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Cadernos de Pesquisa e Extensão da UNIGAMA Seção: Artigos

CADERNOS DE PESQUISA E EXTENSÃO


DA UNIGAMA
Submetido em: fevereiro/2022

Aceito em: fevereiro/2022

Autor para correspondência: guaturarossi@uol.com.br

Editor Acadêmico: Marcelo de Jesus Rodrigues da Nóbrega

MOVIMENTO PENTECOSTAL BRASILEIRO E POLÍTICA:


UMA VISÃO INTEGRATIVA
Luiz Guatura da Silva Neto1, Doaldo Ferreira Belém2, Israel Maia3
1Doutorando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(2019).Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(2017.) Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica de Ciências Humanas e Sociais
Logos (1991). Especialista em Novo Testamento pela Faculdade Evangélica de
Tecnologia, Ciências e Biotecnologia da CGADB (2018). Especialização em Docência
do Ensino Superior pela Faculdade Equipe Darwin. (2011).

2Doutorando e Mestre em Teologia Área Bíblica pela Pontifícia Universidade Católica do

Rio de Janeiro (2018) e Mestre em Ciências da Religião pelo Seminário Integrado


Teológico Pentecostal (2004). Professor de Teologia do Instituto Bíblico Ebenézer.
Bacharel em Teologia-Escola Preparatória de Obreiros Evangélicos, EPOE. Pesquisador
do grupo de estudos "Memória e Culto na Literatura Bíblica" da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro; Aluno dos grupos de estudos "Análise Retórica Bíblica Semítica" e
"Tradição e Literatura Bíblica" - ambos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro. Tem experiência na área de Teologia, com ênfase em Antigo Testamento.

3Bacharel em Teologia pela Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do


Brasil, FACETEN, Brasil. Bacharel em Teologia Livre pelo Instituto Bíblico Ebenézer, IBE.
Especialização em Docência do Ensino Superior - Faculdades Kennedy, KENNEDY.
Especialização em Psicopedagogia Institucional. Faculdades Kennedy, KENNEDY.
Formação em Psicanálise Clínica pela Academia Brasileira de Psicanálise Clínica, ABPC,
Professor na área de Teologia Sistemática para nível Médio e Bacharelado Livre no IBE.
Professor no Curso de Pós-Graduação em Psicologia Eclesiástica no Instituto Superior
Conamad, Iscon.

RESUMO
O estudo com pesquisa bibliográfica e abordagem qualitativa tem coimo objetivo
abordar o movimento pentecostal brasileiro e a política por uma visão integrativa. A
participação política dos evangélicos pentecostais ainda é muito recente no contexto
político brasileiro, tendo ocorrido a partir de meados de 1980. Embora os problemas
políticos eleitorais estivessem presentes desde a proclamação da República,

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permanece uma ideologia conservadora, que necessita ainda de amadurecimento e
maior participação social. O Brasil é um país que tem conquistado sua independência
há 200 anos, entretanto, ainda possui dívidas sociais que se arrastam até o contexto
atual. O país está gradativamente incorporando e respeitando a laicidade e, com isso,
reconhecendo o lugar da religião no país. Educação e participação na política
brasileira ainda são aspectos desafiadores no contexto brasileiro contemporâneo. A
entrada dos evangélicos pentecostais na política ocorreu no cenário brasileiro na
década de 1980. É nesse contexto que alguns tabus culturais e sociais foram
derrubados, como a própria constituição desse grupo no país, ou seja, a percepção
deles sobre a cosmovisão e suas formas de intervir no mundo. Todas as mudanças que
aconteceram nessa década possibilitaram que o grupo de evangélicos abandonasse
posições culturais e assumisse cargos na esfera política. Essa inserção no campo político
acabou reconfigurando o papel dos evangélicos, como seus direitos sociais como
cidadãos e sua liberdade religiosa. Destaca-se que essa liberdade religiosa

religioso que buscava inserir as necessidades sociais, políticas e econômicas dos


evangélicos no Brasil. O estudo mostrou que a política vivida pelos evangélicos e ou os
pentecostais ainda é reacionária e conservadora, chegando até mesmo a vivenciar
uma opinião monolítica e incerta sobre o futuro político do país. Os religiosos devem
procurar cada vez mais incorporar as diferenças institucionais, partidárias, ideológicas e
sociais para poderem atuar de forma progressista nesse cenário tão complexo que é a
política brasileira.

