Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Resumo: Este artigo trata das políticas de cultura de abrangência nacional ou local implementadas
na cidade do Rio de Janeiro nas últimas décadas. Deste modo, busca-se investigar os principais
antecedentes da política cultural carioca, seu contexto político-econômico e os processos sócio-
espaciais envolvidos. Com a finalidade de uma análise mais completa optou-se por delinear um breve
panorama conjuntural sobre as políticas culturais pretéritas que foram institucionalizadas na cidade
do Rio de Janeiro, assim como evidenciar algumas políticas públicas locais em um contexto mais
próximo da atualidade, uma vez que instituições municipais passam também a regulamentar o setor
cultural.
Abstract: This article deals with national or local culture policies implemented in the city of Rio de
Janeiro in recent decades. We intend to investigate the cultural policies, its political-economic context
and socio- spatial processes involved. For the purpose of a more complete analysis it was decided to
outline a brief overview of the older cultural policies that have been institutionalized in the city of Rio
de Janeiro , as well as highlight some local public policies in a closer context of today , since municipal
institutions also start to regulate the cultural sector.
1 – Introdução
O cenário dos anos 1990 e 2000 revelou que parte das políticas públicas no
município do Rio de Janeiro foi efetivada na escala local a partir de parcerias com a
iniciativa privada, visando à atração de capital e à inserção competitiva das cidades
no cenário global. A lógica de utilização da cultura como fator essencial para o
desenvolvimento econômico incorporou-se às intervenções urbanas com a criação
de planos estratégicos para a cidade do Rio de Janeiro.
Notadamente, as políticas culturais são efetuadas no espaço urbano a partir
de intervenções que privilegiam ora programas de requalificação de áreas
degradadas, ora grandes projetos de construção de novos equipamentos culturais,
ora grandes eventos.
O argumento frequentemente utilizado nos últimos anos alicerça-se na ideia
de que a cultura pode ser vista como um quesito diferencial para colocar a cidade
1
- Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro PPGEO/UERJ. Mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ. E-Mail:
raquelmoniz@gmail.com
4099
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
em uma melhor posição perante outras neste cenário marcado pela competitividade
entre cidades. Por conseguinte, acabam por atrair maiores investimentos locais,
ampliando o fluxo de capitais, negócios, informações e turismo.
Este artigo vislumbra tecer considerações a respeito das políticas de cultura
de abrangência nacional ou local implementadas na cidade do Rio de Janeiro. Deste
modo, além de investigar os principais fatos referentes à política cultural carioca,
busca-se examinar o contexto político-econômico no qual algumas políticas públicas
foram estabelecidas ao longo do tempo. Ao resgatar alguns antecedentes, procura-
se não somente observar as origens de instituições e de equipamentos de cultura,
mas, sobretudo, correlacionar ações e políticas pretéritas aos processos sócio-
espaciais ocorridos em cada momento.
Com a finalidade de uma análise mais completa optou-se por delinear um
breve panorama conjuntural sobre as políticas culturais pretéritas que foram
institucionalizadas na cidade do Rio de Janeiro, assim como evidenciar algumas
políticas públicas locais em um contexto mais próximo da atualidade, uma vez que
instituições municipais passam também a regulamentar o setor cultural.
4100
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
4101
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
4102
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
4103
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
4104
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
4105
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
4106
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
3 – Considerações Finais
O exame dos antecedentes em tela propiciou um olhar mais acurado sobre a
utilização da “cultura” enquanto um instrumento de manobra política, evitando, deste
modo, possíveis armadilhas conceituais. Neste tocante, constatou-se que as
políticas culturais foram empregadas em benefício dos governos em variadas
ocasiões, não sendo um elemento exclusivo da atual gestão municipal. Em
realidade, as autoridades competentes utilizavam-se das mesmas para conseguir
legitimidade política, bem como para impor medidas econômicas.
Hall (2003) ratifica a visão de que a “cultura” pode ser utilizada como uma das
justificativas empregadas para a realização de ações que garantam hegemonia de
um grupo que está no poder. Os poderes governantes não insistem no uso da
coerção se podem assegurar um consenso.
Notadamente, nesses antecedentes são reconhecidas atividades pontuais e
efêmeras que se caracterizaram pela instalação de equipamentos de cultura no
espaço urbano, pela promoção de eventos e pela preservação do patrimônio.
Evidentemente, foram realizadas políticas públicas mais consistentes, cujos
resultados denotaram, em alguns casos, pontos satisfatórios e, em outros, tais
políticas não cumpriram as metas previstas.
Observou-se que a política urbana e a política cultural, muitas vezes, ocorriam
no mesmo contexto, porém sem integração efetiva. O fato “novo”, existente no
período atual, encontra-se na integração dessas políticas com as políticas urbanas,
no que Silveira (2004) denominou de entrelaçamento urbano-cultural; na visão da
“cultura” como uma âncora para o desenvolvimento econômico; e, por conseguinte,
na contundente parceria do poder público com a iniciativa privada.
