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Da Cevada Ao Copo - David Silva
Da Cevada Ao Copo - David Silva
DAVID SILVA
Contato:
contato@dacevadaaocopo.com.br
www.condadodacerveja.com.br
Introdução ........................................................................... 11
Olá!
Que massa que você chegou até aqui! :)
Este livro é sobre amizade, sobre compartilhamento, sobre transmitir novas
casa. :)
E por que estou alertando você sobre isso? Porque foram justamente esses
Este livro não é a vitória ou a conquista dessa jornada, mas sim o fruto de
tranquilidade e facilidade, acho bom repensar sua iniciação nesse hobby, pois
trabalho, rs.
desafio de produzir uma ótima cerveja em casa… Prazer! Sou o David Silva e
serei seu guia nessa incrível jornada cervejeira. Nela buscarei esclarecer a você
e da influência dos ingredientes básicos para a fabricação da sua cerveja, que são:
desbravarmos esse novo mundo, passando por cada item. Além disso, você
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algumas ferramentas indispensáveis que vão auxiliá-lo nas tarefas do dia a dia.
ou seja, iniciando pelo capítulo 1, depois o 2, o 3 e assim por diante, com atenção
Todavia, caso já queira iniciar suas produções, você poderá ler dos capítulos 1
forma, de modo que, para facilitar sua aprendizagem, ao final do livro, na seção
um desses termos e conceitos. E caso você esteja lendo a versão digital deste
livro, disponibilizei em sua Área de Bônus uma cópia desse Glossário; assim,
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você poderá deixar a Área de Bônus aberta, e quando surgir uma “palavra
estiver lendo.
Bom, seja bem-vindo a esse universo cervejeiro e obrigado por fazer parte
do Condado da Cerveja. Agora vamos juntos explorar este mapa que está em suas
mãos e que o guiará rumo à sua própria cerveja — além de, é claro, expandir seus
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho
original.”
Forte abraço e ótimas cervejas!
David Silva
Condado da Cerveja
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Olá, Cervejeiro!
cerveja e/ou como ela pode influenciar a qualidade e o sabor do produto final,
líquido.
Foi justamente por conta disso que antigamente muitas cervejarias tiveram
a qualidade de suas cervejas associada aos nomes das cidades em que estavam
estabelecidas.
Quer um exemplo?
(Plzeň)?
produzidas em Pilsen tiveram seus dias de glória devido à água mole (com
para uma determinada cerveja, não mais sendo a água de suas cidades um fator
Sim! Isso mesmo. Você não leu errado: você também poderá ajustar sua água
cervejeira conforme seus objetivos; mas antes de mostrar como isso é possível,
é importante observamos…
principais sais para esse propósito são: bicarbonato, sódio, cloreto, sulfato,
cálcio e magnésio.
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Com isso, observe que uma água “dura” tende a ter um pH mais alto, sendo
muito indicada para a produção de cervejas escuras, já que com a grande adição
Todavia, para que você possa compreender melhor como cada um dos
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presentes na água cervejeira podem influenciar sua cerveja, vamos dar uma
desagradável.
Sódio (Na)
O sódio contribui para a sensação de corpo da cerveja, entretanto, se
Os níveis normais de sódio são de 10-70 ppm. Caso queira realçar a sensação
de corpo e dulçor, utilize até 150 ppm. Já níveis acima de 200 ppm não são
recomendados.
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Cloreto (Cl)
Assim como o sódio, o cloreto também contribui para o aumento da
sensação de corpo e dulçor da cerveja, o que é indicado para estilos como Porter
Sulfato (SO42-)
O sulfato desempenha um papel importante na degradação do amido e das
cerveja.
Para cervejas leves, os níveis indicados são de 10-50 ppm. Já a maioria das
cervejas Ales se beneficiam com valores de 30-70 ppm; acima disso é indicado
Cálcio (Ca)
O cálcio desempenha múltiplas funções no processo de produção de sua
Não é indicado utilizar água com índices de cálcio abaixo de 50 ppm, sendo
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Magnésio (Mg)
O magnésio em pequenas quantidades é um importante nutriente para as
magnésio ao mosto.
Níveis entre 10-30 ppm contribuem como nutrientes para a levedura. Evite
níveis acima de 30 ppm, pois isso pode criar um sabor adstringente ou amargo
na cerveja.
Assim, optar por água mais ácida para a produção de nossas cervejas é
às modificações dos maltes existentes. Esses valores farão com que as enzimas
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Tabela 1 – Tabela de pH
pH Atividade da alfa-amilase a 60 ºC
4.8 98,00%
5.0 99,00%
5.2 100,00%
5.4 95,00%
5.8 85,00%
6.2 65,00%
seja mais ácida para contribuir com a extração dos açúcares residuais do malte,
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rótulo do garrafão.
É possível tornar a água cervejeira mais ácida com a adição de ácido lático
ressaltar que, para esse controle na mosturação, o ideal é fazê-lo após a adição
os objetivos sensoriais da nossa cerveja. E mesmo que você não more numa
Para ajudá-lo nessa empreitada, na Área de Bônus (que você pode acessar
online Canivete Suíço do Cervejeiro Caseiro sobre como ajustar a água cervejeira.
para adaptações dos perfis de água em suas primeiras levas. Certifique-se apenas
que ela tenha um pH ácido e esteja livre de impurezas, sabor, cheiro e cloro.
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No começo, o mais indicado é usar água mineral ou, se preferir, água da rede
carvão ativado, além de deixá-la descansar por cerca de 24 horas para remover
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Sua casca dura, o baixo teor de proteínas e o alto teor de amido fazem com que
fileiras (6-row).
Observa-se que a cevada de duas fileiras possui em sua espiga duas fileiras
Por sua vez, a cevada de seis fileiras apresenta grãos com tamanhos
espaço afeta seu desenvolvimento, contribuindo para que os grãos das laterais
E para que a cevada possa se tornar uma fonte de açúcares — essencial para
Malteação
Após a colheita, a cevada é levada para a maltearia, onde será submetida ao
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dentro das sementes mais macio — o grão não maltado é duro feito pedra, rs —
, além de causar outras mudanças físicas e químicas que o tornam pronto para o
macerado.
nova planta.
Todavia, assim que os grãos começam a brotar (ou germinar), eles são
por exemplo, são utilizados tostadores com temperaturas que vão de 200 °C a
300 °C. Essas temperaturas inativam quase todas as enzimas necessárias para a
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conversão do amido em açúcares (como vimos acima), por isso não sendo
e sabores à nossa cerveja, bem como seu poder enzimático ou poder diastático,
grãos em açúcares.
A cor do malte
A cor do malte é derivada do tratamento térmico recebido pelos grãos
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Tipos de malte
Como vimos, conforme o tempo e a temperatura de exposição dos grãos
eles:
Maltes base
Possuem um maior poder enzimático para a conversão dos amidos em
Maltes especiais
Usados para proporcionar características únicas à cerveja, como cor, sabor e
corpo. Diferentemente dos maltes base, os maltes especiais são expostos a altas
ação enzimática.
