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Conjunto de regras, opiniões e decisões que vigoraram em Roma desde a sua fundação, no séc. VIII a.C., até à morte de
Justiniano (Imperador Bizantino do Império Romano) em 565 d.C. Os Romanos foram os primeiros a separar o ius (o direito está
fora do estado porque é criado pelos jurisprudentes sem imperium, mas com auctoritas) da religião e do poder.
Atualmente, continuam válidos os preceitos jurídicos: honesto vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere- estas são as
regras fundamentais em que assenta o corpo do Direito, por estas podemos aferir a juridicidade de todas as outras regras.
1.Primeiro Período Roma do rex e das gentes (753 a.C. – 509 a.C.)
É um período marcado pelos elementos de organização gentílica e os efeitos do poder real característico da dinastia Tarquínia
(dinastia dos últimos três reis de Roma).O Rex e as gentes são as duas instituições que marcaram a organização política, social e
militar de Roma, determinando, assim, a criação jurídica dos Romanos, sendo que o Rex se integrava no topo da pirâmide
hierárquica das estruturas religiosas, militares e políticas romanas, e as gentes ao povo da cidade de Roma (têm diferentes
direitos entre si). Até ao fim do império, verifica-se uma organização militar do poder político correspondente à organização
atual da igreja (por isso é que a Igreja se impôs quando Roma caiu).
Organização social: 1 Rei; 3 tribos (cada uma com 10 cúrias);30 Cúrias ( cada uma com 10 decúrias); 300 Decúrias (cada uma
com 10 homens).
O poder que rege em Roma é maioritariamente sacro/divino e o rei é escolhido por intermediação dos deuses através do
colégio dos pontífices- constituído pelos chefes das famílias patrícias, sendo que o rei é normalmente um membro deste
colégio . Dentro das famílias patrícias há sempre um pontífice que mantém as relações com os deuses e é a quem se recorre
para a tomada de decisões. A sociedade e o direito são profundamente místicos- há uma relação quase umbilical entre o
humano e o profano.
Poderes do Rex:
o Imperium militae - chefia as tribos e lidera a defesa de Roma.
o Imperium domi -poder para administrar a cidade, permite ao rei resolver aspetos da vida coletiva e dirimir os litígios, poder
que lhe permite fazer leis: Leges Regiae (positivações do direito romano).
o Poder de intermediação divina- pontífice máximum: é ele quem faz a ligação divina entre o humano e o profano, ou seja, é
ele quem faz a ligação com os deuses. Este poder corresponde à base do poder político do rex.
Leges Regiae- leis feitas pelo rei representantes da vontade divina e resultantes da formalização de regras consuetudinárias,
não podem ser revogadas/recusadas pelos Comitia. As leges regiae ( recolhidas no ius papirianum) não permitem dizer que o
rex tinha um poder normativo próprio como expressão do poder político, já que se tratam apenas de um conjunto de regras
formalizadoras de máximas consuetudinárias que circulavam oralmente e de rituais religiosos que se cumpriam na liturgia de
então.
O Rex era eletivo: Quando o rei morria os seus poderes iam para o senado que nomeava um interrex a quem os deuses
expressavam a sua vontade relativamente ao nome do selecionado (entre os senadores) - o rei escolhido assumia a posse dos
poderes de imperium com autorização do comitia curiata- votavam o nome proposto que, se fosse aprovado, procedia-se à
inauguratio: uma cerimónia religiosa de investidura nos poderes supremos e no poder político «soberano».
Senado: órgão que representa o patriciado, isto é, a aristocracia romana, sendo o órgão consultivo do rei só este o podia
convocar, foi o único órgão que perdurou durante toda a existência do Império Romano. O senado tem auctoritas porque é, ao
longo de toda a história de Roma, o guardião da mais antiga fonte de direito os Mores Maiorum.
Funções do Senado:
o Conceder auctoritas às deliberações de outros órgãos, nomeadamente os comitia curiata, de modo a ratificar as decisões
tomadas.
o Declarar a guerra e a paz - ius bellis et pacis .
o Poder de celebrar tratados .
o Conselho e auxílio do rei.
o Poder de interregnum: forma de garantir a continuidade dos auspicia, poder que o senado assume na ausência do Rex de
chefia do Estado e de ratificação do novo rei e das deliberações dos outros órgãos, juntamente com os Comitia : lex curiata
comitia - lei que atribui poderes aos comitia e ao senado, dizendo que a eleição do rei está nas mãos dos comitia.
Comitia Curiata: órgão que reunia todo o populus de Roma. Assembleia onde se verifica a incidência do papel do cidadão no
controlo jurídico (muito forte) .
Os comitia curiata não tinham nenhuma competência legislativa própria- a falta de autonomia decisória dos membros impõe
que questionemos a possibilidade de deliberação autónoma das assembleias a que estes pertenciam. A haver alguma
intervenção decisiva dos comitia curiata ela deveria ser expressa não por uma deliberação, mas por um ato de adesão ou
rejeição a uma pergunta feita por um magistrado. Assim, é o magistrado que determina o conteúdo da solução e a assembleia
limita-se a aceitá-la ou não.
A lex curiata de imperium fixa o nexo de ligação entre o rex e o populus, estrutura da civitas que confirma a insuficiência do
mero investimento do senado para legitimar o rex no exercício dos seus poderes.
