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CONSTITUIÇÃO

APOSTÓLICA

PAENITEMINI

PAULO VI
SERVO DOS SERVOS DE DEUS

SOBRE JEJUM E ABSTINÊNCIA


Nota do Tradutor

Dada a necessidade, a urgência e a importância do documento, escolhemos realizar a tradução do Inglês para o Português,
utilizando pontualmente a versão Latina como apoio para desambiguação de algum termo ou para escolha de palavras ou
expressões cognatas que melhor exprimam a realidade contida no documento; entretanto, para precisão teológica,
aconselhamos a leitura do original em Latim ou em Italiano, que parecem consolidar maior rigor terminológico. Todavia, para os
fins a que se propõe, a saber: divulgar para os Brasileiros as normas gerais relativas à Penitência e ao Jejum bem como, e
principalmente, as reflexões de São Paulo VI a cerca delas e o que lhas motivou, esta tradução nos parece justa.

Traduzido por
Um leigo qualquer
“Convertei-vos e crede no Evangelho” (1)

Nos parece que devemos repetir estas palavras do Senhor hoje, no momento em que - com o
fechamento do Concílio Ecumênico Vaticano II - a Igreja continua percorrer o seu caminho com passos
mais vigorosos. Dentre os problemas graves e urgentes que, de fato, invocam nossas preocupações
pastorais, parece a nós que não menos importante é lembrar os nossos filhos - e todos os homens
religiosos de nossos tempos - do significado e da importância do divino preceito da penitência. Somos
solicitados a isto pela visão mais plena e profunda da Igreja e o seu relacionamento com o mundo
dado a nós recentemente pela assembleia ecumênica suprema.

Dentro do Concílio, a Igreja, num esforço de chegar a uma meditação mais profunda do mistério de si
mesma, examinou a sua própria natureza em todas as suas dimensões. Cujos elementos de sua
natureza: humana e divina, visível e invisível, temporal e eterna, foram perscrutados. Em primeiro lugar,
examinando mais plenamente o vínculo que a liga a Cristo e à Sua ação salvífica, ela demarcou mais
claramente como todos os seus membros são convocados a participar no ministério do próprio Cristo,
e, portanto, a participar também da Sua expiação (2).

Adicionalmente, ela ganhou uma consciência mais clara: assim como, por vocação divina, é santa e
irrepreensível (3), é defectível nos seus membros e tem contínua necessidade de conversão e
renovação (4); uma renovação que precisa ser implementada não somente interiormente e
individualmente, mas também externamente e socialmente (5).

Por fim, a Igreja considerou mais atentamente o seu papel na Cidade Terrestre (6): o que significa dizer,
a sua missão de mostrar aos homens o direito de usar os bens da terra e de colaborar na “consagração
do mundo”. Mas, ao mesmo tempo, ela considerou atentamente a sua tarefa de comunicar aos seus
filhos aquela salutar abstinência que irá preveni-los contra o perigo de permitir-se demorar nas coisas
deste mundo na sua peregrinação rumo a sua casa no céu (7).

Por estas razões nós gostaríamos hoje de repetir aos nossos filhos as palavras ditas por Pedro no seu
primeiro discurso após o Pentecostes: “Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para que vossos
pecados sejam redimidos.” (8) e, ao mesmo tempo, gostaríamos de repetir uma vez mais, para todas as
nações da Terra, o convite de Paulo para os Gentios de Listra: “Convertei-vos para o Deus vivo” (9).
Capítulo I

A Igreja - que reunida em Concílio, examinou com grande atenção as suas relações, não só com os
irmãos separados, mas também com as religiões não-Cristãs - observou com grande alegria que quase
em todos os lugares e em todos os tempos a penitência ocupou um lugar de grande importância, uma
vez que é estreitamente ligada com o senso íntimo de religião que perpassa a vida dos povos mais
antigos, assim como ocupou as mais avançadas expressões das grandes religiões conectadas com o
progresso da cultura (10).