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Maltes caramelizados
Contribuem para o corpo da cerveja e criação/retenção de espuma. São
Maltes torrados
São secos e depois torrados a temperaturas bastante elevadas, conferindo à
Escolhendo os maltes
Para que você possa ir se familiarizando com os diferentes tipos de maltes e
qual seria a melhor opção para um determinado estilo de cerveja, na sua Área
de Bônus [www.
importantes:
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quantidade ideal, seu aroma e também o sabor que ele proporcionará à receita
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Lúpulo: o tempero da
cerveja
O lúpulo — uma trepadeira que pode medir de cinco a sete metros de altura
— é responsável pelo amargor e por uma parcela dos aromas e sabores das nossas
por volta de 736 d.C. no sul da Europa Central. Antes dessa data, eram utilizadas
ou seja, existem plantas machos e fêmeas, mas somente as flores das delicadas e
belas fêmeas são utilizadas na produção de cervejas por terem uma maior
para conferir amargor, aroma e sabor à cerveja, além de sua importante atuação
Além dessas funções, esta preciosa flor também nos proporciona um efeito
relaxante.
e picantes.
Sem dúvida a cerveja seria uma bebida doce e enjoativa, não tão saborosa,
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A química do lúpulo
Caso você não goste de química, pode ficar tranquilo. Afinal de contas, além
Água 8-14%
Proteínas 12-24%
(cont.)
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(continuação)
Taninos 2-6%
Celulose 10-17%
Cinzas 7-10%
lúpulo.
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essenciais são responsáveis pelo aroma de lúpulo na cerveja. Pelo fato desses
óleos serem bastante voláteis, efetuamos sua adição bem próximo ao final da
(β-ácidos).
sofrem uma reação química chamada isomerização, que altera sua estrutura
A escolha do lúpulo
Na hora de escolher o lúpulo para sua cerveja, dê preferência para lúpulos
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não se arrisque em utilizá-lo: como se trata de uma flor frágil, ela pode ter sido
objetivo.
que você está comprando, dando preferência aos lúpulos de safras mais recentes
explicação acerca dos formatos de lúpulos comercializados, bem como uma lista
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E para fecharmos a primeira parte deste livro com chave de ouro, nada como
mosto que iremos preparar para nossa tão desejada cerveja: a querida levedura.
processo de fermentação.
Figura 4 – Leveduras
Tipos de levedura
A Saccharomyces cerevisiae, ideal para a fabricação de cervejas do tipo Ale, é
Outro ponto de diferença entre essas leveduras fica por conta da formação
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entre elas, seja quanto a perfil sensorial, tolerância alcoólica, taxa de atenuação
ou floculação.
sabores.
Capacidade de atenuação
É a medida utilizada para mensurar o poder de conversão dos açúcares
contidos no mosto em álcool e CO2 pelas leveduras, de modo que essa capacidade
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Com isso, e de forma geral, podemos dizer que uma cepa com alta atenuação
fórmula:
Floculação (sedimentação)
Indica a capacidade da levedura de se flocar e se depositar no fundo do
sedimentar.
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açúcares fermentáveis. Por outro lado, leveduras com baixo índice de floculação
Por isso, escolha o tipo certo de levedura para o tipo certo de cerveja que
Tolerância alcoólica
Como se sabe, o álcool é uma substância tóxica, e, assim como nós, as
leveduras também são diretamente afetadas por ele. Numa concentração muito
adequado.
tolerância alcoólica diferente, de modo que algumas são mais tolerantes que
outras. Todavia, se a previsão alcoólica da sua cerveja for menor que 8%, você
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Formatos de levedura
Atualmente as leveduras são comercializadas em dois formatos: seca ou
líquida.
Por serem relativamente fáceis de serem preparadas e pelo seu ótimo preço,
as leveduras secas são a melhor opção para quem está iniciando nesse
quantidade de cepas diferentes que podem ser encontradas. Tal fator se torna
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estilos — e para não perder o excelente costume —, é bom dar uma passada na
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Equipamentos básicos
litros.
Claro, você poderá iniciar com produções maiores ou menores que essa, sem
quantidade final de cerveja. E é justamente por conta disso que a lista a seguir
lembrando que alguns deles poderão ser utilizados em mais de uma etapa do
Moagem
Balança digital
Figura 5 – Balança digital
adjuntos, bem como o lúpulo e/ou outros ingredientes que poderão ser
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Moedor de cereais
Utilizado na moagem do malte; para tanto, podemos usar dois tipos de
Ambos exercem bem seu papel, no entanto, cada um traz alguns pontos
52
Brassagem
Colher grande
Ela poderá ser tanto de madeira quanto de polietileno, e será utilizada para
Termômetro alimentício
O termômetro nos auxiliará na medição da temperatura durante a
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o fogão da sua casa, posicionando a panela em duas das bocas dele sem
problemas.
54
da fermentação.
Proveta de 250 mℓ
A proveta é utilizada junto com o densímetro.
55
Recirculação
Jarra de plástico
Utilizada para acomodar o mosto extraído durante a
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Fervura e resfriamento
Peneira grande
Fundamental para remover uma parte das proteínas coaguladas que se
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Chiller de imersão
Trata-se de uma serpentina de cobre que auxiliará no resfriamento do mosto
pós-fervura: de um lado entra água fria, que passará por toda a serpentina
Fermentação e maturação
Baldes alimentícios
Você precisará de dois baldes alimentícios (atóxicos) com capacidade de 30
litros cada. Esses baldes serão utilizados nas etapas de fermentação, maturação e
envase da sua cerveja, sendo essencial que ambos tenham torneira e tampa e
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Airlock
Utilizado em conjunto com o balde fermentador/maturador, ao mesmo
tempo que impede a entrada de ar tem também a função de liberar o CO2 gerado
durante a fermentação.
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Geladeira e termostato
A utilização de uma geladeira com um controlador de temperatura na
suas cervejas.
60
Vamos falar um pouco mais sobre isso adiante. Por agora o importante é
você saber que ter uma geladeira (pode ser uma velha mesmo) mais um
Envase
Garrafas
Para acomodar sua cerveja você poderá comprar garrafas novas ou
reaproveitar garrafas das cervejas que for consumindo. Nesse último caso é
importante que elas estejam em bom estado e sem quaisquer defeitos (como
Carbonatação e envase.
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Figura 18 – Garrafas
as usadas).
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Tampas e arrolhador
Figura 20 – Tampas para garrafas
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Com esses itens, Cervejeiro, podemos dizer que quase, isso mesmo, quase
cerveja. Se você ficou atento a essa lista, deve ter notado que não falei de alguns
equipamentos, como a panela cervejeira, e isso justamente para que você possa…
Simplificar as coisas
Quando falamos em equipamentos usados para fazer cerveja em casa, é
Para simplificar as coisas, vou ensinar a você um dos métodos mais práticos
(BIAB).
tradicional, você usará apenas uma panela, o que acaba por baratear ainda mais
o início dessa sua jornada e, é claro, economizar mais espaço que o tradicional
Além disso, esse método nos traz também a possibilidade de reduzir nosso
que é a lavagem.
Com isso, para a execução da brassagem por BIAB, você precisará dos
seguintes equipamentos para completar a sua lista para uma leva de 20 litros:
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caldeirão de 38 litros para uma produção final de 20 litros — isso para que não
o malte.
