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O que é Eletricidade? Desde quando é estudada?

A palavra eletricidade é usada cotidianamente em vários sentidos. Pode referir-se às


manifestações da energia elétrica, como os raios, à atração ou repulsão entre corpos eletrizados
ou à própria energia das cargas elétricas. Devido a explicações e modelos simplistas, muitas
pessoas entendem Eletricidade como um fluido invisível que corre pelos fios condutores, como o
sangue em nossas veias. Embora seja uma visão distorcida, tal analogia pode ser útil e é’ comum
recorrer à comparações com sistemas hidráulicos para ensinar os princípios básicos dos circuitos
elétricos. O importante é ter em mente que é apenas um recurso didático.

Muitas pessoas podem imaginar também que o nome Eletricidade deve-se ao elétron, já
que esta é a partícula responsável pela circulação e manifestação dessa forma de energia, mas é
justamente o oposto.

A eletricidade, como manifestação de energia, é provavelmente tão antiga quanto a


matéria. Porém a primeira referência que temos do seu estudo data do século VI a.C, quando o
filósofo e matemático Tales de Mileto realizou a famosa experiência de atritar uma pedra de
âmbar com um pedaço de tecido. Ele verificou que isso conferia à pedra a propriedade de atrair
pequenos pedaços de palha, penas e outros pequenos objetos.

O âmbar e’ uma resina vegetal que escorre do caule de algumas espécies e solidifica- se,
formando pedras translúcidas de cor amarelada e superfície lisa. Em grego o nome para âmbar é
Elektron.

Pedra de âmbar, como a da experiência de Tales de Mileto. E’ comum essas pedras conterem insetos ou
pequenos animais muito bem preservados, pois eles ficam presos na resina enquanto ela esta fresca, e acabam
cobertos pela resina que continua escorrendo.

Na época de Tales e até mais de vinte séculos depois, não se tinha idéia de partículas
subatômicas, muito menos de elétron e até a noção de átomo era muito controversa. A existência
do elétron foi postulada por G. Jonhstone Stoney e descoberta por Thonson em 1897 enquanto
estudava os raios catódicos. Millikan em 1907 comprovou sua existência e conseguiu medir suas
propriedades.

Então o elétron foi assim descoberto e chamado, quando a palavra eletricidade já era
usada havia muito tempo.
Voltando à experiência de Tales de Mileto, embora tenha intrigado muitos estudiosos,
como já foi dito, passaram-se mais de vinte séculos sem que houvesse avanço no estudo da
eletricidade.

Só no século XVI, o médico da rainha Elizabeth I da Inglaterra, Willian Gilbert, descobriu


que era possível realizar a mesma experiência de Tales com outros materiais.

Já no século XVIII o cientista norte-americano Benjamin Franklin, o inventor do pára-raios,


teorizou que as cargas elétricas eram um fluido elétrico que podia ser transferido entre os corpos.
Contudo, hoje já se sabe que os elétrons é que são transferidos.

A partir de Franklin o estudo da eletricidade começou a avançar mais rapidamente.

Benjamin Franklin, inventor do pára-raios.


Breve revisão dos conceitos básicos de Eletricidade
O estudo da eletricidade se divide em três grandes partes:

Eletrostática: é a parte que estuda o comportamento das cargas elétricas em repouso como, por
exemplo, o estudo e compreensão do que é carga elétrica, o que é campo elétrico e o que é
potencial elétrico.

Eletrodinâmica: essa é a parte que estuda as cargas elétricas quando em movimentação. Ela
estuda o que é corrente elétrica, os elementos de um circuito elétrico (resistores e capacitores)
bem como a associação deles, tanto em série quanto em paralelo.

Eletromagnetismo: nessa parte se estuda o comportamento e o efeito produzido pela


movimentação das cargas elétricas. É a partir desse estudo que fica possível entender como
ocorrem as transmissões de rádio e televisão, bem como entender o que vem a ser campo
magnético, força magnética e muito mais.

Vamos revisar alguns conceitos de eletrodinâmica, essenciais ao entendimento do


funcionamento de qualquer circuito elétrico.

Circuito elétrico: é composto no mínimo por um Gerador ou Fonte, um Receptor e os


condutores que interligam o Gerador ao Receptor.

Gerador: é o dispositivo que fornece energia elétrica ao circuito. Na verdade funciona


sempre convertendo algum outro tipo de energia (mecânica, hidráulica, térmica, eólica, química)
em energia elétrica.

Condutores: Formam o caminho para que as cargas elétricas possam circular do gerador
até o receptor transferindo a energia e retornar ao gerador. Normalmente são compostos de
metais.

