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da Emoção
Sociedade do Séc. XXI e Principais Conceitos
do Pensamento Multifocal
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Sociedade do Séc. XXI e Principais Conceitos
do Pensamento Multifocal
Objetivos
• Identificar os principais fatores da sociedade atual, que impactam na saúde mental do
ser humano e nos seus relacionamentos;
• Apresentar o conceito da virtualidade dos pensamentos, diferenciando o pensamento
unifocal do multifocal;
• Proporcionar reflexões acerca do papel da educação na formação de pensadores e cida-
dãos mais saudáveis emocional e mentalmente.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Sociedade do Séc. XXI e Principais Conceitos do Pensamento Multifocal
Contextualização
Querido aluno, você já pensou no porquê pensa o que pensa? Como se organizam
as informações em nossa memória? Em como, em meio a trilhões de informações re-
gistradas em sua psique, consegue identificar e resgatar informações, em milésimos de
segundos? Já se questionou como seus pensamentos determinam a forma como você se
comporta? Você consegue controlar o que pensa? Pensa ou sente apenas o que deseja
na hora que quer? Consegue parar os pensamentos negativos que invadem e roubam a
sua tranquilidade?
Mas como?
Como explorar esse território intangível da nossa psique?
Esta disciplina tem por objetivo oferecer uma base teórica sólida sobre o processo de
construção do Eu e seu papel como construtor e reconstrutor da memória. Sem auto-
consciência desse processo de formação não somos capazes de criticar nossos precon-
ceitos, gerenciar pensamentos perturbadores ou autorregular emoções tóxicas.
Uma das mais importantes explorações do homem, se não a maior delas, é a explora-
ção de si mesmo, do seu próprio mundo intrapsíquico. Aprender a se interiorizar; a criar
raízes mais profundas dentro de si mesmo; a explorar a história intrapsíquica arquivada
na memória; a questionar os paradigmas socioculturais; a trabalhar com maturidade as
dores, perdas e frustrações psicossociais; a conhecer os processos básicos que constro-
em os pensamentos e que constituem a consciência existencial são direitos fundamentais
do homem, desenvolvendo a consciência crítica.
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Portanto convidamos você, caro(a) aluno(a), a fazer a grande viagem para dentro de
si mesmo(a), conhecer o universo psíquico e aprender a gerenciar pensamentos e senti-
mentos que roubam nossa tranquilidade, assassinam nossa força de vontade, detonam
nossa autoestima e nos impede de sermos felizes e plenos.
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Sociedade do Séc. XXI e Principais Conceitos do Pensamento Multifocal
Figura 1
Fonte: Getty Images
Ou seja, vivemos impregnados pela lógica do ter!!! Ter coisas, informações, melhores
oportunidades e cargos, ter mais dinheiro, enfim, o Ter sobressai-se à lógica do Ser.
Sendo assim, nossas prioridades mudaram. Cuidamos do motor do carro para não fun-
dir, da casa para não deteriorar, do trabalho para não sermos superados, do dinheiro
para não faltar. Alguns se preocupam com suas roupas, outros, com suas joias e, ainda
outros, com sua imagem social.
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Cuidamos de tudo o tempo todo e não cuidamos do que é realmente prioridade, NÓS MESMOS!!!
Conhecemos muitos nas redes sociais, mas raramente conhecemos alguém a fundo
e, o que é pior, raramente conhecemos quem de fato somos, nossos sonhos, fortalezas
e fragilidades. Vivemos sem tempo para cuidar de nossa qualidade de vida e das pessoas
que nos são tão preciosas.
A nossa vida não tem preço! Muitas vezes, a sociedade moderna banaliza a vida;
no jornal televisivo, a apresentadora comenta sobre a morte de alguém e, em seguida,
anuncia o resultado do jogo de futebol, mudando totalmente a expressão, como se o
fato anterior não tivesse mais o mesmo impacto. Nos filmes, cenas de morte e cenas de
horror parecem banalizadas. As propagandas vendem ilusões e passam a ideia de que
a nossa vida vale aquilo que temos em nossa conta bancária, e o que é mais triste, nós
acreditamos nisso e passamos a dar a nós mesmos o mesmo valor que a sociedade nos
dá. A sociedade não nos dá o valor que merecemos, mas nós também não damos.
