Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“(...) Entre outras medidas, Carlos Magno estabeleceu a vida canônica para os sacerdotes da catedral, unificou a vida monástica
segundo a Regra Beneditina, regulamentou as práticas litúrgicas e reforçou a observância das leis através da instituição dos missi
dominici, funcionários leigos e membros do clero com o encargo de fiscalizar a administração do Império.” (p. 142)
“Tinha paixão pelos livros e mandava executar cópias admiráveis em manuscritos com letras douradas e desenhos coloridos, "quase
tão fáceis de ler quanto os nossos livros impressos". Além de ser teólogo, poeta e filósofo, Alcuíno foi o dedicado mentor da escola
palatina na qual introduziu o trivium e o quadrivium, tendo composto opúsculos didáticos como os diálogos sobre gramática,
ortografia, a retórica e as virtudes, a dialética, (...) e mais um outro escrito sobre a lua e o ano bissexto.” (p. 145)
“(...) o tesouro do saber antigo passou aos francos por intermédio do mestre anglo-saxão. Na sua famosa carta a Carlos Magno, de
798, Alcuíno declara ao seu augusto discípulo que Paris podia tornar-se uma nova Atenas na França e muito superior à famosa cidade
grega das escolas (...)” (p. 145)
“Os antigos tiveram por mestres apenas as disciplinas de Platão, que, inspiradas nas sete artes liberais, ainda
brilham com esplendor; mas os nossos estarão dotados também dos Sete Dons do Espírito Santo (...) (WOODS,
2008, p. 21)
“Carlos Magno instaurou escolas, reformou mosteiros, prescreveu programas e recomendou a cuidadosa formação dos estudantes
destinados ao sacerdócio ou à vida monástica e ao preenchimento dos quadros da sua administração imperial.” (p. 149)
“O herdeiro de Carlos Magno, seu filho Luís, o Piedoso, prosseguiu no império franco com as reformas eclesiásticas que já
empreendera na Aquitânia, mas a Igreja chamou a si a direção das escolas que Carlos Magno restaurara e dirigira ciosamente. Em
817, em Aix-la-Chapelle, foi proclamada a Divisio lmperii que estatuía a sucessão imperial.” (p. 149)
“Com a deposição de Luís, o Piedoso, e as lutas internas que separaram os filhos, esboroou-se a unidade do império que se
fragmentou em partes caracterizadas, mais ou menos, da forma como ainda hoje se conservam pelo território e pela língua.” (p. 151)
“(...) desde a queda do Império Romano do Ocidente jamais a Cristandade enfrentara inimigos tão numerosos e brutais, como os
invasores dos séculos IX e X: os salteadores e os piratas muçulmanos que assolaram as ilhas do Egeu, (...) os normandos ou
escandinavos, que pilharam o litoral do Atlântico e do Mediterrâneo, penetraram no interior da França (...) Nesse período, como é
fácil perceber, não podia haver animada vida cultural e a chama do saber foi alimentada apenas no recesso de alguns grandes
mosteiros.” (p. 152-153)
“No século XI começou a surgir, de fato, a Europa moderna, deram-se grandes e positivas transformações sociais, cresceu
lentamente a população, ressurgiu o comércio, reanimaram-se as cidades e as escolas voltaram a florescer.” (p. 153)
--- Césaro-papismo.
“Carlos Magno foi a encarnação perfeita do soberano césaro-papista. É evidente que tal regime político é errôneo, injusto,
pretensioso e fadado a gerar as piores consequências para a vida religiosa, como a história testifica nos casos do regalismo moderno
na Áustria, em Portugal, e no Império brasileiro. (...) no entanto, graças ao espírito de fé, às boas intenções e à fidelidade à Igreja de
um Carlomano, de um Carlos Magno ou de um Luís, o Piedoso, as atitudes césaro-papistas, apesar de semearem princípios que mais
tarde só medrariam em tribulações para o povo cristão, tiveram o condão de gerar benefícios imediatos para a cristandade porque,
infelizmente; o clero deixava muito a desejar.” (p. 153-154)
“No período final do reinado, assim como no intervalo dessas grandes guerras, Alfred suscitou, tal como Carlos Magno, notável
renascimento cultural nos seus domínios. Sempre foi devotado à Santa Igreja, protegeu as ordens religiosas, favoreceu a reforma
eclesiástica, restaurou a justiça e preparou para o seu povo um código profundamente religioso, renovou os quadros da
administração, reanimou os estudos e fundou escolas. À imitação de Carlos Magno, soube cercar-se de sábios estrangeiros e teve
como colaboradores Grimbaldo, João, o Velho-Saxão, e o gaulês Asser que veio a escrever a biografia do seu valoroso soberano.”