Ah, quanto a essa tal de válvula extratora, pode ficar tranquilo que vamos
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Após essa etapa, o saco permite que você retire todo o bagaço do malte,
Feito em voil ou musseline, o grain bag pode ser costurado por você mesmo,
caso tenha certa habilidade com isso, ou por algum profissional. Ele também
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Por garantia, faça alguns testes antes de usá-lo pela primeira vez para ter
vantagens, eu não poderia deixar de falar de dois pontos cruciais dele (mas que
fervura, o saco deverá ser erguido para que o mosto seja escorrido e
Mas nada que um ponto de apoio ou a ajuda de alguém nessa etapa (ou
braços fortes) não resolvam essa questão, sem contar que, com isso, além de
menor com esse método, mas veremos mais adiante uma maneira de contornar
isso.
Vale ressaltar que, por mais que eu apresente aqui a brassagem através desse
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uma das etapas do processo, mesmo que determinada etapa seja dispensável no
BIAB. Acredito que isso seja essencial pois, se futuramente você desejar ampliar
Bônus [www.dacevadaaocopo.
fermentador, airlock e termostato — e lhe garanto que isso irá te ajudar, e muito,
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A importância da limpeza e
da sanitização
Cada parte do processo de produção tem sua devida importância, todavia, não
contaminação. :/
Até porque, pode ter certeza, com a aplicação correta dessas regras, mais da
Ah, durante sua jornada cervejeira será muito comum você observar a
seguinte máxima:
as sujeiras que já estão nele. E por falar nisso, vamos conhecer então a primeira
para que você possa iniciar a moagem, o moedor precisa estar limpo, certo?
seu primeiro passo será justamente limpar seus equipamentos. E vale ressaltar
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recipiente/utensílio que você irá utilizar esteja livre de sujeiras para que o
sanitizante possa agir com uma maior precisão em toda a superfície do objeto.
mas caso a sujeira esteja um pouco mais difícil de ser removida, você também
pode usar um pouco de detergente neutro para auxiliar nessa tarefa, mas apenas
da sua cerveja.
que estejam com aquelas “crostas” difíceis de sair é o percarbonato de sódio, que
branco e sem perfume que começa com a letra “V”. Esse produto é uma mão na
roda na hora da limpeza difícil: basta diluir por volta de 2 colheres dele em 19
75
A sanitização
A sanitização, por sua vez, mesmo não sendo uma das primeiras etapas do
açúcares do nosso mosto. E como ela anda em conjunto com a limpeza, nada
melhor que falar dela nessa sequência — mesmo não sendo o próximo passo do
processo de produção.
Observe que durante a parte fria do processo cervejeiro, que se inicia logo
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O que é o iodofor?
O iodofor é uma preparação de iodo complexado com um agente
solúvel em água que apresenta iodo livre quando em solução, sendo este iodo
um poderoso sanitizante.
Numa proporção de 12,5 ppm, o iodo não precisa de enxágue, ou seja, você
que, em seguida, ela lhe forneça a quantidade em mℓ de iodo que você deverá
diluir na água.
deixando o material com uma coloração alaranjada. Isso não traz nenhum
prejuízo sensorial à sua cerveja, sendo apenas uma questão estética do utensílio.
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que não ocorre com a utilização de álcool acima ou abaixo dessa concentração.
como tampa do fermentador, tampinhas, etc., além de poder ser usado para
torneira.
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pouco do álcool 70% sobre eles, higienizando também suas mãos com ele na
Como você deve ter notado, mesmo que a limpeza e a sanitização sejam
etapas essenciais para o êxito na fabricação da nossa cerveja, elas não são
nenhum bicho de sete cabeças e podem ser facilmente aplicadas, porém, vale
alguma, certo?
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A moagem do malte
no malte.
interior dos grãos, o qual é rico em amido, para que durante a brassagem as
fermentação.
natural.
Para que possamos fazer uma moagem adequada dos grãos, é fundamental
regular o moedor, seja ele de discos ou de rolos, para obter uma moagem com
as seguintes características:
b) Um pouco de farelo;
55% de sêmolas;
12% de farinha; e
E nada como a imagem a seguir para ilustrar o que seria uma boa moagem,
não é mesmo?
81
Com isso, observe que uma boa moagem do malte não é nem muito fina,
nem muito grossa, ou seja, o ideal é buscarmos o equilíbrio entre esses dois
extremos.
Uma moagem muito fina até pode proporcionar uma maior eficiência,
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que ensinarei aqui é justamente o BIAB, a “maneira clássica”; e por isso, nada
mais justo que trazer para você uma dica acerca da moagem nesse método: se
for BIAB à “maneira clássica”, não pense duas vezes: faça uma moagem fina e
pronto.
maneira clássica” —, você não precisa efetuar a lavagem do bagaço, até porque
considerável da sua eficiência, assim, uma das formas de compensar essa perda
Com isso, vale ressaltar que, como você não irá efetuar a lavagem do bagaço,
poderá ficar tranquilo que não enfrentará qualquer risco procedendo dessa
83
no dia da brassagem.
Regulagem do moedor
A ideia da regulagem do moedor é bem simples: quanto mais próximos os
discos/rolos, mais fina será a moagem. Portanto, antes de moer todo o malte
Automatizando a moagem
Caso queira poupar seu braço na hora de fazer a moagem, uma alternativa
simples e que poupará tempo e energia — mas que também manterá você no
Assim, seu malte será moído numa velocidade recorde e sem muito esforço. :)
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A brassagem
cozimento dos grãos em água quente, para que possam converter o amido
— saber como usar cada uma dessas características é fundamental para atingir
quais são e como atuam os dois grandes protagonistas da brassagem, que são: o
amido e as enzimas.
O amido
Basicamente o amido é um carboidrato que possui uma estrutura muito
representados por cada um dos elos, em sua grande maioria glicose e uma
seguir, pois possui uma estrutura em formato de galho, onde uma corrente é
87
Figura 25 – Amilopectina
E a amilose, por sua vez, é um amido mais simples, formado apenas por um
Figura 26 – Amilose
88
desses “elos”, contribuindo assim para a formação dos açúcares do nosso mosto.
pelo próprio fermento, dentro ou fora da célula, para que somente assim as
formados por ligações complexas —, não são consumidos pelas leveduras. Dessa
89
Em relação a este último caso, vale uma observação: quanto mais complexo
for o açúcar, menos doce ele é; assim, as dextrinas contribuem muito pouco para
o dulçor da cerveja, de modo que, caso você queira uma cerveja mais adocicada,
As enzimas
Existem várias enzimas que atuam no processo de brassagem, no entanto,
dextrinase.
as principais enzimas.
temperatura e pH.
mostram apenas as condições nas quais determinada enzima trabalhará com sua
força total, de modo que, fora dessa faixa, elas não vão “pifar” (na verdade elas
continuarão atuando), mas atuarão de uma forma mais lenta até realmente
Com isso entendido, vamos conhecer um pouco mais dessas três enzimas.