Receptor: é o dispositivo que recebe a energia elétrica e a transforma em outro tipo de


energia, realizando trabalho útil (térmica, como num ferro de passar ou chuveiro, mecânica como
num motor, luminosa como numa lâmpada etc.).

Numa lanterna, a pilha é um gerador


químico. Ela converte energia química
em elétrica através de reações
químicas, mantendo em seus pólos
uma diferença de potencial elétrico.
Essa d.d.p. provoca a circulação
ordenada das cargas elétricas pelo
circuito, produzindo trabalho no
receptor, neste caso a lâmpada que se
acende. As cargas elétricas perdem
energia no receptor e retornam ao
gerador
Corrente elétrica: Nos metais como o cobre (bons condutores), os átomos perdem com
muita facilidade elétrons da última camada. Esses elétrons vagueiam desordenadamente pela
estrutura do material.

Quando as extremidades do condutor são submetidas a uma diferença de potencial,


provocada por um gerador, como uma pilha por exemplo, imediatamente os elétrons livres
passam a se mover ordenadamente afastando-se do potencial mais baixo (mais negativo, onde há
excesso de elétrons) em direção ao potencial mais alto (mais positivo, onde há falta de elétrons).

A corrente elétrica é o próprio fluxo ordenado de elétrons e sua intensidade será tão maior
quanto maior for o numero de elétrons que atravessam uma secção do condutor em um mesmo
intervalo de tempo.

Um elétron possui uma carga elétrica de 1,6x10 E −19 Coulomb (o Coulomb (C) é’ a
unidade de medida de carga elétrica). Assim uma quantidade de 6,2x10E18 elétrons tem uma
carga equivalente de 1 Coulomb.

A unidade de medida da corrente elétrica e’ o Ampére (A). Quando uma carga de 1


Coulomb atravessa uma secção de um condutor a cada 1 segundo, dizemos que a intensidade da
corrente elétrica e’ de 1 Ampére, ou ainda uma corrente de 1 Ampére corresponde a 6,2x10E18
elétrons passando pela secção do condutor a cada segundo.

Equacionando:

I = dQ / dt onde I = corrente, dQ = fluxo de carga, dt = intervalo de tempo

A=C/S onde A= Ampére, C = Coulomb , S = Segundo


Diferença De Potencial Elétrico: diferença de potencial elétrico ou D.D.P e’ o mesmo que
Tensão Elétrica ou Forca Eletromotriz.

Esta grandeza refere-se a diferença de potencial elétrico entre pelo menos dois pontos,
como por exemplo os pólos de uma pilha. A diferença de potencial de dois pontos exprime a força
que uma carga elétrica experimenta ao ser submetida ao campo elétrico entre esses dois pontos
ou seja, a tendência da carga de se deslocar entre esses pontos.

Em termos práticos, a D.D.P. e’ a condição fundamental para se fazer circular uma corrente
elétrica entre dois pontos, e a função do gerador no circuito e’ manter esta D.D.P.

Tomando novamente o exemplo da


lanterna, vamos detalhar um pouco
mais. Em qualquer circuito, para que
haja transferência de energia entre
Gerador e Receptor, é necessário que a
corrente literalmente circule por todo o
circuito, num elo fechado. Assim a
mesma corrente que circula pela carga,
retorna ao pólo positivo da pilha circula
internamente na pilha do pólo positivo
de volta ao negativo.

Como os elétrons perderam energia ao


circular pelo Receptor (carga), a pilha
tem que ceder energia aos elétrons,
forçando-os de volta ao pólo negativo.
Esta energia que a pilha fornece aos
elétrons é a energia que esta
armazenada em forma química e é
transferida a eles através de reações
químicas. Uma vez repostos no pólo
negativo, os elétrons só podem circular
pelo circuito externo.

A tensão ou D.D.P. da pilha determina a quantidade de energia que ela confere a uma
quantidade de cargas elétricas ao levá-las do pólo positivo ao negativo em um certo tempo.

No exemplo acima, seja uma pilha de 1,5 V (o Volt e’ a unidade de medida de tensão) e
admita-se que a lâmpada esta sendo percorrida por uma corrente de 1A. Então a pilha também
estará sendo percorrida pela mesma corrente. Como vimos, 1A equivale a circulação de um
Coulomb por segundo. Então a pilha esta repondo no pólo negativo uma carga de 1C/S e ela cede
a cada Coulomb de carga uma energia de 1,5 Joule ( O joule e’ a unidade de medida de energia). A
energia química da pilha neste caso diminui de 1,5 J a cada segundo e em algum momento ira se
esgotar.

Se fosse uma bateria de automóvel de 12 V, fazendo circular por uma lâmpada de freio
uma corrente também de 1A, ela estaria fornecendo a cada Coulomb de carga movimentada uma
energia de 12 Joules. Neste caso como a corrente também é de 1A (1 C/s), a energia da bateria
diminui de 12 C a cada segundo.