A novidade da atual gestão reside nessa parceria com a iniciativa privada e
no elevado grau de interligação do mercado com as atividades de cultura
(emergência do cinema nacional, de movimentos musicais, de companhias de
dança) e com os espaços institucionalizados (centros culturais, museus, galerias,
salas de cinema, teatros).
Notadamente, a chamada “economia da cultura” tem se expandido, conforme
o próprio ministério da cultura evidenciou anteriormente. O Estado age através de
incentivos fiscais e políticas públicas que promovem o setor. Em contrapartida,
4107
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
4108
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Bibliografia
ABREU, Maurício de Almeida. Evolução Urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
IPLANRIO, 1997. 156p.
BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel. Planes estratégicos y proyectos metropolitanos.
Rio de Janeiro: Cadernos IPPUR/UFRJ. Ano 1, n o1, jan/ abr 1986.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Ed.: Perspectiva,
1982. 370 p. Coleção Estudos.
CANCLINI, Nestor. Consumidores e cidadãos: conflitos culturais da globalização.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1995. 268p.
CLAVAL. Paul. A geografia cultural. Tradução de Luiz Fugazzola Pimenta e
Margareth Afeche Pimenta. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1999. 453p.
COMPANS, Rose. A emergência de um novo modelo de gestão urbana no Rio de
Janeiro: planejamento estratégico e urbanismo de resultados. VII Encontro Nacional
da ANPUR. Recife, 1997. Anais. Recife: UFPE, v. 3, 1997.
CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1989. 94p.
HALL, Stuart. Da diáspora. Identidades e mediações culturais. Org. Lia Sovik; Belo
Horizonte: EditoraUFMG/ Humanitas, 2003. 434p.
HARVEY, David. A justiça social e a cidade. Tradução de Armando Silva.São Paulo:
Hucitec, 1980. 292p.
______. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992.
INSTITUTO PEREIRA P ASSOS - IPP. Corredor cultural: como recuperar, reformar
ou construir seu imóvel. Rio de Janeiro. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro,
2002. 86p.
LEFEBVRE, Henri. A vida cotidiana no mundo moderno. Rio de Janeiro: Ática,
1991a.
LESSA, Carlos. O Rio de todos os Brasis. Rio de Janeiro: Record, 2000. 480p.
MACEDO, Mirela Arcângelo da Motta. Projeto Corredor Cultural: Um projeto de
preservação para a área central do Rio de Janeiro (1979-1993). Dissertação de
Mestrado. São Carlos: EESC/USP, 2004. 206 p.
4109
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
MACHADO, Mário Brockmann. Notas sobre política cultural no Brasil. In: MICELI,
Sergio (Org.). Estado e cultura no Brasil. São Paulo: Difel, 1984. 240 p. [p. 5 a 19].
MELLO, João Baptista Ferreira. Explosões e estilhaços de centralidade no Rio de
Janeiro. Revista Espaço e Cultura. Rio de Janeiro. Ano I - Out 1995.
MESENTIER, Leonardo. Metrópole, patrimônio e revitalização urbana. Seminário
Nacional sobre Região Metropolitana. Rio de Janeiro, 2003. Anais ... Rio de Janeiro,
FFP/ UERJ, 2003, CD-ROM.
MONIZ COLOMBIANO. Raquel. As Espacialidades das Políticas Culturais: A Cidade
do Rio de Janeiro nos Anos 1990 e 2000. Dissertação de Mestrado IPPUR/UFRJ,
Rio de Janeiro, 2007.
MICELI, Sergio (Org.). Estado e cultura no Brasil. São Paulo: Difel, 1984. 240 p.
ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense,
1994.
PINHEIRO, Augusto I .F. Aprendendo com o patrimônio. In: OLIVEIRA, Lúcia Lippi.
Cidade: história e desafios. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2002.
RIBEIRO, Ana Clara Torres. A reforma e o plano: algumas indicações gerais. In:
GRÁZIA DE GRÁZIA (Org.) Plano diretor: instrumento de reforma urbana. Rio de
Janeiro: FASE, 1990. [p. 13-25]
SANTOS, Milton. Espaço e método. 3a ed. São Paulo: Nobel, 1992.
______. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
Edusp, 2002. (Coleção Milton Santos 1). 392 p.
SILVEIRA, Carmem Beatriz. O entrelaçamento urbano-cultural: centralidade e
memória na cidade do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro:
IPPUR/UFRJ, 2004. 329p.
WILLIAMS, Raymond. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. 239p.
ZUKIN, Sharon. The culture of the cities. Oxford: Blackwell,1995.
4110