oblati, os meninos que lhes eram ofertados pelos pais para se
consagrarem a Deus na vida monástica. Daí as escolas internas ou interiores, dentro do mosteiro, para a instrução dos postulantes,
os candidatos à vida monástica, e dos oblatos. À medida, entretanto, que meninos e adolescentes eram confiados aos mosteiros só
para receberem instrução, pois não tinham a intenção de ser monges nem os pais o pretendiam, eles passavam a frequentar
também as escolas internas como pensionistas ou para eles, em muitas regiões, existia um edifício especial ou uma ala do
mosteiro, a schola exterior, fora do perímetro da clausura, para que o bulício escolar não perturbasse o silêncio monástico e a paz
dos religiosos. (p. 128)

--- O que constituía os estudos monásticos;


“Na escola do mosteiro estudavam-se as sete artes liberais, segundo a orientação dada por Santo Agostinho no De Doctrina
Christiana, e aplicavam-se os estudantes de modo intenso à leitura e à meditação da Sagrada Escritura (...). Para a iniciação
gramatical tomavam-se os salmos como texto de leitura. Aliás, o ensino estava dirigido para o seu conhecimento, assim como ao de
toda a Bíblia.” (p. 128)

“Com efeito, a filosofia nunca foi o forte da educação monástica. Antes de tudo, porque na primeira parte da Idade Média não
houve estudo da filosofia propriamente dita, pois o seu ensino desaparecera ainda no fim do mundo antigo e, depois, porque os
monges não afinavam com o seu conhecimento, já que o seu desiderato era estritamente religioso, teológico, ascético e místico.
Aliás, tornou-se vera tradição monástica entender por filosofia a própria vida monástica (...)” (p. 128-129)

--- Regra beneditina sobre educação e as escolas beneditinas;


“Foi, portanto, em consequência do opus primarium, o louvor de Deus e o serviço do Senhor, que brotaram do tronco beneditino os
ramos do trabalho intelectual e manual (...). A lectio divina implicava a leitura, a existência de biblioteca, a cópia de manuscritos e a
composição de livros, manuscritos e livros também para vender e assim ajudar a subsistência do mosteiro.” (p. 133)

“Segundo Montalembert, se quiséssemos enumerar as principais escolas beneditinas, seria preciso nomear todas as grandes
abadias, pois a maior parte delas constituía vastas casas de estudos frequentadas por filhos de servos e de pobres e pelos da nobreza
e dos homens livres.” (p. 133)

“Os monges cumpriram a sua missão precípua e elevaram a Deus o solene louvor em nome da humanidade, durante os séculos
difíceis e turbulentos da primeira parte da Idade Média e, por força das circunstâncias, tornaram-se os seus educadores.” (p. 137)

--- Declínio das escolas monásticas e a ascensão das escolas episcopais (séc. XII)
“Na primeira fase da Idade Média, que estamos a considerar, as escolas episcopais não tiveram ressonância social e só lidavam com
a educação clerical, uma vez que o eixo da vida estava no campo, na órbita do castelo e do mosteiro. Desde o renascimento do
século XII, no entanto, com a renovação e o desenvolvimento da vida urbana, as escolas monásticas entraram a declinar, enquanto
as episcopais assumiram a liderança do ensino e foram as bases das faculdades de artes e de teologia no século XIII.” (p. 123)

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