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A beta-amilase
A beta-amilase atua quebrando os amidos simples, separando os elos pela
Figura 27 – Beta-amilase
A alfa-amilase
A alfa-amilase, por sua vez, quebra os amidos grandes em amidos pequenos
91
Figura 28 – Alfa-amilase
pequenos.
80 °C.
A limite-dextrinase
Por mais que a limite-dextrinase exerça uma pequena atuação durante a
Pois bem, isso fica a cargo justamente da nossa amiga limite-dextrinase, que
corta justamente essa ligação, permitindo assim que as outras enzimas possam
92
Faixas de temperatura
Como vimos, as enzimas são ativadas e desnaturadas conforme a
Desse modo, temperaturas mais baixas, entre 60-65 °C, produzem um mosto
mais fermentável e cervejas mais secas, ao passo que temperaturas mais altas,
moer os grãos para que, dessa forma, seja possível hidratá-los durante a
Com tudo isso compreendido, e passando agora para uma ideia mais prática
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De forma geral, e para receitas puro malte, você poderá usar uma única
dos estilos de cerveja, pois os maltes comercializados hoje em dia são bastante
Assim, de acordo com o perfil de corpo desejado para sua cerveja, você
importantíssimo para o perfil sensorial das cervejas de trigo) e nos casos em que
94
O pH da água
Como observamos no capítulo acerca da água cervejeira, um outro aspecto
puro malte e/ou com maltes especiais, basta a adição dos maltes para ajustar o
5 a 5,5.
receita está intimamente ligada à densidade inicial que se deseja atingir, bem
Com isso, existem alguns cálculos que são utilizados para saber a quantidade
ideal de malte a ser utilizado com o intuito de obter uma determinada densidade
malte é adicionada.
95
diminuindo assim sua atuação constante sobre o amido do malte. Portanto, uma
proporção entre 2 a 3 litros de água para cada quilo de malte é o mais indicado.
cervejeira, você não precisará se preocupar tanto quanto a esses valores médios,
para que toda a conversão dos amidos em açúcares seja concluída. Afinal de
96
façamos o teste do iodo para termos certeza de que as enzimas completaram seu
trabalho.
gotas de iodo. Dessa forma, se a conversão não estiver completa, o iodo reagirá
com o amido e apresentará uma coloração mais escura. Caso isso aconteça, você
deverá deixar a sacarificação ocorrer por mais alguns minutos e repetir o teste
até que o iodo não mais reaja com o mosto, de modo que a mistura fique da
Vale observar aqui que toda e qualquer partícula do bagaço do malte reage
E o tal do mashout?
Com a total conversão do amido em açúcares, é recomendável que se faça
97
Tempo de conversão
Entender o tempo médio para a conversão é importantíssimo para nos
Assim, diversos testes apontam que o tempo médio para ocorrer toda a
completa pode ser atingida em até 1 hora, mas vale um tempo um pouco maior,
98
99
Recirculação e
clarificação do mosto
Agora que toda a conversão dos amidos em açúcares foi concluída durante a
Essa etapa tem dois objetivos: a) tornar o mosto mais límpido; e b) compactar
E no BIAB?
Tanto essa etapa quanto a próxima são praticamente dispensáveis no
dois dos atrativos desse método, sem contar que a disposição dos grãos na bag
podendo assim migrar para outro método que melhor se enquadre em suas
necessidades futuramente.
logo no início do livro, mas de uma forma que você não fique engessado
feita...
101
Fazendo a recirculação
Com o fim do mashout, é recomendado aguardar por volta de 10-15
esse período, mantenha o caldeirão tampado para que não haja uma perda muito
na malha filtrante do bagaço. Você vai notar como os primeiros litros saem
102
Seu objetivo é fazer esse procedimento até que o líquido saia o mais limpo
possível. Eu costumo fazer esse procedimento por uns 15 minutos ou até o mosto
103
A lavagem do bagaço
bagaço.
lavagem do bagaço também serve para separar o nosso mosto açucarado dos
bagaços do malte e, assim, levarmos somente o líquido para a fervura. Para essa
extraído lentamente para a panela de fervura, sendo esta uma das técnicas mais
filtrante que está sendo utilizando, ou seja, um fundo falso ou uma bazooka.
Sim, caso você venha a trabalhar com outro método de brassagem que não
seja o BIAB, será necessário adquirir ou montar um outro equipamento que será
105
da nossa cerveja.
cálculos, atente-se em utilizar uma quantidade 1,5 vezes maior de água do que a
Vale ressaltar que esse valor é para simplificar esse cálculo, já que,
BeerSmith) para elaborar sua receita, esse cálculo será feito automaticamente.
106
sua correção caso ela seja muito alcalina (como explicado no capítulo sobre a
água cervejeira).
cerveja posteriormente.
temperaturas mais baixas que essa a eficiência na extração dos açúcares residuais
tende a cair bastante, assim como em temperaturas mais altas pode ocorrer a
A lavagem do bagaço não é uma etapa essencial, ou seja, você pode, sim,
Um dos pontos que geram muitas discussões é com relação à sua eficiência.
107
eficiência; assim, dispensar a lavagem fará com que você deixe para trás uma boa
eficiência. Todavia, uma parte dessa perda poderá ser compensada fazendo uma
muito comum no método de brassagem BIAB, que visa uma maior otimização
do processo.
sparge é sem dúvida quanto ao entupimento. Para evitar essa pequena dor de
108
P*#$%, entupiu!
Bem, caso entupir, a primeira coisa a se fazer é não entrar em pânico. Uma
densidade do mosto extraído, ou seja, quando o mosto filtrado (aquele que está
densidade menor que 1,010, já está na hora de parar a lavagem, pois assim
109
110
A fervura do mosto
responsável pela formação de uma parte dos aromas e sabores da nossa cerveja;
alfa-ácidos do lúpulo.
15% da água do mosto, o que aumenta sua densidade. Dessa forma, medir a
densidade antes da fervura é interessante para que se possa efetuar uma possível
dos alfa-ácidos ocorre somente por meio do calor, é também nesta etapa que
113
a intensidade da fervura, ou seja, evite uma fervura longa e muito intensa, assim
Kölsch, que preza por uma fervura maior para a eliminação de qualquer
precursor do DMS —, já que nas receitas com uma alta quantidade de maltes
Pilsen é aconselhável conduzir uma fervura de 90 minutos para assim obter uma
adições de lúpulos são mencionadas de acordo com o tempo que falta para acabar
essa etapa do processo, ou seja, inicia-se com o tempo total (60 minutos, por
114
densidade está próxima ou não daquela estimada; assim podemos fazer uma
observar a…
Lupulagem
Seja para conferir amargor, aroma, sabor, equilíbrio ou suas qualidades
115
qualquer receita cervejeira — e saber como usá-lo é tão importante quanto tê-lo
em sua receita.
um tem.
alta de alfa-ácidos (em %), acima de 10% do seu peso; enquanto os lúpulos de
aroma possuem uma quantidade elevada de óleos essenciais que contribuem para
116
Com isso entendido, observe que a lupulagem pode ser feita de diferentes
método a se utilizar.
117
60 minutos o mais utilizado, para que assim ocorra a isomerização dos seus alfa-
ácidos.
