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HISTÓRIA DA CONTABILIDADE EM PORTUGAL

A história da Contabilidade em Portugal pode ser divida em 5 períodos relevantes:

1º Período
• Do século XII (fundação de Portugal) ao século XV
• Idade Média Portuguesa

• Da época manuelina a meados do século XVIII


2º Período
• Idade Moderna Portuguesa

• Dos meados do século XVIII ao 2º quartel do século XX


3º Período
• Parte da Idade Moderna e da Idade Contemporânea Portuguesa

• Do 3º quartel do século XX a 1985


4º Período
• Idade Contemporânea Portuguesa

5º Período • De 1986 à atualidade

PRIMEIRO PERÍODO Nos Contos, reuniam-se todos os documentos e contas


das despesas públicas e AEF e, rapidamente, se cindiram
Dado o espaço temporal a que este período diz respeito, em duas repartições:
a informação disponível sobre o mesmo é reduzida, sendo • Os Contos de Lisboa, que reuniam as contas de todos
que as escritas mais “organizadas” seriam as da fazenda os almoxarifados do país;
régia e as das corporações religiosas. • Os Contos d’el-rei, que tomavam e verificavam as
Até ao século XIII, não existia, no verdadeiro sentido do termo, contas da casa real.
propriamente uma Contabilidade Pública, dado que não
havia registo sistemático dos atos régios, vigorando o A Casa dos Contos teve o seu 1º regimento em 1389 e,
princípio de elaboração de 2 ou 3 cópias dos originais, depois deste, vários outros se seguiram com o objetivo
que eram depositadas nos arquivos das abadias e igrejas de regulamentar (i) a apresentação das contas, (ii) as
mais importantes. instituições fiscalizadoras e (iii) os procedimentos
Por volta do século XIII, no reinado de Afonso II começa inerentes à tomada das ditas contas.
a fazer-se o registo regular das receitas e despesas do Apesar destes esforços, os atrasos na prestação das
reino, ainda que se tratasse de uma primitiva forma de contas eram muito frequentes e este período resume-se
organização. a raras operações de escrita.
A complexidade dos aparelhos burocráticos, torna-se
Em regra, registava-se cronologicamente o movimento
relevante por volta do século XIV, no reinado de D.
das receitas e despesas e inventariava-se o estado de
Dinis, quando se passa a proceder à fiscalização das
valores materiais.
contas, constituindo este facto o ponto de partida para
a constituição, no século XIV, da Casa dos Contos. O COMÉRCIO E OS
MERCADORES ESTRANGEIROS
CASA DOS CONTOS O crescimento da população, entre meados do século
A Casa dos Contos foi o primeiro órgão de ordenação XII e do século XIII, foi acompanhado pelo crescimento
e fiscalização das receitas e despesas do “Estado”, e económico e por mudanças estruturais na economia
tudo indica que remonta a 1279-1325. portuguesa. A principal alteração estrutural foi o aumento
Esta foi criada para eliminar a corrupção do reino, e das trocas comerciais tanto internas como externas.
como consequência da complexidade da Contabilidade
Pública e da sedentarização dos organismos da No século XV, Portugal desempenhou um importante
administração régia na área de Lisboa. papel no comércio mundial através da criação de relações
comerciais com vários mercadores estrangeiros (italianos,
ingleses e alemães).
Apesar de os mercadores italianos da época exibissem avanços em termos de conhecimentos contabilísticos, nomeadamente
da partida dobrada, tanto a Contabilidade Pública, como a dos mercadores, permaneceu longos séculos realmente simples
e em manifesto atraso em relação aos métodos italianos, mas perfeitamente a par das suas congéneres francesa e inglesa.

Sec. XII – Sec. XIII Não havia registo sistemático dos atos régios, vigorando o princípio de elaborar duas ou três cópias dos
originais, que eram depositados nos arquivos das abadias e igrejas mais importantes.

Sec. XIII – Sec. XIV Passa a haver um registo regular das receitas e despesas do reino, ainda que se tratasse de uma
Reinado D. Afonso II primitiva forma de organização.