No Antigo Testamento o senso religioso da penitência é revelado ainda com maior riqueza. Mesmo
que o homem tenha recorrido a ela após o pecado para aplacar a ira de Deus (11), ou na ocasião de
graves calamidades (12), ou quando havia a eminência de perigos (13), ou para obter benefícios do
Senhor (14), nós podemos, não obstante, estabelecer que as práticas penitenciais exteriores são
acompanhadas por uma atitude interior de conversão: que é de condenação e separação do pecado e
uma luta em direção a Deus (15). Alguém fica sem comida, ou doa suas propriedades (o jejum é
geralmente acompanhado não somente por oração, mas também por pela esmola (16)) mesmo após
os pecados terem sido perdoados e independentemente de um pedido de graças. Outro jejua ou
utiliza o silício para “castigar a própria alma” (17) para “humilhar-se diante dos olhos de seu próprio
Deus” (18), para “voltar o rosto para o Senhor” (19), para “dispor-se para a oração” (20), para “entender”
mais intimamente as coisas que são divinas (21), ou para preparar-se para o encontro com Deus (22).

Penitência, portanto - já no Antigo Testamento - é um ato religioso e pessoal o qual tem como
objetivo o amar e o render-se a Deus: jejum para a causa de Deus, não para si mesmo (23). E isto deve
manter-se também nos vários ritos penitenciais sancionados pela lei. Quando isto não é verificado o
Senhor se desagrada com Seu povo: “Hoje vocês não jejuaram de uma forma que fará sua voz ser
ouvida nas alturas (...) Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes, e retornai para o Senhor seu
Deus” (24).

Também não falta no Antigo Testamento o aspecto social da penitência. Na verdade, as liturgias
penitenciais da Antiga Aliança não são somente uma compreensão coletiva do pecado, mas constitui
na realidade uma condição para pertencer ao povo de Deus (25).

Nós podemos ainda estabelecer que a penitência foi representada antes mesmo de Cristo nascer como
um meio e um sinal de perfeição e santidade. Judite (26), Daniel (27), a profetisa Ana e muitas outras
almas eleitas serviram a Deus, dia e noite, com jejuns e orações (28) e com alegria e graça (29).

Finalmente, nós encontramos, entre os Justos do Antigo Testamento, aqueles que ofereceram a si
mesmos para satisfazerem, com a sua penitência pessoal, os pecados da comunidade. Isto é o que
Moisés fez nos 40 dias, quando ele jejuou para aplacar a Deus pela culpa do seu povo infiel (30). Isto,
acima de tudo, é como o protótipo dos Servos de Deus é apresentado, “Aquele que tomou nossas
enfermidades” e em quem “o Senhor deitou nEle a iniquidade de nós todos” (31).
Tudo isso, entretanto, não foi senão uma sobra das coisas que haveriam de vir (32). Penitência -
requerida para a vida interior, confirmada pelas experiências religiosas da raça humana e objeto de um
preceito particular da revelação divina - assume “em Cristo e na Igreja” novas dimensões, infinitamente
mais amplas e profundas.

Cristo, que sempre praticou na Sua vida o que Ele pregou, antes de iniciar Seu ministério, ficou 40 dias
e 40 noites em oração e jejum, e começou a Sua missão pública com a alegre mensagem: “Completou-
se o tempo e o Reino de Deus está próximo”. A isto ele adicionou o mandamento: “Arrependei-vos e
crede no Evangelho” (33). Estas palavras constituem, de certo modo, um compêndio da totalidade a
vida Cristã.

O Reino de Deus, anunciado por Cristo, pode ser adentrado somente por uma “mudança de coração”
(metanoia), o que significa dizer passar por uma mudança e uma renovação íntima e total do homem
todo - todas as suas opiniões, julgamentos e decisões - que tomam lugar nele à luz da santidade e da
caridade de Deus, a santidade e a caridade que foram manifestadas e plenamente comunicadas para
nós no Filho (34).

O convite do Filho para a “Metanóia” torna-se quase inexorável conforme ele não somente prega mas,
Ele mesmo, oferece-se como exemplo. Cristo, na verdade, é o modelo supremo para aqueles fazendo
penitência. Ele desejou sofrer a punição pelos pecados que não eram Seus, mas pelos de outros (35).