Os colégios sacerdotais não podem ser considerados um órgão do governo de Roma, mas eram uma forte instituição com
elevado poder de influência sobre as decisões políticas, de entre os quais podemos destacar: o dos áugures, o dos pontífices, os
duoviri sacris faciundis e os collegia minora de flamines e fetiales.
494 a.C. Revolta institucional, não militar dos plebeus: luta entre patrícios e plebeus pela aequatio iuris -igualdade política e
pela paridade face ao Direito, de modo a poderem participar plenamente na vida política e social de Roma. Ainda que tivessem
liberdade e cidadania, os plebeus eram privados de poder e considerados de condição inferior (não podiam participar na
descoberta, criação e aplicação da lei).
Entre 451-449 a.C. são eleitos os dois novos Cônsules: Valério Potito e M. Horácio Barbato que fizeram publicar a lei das XXII
Tábuas e as 3 Leges Valeriae Horatiae.
451 a.C.- colégio de 10 patrícios (com plenos poderes militares e políticos) iniciou a redação das Leis das XXII Tábuas - Decemviri
Legibus Scribundis - foram necessários 2 decenviratos para levar o trabalho a cabo. Estas leis não afetaram o Ius Romanum, em
termos de conteúdo, por se limitarem a redigir as normas tradicionais do mores maiorum, apesar disto são de grande
importância pois quebraram a barreira de incerteza e insegurança que caracterizava o processo decisório- permitia conhecer os
fundamentos e criticar as soluções das sentençasp.
o "10 tábuas" são aprovadas pelos Comitia, mas consideradas insuficientes no que toca aos direitos do plebeus
o Elege-se outro decenvirato para redigir mais 2 tábuas que são recusadas pelos comitia
o Valério e Horácio redigem as 2 tábuas- Lex Valeria e Horatia.
12 Tábuas :
o Lei 1ª-3ª: matéria do processo civil;
o Lei 4ª- Direito da família;
o Lei 5ª- Direito das sucessões;
o Lei 6ª- Contratos;
o Lei 7ª- 12ª- Direito penal (onde residem alguns benefícios para os plebeus).
Apesar da redação destas leis continuam a ser necessários jurisprudentes para as interpretarem e trabalharem, pois estas não
nos dizem quais as soluções para os casos.
Processo comicial:
1) Anquisitio (inquérito)- feita pelo magistrado para apurar a real existência de um crime.
2) Rogatio- resposta da assembleia que se pronunciava sobre a pena a atribuir..
Abertura das magistraturas aos plebeus: os tribunos militum consulari potestae- a componente militar plebeia impôs ao Senado
a sua presença nos cargos supremos do Estado. Esta abertura introduziu uma profunda reforma de mentalidades em de Roma
com efeitos na estrutura jurídica e no processo de criação e aplicação de regras jurídicas)
Em 367 a.C. foram aprovadas as Lex Licinae Sextiae que formalizam as reivindicações dos plebeus quanto à paridade jurídico-
política entre os patrícios e os plebeus.
o Lex Licinae Aero Aliero: os devedores têm a possibilidade de dividir os montantes da sua divida em 3 prestações e pagar
cada uma delas anualmente- maior segurança na sociedade Romana, visto que ajuda a diminuir o grau de agressividade dos
patrícios perante os plebeus.
o Lex Licinae modum agrorum: trata da redistribuição de terras por plebeus, evitando, assim, que haja domínio exponencial
de umas famílias sobre as outras.
o Lex Licinae de consule plebeo- deve haver um cônsul patrício e um plebeu, de modo a haver equilíbrio do poder.
A Lei das XII Tábuas e a Lex Licinae Sextiae são as medidas legislativas que traduzem a transição da monarquia para a república;
são 2 momentos de evolução legislativa com o objetivo de igualar plebeus e patrícios.
3. O populus romano e a república (367 a.C. – 27 a.C.)
Em Roma, nesta altura, partia-se de casos concretos que eram analisados por magistrados para decidir as soluções dos
mesmos- casuísmo. O poder político é exercido em nome da comunidade e entregue aos magistrados detentores de imperium;
o Senado, dotado de auctoritas política, é o órgão de conselho e consulta de magistrados, garantindo a continuidade
institucional do poder público de Roma em caso de crise; o populus, onde assenta a maiestas, passa a ter uma organização
institucionalizada que expressa as suas posições através de deliberações das suas assembleias.
O cidadão romano participava na vida da cidade através da escolha dos magistrados e da votação das propostas de leis
apresentadas pelos magistrados, contribuía com serviço público para a comunidade, servia nas legiões, contribuía, quando
assim era decidido em assembleia, com um tributum em caso de dificuldade financeira da sociedade etc.
Roma:
o Comitia
o Senado
o Magistrados
Assembleias do Populus: comitia curiata, comitia tributa, comitia centuriata e os concilia plebis.
Comitia : assembleia de todos os cidadãos, as assembleias reuniam de forma separada, consoante os grupos politicamente
relevantes; há 3 tipos :
o Comitia Curiata- (cúrias) elegiam os reis e os membros do Senado, escolhiam magistrados, faziam leis, tratavam das
questões sagradas e fiscalizam os poderes do rei.
o Comitia Centuriata- ( centúrias- comandadas pelos centuriões) assembleia de matriz plebeia convocada por um magistrado
cum imperium. competências: aprovavam a declaração de guerra e os tratados de paz, elegiam os magistrados maiores,
aprovavam as leis propostas pelos magistrados, decidiam sobre a morte e vida dos cidadãos acusados- iudicium.
o Comitia Tributa- (tribos) eram mais restritos, eram assembleias com o propósito de resolver um grupo restrito de pessoas-
tribo, tinham um papel local.