Vale observar que quanto maior o tempo de contato do lúpulo com o mosto
Outro ponto é quanto aos óleos essenciais, responsáveis pelo aroma, pois
como eles tendem a evaporar conforme o tempo da fervura, essa adição não terá
lúpulo aromático para essa finalidade, escolher lúpulos com alta porcentagem
Você pode usar qualquer variedade de lúpulo, tanto aqueles para amargor
quanto para aroma, sendo os aromáticos os mais indicados para esse tipo de
lupulagem.
118
evaporados, o ideal é fazer adições para essa finalidade nos minutos finais da
fervura, por volta de 15 minutos ou menos para o final da fervura. Essa adição
Muitos também deixam para fazer esse tipo de adição após o término da
resfriamento do mosto.
lúpulo. E para efeito de cálculo de IBUs, você levará em conta nessa adição o
119
numa unidade chamada IBUs: quanto maior for esse índice, maior será o
interessante que irá ajudar muito na hora de calcular o amargor da sua cerveja.
Dicas!
Após toda essa explicação, nada como algumas dicas para você se sair ainda
120
contribuirá não somente para a isomerização dos alfa-ácidos como também para
Na verdade, não é necessário eliminá-la, mas sempre ressalto que para evitar
um acúmulo muito grande de trub no final da fervura e também para evitar que
o mosto for resfriado, essas proteínas coaguladas irão se decantar para o fundo
121
dessas substâncias. Sem contar que manter a panela tampada pode levar a outro
122
O resfriamento do mosto
notas de vegetal cozido à nossa cerveja, mas que, no entanto, é eliminado através
formação de um off-flavor.
da turbidez.
mosto para o fundo da panela, possibilitando assim uma extração do mosto sem
essas substâncias ou com uma quantidade bem reduzida delas, o que irá
chill haze, que na verdade é um problema mais estético que sensorial, ou seja,
não afeta diretamente o sabor ou o aroma da nossa cerveja, no entanto, faz com
3 – Evitar contaminação
Reduz as chances de contaminação do mosto por alguns microrganismos
65 °C.
124
Caso seja feita uma inoculação com o mosto ainda quente, não sobrará uma
Métodos de resfriamento
Para o resfriamento do mosto, existem diversos métodos e equipamentos
para conduzir essa etapa, cada um com suas vantagens e desvantagens, sendo
125
quatro deles os mais utilizados, que são: por banho-maria, chiller de imersão,
126
podendo ser feito de alumínio, cobre ou inox. Ele é imerso no mosto com o
objetivo de efetuar a troca de calor entre o mosto quente e a água fria que passa
água fria, que passará por todo seu interior de forma constante e sairá pela outra
pouco mais caro. Particularmente, entre esses dois métodos, confesso que
minha preferência é pelo chiller, pois, além de ser mais rápido, eu não preciso
Ah, é fundamental que o chiller esteja limpo e sanitizado para realizar esse
daqui em diante, tudo que entrar em contato com o mosto deve estar
127
recipiente com água e gelo; esse gelo tem a função de resfriar a água que vem da
Figura 33 – Pré-chiller
Assim, antes da água começar a resfriar o mosto, ela passará pelo pré-chiller
128
Vale ressaltar que para levas maiores que 100 litros é recomendável usar um
chiller de placas.
Assim, é sempre bom optar por um diâmetro de bitola de 1/2 polegada, pois
dessa forma a vazão será bem maior e, consequentemente, será maior também
a troca de calor.
Não sei se você já deu uma espiadinha para ver a etapa que será
abordada no próximo capítulo, mas já adianto: é nessa etapa que toda a
mágica cervejeira realmente acontece!
129
A fermentação
Para começar este capítulo, nada como ressaltar algo muito importante:
“Você não faz cerveja; quando muito, você faz mosto e aprende a
adestrar as leveduras.”
Pois é, Cervejeiro, no final das contas, a nossa função se resume a criar
que possamos ter uma visão mais ampla de toda a fermentação e manipulação
das leveduras; afinal de contas, e como veremos mais adiante, fermentação não
excessivamente com a brassagem — não que ela não seja importante — e acabar
aconteça por ser este um processo que não depende muito da nossa intervenção
cervejas.
Com isso entendido, vamos observar os quatro pilares essenciais para uma
4. Tempo de fermentação.
pilares, garanto que a qualidade final da sua cerveja será muito maior.
131
acetaldeído, diacetil, álcoois superiores, etc.) que poderão conferir alguns off-
Portanto, Cervejeiro, complete seu copo porque daqui para frente o papo é
determinada cerveja.
Para tanto, a literatura cervejeira nos indica a seguinte fórmula, que leva em
132
vice-versa, você poderá utilizar a tabela “°Plato para SG” disponibilizada em sua
Ressalto que essa fórmula pode ser usada tanto para fermento seco quanto para
133
Temperatura de inoculação
Outro ponto importante para uma inoculação correta da sua levedura é o
produção de alguns subprodutos, como diacetil e ésteres; e caso você não tome
o devido cuidado, esses subprodutos podem trazer alguns off-flavors para sua
cerveja.
temperatura muito alta, acima de 25 °C, por exemplo; sendo recomendada uma
inoculação num mosto com uma temperatura entre 1-2 °C mais baixo que a
Por exemplo: digamos que você vá conduzir a fermentação de uma Pale Ale
a 19 °C. O ideal é que você resfrie o mosto e faça uma inoculação a uma
134
#2 – A aeração e a nutrição
Para que o processo de fermentação ocorra perfeitamente, além de inocular
graxos.
135
oxigênio.
para a redução da fase adaptativa (que veremos mais adiante), o que, por sua vez,
contaminação.
como em se multiplicar.
136
a 10 ppm.
mínimo recomendado.
Agora, ao utilizar uma bomba de aquário com uma pedra difusora e um filtro
Isso porque você poderá iniciar suas produções com leveduras secas, afinal de
dispensável.
137
“E os nutrientes?”
Em se falando de nutrientes, que também fazem parte desse segundo pilar
para uma boa fermentação, observa-se que eles são importantíssimos para o
Todavia, se você estiver fazendo uma cerveja puro malte, não precisa se
Porém, se utilizar uma boa quantidade de adjuntos (como arroz, milho, trigo
#3 – Temperatura ideal de
fermentação
Um dos fatores realmente impactantes para a qualidade da sua cerveja, em
estão expostas, sendo que a exposição numa temperatura abaixo da sua faixa
mínima de trabalho faz com que elas adormeçam, enquanto que uma
138
problemas na sua cerveja. Em alguns casos, pode até deixá-la intragável; sem
contar que a oscilação de temperatura é outro fator que também traz um peso
negativo a ela.
Com isso, observe que cada tipo de cerveja — Ale ou Lager —, bem como a
fermentação.
fermentação que será imprescindível adquirir uma geladeira — pode ser uma
139
ou do interior da geladeira.
temperatura externa.
do balde e abaixo do nível do líquido (colando-o com uma fita isolante). E para
aumentar ainda mais a precisão da leitura do termostato, por cima dele você
poderá colar algum isolante térmico, como um pedaço de isopor, por exemplo.