Sec. XIV Passa a proceder-se à fiscalização das contas, o que serve de partida para a criação da Casa
Reinado de D. Dinis dos Contos
1389 Primeiro regimento da Casa dos Contos

Casa dos Contos


Criação 1279-1325 (reinado de D. Dinis)
Função Primeiro órgão de ordenação e fiscalização das receitas e despesas do Estado
Objetivo Processar e fiscalizar as receitas e despesas do Estado, e terminar com o abuso e corrupção
Causa Complexidade da Contabilidade Pública e da sedentarização dos organismos da administração régia
Diversas medidas de fiscalização e centralização da tomada das contas

Utilidade Reunia todos os documentos e contas das despesas públicas e administração económica e financeira
Repartições Contos de Lisboa Reunia as contas de todos os almoxarifados do país
Contos d’El-Rei Tomavam e verificavam as contas da casa real
Regimentos Regulamentar a apresentação das contas, as instituições fiscalizadoras e os procedimentos inerentes à
tomada das ditas contas.

O Comércio e os Mercadores Estrangeiros


Sec. XII – Sec. XIII Crescimento populacional e económico, causado pelo aumento das trocas comerciais

Sec. XV Forte presença no mercado internacional através de estabelecimento de relações comerciais


com mercadores estrangeiros. Contudo, não houve avanços em termos contabilísticos

SEGUNDO PERÍODO A INFLUÊNCIA DE ESPANHA


Desde finais do século XVI até meados do século
O 2º período começa na época manuelina (1495-1521) e XVII, Portugal esteve unido à coroa espanhola que
termina em meados do século XVIII, compreendendo exerceu domínio económico e político sobre uma grande
quase toda a Idade Moderna Portuguesa. área mundial. O mais notável deste imenso império era
CASA DOS CONTOS a sua esplêndida organização administrativa.
Os Contos do Reino e da Casa tornaram-se o centro da Afirma-se que Espanha foi um dos principais países
Contabilidade do reino desde o final do século XV e impulsionadores da partida dobrada, protagonizando
princípios do século XVI, em resultado da centralização acontecimentos de importância a nível universal, tais
política, do acréscimo das atribuições do Estado e do como o primeiro país a:
aumento dos recursos e dos encargos financeiros. • Exigir por lei aos seus comerciantes e banqueiros a aplicação
É com o Regimento e Ordenações da Fazenda, de 1516, do método da partida dobrada;
que é feita a 1ª sistematização das normas relativas à • Aplicar o método da partida dobrada em instituições
Contabilidade. públicas individuais;
Estrutura-se um sistema de escrita em que pela primeira • A estabelecer um sistema de partida dobrada para
vez se separa a Contabilidade local da Contabilidade escriturar as contas centrais da Real Hacenda.
central.
Contudo, apesar de, após a restauração da independência, Embora não haja provas, o contacto com os comerciantes
o rei português ter encontrado uma Contabilidade pública de outros países, pode ter colocado os comerciantes
reorganizada pelos espanhóis, nenhuma evidência foi portugueses em contacto com o sistema digráfico.
descoberta de que as partidas dobradas tivessem sido Foi averiguado que já na centúria de Quinhentos existia no reino
quem conhecesse o chamado “modo de Veneza” e é muito provável
praticadas em Portugal neste período.
alguns judeus e cristãos-novos, que na época preponderavam no
comércio e nas finanças, o utilizassem nos seus registos.
OS MERCADORES E A
SUA ATIVIDADE EM PORTUGAL De um modo geral, os avanços tardavam a acompanhar
As partidas dobradas terão sido introduzidas em o que se passava no mundo, inclusivamente, em França,
Portugal, segundo as melhores probabilidades, nos princípios do onde foram promulgadas as ordenações de Colbert, que
século XVI, durante o reinado de D. Manuel, que exerceram uma influência decisiva e mudaram a cultura
concedeu aos comerciantes estrangeiros autorização contabilística da época.
para se estabelecerem no nosso país, desde que dispusessem,
pelo menos, de 25 ducados.