Palavras-chave: Igreja pentecostal. Política dos pentecostais. Participação política.

ABSTRACT
The study with bibliographic research and qualitative approach aims to approach the
Brazilian Pentecostal movement and politics from an integrative view. electoral political
problems were present since the proclamation of the Republic, there remains a
conservative ideology, which still needs to mature and greater social participation. Brazil
is a country that has gained its independence for almost 400 years, however, it still has
social debts that drag on to the current context. The country is gradually incorporating
and respecting secularism and, with that, recognizing the place of religion in the country.
Education and participation in Brazilian politics are still challenging aspects in the
contemporary Brazilian context. The entry of Pentecostal evangelicals into politics took
place in the Brazilian scenario in the 1980s. It is in this context that some cultural and social
taboos were overturned, such as the very constitution of this group in the country, that is,
their perception of the cosmovision and their ways of intervene in the world. All the
changes that took place in this decade made it possible for the group of evangelicals
to abandon cultural positions and assume positions in the political sphere. This insertion in
the political field ended up reconfiguring the role of evangelicals, as well as their social
rights as citizens and their religious freedom. It is noteworthy that this religious freedom
de-
that sought to insert the social, political and economic needs of evangelicals in Brazil.
The study showed that the politics lived by evangelicals and/or Pentecostals is still
reactionary and conservative, even experiencing a monolithic and uncertain opinion
about the political future of the country. Religious people must increasingly seek to
incorporate institutional, party, ideological and social differences in order to be able to
act progressively in this very complex scenario that is Brazilian politics.

Keywords: Pentecostal Church. Pentecostal politics. Political participation.

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1. INTRODUÇÃO
A participação política dos evangélicos pentecostais ainda é
muito recente no contexto político brasileiro, tendo ocorrido a partir de
meados de 1980. Embora os problemas políticos eleitorais estivessem
presentes desde a Proclamação da República, permanece uma
ideologia conservadora, que necessita ainda de amadurecimento e
maior participação social.
A partir disso, no cenário político, é necessário incorporar o jogo
democrático presente na política, e seus agentes sociais precisam
respeitar a diversidade cultural e a pluralidade do grupo e da sociedade.
Os grupos pentecostais e protestantes históricos são formados pelos
evangélicos latino-americanos desde a reforma protestante, e, nos
séculos XX e XXI, as igrejas que mais crescem são a Assembleia de Deus
e Igreja Universal do Reino de Deus.
O Brasil é considerado um país ainda jovem por ter conquistado sua
independência há 200 anos, entretanto, ainda possui dívidas sociais que
se arrastam até o contexto atual. O país está gradativamente
incorporando e respeitando a laicidade e, com isso, reconhecendo o
lugar da religião no país. Educação e participação política brasileira
ainda são aspectos desafiadores no contexto brasileiro contemporâneo.
É preciso que os agentes religiosos pentecostais amadureçam os seus
ideais religiosos e fortaleçam a democracia no país (MESQUIATI, 2020).
A pesquisa tem como objetivo geral abordar o movimento
pentecostal brasileiro e a política por uma visão integrativa.

2. A POLÍTICA NA VISÃO DOS PENTECOSTAIS


Quando a denominação "evangelismo" é utilizada, está focando
apenas um rótulo genérico que é resultante de um processo do qual
emergiram determinados grupos religiosos herdados do século XVI onde
surgiram segundo (GRUMDBERGER, 2018,n.p.).

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os luteranos, metodistas, calvinistas, batistas, menonitas,


presbiterianos e pentecostais, entre as denominações mais
conhecidas. O protestantismo, que é o antecedente e o marco
histórico de todas as igrejas evangélicas, é um movimento
cristão que, ao contrário do catolicismo, baseia exclusivamente
a autoridade religiosa na Bíblia como instância superior à
"tradição sagrada" e opõe-se à infalibilidade do papa (e,
portanto, sua religião é evangélica, em vez de apostólica, como
o catolicismo). Deste ponto de vista, ser evangélico não é uma
religião no sentido de estar inscrito em uma burocracia ou em
um ritual, mas sim em um encontro pessoal com Jesus, o Espírito
Santo e Deus o Pai. Desse encontro, todo crente pode e deve
dar testemunho, e é por isso que todo crente é, ao mesmo
tempo, um sacerdote.

