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Pessoa

Coletiva
sexta-feira, 22 de novembro de 2019 19:35

Personalidade Coletiva

Pessoa singular - ser humano;

Pessoa coletiva - é pessoa coletiva toda a que não possa ser reconduzida a um ser humano; trata-se de
uma definição feita pela negativa, o que a torna puramente residual, com tudo o que isso implica, a
nível de heterogeneidade;

Conceito: A definição de personalidade coletiva é ainda muito pouco clara. Sabe-se que a pessoa
no Direito deve surgir como uma realidade independente; ela é sistemática; deve abranger
pessoas singulares e coletivas; deve dar azo a conceitos dogmaticamente operacionais; pode
aproveitar diversas teorias históricas.
Quando se fala em personalidade coletiva, pretende-se exprimir um regime jurídico-positivo.

Pessoa coletiva é, então, um determinado regime a aplicar aos seres humanos implicados; entidade
destinatária de normas jurídicas, e, portanto, sujeita a direitos e obrigações; diz-se pessoa coletiva
sempre que o centro de imputação de normas jurídicas não for um ser humano.

Pessoas Rudimentares

O Prof. Paulo Cunha criou a figura de pessoas rudimentares, sendo estas realidades a quem a lei
recusaria a titularidade de direitos civis, mas admitindo-lhes direitos processuais. Esta ideia entra na
conceção hoje feita de “capacidade jurídica parcial”.

Personalidade Judiciária

A personalidade judiciária é definida no art. 11.º/1 CPC como a suscetibilidade se ser parte. O nº2
explicita que quem tiver capacidade jurídica tem personalidade judiciária, mas o contrário nem sempre
se verifica. A qualidade de ser parte, em processo, permite praticar os diversos atos processuais.

Capacidade judiciária - capacidade de estar, por si, em juízo - art. 15 CPR. Corresponde à capacidade
civil.

Pessoas coletivas em formação e em extinção

A pessoa coletiva retira a personalidade de um ato formal. Todavia, na ordem normal das coisas, a
pessoa coletiva prossegue objetivos práticos, surgindo dotada de um substrato: uma organização,
pessoas que a sirvam, bens de afetação e um objetivo geral. Este substrato constitui-se antes do ato
formal atributivo da personalidade, pelo que se pode manter, mesmo depois de extinta essa
personalidade. O direito reconhece sempre esse substrato, mesmo que não haja ainda personalidade.
Assim há o problema de saber como tratar estas pessoas coletivas em formação ou extinção.
• Sociedades civis puras representam o tipo básico: atuação conjunta de 2 ou mais pessoas, para
um objetivo económico que não seja de mera fruição - art. 980.º. No decurso de formação de um
ato coletivo e antes de alcançada a personalidade, havendo logo uma atuação dos interessados,
cai-se neste tipo. Esta é uma pessoa coletiva rudimentar.
• Associações e fundações - resolve-se o problema com base nos art. 195.º e seguintes: como
associações sem personalidade jurídica e comissões especiais. São novas hipóteses de pessoas
rudimentares.
A pessoa coletiva em extinção passa a ser considerada uma pessoa rudimentar.

Quando o modo coletivo incide na totalidade da entidade estamos perante uma pessoa coletiva,
quando apenas atinge parcialmente a entidade, fala-se em pessoa rudimentar. Há ainda outra figura,
as figuras afins.

Figuras Afins

Modo coletivo imperfeito - situações em que o Direito trata. , em conjunto, realidades atinentes a
várias pessoas, sem todavia, nem total nem parcialmente, o fazer como se de uma única se tratasse. As
entidades daqui decorrentes constituirão figuras afins às pessoas coletivas.

PASSEI À FRENTE DA PÁG 618 à 651

Elementos essenciais

Os elementos essenciais da pessoa coletiva são aqueles cuja presença é necessária para o seu
surgimento.
Subjacente à pessoa coletiva está um ato de constituição. O código Civil não fala do ato, mas refere a
sua existência - art. 158.º/1.

Como qualificar esse ato?


• Teoria da norma - na constituição de uma pessoa coletiva, não haveria uma negociação na qual
duas partes procurem harmonizar os seus interesses, antes uma fixação de regras para o futuro;
• Teoria do contrato - na constituição de uma associação está um contrato de constituição, de tipo
organizatório; na de uma fundação um negócio unilateral de tipo fundacional;
• Teoria mista - o ato constitutivo da teria natureza contratual, enquanto os estatutos assumiriam
natureza normativa.

Em portugal, as associações formam-se através de atos de natureza contratual e negocial, quando


levado a cabo por particulares. Há um encontro de vontades, dotadas de liberdade de celebração e de
liberdade de estipulação.
A constituição de uma fundação assentará num negócio unilateral.

O ato constitutivo de pessoas coletivas privadas deve ser física e legalmente possível, conforme com a
lei e determinável. Além disso, não pode ser contrário à ordem pública e aos bons costumes - art.
158.º-A.

SALTEI DA PÁG 654 À 732

Associações

A associação constitui o tipo paradigmático de pessoa coletiva de tipo associativo. Compõem-se de


duas ou mais pessoas, que irão integrar a assembleia geral, salvo disposição diversa dos estatutos.
A associação responde, com o seu património, pelas dívidas próprias; não responde pelas dos
associados, nem estes pelas da associação.

