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Maio de 2015
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Índice
Introdução ......................................................................................................................................... 3
Carreira ............................................................................................................................................. 5
Prémios Individuais ......................................................................................................................... 7
Palmarés: .......................................................................................................................................... 8
As teorias de liderança ................................................................................................................... 9
Liderança: o que é?..................................................................................................................... 9
Teoria dos traços ....................................................................................................................... 10
Mourinho e a teoria dos traços ............................................................................................ 10
Teorias contingenciais .............................................................................................................. 12
A teoria contingencial de Fiedler ............................................................................................. 12
Mourinho e o modelo contingencial de Fiedler ................................................................. 14
Conclusão ....................................................................................................................................... 15
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Introdução
O pai chama-lhe Zé, a mãe, Mário. Os amigos Zé Mário, os ingleses Sir José, ele próprio
intitula-se “the Special One” e os portugueses chamam-lhe Mourinho, José Mourinho!
Treinador de futebol profissional desde Setembro de 2000, Mourinho acabou de ganhar no último
domingo (03/05/2015) o seu 22º título. A sua média de 1.5 troféus por ano, só por si lhe daria a
coroa de Melhor Treinador do Mundo. Mas será este homem um líder? Ou apenas um bom gestor
de equipas desportivas?
O nosso objectivo para este trabalho é de verificar como o percurso de treinador de sucesso de
José Mourinho se enquadra nas teorias de liderança e se poderemos considerá-lo um líder
segundo estas.
José Mário dos Santos Mourinho tem 52 anos e nasceu em setúbal a 26 de Janeiro de 1963.
Com apenas 37 anos teve de enfrentar a maior contestação do futebol português ao ser
apresentado de surpresa como treinador do Benfica para substituir Jupp Heynckes (uma lenda do
futebol mundial, vencedor de duas ligas dos campeões e um dos seus futuros grandes rivais). Os
adeptos benfiquistas alternavam entre sentimentos de raiva e desgosto e os adeptos rivais
gozavam. Do Sporting vieram notícias de que o capitão Beto, ao ser interrogado sobre a
possibilidade de José Mourinho vir a ser treinador do Sporting afirmou: - “ só pode ser uma piada!”
Mourinho trabalhara desde 1990 como adjunto de grandes mestres do futebol como
Manuel Fernandes, Bobby Robson e Louis Van Gaal, evoluindo de clubes como o Estrela da
Amadora, Sporting Clube de Portugal, Futebol Clube do Porto até ao F.C. Barcelona. Já tinha
experimentado por 13 vezes o sabor de ser campeão, mas sempre na sombra. Publicamente não
lhe eram reconhecidas qualidade a não ser como tradutor.
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Mostrou-se sério, profissional e confiante no anúncio da sua contratação e, dois dias depois, em
23 de Setembro de 2000 inicia a carreira de melhor treinador do mundo com um golo sofrido logo
aos dois minutos e que resultou na sua primeira derrota, por 1-0 contra o Boavista. No final,
Mourinho e o Presidente do Benfica responsável pela sua contratação, Vale e Azevedo, eram alvo
da maior gozação do futebol português. O país ria-se, mas ainda não sabia que este mesmo
Boavista no final da época seria campeão nacional e considerada a equipa que melhor jogou no
campeonato.
No Benfica sofreria apenas mais uma derrota, uma das suas maiores quer pelo resultado, 3-0,
quer pelo erro de uma experiência táctica desastrosa. A partir daqui o Benfica estava transformado
numa máquina de vencer e Mourinho começava a impor-se na credibilidade e no coração dos
adeptos. Gera polémica ao confrontar duas figuras importantes na equipa, Sabry e Poborsky,
porque com ele “só joga quem trabalha e tem garra”. Em nove jogos os resultados mostram a
melhor sequência do Benfica nos últimos anos, a continuar assim seria campeão. Em setenta e
seis dias a equipa do SL Benfica passa de inexistente a candidata ao título.
Em Dezembro de 2000, Mourinho já sabia que não iria ficar, mudara a presidência do clube que
trazia Toni, o último treinador campeão como prometido salvador da pátria. Como despedida
oferece aos Benfiquistas uma derrota por três zero ao rival de sempre Sporting, inflamando o
público a cada golo. Entrou como zero e saiu como herói e como uma certeza do futebol
português.
Como disse Louis Van Gaal à equipa do Barcelona, na despedida de balneário de Mourinho:
“Acabou a carreira de grande adjunto e começa a de um grande treinador”.
Três anos e meio depois, em 2004, ganharia a Liga dos Campeões da União das Federações
Europeias de Futebol (UEFA) e foi eleito o melhor treinador do mundo pela Federação
Internacional de História e estatística do futebol (IFFHS)
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Carreira
Com as eleições para a presidência do clube, Mourinho sai do Benfica após 9 jogos, já com
reputação de bom treinador, deixando marcas no clube e um lugar no coração dos adeptos.