Na presença de Cristo o homem é iluminado com uma nova luz e, consequentemente, reconhece a
santidade de Deus e a gravidade do pecado (36). Através da palavra de Cristo, uma mensagem é
transmitida a ele, que o convida à conversão e garante perdão para os pecados. Ele obtém esses dons,
integralmente, no batismo. Este sacramento, na verdade, o configura à paixão, morte e ressurreição do
Senhor (37), e coloca o futuro inteiro da vida do batizado sob o selo deste mistério.

Portanto, seguindo o Mestre, todo Cristão precisa renunciar a si mesmo pegar a sua própria cruz e
participar dos sofrimentos de Cristo. Assim, transformado na imagem da morte de Cristo, ele é capaz
de meditar na glória da ressurreição (38). Além disso, ao seguir o Mestre, ele já não pode viver para sí
(39), mas precisa viver para Ele, que o ama e deu-Se a Si mesmo por ele (40). E precisará viver ainda
por seus irmãos, completando “na sua carne aquilo que falta do sofrimento de Cristo... para o benefício
de Seu Corpo, que é a Igreja” (41).

Adicionalmente, uma vez que a Igreja é intimamente ligada a Cristo, a penitência individual do Cristão
também tem uma íntima relação de si mesma com toda a comunidade eclesial. Na verdade, ele não
somente recebe no seio da Igreja, através do Batismo, o dom fundamental da “metanoia”, mas este
dom é restaurado e revigorado, através do sacramento da Penitência, nos membros do Corpo de
Cristo que caíram em pecado. “Todos os que se aproximam do sacramento da Penitência recebem, da
misericórdia de Deus, o perdão para as ofensas cometidas contra Ele e, ao mesmo tempo, tornam-se
reconciliados com a Igreja, contra a qual eles causaram uma ferida, pecando; e a Igreja coopera na sua
conversão com caridade, exemplo e oração” (42). E, na Igreja, finalmente, os pequenos atos de
penitência impostos cada vez no sacramento se tornam uma forma de participação de modo especial
na infinita expiação de Cristo, para juntar à própria satisfação sacramental todas as outras ações que
ele realiza, ao seu próprio sofrimento e tristeza (43).

Dessa forma, a tarefa de carregar em seu corpo e alma a morte do Senhor (44) afeta toda a vida do
batizado, a todos os momentos e em todos os aspectos.
CAPÍTULO II

O caráter eminentemente interior e religioso da penitência, assim como os novos e maravilhosos


aspectos que ela assume “em Cristo e na Igreja”, não excluem ou diminuem, de nenhuma forma, a
prática externa dessa virtude, mas, ao contrário, reafirma sua necessidade com uma urgência particular
(45) e impele a Igreja - que está sempre atenta aos sinais dos tempos - a buscar, além do jejum e da
abstinência, novas expressões de penitência, melhores adaptadas para a execução, de acordo com o
caráter das várias épocas, do preciso objetivo da penitência.

A verdadeira penitência, entretanto, não pode jamais renunciar à ascese física. Nosso ser inteiro, na
verdade, corpo e alma (recorrentemente, até mesmo toda a natureza, mesmo os animais sem razão,
como as Sagradas Escrituras apontam inúmeras vezes) (46) precisam participar ativamente deste ato
religioso, no qual todas as criaturas reconhecem a Santidade e Majestade divinas. A necessidade de
mortificação da carne, também se aparece revelada is nós considerarmos a fragilidade de nossa
natureza, na qual, desde o pecado de Adão, carne e espírito possuem desejos contrários (47). Este
exercício de mortificação corporal - muito distante de qualquer forma de estoicismo - não implica na
condenação da carne, cujos filhos de Deus dignamente assumiram (48). Ao contrário, a mortificação
mira para a “liberação” (49) do homem, que muitas vezes encontra-se quase acorrentado pelos seus
próprios sentidos, por causa da concupiscência. Através do “jejum corporal” (51) o homem recupera sua
força, assim como “a ferida causada na dignidade da nossa natureza pela intemperança e curada pela
medicina de uma salutar abstinência” (52).