O art. 157.º determina a aplicação das regras sobre associações às que não tenham por fim o lucro
económico dos associados.
Retira-se daqui que, embora possa desenvolver atividades lucrativas (deve ter meios económicos para
prosseguir os seus objetivos), a associação não pode visar lucros para os distribuir.

Regalias próprias da associação, em contraste com as sociedades civis puras (sociedade que pretende
distribuir lucros):
• Separação de patrimónios, com a subsequente irresponsabilidade dos associados pelas dívidas da
associação;
• Natureza não-patrimonial da posição do associado, com a sua consequente impenhorabilidade.

Nada impede que uma associação vise dar lucros a terceiros.

A ajuda aos associados, mesmo de tipo económico, não será lucro.

As associações acabam por ser discerníveis em funções de critérios formais.


• Por surgir, desde logo, na sua designação o termo associação;
• Pela variabilidade dos seus membros,
• Natureza não transmissível (não patrimonial) das suas posições associativas;
• Pelo regime de responsabilidade por dívidas que encabeçam.

Constituição

A constituição das associações opera por contrato entre os associados fundadores. Este deve ser
celebrado por escritura pública.
A lei distingue o ato de constituição e os estatutos:
• Ato de constituição - Art. 167.º/1 - mencionaria os bens ou serviços com que os associados
concorressem para o património social, a denominação, fim e sede da pessoa coletiva, a forma do
seu funcionamento e a sua duração, quando a associação não se constituísse por tempo
indeterminado;
• Estatutos - Art. 167.º/2 - poderiam especificar ainda os direitos e obrigações dos associados, as
condições da sua admissão, saída e exclusão, bem como os termos da extinção da pessoa coletiva
e consequentemente devolução do seu património.

O ato de constituição e os estatutos podem constar no mesmo documento.


Relativamente ao problema de os elementos do ato constitutivo estarem no documento dos estatutos,
ou vice-versa tem uma solução: os elementos do art. 167.º/2 devem ocorrer nalgum lugar, sendo
indiferente que o façam no ato constitutivo ou nos estatutos.

Para produzirem efeitos, o ato de constituição e os estatutos deverão ser publicados na II Série do
Diário da República. O prof. Menezes Cordeiro, acha isto algo muito rígido, preconizando a seguinte
interpretação:
• A personalidade adquire-se através da escritura;
• Publicada em jornal oficial, ninguém poderá pretextar desconhecimento;
• Na falta de publicação, o ato de constituição e os estatutos não são oponíveis a terceiros de boa-
fé, isto é que, sem culpa, não os conhecessem.
Esta inoponibilidade terá, como efeito, o responsabilizar a pessoa singular concreta que contrate
com o terceiro, em moldes aplicáveis às associações sem personalidade jurídica - art. 198.º/1.

Antes da formalização e da decorrente aquisição de personalidade jurídica, os associados podem


iniciar atividades, praticando atos jurídicos. Temos a figura de pré-associação, considerada uma
associação sem personalidade jurídica: aplicam-se-lhes os estatutos e, no que pressuponha
personalidade, o próprio regime das associações.

Invalidade da constituição

O ministério público tem o dever de invocar a nulidade, segundo o regime do art. 280.º, como consta
do art. 158.º-A. Contudo a nulidade pode ser requerida por qualquer pessoa. O vício do qual resulta a
nulidade refere-se tanto ao ato de constituição como aos estatutos. Apresenta as seguintes
consequências:
• Pode implicar a extinção e liquidação da associação;
• Pode a invalidade reportar-se, apenas, a um ponto setorial dos estatutos ou do ato de
constituição, que não ponham em causa a subsistência coerente do conjunto. Aplica-se as regras
do art. 292.º, para apenas ser declarada a invalidade do ponto questionado. Quando a redução
não é possível, deveria assistir-se à destruição retroativa dos atos praticados e de todos os que
destes derivassem. No caso da pessoa coletiva isso é impossível, já que tem património, que pode
gerar resultados e que tem relações com terceiros. Há então a perda de personalidade jurídica,
pelo que se seguirá o regime das associações não personalizadas - art. 195.º e seguintes.

Aspetos instrumentais

O funcionamento da associação implica ainda:


• Declaração de início de atividade;
• Repartição de Finanças competente;
• Inscrição na seg. social como empregadora e fazer a prévia comunicação relativa aos concretos
trabalhadores que pretenda empregar (este ponto aplica-se no caso da associação querer
celebrar contratos de emprego);
• Exibir um título relativo à sede, para celebrar os contratos de fornecimento de eletricidade, água,
telefone ou outros.

Constituição imediata

Para simplificar o processo foi criado o conceito de constituição imediata de associações, pressupondo
que:
• Os interessados optem por uma denominação de fantasia previamente criada a favor do Estado
ou apresentem um certificado de admissibilidade da denominação acolhida, emitido pelo RNPC;
• Optem por um modelo de estatutos aprovados pelo Instituto dos Registos e Notariado, IP.

A aplicação do regime especial cabe às conservatórias ou outros serviços previstos em portaria do


Governo. O processo deve iniciar-se e concluir-se no mesmo dia.