Equacionando:

U = E/dQ onde U = tensão elétrica, E= energia transferida, dQ= quantidade de carga movida.

V = J/C onde V = Volt, J = Joule, C = Coulomb.

Referência de zero: num circuito, normalmente toma-se um ponto que se considera como
de tensão zero, que passa a ser a referencia de zero ou massa. Muitas vezes e’ eleito o pólo
negativo do gerador que alimenta o circuito. Em relação a esse ponto exprime-se a tensão de
qualquer outro do circuito.

Sentido Convencional e Real da Corrente Elétrica:

Quando na estrutura de um condutor metálico circula uma corrente elétrica, cada elétron
que salta de um átomo a outro próximo deixa para trás um íon positivo e neutraliza outro no
átomo onde “aterrissa”. Saltando deste novo átomo para um íon próximo, ele deixa outro íon para
trás de si e neutraliza um à sua frente. Isto gera uma ilusão de que os íons positivos se deslocam
em sentido oposto aos elétrons, na mesma quantidade.

Sabemos que na verdade os íons estão presos na estrutura metálica através de ligações
covalentes e não podem deslocar-se pela estrutura. Na verdade os átomos alternam entre a
condição de íon e neutro a cada elétron que salta.

Durante muito tempo imaginou-se que a corrente elétrica era formada por cargas positivas
livres que deslocavam-se do pólo positivo para o negativo. Embora equivocado, este raciocínio
nunca prejudicou o estudo dos circuitos elétricos. Alem disso oferece maior facilidade de analise.
Assim, mesmo hoje em dia convencionou-se tratar a corrente elétrica como sendo do
potencial mais positivo para o mais negativo. É o chamado Sentido convencional da corrente
elétrica.

Resistência Elétrica:

Resistência Elétrica e a Lei de Ohm

Como já foi dito os metais são normalmente usados como condutores de corrente nos
circuitos elétricos, por serem bons condutores. Porém nem todos os metais tem as mesmas
características e nenhum deles oferece uma facilidade total à circulação de corrente. A prata
oferece menos dificuldade que o cobre e o cobre menos dificuldade que o chumbo.

Assim dizemos que a prata é melhor condutora que o cobre e este melhor condutor que o
chumbo. De outra forma, podemos dizer que o chumbo oferece maior RESISTÊNCIA à passagem da
corrente elétrica do que o cobre ou a prata. Os materiais não se dividem apenas em bons
condutores ou isolantes. O carbono, como do grafite dos lápis, também conduz corrente elétrica,
mas oferece significante resistência à sua passagem. Isto também ocorre com algumas ligas
metálicas. Estes materiais são chamados maus condutores.

Esta dificuldade que os materiais oferecem à passagem da corrente, deve-se à maior ou


menor facilidade que seus átomos tem de perder elétrons e aos choques que ocorrem entre
elétrons livres e os átomos em vibração devido à energia térmica do ambiente.

Portanto Resistência Elétrica é a dificuldade oferecida à circulação da corrente elétrica


pelos elementos de um circuito.

Em alguns casos a resistência elétrica é um fenômeno indesejável. Por exemplo, a


resistência elétrica dos fios condutores das instalações residenciais, provoca uma certa perda de
energia, sob a forma de calor. Já num ferro de passar, a resistência do elemento resistivo interno
ao ser percorrida pela corrente, provoca o aquecimento desejável à sua função.

Em circuitos eletrônicos, freqüentemente é necessário controlar ou limitar a corrente


elétrica em certos pontos. Para isso lança-se mão de componentes especialmente construídos
para oferecer uma resistência elétrica calculada. São os resistores.

A 1ª Lei de Ohm:

A unidade de medida de resistência elétrica é o Ohm (abreviado por Ω) em homenagem ao


cientista alemão George Ohm, que dedicou-se ao estudo das suas causas e seus efeitos.

Ele definiu a resistência elétrica como uma constante, definida pela razão entre a tensão
aplicada a um elemento resistivo e a corrente nele circulante.

Seja um determinado resistor. Aplicando sobre ele uma d.d.p. de 1V, admita-se que circule
uma corrente de 1A. Neste mesmo resistor, se aumentarmos a d.d.p. para 2V, a corrente passará
a ser de 2A .