“A maioria dos monges tornou-se clerical e consagravam-se aos estudos, enquanto os monges leigos assumiam as tarefas profanas
ou mecânicas. E no século X reponta a grande reforma monástica do Ocidente que teve por eixo a abadia de Cluny que difundiu pela
França, Itália, Alemanha e Inglaterra os princípios da renovação monástica.” (p. 158)
“Apesar das provações passadas, clareava o horizonte a aurora de melhores tempos. (...) "a aurora sobre o mar obscuro traz o sol.
Depois, passa a colina, olha, e as trevas iluminam-se". Ultrapassado o primeiro milênio da era cristã, o mundo ocidental assumiu
contornos definidos e a civilização europeia despertou à sombra dos claustros e junto das catedrais.” (p. 158)
● CAP. VI – Os programas de ensino e a consciência pedagógica da Primeira Idade Média (p. 159-
189)
--- Pequena retrospectiva.
Séculos sem segurança --- Importância dos barões --- Educação, uma “atividade secundária”
“(...) o estudo, a cultura e o ensino tornaram-se apanágio dos clérigos e monges, tanto que durante séculos o termo francês clerc,
clérigo, foi sinônimo de intelectual e letrado.” (p. 161)
“(...) o desejo de conhecer é inato no homem. Por isso, apesar das condições adversas, da carência de meios e de mil outras
dificuldades, houve muitos guerreiros que se dedicaram ao estudo e se deleitavam com os livros nos intervalos dos combates, ao
passo que muitos meninos e meninas, filhos de servos, receberam instrução nas escolas paroquiais e monásticas e foram saciar a
sede do saber nas fontes remansosas dos claustros (...)” (p. 161)
“Nas escolas monásticas e episcopais o currículo, antes da fase superior consagrada ao estudo da Sagrada Escritura, compunha-se
das sete artes liberais, conforme o legado cultural romano, e a mediação dos enciclopedistas e autores didáticos que transmitiram a
cultura antiga à Idade Média (...)” (p. 162)
“Além das sete artes liberais que os letrados deviam conhecer, havia as sete artes mecânicas necessárias à vida social e à utilidade
dos homens: as artes da tecelagem, do ferreiro, da guerra, da navegação, da agricultura, da caça e da medicina, e às quais ainda se
acrescentavam as do teatro, da dança, da luta e da condução de veículos. Até mesmo os requisitos para a sagração do cavaleiro
eram sete artes que constituíam o aprendizado dos jovens nobres desde a infância como pajens e na adolescência como escudeiros:
equitação, esgrima, torneio, luta, corrida, salto e arremesso da lança ou noutro elenco: equitação, natação, tiro de flecha, luta, caça,
xadrez e versificação.” (p. 164)
“(...) na Idade Média as artes liberais ou as humanidades são as matérias do ensino escolar que ajudam o homem a libertar-se da
ignorância e a evitar o erro, e elas abrangem disciplinas literárias como a gramática e a retórica, filosóficas como a dialética - que foi
a única representante da Filosofia no ensino durante séculos (...)” (p. 165)
“(...) No século XII, o cônego vitorino Hugo de São Vítor, (...) compôs a famosa obra Didascalicon em que apresentou instrutiva
descrição das sete artes liberais, assim como das artes mecânicas que ele incluiu, de forma inédita, no âmbito da filosofia (...) No
século XIII, ante o surto esplêndido das ciências e da filosofia, São Boaventura redigiu com boa e piedosa intenção a sua Redução das
Artes à Teologia, em que se pode discernir a convicção aceitável de que a ciência sagrada sobrepaira as demais pela sua dignidade
(...)” (p. 166)
Retórica:
“Em 820, começou o estudo da retórica nas obras de Cassiodoro, Cícero e Quintiliano com muitos exercícios de redação, e o estudo
da história no Martirológio, na, Crônica de São Beda, e nas de Eusébio de Cesaréia, São Jerônimo, Próspero, Cassiodoro, Jordão e