Posição dos associados

O associado encabeça uma situação jurídica complexa, que pode ser considerada como um direito
subjetivo ou um conjunto de direitos subjetivos: direitos associativos, atuais ou potenciais.
O código civil apenas diz que os estatutos podem especificar esses direitos - art. 167.º/2. Apesar disto
a doutrina e a prática associativa permitem-nos conhecer esses direitos.

Direitos gerais - direitos que assistam, por igual, a todos os associados:


• Direitos participativos:
○ Direito de participar na assembleia geral, opinando e votando;
○ Direito de solicitar informações à administração e a outros órgãos;
○ Direito de aceder às instalações associativas e consultar documentos e obter informações;
○ Direito de ser eleito para os órgãos sociais;
Os estatutos podem delimitar estes direitos, sujeitá-los a regulamentos ou à administração, ou
suprimi-los. Não o fazendo, eles terão aplicação.

• Direitos de disfruto de benefícios associativos - dependem da natureza da associação. Podem


abranger:
○ Vantagens internas - exp.: utilizar campos de golfe, piscinas, bibliotecas, de acesso limitado a
associados, ou fazê-lo com descontos ou em condições preferenciais;
○ Vantagens exteriores - exp.: incluir listas de candidatos a deputados, ou participar em
certames com outras associações ou, simplesmente, em desfiles ou competições reservadas
a associados;
Também podem ser delimitados pelos estatutos ou por regulamentos para que estes remetam.

• Direitos honoríficos e designativos - possibilidade reconhecida aos associados de certas


associações de usarem o inerente título ou de exibirem os respetivos sinais distintivos ou
insígnias.

Direitos especiais - são conferidos pelos estatutos a algum ou alguns sócios.

Obrigações
• Obrigações contributivas - os associados devem contribuir: quer no momento de adesão (jóia),
quer, depois disso, periodicamente (quota). Esta contribuição pode ser em serviços (associado de
indústria);

• Obrigações participativas - imposições estatutárias de participação: nos órgãos associativos, nas


atividades correntes ou em certas eventualidades. Os estatutos de algumas associações atribuem
regalias associativas a quem cumpra estas obrigações - surgem como encargos,

• Deveres acessórios - decorrem da boa-fé. Adstringem os associados a manter uma postura


conforme com a sua posição, não prejudicando a imagem ou os interesses da associação e não
atentando contra os outros associados, nessa qualidade. Quando os estatutos não especificam
estes deveres, retiram-se do art. 762.º/2. Traduzem-se assim em deveres de lealdade, de
assistência, de sigilo, de não-concorrência e de oportunidade.

Não se pode afirmar que se cumpre o princípio da igualdade, pois este usa-se contra o estado e não no
âmbito do Direito Privado, pelo que os particulares podem ter preferências e predileções que o Direito
não pode cessar. Isto não se aplica se as associações desempenharem funções de estado.
Contudo, este princípio tem uma aplicação prática: na atuação da associação e, particularmente na
postura desta e dos seus órgãos perante os associados, não podem ser adotadas posições que não
tenham cobertura legal ou estatutária.

Número mínimo

A lei portuguesa exige apenas que terá de haver mais de um associado para outorgar o contrato
constitutivo.
Prevê a extinção da associação pelo falecimento de todos os associados - art. 182.º/1, d).

Ingresso

O ingresso de pessoas numa associação pode ser:


• Inicial - quando se trate de entidades que tenham outorgado no ato constitutivo ou que os
estatutos, ab initio, enumerem como associadas;
• Superveniente - pela adesão à sociedade.

A adesão tem natureza contratual: depende de uma proposta, feita pelo próprio interessado, pela
associação através da administração ou da assembleia geral. As condições de admissão constam dos
estatutos - art. 167.º/2.
A admissão de associados pode depender de uma decisão discricionária, da direção ou da assembleia
geral.

Saída

A saída de um associado corresponde à sua retirada voluntária de determinada associação.


Em princípio, a saída é livre, embora com as consequências do art. 181.º: não tem o direito de reaver
as quotizações que haja pago e perde o direito ao património social. Mantém-se responsável por todas
as prestações relativas ao tempo em que foi membro da associação.
Os estatutos poderão condicionar a saída a pré-avisos ou a prestações suplementares, mas sempre
sem impedir a saída.

Exclusão

A exclusão de um associado equivale à extinção dos seus direitos associativos, por decisão da
associação (administração ou assembleia geral).
Na falta de estatutos, aplica-se, por analogia, o pressuposto no art. 1003.º. Os estatutos podem prever
outras causas, ou afastar as do artigo mencionado.
A exclusão pode ser aplicada em termos disciplinares, quando essa faculdade tenha sido
estatutariamente consignada.

Intransmissibilidade

Há uma intransmissibilidade supletiva da posição de associado - art. 180.º. Os estatutos podem dispor
de outro modo, explicando, nessa altura, o tipo de transmissibilidade permitido.
O art. 180.º, quando refere direitos pessoais tem em vista os desempenhos que dependam das
qualidades pessoais do associado: certos direitos participativos, direitos de disfruto e direitos
honoríficos.