Não obstante, no Novo Testamento e na história da Igreja - embora o dever de fazer penitência seja
motivado, sobretudo, pela participação nos sofrimentos de Cristo - a necessidade do ascetismo, que
castiga o corpo e o leva à sujeição, é afirmada com insistência especial pelo próprio Cristo (53).

Contra os reais, e até mesmo recorrentes, perigos do formalismo e  farisaísmo, o Divino Mestre na
Nova Aliança abertamente condenou qualquer forma de penitência que é puramente externa - assim
como os Apóstolos, Pais e Supremos Pontífices -. A íntima relação que existe na penitencia entre: o ato
externo, a conversão interior, a oração e os trabalhos de caridade é aforma da e amplamente
desenvolvida nos textos litúrgicos e nos autores de todas as eras (54).
CAPÍTULO III

Portanto a Igreja - enquanto reafirma a primazia dos valores religiosos e sobrenaturais da penitência
(valores extremamente adequados para restaurar, ao mundo de hoje, o senso da presença de Deus e
da Sua soberania sobre o homem e o senso de Cristo e da Sua salvação) (55) - convida a todos a
acompanhar a conversão interior do espírito com o exercício voluntário dos atos externos de
penitência:

a) Ela insiste, antes de mais nada, que a virtude da penitência seja exercitada na perseverança fiel às
obrigações do estado de vida, na aceitação das dificuldades que surgem do trabalho e da coexistência
humana, suportando pacientemente as provações da vida terrena e das incertezas que a perpassam
(56).

b) Aqueles membros da Igreja que são atingidos por enfermidades, doenças, pobreza ou infortúnios,
ou que são perseguidos por amor da justiça, são convidados a unir os seus sofrimentos aos
sofrimentos de Cristo, de um modo que eles não apenas satisfazem mais completamente o preceito da
penitência, mas também obtém, para os irmãos, uma vida de graça e, para si mesmos, aquela
felicidade que é prometida no Evangelho para aqueles que sofrem (57).

c) O preceito da penitência deve ser satisfeito de um modo mais perfeito por sacerdotes, que estão
mais intimamente ligados a Cristo, através do caráter sagrado, assim como por todos os que,
desejando seguir de modo mais próximo a abnegação do Senhor e encontrar um caminho mais fácil e
eficaz para a prática da caridade e dos conselhos evangélicos (58).

A Igreja, entretanto, convida todos os Cristãos, sem distinção, a responderem ao preceito divino da
penitência através de algum ato voluntário, conjuntamente com as renúncias impostas pelos fardos da
vida cotidiana (59).

Para recordar e convocar todos os fiéis à observância do preceito divino da penitência, a Sé Apostólica
pretende reorganizar a disciplina penitencial com práticas mais adequadas aos nossos tempos.

Cabe aos Bispos - reunidos nas suas conferências episcopais - estabelecerem as normas que, na sua
solicitude pastoral e prudência, e com o conhecimento direto que eles possuem das condições locais,
eles considerarem as mais oportunas e eficazes. Entretanto, fica estabelecido o que se segue:

Em primeiro lugar, a Santa Mãe Igreja, apesar de sempre ter observado a abstinência de carne e o
jejum de um modo especial, mesmo assim deseja indicar na tríade tradicional  “oração - jejum - obras
de caridade” os meios fundamentais de adequar-se com o divino preceito da penitência. Estes meios
foram os mesmos através dos séculos, mas no nosso tempo, há especiais razões pelas quais, de acordo
com a demanda de várias localidades, se faz necessário inculcar algumas formas especiais de
penitência em preferência a outras (60). Desta forma, onde o bem estar econômico é maior, muito mais
o testemunho do ascetismo precisa ser dado de uma forma em que os filhos da Igreja não sejam
envolvidos no espírito do “mundo” (61), e também, ao mesmo tempo, o testemunho da caridade deve
ser dado aos irmãos que sofrem pobreza e fome, para além das barreiras da nação ou continente (62).