Nota: O Senado tinha um papel superior à Comitia, mas acaba por ter uma menor posição interventiva na vida social de Roma.
Concilia da Plebe- constituída pelos plebeus que elegiam o Tribuno da plebe e os plebiscita (leis que se aplicam exclusivamente
aos plebeus) e, ainda, aplicavam multas aos plebeus por crimes menores. Com a Lex Hortensia passou a ter importantes
competências legislativas.
Senado: até à República era uma assembleia, exclusivamente, patrícia a partir daí passou a integrar também plebeus.
Funções:
o Conduzir a política externa de Roma e receber embaixadas de outros povos;
o Aprovar tratados internacionais;
o Garantir o cumprimento do mores maiorum- concessão de auctoritas patrum às leis aprovadas pelos comitia;
o Fixação do orçamento militar (Roma financiava-se através da guerra);
o Auxiliar o governo dos Cônsules.
Os magistrados eram, por vezes, obrigados a consultar o senado antes de tomar certas decisões, mas não tinham de seguir a
sua deliberação- o Senado não exercia qualquer competência legislativa, sendo um órgão consultivo as suas deliberações
tinham a natureza de pareceres e abrangiam apenas a parte que solicitava o parecer. O senado concedia ou não auctoritas
patrum às leis votadas nos comitia e davam conselhos aos magistrados com ius agendi cum populo ( poder de convocar).
Com a lex aebutia per formulis o senado passa a ser fonte imediata de direito, porque é este órgão que aconselha o pretor no
exercício da sua atividade- criar direito; surgindo até a ideia que era o Senado que realmente legislava. Esta valoração
legislativa do Senado resultou da afirmação da auctoritas patrum. A partir de Adriano esta ideia desaparece, pois quem aprova
as leis que vigoram como tal é o princeps- o Senado perde, então, força jurídica.
O Senatus Consulta tinha duas partes: o praefatio- prefácio: nome do magistrado convocador, etc.- e o relatio- o conteúdo.
Em V a.C. houve um Senatus Consulta que se considera que foi o primeiro com força vinculativa, não o sendo realmente porque
abrangia apenas matéria substantiva (processual). O primeiro Senatus Consulta com força vinculativa surge em X d.C. com
forma legislativa sobre direitos substantivos- Senatus Consulta Silanianum ( secre acrum)- com a finalidade de reprimir os
frequentes assassinatos de proprietários cometidos por escravos.
Até X d.C. os Senatus Consulta eram fontes de direito não imediatas ( não valiam por si só), eram consultas do senado às
instâncias, não vinculando as partes. Aqui os comitia pediam pareceres ao senado assim como os magistrados, e esses
pareceres valiam como direito e eram para ser cumpridos. A partir do ano 10 d.C. assumem um papel legislativo com a
aceitação do princeps.
Magistraturas: são os órgãos mais importantes porque os poderes do Rex foram transferidos para eles.
Características:
o Colegialidade- há sempre 2 magistrados para cada função (um tinha Imperium e o outro o direito de vetar as decisões do
primeiro);
o Temporalidade- mandato de 1 ano ( com exceção do ditador- 6 meses- e do censor- 5 anos);
o Separação de poderes;
o Responsabilidade pelas infrações cometidas durante o mandato.
Magistraturas:
o Ordinárias (censores, cônsules, pretores, edis e questores)
permanentes- o titular estava sempre em função;
não permanentes- o titular exercia funções não contínuas.
o Extraordinárias-(ditador e tribuno da plebe) não são permanentes e são eleitas para fazer face a imprevistos, tinham poder
de intercessio sobre todos os magistrados ordinários .
As magistraturas ordinárias diferem das extraordinárias, dado que são eleitas periodicamente ao contrário das segundas que só
são eleitas em períodos de insegurança militar ou religiosa.
Magistratura Funções
Nota: Os poderes do pretor dividiam-se com base na Lex Aebutia de Formulis 130 a.C. o pretor passa a aplicar a justiça com
base no iurisdcitio, passa a criar fórmulas- direito processual. Até essa data o pretor utiliza o seu Imperium é intérprete do Ius
civilis, não o cria. ( ver a seguir)
A Leges em Roma
Lex: toda a norma escrita que pode ser lida, declaração solene com valor normativo baseado num acordo entre quem emite a
declaração e os seus destinatários (ambas as partes são vinculadas pela lei).
Lex Privata: tem por base um negócio privado, cria direito privado que vincula ambas as partes do negócio.
Lex publica: apresentada por magistrados aos comitia curiata, aprovada pelo populis com uma autorização responsável
(iussum); há um acordo entre o magistrado que propõe a lei e o povo que a aprova. Pode ser de dois tipos:
o Plebiscitum: proposto no tribuno da plebe e votada nos concilia da plebe, no inicio tinham carácter normativo não jurídico
não vinculando nem os patrícios nem os plebeus. A partir de 449 a.C. Lex Valeria e Horatia de plebiscitis adquirem força
vinculativa igual à dos leges, mas só para os plebeus.
o Lex rogata- regula direito público, são identificadas pelos nomes dos 2 cônsules do ano em que são propostas e aprovadas,
podem conter indicação sumária do conteúdo.