Poder disciplinar associativo

As associações são organizações muito complexas e bastante variadas. Havendo uma lógica de grupo
que respeita regulamentos e códigos de conduta internos e externos.
Os deveres de conduta cuja observância seja requerida aos associados devem, em nome de uma
eficácia mínima, ser acompanhados de sanções por parte da associação.
A exclusão constitui a sanção mais grave que pode ser aplicada por entidades privadas.

Surge daqui o poder disciplinar: a faculdade que as associações tenham de aplicar sanções aos seus
associados. Este poder deve estar previsto nos estatutos. Estes podem regulá-lo ou remete-lo para um
regulamento adequado a aprovar pela assembleia geral ou pela administração. Este poder não pode
ser exercido em termos arbitrários: decorrência do princípio do igual tratamento.
Perante uma infração disciplinar, cabe à associação desencadear a aplicação das sanções,
nomeadamente ao órgão estatutariamente indicado - conselho de disciplina ou ou comissão
disciplinar. Se nada disser nos estatutos, essa competência passa para a assembleia geral, que
concentra todas as funções residuais: não atribuídas a outros órgãos - art. 172.º/1.

A proibição do arbítrio leva a certas regras:


• Iniciativa disciplinar - facto tido em conta para o processo e o respetivo acusado;
• Processo disciplinar - fase de acusação e instrução, com audiência do acusado;
• Eventual suspensão;
• Fixação dos factos - indicar os factos apurados;
• Aplicação da sanção;

MC entende que os estatutos não podem prescindir destas regras.


Pode haver recurso aos tribunais judiciais, no caso de os estatutos não o impedirem.
A decisão disciplinar só poderá ser anulada com o recurso ao tribunal judicial.

Caso as sanções não estejam previstas nos estatutos, só será possível a aplicação de duas sanções:
• Interpelação de que tem obrigações por cumprir;
• A exclusão.

Natureza do poder disciplinar associativo:


• Teoria da pena - deriva da efetiva assunção, por estas, do poder de punir os seus membros, como
forma de melhor realizar os seus fins.
• Teoria negocial - a associação não pode usurpar o poder do juiz. O poder disciplinar analisar-se-ia
numa articulação entre cláusulas penais e o poder de denunciar a relação duradoura em que se
traduzem os direitos associativos.
• Para o direito português - regras de delegação do Estado, que conferem às entidades públicas ou
de interesse publico visadas um verdadeiro e próprio poder disciplinar, com a faculdade de
censurar as condutas dos intervenientes. Para associações privadas, a explicação é contratual,
pois as sanções têm de estar nos estatutos.

Natureza dos direitos associativos: status de associado

Os direitos associativos dão lugar a uma relação duradoura entre o associado e a associação. Desta
relação derivam direitos e obrigações, entre ambas as entidades. Da situação de membro derivam
posições absolutas que devem ser respeitadas: têm cobertura delitual ou aquiliana.
Direitos associativos correspondem a um conjunto complexo que transcende a figura dos direitos
subjetivos. Assim, temos de recorrer à ideia de status de associado: conjunto das posições complexas
que integram a situação jurídica do associado.
Os direitos associativos traduzem a participação do seu titular em todo um (sub)sistema de atuação -
sentido funcional das diversas posições - e de ordenação - recurso a regras jurídicas.

A assembleia geral das associações

Composição

A assembleia surge como o órgão que detém as competências básicas da associação. Deverá, de uma
maneira geral, corresponder à reunião de todos os associados. Contudo, não há uma lei que atribui o
direito a cada um deles de nela participar.
Os estatutos podem limitar a presença, na assembleia geral, a alguns associados. Contudo, estas
restrições são provisórias, já que se fossem permanentes, o associado teria uma posição amputada nos
seus direitos, podendo dizer-se que, no limite, seria beneficiário da atuação associativa, mas não um
associado. Excetua-se os associados honorários, que não têm direito de voto, ainda que possam
participar na assembleia, mas que também não têm deveres, designadamente no tocante a jóias e
quotizações.
A participação não exige a maioridade.

Convocação

Deve ser convocada pela administração, nas circunstâncias previstas nos estatutos ou uma vez por
ano, para a aprovação do balanço - art. 173.º/1.
Pode ser feito o pedido de convocação por 1/5 dos associados, com um im legítimo, se outro número
não for fixado nos estatutos - art. 173.º/2. Os estatutos podem aumentar o número, mas não a
impossibilidade de se requerer a assembleia geral. A regra vai, contudo, no abaixamento desse
número.
Os associados podem convocar a associação, se a administração não convocar quando deveria - art.
173.º/3.
A assembleia é convocada via postal, com a antecedência mínima de 8 dias - art. 174.º/1.
Os efeitos da convocação são:
• Permitir a reunião da assembleia geral;
• Confere aos associados o direito de lá comparecer;
• Fixa a ordem do dia.
Segundo o Tribunal da Relação de Lisboa, o “aviso postal” pode ser feito por outra forma de
comunicação, dede que ofereça a mesma ou maiores garantias.
A convocatória torna-se eficaz com a receção ou o conhecimento - art. 224.º/1; prevendo-se o envio,
presume-se a receção ou o conhecimento.