Em contrapartida, nos países onde o padrão de vida é mais baixo, será mais agradável a Deus e mais
útil aos membros do Corpo de Cristo se os cristãos - enquanto procuram todos os caminhos para
promover a justiça social - ofereçam os seus sofrimentos em oração ao Senhor, em estreita união com
a Cruz de Cristo.

Portanto, a Igreja, enquanto preserva - onde isto pode ser melhor observado - o padrão (observado
por muitos séculos com normas canônicas) da prática penitencial também através da abstinência de
carne e o jejum, deseja ratificar com suas prescrições outras formas de penitência também, dado que
parece oportuno para as conferências episcopais substituírem a observância do jejum e da abstinência
com exercícios de oração e trabalhos de caridade.

Para que todos os fiéis, entretanto, possam estar unidos em uma celebração comum de penitência, a
Sede Apostólica pretende estabelecer certos dias e tempos (63) penitenciais escolhidos entre os que,
no curso do ano litúrgico, estão mais próximos ao mistério pascal de Cristo (64) ou possam ser
necessários pelas necessidades especiais da comunidade eclesial (65).

Por esse motivo, o seguinte está declarado e estabelecido:

I § 1. Por lei divina todos os fiéis são chamados à penitência.

§ 2. As prescrições da lei eclesiástica a respeito da penitência estão totalmente reorganizadas de


acordo com as normas seguintes:

II. § 1. O tempo da Quaresma preserva o seu caráter penitencial.

§ 2. Os dias de penitência a serem observados obrigatoriamente por toda a Igreja são toda as Sextas-
Feiras, Quarta-Feira de Cinzas e, de acordo com a diversidade de ritos, o primeiro dia da Grande
Quaresma. Esta observância obriga gravemente.

§ 3. Aparte das faculdades referidas nos números VI e VIII, apesar da maneira de preencher o preceito
da penitência nestes dias, a abstinência deve ser observada em todas as Sextas-Feiras que não caem
em festas de preceito; enquanto abstinência e jejum deve ser observada na Quarta-Feira de Cinzas ou,
de acordo com as várias práticas dos ritos, no primeiro dia da Grande Quaresma e na Sexta-Feira da
Paixão e Morte de Jesus.

III. § 1. A lei de abstinência proíbe o uso de carne, mas não o de ovos, dos produtos do leite ou
condimentos feitos de gordura animal.
§ 2. A lei do Jejum prescreve somente uma única refeição completa no dia, mas não proíbe de tomar
um pouco de comida pela manhã e à noite, observando [que] tanto a quantidade quanto a qualidade
devem ser aprovadas pelo costume local.

IV. Estão vinculados à lei de abstinência todos os que completaram 14 (quatorze) anos de idade. Estão
vinculados à lei do jejum todos os fiéis que completaram 21 (vinte e um) anos de idade ou mais até o
início dos 60 (sessenta) anos.

Para aqueles que são menores de idade, os pastores de alma e os pais devem cuidar de forma
particular para que sejam educados num verdadeiro sentido de penitência.

V. Todos os privilégios e indultos, sejam eles gerais ou particulares, estão suprimidos com estas
normas, mas nada mudará, quer seja a respeito de votos de qualquer pessoa física ou moral, quer seja
a respeito da constituições e regras de qualquer congregação ou instituto religioso aprovado.

VI. § 1. Em acordo com o decreto conciliar Christus Dominus, sobre o múnus pastoral dos Bispos,
número 38.4, é tarefa das conferências episcopais:

A) Transferir, por justa causa, os dias de penitência, sempre considerando o tempo da Quaresma.

B) Substituir a abstinência ou o jejum, integralmente ou em parte, por outras formas de penitência e,


especialmente, trabalhos de caridade e exercícios de piedade.

§ 2. As conferências episcopais que desejam realizar estas insituições devem comunicar à Sé Apostólica
o que decidiram na matéria.

VII. Enquanto as faculdades de dispensa dos bispos individuais, de acordo com om decreto Christus
Dominus, número 8b, mantém-se inalteradas; pastores também, por justa causa, e de acordo com as
prescrições do Ordinário, podem garantir para os fiéis individuais, assim como suas famílias, a dispensa
ou a comutação da abstinência e do jejum em outras práticas piedosas. O superior de uma casa
religiosa ou de instituto clerical goza das mesmas faculdades para essa matéria.

