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POS GRADO: DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA

GRUPO: PORTO ALEGRE II

TRABALHO: DIMENSSÕES HISTÓRICAS DOS SISTEMAS EDUCATIVOS

NOME: DEISE DILVANA FERNANDES


SEMINÁRIO: DIMENSSÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO
PROFESSORES: PABLO PINEU, LUZ AYUSO

Buenos Aires, Fevereiro de 2011


INTRUDUÇÃO

Com a proposta de elaborar uma relação teórico/prática, na qual servirá de referência o


conteúdo transmitido em aula, o conteúdo disponibilizado pelos professores e demais
conteúdos de pesquisa individual, será feito uma referência bibliográfica, analisando o
caráter do sistema educacional evidenciado no FILME “ Em nome da Rosa”.

Este filme trata da cultura existente na Idade Média, e as relações que se ocorre dentro
dos monastérios, relações essas de cunho social, educativas, poder político, etc.

2 – DESENVOLVIMENTO

2.1 – IDADE MÉDIA

A Idade Média teve início na Europa com as invasões germânicas (bárbaras), no


século V, sobre o Império Romano do Ocidente. Essa época estende-se até o século
XV, com a retomada comercial e o renascimento urbano. A Idade Média caracteriza-se
pela economia ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica,
sistema de produção feudal e sociedade hierarquizada. Em:

A Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do poder espiritual, a Igreja


influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento na Idade
Média. A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em grande
quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram
responsáveis pela proteção espiritual da sociedade. Passavam grande parte do tempo
rezando e copiando livros e a Bíblia.

No período medieval a educação era desenvolvida em estreita simbiose com a Igreja,


com a fé cristã e com as instituições eclesiásticas que – enquanto acolhiam os oradores
(os especialistas da palavra, os sapientes, os cultos, distintos dos bellatores e dos
laboratores) – eram as únicas delegadas (com as corporações no plano profissional) a
educar, a formar, a conformar. Da Igreja partiram os modelos educativos e as práticas
de formação, organizavam-se as instituições ad hoc e programavam-se as intervenções,
como também nela se discutiam tanto as práticas como os modelos. Práticas e modelos
para o povo, práticas e modelos para as classes altas, uma vez que era típico também da
Idade Média o dualismo social das teorias e das práxis educativas, como tinha sido no
mundo antigo. Conforme em, no dia 08 de Dezembro de 2010,:
http://www.pedagogia.com.br/historia/medieval.php.

A Educação formal era transmitida fundamentalmente pela Igreja e na Igreja, alcançava


uma fatia muito limitada da população laica, principalmente membros da nobreza e das
elites urbanas, além de elementos pertencentes á administração das cidades.
(OLIVEIRA E SOUZA,PG 20)

2.2 – O FILME: EM NOME DA ROSA

E é nesse contexto de mosteiros e a vida cotidiana, na qual o filme Em nome da Rosa se


insere, tratando de mostrar um mosteiro beneditino, localizado no norte da Itália, onde a
biblioteca deste mosteiro será a palavra-chave da ação, pois trata-se de uma biblioteca
fabulosa em obras. Onde o monge franciscano Guilherme de Baskeville, personagem
principal,e seu discípulo (mestre e o aluno), vão visitar um monastério e se deparam
com monges mortos, ao buscar investigar o que está ocorrendo, percebem que há muitos
segredos envolvidos nessas mortes e que os monges mais velhos, não querem e
recriminam quem busca um conhecimento maior, além da idéia do Divino. Inclusive
colocando a culpa das mortes em um povo flagelado (detentor de muitos pecados) que
morava ao redor do monastério. Com o desenrolar do filme, se descobre que me verdade
que os monges mortos, foram envenenados por folhas de um livro na qual a leitura era
proibida e tinha desaparecido do acervo da biblioteca e que o monastério escondia uma
vasta biblioteca, na qual era muito secreta, ( um labirinto), na qual apesar o monge
bibliotecário Malaquias tinha acesso, evitando assim que os demais monges tivessem o
conhecimento a essa biblioteca e conseqüentemente a todo as informação nela contida e
começassem a questionar o que a Igreja Católica pregava, ensinava como verdade e
desta forma a Igreja perdesse o poder.
2.3- FORMA DE SABER

