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APONTAMENTOS DE FÍSICA

SÓ CINEMÁTICA

Autor: Josué Octávio P. Mathedi

1. CINEMÁTICA

1.1 Movimento e repouso..................................................2


1.2 Cinemática escalar......................................................3
1.3 Cinemática vetorial......................................................4
1.4 Movimento uniforme (M.U.).........................................7
1.5 Gráficos do movimento uniforme.................................8
1.6 Aceleração média......................................................10
1.7 Aceleração instantânea.............................................11
1.8 Movimento uniformemente variado (M.U.V.).............12
1.9 Diagrama horário e classificação de um M.U.V.........14
1.10 Equação de Torricelle................................................16
1.11 Lançamento vertical...................................................17

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1. CINEMÁTICA

1.1 Movimento e Repouso

Quando dizemos que um corpo está em repouso ou em movimento,


tudo depende de um referencial adotado. Por exemplo: um passageiro que
está sentado num ônibus encontra-se em movimento em relação a outras
pessoas fora do veículo porque o ônibus está empenhando velocidade. Mas
em relação aos outros passageiros do ônibus ele encontra-se em repouso
(parado). Ainda no mesmo exemplo de passageiros em ônibus, quando um
observador do ônibus olha pela janela, ele percebe que os objetos da rua:
postes, árvores, edifícios etc estão em movimento e sentido contrário ao que
o veículo desempenha. É óbvio que esses objetos estão parados, mas o
observador tem a impressão de que estão em movimento.

1.1.1 Trajetória

A trajetória que um móvel descreve se dá em função dos pontos que ele


ocupa em intervalos de tempo definidos. Existe uma diferença entre
trajetória e distância. A trajetória pode ser retilínea ou em curva. Na
trajetória retilínea, o corpo descreve uma reta e em determinado tempo
definido ele ocupa uma posição S0,S1,S2,....S3....Sn.
Exemplo: o móvel pode ocupar a posição S=20m no tempo t=2s e S=40m no
tempo t=5s. Logo o deslocamento do móvel é dado pela expressão: ∆S = S –
So (espaço final menos espaço inicial). No caso:
∆S = 40 – 20 = 20 metros. O intervalo de tempo gasto nesse deslocamento
seria dado pela expressão: ∆t = t – to (tempo final menos tempo inicial). No
caso: ∆S = 5 – 2 = 3s. Da relação entre o intervalo de deslocamento e o
intervalo de tempo surge uma nova grandeza que será vista mais adiante.
Quando a trajetória descrita pelo móvel é uma reta, então o deslocamento do
corpo coincide com a distância por ele percorrida. Quando a trajetória é uma
curva bem irregular, os deslocamentos do corpo são medidos sobre essa
trajetória. Já a distância é obtida através da união do ponto indicativo da
posição inicial ao ponto indicativo da posição final S, através de uma reta.
Como mostra a figura a seguir:

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1.2 Cinemática Escalar

Cinemática é a parte da física que estuda os movimentos sem levar em


conta suas causas e seus efeitos. O termo escalar refere-se ao valor
absoluto (em módulo) de uma grandeza física. Mais adiante veremos que
uma grandeza física pode ser espressa também na forma vetorial.
Como a cinemática estuda os movimentos dos corpos, logo estes
apresentam velocidade. A essa velocidade dá-se o nome de velocidade
escalar média (Vm); que nada mais é que a relação entre a variação do
deslocamento do móvel (∆S) e a variação do tempo em percorrer este
deslocamento (∆t). A velocidade escalar média é dada pela fórmula:

Vm = ∆S
∆t

onde: ∆S = S – So
∆t = t – to

1.2.1 Espaço Percorrido (Sp)

Quando o móvel percorre uma trajetória, para cada tempo definido ele
encontra-se numa posição diferente. Se, para t = 1s o móvel encontra-se na
posição S = 3m e para t = 2s, na posição S = 6m. Constitui-se aí um
intervalo de deslocamento definido: ∆S1 = 6 – 3 = 3m. Se um novo
deslocamento ∆S2 for definido, e sendo ele ∆S2 = 12 – 8 = 4m, o móvel terá
percorrido até então 7 metros. Para um novo deslocamento de 5m, o móvel
terá percorrido 7m + 5m, totalizando 12 metros. Portanto é fácil perceber que
o Espaço Percorrido é a somatória dos deslocamentos em módulo. Fig.(1a).
Mas por quê em módulo? Porque o espaço percorrido pelo móvel não
depende da orientação da trajetória, a qual por convenção, é positiva para a
direita da origem dos espaços e negativa para a esquerda da origem.
Fig.(1b).

n
Sp = ∑ ∆Si = ∆S1+∆S2+∆S3+........+∆Sn
i=1

Fig. (1a)
(o)  (positiva)

(negativa) ▬
(o)

Fig. (1b)

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1.2.2 Velocidade Instantânea (v)

Apesar do assunto velocidade instantânea não fazer parte do cronograma do


2º grau, abordaremos o assunto de forma sucinta.
Como vimos anteriormente, a velocidade escalar média representa a
variação do deslocamento em função da variação do tempo. A velocidade
instantânea representa a velocidade do móvel num instante exato. Para
determinarmos o valor da velocidade num instante considerado, basta
“derivarmos” a equação do espaço em função do tempo. Se Vm = ∆S ;
então: v = ds ∆t
dt
A equação dos espaços é dada em função do tempo. S = f (t). Exemplo:

S = t³ - 5t + 4 (m), logo a derivada dessa equação será: v = d(t³- 5t +4) =


dt
= 3t² - 5 , onde o nº 5 é a constante da derivada. Substituindo-se o tempo na
equação, obtemos a velocidade instantânea. Sendo t = 3s, fica: 3.(3)² - 5 =
3.9 – 5 = 27 – 5 = 22 m/s.
Se v = ds/dt, então ds = v.dt ⇒ ∫ds = ∫vdt = v.∫dt ⇒ S = ∫v.dt

Sendo v = 3t² - 5, então S = 3.∫(t² - 5)dt = 3.t³ - 5t + C = t³ - 5t + C .