2001/2002 - É contratado para treinar o União de Leiria, que se mostrou o melhor União de Leiria
de sempre, até Janeiro de 2002 quando é chamado para o comando técnico do FC Porto.
2002/2003 - O Porto de Mourinho ganha todas as competições em que está envolvido, tanto em
Portugal como na Europa.
2003/2004 - O presidente Pinto da Costa desafia Mourinho a fazer melhor e este aceita, ficando
mais um ano no FC Porto para ganhar novamente a Superliga e triunfar na mais alta prova
da UEFA, a Liga dos Campeões da Europa.
Tal como fez no FC Porto, Mourinho rodeia-se dos seus adjuntos Baltemar Brito e André Villas
Boas, o preparador físico Rui Faria e o treinador de guarda-redes Silvino.
2007/2008 - A 20 de Setembro de 2007 chega a mútuo acordo com o Chelsea para rescisão de
contrato em troco de uma enorme quantia de dinheiro.
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Para mostrar o seu ponto de vista, Mourinho deixa que o presidente escolha a equipa, com
resultados desastrosos.
Afirma -”Não precisa de trabalhar nem pode fazê-lo em qualquer lado. Já ganhei em dois dos
quatro campeonatos mais competitivos da Europa. Agora falta Espanha e Itália”
De salientar um aspecto curioso. Quando chegou a Itália. Mourinho não quis dizer que era
especial. Antes quis realçar que quem era verdadeiramente especial era o próprio Inter.
Adoptou uma postura mais emocional e menos focada nos resultados para atingir a mesma
eficácia e o cumprimento de promessas, agora já credíveis pela sua reputação.
2009/2010 - José Mourinho tornou-se o primeiro treinador do mundo a fazer o pleno por duas
vezes, o triplete - ganhar o campeonato nacional, a taça e uma competição Europeia, a sua
segunda Liga dos Campeões em seis anos, ganhando a final contra o Bayern de
Munique comandado pelo seu antigo mestre Louis Van Gaal.
Novo objectivo cumprido, novo desafio a cumprir. Após a conquista da liga dos campeões
Mourinho deixa o inter de Milão num mar de lagrimas dos jogadores, dos “tiffosi”(os fanáticos) e
dele próprio
2010/2011 - Agora no clube mais complicado do mundo, onde os galácticos jogadores são difíceis
de controlar e onde as demasiadas interferências de publico, jornalistas, poderes paralelos e
presidente. Mourinho aceita o seu maior desafio: treinar o Real Madrid e derrotar o Barcelona.
Neste ano apenas teve um mas saboroso título. O Real venceu o invencível Barcelona na Taça do
Rei. Mourinho é nomeado director desportivo do Real Madrid, uma honra dada a pessoas
históricas do Real, aumentando assim o seu poder no clube.
2011/2012 - Ganha pela primeira vez o Campeonato Espanhol, título que já escapava ao Real, há
três anos, para o Barcelona. A equipa de Mourinho, terminou o Campeonato Espanhol com 100
pontos e com 121 golos marcados, algo nunca atingido antes. Para completar o sonho, o Real
ainda finalizou a época com a conquista da Supertaça de Espanha ao rival Barcelona.
Com a conquista do Campeonato, Taça e Supertaça de Espanha, Mourinho passa a ser o primeiro
treinador a vencer estas três competições, em quatro países diferentes
2012/2013 – Depois do sonho veio o pesadelo! Teve uma boa temporada com a equipe mas não
ganhou o campeonato, nem a taça, nem a liga dos campeões. Desmotivado e desgastado com o
mau ambiente, Mourinho disse que deixaria a equipe no final. Perante as dificuldades postas pela
administração do clube, Mourinho envolve-se em polémicas e guerras, enfrentando um clube
como nenhum outro treinador o fizera. O final foi feliz, uma rescisão por mútuo acordo sem
consequências financeiras para ambas as partes e um abanão nas estruturas do clube que
facilitaram o trabalho do seu sucessor que encontrou um novo Real, um clube calmo onde se pode
treinar, trabalhar e ganhar.
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Mais uma vez, José Mourinho deixa a sua marca.
2013/2014 – Com surpresa, José Mourinho foi oficialmente anunciado como novo técnico
do Chelsea. Afirma que veio para divertir-se. Fez uma boa época, divertida, mas não ganhou
nenhum título.
2014/2015 - Não ganhar no ano anterior não foi muito divertido. Mourinho volta ao normal e ganha
a Taça de Ingraterra e o Campeonato.