Todavia, caso não queira investir numa geladeira, você poderá conduzir a
140
período entre a inoculação das leveduras e até 72 horas depois dessa etapa. É
subprodutos.
141
fermentação alvo.
#4 – O tempo e as fases de
fermentação
Para falar do último pilar essencial para uma boa fermentação, nada como
sabem que, quando se trata de fermentação, um dos temas que gosto de frisar
espalhadas pela internet, e até mesmo em alguns livros, observamos muito uma
142
Será mesmo que esse tempo apresentado nas receitas está realmente
correto?
Quer saber a verdade? rs.
Assim, e antes de entrar nos detalhes de cada uma dessas fases, é importante
adaptativa (I) para passar para a fase de crescimento e fermentação (II), mas não
Com isso entendido, vamos entender um pouco mais de cada uma das fases.
143
Essa fase se inicia logo após a inoculação da levedura e pode demorar até 15
horas para ser concluída. Esse tempo pode variar de cepa para cepa ou ainda
demorar um pouco mais caso seja cometido algum erro na hora da inoculação,
como uma baixa inoculação, estresse por choque térmico, baixa vitalidade do
fermentado, etc.
Vale observar que nessa fase não se nota nenhuma atividade visível de
fermentação, mas tenha em mente que esta é uma das fases determinantes para
reidratação delas para que, assim, não ocorra um choque osmótico e uma
leveduras.
144
diacetil, ainda estão presentes, sendo nesta etapa reabsorvidos pelas leveduras.
Com isso entendido, vamos responder uma dúvida que com certeza surgirá
em sua cabeça...
145
Assim, para a fermentação primária — onde a maior parte dos açúcares são
de contas, ele pode ser maior ou menor que o estipulado na sua receita
(lembra?).
para ser concluída. No entanto, existe, sim, um tempo médio para o andamento
Todavia, como já deu para perceber, as nossas amigas leveduras são bastante
não a quantidade de dias da receita, e sim o andamento de cada uma das fases da
fermentação.
146
atividade no airlock, você faz mais uma medição; e, por fim, você faz mais uma
uma perda considerável na quantidade de células viáveis, que pode chegar a até
A reidratação permitirá que a levedura volte ao seu estado normal, com sua
147
célula é bem menor que a do líquido, e assim a tendência é que o líquido que
está fora migre para dentro da célula. Como o mosto é rico em nutrientes,
açúcares e muitos outros compostos, tudo isso acaba também entrando na célula
e, consequentemente, danificando-as.
água e não mosto. Ah, e lembrando que essa água também não pode ser
destilada.
148
Essa é sem dúvida uma das questões que mais preocupam os cervejeiros
levedura (que seria o maior medo por trás de não se trocar de balde) na verdade
Muito se fala acerca disso justamente pelo “mito” criado em algumas fontes
cervejeiras datadas de mais de quinze anos, nas quais alguns autores citavam os
muito, esses riscos. Tais casos podem ocorrer somente em condições nas quais
a cerveja é deixada no balde a uma temperatura bem alta e por longos períodos
outros ingredientes: nesse caso é recomendável que seja feita uma troca de balde
antes de iniciar o dry hopping, pois as leveduras tendem a absorver uma grande
149
quantidade dos óleos essenciais dos lúpulos, o que acaba por reduzir a eficiência
do dry hopping.
De qualquer forma, não é que seja indispensável a troca de balde para se fazer
o dry hopping, todavia, isso irá proporcionar uma eficácia ainda maior na
acaba sendo preenchido pelo CO2 gerado, e este, dessa forma, acaba
Assim, em regiões frias ou em estações frias do ano, o que você poderá fazer
150
fermentação, ele ligará a lâmpada para aquecer; se estiver acima, ele ligará a
151
cerveja passa por uma temperatura mais próxima de 0 °C para assim forçar a
Portanto, um processo não tem relação com o outro. E por mais que a
baixar a temperatura para o mais próximo de 0 °C durante essa fase pois isso
somente irá forçar a sedimentação das leveduras para o fundo do balde e não irá
gosto pessoal.
poucas semanas de maturação, enquanto que uma cerveja mal fermentada não
Uma Weiss, por exemplo, não requer uma maturação longa: poucos dias já
basta, pois quanto mais jovem você a beber melhor. Já para uma Bohemian
dos estilos Ales obtém bons resultados com 15 dias de maturação, enquanto as
e que a deguste ao longo da maturação para verificar se já está boa ou não. Desse
Com tudo isso, é importante você observar que, por mais que a maturação
dela.
155
“E a clarificação a frio?”
Com o fim da maturação, chegou enfim a hora de procedermos com a
Simples assim. :)
e maturação:
156
#4 – Maturação da cerveja.
E por fim a…
#5 – Clarificação a frio.
157
Carbonatação e envase
Depois desse longo caminho percorrido desde a moagem até aqui, chegou o
o envase.
residuais possam iniciar uma refermentação dentro das garrafas, gerando assim
E para começar…
159
Priming nada mais é que uma fonte de açúcares fermentáveis que são
adicionados à cerveja antes do envase para que possam ser consumidos pelas
Para essa finalidade, podemos utilizar vários tipos de açúcares, tais como:
o açúcar refinado de cana (aquele comum, de mesa) é o mais utilizado para essa
finalidade.
residual de CO2 saturado na cerveja, assim como o volume de CO2 ideal para o
álcool e CO2.
160
priming. Vale ressaltar ainda que quanto maior a temperatura, menor será essa
161
0 °C 1,70
4 °C 1,50
8 °C 1,30
10 °C 1,20
12 °C 1,12
14 °C 1,05
16 °C 0,99
18 °C 0,93
20 °C 0,88
22 °C 0,83
23 °C 0,80
24 °C 0,78
25 °C 0,76
26 °C 0,74
27 °C 0,72
28 °C 0,70
29 °C 0,68
30 °C 0,65
162
alta da fermentação secundária que sua cerveja atingiu para assim obter o valor
estilo fabricado.
Lambics 2,4–2,8
163
g/ℓ = v – v0 /0.286
Sendo:
164
Digamos que eu vá engarrafar 19 litros (L) de uma APA (American Pale Ale)
volume de CO2 desejado para ela será de 2,5. Com a aplicação desses valores na
v: 2,5;
v0: 0,76;
Açúcar refinado.
g/ℓ = v – v0 /0.286
g/ℓ = 2,5 – 0,76 /0.286
g/ℓ = 1,74 /0.286
g/ℓ = 6,08
Ou seja, serão necessários 6,08 gramas de açúcar por litro de cerveja para
165
Assim, coloque numa panela a quantidade total de água (346,56 mℓ, nesse
cerveja.
166
priming — observe que ela não precisa estar fria para isso, pois a própria
Para evitar uma possível aeração da cerveja e uma provável oxidação futura,
o ideal é que essa transferência seja feita com o auxílio de uma mangueira
completa da mistura.
167
separação, limpeza e sanitização das garrafas bem antes, para que assim você já
Para a limpeza das garrafas você poderá utilizar uma escova de limpar
sujeira que estiver no interior das garrafas. Caso encontre alguma sujeira difícil
de ser removida, você poderá utilizar um pouco (leia-se bem pouco) de detergente
E essa dica também é válida na hora de lavar o copo para sua degustação.
ele também deverá estar limpo e sanitizado —, usá-lo para a sanitização das
garrafas.