Até 339 a.C.- Lex Publica Philonis; a aprovação do senado era feita após a votação dos comitia o que deu origem a conflito entre
o senado e os comitia, a partir de 339 a.C. a auctoritas patrum passa a ser atribuída antes do voto - só os projetos aprovados no
senado foram votados nos comitia .
Lex data: (surgem em 242 a.C.) lei proferida por um magistrado em virtude de um poder específico que o povo lhe deu para
esse efeito. Há quem duvide que este tipo de lei tenha existido- Pra Gianfranco Tibiletti.
Lex dicta: são proferidas por um magistrado em virtude dos próprios direitos.
Ius praetorium- direito criado e interpretado pelo pretor, pode ser um direito novo (criado) ou não ( interpretado). Este ius faz
parte do ius honorarium (direito criado pelos edictos dos magistrados).
Pretor Urbano- administra a sua função na cidade (aos cidadãos só se aplica Ius Civile) e interpreta o Ius Civile (só se aplica aos
cidadãos) fá-lo por via processual, não é um teórico do direito- resolve questões concretas, não dá a sua opinião como os
jurisprudentes, mas administrando a justiça ( potestas & imperium). Trabalha no âmbito do seu tribunal.
Pretor peregrino- resolve questões jurídicas entre estrangeiros e entre estrangeiros e cidadãos- Ius Gentium- criado pelo pretor
peregrino para resolver questões jurídicas que envolvam estrangeiros, baseia-se no Ius Civile, mas sofreu alterações causadas
pelo contacto com os povos e pelo pretor. Administra, também, a justiça e resolve situações concretas
A partir do séc. III Roma tem 2 ornamentos jurídicos: o Ius Civile e o Ius Gentium.
Agere: as partes consultam os jurisprudentes, que seguem as instruções do pretor – as fórmulas. O que as partes querem de
verdade é conseguir ‘vencer’, mas a única forma de conseguir realmente ganhar o caso, era se fosse eu a escrever a fórmula, o
que não é possível pois quem faz isso são os pretores, eles escrevem a fórmula que acham justa para o caso concreto, mas eles
podem no entanto pedir ajuda/pareceres! Também as partes podem pedir estes pareceres para conseguirem ganhar o caso, e é
o que fazem quando recorrem ao pretor e aos jurisprudentes. Aí o pretor redige a fórmula através de um decreto.
O que as partes fazem na verdade é pedir a fórmula ao pretor – pecticia/petição (ato postulativo).
1ª hipótese: não há formulas – peço ao jp, que é quem tem a última palavra, uma fórmula usada pelo pretor
2ª hipótese: o jurisprudente diz de entre as fórmulas existentes do edito qual deve ser pedida pela parte (qual a melhor para
tutelar o seu caso)
O que pode acontecer é que as duas partes peçam uma formula distinta, existindo então duas diferentes, ou seja, uma
multiplicidade de opiniões. Posto isto quem decide/escolhe depois é o pretor.
A partir do edito de Adriano não há novas formulas, porque se cristalizou para não existir o confronto e a multiplicidade de
opiniões.
Tribunal do pretor : durante o seu tribunal, o pretor interpreta, integra e corrige o Ius Civile
O pretor não se preocupa com a veracidade ou com o resultado do caso, a sua preocupação é garantir que o caso está
estipulado no Ius Civile. Se sim ele concede o poder de recorrer ao tribunal (actios) e depois faz-se ai a prova e aplica-se o que o
pretor disse.
Exemplo: Deu-se um stipolatio (contrato com direitos e obrigações) entre A e B, em que A emprestou 1000 euros a B,
determinando que este poderia pagar-lhe em 2 partes dos próximos 2 anos. O que aconteceu foi que os 2 anos se passaram e B
só pagou 500 euros. Posto isto A dirigiu-se ao pretor, que disse que A tem o direito de receber o dinheiro (actio) e pode ir a
tribunal, porque o ius civile protege o negocio jurídico. Quando vai a tribunal dá-se a fase da prova com o iudex que ira verificar
a veracidade dos factos (porque esse não era o papel do pretor). Depois de tudo se confirmar o juiz aplica o actio concebido
pelo pretor e resolve o caso.
4. O Princeps como primus inter pares (27 a.C. – 285)
Surgiu após o fim da república com o destaque de uma personalidade com poder militar supremo, governo das províncias e
autoridade superior em Roma – o prínceps. O seu poder é legitimado politicamente por delegação de Senado e das
Assembleias populares, preservando-se a sua formalidade republicana.
Decadência dos órgãos constitucionais- concentração progressiva dos poderes nas mãos do princeps- desgaste nos órgãos de
expressão colegial ( comícios e senado) que passam a assumir um papel meramente formal.
Comitia: costumavam ter duas grandes funções: aprovar leis e eleger magistrados; a primeira competência passa a ser exercida
pelo senado e a segunda diminui à medida que o princeps começa a assumir esta função- os magistrados começam a
corresponder aos funcionários do princeps. Assim, perdem progressivamente o seu poder, pelo que deixam de ser convocados
e, consequentemente, verifica-se o desaparecimento desta assembleia popular.
Senado: o princeps introduziu alterações no senado para facilitar o seu controlo: redução do número de senadores; o princeps
passa a convocar o senado sempre que entender- senatus legitimus; expansão dos poderes do senado, retirando-os ao populus
para que o princeps os pudesse exercer- senado perde as funções políticas que exercia com independência.