Melito, nas obras de Salústio e Tito Lívio, ao mesmo tempo que se lia o Diálogo, de Alcuíno, entre a Retórica e as Virtudes.” (p. 171)
Dialética:
“Em 821, começou o estudo da dialética nas obras de Alcuíno, Cassiodoro, Porfírio, Boécio e São Beda. Prosseguiu-se na leitura dos
poetas e no estudo da história e havia prova semanal. Os alunos que não apreciassem a lógica estudavam o direito nos códigos de
Teodósio (...) No ano 822 houve exercícios orais e escritos de retórica e de dialética e composição poética em alemão, pois Carlos
Magno insistira muito com o abade Hato, para que se desse importância à língua alemã (...)” (p. 171-172)
Geometria:
“No ano 823, vinte alunos prosseguiram no estudo da geometria em obras de Boécio, assim como no da geografia através do
Itinerário de Antonius, e nos escritos de Santo Isidoro, sobre manusearem mapas e traçarem desenhos e figuras na areia do campo
dos jogos (...)” (p. 172)
Música e Grego:
“Em 824, iniciou-se o estudo da música nos livros de Boécio e São Beda e o aprendizado de algum instrumento tal como o órgão, a
harpa, a flauta, a trompa, a cítara ou a lira de três cordas. Com o erudito Dom Wetino aplicou-se Valafrido ao estudo do grego,
estudou a gramática de Dositeu e leu a Ilíada de Homero num manuscrito adquirido de um grego de Constantinopla.” (p. 172)
Astronomia:
“No ano 825, finalmente, completou-se o estudo das artes liberais com o curso de astronomia baseado nas obras de Boécio e de São
Beda.” (p. 172)
“Aí temos, pois, valiosa cópia de dados sobre o conteúdo das sete artes liberais e sobre os processos de ensino na escola monástica
(...) Valafrido é a voz de um escolar que ainda ressoa fresca, juvenil e ardente lá do remoto ambiente beneditino no tempo de Luís, o
Piedoso.” (p. 172)
“Além do carinho respeitoso pelas mulheres, do acatamento para com o clero, da sua missão de protetor dos pobres, o cavaleiro,
sobre ser um valoroso soldado, deveria refulgir pelo espírito de fé, pela prática das virtudes e pela sincera piedade para com Deus.”
(p. 175)
1ª parte - sublimidade de Deus e do seu amor. 7ª parte - nascimento e da morte carnal e espiritual.
2ª parte - discorre sobre o mistério da Santíssima Trindade, virtudes teologais e a oração. 8ª parte - intenções pelas quais Guilherme deve rezar.
3ª parte - moral social. 9ª parte - aritmologia sagrada.
4ª parte - vícios e das virtudes, tal como os escritos de Alcuíno. 10ª parte - alude à vida de Guilherme e da sua família.
5ª parte - tribulações humanas. 11ª parte - ensina ao filho o modo de cantar os salmos.
6ª parte - aponta o caminho da perfeição através dos sete dons do Espírito Santo e das oito beatitudes.
“Em francês pedreiro diz-se maçon. A sua corporação era a maçonnerie que tinha segredos profissionais como as outras,
particularmente quanto à localização de pedreiras donde se retirava o material imprescindível às belas realizações da estatuária. (...)
Essa maçonaria medieval, operativa e católica, nada tem a ver, exceto o nome, com a maçonaria moderna. Ela era uma corporação
de ofício de fins caritativos e econômicos e profundamente católica, composta só de trabalhadores, membros operativos. (...) Os
construtores das catedrais, os pedreiros e os canteiros medievais eram cristãos e filhos devotados da Igreja. No século XVIII, no
entanto, a maçonaria foi protestantizada pelos pastores Anderson e Désaguliers que redigiram as Constituições da Grande Loja da
Inglaterra e, conforme René Guénon, fizeram desaparecer os antigos documentos que atestavam a catolicidade da corporação. Os
dois pastores, segundo Berteloot, pretenderam e conseguiram fazer da maçonaria "a ordem terceira do protestantismo” (p. 202-
203)