VIII. Nos Ritos Orientais, pertence ao Patriarca, juntamente com o Sínodo ou à suprema Autoridade [de
cada Rito] da Igreja, juntamente com o Conselho de Hierarquias, determinar os dias de jejum e
abstinência, de acordo com o Decreto Conciliar De Ecclesiis Orientalibus Catholicis; n 23.

IX. § 1. É extremamente desejável que os Bispos e todos os pastores de almas, em adição ao uso mais
frequente do Sacramento da Penitência, promovam com zelo, particularmente durante o Tempo de
Quaresma, práticas extraordinárias de penitência visando a expiação e a impetração.

§ 2. É extremamente recomendável a todos os fiéis que mantenham a alma imbuída de um genuíno


espírito cristão de penitência para que sejam incentivados a cumprir as obras de caridade e penitência

X. § 1. Estes preceitos que, de forma excepcional, são promulgados por meio d 'Osservatore Romano,
tornam-se efetivos na Quarta-Feira de Cinzas deste ano, isto é, no dia 23 do mês corrente.
§ 2. Onde privilégios particulares e indultos estiveram em vigor até agora - quer sejam gerais ou
particulares de qualquer espécie - está concedida a “ vacatio legis” [suspensão da lei] por seis meses, à
partir do dia da promulgação.

Tudo o que aqui estabelecemos e ordenamos queremos que seja válido e eficaz, agora e no futuro,
não obstante a qualquer coisa em contrário nas Constituições e Ordenações Apostólicas dos nossos
predecessores, e outros estatutos, embora dignos de menção e derrogação especiais.

Dado em Roma, junto a São Pedro, no dia 17 de Fevereiro, ano 1966, o terceiro ano de Nosso
Pontificado.