Magistraturas:
o Pretor perde a sua importância porque o princeps cria o seu próprio tribunal ( há transferência dos cidadãos do tribunal do
pretor para o do princeps).
o Censor- vê as suas funções reduzidas.
o Cônsul- desaparece.
o Ficam o Edil e o Questor como funcionários para administração do Imperium, mas são desvalorizados e esvaziados de
funções.
o Tribuno da Plebe- mantém o intercessio (menos contra o princeps) e os seus poderes perdem eficácia.
O imperador Adriano destacou-se com a feitura do edito perpetuo de Adriano, assim chamado porque não podia ser feito mais
nenhum edito por um pretor com ideologias diferentes (não se pode mais alterar o conteúdo do edito – cristalização : ficou
assim não se permitindo novas formas de administrar a justiça, só as do imperador). Este edito é um pouco contraditório pois
não foi feito por Adriano, mas sim por Juliano, um jp mandado pelo imperador, e não e propriamente um edito.
Ele foi publicado pelo senado consulta. Aqui o pretor perde a capacidade de criação de direito e limita-se a aplicar o que tinha
sido criado pelos pretores anteriores.
É inaugurada em Roma uma monarquia absoluta ( general Aureliano) e os romanos tornam a ser súbditos. Outro general-
Diocleciano- vai aprofundar e consolidar a monarquia romana no sistema político conhecido de Dominado. Aqui desaparece a
jurisprudência - não há separação de poderes nem autonomia de justiça.
2. O ius honorarium
Ius Civile- conjunto de regras resultante da interpretatio feita pelos sacerdotes das regras divinas e dos mores maiorum antes
da expansão romano; o ius civile vem da populus na interpretação dos jurisprudentes. Eventualmente, às suas fontes
tradicionais juntaram-se outras fontes como: o ius gentium, o ius naturale e o ius honorarium. As suas fontes correspondem
aos atos legislativos e à interpretatio dos jurisprudentes.
Ius Honorarium- (ius edictale ou ius magistrade) direito criado pelo magistrado, quase coincidente com o ius criado pelo pretor
urbano ou ius praetorium. As suas fontes correspondem ao ius praetorium e aos atos do pretor no exercício da sua iurisdictio e
do seu imperium.
Apesar do ius honorarium ser fonte do ius civile, as suas fontes de criação contrapõem-se, pelo que se verifica a uma
diferenciação de conteúdo . Assim, em virtude da procedência, do conteúdo das normas e da sua autonomia formativa, o ius
praetorium é um conjunto normativo mais completo, sistematizado, integrado e eficaz que o ius civile.
A ação do pretor permite integrar, corrigir, adaptar e preencher o ius civile em dois momentos:
o No exercício do ius edicendi quando define no edictum perpetuum as normas que seguirá na sua atuação usando o
imperium.
o No momento da sua aplicação, no âmbito da iurisdictio, com recurso à Aequitas.
A liberdade do pretor na aplicação do direito ao caso resultante da sua atividade jurisdicente permite criar, nos limites da
tradição expressa no ius civile, novas regras para novas situações. A formalidade do ius civile é, então, aligeirada com as
intervenções pragmáticas e eficazes do pretor no âmbito do ius honorarium. Assim, pode-se dizer que o ius honorarium
permitiu a renovação do ius civile, mantendo a sua eficácia, beneficiando também da possibilidade de atuar no Âmbito do ius
civile. Só o tempo e uma crescente intervenção criadora do pretor no plano da aplicação do ius civile, recebendo e atualizando
as suas instituições e os seus conceitos, derrubam a resistência dos jurisprudentes, que acabam por aceitar a atividade do
pretor como criadora de preceitos jurídicos- ius.
3. A lex
A iurisdictio passou a ser o poder supremo de declarar a existência de um direito que podia ser exercido perante um juiz, ou
negar a sua existência tal como era invocado por um interessado- era essa a atividade principal do pretor.
A lex era toda a norma jurídica que podia ser lida. Logo, era uma declaração solene com valor normativo emitida por um órgão
"constitucional" com competência e legitimidade para a fazer, baseado num acordo entre a entidade emitente e os
destinatários.
4. A iurisprudentia
A jurisprudência evoluiu ao longo do Império Romano, sendo as alterações que sofreu com o tempo determinantes da forma de
criação de Direito na altura.
Inicialmente, a jurisprudência era uma atividade exercida exclusivamente por sacerdotes pontífices, havendo neste âmbito uma
interseção do domínio jurídico com o sagrado, pelo que os pontífices eram os únicos capazes de resolver litígios como resultado
de serem os únicos aptos a averiguar a vontade divina. Mais tarde, por volta do Séc. III a.C. iniciou-se o processo de Laicização
da Jurisprudência que corresponde a uma racionalização progressiva desta, libertando-a do cariz sagrado que a envolvia; este
processo pode ser dividido em três etapas: a Lei das 12 Tábuas- positivação de normas de Ius Civile- o Ius Flavianum- que por
ser criado por um escravo provou que a jurisprudência é uma atividade humana acessível a qualquer pessoa- e, por último, o
ensino público do direito iniciado por Tibério Coruncânio. Nesta fase, a atividade jurisprudencial de criação e interpretação do
direito manifesta-se fundamentalmente através de três funções: cavere (aconselhamento aos particulares sobre a realização de
negócios jurídicos), agere ( assistência às partes sobre o processo em tribunal, aconselhando fórmulas e indicando quais as
palavras mais indicadas) e respondere (pareceres concedidos a magistrados/particulares sobre questões jurídicas).