Final do séc. XV Os Contos do Reino e da Casa tornaram-se o centro da Contabilidade do reino, dada a centralização
e inícios do sec. XVI política, do acréscimo das atribuições do Estado e do enorme aumento dos recursos e dos encargos financeiros.

1516 O Regimento e Ordenações da Fazenda é criado e foi a primeira sistematização das normas
relativas à Contabilidade, este separa a contabilidade local da contabilidade central.

Influência de Espanha
Final do séc. XVI Portugal esteve unido à coroa espanhola.
e meados do sec. XVII Espanha exercia um domínio económico e político sobre uma grande área mundial, e revelava
uma excelente organização administrativa. Diz-se ainda ter sido uma das pioneiras do método
da partida dobrada.
Apesar da sua relação de domínio, nenhum conhecimento parece ter sido transmitido para os
Portugueses.

Os Mercadores e a sua Atividade em Portugal


Sec. XVI Estimativa no início da utilização do método das partidas dobradas.
Reinado D. Manuel Aos comerciantes estrangeiros foi cedida a autorização para se estabelecerem em Portugal
1673 Em França, foram promulgadas as ordenações de Colbert, que exerceram uma influência
decisiva e mudaram a cultura contabilística da época

TERCEIRO PERÍODO Em Portugal, o Mercantilismo caracterizou-se pela


intervenção do Estado na economia com a cooperação
No terceiro período (1750-1777), designado por período dos mercadores (grupo restrito).
pombalino, foram várias as transformações significativas
O Iluminismo marcou o século XVIII. Neste período a
verificadas, em termos de práticas contabilísticas e
atuação do Estado na sociedade é redefinida e todos os
ensino da Contabilidade em Portugal.
sectores da vida social eram objeto da ação estatal.
Estas medidas devem ser compreendidas à luz das políticas Além disso, a nobreza e a Igreja vêm a sua influência
Mercantilistas e os ideais do Iluminismo. reduzida.
MERCANTILISMO E ILUMINISMO Mercantilismo e Iluminismo são ainda moldados pelo
O mercantilismo consiste num conjunto de crenças, absolutismo (por uma conceção absolutista do Estado).
teorias e práticas que visavam estimular a acumulação Assim, era adotada uma forma de governo denominada
de riqueza pelo Estado, nomeadamente através da de “despotismo iluminado” que se caracterizava pelos
acumulação de metais preciosos, combinada com políticas ataques aos privilégios e poder do Clero, em particular dos
económicas protecionistas. Assim, o objetivo passava por Jesuítas, pelo apoio à tolerância religiosa, reformas legais, abolição
exportar o máximo possível e importar o mínimo possível. Contudo, da tortura, e um interesse generalizado pela reforma e melhoria da
dada a riqueza das colónias, Portugal pouco investia nas suas estruturas educação.
e atividades, o que dificultava a implementação destas medidas.
CONJUNTURA

Europa Portugal Administração Pública Portuguesa


• Mercantilismo • Dependência económica e militar perante Inglaterra, • Destruição da Casa dos Contos
para conseguir manter a sua independência com o Terramoto de Lisboa, que
• Iluminismo
• Dificuldades económicas, visto que a quantidade de ouro e levou à necessidade de um método de
• Absolutismo diamantes vindos das colónias estava a diminuir arrecadação dos dinheiros públicos mais
rigoroso
• Terramoto de Lisboa em 1755
• Indústria, comércio e agricultura subdesenvolvidos, dado
que a riqueza obtida com as colónias era utilizada para importar e
não para investir nas indústrias nacionais
• Controlo do comércio por mercadores estrangeiros,
como trabalhar era visto com maus olhos, os mais altos escalões da
sociedade mal tivessem dinheiro suficiente, deixavam de trabalhar,
deixando o controlo do comércio para comerciantes estrangeiros
• Baixo nível educacional dos mercadores e baixo nível
de conhecimentos comerciais, em Portugal, a educação estava
muito atrasada, e quem se quisesse formar tinha de o fazer em outros
países. A única fonte de educação era fornecida pelos jesuítas que
eram perseguidos e, por esse motivo, eram obrigados a fugir para
outros países
• Mudanças políticas: nomeação de um rei e um primeiro-
ministro, sendo que o último era quem tomava decisões, face à falta
de “confiança” do rei
• Despotismo iluminado, que implicava o poder ilimitado do rei