Quantas desculpas temos, em nossa mente, para não cuidarmos daquilo que real-
mente importa? Falta de tempo? Falta de dinheiro? Excesso de compromissos? Pensa-
mentos perturbadores que não nos deixam ser felizes? O insulto do outro? Se não der-
mos um choque de gestão psíquica nas desculpas que usamos para não fazermos aquilo
que realmente importa, estaremos fadados a sermos reféns do lixo psíquico do outro, ou
do adoecimento do sistema.
Mas, como fazer isso se não nos conhecemos? Se não conhecemos o processo de
interpretação e de construção dos pensamentos? Se não temos conhecimento das inú-
meras armadilhas mentais que nos aprisionam?
O ser humano, como complexo ser pensante, é um exímio explorador. Ele explora,
ainda que sem a consciência de tal ato, até mesmo o meio intrauterino. E, ao nascer,
e em toda a sua trajetória existencial, explora o mundo que o envolve, o rico pool de
estímulos sensoriais e os interpreta.
Nessa trajetória, ele se torna cada vez mais íntimo do mundo em que está, o extrap-
síquico, mas, ao mesmo tempo, torna-se um estranho para si mesmo. O ser humano
moderno, em detrimento dos avanços da ciência e da tecnicidade, vive a mais angustian-
te e paradoxal de todas as solidões psicossociais, expressa pelo abandono de si mesmo.
Vive, segundo a Teoria da Inteligência Multifocal, a Síndrome da Exteriorização, ou seja,
voltado ao mundo externo, mas não conhece a sim mesmo.
Quem não se interioriza é algoz de si, sofre de uma solidão intransponível e incu-
rável, ainda que viva em multidões. Sua flexibilidade intelectual fica profundamente
reduzida para solucionar conflitos psicossociais, superar contrariedades, frustrações e
perdas. É mais fácil e confortável explorar os estímulos extrapsíquicos, que sensibilizam
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Da mesma forma, é mais fácil para os líderes reduzirem os conflitos nas organizações
a fatores externos do que a buscar as causas intrapsíquicas que alimentam os problemas
de comunicação com os liderados. Procurar a si mesmo é explorar e produzir conhe-
cimento sobre os processos de construção da inteligência, ou seja, sobre os processos
de construção dos pensamentos, sua natureza, cadeias psicodinâmicas, limites, alcance,
lógica, práxis, bem como sobre a formação da consciência existencial, da história intrap-
síquica arquivada na memória, as bases que sustentam o processo de interpretação e as
variáveis que participam do processo de transformação da energia emocional.
A Complexidade dos
Relacionamentos neste Século
Conviver com o outro nunca foi uma ta-
refa fácil. Contudo, nos últimos anos, termos Relacionar é inevitável, mas que tipo
de relacionamento construímos!
percebido uma dificuldade ainda maior. Esta-
mos cada vez mais estressados, impacientes,
intolerantes, com dificuldades em lidar com frustrações e adversidades. Aliás, se não
conseguimos lidar com nosso próprio Eu, quem dirá com o outro.
Figura 2
Fonte: Getty Images
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Ter relações saudáveis não quer dizer ter amizade com todo mundo e nem agradar
a todos, mas conviver de forma que seu espaço e o espaço do outro sejam respeita-
dos. É possível ter relações saudáveis inclusive com pessoas com quem você convive
e conversa pouco. Precisamos pensar não em “certo” e “errado”, mas em atitudes e
comportamentos que são saudáveis ou não saudáveis para a nossas relações. A re-
lação desinteligente é intensamente instável, enquanto a relação saudável, ainda
que golpeada por focos de ansiedade, tem estabilidade. A relação desinteligente é
saturada de tédio, enquanto a saudável tem uma aura de aventura. Na relação desin-
teligente, um é perito em reclamar do outro, enquanto, na relação saudável, existe
compreensão e diálogo. Na relação desinteligente, as pessoas são individualistas,
pensam somente em si, enquanto, na saudável, as pessoas são generosas e altruís-
tas. Na relação doente cobra-se muito e apoia-se pouco, na saudável, doa-se muito
e cobra-se pouco.
O homem não consegue viver só! Os autistas, por exemplo, se isolam não porque
querem, mas porque seus mecanismos de construção do Eu estão comprometidos. Por
terem déficit na atuação do registro da memória e na construção de pensamentos, ima-
gens mentais, fantasias, ocorre também um déficit na formação do Eu e de suas pontes
sociais. O resultado é um isolamento social, com aumento de níveis de ansiedade, ex-
presso por movimentos repetitivos.