Os jurisprudentes distinguiam-se dos magistrados, porque ao contrario destes, eles não tinham imperium, mas sim auctoritas,
que era um saber socialmente reconhecido, que lhes permitia serem convocados pelas partes no exercício da sua função
(conseguir a solução mais justa para o caso concreto – resolução de litígios). O ius civile era aqui o resultado do trabalho dos
jurisprudentes (criação jurisprudencial), era o direito jurisprudencial comum- não era um direito escrito e legal, mas sim um
conjunto de regras e soluções criadas pelos jurisprudentes com base na interpretação.
Posteriormente, com a criação do Ius Publice Respondendi por Augusto originou-se o declínio da jurisprudência, esta figura
dava legitimidade concedida pelo princeps a determinados jurisprudentes para vincular as partes em tribunal, assim os
jurisprudentes passaram a estar sob a alçada do poder político, consequentemente, as suas opiniões deixaram de ser o fruto de
autonomia e liberdade, os jurisprudentes, por esta altura, começaram a assumir o cargo de assessores do princeps. Apesar
disto é só sob o império de Adriano que os jurisprudentes perdem a sua auctoritas e assumem somente um trabalho
administrativo. No Dominado verifica-se o desaparecimento da jurisprudência com a substituição dos iurisprudentes por
legisladores e a assunção do direito como um mero instrumento do poder político.
Finalmente, podemos concluir, através da história da jurisprudência, que esta ocupa um papel central enquanto fonte de
conhecimento e fonte criadora do Ius Romanum, para além disto tem, também, grande influência no direito europeu atual
,sendo que os princípios da atividade jurisprudencial estabelecidos por Ulpiano mantêm-se até hoje relevantes na construção
jurídica .
Foi o primeiro momento de transição de um regime para outro e foi a primeira tentativa de enunciar por escrito as regras mais
importantes do ius fazendo aplicar de forma igualitária a patrícios e plebeus as regras jurídicas. Constituiu a positivação dos
mores maiorum, criando uma comissão de 10 homens patrícios – decenvirato , aprovado nos comitia centuriata , que tinham
de redigir as leis de Roma. Há então uma comissão que elabora 10 tábuas que vão ser submetidas aos comitia centuriata para
as aprovar ou não. A aprovação dá-se mas, no entanto, eles entendem que há um défice de matéria e querem algo mais
relativamente aos direitos e aos poderes. Assim, nomeia-se um segundo decenvirato que é encarregue de elaborar mais duas
tábuas. Estas são recusadas (por considerarem que houve uma exerção do poder de forma imperial) e nomeiam-se 2
magistrados: Valério e Horácio, que vão sim finalmente elaborar as 2 leis/tábuas que faltam. Os cônsules submetem aos
comitia a Lex Valéria Horácia que serão as duas ultimas leis. Podemos dizer que a lei das 12 tabuas resolveu o problema do
conflito entre MM e leges (optando por elas)Estas regras escritas, que foram dadas a conhecer ao populus, foram interpretadas
pelos jurisprudentes para serem aplicadas a resolução de litígios de forma a encontrar soluções justas. A partir de agora,
qualquer ato praticado contra legem era nulo, agora que se superou a oralidade incerta e teve-se o primeiro momento de
regras escritas. Importante saber que aqui ainda existiam pontífices, eles só se eliminaram com a república e a lei das 12 tabuas
pertence ao período da transição. Aqui os pontífices eram os jurisprudentes da época interpretando as regras aqui expostas
originando o ius legitimum que se aplicava aos casos concretos.
A Lei das 12 tábuas, fonte de todo o direito publico e privado, segundo Tito Lívio permitiu superar o literatismo legalista pela
interpretação criadora dos iurisprudentes. Entendemos que a lei das 12 tábuas resolveu também o problema do conflito entre
os mores e leges (optando pela lei – o que o povo fixa por ultimo deve ser considerado direito). Logo no caso de haver um ato
praticado com fundamento num costuma contra legem, o ato, por contrariar a lei, era por regra, nulo. A redução a escrito das
regras e de formulários passou a ser a base da atividade jurisprudencial. Agora, a regra de direito perdia a sacralidade e o
segredo, ficava exposta ao público, sujeita a opinião geral, e permitia a não sacerdotes o seu conhecimento, aplicação e
interpretação. É importante destacar que a lei das 12 tabuas, apesar do forte carácter jurídico, não tinha carater normativo
nem se pode comparar a constituição ou ao Código Civil dos nosso dias.
Ius Flaviano (300 a.C.) Cneu Flávio era um escravo de um sacerdote pontífice que ficou cego, tendo impossibilidade física de ler
os auspícios. Ele criou um conjunto de interpretações do direito a que chamamos ius flaviano, demonstrando que não era
preciso ser pontífice para saber ler auspícios e para ser intérprete do direito. – laicização da jurisprudência. Foi esta compilação
de formulários processuais e negociais que serviu de base ao desenvolvimento de uma jurisprudência completamente
secularizada. Estas compilações escritas trouxeram mais certeza e segurança a aplicação do ius. Esta redução a escrito passara a
ser a base da atividade jurisprudência. Era também assim que se perdia o segredo e a sacralidade, ficando exposto ao público,
sujeito a opinião geral – interpretatio (interpretatio prudentium : solução justa de um litigio pelos jurisprudentes).