Mourinho renova o contrato com o Chelsea mas nunca na sua carreira cumpriu um contrato até ao
fim do prazo.
A carreira de José Mourinho demonstra sucesso não só nos resultados, nos recordes estatísticos
mas também na forma como gere e influência as suas equipas de trabalho e comunica e conquista
(ou confronta, quando é do seu interesse) a massa associativa dos clubes onde trabalha. Nunca
utilizou a primeira pessoa para falar das suas vitórias mas sempre diz “nós ganhámos”.
Prémios Individuais
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Palmarés:
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As teorias de liderança
Liderança: o que é?
Segundo Jago (1982) liderança é o exercício de uma influência não coerciva que pretende
coordenar os membros de um grupo organizado para alcançar determinado objectivo.
A verdade dos grupos é que uns guiam e outros são guiados. Mas um gestor poderá fazer o
mesmo resultado a um grupo, pelo menos quantitativamente. Mas sentirá o grupo ser mais do que
apenas um conjunto de trabalhadores avaliados por números?
Será José mourinho um líder? Como se enquadra em algumas teorias sobre liderança?
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Teoria dos traços
O clima bélico do Sec. XX tem como consequência uma evolução das actividades militares e é no
interesse militar que surgem os estudos sistemáticos sobre a liderança. A primeira tentativa de
definir o líder foi através da análise dos traços de personalidade do indivíduo e teorizou-se que os
líderes seriam detentores de capacidades especiais e eram homens superiores aos que estavam
destinados a ser comandados. Esta teoria, chamada de Teoria dos traços de personalidade
apresenta uma perspectiva universalista da liderança com base na identificação pessoal das
características do líder universal – inteligência, personalidade, motivos e valores – sendo estes
atributos que seleccionariam indivíduos para ser líderes. Para a teoria dos traços um homem ou
mulher nasceria líder ou nunca o seria, não aceitando a aprendizagem mas apenas a aptidão
natural de liderança de cada um. Um líder seria um super-herói, eficaz e determinante em cada
situação, capaz de liderar qualquer grupo em qualquer situação.
Na sequência da teoria universalista dos traços (tipo I, segundo a tipologia de Jago, 1982)
desenvolveram-se estudos que concluíram que a correlação entre os traços do líder e a liderança
era baixa. Apesar das conclusões de que os traços pessoais não são suficientes para discriminar
líderes e não líderes e determinar a eficácia ou ineficácia em termos de liderança, admite-se que
estes traços são facilitadores na eficácia da liderança mas não são determinantes e que os líderes
têm características com valores mais elevados do que os não líderes.
Das impressões que tiramos individualmente das notícias e aparições nos “media”, da análise da
história e carreira de José Mourinho, não temos dúvidas em considerá-lo um super-heroi tal é a
quantidade e qualidade dos seus traços de personalidade preditores de liderança. Segundo a
teoria dos traços seria um Líder Universal porque lhe são reconhecidas como características
pessoais a inteligência, a personalidade, os motivos e valores
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Ilustração 1: características de personalidade segundo a teoria dos traços
Como podemos ver pela tabela acima apresentada, Mourinho enquadra-se como ninguém na
Teoria dos traços da personalidade também conhecida por teoria do Grande Homem. Podemos
dar como seguintes exemplos:
• Inteligência – "Ele é astuto, ele é inteligente e ele assume-o. Ele é bom e ele sabe que ele
é bom. “(Gary Neville, avançado inglês)
• Valores – é casado com a mesma pessoa desde 1989 e já abandonou estágios porque o
filho estava doente.
• Aptidão verbal – “Falar a língua é crucial. Com o português, o castelhano, o francês, o
inglês e o catalão não tenho qualquer problema.” (Mourinho, CMjornal,2013)
• Ascendência – é filho de um treinador de futebol profissional, Félix Mourinho.
• Competências sociais – “Foi adorável dar uma pequeno contributo para que se alcançasse
tanta felicidade” (Mourinho,RAI,2013)
• Relacionamento com o grupo - "Sabe tirar o melhor de ti e tem uma mentalidade diferente
de qualquer outro" (Fabregas, jogador do Chelsea,2014) ; “Ele é um grande homem, um
treinador de primeira. Ali no campo todos morreríamos por ele” (John Terry, jogador do
Chelsea,2005)
• Criatividade – Mourinho é famoso pelas surpreendentes metáforas de todos os tipos "Os
jovens jogadores são como melões. Só quando abrimos e provamos temos a certeza que
o melão é bom. Às vezes temos belos melões, mas eles não sabem bem e alguns melões
são feios do pior que têm um sabor fantástico” ou sobre a rotação de jogadores por ele
operada noo Chelsea, "Se temos em casa um Bentley e um Aston Martin, se andamos
todos os dias com o Bentley e o Aston Martin fica na garagem somos um pouco
estúpidos!"