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E os pacientes psicóticos, não se isolam? Não. A não ser que tenham uma depressão
gravíssima, catatônica, na qual seus pensamentos foram embotados. Frequentemente os
pacientes em surto psicótico têm uma riquíssima socialização em seu psiquismo, ainda
que perturbadora. Mesmo quando tenham perdido os parâmetros da realidade, cons-
troem em seus delírios e alucinações, múltiplos personagens para romper o cárcere da
solidão social da consciência virtual.
Figura 3
Fonte: Getty Images
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Algumas pessoas são ótimas para desenvolver um raciocínio lógico/linear, mas não
sabem interpretar sentimentos, perceber a dor dos outros. Outras são excelentes para
tecer críticas políticas e literárias, mas são inábeis para tecer críticas interpessoais e
construir relações saudáveis. Elas não conseguem encantar, envolver e influenciar seu
parceiro(a), filhos, amigos, colegas de trabalho.
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Pesquisa de Michigan revela que mais de 50% da população tem, ou vai desenvolver, al-
gum transtorno psicológico ao longo de sua vida, como a depressão, fobias, transtornos de
ansiedade, entre outros. As pessoas estão sós nos elevadores, no ambiente de trabalho, nas
ruas, nas praças esportivas. Elas vivem ilhadas, suas histórias não se cruzam. Estão sós no
meio da multidão. Pais e filhos raramente trocam experiências de vida. Encontram-se no
mesmo ambiente, compartilham das mesmas coisas, mas não interagem, não falam sobre
si mesmos.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), os brasileiros são os que mais
sofrem com os sintomas depressivos no mundo; 30% dos brasileiros têm ou já ti-
veram sintomas desse grave transtorno psicológico. Mais de 20% dos adolescen-
tes sofrem de depressão, e 27% dos jovens com idade entre 14 e 16 anos sentem-se
deprimidos com frequência. E a depressão é a maior causa de suicídio no mundo:
mais de 800 mil pessoas que acabam com suas vidas todos os anos no mundo – uma
a cada 40 segundos.
Em 2016, o Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio – em média, 1 caso a cada 46
minutos, segundo informações do Ministério da Saúde. O número representa um cres-
cimento de 2,3% em relação ao ano anterior. Quantas dessas pessoas atentam contra
sua vida pela dor da solidão?
O primeiro tipo de solidão advém da dor de ser abandonado por amigos, colegas,
parentes, parceiro(a), filhos. Essa solidão é intensa e cálida, e, embora ocorra a partir
do comportamento dos outros, é
sempre construída em última ins-
tância pelo próprio indivíduo. Sen-
tir-se excluído, preterido, colocado
em segundo plano asfixia o prazer
de viver. Doar-se e não ter o retor-
no, amar e não ser reconhecido, se
entregar e ser traído, são experi-
ências que confeccionam uma dor
emocional dramática, principal-
mente se o Eu se colocar como ví-
tima, como o mais desprivilegiado
dos seres. Um Eu autônomo, ain-
da que sofra o drama da solidão
social, jamais gravita na órbita dos
outros, jamais perde sua liberdade Figura 4
em função de algum abandono. Fonte: Getty Images
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O segundo trata-se da solidão do autoabandono. É a solidão do Eu que desiste de si
mesmo, que se entrega ao seu pessimismo, morbidez, humor depressivo, fobia social, agora-
fobia, obsessão, impulsividade, timidez grave. Essa solidão é muito mais angustiante do
que a social, e pode ser um estágio mais avançado dela.
Pessoas cronicamente deprimidas podem se auto abandonar por acreditar que estão
condenadas a viver miseravelmente, que jamais resgatarão o prazer do viver estável e
duradouro. Do mesmo modo, pacientes portadores de síndrome do pânico, anorexia
nervosa, transtorno obsessivo, farmacodependência e outros transtornos que se arras-
tam durante anos, poderão entrar na esfera da inércia e se auto abandonar.
A pior doença não é doença do doente, mas o Eu do doente. Por mais grave e crô-
nica que seja uma doença, o Eu tem um potencial para reeditar o filme do inconsciente,
reorganizar as janelas traumáticas poderosas e reescrever sua história.