Este foi considerado o momento fundador do derectum porque até aqui não existiam regras jurídicas com o sentido e a forma
de criação e a finalidade. Foram então os romanos que fundaram o direito como um conjunto de regras destinadas a serem
aplicadas para a resolução de conflitos entre as pessoas, com justiça. Mas, os romanos entendem ainda que tudo esta na
racionalidade humana e na criação de condições para que seja possível o exercício livre da jurisprudência na criação e aplicação
de regras a casos para uma solução justa de conflitos.
Sempre que fossem detetadas opiniões opostas sobre o mesmo assunto entre os cinco jurisprudentes, o juiz deveria seguir um
critério quantitativo resolvendo pelo maior número de opiniões idênticas entre os cinco. Em caso de empate, deveria seguir a
opinião de Papiniano. Se este não se tivesse pronunciado sobre o problema em causa, o juiz escolheria um dos cinco para
fundamentar a sua decisão. Isto sucedeu para transmitir mais certeza jurídica juntamente com isto tentou proceder-se à
compilação, ou seja, codificação, adotada desde 4 a.C., colocada ao servido do poder imperial.
2. O Código Teodosiano
Primeira codificação oficial que vai ter uma grande importância para o Código Justiniano (obra magna do Direito Romano).
Teodosiano procede à elaboração ( 429-438) de este código que corresponde a uma compilação de leges e iura (todo o Direito
Romano legislado : Constituições imperiais) desde o principado e também a doutrina dos jurisprudentes romanos. Mas quem
ficou nomeado para tal tarefa não se demonstrou com capacidade compilatória para a conseguir realizar. Temos então no final
um código que deixa cair a iura (doutrina), que continuou a ser aplicada nos tribunais pela lei das citações, compilando
somente as leges. É composto por 16 livros (5 deles dirigidos ao direito privado), com títulos, e que apresentam as leis de forma
cronológica e não organizada por matérias. O código Teodosiano foi importante porque inspirou e facilitou a elaboração do
Código Justiniano e também porque foi utilizado no Ocidente (Península Ibérica), inspirando o Breviário de Alarico (Código da
Península Ibérica).
Verificou-se uma alteração dos conteúdos jurídicos, moldando-se soluções e fundamentações aos interesses políticos do
governante. O direito passa a ter como fonte exclusiva a lei e isso é juridicamente legitimado.
o Códex Justinianus:(534 d.C.) obra composta por todas as leis jurídicas desde o tempo de Adriano (76 d.C. – 138 d.C.).
Representa a base jurídica e a legislação comum, promovendo a unificação legislativa e judicial do império – monumental
coletânea de iura.
o Digesto: (533d.C.) Compilação de toda a jurisprudência, de toda a doutrina produzida no passado (que inclui as
constituições imperiais). São 50 livros de iura (doutrina) que compila a jp romana, a opinião dos juristas que têm auctoritas
(autoridade) e influenciam todo o populus romano. O que está no digesto é considerado direito comum da humanidade e
estuda-se até hoje, ele é intemporal. Ele enquanto doutrina e saber dos jurisprudentes tem as regras do direito, não vamos
encontrar lá as soluções jurídicas do direito mas sim a construção e interpretação do mesmo para a resolução de casos
concretos. Eliminavam-se assim duvidas ou contradições. É proibido o uso jurisprudencial que não se encontre no digesto
(rotura com a criação independente de direito pelos jurisprudentes). -- Pandectas : recriação do digesto na idade moderna,
que diz que o digesto deve ser usado naquilo que for intemporal e apoia 3 princípios: viver honestamente (honeste vivere) ;
não prejudicar o próximo (alterum non laedere) e atribuir a cada 1 o que é seu (sum cuique tribuere), que são os princípios
intemporais do direito.
o Instituições: (533 d.C.) Manual escolar para entenderem as bases do digesto e compreenderem o estudo do direito na
época. Regras de interpretação jurídica.
o Novelas: (posteriores a 534 d.C.) lei nova, conjunto de leges ou de constituições imperiais que foram publicadas apos a
publicação do código.
Digesto : Destaca-se no digesto o nome de apenas 39 jurisprudentes que viveram entre o séc. I a.C. e IV d.C., com destaque
especial para: Paulo, Ulpiano, Papiniano, Pompónio, Gaio, Modestino. No digesto, Ulpiano, afirma que a jurisprudência é o
conhecimento das coisas divinas e humanas e a ciência jurídica do justo e do injusto – a jurisprudência é a ciência que estuda o
direito e o ius civile. Não são as decisões dos tribunais. O jurisprudente é o que se dedica ao estudo do direito (interpretação),
não é um magistrado. Ele só vincula quem o consulta, porque tem um saber sobre aquela matéria, tem uma opinião
reconhecida pela sociedade.
A jurisprudência tem a especificidade, no período da republica, de ter sido ensinada de forma livre, fora da instituição (não
havia uma faculdade), porque o ensino publico do direito era feito de pessoa para pessoa e de prudente para prudente. O
principado e o dominado alteraram a ordem do ensinamento, porque foi principalmente no dominado, que surgiu a
necessidade de criar um ensino oficial do direito que viesse servir os interesses do Imperador.