PAULUS PP. VI
APÊNDICE

I - Notas das Referências Originais da Versão em Inglês

1. Mark 1:15.
2. Cf. Dogmatic Constitution on the Nature of the Church (Second Vatican Council), no. 2, and no. 8; and Decree on the Lay
Apostolate, no. 1.
3. Cf. Eph. 5:27.
4. Cf. Constitution on the Nature of the Church, no. 8; and Decree on Ecumenism, nos. 4, 7 and 8.
5. Cf. Constitution on the Liturgy, no. 110.
6. Cf. Constitution on the Church in the Modern World, throughout, but especially no. 40.
7. Cf. 1 Cor. 7:31; Rom. 12:2; Decree on Ecumenism, no. 6; Constitution on the Nature of the Church, nos. 8 and 9; Constitution on
the Church in the Modern World, nos. 37, 39 and 93.
8. Acts 2:38.
9. Acts 14:14; Cf. Pope Paul VI's speech to United Nations of Oct. 4, 1965: A.A.S. 57 (1965), p. 885.
10. Cf. Declaration on Church's Relations with Non-Christian Religions, nos. 2 and 3.
11. Cf. 1 Sam. 7:6; 1 Kings 21:20-21, 27; Jer. 3:3, 7, 9; John 1:2; 3:4-5.
12. Cf. 1 Sam. 31:13; 2 Sam. 1:12; 3:35; Baruch 1:2, 5; Judith 20:25-26.
13. Cf. Judith 4:8, 12; 8:10-16; Esther 3:15; 4:1, 16; Psalms 34:13; 2 Chron. 20:3.
14. Cf. 1 Sam. 14:24; 2 Sam. 12:16, 22; Esd. 8:21.
15. In reference cited above, need for interior penitence is clearly illustrated: Cf. 1 Sam. 7:3; Jer. 36:6-7; Baruch 1:17-18; Judith 8:16-
17; John 3:8; Zach. 8:9, 21.
16. Cf. Is. 58:6-7; Tob. 12:8-9.
17. Cf. Levit. 16:31.
18. Cf. Dan. 10:12; Esd. 8:21.
19. Cf. Dan. 9:3.
20. Cf. ibid.
21. Cf. Dan. 10:12.
22. Cf. Exodus 34:28.
23. Cf. Zach. 7:5.
24. Is. 58:4; Joel 2:13. cf. Is. 58:3-7 throughout; cf. Amos 5 throughout; Is. 1:13-20; Jer. 14:12; Joel 2:12-18; Zach. 1:4-14; Tobias 12:8;
Psalms 50:18-19; etc.
25. Cf. Lev. 23:29.
26. Cf. Judith 8:6.
27. Cf. Dan. 10:3.
28. Cf. Luke 2:37; Eccles. 31:12, 17-19; 37:32-34.
29. Cf. Dan. 1:12, 15; Judith 8:6, 7; Matt. 6:17.
30. Cf. Deut. 9:9, 18; Exod. 24:18.
31. Cf. Is. 53:4-11.
32. Cf. Heb. 10:1.
33. Mark 1:15.
34. Cf. Heb. 1:2; Col. 1:19 and throughout; Eph. 1:23 and throughout.
35. Cf. St. Thomas, Summa Theol., III, q. XV, a. 1, ad. 5.
36. Cf. Luke 5:8 and 7:36-50.
37. Cf. Rom. 6:3-11; Col. 2:11-15; 5:1-4.
38. Cf. Phil. 3:10-11; Rom. 8:17.
39. Cf. Rom. 6:10; 14:8; 2 Cor. 5:15; Phil 1:21.
40. Gal. 2:20; cf. Constitution on the Nature of the Church, no. 7; also Gal. 4:19; Phil. 3:21; 2 Tim. 2:11; Eph. 2:6; Col. 2:12 etc.; Rom.
8:17.
41. Cf. Col. 1:24; Decree on Church's Missionary Activity, no. 36, Decree on Seminaries, no. 2.
42. Cf. Constitution on the Nature of the Church, no. 11; James 5:14-16; Rom. 8:17; Col. 1:24; 2 Tim. 2:11-12; 1 Peter 4:13; Decree on
Priestly Life and Ministry, nos. 5 and 6.
43. Cf. St. Thomas, Quaestiones Quodlib., III, q. XIII, a. 28.
44. Cf. 2 Cor. 4:10.
45. For example: a) with regard to priests, cf. Decree Priestly Ministry and Life, no. 16; b) regarding spouses, cf. Constitution on the
Church in the Modern World, no. 49; also cf. same constitution, no. 52; cf. Pius XII, speech to cardinals archbishops, bishops, etc.,
of Nov. 2, 1950: A.A.S. 17 (1950), pp. 786-788; cf. Justin, Dialogue with Triphon, 141: 2-3 (MG 6: 797-799).
46. Cf. John 3:7-8.
47. Cf. Gal. 5:16-17; Rom. 7:23.
48. Cf. Roman Martyrology for the Vigil of Christmas; 1 Tim. 4:1-5; Phil. 4:8; Origen, Against Celsus 7:36 (MG 11:1472).
49. Cf. Lenten Liturgy, throughout; and footnote no. 53 of this document, part B.
50. Cf. Rom. 7:23.
51. Cf. Roman Missal, Preface for Lent: "corporali jejunio vitia comprimis, mentem elevas, virtutem largiris….
52. Cf. ibid., Collect for Thursday after First Sunday of the Passion (Passion Sunday).
53. A) In the New Testament: 1) words and example of Christ: Matt. 17:20 (cf. Mark 9:28); Matt. 5:29-30; 11:21-24; 3:4; 11:7-11; and