Outro aspecto interessante que foi alocado no filme, era a forma na qual o saber era
feito, (verdade revelada) e certamente o centro das discussões e conflitos que ocorreram
na Idade Média se dá devido o dualismo entre o saber Humano e Saber Divino. Segundo
a visão de Lopes

Entre a razão e a revelação, o cristianismo medieval tendeu a optar pela verdade


revelada, concedida por Deus no acto sagrado da comunicação, subjugando a razão
humana á percepção deste axioma, fundamentação que implicará na ordem de
conhecimento de toda a história do cristianismo. (LOPES, 2003)

Ainda para Lopes: O antagonismo funcional das filosofias expressas nas escrituras
contribuiu para interpretações criticas que formaram diversas correntes dissidentes e
opostas que marcaram o panorama religioso da Idade Média e, ironicamente,
conformaram o caráter dogmático do cristianismo. (LOPES, 2003).

Podemos observar alguns aspectos que nos remete a Educação da época:

Caráter proibitivo dos livros: diversos livros, ainda que não representassem ameaça
direta a igreja, não eram acessíveis. A essas obras era atribuído um caráter proibitivo
pela igreja, por apresentarem conteúdo perigoso a seus fiéis, desta forma, muitas obras
eram ocultadas ou perdidas, apenas as obras permitidas pela igreja eram liberadas para a
tradução/consultas, logo a Igreja detinha o poder bibliográfico da época.

Dificuldade de Acesso as Bibliotecas: O numero de manuscritos era muito limitado,


devido ao alto custo das cópias, o domínio da língua, muitos dos monges literalmente
apenas copiavam os manuscritos, mas não os entendiam, poucos eram os monges que
liam e entendiam o Latim, que era a língua de predomínio dos manuscritos, e de
domínio da Igreja, mas também tinha manuscritos em outras línguas, daí de mais difícil
tradução e compreensão ainda.

Analfabetismo da População: A maioria da população era analfabeta, não dominava


nem o latim e nem o grego e a maioria não era alfabetizada nem na sua língua mãe
(local), o que para OLIVEIRA E SOUZA, Pg. 48: “representava uma barreira
intransponível para o acesso ao conhecimento” logo toda a informação que chegava a
população era necessariamente mediada pelos membros da Igreja.

O saber unificador Medieval: para LOPES: “O saber unificador que o homem


medieval assegurou permitiu moldar as mentalidades para suportar as inúmeras
dificuldades dos primeiros 500 anos após a queda do Império Romano em 4761,
organizando as formas de conhecimento que possibilitaram os desenvolvimentos
técnicos que estarão na base da conquista da organização da sociedade medieval e que
constituem a génese do mundo ocidental tal qual o conhecemos. A ideologia cristã
definiu uma estrutura de saber completo: um saber que limita e orienta a doutrina
teórica e o conhecimento, que orienta as experimentações técnicas e os
desenvolvimentos tecnológicos; um saber que legitima a estrutura social.”

Dualismo Saber Humano X Saber Divino:

O predomínio do saber na qual a Igreja utilizava, era o saber revelado, na qual os


DOGMAS, formados através de concílios e as verdades vinham de uma construção
abstrata. O rezar era uma forma de se conhecer a verdade.

Em PINEU E AYUSO. Pg.381: “haveria um primeiro e grande esforço em confrontar a


fé coma razão. Sem dúvida, todavia, não se tratava em por em duvida de juízo a verdade
da religião, porém sim em experimentar a necessidade de interrogá-la, de perguntar com
que títulos reclamava o credito que pedia, de encontrar uma forma de fazê-la racional,
se experimentava a necessidade de entende-la, sem pensar sequer se poderia ser falsa e
somente isso constituía uma grande novidade. Ainda “ porque desde o momento em que
se introduziu a razão, a critica, o espírito da reflexão em uma ordem de idéias, que até
então se mostrava refratário a ela e não se havia nada a fazer, o inimigo estava dentro.”
E finalizando: “Essa foi a obra da escolástica, introduzir a razão nos dogmas.”

Poder Hegemônico da Igreja Católica sobre a educação formal: Como já foi citada
anteriormente, a educação formal era realizado pela Igreja Católica, além de esta
instituição ter em seu poder todo ou grande maioria do acervo bibliográfico da época.