O terceiro e o quarto tipo solidão referem-se a uma experiência mais íntima, incom-
preensível e impactante. É a solidão da consciência virtual do pensamento.
A Virtualidade do Pensamento
O ser humano tem a tendência de acreditar fielmente em seus pensamentos, e toma
decisões embasado nesta confiabilidade. No entanto, nossos pensamentos são virtuais,
ou seja, imagens que não incorporam a realidade do objeto pensado. São produtos da
interpretação que fazemos da realidade e não a realidade em si. Temos apenas uma
interpretação desta, de acordo com as nossas experiências, valores e crenças. Além
disso, os pensamentos produzidos sofrem múltiplas contaminações e, por isso, jamais
poderiam ou deveriam servir como verdades absolutas.
Qual a distância entre um pensamento e um objeto pensado? Entre, por exemplo, o que um
pai pensa de um filho e o que realmente ele é?
O que um professor pensa a respeito de seus alunos?
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Todas as relações que construímos ou criamos em nosso psiquismo têm por objetivo
superar a solidão paradoxal da consciência virtual. De acordo com a teoria da Inteli-
gência Multifocal, o ser humano não é um ser social porque ele é educado para sê-lo,
pelas necessidades afetivas, de cooperação e sobrevivência, e nem somente pelo pool
de experiências arquivadas no córtex cerebral ao longo do processo de formação da
personalidade, mas pela ansiedade vital intrínseca e inconsciente de romper o cárcere
da virtualidade da consciência.
A solidão social paradoxal é o terceiro tipo de solidão do ser humano: estar perto fisi-
camente das pessoas com as quais convivemos, mas imensamente distantes em relação
à natureza dos pensamentos.
A consciência virtual não apenas nos distancia do mundo em que estamos, mas tam-
bém do mundo que somos. Tudo o que pensamos sobre nós mesmos é um sistema que
conceitua, define e tenta caracterizar-nos, mas nunca alcança a nossa realidade intrínseca,
em destaque a emoção. Esse é o quarto tipo de solidão enfrentado pelo Homo sapiens,
essa espécie incrivelmente complexa e dramaticamente solitária, a Solidão Virtual do Eu.
A virtualidade dos pensamentos pode nos abalar, mas, sem ela, jamais seríamos uma
espécie pensante, não desenvolveríamos uma consciência existencial tempo espacial,
nunca resgataríamos o passado, e menos ainda pensaríamos no futuro. Somente na
esfera da virtualidade os pensamentos conscientes se libertam da realidade concreta e
permitem ao ser humano pensar, imaginar, criar, construir.
Figura 5
Fonte: Getty Images
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Pais e professores conhecem seus filhos e alunos a partir de si mesmos, e não a
partir da realidade psíquica deles. Aqui, há dois grandes problemas: além da distância
intransponível gerada pela sua natureza virtual, a construção do pensamento está
sujeita há inúmeras distorções, o que expande esse distanciamento. O processo de ela-
boração dos pensamentos está invariavelmente contaminado pelo estado de estresse,
ambiente social, emoções, cultura. A verdade, portanto, é inalcançável pelo mundo
dos pensamentos.
Mas, por que há tantas pessoas radicais nas sociedades modernas? Porque o Eu delas
foi mal construído e, como tal, usam o ato de pensar com atributos que o pensamento
jamais teve. O pensamento consciente é virtual, jamais incorpora a verdade essencial,
mas as pessoas extremistas, fundamentalistas, preconceituosas, dão um status real ao
pensamento virtual para excluir e ferir os outros. Essa é uma das maiores emboscadas
que o Homo sapiens cai ao longo do processo de formação da sua personalidade.
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Sociedade do Séc. XXI e Principais Conceitos do Pensamento Multifocal
Pensamento Unifocal X
Pensamento Multifocal
O raciocínio simples é produzido por pensamentos simples e lineares, pautados pela
ação-reação, estímulo-resposta, unifocalidade, por isso também é chamado de racio-
cínio unifocal. O raciocínio unifocal vê os fenômenos por um único ângulo, enquanto
o raciocínio multifocal abrange múltiplos focos e múltiplas formas de organização dos
dados, e, por isso, ele pode ter baixa, média e alta complexidade.