A presença de todos os associados sana qualquer irregularidade de convocação, desde que nenhum se
oponha à realização da assembleia - art. 174.º/4;

É com a ordem do dia que os associados verificam a necessidade de comparecer ou não à assembleia.
Por esse motivo, são anuláveis as deliberações estranhas à ordem do dia, salvo se todos os associados
estiverem presentes e concordarem com a oportunidade da deliberação. Quanto à ordem do dia é
importante frisar:
• Os pontos devem estar suficientemente explícitos, não se aceitando, por exemplo, “outros
assuntos”;
• Consideram-se abrangidos nos pontos todos os assuntos que sejam de consequência natural e
lógica da discussão de outro assunto indicado na convocatória.

Funcionamento

Como órgão coletivo deve ter um presidente e um secretário. O Código Civil não articulou esta
matéria. Esta lacuna é preenchida pelos estatutos, pela prática constante e, se necessário, por
aplicação analógica do regime das sociedades.
A mesa da assembleia é, então, no mínimo, composta por:
• Presidente - dirige os trabalhos. Quando os estatutos nada disserem, a sua eleição deve competir
à própria assembleia; A assembleia, como a jurisprudência reconhece, é convocada por este,
ainda que por iniciativa da administração; Havendo empate numa votação e sendo o presidente
associado, cabe-lhe o voto de desempate, além do seu.
○ Admitir ou recusar propostas e propiciar votações
○ Condiciona toda a produção associativa
• Secretário - elabora a ata;

A assembleia não pode deliberar, em primeira convocação, sem a presença de, pelo menos, metade
dos seus associados, isto é, dos associados que nela tenham assento, com direito de voto - art.
175.º/1. Isto corresponde ao quorum necessário para que a assembleia, em primeira convocação, se
possa considerar constituída. Em segunda convocação, poderá deliberar com qualquer número de
associados presentes: quorum deliberativo.

As deliberações são tomadas por maioria absoluta dos associados presentes - art. 175.º/2. Compete ao
presidente dirigir as votações em sistemas de alternativa, para que haja sempre maiorias possíveis. A
lei, por vezes estabelece maiorias qualificadas: 3/4 do número de associados presentes, para
alterações dos estatutos, e 3/4 do número total de associados, para a extinção ou prorrogação da
associação - art. 175.º/3 e 4. Esta situação trata-se de números mínimos: os estatutos podem fazer
exigências superiores - art. 175.º/5.

O associado pode-se fazer representar por outro associado - art. 176.º/1. MC não vê motivos para que
a representação não possa ser realizada por terceiros. Há, contudo, a hipótese de isto ser impedido
pelos estatutos, através da fixação do princípio que somente associados podem estar presentes na
assembleia geral.

Competência

• Competência legal - temas que, por lei, devem necessariamente ser atribuídos à assembleia - art.
172.º/2:
○ Destituição dos titulares dos órgãos da associação;
○ Aprovação do balanço;
○ Alteração dos estatutos;
○ Extinção da associação;
○ Autorização para a associação demandar os administradores por factos praticados no
exercício do cargo.
• Competência estatutária - toda a competência que lhe seja atribuída pelos estatutos
• Competência subsidiária/residual - toda a competência que, por lei ou pelos estatutos, não seja
atribuída a outro órgão - art. 172.º/1.

A não observância das regras de competência invalida as deliberações.

Invalidade das deliberações associativas

Ao contrário do que seria esperado (nulidade), as deliberações da assembleia geral contrárias à lei ou
aos estatutos são anuláveis - art. 177.º. O regime desta anulabilidade é fixado no art. 178.º.
Contudo, não podemos permitir que uma deliberação contrária à lei seja meramente anulável, sob
pena de sanação por decurso do prazo; outro aspecto são as deliberações contrárias aos bons
costumes ou à ordem pública - art. 280.º/2. Assim, temos de considerar, paralelamente ao regime da
anulabilidade, deliberações verdadeiramente nulas. Vasco Lobo afirma que há situações que não
podem deixar de dar azo à nulidade.

O art. 179.º protege os direitos que o terceiro de boa-fé tenha adquirido em execução de deliberação
anulada. Em nome da confiança que as pessoas coletivas devem suscitar em terceiros, esta aplicação
estende-se aos atos nulos. Contudo, tratando-se de situações claramente inviáveis, contrárias à lei, à
ordem pública ou aos bons costumes, nenhum terceiro poderá pretextar boa-fé.

A administração e o conselho fiscal das associações

Titulares dos órgãos e revogação dos seus poderes

Compete à assembleia geral designar os titulares dos órgãos, quando os estatutos não estabeleçam
outro processo - art. 170.º/1.
Nos termos do art. 162.º, haverá, necessariamente, um órgão colegial de administração (designado,
muitas vezes, por direção) e outro de fiscalização.
A lei não obriga a que estes cargos sejam desempenhados por associados.

Convocação, funcionamento e competência

O conselho de administração e o conselho fiscal dispõem cada um do seu presidente. Este pode
derivar dos estatutos ou pode ser designado pela assembleia geral. Não ocorrendo nenhuma destas
hipóteses, pode ainda ser designado pelo órgão em causa.
O presidente é responsável pela convocação do órgão respetivo - art. 171.º/1 - e dirigir os seus
trabalhos. O art. 171.º/2 atribui ao presidente, para além do seu voto, voto de desempate.
Recorda-se que não são permitidas abstenções, sendo os membros em causa responsáveis pelo que
deliberarem - art. 164.º/2.