2.4 – BIBLIOTECAS DA IDADE MÉDIA


Durante a Idade Média boa parte do conhecimento humano estava sob a guarda da
Igreja Católica, na qual os mosteiros eram verdadeiras oficinas gráficas, pois ali eram
feitos livros gráficos, consideradas na época como local sagrado eram veneradas e
cercadas por uma áurea de mistérios.

Os principais usuários destas bibliotecas eram, além dos habitantes dos mosteiros,
estudiosos de outras partes, ligados a mosteiros e universidades. Os empréstimos das
obras eram extremamente restritos, entretanto a compra de uma cópia era prevista,
porém com um custo alto e com demora. A entrada no recinto do guarda livros era
privilégio exclusivo do bibliotecário, ou um auxiliar. O copista recebia os manuscritos a
serem copiados das mãos do monge coordenador, que em geral era o próprio
bibliotecário e dele também era a função de guardar os manuscritos depois de copiados.

O acervo de obras contido nessas bibliotecas era constituído em sua grande maioria por
textos religiosos e livros litúrgicos, embora em sua minoria pudesse ser encontrados
obras de todos os campos do conhecimento humano. A quantidade de obras, em geral,
não era muito grande, isso devido ao alto custo da matéria prima para a confecção dos
manuscritos e da mão de obra, além de não haver grande demanda de manuscritos por
parte das pessoas, visto que os usuários representavam um grupo muito pequeno.

Segundo OLIVEIRA E SOUZA, Pg 24: “ A manutenção do acervo das bibliotecas era


feita por meio de cópias de obras consideradas importantes e que por muitas vezes eram
emprestadas a outros mosteiros. A cópia de um livro fazia parte das atividades dos
monges e era tão importante quanto os votos de castidades e obediência que faziam”

Na idade média, para OLIVEIRA E SOUZA, PG 17: “dava-se mais importância ao


controle das pessoas do que dos livros, pois as pessoas podiam falar, interpretar e
divulgar as idéias consideradas perigosas a igreja, enquanto os livros continuavam
preservados em lugares praticamente inacessíveis. Os livros eram preservados graças ao
interesse da igreja, aos interesses de estudiosos e mesmo de leigos letrados. Muitos
livros perderam-se, entretanto, não por uma destruição sistemática, mas porque seu
conteúdo não despertava o interesse daquela instituição, ou do universo de leitores
daquela época.”
3- CONCLUSÃO

No filme apresentado em aula, Em nome da rosa pode-se observar, além da sociedade


presente na Idade Média, em especial o cotidiano vivido em um Monastério, evidencia o
poder da Igreja Católica, sobre o pensamento e saber desta época, sobre como o
aprendizado e o ensino eram transmitidos e para quem o eram transmitidos. Esse poder
é conquistado em vários aspectos, seja pelo poder econômico, de território, cultural, de
conhecimento, direcionando o saber a cada seguimento da sociedade da Idade Média,
através da Ordem Feudal.
BIBLIOGRAFIA.

HENRIQUES, Helena Castanheiras; ALMEIDA, Conceição. O lúdico nas


aritméticas do século XVI. Universidade do ninho. Acesso em:

˂http://www.esev.ipv.pt/mat1ciclo/2007%202008/historia%20da%20mat/Ludico%20nas
%20aritmeticas%20do%20seculo%20XVI%20(Helena%20Castanheira).pdf˃. Consultado em 15
de Dezembro de 2010.

LOPES, Hugo. Os mosteiros medievais como edifícios do saber. A conquista do


território pela implantação do conhecimento desde o século X ao século XII. O caso
português como ilustração paradigmática. Milleniun: Revista do ISPV, Viseu, n.27, abr.
2003. Acesso em:

˂http://.ipv.pt/milleniun/Milleniun27/20.htm˃ Consultado em: 15 de Novembro de


2010.

OLIVEIRA, Leivison Silva; SOUZA, Maria Socorro Neri. O Labirinto: Um olhar


sobre a biblioteca da Baixa Idade Média.

PINEAU, Pablo; AYUSO, Luz. Seminário: “Dimensões Histórica dos Sistemas


Educativos” Seleção de textos. UTN. 2010.

˂WWW.suapesquisa.com.br˃. Acesso em: 10 de Dezembro de 2010.

˂WWW.historiadomundo.com.br˃. Acesso em: 08 de Dezembro de 2010.

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