Tabela 1
Indivíduos que usam o raciocínio unifocal Indivíduos que usam o raciocínio multifocal
Ancoram-se exclusivamente no território da lógica ou da Ancoram-se no território do raciocínio multifocal, isto é,
emoção, isto é, sua forma de ver o mundo e interagir é ampliam sua visão, interpretam crenças, protegem a emoção
predominantemente lógica ou emocional, o que traz diversos e conseguem tomar decisões e construir relacionamentos
problemas nas relações e na solução de conflitos. com base no diálogo construtivo entre os dois territórios.
Diante de um evento, enxergam por múltiplos ângulos a
Diante de um evento, enxergam por um único ângulo a
questão, fazem perguntas, buscam compreender o contexto,
questão, não percebendo as variáveis, por isso, são rápidos
desejam conhecer as variáveis e analisar o todo, por isso, são
em julgar.
criteriosos ao emitir uma opinião.
Por enxergarem sob um único ângulo a vida, não
questionam, em geral, suas verdades, costumam irritar-se se Questionam suas verdades, desenvolvem capacidade de
confrontados, pois não desenvolveram a capacidade de olhar autocrítica, de expor e não impor suas ideias.
de forma mais ampla.
Não pensam nas consequências de suas atitudes porque são Desenvolvem a capacidade de pensar antes de agir e reagir,
reféns de seus territórios, ou extremamente racionais ou pois buscam equilibrar a razão com sensibilidade, e a emoção
dominados por impulsos e emoções. com capacidade crítica.
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Indivíduos que usam o raciocínio unifocal Indivíduos que usam o raciocínio multifocal
Seja pelo excesso de lógica ou pela hipersensibilidade Desenvolvem empatia para se colocar no lugar do outro,
emocional, não sabem se colocar no lugar dos outros. buscam compreender o ponto de vista do outro.
Por terem uma visão multifocal, questionam suas crenças,
Por terem uma visão rígida e unifocal dos fatos, emoções e o que o outro afirma sobre verdades absolutas,
exclusivamente lógico ou emocional, são mais manipuláveis. portanto, protegem-se mais de manipulações intrapsíquicas
e externas.
Aprimoram o raciocínio complexo, analisando múltiplas
Por todos os motivos expostos acima, o tipo de raciocínio que
variáveis sobre o mesmo fenômeno e, por isso mesmo,
desenvolvem é simples, excluindo variáveis e complexidades,
diminuem as probabilidades de interpretações distorcidas,
sendo passível, por isso mesmo, de interpretações distorcidas.
equivocadas e decisões apressadas.
Para entendermos um pouco mais a respeito deste tema, convido você, a assistir o vídeo,
disponível em: http://bit.ly/35yPFRg
‘Zoom’ é um livro do artista húngaro Istvan Banyai (2008) composto só por imagens
que, pouco a pouco, vão dando uma visão mais ampla do mesmo contexto como se
estivéssemos a reduzir o zoom.
Cada imagem é parte de uma outra imagem, num conjunto que vai passando a ser
cada vez menos importante, à medida em que fazemos o recuo.
Esse vídeo nos traz várias reflexões, mas falaremos de três neste momento.
• 1° A importância de exercitar a prática de observar os detalhes, conhecer a fundo
uma situação. É imprescindível olhar para os detalhes, por exemplo, de uma tarefa
que está por fazer, o manual de algum equipamento, ou perceber os mínimos de-
talhes na expressão facial ou corporal de alguém com quem se está conversando;
• 2° É preciso tomar consciência de que, mesmo que tudo pareça tão grande,
sempre existe algo maior. Compreender que os fatos da vida são mais comple-
xos do que aparentam ser. Às vezes, julgamos as pessoas por suas aparências
ou atitudes, mas esquecemos que o ser humano é extremamente complexo e
que, por trás das ações e reações de cada um existem inúmeras variáveis;
• 3° É necessário desenvolvermos um olhar crítico sobre tudo que acontece em nos-
sa volta, ampliar nosso campo de visão e avaliar a situação por vários ângulos e
pontos de vistas, para entendermos melhor o contexto. Quando focamos em algo
que limita nosso campo de reflexão, podemos perder outras perspectivas e fatos
que acontecem ao redor. Ou, quando interpretamos um fato pela aparência sem
avaliar os detalhes, podemos incorrer em erros grandiosos. Uma visão unifocal,
não permite ver o todo, ampliar as percepções e ver o que está por detrás dos com-
portamentos nossos e dos outros. Fomos educados a ver e pensar de forma linear
(causa e efeito) e não sistêmica (inúmeras causas e possibilidades).