A competência da administração fica na total disponibilidade dos estatutos. Supletivamente, terá:


• Funções de representação - art. 163.º/1;
• Gestão corrente.

A competência do conselho fiscal terá, necessariamente, funções de fiscalização. Só assim se pode


conceber a obrigatoriedade da sua existência.

Os estatutos podem prever outros órgãos, como se constata do art. 162.º. Entre estes, encontram-se
conselhos de disciplina e de jurisdição, que são obrigatórios para certos tipos de associações, como as
federações desportivas, conselhos técnicos e conselhos consultivos.

Invalidade das deliberações

Quaisquer órgãos que deliberem podem desrespeitar a lei ou os estatutos. Assim, as deliberações
serão inválidas: nulas ou anuláveis como vimos a propósito das deliberações da assembleia geral.

Modificação

Modificação, fusão, cisão e transformação

O art. 175.º/3 refere as alterações aos estatutos, requerendo, para elas, uma maioria qualificada de
3/4 dos associados presentes. Mas até onde podem ir estas modificações?
A fusão e a cisão de associações é possível: deve ser entendida como uma modificação das entidades
preexistentes e não como uma combinação de extinções e constituições.

Extinção

As causas de extinção são enumeradas no art. 182.º. A extinção pode ser:


• Simples - dispensa uma decisão judicial expressamente dirigida para esse efeito, podendo ocorrer
pelas causas previstas no art. 182.º/1;
• Por decisão judicial - quando por decisão judicial, pelos casos previstos no art. 182.º/2.

A extinção decidida por despacho e permitida por Decreto de uma assembleia legislativa regional é
inconstitucional.

Efeitos da extinção

A extinção não pode fazer desaparecer instantaneamente todas as situações jurídicas que dela
dependam. Abre-se um período de liquidação que visa o seguinte:
• Apuramento do ativo e do passivo da associação;
• Satisfação do passivo;
• Atribuição dos bens remanescentes, de acordo com o art. 166.º.
Estas operações são complexas e podem decorrer por meses ou anos.

Os órgãos da associação mantêm-se em funções, mas somente para a prática dos atos meramente
conservatórios e dos necessários, quer à liquidação do património social, quer à ultimação dos
negócios pendentes - art. 184.º/1.

Assim, a sua personalidade jurídica mantém-se, mas apenas na medida do necessário, como se
observa pelo facto de não ficarem vinculadas, perante terceiros, por novos atos dos administradores e
salvo boa-fé e falta de publicidade da extinção - art. 184.º/2. Consideram-se, assim, pessoas
rudimentares.

Associações dotadas de regimes especiais

Generalidades

Para além do legislado no CC, existe imensa legislação referente a regimes especiais de certas
associações. Assim, na prática, as associações tendem a reger-se:
• Código Civil;
• Lei especial que lhes seja aplicável;
• Estatutos.

As associações públicas competem ao Direito comum administrativo.


Algumas associações civis mais significativas:
• Partidos políticos;
• Associativismo jovem (ex-associações de estudantes);
• Associações de pais e associações de família;
• Associações de defesa do consumidor e do ambiente;
• Associações católicas;
• Instituições particulares de solidariedade social;
• Associações de mulheres;
• Associações laborais;
• Associações desportivas;
• Outras.

Fundações

Características gerais

Fundação é uma pessoa coletiva sem, fim lucrativo, dotada de um património suficiente e
irrevogavelmente afetado à prossecução de um fim de interesse social - Art. 3.º/1 LQF.
Estes fins de Interesse social são referidos no art. 3.º/2 LQF.

O regime português das fundações constava, essencialmente, do código civil. Contudo, foi necessária
uma reforma, surgindo a Lei-quadro das fundações (LQF). As normas da LGF são de aplicação
imperativa e prevalecem sobre as normas especiais atualmente em vigor, salvo na medida em que o
contrário resulte expressamente da LQF - art. 1.º/1.

A LQF aplica-se às federações portuguesas e, em certa medida, às estrangeiras - art. 2.º/1. Aplica-se,
ainda às fundações de solidariedade social - art. 2.º/2 - mas não às instituídas por confissões religiosas,
que têm um regime próprio - art. 2.º/3.

Tipos de fundações - art. 4.º/1

• Fundações Privadas - criadas por pessoas de direito privado, em conjunto ou não com pessoas de
direito público, desde que não detenham uma influência dominante;
• Fundações Públicas/de Direito Público - criadas exclusivamente por pessoas coletivas públicas;
• Fundações Públicas de Direito Privado - criadas por uma ou mais pessoas coletivas públicas, em
conjunto ou não com pessoas de direito privado, desde que aquelas detenham uma influência
dominante sobre a fundação.

Segundo o art. 4.º/2 LQF, a ideia de influência dominante ocorre:


• Perante a afetação exclusiva ou maioritária dos bens que integram o património financeiro inicial
da fundação;
• Manifestando-se um direito de designar ou destituir a maioria dos titulares do órgão de
administração da fundação.

Instituição

A fundação tem uma lógica constitutiva diferente das associações.