Evolução do sistema político:
o Monarquia: poder centrado no rex (tinha poder de intermediação divina), a principal fonte de direito eram os Mores
Maiorum.
o República: pluralidade de órgãos políticos (magistrados, senado e comitia) e de fontes (Mores Maiorum, leges, Ius
honorarium), Senatus Consulta, Jurisprudentes- inspiradores de todas as fontes : estão por detrás de toda a constituição
jurídica da republica (pensam e criam o direito).
o Principado: início da centralização dos órgãos, com perda de importância para o prínceps. Fontes de direito: Mores
Maiorum; leges da república, Senatus Consulta, grande relevância das as das constituições imperiais ( edicto perpetuum de
Adriano, tem força porque e do imperador), jurisprudência- muito controlada.
o Dominado: inclui a doutrina dentro das constituições imperiais (através da lei das citações e códigos que condensam todo o
direito). As constituições imperiais – serão a fonte de direito em Roma (opinião expressa do imperador). A partir de Adriano
consolida-se a centralização do direito e o jurista passa a ser 1 funcionário à vontade do imperador; isso verifica-se no
ensino dos juristas( séc. V d.C.) em que o ensino ocorre em escolas onde se ensina apenas o que o imperador consente, ou
seja, tratavam-se de escolas ao serviço imperial que ensinavam o direito oficial- aceite pelas constituições imperiais-
enquanto doutrina oficial do império: norma geral para ensinar as leis aplicadas, depois, à resolução de casos.
Os argumentos só têm conteúdo quando são aplicados ao caso concreto, aí é que ganham densidade. Eles podem ser formais
em que só percebemos o seu sentido quando os aplicamos ao caso concreto, ou materiais quando se baseiam em conceitos e
instrumentos jurídicos com substância (lei, doutrina, argumento meteorológico) .
Restitutiones in integrum- há um negócio jurídico, injusto mas válido perante o ius civile, que origina uma situação
protegida pelo mesmo e que não o merece. O pretor ordena que as partes desfaçam a stipolatio efetuada, o que
acontecia no início. Numa fase logo a seguir, considera a stipolatio juridicamente inexistente; as coisas voltam,
restituem-se ao estado em que estavam, antes de ter sido concluída a mesma. Este expediente consiste, portanto, no
resultado de colocar as coisas no seu lugar, como consequência de se considerar inexistente o negócio jurídico que
originou tal situação (voltar à situação anterior). Conceito: expediente do pretor a considerar como inexistente um
negócio jurídico injusto mas válido perante o ius civile.
Missiones in possessionem- é um meio de coação (justa) de que o pretor dispõe. É uma ordem dada pelo pretor,
autorizando alguém a apoderar-se, durante certo tempo, de bens de outrem, com poderes de administração e de
fruição.
Interdicta- um interdictum era uma ordem dada pelo pretor urbano no seu imperium, para resolver de momento uma
situação que estava protegida por uma aparência jurídica, ficando essa ordem condicionada a uma possível apreciação
exterior. O interdicto era concedido ou a pedido de um interessado ou, em caso de interesse público, a pedido de
qualquer cidadão.
-Posição do pretor na organização dos processos (antes da lex Aebutia de formulis, 130 a.C.); caráter das leges actiones
O sistema jurídico romano de processar (até 130 a.C.) como forma única era o sistema das legis actiones (ações formais,
rituais, solenes). As atuações processuais tinham de se acomodar ao que estava prescrito nas leges. As legis actiones
eram orais. O processo romano estava dividido em duas fases: in iure e apud iodicem. O pretor presidia à fase in iure. A
sua posição no processo era apenas conceder ou não conceder a actio, conforme o que estava previsto no ius civile. Só
há actiones civiles, isto é, baseadas no ius civile.
-Posição do pretor na organização dos processos (depois da mesma lex); agere per formulas
A lex Aebutia de formulis (130 a.C.) introduziu uma nova forma de processar- agere per formulas. Era um processo
escrito. É o sistema próprio da época clássica, é o que dá caráter ao direito romano dessa época. As fórmulas tinham
uma redação especial adaptada a cada tipo de reclamação. Ter uma actio equivale e concretiza-se agora em ter uma
fórmula.
A forma processual é uma ordem por escrito, dada pelo pretor ao juiz, para condenar ou absolver, conforme de
demonstrasse ou não determinado facto. A fórmula é liderada pelo juiz, geralmente escolhido pelas partes, e que era
um particular e não um magistrado.
A posição do pretor agora é a de neutralizar a actio civilis (recusando a concessão da actio ou inutilizando a sua eficácia,
concedendo exceptio) e a de criar actiones próprias. Desta forma, o pretor passou a integrar e a corrigir diretamente o
ius civile por via processual.
Estes expedientes não substituem os que foram baseados no imperium, simplesmente, agora o pretor usa uns ou
outros, conforme as circunstâncias do caso concreto.
Actiones praetoriae- o pretor, depois da lex Aebutia de formulis, cria ius diretamente- ius praetorium, pois cria actiones
próprias.
o Plebiscitos- deliberação da plebe reunida nos concilia plebis, que aprova uma proposta de um magistrado plebeu, o tribuno
da plebe.
449 a.C.- lex Valeria Horatia de plebiscitis- os plebiscitos têm força vinculativa para todos os plebeus e nalguns casos
também para os patrícios.
287 a.C.- Lex Hortentia de plebiscitis- os plebiscitis são equiparados às leges, vinculam todo o Populus, alguns passaram a
ser denominados leges.