4:2; Mark 1:13; Luke 4:12; cf. Matt. 8:18-22; 2) witness and doctrine of St. Paul: 1 Cor. 9:24-27; Gal. 5:16; 2 Cor. 6:5; ibid. 11:27; 3) In
the Early Church: Acts 13:3; ibid. 14:22; etc.
B) Among the Fathers: several references arranged according to order of time: Didache 1:4 (F. X. Funk, Patres Apostolici, ed. 2,
Tubingen, 1901, 1: 2); Clement of Rome; 1 Cor. 7:4 and 8:5 (Funk 1:108-110); 2 Clement 16:4 (Funk 2:204); ibid. 8:1-3 (Funk 1:192-
194); Aristides, Apologia 15:9 (Goodspeed, Goettingen, 1914, 21); Hermas, Pastor, Sim. 5:1, 3-5 (Funk 1:530); cf. ibid. Sim. 7:2-5
(Funk 1:554); Tertullian, De Paenitentia 9 (ML 1:1243-1244); Tertullian, De Jejunio 17 (ML 2:978), Origen, Homeliae in Lev, Hom. 10:2
(MG 12:528); St. Athanasius, De Virginitate, 6 (MG 28:257); ibid., 7, 8 (MG 28:260, 261); Basil, Homeliae, Hom. 2:5 (MG 31:192);
Ambrose, De Virginitate, 3:2, 5 (ML 16:221); idem, De Elia et Jejunio 2:2, 3:4, 8:22 and 10:33 (ML 14:698, 708); Jerome, Epistola 22:17
(ML 22:404); idem, Epistola 130:10 (ML 22: 1115); Augustine, Sermo 208:2 (ML 38:1045; idem, Epistola 211:8 (ML 33:960); Cassian,
Collationes 21:13, 14, 17 (ML 49:1187); Nilus, De Octo Spiritibus Malitiae 1 (MG 79:1145); Diadochus Photicensis, Capita Centum de
Perfectione Spirituali 47 (MG 65:1182); Leo the Great, Sermo 12:4 (ML 54:171); idem, Sermo 86:1 (ML 54:437-438); Leonine
Sacramentary, Preface for Autumn (ML 55:112).
54. A) In the New Testament: Luke 18:12; cf. Matt. 6:16-18 and 15:11; Hebrews 13:9; Romans 14:15-23. B) Among the Fathers: cf.
footnote no. 53, B.
55. Cf. Constitution on the Church in the Modern World, nos. 10 and 41.
56. Constitution on the Nature of the Church, nos. 34, 36 and 41; cf. Constitution on the Church in the Modern World, no. 4.
57. Ibid., no. 41.
58. Cf. Decree on Priestly Ministry and Life, nos. 12, 13, 16 and 17; Constitution on the Nature of the Church, no. 41; Decree on
Missionary Activity of the Church, no. 24; Constitution on the Nature of the Church, no. 42; Decree on Renovation of the Religious
Life, nos. 7, 12, 13, 14 and 25; Decree on Seminaries, nos. 2, 8 and 9.
59. Cf. Constitution on the Nature of the Church, no. 42; Constitution on the Liturgy, nos. 9, 12 and 104.
60. Cf. Ibid., no. 110.
61. Cf. Romans 12:2; Mark 2:19; Matt. 9:15; Constitution on the Church in the Modern World, no. 37.
62. Cf. 1 Cor. 16:1; Romans 15:26-28; Gal. 2:10; 2 Cor. 8:9; Acts 24:17; Constitution on the Church in the Modern World, no. 88.
63. Cf. Constitution on the Liturgy, no. 105.
64. Cf. Ibid., no. 107. Regarding the Lenten season as a preparation for celebrating the Paschal Mystery, cf. ibid., no. 109.
Concerning the celebration of the Paschal Mystery each week, cf. ibid., no. 102 and 106; Eusebius, De Solemnitate Paschali, 12 (MG
24:705); idem, ibid., no. 7 (MG 24:701); John Chrysostom, In Epistola I ad Tim. 5:3 (MG 62:529-530). Epistola I ad Tim. 5:3 (MG
62:529-530).
65. Cf. vg. in Acts 13:1-4 (on fasting of the Antioch Church, when Paul and Barnabas were sent to announce the Gospel to the
Gentiles).
II – Legislação Complementar Emitida Pela CNBB

Quanto aos cânones 1251 e 1253:

Toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se
abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício
de piedade.

A quarta-feira de cinzas e a sexta-feira santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência
pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação
nesses dias na Sagrada Liturgia.

Fonte (Sociedade Brasileira de Canonistas, citando diretamente a CNBB):


https://www.infosbc.org.br/site/legislacao-canonica/2661-legislacao-complementar-ao-codigo-de-direito-canonico-

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