Distinguem-se 3 fases na sua formação:

1. Instituição - negócio jurídico unilateral, entre vivos ou mortis causa. O instituidor afeta um
património a uma pessoa coletiva a criar, com determinados objetivos de tipo social.
a. Entre vivos - não há propriamente, na altura, um beneficiário que o possa aceitar. Por isso
admite-se que ela seja revogável, pelo instituidor, mas apenas até que seja requerido o
reconhecimento ou o principie o respetivo processo oficioso - art. 185.º/2 CC.
O ato de constituição deve seguir a forma prescrita para as doações: escritura pública,
quando envolva imóveis - art. 947.º/1 CC - e forma escrita, nos restantes casos - art. 947.º/2
CC.
b. Mortis causa - trata-se de um testamento, não podendo os herdeiros revogar a instituição:
fica, contudo, assegurada a sucessão legitimária - art. 185.º/3 CC e art. 3.º LQF.
A instituição por testamento deve observar a forma prevista para este - art. 2204.º CC e
seguintes.

O ato de instituição tem de indicar, necessariamente, o fim da fundação e os bens que lhe são
destinados - art. 186.º/1 CC. Caso contrário, o negócio será nulo por indeterminabilidade do
objeto - art. 280.º/1 CC. Como elementos eventuais, deve indicar a sede, a organização e o
funcionamento da fundação e regular os termos da sua transformação ou extinção, fixando o
destino dos respetivos bens - art. 186.º/2 CC.
O ato de instituição, os estatutos e duas alterações dever ser publicitados nos termos do art.
167.º CSC, por remissão ao art. 185.º/4 CC. Enquanto não ocorrer, não produzirá efeitos perante
terceiros.
O ato de constituição pode ser condicionado, pelo seu autor, a quaisquer eventualidades e,
designadamente às opções que venham a ser feitas quanto ao reconhecimento. No tocante à sua
interpretação e na dúvida, prevalece o sentido mais oneroso para o instituidor - art. 237.º CC.

2. Elaboração dos estatutos - estes devem conter todos os demais elementos relativos à pessoa
coletiva em causa e que não constem do ato de instituição - art. 186.º/2 CC e art. 18.º/2 LQF.
Podem ser elaborados pelo próprio instituidor - art. 186.º/2. Quando não o sejam, ou eles surjam
insuficientes, cabe a sua elaboração:
§ Aos executores do testamento - art. 187.º/1 CC e art. 19.º/1 LQF.
§ À autoridade competente para o reconhecimento, quando os referidos executores não
elaborem no prazo de um ano posterior à abertura da sucessão - art. 187.º/2 CC e art.
19.º/2 LQF.
§ A essa autoridade, quando a instituição não conste de testamento - art. 187.º/2 CC e
art. 19.º/3 LQF.
Nos casos de elaboração por terceiros, ter-se-á em conta, na medida do possível, a vontade real
ou presumível do instituidor ou fundador - art. 137.º/3 CC e art. 19.º/3 LQF.

Os estatutos devem ser publicados em jornal oficial de acordo com o art. 185.º/4, que remete
para o art. 167.º CSC, não produzindo efeitos, perante terceiros

3. Reconhecimento - As fundações não surgem como expressão de liberdade de associação. Assim,
para obter personalidade jurídica é necessário o reconhecimento estadual. Este reconhecimento
pode ser pedido - art. 188.º/1 CC e art. 21.º/1 LQF:
§ Pelo próprio instituidor;
§ Pelos seus herdeiros ou executores testamentários;
§ Pela autoridade competente, oficiosamente.
A LQF acrescenta ainda o requerimento pelo notário, que tenha lavrado o ato de constituição.
O pedido de reconhecimento ou o início do processo oficioso tornam a instituição irrevogável -
art. 185.º/2 CC.

O reconhecimento é um ato administrativo que compete ao Primeiro-Ministro, que pode delegar.


É um ato discricionário, que deve obedecer a alguns parâmetros:
§ Idoneidade do fim - deve ser considerado de interesse social - art. 188.º/3, a); neste caso
considera-se a instituição sem efeito, não sendo possível satisfazer a vontade do
instituidor, pelo que não é justo reter os bens;
§ Suficiência patrimonial - os bens afetados devem ser bastantes para a prossecução do
fim visado, não havendo fundadas expectativas de suprimento de insuficiência - art.
188.º/3, b) CC; neste caso a vontade do instituidor pode ainda ser preservada - art.
188.º/5 e art. 23.º/2 LQF.

Funcionamento

Administração e Fiscalização

O CC não tutela muito a administração das fundações. Diz apenas que ela pode apresentar, à entidade
competente para o reconhecimento, propostas de alteração dos estatutos - art. 189.º CC - e que ela
deve ser ouvida, para efeitos de transformação - art. 190.º/1 CC.
De acordo com as regras gerais - art. 162.º CC - sabemos que a administração, a sua composição e os
seus poderes devem resultar dos estatutos: será colegial, com um número ímpar dos quais um o
presidente.
A LQF responde com mais desenvolvimento - art. 26.º até ao art. 30.º. Os estatutos podem designar a
administração ou prever outro esquema de designação. No limite será designado pela autoridade
competente para o reconhecimento.