A politização religiosa presente nas sociedades ocidentais


contemporâneas tem presente em seus discursos uma (re) introdução
"que é resultante da linguagem de organizações religiosas pentecostais
no cenário brasileiro, linguagem conservadora, e intolerância ao criar
problemas oriundos do contexto sociocultural e pluralidade de outros
4,n.p.).
O pentecostalismo, sem dúvidas, acaba impactando mais
solidamente nas transformações culturais e em sua evolução no cenário
político do que na direção dos votos em si do grupo dos evangélicos,
embora seja necessário destacar que é algo incompleto ainda. O
contexto latino-americano busca apresentar uma percepção de
um clima instável com os demais grupos religiosos, os evangélicos
contestam e reivindicam melhor do que qualquer outra pessoa. Os
problemas encontrados no campo econômico ou a desigualdade social
tão presentes no Brasil podem ser interpretados como algo que pode
dinamizar mudanças significativas no comportamento político
(GOUVEIA, 2011).
No contexto da abertura democrática política, principalmente
após a elaboração da Constituição de 1988, no Brasil, foi possível verificar
a presença dos pentecostais no campo político. Tal fato ocorreu no
processo de redemocratização do país, sob a urgência de influenciar a

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vida cristã evangélica. Com isso, foi possível verificar como o movimento
pentecostal se integrou na política contemporânea (SILVA, 2019).
Um dos principais aspectos das iniciativas dos políticos pentecostais
nasceu com a finalidade ajudar na inserção dos evangélicos em outros
setores da sociedade. Houve grandes impactos na linguagem dos
religiosos desse contexto que lutaram para amenizar a desconfiança de
que haveria um estreitamento da esfera pública. Desse modo, buscaram
superar as expectativas de alguns grupos, debatendo temas como
justiça, igualdade e reconhecimento vindos de grupos subalternos. Com
isso, houve um aumento do espaço ocupado por esses novos atores
sociais da religião pública (MACHADO, 2014).

Uma marca preliminar importante a ressaltar é que nossos


entrevistados são fluentes no "idioma secular". Conseguem
perfeitamente expressar visões, narrar acontecimentos,
defender posições, identificar tendências estruturais, sem
recorrer a uma linguagem cifrada pela religião. Em
determinados debates, como os ligados à sexualidade e à
manipulação genética, discursos científicos, psicológicos e
jurídicos são crescentemente identificáveis, contra e a favor,
dependendo do ator religioso em questão. Esse ponto
aparentemente banal tem grande relevância no debate
recente sobre a presença da religião na esfera política. Seja no
registro acadêmico, seja no debate público, há expressas
resistências ao que pareceria uma indevida intrusão de
argumentos religiosos na esfera pública, precisamente porque
eles apelariam a critérios não verificáveis ou não acessíveis
a outsiders. (MACHADO, 2014, n.p.)

A expansão dos movimentos religiosos e pentecostais no contexto


latino-americano é um aspecto cultural significativo da atualidade. De
um contexto contingente que, inicialmente, se apresentava como uma
proposta subcultura extremamente avessa à exposição pública,
atualmente, sua presença está inserida nos meios de comunicação de
massa (SOUZA, 2002).

O pentecostalismo globalmente representa esse tipo de


cristianismo desinteressado da doutrina e centrado no

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emocional, na vivência do sobrenatural. Por isso são tão
importantes, nele, os milagres, os sinais como o falar em línguas
(glossolalia), as curas, os exorcismos. Se tais considerações estão
corretas, em um continente em que a pobreza não cessa de
crescer, as razões para o crescimento de tais movimentos e
organizações religiosas parecem ser evidentes. Mas seria só o
empobrecimento cada vez maior do continente o elemento
chave para entendermos o crescimento da denominação
pentecostal? Ainda, somente os pobres afastam-se de
elaborações intelectuais em favor da percepção do mundo a
partir das emoções? (SOUZA, 2002,n.p.)