• Coragem – Mourinho gosta de situações difíceis e desafiantes. Nunca foge a um confronto
e garante que sai vencedor. Desde os casos Sabry, passando pelo Schevechenko e por
fim Casillas, enfrenta todo e qualquer clube contra a insubordinação, se lhe perturbam a
eficácia, faz o clube pagar caro!
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• Ambição – “não quero chegar a 2010 ou 2012 com os mesmos títulos que tenho agora.
Quero mais!” (Mourinho by harris, 2014)
• Determinação – “Sabíamos os objectivos que queríamos atingir, sabíamos que as críticas
iriam surgir, mas o grande objectivo era na hora em que queriam que perdêssemos a força
dentro do balneário nós iríamos duplicá-la” (Mourinho, record,2000)
• Competência – os seus resultados falam por si e ele próprio o diz que “sempre se sentiu
um grande treinador mesmo antes de o ser.” (Mourinho,TSF,2009)
• Boa apresentação - além de um clube de fans feminino , mourinho é muito contactado
para fazer publicidade em Inglaterra (Samsung e American Express por exemplo)
Com estas características, segundo a Teoria dos traços, Mourinho seria um excelente líder em
qualquer situação.
Teorias contingenciais
O líder eficaz é o que tem capacidade de se adaptar a grupos e pessoas com determinadas
características e em condições situacionais extremamente variadas.
José Mourinho inicialmente garantiu que o segredo do seu sucesso era um grupo de jogadores
que ganhavam pouco e não tivessem títulos. Posteriormente provou ter o mesmo sucesso com os
melhores jogadores do mundo, pagos com salários milionários e vencedores de todas
competições possíveis. Provou conseguir manobrar situações favoráveis e desfavoráveis
melhorando os grupos e saindo vencedor.
Esta teoria utiliza a relação tarefa-relacionamento como expressão dos traços do líder. O estilo do
líder é consequência dos seus motivos e necessidades pessoais do que propriamente
comportamentos explícitos. Segundo Fiedler são estes comportamentos que moderam os factores
situacionais em prol da eficácia da liderança que tanto pode ser conseguida com uma maior
orientação para a tarefa ou conseguida com uma maior orientação para o relacionamento.
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Este modelo é constituído por três elementos: estilo de liderança, favorabilidade da situação e
desempenho do grupo.
O estilo de liderança é avaliado por um indicador chamado por LPC (least prefered coworker)
determinado através de um questionário pelo grupo em questão em que os questionados
respondem sobre o colega com que mais dificuldades tiveram em trabalhar, numa escala de 1 a 8.
• De competente - 8 a 1- incompetente
• De confuso - 1 a 8 - claro
• De insociável - 1 a 8 - sociável
• De flexível - 8 a 1- inflexível
O valor final dá-nos o LPC, que Fiedler entende como um indicador das necessidades e motivos
do líder que vai definir o estilo de liderança. O passo seguinte é adequá-lo á situação segundo
cinco factores:
• A relação líder-liderados
• O grau de estruturação da tarefa
• A quantidade de poder
• O clima do grupo
• O LPC
Estes factores são avaliados numa escala de oito pontos cujo somatório é representado no
diagrama em baixo, no item categoria.
O modelo sugere que perante situações muito favoráveis ou desfavoráveis, a liderança mais eficaz
é a mais orientada para as tarefas e que em situações intermédias o líder deve previligiar as
pessoas.
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Mourinho e o modelo contingencial de Fiedler
Novamente seguindo as impressões das histórias e façanhas de Mourinho longo da sua carreira,
podemos afirmar que Mourinho segue o modelo de Fiedler para adequar o seu estilo de liderança
e objectivos do grupo e segue o padrão da situação ser favorável ou não. Por vezes transforma
asituação em desfavorável para orientar o grupo para a tarefa.
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Conclusão
Mourinho é um líder!
Bennis e Nannus (1985) dá-nos uma lista precisa em que Mourinho corresponde a todos os
requisitos da lista:
• Inova
• É original
• Faz coisas novas
• Centra-se sobre as pessoas
• Inspira confiança
• Perspectiva a longo prazo
• Questiona o quê e o porquê
• Orientado para os fins
• Cria
• Faz o que é necessário
• Usa “chapéus redondos”
• Aprende pela educação
O seu enquadramento por nós explicado nas teorias dos traços e no modelo contingencial de
Fiedler indica-nos que estamos na presença de um líder. A sua eficácia dá-nos a certeza de que
qualquer equipa de futebol orientada por si arrisca-se a ganhar e é sempre favorita nas mais
elevada das competições.
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