168
Enchendo as garrafas
Em seguida, em vez de esvaziar todo o balde jogando esse sanitizante fora,
encha as garrafas limpas que serão utilizadas para o envase dessa leva para que
fundo dela.
borrifar um pouco de álcool 70% sobre elas e então sacudir um pouco para tirar
169
manter as garrafas em pé, para que assim as leveduras que vão concluindo seu
sol.
leva… rs!
lugares por aí, não se tem um tempo exato para a conclusão da refermentação.
170
Assim, é bom se atentar para o fato de que, como não se tem um tempo
exato, a carbonatação pode ocorrer antes desse tempo mínimo ou bem depois.
Já tive leva que demorou mais de 25 dias para ter a carbonatação concluída.
Isso também explica uma das dúvidas que mais recebo no blog: “David, já se
passaram 7 dias após o envase, e quando abri uma cerveja ela estava sem gás…
Será que fiz algo errado? A receita dizia que eram 7 dias…”.
Portanto, segure a ansiedade e deixe as garrafas quietas por mais alguns dias
Dicas importantes
Para não perder o costume, vamos a algumas dicas certeiras para essa etapa...
justamente o tipo de tampinha que você utilizará; até porque a utilização de uma
Para as garrafas com boca rosqueada, como as long neck, você deverá utilizar
171
Evitando explosões
Esse é um dos maiores receios do cervejeiro iniciante, inclusive foi o meu: o
E pode ter certeza que é uma preocupação válida, até porque ninguém quer
172
Dessa forma, quando estiver separando as garrafas para o envase, faça uma
garrafa com problema, pois a tendência dela explodir com o aumento da pressão
processo, utilizando uma faixa entre 4-8 gramas de açúcar por litro, conforme
seus objetivos:
173
garrafas longe da circulação das pessoas durante alguns dias e que monitore essas
restante logo.
parte da nossa jornada cervejeira. Caso você tenha dúvidas acerca de alguma
etapa, aconselho que você dê uma revisada nos capítulos anteriores e que
também acesse sua Área de Bônus para ver todos os conteúdos complementares.
174
sua praticidade e custo-benefício, o BIAB (brew in a bag) para ser seu método de
Já a assepsia, por sua vez, será sua grande aliada, e se tratada com respeito e
dedicação, mais da metade de todo o processo terá grandes chances de dar certo.
um dos fatores mais críticos e decisivos, separando uma cerveja mediana de uma
ótima cerveja — até porque como o caminho da panela até o copo é um tanto
nesse delicioso hobby que é fabricar sua própria cerveja, pode apostar. :)
O quinto elemento
Além dos ingredientes que utilizaremos (água, malte, lúpulo e levedura),
Ter em mente qual o estilo pretendido para a fabricação, seja Weiss, Pale
Ale, Oktoberfest, Bohemian Pilsner, American IPA, etc., é o que irá te nortear
pela Brewers Association (BA) e pelo Beer Judge Certification Program (BJCP)
os mais utilizados.
176
os parâmetros desse guia que utilizei para a criação das receitas deste livro.
Escolhendo a receita
Escrevi o passo a passo adiante tomando o máximo de cuidado possível para
fazer-cerveja].
Para essa leva produziremos uma American Pale Ale (APA): uma cerveja do
tipo Ale que traz um aroma de lúpulo cítrico de moderado a forte e maltosidade
branco a quase branco, com uma boa retenção. Em seu sabor, o lúpulo
177
dos grãos para que durante a brassagem as enzimas quebrem esse amido em
processo de fermentação.
178
moagem.
clássica, você não precisa se preocupar tanto com a qualidade da moagem: regule
o moedor para obter uma moagem mais fina justamente para compensar a perda
Ah, e uma dica para você poupar tempo e energia: faça a moagem um dia
antes da mosturação; afinal, depois da brassagem toda a energia será útil para a
com o mosto, lavando-os bem. Caso tenha alguma sujeira difícil de eliminar, use
lado macio de uma esponja. Depois faça o enxágue muito bem, pois, como
cerveja posteriormente.
179
brassagem.
brassagem), aqueça cerca de [31,4 litros] de água a uma temperatura de [70 °C].
Portanto, escolha uma água mineral de uma fonte confiável, observando sempre
essas características.
180
mistura, que deverá estar por volta de [66 °C]. Caso a temperatura esteja abaixo
disso, basta ligar o fogo e, mexendo a mistura, aguardar que atinja a temperatura
indicada.
181
Essa mistura deverá ser mantida a [66 °C] por aproximadamente [75
seguida, pingue algumas gotas de iodo sobre essa amostra. Caso a conversão não
escura. Se isso acontecer, deixe por mais um tempo a [66 °C] até que a
Com o teste positivo, vamos para a etapa de mashout. Nessa etapa vamos
elevar a temperatura da mistura para [76 °C]. Para economizar tempo e garantir
182
você poderá iniciar a recirculação do mosto: você deverá extrair o mosto pela
válvula extratora e, em seguida, devolvê-lo pela parte de cima da grain bag; dessa
Ah, lembrando que, ao atingir os [76 °C], você deverá desligar o fogo e
responsável pela formação de uma parte dos aromas e sabores da nossa cerveja,
— para não perder muito calor —, em seguida, suspender a grain bag, deixar
escorrer até que a maioria do mosto tenha escorrido e retirar a grain bag.
cervejeira, a seguir)—, para ter uma noção do quanto realmente a brassagem foi
receita é de [1,041].
183
Para essa receita, faremos uma fervura de [60 minutos]. Enquanto o mosto
é aquecido até atingir seu ponto de ebulição, surgirá uma camada esbranquiçada
momento você faça a retirada dessa camada com o auxílio de uma peneira.
receita faremos a primeira adição de lúpulo faltando [60 minutos] para acabar a
(lembra?).
A próxima adição de lúpulo será de [21 g] aos [10 minutos] finais da fervura,
184
usado para resfriar o mosto — na panela de fervura, para que durante esse tempo
4º) Resfriamento
Nosso próximo passo é resfriar o mosto o mais rápido possível a uma
185
Dica: use touca de cabelo, máscara e passe sempre álcool 70% em suas
mãos. Essas medidas são fundamentais para evitar que pequenos
deslizes contaminem todo seu trabalho.
Como vimos, o iodo é um sanitizante que cumpre com honra seu papel.
Numa proporção de 12,5 ppm, não é necessário fazer seu enxágue, de modo que
minutos.
186
187
Para o airlock, você poderá utilizar um pouco de água estéril — fervida por
188
e liberarão álcool e CO2, formando assim uma outra parte dos aromas e sabores
da cerveja.
Dica: vale ressaltar que caso seu balde não esteja muito bem vedado, o
airlock pode não apresentar atividade, o que não necessariamente
significa que as leveduras não estejam trabalhando.
Como parâmetro para essa receita, o objetivo é atingir uma densidade final
189
para até [24 °C], numa proporção de +1 grau por dia, para iniciar a fermentação
fermentação.
dias.
