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Primeira parte
● INTRODUÇÃO
“(...) ao se iniciar o estudo da História da Educação na Idade Média sempre se tenha à mão para consulta um bom tratado de
História Medieval, assim como alguma obra séria de História da Igreja (...)” (p. 15).
--- Uma obra que serve como “uma primeira introdução ao seu estudo” (p. 15).
“História da Educação na Antiguidade Cristã. Não se pode compreender a pedagogia medieval, (...) sem o prévio conhecimento do
legado doutrinário dos Antigos e dos Santos Padres.” (p. 16).
* “Papisa Joana”:
“(...) não é possível indicar uma data precisa para esse pontificado, simplesmente porque não ocorreu.” (p. 46)
● CAPÍTULO II – Questões Preliminares
--- Os bárbaros e a queda do Império Romano Ocidental;
“(...) o Império curvava-se sob o peso dos seus vícios internos, mas foram os bárbaros que lhe vibraram o último golpe e trouxeram a
dissolução final.” (p. 51)
O homem medieval “(...) concebe como a integração de elementos antigos tal como a sabedoria grega, a experiência da vida ou o
senso de organização dos romanos e da Graça evangélica proveniente do Oriente com os novos fatores como a força dos germanos
e a imaginação dos celtas.” (p. 53)
* França – Batismo do Rei Clóvis, influência de sua esposa, Santa Clotilde (séc. IV);
* Germânia – São Bonifácio (séc. VIII);
* Inglaterra – Santo Agostinho de Cantuária, Papa São Gregório Magno (590);
* Irlanda – São Patrício (séc. V);
“O ideal humano e social seria a síntese desses dois polos masculino e feminino da justiça e da misericórdia que não se pode obter
numa sociedade patriarcal, mas que existiu, (...) em certo grau na Igreja Católica durante a Idade Média. A Virgem Maria e a Igreja,
mãe extremosa, são as figuras maternais que encarnam o amor e a misericórdia, enquanto o papa e o clero, figuras paternas,
representam a justiça e constituem os elementos de uma burocracia patriarcal, ficando o papa como o detentor supremo do poder e
da justiça.” (p. 65)
* Escravidão
“(...) os cristãos aceitaram como elementos deste mundo as estruturas sociais romanas, particularmente a escravidão, mas
introduziram o espírito de caridade nas relações entre os irmãos.” (p. 75)
* Cassiodoro: servidor dos reis ostrogodos, tornou-se secretário do rei Teodorico, cônsul e, por fim, primeiro-ministro.
“(...) Cassiodoro, (...) fez do mosteiro não só uma escola teológica como um scriptorium para a multiplicação das cópias da Sagrada
Escritura, dos Padres da Igreja, dos comentadores sacros e dos grandes escritores profanos da antiguidade (...)”. (p. 90)
Obras – p. 89;
* S. Isidoro de Sevilha: Educado por seu irmão mais velho São Leandro, a quem sucedeu no mesmo sólio episcopal.
“Durante o seu fecundo episcopado reuniram-se vários concílios, tendo sido mais famoso o IV Concílio nacional de Toledo, em 633,
de que participaram 62 bispos e que Santo Isidoro presidiu e influenciou profundamente. Entre outras medidas, esse concílio
decretou a fundação de seminários em cada diocese para a formação dos jovens clérigos. (p. 92-93)
Obras – p. 93
* Pseudo-Dionísio, o Aeropagita:
“Pode afirmar-se que o pseudo-Dionísio, o Areopagita, difundiu o neoplatonismo na Idade Média, (...) de modo que reforçou a
orientação neoplatônica das obras de Santo Agostinho.” p. 95
* Os primeiros monges:
“O primeiro organizador da vida cenobítica foi São Pacômio que nasceu em 287, de pais pagãos, em Sné (...) Ele chegou a dirigir
7.000 monges e morreu em 347, depois de ter fundado também mosteiros de monjas. No fim do século V, havia no Próximo Oriente
uns 50.000 monges (...). O maior paladino do monaquismo oriental foi São Basílio, que instituiu os monges basilianos e, com o
auxílio do amigo São Gregório Nazianzeno, compôs a célebre Regra, equivalente oriental da regra beneditina para os monges do
Ocidente.” (p. 104)
* S. Agostinho:
“Organizou a vida monástica e a sua Regra serviu de base para muitas ordens religiosas. Essa Regra é a Epístola 211, dirigida a
religiosas, e a Regra para os servos de Deus, em 12 capítulos, em que o santo bispo propõe princípios para a vida comunitária de
homens. Ela foi depois seguida pelos Cônegos Regulares, adotada no século XII pelos Premonstratenses, no século XIII pelos
Dominicanos, Mercedários e Servitas e, mais tarde, pelos Irmãos de São João de Deus etc.” (p. 105-106)
* João Cassiano:
“João Cassiano, (...) passou alguns anos no Oriente sob a orientação de mestres anacoretas e cenobitas e fundou (...) o famoso
mosteiro de São Vítor. Da sua convivência com os Padres do deserto trouxe máximas, casos e experiências em duas obras preciosas
para a vida monástica, as Instituições Cenobíticas e as Conferências, que influenciaram as Regras compostas na Gália, na Itália e na
Espanha e constituem obras clássicas da espiritualidade monacal.” (p. 106)
* A missão beneditina:
“Já no século VI começou a epopeia missionária beneditina, quando o papa beneditino São Gregório Magno enviou Santo Agostinho
e mais 39 monges para a conquista espiritual da Inglaterra.” (p. 109)
“Por conseguinte, as escolas paroquiais e as episcopais foram instituídas para a formação do clero. No entanto, devido ao
desaparecimento das escolas públicas e à falta ou à raridade das particulares, nelas também estudavam alunos que não se
