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SÃO PAULO
2022
1. INTRODUÇÃO
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, foi decretado o atual Estado
Democrático de Direito, instituindo um amplo rol de direitos e garantias individuais ao
cidadão, prevendo ainda responsabilidades ao Estado e à sociedade. E a partir da
promulgação da Carta Magna, o Estado Brasileiro passa a ter um novo conceito de
cidadania, reconhecendo-se o sujeito como ser detentor de direitos e deveres.
Inicia-se assim, a restauração da democracia e do estado de direito no Brasil, e como
consequência a população indaga sobre a verdadeira função das instituições públicas neste
novo contexto, tais questionamentos provocaram mudanças drásticas nessas repartições,
principalmente na Polícia Militar (PM). Diante disso, as PMs que foram endurecidas no
período da ditatura, necessitaram fazer transformações em seus procedimentos operacionais,
visando garantir e efetivar direitos fundamentais dos cidadãos.
Primeiramente, a PM utilizava a força como instrumento de intervenção, de forma
negligente e imprudente, agindo de forma contraria a lei. Desta maneira, é impossível ter
um modelo de polícia, se não à baseada na garantia e efetivação dos direitos fundamentais
dos cidadãos e na interação com a comunidade. Preconizando uma polícia preventiva,
mediadora e negociadora, e que esteja preparada para uma eventual situação em que se faça
necessário o uso da força. Para isso é primordial investimentos na qualificação e
modernização de todas as polícias militares.
Para garantir a segurança e ordem pública a polícia deve compreender que sua
função é garantir os direitos em um ambiente de conflitos social, conforme descrito na
CF/88. E com intuito de assegurar os direitos individuais e coletivos ampliou-se o conceito
de Segurança Pública, atribuindo reponsabilidades àqueles que devem exercê-la.
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo esclarecer o papel da Polícia
Militar, no que tange a Polícia de Segurança e Ordem Pública, e a promoção da cidadania no
contexto do Estado Democrático de Direto através da sua atuação. Para isso, ao longo do
texto será trabalhado o conceito de cidadania e de segurança pública para a atividade e
doutrina da policial militar, onde a polícia deve reconhecer o cidadão como um sujeito de
direitos e deveres, ressaltando que o cidadão também possui papel na preservação da ordem
pública.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 CONCEITO DE CIDADANIA DE ACORDO COM A CARTA MAGNA
O conceito de cidadania evoluiu ao longo dos anos, antigamente estava associado
apenas ao direto do poder político (votar e ser votado), atualmente exerce um caráter
abrangente como exercício de direito e deveres que o sujeito possui. E neste contexto de
mobilização da sociedade pelo reconhecimento dos direitos sociais, que foi promulgada a
Constituição Cidadã.
Conforme descrito na Carta Magna, o estado democrático de direito deve assegurar o
exercício dos direitos individuais e sociais, estabelecendo a cidadania como um de seus
fundamentos conforme se observa em seu artigo 1º “A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a
cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa; V – o pluralismo político.
Neste artigo, em seu parágrafo único institui a democracia participativa quando diz
que “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição”. Ademais, os direitos e garantias fundamentais
estão presentes em todo texto constitucional e destacado no Título II da CF/88. E define
formas de participação direta do cidadão na vida pública. Aprimorando a definição de
cidadania e democracia, influenciando na segurança pública, que está relacionada com a
cidadania e com os direitos humanos.
3. CONCLUSÃO
Conclui-se que as garantias da CF/88 em relação aos direitos civis, políticos e sociais se
traduziram em importante avanço para democracia do Brasil. E conforme descrito ao longo
do trabalho estabeleceu-se um novo conceito de cidadania, onde além dos direitos políticos,
tem-se os direitos fundamentais e deveres para com o Estado.
Conforme preconiza o Art. 136 da CF/88 “A segurança pública, dever do Estado e
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio”. Assim, o Estado tem como função proteger os
direitos do cidadão. E visando à preservação da ordem pública, a segurança demanda a
participação ativa da sociedade, ou seja, exercício da cidadania.
Deduz-se que para um eficiente exercício da cidadania e da segurança pública, ambas
devem trabalhar em conjunto, pois para existir a primeira é necessário condições de paz
provenientes do exercício da segunda, com participação de todos, de forma organizada, na
formulação de projetos e políticas públicas.
Desta forma, salienta-se que a PM para garantir à promoção dos direitos do cidadão no
contexto da democracia, deve preconizar: admitir o cidadão conforme descrito na carta
magna, devendo respeitar seus direitos e deveres durante a abordagem; o cidadão deve ter
participação na segurança pública, cabendo à PM controlar a participação do cidadão de
acordo com a legalidade; e o policial deve ter consciência que também é um cidadão, para
assim compreender e respeitar a condição de cidadania de todos.
Para finalizar, destaca-se que a sociedade e as instituições policiais militares devem
trabalhar unidas (polícia-comunitária) e assim determinar os valores para um eficiente
exercício da cidadania, da democracia e dos direitos humanos.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo: Publifolha, 2003.
RIBEIRO, Renato Janine. A democracia. São Paulo: Publifolha, 2013. SROUR, Robert
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Acesso em: 5 fev. 2022.