Uma das características de nosso tempo, como vimos, é a velocidade das informa-
ções, o aceleramento das mudanças e as exigências cada vez maiores para que tenha-
mos que dar conta de tudo ao mesmo tempo, além do adoecimento psíquico que essa
velocidade tem causado em muitos. Além disso, muitas pessoas têm desenvolvido um
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Sociedade do Séc. XXI e Principais Conceitos do Pensamento Multifocal
padrão de comportamento unifocal no que diz respeito à ação. Como nossa sociedade
valoriza muito a ação, o executar, o produzir, o fazer cada vez mais, acabamos por
tomar decisões rápidas, aceleradas, sem avaliarmos as causas e as consequências de
nossos atos.
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O Papel da Educação na Formação de
Pensadores e Cidadãos mais Saudáveis
Os pensadores estão morrendo. Os estudantes, no mundo todo, estão se tornando,
em sua grande maioria, do ensino fundamental à universidade, uma massa de repetido-
res de informações, e não de pensadores que amam a arte da crítica e da dúvida.
Figura 6
Fonte: Getty Images
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UNIDADE
Sociedade do Séc. XXI e Principais Conceitos do Pensamento Multifocal
A educação tem como missão transformar o homem em sujeito de sua própria his-
tória. O educador deve ser um mediador entre o aluno e a aprendizagem, promovendo
sua capacidade de análise e reflexão frente às diversas circunstâncias vivenciadas e in-
formações recebidas.
A versão final dos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998) propõe a contex-
tualização e a transversalidade como meios de motivar o aluno e dar significado ao
que é ensinado em sala de aula. Um dos enfoques dos PCN é a cidadania. Faz parte
das diretrizes curriculares a formação de um cidadão pleno, capaz de interferir no
mundo em que vive, melhorando-o. Para interferir no seu mundo, torna-se necessá-
rio visualizar diferentes soluções para um mesmo problema, optando por aquela que
for mais coerente. Para isso, não resta dúvida, é necessário que o “cidadão” formado
pela escola tenha muito conhecimento, mas também que saiba usar esse conheci-
mento. Então, segundo os PCNs, a escola deve englobar questões sociais e problemas
cotidianos do educando, para que os objetivos de educação sejam atingidos. Ou seja,
a contextualização do conhecimento tornou-se um dos principais conceitos dos PCN.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.
Encontrem oportunidades dentro da aula, e junto a seus filhos, para falar por alguns
minutos sobre os problemas, metas, fracassos e sucessos que tiveram na vida. O resul-
tado? Vocês educarão a emoção. Alunos se identificarão com a matéria que vocês en-
sinam, terão apreço por suas aulas. Filhos se identificarão com o ser humano que você
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é, entenderão que falhar pode gerar, em certas situações, uma experiência mais rica do
que acertar. Precisamos falar das nossas vitórias, mas também das nossas frustrações.
Influenciamos muito mais o outro pelo que somos, e não pelo sabemos.
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Sociedade do Séc. XXI e Principais Conceitos do Pensamento Multifocal
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Revolucione sua Qualidade de Vida
CURY, A. Revolucione sua Qualidade de Vida. 1ª Edição. Editora Sextante, 2011.
Vídeos
Relações Interpessoais
Palestra de Robert Waldinger para o TEDx.
https://youtu.be/KSQFijMC3ao
Filmes
Ponto de Vista
Diretor: Pete Travis.
Sinopse: Os agentes do Serviço Secreto Thomas Barnes e Kent Taylor, um turista ame-
ricano e outras testemunhas têm pontos de vista diferentes sobre o atentado de assas-
sinato ao Presidente dos Estados Unidos em sua chegada à Espanha para fazer um
discurso contra o terror da guerra.
Leitura
Reportagem sobre O Fenômeno Global do Suicídio
https://bit.ly/2Fz3qot
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Referências
BANYAI, I. ZOOM. São Paulo: Editora Brinque Book, 2008.
CURY, A. Ansiedade: como enfrentar o mal do século. São Paulo, Editora Saraiva, 2013.
Sites visitados
<https://novaescola.org.br/conteudo/274/vygotsky-e-o-conceito-de-aprendizagem-me-
diada>. Acesso em: 15 de setembro de 2019.
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