A administração concentra além dos poderes de representação e gestão, uma competência residual -
tudo o que não for da competência de outro órgão, cabe à administração.
Pode ainda dispor dos bens atribuídos pelo fundador, mas mediante autorização a entidade
competente para o reconhecimento - art. 11.º LQF. Quando o faça, os poderes de representação
cabem aos administradores. A LQF insiste na ideia de integralidade do património - art. 3.º/1 LQF.

Contra deliberações ilegais da administração, é possível reagir através de procedimento cautelar de


suspensão das mesmas. Pode ainda ser pedida a suspensão do próprio conselho de administração por
inoperacionalidade. Há regras para defesa do instituto fundacional, que se refletem na gestão das
fundações - art. 7.º LQF.

O perfil e a designação do órgão de fiscalização devem resultar dos estatutos - art. 162.º CC e art.
26.º/1, c) LQF.

Os estatutos podem prever outros órgãos, como, por exemplo, a “assembleia de fundadores” com
competências semelhantes às da assembleia geral (das associações), o “presidente” e o “conselho
diretivo”, tipo conselho executivo dependente do conselho de administração - art. 26.º/1, b) LQF.

Modificação

Pode corresponder a:

• Alteração dos estatutos - é possível a qualquer altura, pela entidade competente para o
reconhecimento e por proposta da administração, com dois limites - art. 189.º e 31.º LQF:
○ Respeito pelo fim essencial da fundação;
○ Respeito pela vontade do fundador ou do instituidor.
Só produzem efeitos, perante terceiros, após a sua publicação.

• Transformação por assunção de um fim diferente - este fim só pode ser atribuído pela entidade
competente para o reconhecimento, ouvida a administração e o instituidor, se ele for vivo nas
seguintes circunstâncias - art. 190.º/2 e art. 32.º LQF:
○ Fim inicial estiver preenchido ou se tornar impossível;
○ Fim inicial perca o interesse social;
○ Património se torne insuficiente para a prossecução do fim inicial.
O novo fim deve aproximar-se do anterior - art. 190.º/3 e art. 32.º/3 LQF.

• Remoção de encargo prejudicial aos fins da fundação (caso especial) - O instituidor pode cometer
à fundação o satisfazer determinado encargo predeterminado. Isto será um fator de rigidez,
suscetível de prejudicar a atuação da fundação. Assim, a entidade competente para o
reconhecimento, sob proposta da administração, poderá suprimir, reduzir ou comutar esses
encargos - art. 191.º/1 e art. 34.º/1 LQF.
Contudo, o encargo pode ser o motivo essencial da instituição. Assim, a entidade competente
para o reconhecimento pode - art. 191.º/2 e art. 34.º/2 LQF:
○ Considerar o cumprimento do encargo o fim (único) da fundação;
○ Incorporar a fundação noutra pessoa coletiva capaz de satisfazer o encargo à custa do
património incorporado.

• Fusão e Cisão - surgem no art. 190.º-A CC. Complementarmente atende-se ao regime das
sociedades comerciais.

Extinção

As causas de extinção constam do art. 192.º CC e do art. 35.º LQF. São elas:
• Da competência da administração comunicar à entidade competente para o reconhecimento - art.
193.º e 36.º LQF;
• Tomada de iniciativa por parte da entidade competente para o reconhecimento - art. 192.º/2 e
35.º/2 LQF;
• Ação do Ministério Público - art. 192.º/3 e 35.º/3 LQF.

Ocorrendo a sua extinção, segue-se a liquidação. A entidade competente para o reconhecimento


deverá tomar “providências especiais”. Não o fazendo, é aplicável o regime previsto para as
associações - art. 194.º CC e art. 37.º LQF.

Associações sem personalidade jurídica e Comissões especiais

Estas surgem tuteladas nos artigos 195.º e seguintes do CC. Recorre-se a esta tutela quando as
associações não tenham percorrido o caminho de forma a adquirirem personalidade jurídica.

A chave da ASP reside no art. 195.º/1. Tal associação disporá:


• De uma organização, com administração;
• De um elemento pessoas, constituído por vários associados.
Na falta de algum deles, os art. 195.º e seguintes tornam-se inaplicáveis.

A grande diferença entre associações com e sem personalidade jurídica reside na limitação da
responsabilidade dos associados, que apenas se verifica na primeira.

Para as comissões especiais, aplicam-se os art. 199.º e seguintes do CC.

Sociedades Civis Puras

Uma sociedade é um conjunto de duas ou mais pessoas que se obrigam a contribuir com bens ou
serviços para o exercício em comum de certa atividade económica, que não seja a mera fruição, a fim
de repartirem os lucros económicos - art. 980.º CC.

Estas surgem tuteladas nos art. 980.º e seguintes do CC.

Coloca-se o problema de saber se estas têm ou não personalidade jurídica, ou se são pessoas
rudimentares.
Tudo indica que a sociedade civil pura, constituída por escritura pública, ou equivalente, é uma pessoa
coletiva em tudo semelhante às demais sociedades.
Assim, de acordo com PAULO CUNHA, as sociedades civis puras, desde que constituídas por escritura
pública e com as especificações prescritas, nos seus estatutos, são pessoas coletivas plenas.
Recorremos ao art. 157.º/1 que permite aplicar analogamente os art. 158.º/1 e 167.º/1.

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