Após esse período é interessante fazer uma nova medição da FG para ter
certeza de que não atenuou um pouco mais; além, é claro, de dar uma provada
[www.dacevadaaocopo.com.br/vamos-fazer-cerveja].
[15 dias].
190
oxidação da cerveja.
estiver no interior das garrafas. Após a limpeza, faça a sanitização de todas elas
instalada, para nos auxiliar no enchimento das garrafas. Esse balde também
191
período mínimo de 15 dias, mas tendo em mente que (como vimos no capítulo
192
Caso não aguente de ansiedade para degustar a sua cerveja, você poderá
8º) Cheers!
Com a conclusão da carbonatação, chegou um dos momentos mais
importantes: a degustação!
próxima de [8-10 °C] para que seus aromas e sabores se tornem mais evidentes;
Na hora de servir sua cerveja, tenha cuidado para não levar ao copo as
Sem pressa, aprecie sua cerveja avaliando a cor, o aroma e por fim o sabor.
Dessa forma, você poderá projetar adequações na receita para a seu gosto
pessoal.
193
na prática como que muitas das aulas de matemática, química e física não foram
em vão.
Assim, além de nos trazer uma luz acerca da aplicação desses cálculos, com
suas receitas, medir a eficiência do seu equipamento, ajustar o perfil da sua água,
ficar tranquilo.
grande aliado, mesmo que você esteja iniciando agora ou já sendo um cervejeiro
experiente.
isso se dá tanto por sua eficiência quanto pelas diversas ferramentas disponíveis
do fabrico.
Já o Brewtarget, por sua vez, além de ser um software gratuito, honra com
para que assim você possa testá-los e descobrir qual deles se encaixa melhor em
seu perfil.
197
Feito em vidro e com chumbo em sua base, o densímetro possui uma escala
com capacidade para 250 mℓ, que servirá para acomodar a amostra a ser medida.
a correção dos valores caso se faça medições de amostras que estejam a uma
fazer o descarte desse CO2; para isso, basta passar essa amostra de um recipiente
199
Figura 37 – Densímetro
sua posição;
200
Densímetro calibrado a 20 °C
Temp. Temp. Temp.
Correção Correção Correção
(°C) (°C) (°C)
1 –1,7 30 2,5 59 14,3
2 –1,7 31 2,8 60 14,8
3 –1,8 32 3,1 61 15,3
4 –1,8 33 3,4 62 15,8
5 –1,8 34 3,7 63 16,4
6 –1,7 35 4,1 64 16,9
7 –1,7 36 4,4 65 17,5
8 –1,6 37 4,8 66 18
9 –1,6 38 5,1 67 18,6
10 –1,5 39 5,5 68 19,1
11 –1,4 40 5,9 69 19,7
12 –1,3 41 6,2 70 20,3
13 –1,2 42 6,6 71 20,8
14 –1,1 43 7 72 21,4
15 –0,9 44 7,4 73 22
16 –0,8 45 7,8 74 22,6
17 –0,6 46 8,3 75 23,2
18 –0,4 47 8,7 76 23,8
19 –0,2 48 9,1 77 24,4
20 0 49 9,5 78 25
21 0,2 50 10 79 25,7
22 0,4 51 10,4 80 26,3
23 0,6 52 10,9 81 26,9
24 0,9 53 11,4 82 27,6
25 1,1 54 11,8 83 28,2
201
(continuação)
Densímetro calibrado a 20 °C
Temp. Temp. Temp.
Correção Correção Correção
(°C) (°C) (°C)
26 1,4 55 12,3 84 28,9
27 1,6 56 12,8 85 29,5
28 1,9 57 13,3 86 30,2
29 2,2 58 13,8 87 30,9
Para utilizar essa tabela, a densidade medida deverá ser somada ou subtraída
pela utilização de um refratômetro para fazer suas medições, o que, nesse caso,
Assim, caso você opte por utilizar um refratômetro, vamos observar a seguir
202
as medições.
203
com água destilada: ao adicioná-la, o valor indicado deverá ser igual a 0 (zero);
e caso a leitura não esteja em 0 (zero), será necessário calibrá-lo, e para isso basta
após cada medição. E nunca faça medições com o prisma úmido ou molhado, ou
seja, ele deverá estar sempre seco antes de você colocar a amostra para medição.
Ok, Cervejeiro, para você não dizer que sou um guia ruim, também
fazer-cerveja] o link para uma ferramenta que lhe auxiliará na hora de fazer
essas correções. :P
204
Álcool de fusel ou Álcool superior: grupo de álcoois com mais peso molecular
diastásicas.
Anaeróbico: processo que não utiliza oxigênio ou que não proceda dele.
CO2.
líquido.
espuma.
207
carbonatação.
viscosidade e fluidez.
recipiente de mostura.
“quero mais”.
208
cerveja.
proteínas e lipídios.
necessariamente fermentável.
209
aroma (alguns são voláteis e trazem aromas, como o cravo das Weizenbier, e
fermentação.
cálcio.
bazooka; entretanto, esse equipamento é formado por uma chapa metálica com
fermentador ou no barril.
210
inoculação.
ramificadas na mostura, esta se torna menos viscosa e mais fluida; daí o termo
liquefação do amido.
orgânicos não polares e que incluem graxas, ceras, etc. Lipídios, proteínas e
viventes.
211
da fermentação.
cerveja.
proteases e as peptidases.
1516 pelo duque Guilherme IV da Baviera, esta lei visava ajustar a produção de
enzimática.
212
baixos (insignificantes).
Trub frio (Cold break): proteínas coaguladas que se formam quando o mosto
é resfriado.
Trub quente (Hot break): proteínas coaguladas que se formam durante a fervura
do mosto.
213
Bem, Cervejeiro, chegamos ao final deste guia não com um ar de despedida, mas
sim com um tom de até logo; afinal de contas, com certeza nos veremos muitas
Espero que você tenha gostado deste livro, e ficarei muito feliz se você puder
escrever uma avaliação sobre ele: saber o que você pensa e se estou no caminho
cervejeira. Ah, se possível, me diga qual foi o capítulo que você mais achou útil
e o porquê.
Avaliação”.
Caso você tenha alguma crítica ou sugestão que possa melhorar este livro ou
contato@dacevadaaocopo.com.br.
Se você gostou deste livro e o achou útil, que tal indicá-lo para seus amigos?
Talvez você conheça alguém que possa se beneficiar deste conteúdo e, quem
David Silva
Condado da Cerveja
216
1999.
Sites:
<http://braukaiser.com/wiki/index.php?title=Braukaiser.
218
abr. 2017.
219
Foi em meio à correria do dia a dia e na fuga do estresse cotidiano que descobri
Claro, no começo de minha jornada cervejeira nem tudo foi de pleno acerto,
Da Cevada ao Copo é fruto de uma grande relutância aos pedidos dos leitores
dos conteúdos de qualidade espalhados por aí, a pedido deles era necessário
existir uma referência clara e objetiva que guiasse os novos adeptos, bem como
David Silva
Empresário, consultor, coach, blogueiro e um curioso nato.
221