Segundo a definição de Ohm, 1V/1A = 1 Ω, 2V/2A = 1 Ω

Equacionando:

R = U/I onde R = resistência, U = tensão, I = corrente

Ohm (Ω) = V/A

Potência Elétrica:

Considere um receptor de um circuito elétrico, por exemplo, a lâmpada da lanterna dos


exemplos anteriores. Ela está submetida à tensão da pilha e é percorrida por uma determinada
corrente. Assim em um dado intervalo de tempo, a lâmpada recebe e transforma uma
determinada quantidade de energia. A razão entre a quantidade de energia transformada e tempo
em que ocorreu tal transformação determina a Potência Elétrica desenvolvida na lâmpada.
Equacionando:

P = E / dt (1) onde P = Potencia elétrica, E = Energia transferida, dt = intervalo de


tempo.

Mas vimos que:

U = E / dQ de onde podemos obter E = U x dQ (2)

Substituindo (2) em (1) temos:

P = U x dQ / dt (3)

Também vimos que I = dQ / dt (4)

Substituindo (4) em (3) temos:

P = U x I Esta é a equação de potência mais conveniente para nos. Ela nos diz que para
obter a potencia dissipada em um elemento do circuito, basta multiplicar a tensão sobre ele pela
corrente que o percorre. Estas grandezas geralmente são conhecidas ou podem ser facilmente
calculadas. A unidade usada para medir potencia elétrica é o Watt (W). então:

W=VxA

Por exemplo se a lâmpada do farol alto de um automóvel é percorrida por uma corrente
de 5,4A , sendo a bateria do mesmo de 12V a potencia na lâmpada será de 12V x 5,4A = 65W .

Como outro exemplo, suponha que compramos outra lâmpada, para luz de freio, que traz
as especificações 12V , 21W e desejamos saber qual a corrente que vai circular por ela quando o
freio for acionado.

P=UxI isolando I, temos I = P / U então I = 21W / 12V logo I = 1,75 A.


CIRCUITOS SÉRIE, PARALELO E MISTO
Nó de circuito: Qualquer ponto de um circuito onde se unem 3 ou mais condutores.
Portanto é um ponto onde 2 ou mais correntes se somam ou onde 1 corrente se divide em
2 ou mais.

Ramo de circuito: Qualquer trecho de circuito onde só há um caminho para a corrente


elétrica. Portanto qualquer trecho entre 2 nós.
Os circuitos elétricos complexos são associações de dois tipos de circuitos fundamentais:

Circuito série e circuito paralelo.

Circuito série:

Quando vários elementos são conectados um em seguida do outro e cada elemento tem apenas
um terminal comum com cada seu adjacente. A corrente elétrica tem um único caminho para
circular através de todos os elementos.

Propriedades do circuito série:

Num circuito série, a corrente tem a mesma intensidade em qualquer elemento do circuito.

A tensão do gerador (tensão de alimentação) divide-se entre todos os elementos.

Como a corrente é igual em todos os elementos, aquele que apresentar a maior resistência
elétrica, terá sobre si a maior parcela da tensão de alimentação.

A soma das tensões sobre todos os elementos corresponde a tensão do gerador.

Num circuito série, se um dos elementos for interrompido, a corrente cessa em todo o
circuito, ou seja todos os elementos param de funcionar.
Resistência equivalente no circuito serie:

Num circuito serie, a resistência equivalente ou resistência total e dada pela soma das
resistências de cada elemento. Logo a resistência equivalente será sempre maior do que a
maior resistência individual do circuito.

Req = R1 + R2 + R3 + . . . + Rn

Circuito paralelo:

No circuito paralelo, cada elemento tem os dois terminais em comum com os adjacentes.

Todos os elementos ficam sob a mesma tensão e a corrente divide-se por todos eles.
Propriedades do circuito paralelo:

Num circuito paralelo a tensão é a mesma sobre todos os elementos.

A corrente total divide-se proporcionalmente por todos os elementos do circuito.

Como todos os elementos estão sob a mesma tensão, quanto menor for a resistência de
um elemento, maior será a corrente através dele, e quanto maior a resistência, menor a
corrente através dele.

A soma das correntes de todos os elementos corresponde a corrente fornecida pelo


gerador.

Se um dos elementos for interrompido, não afeta o funcionamento dos outros.

Resistência equivalente no circuito paralelo:

Num circuito paralelo, a resistência equivalente ou resistência total e dada pelo inverso da
soma dos inversos das resistências individuais. A resistência equivalente será sempre
menor que a menor resistência individual do circuito.

1/Req = 1/R1 + 1/R2 + 1/R3 + . . . + 1/Rn

No caso particular de dois elementos em paralelo, a resistência equivalente pode ser


calculada por:

Req = (R1 x R2) / (R1 + R2)


Circuito misto:

Os circuitos mistos são combinações dos circuitos serie e paralelo. Assim conforme o caso
aplicam-se as propriedades dos circuitos serie ou paralelo. Os circuitos mistos em muitos
casos podem ser simplificados para efeito de analise usando os conceitos de resistência
equivalente.

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