dedicariam mais tarde ao sacerdócio e que, a certa altura dos estudos, resolviam constituir família.” (p. 117)
--- Educação Religiosa para todos, inclusive para os que não seriam padres;
"Nas paróquias, todos os padres devem, (...) acolher em suas casas os jovens leitores não casados, a fim de instruí-los no canto dos
salmos, nas lições teológicas e na lei do Senhor, para que desse modo preparem para si próprios dignos sucessores . Todavia, se
mais tarde o leitor quiser casar-se, não se lhe deverá recusar a permissão" (p. 118)
"Aqueles que, desde a infância, foram destinados por seus pais ao estudo eclesiástico, logo depois de terem recebido a tonsura ou o
ministério de leitor, devem ser educados por um preposto numa residência da igreja, sob a vigilância pessoal do bispo. Quando
completarem dezoito anos, o bispo lhes perguntará, perante o clero e o povo, se querem casar. Se eles escolherem, por inspiração
divina e com a graça da castidade, o estado da continência que jurarem conservá-la, submeter-se-ão ao jugo leve do Senhor, serão
ordenados subdiáconos com 20 anos e diáconos aos vinte e cinco". (p. 119)
--- Igreja e os Concílios que confirmam a gratuidade no ensino;
“O cânon 18 do XI Concílio Ecumênico, o III de Latrão, em 1179, no pontificado de Alexandre III, prescreveu que em toda catedral se
instituiria um benefício que permitisse custear os estudos dos clérigos e dos escolares pobres que não deviam ser privados de
instrução devido à falta de recursos dos pais.
Essa prescrição foi renovada pelo cânon 11 do XII Concílio Ecumênico, Quarto de Latrão, no pontificado de Inocêncio III, onde se
declara a renovação do cânon 18 do XI Concílio Ecumênico, para que se outorgue ensino gratuito aos clérigos da catedral e a outros
estudantes pobres.
Esse Concílio Ecumênico de 1215 prescreveu que qualquer igreja, além da catedral, com recursos suficientes, sustentasse um
professor de gramática e que a igreja metropolitana mantivesse um teólogo, a fim de ensinar aos padres e a outros a Sagrada
Escritura e o cuidado das almas.
Com essas referências aos concílios lateranenses dos séculos XI e XII só quisemos ressaltar o princípio da gratuidade do ensino aos
estudantes pobres, tão defendido por Teodulfo de Orleães no século VIII.” (p. 122-123)
--- Escolas Monásticas: trabalho intelectual e manual; Escolas internas e externas: para postulantes e leigos;
As escolas monásticas, (...) surgiram por um processo espontâneo no interior dos cenóbios. (...) O trabalho intelectual e o manual
exprimiram-se de forma proveitosa na cópia e na reprodução dos manuscritos . Por conseguinte, os monges deviam saber ler e
possuir instrução. (p. 127)
Os rudes, ignorantes, recebiam a instrução suficiente para o cumprimento dos deveres monásticos. Acresce que os mosteiros, como
os da Ordem Beneditina desde a sua origem, recebiam os pueri oblati, os meninos que lhes eram ofertados pelos pais para se
consagrarem a Deus na vida monástica. Daí as escolas internas ou interiores, dentro do mosteiro, para a instrução dos postulantes,
os candidatos à vida monástica, e dos oblatos. À medida, entretanto, que meninos e adolescentes eram confiados aos mosteiros só
para receberem instrução, pois não tinham a intenção de ser monges nem os pais o pretendiam, eles passavam a frequentar
também as escolas internas como pensionistas ou para eles, em muitas regiões, existia um edifício especial ou uma ala do
mosteiro, a schola exterior, fora do perímetro da clausura, para que o bulício escolar não perturbasse o silêncio monástico e a paz
dos religiosos. (p. 128)
“Com efeito, a filosofia nunca foi o forte da educação monástica. Antes de tudo, porque na primeira parte da Idade Média não
houve estudo da filosofia propriamente dita, pois o seu ensino desaparecera ainda no fim do mundo antigo e, depois, porque os
monges não afinavam com o seu conhecimento, já que o seu desiderato era estritamente religioso, teológico, ascético e místico.
Aliás, tornou-se vera tradição monástica entender por filosofia a própria vida monástica (...)” (p. 128-129)
“Segundo Montalembert, se quiséssemos enumerar as principais escolas beneditinas, seria preciso nomear todas as grandes
abadias, pois a maior parte delas constituía vastas casas de estudos frequentadas por filhos de servos e de pobres e pelos da nobreza
e dos homens livres.” (p. 133)
“Os monges cumpriram a sua missão precípua e elevaram a Deus o solene louvor em nome da humanidade, durante os séculos
difíceis e turbulentos da primeira parte da Idade Média e, por força das circunstâncias, tornaram-se os seus educadores.” (p. 137)
--- Declínio das escolas monásticas e a ascensão das escolas episcopais (séc. XII)
“Na primeira fase da Idade Média, que estamos a considerar, as escolas episcopais não tiveram ressonância social e só lidavam com
a educação clerical, uma vez que o eixo da vida estava no campo, na órbita do castelo e do mosteiro. Desde o renascimento do
século XII, no entanto, com a renovação e o desenvolvimento da vida urbana, as escolas monásticas entraram a declinar, enquanto
as episcopais assumiram a liderança do ensino e foram as bases das faculdades de artes e de teologia no século XIII.” (p. 123)