2.1 Reconfiguração do campo religioso brasileiro das Igrejas Pentecostais


Desde o século XX, a sociedade vem passando por profundas
transformações, e o movimento evangélico também sofre os impactos
dessas mudanças. O apoliticismo, todas as restrições do mundo,
gradativamente, vão perdendo força e reconfigura-se um novo cenário
histórico e social. Com a transformação do movimento evangélico,
houve uma inserção significativa em novos estratos e grupos sociais,
dessa forma, ampliou-se a participação em vários âmbitos da sociedade,
inclusive no âmbito político (GOUVEIA, 2011).

O ser evangélico, na atualidade, se transformou em um


fenômeno global. É notável a grande expansão do movimento
ao longo das últimas décadas em sociedades emergentes do
Pacífico Sul, da África, Leste e Sudeste da Ásia. Mariano (1999, p.
9) trata esse processo como globalização do protestantismo
popular. Contudo, a região do mundo em que se verifica a
maior expansão evangélica é a América Latina. Para além, o
Brasil assume papel preponderante nesse contexto, ao possuir o
maior número de protestantes da Latino-América. Dessa forma,
tem-se que o maior país católico é também o maior país
protestante da América do Sul. (GOUVEIA, 2011,n.p.)

As relações políticas, culturais e religiosas, nesse contexto


contemporâneo, propõem uma nova identidade evangélica, e, nessa
perspectiva, cria-
cultura evangélica, observa-se a tendência da religiosidade autônoma,
em que os indivíduos dispõem do mercado cultural para formar visões de

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m BELLOTTI, 2010, p. 57)
comenta que,

A partir, sobretudo, das décadas de 1960 e 1970, o cenário


político, econômico e tecnológico do Brasil contribuiu para o
desenvolvimento da indústria cultural no país. É nesse novo
cenário que a religião encontra um ambiente profícuo para a
propagação de suas práticas e costumes.

Dessa forma a religião está vinculada com a política, ou seja, na


própria Bíblia diz que nós, homens e mulheres cristãos, somos o "sal da
terra e a luz do mundo". O que é sal? Sal é para salgar o que está
apodrecendo, e o mundo está podre, a cada minuto que passa o mundo
apodrece mais. Quando entra, você ou eu, com o nome de Jesus, com
o brilho de Jesus, as trevas têm de ir cedendo, porque a luz vai chegando
[...] (BELLOTI, 2000).

Teixeira & Menezes (2013) comentam o censo de 2010, consta que


grupos evangélicos e protestantes, nesse contexto, caracterizavam 22%
da população brasileira e, atualmente, já devem representar um terço,
sendo que as igrejas pentecostais representam de forma significativa essa
expansão.
Dessa forma, verifica-se que a participação política dos
pentecostais no cenário brasileiro ainda é algo recente, tendo início na
década de 1980, quando ainda estavam instalados grupos autoritários e
conservadores. Há grupos políticos que consideram a participação
organizada dos grupos pentecostais como algo antidemocrático. Desse
modo, os agentes religiosos ainda caminham lentamente em direção ao
respeito da diversidade e da pluralidade cultural (OLIVEIRA, 2020), assim,
verificamos que,

Uma crescente disputa dos atores coletivos, no campo religioso,


em busca de reconhecimento e, no campo político, à procura
de mais recursos para fortalecerem suas denominações. Essas

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disputas constituem parte da construção de identidades
coletivas, na qual a tradição é inventada e a história é revista,
segundo versões oficiais de cada grupo. A afirmação da
identidade implica criação e nomeação de inimigos. Daí poder
-se afirmar que o comando do movimento pentecostal tem
necessidade de nomear inimigos. (BAPTISTA, 2009, p. 387)

Os pentecostais devem ainda procurar romper com os desafios nos


campos políticos e sociais, buscando construir algumas frentes políticas
partidárias que estejam presentes desde as candidaturas, precisam
fundamentalmente se unir com a liderança dos partidos. Os políticos,
com todos os seus conhecimentos embasados em uma agenda e em
conceitos bíblicos, devem, essencialmente, buscar se filiar com outras
igrejas pentecostais; somente dessa forma se conseguirá atingir um
espaço significativo na esfera política (ARAÚJO, 2007).

