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1º Período
• Do século XII (fundação de Portugal) ao século XV
• Idade Média Portuguesa
Sec. XII – Sec. XIII Não havia registo sistemático dos atos régios, vigorando o princípio de elaborar duas ou três cópias dos
originais, que eram depositados nos arquivos das abadias e igrejas mais importantes.
Sec. XIII – Sec. XIV Passa a haver um registo regular das receitas e despesas do reino, ainda que se tratasse de uma
Reinado D. Afonso II primitiva forma de organização.
Sec. XIV Passa a proceder-se à fiscalização das contas, o que serve de partida para a criação da Casa
Reinado de D. Dinis dos Contos
1389 Primeiro regimento da Casa dos Contos
Utilidade Reunia todos os documentos e contas das despesas públicas e administração económica e financeira
Repartições Contos de Lisboa Reunia as contas de todos os almoxarifados do país
Contos d’El-Rei Tomavam e verificavam as contas da casa real
Regimentos Regulamentar a apresentação das contas, as instituições fiscalizadoras e os procedimentos inerentes à
tomada das ditas contas.
Final do séc. XV Os Contos do Reino e da Casa tornaram-se o centro da Contabilidade do reino, dada a centralização
e inícios do sec. XVI política, do acréscimo das atribuições do Estado e do enorme aumento dos recursos e dos encargos financeiros.
1516 O Regimento e Ordenações da Fazenda é criado e foi a primeira sistematização das normas
relativas à Contabilidade, este separa a contabilidade local da contabilidade central.
Influência de Espanha
Final do séc. XVI Portugal esteve unido à coroa espanhola.
e meados do sec. XVII Espanha exercia um domínio económico e político sobre uma grande área mundial, e revelava
uma excelente organização administrativa. Diz-se ainda ter sido uma das pioneiras do método
da partida dobrada.
Apesar da sua relação de domínio, nenhum conhecimento parece ter sido transmitido para os
Portugueses.
estabelecimento de regras para o movimento dos Desta forma, esperava-se que a arrecadação do dinheiro
dinheiros públicos. público não fosse arbitrária e que a manutenção dos
registos nos livros fosse feita por pessoas diferentes cada
ESTRUTURA DO ERÁRIO RÉGIO
um controlando os registos feitos pelo outro , de modo a manter
De acordo com a Carta de Lei era estabelecida (i) a procedimentos de controlo na elaboração dos livros
obrigatoriedade de implementar as partidas dobradas contabilísticos.
nas quatro Contadorias Gerais, (ii) os procedimentos
Contudo, apesar desta intenção de padronização, havia
administrativos a ser seguidos na arrecadação dos
dinheiros públicos e (iii) os livros de registo a serem especificidades para determinadas localizações, por exemplo
Pernambuco, não foram enviados funcionários do Erário Régio para
utilizados nas diferentes repartições do Erário Régio. ajudar a implementar o sistema descrito nas Instruções.
Contudo, o método das partidas dobradas apenas foi A colónia de Angola, foi a única em que era obrigatório
implementado ao nível das Contadorias Gerais, resultado utilizar o método das partidas dobradas, visto que eram
da falta de pessoas qualificadas na utilização do método mesmo. poucos os rendimentos.
SISTEMA CONTABILÍSTICO DO ERÁRIO RÉGIO DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO
O sistema contabilístico usado não tinha como objetivo Contudo, surgiram dificuldades na implementação à
reconhecer e representar o património do Estado, mas distância, dada:
sim assegurar que estava a ser usado um sistema de • A falta de informação relevante;
controlo adequado para a movimentação de dinheiro • A falta de clareza na informação;
e um correto registo dos valores dos devedores e dos • A incorreta classificação das despesas;
credores. • O não cumprimento das instruções;
Assim, as funções de supervisão e controlo eram as • A falta de profissionais qualificados.
mais importantes na administração das contas públicas.
APÓS 1761
DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO
LEI DE 23 DE JULHO 1766
A principal dificuldade na implementação deste sistema O objetivo da Lei de 23 de julho de 1766 era restaurar
estava relacionada com o facto de os responsáveis pela as depauperadas finanças municipais e fixar regras
arrecadação dos impostos não enviarem a informação muito rigorosas para a escrituração dos livros mestres
requerida nos prazos estabelecidos. de Receita e Despesa que todas as Câmaras deviam ter.
Adicionalmente, as cartas da época argumentavam que
tinha sido feita uma interpretação errada do que estava CARTA DE LEI DE 30 DE AGOSTO DE 1770
estabelecido na lei e nas instruções enviadas. A Carta de Lei de 30 de agosto de 1770 impôs a
Por último, também a dispersão geográfica era outro inscrição na Junta do Comércio aos comerciantes de
aspeto a considerar. boa fama e a todos os guarda-livros, caixeiros, praticantes
de casas comerciais, sob pena de os seus livros não
poderem valer em tribunal.
DEPOIS DO GOVERNO DO MARQUÊS DE POMBAL
1777 Morte do rei D. José e o afastamento do Marquês de Pombal, pelo que a corrente legislativa reduziu drasticamente
Nos próximos 50 anos, apenas 2 diplomas se ocuparam das questões contabilísticas
1809 Alvará de Junho de 1809 que impõe a selagem dos livros aos negociantes e mercadores a retalho
Decreto de 29 de Julho de 1809 estatuiu que os negociantes devem ter um livro pelo menos com o título de Diário
1832 Eliminação do Erário Régio, para dar lugar ao Tribunal do Tesouro Público.
Aprovação do decreto através do qual se procedeu à organização da Fazenda, muito embora ainda não se tivesse estabelecido
uma repartição especialmente vocacionada para a função contabilística.
1833 Publicação do Código de Ferreira Borges, o primeiro Código Comercial Português, que procurava acostumar o comércio
à regularidade e diligência e acabar com a inércia e desleixo principalmente dos negociantes mais antigos , que, apegados
às ideias cavaleirosas da boa-fé, julgam-se ofendidos quando se lhes exigem algumas seguranças.
1835 Decreto de 12 de junho que determinava que houvesse em cada ministério uma escrituração central por partidas
dobradas
1849 Decreto de 10 de novembro de 1849, que criou no Tribunal do Tesouro Público um novo departamento, que foi pela
primeira vez designado como Direção Geral de Contabilidade.
1863 Decreto de 12 de dezembro de 1863, que aprova o Regulamento Geral da Contabilidade Pública, que atribuía à Direção
Geral da Contabilidade:
• A competência para coligir, resumir e centralizar nos seus livros a escrituração mensal da receita e despesa do Estado
• A organização anual do Orçamento Geral do Estado e das contas gerais de gerência e de exercício.
1880 Reconhecimento por parte do governo da vantagem e utilidade da partida dobrada, que passou a ser utilizada nas contas
do Estado
O ensino da Contabilidade passa a ser feito em todos os liceus e compreende os princípios da escrituração.
Regulamento Geral de 31 de agosto traz a primeira reforma da Contabilidade pública (repete a disposição de 1835).
1888 Criação do novo Código Comercial Português, que apresenta uma forte influência do anterior e dos dois melhores códigos que
então havia – o código italiano de 1883 e o código espanhol de 1886.
As vicissitudes que acompanharam o advento da República não trouxeram um período feliz no que respeita à consolidação
da Contabilidade Pública. Surgiram várias reformas, e algumas delas não chegaram a ser verdadeiramente implementadas.