LEGISLAÇÃO POMBALINA JUNTA DO COMÉRCIO


O Marquês de Pombal enquanto exercia as funções de A Junta do Comércio visava (i) organizar e disciplinar
embaixador de Portugal em Inglaterra apercebeu-se a atividade comercial e (ii) estimular, criar e administrar
do atraso da economia nacional. novas fábricas entre outras funções.
Considerando que o atraso da indústria e a decadência Os estatutos da Junta manifestam já uma preocupação
do comércio se deviam em grande parte à generalizada com o ensino comercial referindo-se à Aula do Comércio
falta de cultura e à deficiente preparação técnico- que viria a ser criada anos mais tarde.
profissional dos industriais e comerciantes nacionais, Isto porque a falta de registos, a redução de receitas e a falta de
educação e outras características importantes para se ser comerciante,
várias foram as medidas tomadas no sentido de contrariar
eram os grandes males do Reino.
a realidade existente.
Após o Terramoto de Lisboa, foi demonstrada a vontade
Neste seguimento, durante o Governo do Marquês de
do Estado de consolidar a boa-fé no comércio e acabar
Pombal foram adotadas as seguintes iniciativas:
com as fraudes, obrigando todo o comerciante falido a
• Estabelecimento de várias companhias de comércio cumprir o que as ordenações que podiam ter sido perdidas ou
monopolísticas, onde os comerciais responsáveis eram escolhidos destruídas já dispunham.
a dedo, sendo a nacionalidade portuguesa um ponto a favor
• Junta do Comércio (1755) AULA DO COMÉRCIO
• Aula do Comércio (1759) Em 1759, foi criada a primeira escola de comércio do
mundo, a Aula do Comércio, sob a responsabilidade da
• Erário Régio (1761), que veio substituir a Casa dos Contos
Junta do Comércio.
• Abolição da escravatura em Portugal (1761), mas não no
resto das colónias A sua criação advém dos grandes atrasos de Portugal em
• Colégio dos Nobres (1761) matéria de conhecimentos comerciais comparativamente
a outras nações da Europa, o que punha em causa o
• Reforma do exército (1765), de modo a tentar diminuir a
dependência militar face a Inglaterra
desenvolvimento económico do país e dos próprios
comerciantes.
• Criação do primeiro grupo de professores de escolas
públicas (1772), porque os jesuítas não podiam exercer a sua Nesta seriam ensinados os princípios necessários a
atividade, uma vez que estavam a ser perseguidos qualquer negociante perfeito e os métodos utilizados em
• Reforma da Universidade de Coimbra (1772), aposta nas Itália, o método da partida dobrada, e aceites em todo
ciências exatas o mundo.
• Fim da distinção entre “Cristãos-Novos” e “Cristãos
Velhos” (1773)
ERÁRIO RÉGIO CONTABILIDADE E AÇÃO À DISTÂNCIA
A Casa dos Contos é completamente arrasada com o Para padronizar os métodos e procedimentos, instruções
Terramoto de 1755, visto que toda a documentação foi detalhadas foram enviadas para as diferentes colónias,
destruída. Contudo, sobrevive até 1761, ano em que, pela que expunham os procedimentos específicos de controlo
Carta de Lei de 22 de dezembro, se cria o Erário Régio. e administração que deveriam ser seguidos nas colónias,
A Carta de Lei é manifestamente importante, pois com em cada Junta de Arrecadação.
esta passa a ser obrigatório efetuar a Contabilidade Eram ainda especificados, os livros contabilísticos a
Pública pelo método das partidas dobradas. serem utilizados, e os extratos/informação a serem
enviados anualmente para Lisboa, relativos às receitas
Com a criação do Erário Régio pretendeu o Marquês de
e despesas e a lista dos devedores.
Pombal (i) centralizar todos os serviços de receitas e
Na maioria dos casos foram enviados de Lisboa, e normalmente por
despesas e (ii) acabar com os abusos, as fraudes e a um período de 3 anos, guarda-livros e escriturários para garantir que
incompetência dos funcionários que tinham vindo a as Instruções eram aplicadas corretamente, em particular no que ao
consumindo a Contabilidade do reino que carecia do sistema de registo dizia respeito.