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia utilizada para a realização deste estudo foi a
revisão integrativa de literatura sobre o tema. A pesquisa tem como
objetivo geral abordar o movimento pentecostal brasileiro por uma visão
integrativa. Para tal, foi realizada a análise conforme os pressupostos
teóricos apresentados por Mendes (2008).
O autor descreve que a elaboração da revisão integrativa deve
cumprir seis etapas, descritas subsequentemente:
1) Identificação do tema e questão de pesquisa:
2) Estabelecimento de critérios de seleção para inclusão:
3) Avaliação dos estudos incluídos:
4) Definição das informações a serem extraídas dos estudos
selecionados;
5) Interpretação dos resultados:
6) Apresentação da revisão e síntese do conhecimento (MENDES, 2008).

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A pesquisa de natureza descritiva foi realizada através de revisão
bibliográfica sistematizada baseada em obras secundárias que abordam
o tema em questão, publicadas no período de 2006 a 2020.
Na fase de seleção, as obras foram lidas na íntegra com atenção
especial para os resultados e conclusão das obras. Os trabalhos que não
apresentavam qualquer relação com o tema da pesquisa foram
excluídos. Em seguida, foi realizada a triagem das obras e foram obtidos
14 artigos científicos que esboçaram questões acerca da evolução dos
pentecostais na política brasileira (MENDES, 2008).
Na fase de interpretação, as obras foram lidas e analisadas sendo
que os eixos temáticos resultantes da análise textual foram organizados
no item Resultados.
Visando obter resultados efetivos com o estudo, foram utilizados
os seguintes descritores: Igreja pentecostal. Política dos pentecostais.
Participação política. Em seguida, houve a realização de uma busca nos
bancos de dados, resultando em 14 trabalhos científicos inerentes à
temática do trabalho. Após a leitura crítica dos artigos, os textos foram
interpretados, tencionando esclarecer o objetivo da pesquisa proposta e
transferi-los em resultados pertinentes a temática.

3.1. Revisão integrativa da literatura


A revisão integrativa da literatura com abordagem qualitativa é
um método de pesquisa no âmbito da Prática Baseada em Evidência
(PBE), e envolve a sistematização e a publicação dos resultados de uma
pesquisa bibliográfica em qualquer área científica, evidenciando a
relevância da pesquisa acadêmica na prática, oferecendo
embasamento científico aos profissionais na realização destas (MENDES,
2008).
Para guiar o estudo, foi elaborada a seguinte questão de
investigação: como os pentecostais foram evoluindo na política no

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cenário brasileiro? O principal objetivo da revisão integrativa é a
integração entre a pesquisa científica e a prática profissional,
ocasionando o enriquecimento da prática que é sustentada pelo
método (MENDES, 2008).

3.2. Recorte temporal


Os critérios de inclusão dos artigos elencados para a análise foram:
artigos publicados no período entre os anos 2006 e 2020, que pertenciam
à temática e que estavam disponíveis na íntegra on-line (MENDES, 2008).
Os critérios de exclusão foram: artigos não disponíveis na íntegra,
artigos que não atendiam à temática. O levantamento bibliográfico da
presente pesquisa é fomentado por meio da literatura científica,
concentrando-se nos trabalhos publicados sobre movimento pentecostal
brasileiro e política.

desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído de livros e

O mapeamento da literatura foi realizado através de buscas


sistemáticas em base de dados nacional, livros, teses, dissertações e
artigos científicos.
Realizou-se a leitura dos títulos obtidos pelo levantamento
bibliográfico, e, dentre estes títulos, foram selecionados os que se
articulavam mais amplamente com o tema proposto, o qual trata da
política dos pentecostais no cenário brasileiro (MENDES, 2008).

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4. RESULTADOS
4.1. Quadro demonstrativo dos artigos referenciados
Quadro 1: Descrição dos estudos incluídos na revisão integrativa, segundo autor(es), título,
síntese de dados e ano de publicação.

Ano de
Nº. Autor(es) Título Síntese de dados Editoras publicaç
ão
Dicionário que
Dicionário do relata todos os
1. ARAUJO, Isael. Movimento temas utilizados no CPAD 2007
Pentecostal movimento
pentecostal.
Pentecostais e Relata o
2. neopentecostais crescimento dos Periódico
BAPTISTA, Saulo 2009
na política pentecostais na s UEM
brasileira política.
Delas é o reino dos
Caracteriza a mídia
céus: mídia
evangélica infantil
3. BELLOTTI, Karina evangélica infantil
na cultura pós- FAPESP 2010
Kosicki. na cultura pós-
moderna.
moderna do Brasil
(anos 1950 2000)

4. Religião em Relata dados do


CENSO Vozes 2013
movimento Censo de 2010.