estabelecimento de regras para o movimento dos Desta forma, esperava-se que a arrecadação do dinheiro
dinheiros públicos. público não fosse arbitrária e que a manutenção dos
registos nos livros fosse feita por pessoas diferentes cada
ESTRUTURA DO ERÁRIO RÉGIO
um controlando os registos feitos pelo outro , de modo a manter
De acordo com a Carta de Lei era estabelecida (i) a procedimentos de controlo na elaboração dos livros
obrigatoriedade de implementar as partidas dobradas contabilísticos.
nas quatro Contadorias Gerais, (ii) os procedimentos
Contudo, apesar desta intenção de padronização, havia
administrativos a ser seguidos na arrecadação dos
dinheiros públicos e (iii) os livros de registo a serem especificidades para determinadas localizações, por exemplo
Pernambuco, não foram enviados funcionários do Erário Régio para
utilizados nas diferentes repartições do Erário Régio. ajudar a implementar o sistema descrito nas Instruções.
Contudo, o método das partidas dobradas apenas foi A colónia de Angola, foi a única em que era obrigatório
implementado ao nível das Contadorias Gerais, resultado utilizar o método das partidas dobradas, visto que eram
da falta de pessoas qualificadas na utilização do método mesmo. poucos os rendimentos.
SISTEMA CONTABILÍSTICO DO ERÁRIO RÉGIO DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO
O sistema contabilístico usado não tinha como objetivo Contudo, surgiram dificuldades na implementação à
reconhecer e representar o património do Estado, mas distância, dada:
sim assegurar que estava a ser usado um sistema de • A falta de informação relevante;
controlo adequado para a movimentação de dinheiro • A falta de clareza na informação;
e um correto registo dos valores dos devedores e dos • A incorreta classificação das despesas;
credores. • O não cumprimento das instruções;
Assim, as funções de supervisão e controlo eram as • A falta de profissionais qualificados.
mais importantes na administração das contas públicas.
APÓS 1761
DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO
LEI DE 23 DE JULHO 1766
A principal dificuldade na implementação deste sistema O objetivo da Lei de 23 de julho de 1766 era restaurar
estava relacionada com o facto de os responsáveis pela as depauperadas finanças municipais e fixar regras
arrecadação dos impostos não enviarem a informação muito rigorosas para a escrituração dos livros mestres
requerida nos prazos estabelecidos. de Receita e Despesa que todas as Câmaras deviam ter.
Adicionalmente, as cartas da época argumentavam que
tinha sido feita uma interpretação errada do que estava CARTA DE LEI DE 30 DE AGOSTO DE 1770
estabelecido na lei e nas instruções enviadas. A Carta de Lei de 30 de agosto de 1770 impôs a
Por último, também a dispersão geográfica era outro inscrição na Junta do Comércio aos comerciantes de
aspeto a considerar. boa fama e a todos os guarda-livros, caixeiros, praticantes
de casas comerciais, sob pena de os seus livros não
poderem valer em tribunal.
DEPOIS DO GOVERNO DO MARQUÊS DE POMBAL
1777 Morte do rei D. José e o afastamento do Marquês de Pombal, pelo que a corrente legislativa reduziu drasticamente
Nos próximos 50 anos, apenas 2 diplomas se ocuparam das questões contabilísticas
1809 Alvará de Junho de 1809 que impõe a selagem dos livros aos negociantes e mercadores a retalho
Decreto de 29 de Julho de 1809 estatuiu que os negociantes devem ter um livro pelo menos com o título de Diário
1832 Eliminação do Erário Régio, para dar lugar ao Tribunal do Tesouro Público.
Aprovação do decreto através do qual se procedeu à organização da Fazenda, muito embora ainda não se tivesse estabelecido
uma repartição especialmente vocacionada para a função contabilística.