Secularização,
pluralismo religioso
e democracia no Aborda a temática
Universid
Brasil: um estudo pertinente à
5. FONSECA, ade de
sobre a secularização 2002
A.B.C. São
participação dos religiosa no país em
Paulo
principais atores 1998-2002.
evangélicos na
política: 1998-2001
O uso político da
religião e o uso
Relata como o
religioso da política
religioso pentecostal Revista
6. GOUVEA como a defesa de
utiliza a política e a Interaçõe 2018
NETO,Ana Luisa pautas morais
moral em seu s
indica uma
discurso.
compreensão de
gênero

Pentecostalismo Caracteriza o
GRUNDBERG, Internatio
7. nos Países do Cone pentecostalismo no
José Luis Pérez nal 2018
Sul: Visão Geral e Cone Sul, citando as
Guadalupe Sociology
Perspectivas perspectivas futuras.

SILVA NETO; BELÉM & MAIA (2022) 116


CADERNOS DE PESQUISA E EXTENSÃO DA UNIGAMA
Explana os Revista
Igrejas referenciais que as Brasileira
8. pentecostais e sua igrejas pentecostais de
LACERDA, G. 2016
atuação política utilizam em sua História
recente no Brasil comunicação das
política. Religiões
A ascensão
MACHADO, Relata a ascensão
política dos
9. Maria das Dores dos pentecostais no
pentecostais no Vozes 2014
Campos; BURITY, contexto brasileiro e
Brasil na avaliação
Joanildo suas lideranças.
de líderes religiosos
Integrative review:
10. MENDES, research method Relata dados
K. D. S.; SILVEIRA for the metodológicos da
Fapesp 2008
R. C. C. P; incorporation of pesquisa integrativa
GALVÃO, evidence in health em artigos.
C. M. and nursing
Revista
Descreve a Brasileira
OLIVEIRA, Igrejas Pentecostais evolução das igrejas de
2019
Mesquiati brasileiras pentecostais História
11. brasileiras. das
Religiões

Contextualiza as
Religião e política
religiões no Cone Atlas 2006
ORO, A. P. no Brasil.
12. Sul.

O processo de
13. representação Contextualiza o Revista
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2019
Teixeira pelas igrejas igrejas pentecostais american
pentecostais no brasileiras a
Brasil
SOUZA, Etiane
14. Caloy
Bovkalovski de; Dossiê Os Relata dados sobre
Revista
BREPONI, pentecostais: entre a fé e a política no 2002
Scielo
Marionilde Dias a fé e a política cenário brasileiro.
Brepohl de
Magalhães
FONTE: Dados elaborados pelo autor.

5. CONCLUSÃO
Abordar temas relacionados aos evangélicos pentecostais no
cenário brasileiro tornou-se, para os pesquisadores, uma fonte
inesgotável de enigmas por mais de 30 anos. Na política contemporânea
composta por esquerdistas e progressistas, acaba sendo exposto o

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constante medo da religião nesse cenário, a qual é considerada como
algo obscuro e até mesmo alienante.
Na concepção pentecostal, os poderes sagrados presentes na
religião se encontram distribuídos de forma horizontalizada, ou seja,
enviando à rotinização do carisma; à soberania de Deus sagrado que é
compartilhada pelos fiéis das igrejas pentecostais. As forças contrárias se
veem nesse cenário cotidiano confrontadas pelos membros da
comunidade cristã e todo o ideal de pobreza e humildade pregados
continuamente, que são prescritos nos textos evangélicos, torna-se até
rejeitado e substituído por uma nova ética evangélica. Nessa
perspectiva, somente o trabalho, a "posse" dos bens materiais e a
solidariedade entre os seus podem conseguir proporcionar uma
sociedade igualitária em todos os aspectos.
Dessa forma, a política vivida pelos evangélicos e ou pentecostais
é reacionária, extremamente conservadora, chegando até mesmo a
vivenciar uma opinião monolítica e incerta sobre o futuro político do país.
Os religiosos devem procurar cada vez mais incorporar as diferenças
institucionais, partidárias, ideológicas e sociais para poderem atuar de
forma progressista nesse cenário tão complexo que é a política brasileira.

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