1833 Publicação do Código de Ferreira Borges, o primeiro Código Comercial Português, que procurava acostumar o comércio
à regularidade e diligência e acabar com a inércia e desleixo principalmente dos negociantes mais antigos , que, apegados
às ideias cavaleirosas da boa-fé, julgam-se ofendidos quando se lhes exigem algumas seguranças.

1835 Decreto de 12 de junho que determinava que houvesse em cada ministério uma escrituração central por partidas
dobradas
1849 Decreto de 10 de novembro de 1849, que criou no Tribunal do Tesouro Público um novo departamento, que foi pela
primeira vez designado como Direção Geral de Contabilidade.
1863 Decreto de 12 de dezembro de 1863, que aprova o Regulamento Geral da Contabilidade Pública, que atribuía à Direção
Geral da Contabilidade:
• A competência para coligir, resumir e centralizar nos seus livros a escrituração mensal da receita e despesa do Estado
• A organização anual do Orçamento Geral do Estado e das contas gerais de gerência e de exercício.
1880 Reconhecimento por parte do governo da vantagem e utilidade da partida dobrada, que passou a ser utilizada nas contas
do Estado
O ensino da Contabilidade passa a ser feito em todos os liceus e compreende os princípios da escrituração.
Regulamento Geral de 31 de agosto traz a primeira reforma da Contabilidade pública (repete a disposição de 1835).
1888 Criação do novo Código Comercial Português, que apresenta uma forte influência do anterior e dos dois melhores códigos que
então havia – o código italiano de 1883 e o código espanhol de 1886.
As vicissitudes que acompanharam o advento da República não trouxeram um período feliz no que respeita à consolidação
da Contabilidade Pública. Surgiram várias reformas, e algumas delas não chegaram a ser verdadeiramente implementadas.

1930 Aumento dos poderes do Tribunal de Contas.


A Reforma da Contabilidade Pública propriamente dita ocorreu com a publicação do decreto com força de lei n.º 18381
de 24 de maio de 1930, que estabeleceu os alicerces que a orientaram até à década de 70.

QUARTO PERÍODO • A publicação:


o Do livro Lições de Contabilidade Geral;
O quarto período começa no início do 3º quartel do o Do jornal de Contabilidade Revista de Contabilidade
século XX e termina em 1985. e Comércio;
Os eventos importantes que marcaram a evolução da
o Dos primeiros trabalhos portugueses de referência
Contabilidade neste período foram:
cobrindo áreas especializadas de Contabilidade;
• A criação:
o Da tradução de obras estrangeiras, principalmente, a
o De concursos para a elaboração de livros e manuais
Theorie Positive de la Comptabilité , que entusiasmou os
de Contabilidade, para o ensino nas escolas elementares do
comércio; contabilistas portugueses e que contribuiu para a
o De associações para Técnicos de Contabilidade, dos modernização do ensino da Contabilidade;
quais a Sociedade Portuguesa de Contabilidade foi a primeira; o De estudos, propostas e resoluções relacionadas com
a normalização contabilística, que culminou com a
• A reforma:
aprovação do Plano Oficial de Contabilidade, DL
o No sector do ensino técnico;
n.º 47/77, de 7 de fevereiro;
o Fiscal em 1963, que alterou significativamente as práticas
o De legislação relativa à formação dos técnicos de
contabilísticas em Portugal.
Contabilidade e com as atividades profissionais dos
contabilistas;

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