3
Substituindo-se o valor de t = 3s, obtemos a posição do móvel neste
instante: S = (3)³ - 5.(3) + C = 27 – 15 + C = 12 + C = 12 + 4 = 16m .:
S = 16m (S.I.)
UNIDADES DE VELOCIDADE:
Sistema internacional (S.I) ou (M.K.S): km/h; m/s
Sistema (C.G.S): cm/s.

1.3 Cinemática Vetorial

Antes de iniciarmos o estudo da cinemática vetorial é necessário definirmos


o conceito de vetor. Na cinemática vetorial, o vetor representa a direção e o
sentido de uma grandeza escalar. Por exemplo:
Se um móvel apresenta uma velocidade de 20m/s, o número 20 representa
uma grandeza escalar, no caso a velocidade. Se adotarmos uma direção e
um sentido para essa grandeza, estaremos definindo um vetor.Observe: 5
na direção de î é representado por 5.î, ou seja, 5 unidades na direção de î. O
nº 5 é positivo e o sentido de î também, isto é, para a direita. Concluímos
então que o vetor –7.î representa 7 unidades na direção e sentido o eixo –î.
A grandeza escalar, ou seja, o valor numérico do vetor é denominado
módulo do vetor.

1.3.1 Operação com vetores

1.3.1.1 Adição de vetores

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A soma, subtração e multiplicação de vetores recebe o nome de resultante
vetorial. No caso da soma de dois vetores de mesma direção e mesmo
sentido, por exemplo, 4â somado com 6â. A resultante vetorial será 10â, isto
é, 10 na direção e sentido do vetor â (positivo). Portanto, sempre que a
direção e o sentido dos vetores forem os mesmos, a resultante será sempre
a soma desses vetores, independentemente da quantidade de termos a
serem somados. Se tivermos a seguinte operação 3û – 2û, a resultante será
+û. Trata-se neste caso de uma subtração de vetores. Note que a
orientação vetorial é a mesma, mas o sentidos dos vetores são diferentes,
como o vetor 3û é maior que o vetor 2û em uma unidade, a resultante
vetorial é positiva. (orientação e sentido da esquerda para a direita). Na
multiplicação ou produto de vetores, a regra é basicamente a mesma.
Para a multiplicação de dois vetores que apresentam a mesma direção e
sentido, a resultante vetorial será o produto de seus módulos. Exemplo:
5î x 3î e 4ê x (-3ê). A resultante vetorial será 15î e –12ê, respectivamente.

1.3.1.2 Soma de vetores com direções e sentidos distintos

No caso da soma dos vetores 3â e 4î, a resultante vetorial passa a ser a raiz
quadrada do módulo do vetor â² + o módulo do vetor î², ou seja, √3² + 4² =
√9 + 16 = √25 = 5. Este exemplo é representado pela fig.1(c).
Quando houver uma subtração de vetores nas mesmas condições do
exemplo acima, a resultante vetorial ou vetor soma também será a raiz
quadrada do módulo do 1º termo ao quadrado mais o módulo do 2º termo ao
quadrado. Admitindo-se que o 1º vetor seja 2î e o 2º vetor (-3â),
a resultante √2² + (-3)² = √4 + 9 = √13. Fig. (1d).

Fig.1.(c)

Podemos observar que na fig. 1.(c), acima, os vetores â e î são ortogonais,


perpendiculares entre si. O vetor resultante pode ser representado dos dois
modos: unindo-se as setas de maneira a formar um triângulo retângulo,

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como mostrado na primeira figura, ou traçando-se projeções paralelas a
partir de cada um dos vetores conforme o módulo (tamanho) do outro vetor.

' î
' î

- -
√13 √13
-3 -3
- -

-â -â

Fig. 1.(d)

1.3.1.3 Regra do Paralelogramo

Esta regra é aplicada nos casos em que dois vetores não sejam ortogonais
(perpendiculares) entre si. Logo, não sendo perpendiculares, podem formar
dois tipos de ângulos: agudo (<90º) ou obtuso (>90º). A regra consiste em
traçar paralelas a partir de cada um dos vetores de forma que a origem de
um coincida com o término do outro. A regra do paralelogramo baseia-se na
lei dos cossenos: “A resultante vetorial ou vetor soma é igual à raiz
quadrada do primeiro termo ao quadrado mais o segundo ao quadrado mais
duas vezes o primeiro pelo segundo vezes o cosseno do ângulo”. As figuras
1. (e) e 1. (f) ilustram a regra do paralelogramo.

Lei dos cossenos: α


S = √ a² + b² + 2.a.b.cosα

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1.4 Movimento Uniforme (M.U.)

O movimento uniforme também chamado de movimento retilíneo uniforme


(M.R.U) é todo aquele realizado por um corpo que apresenta velocidade
constante e diferente de zero (0). No movimento uniforme não existe a
aceleração do móvel, aceleração esta que será estudada mais adiante.
Como a velocidade escalar média do móvel não varia, podemos afirmar que
ela é igual à velocidade instantânea em qualquer ponto da trajetória. (Vm =
v).

V = Cte ; V ≠ 0

1.4.1 Equação Horária do Movimento Uniforme

A equação horária do movimento uniforme também conhecida como


equação dos espaços é uma função de 1º grau, portanto seu gráfico é uma
reta. É expressa por S = f(t). Por exemplo: S = 4 + 3.t, onde: o nº 4
representa o espaço inicial do móvel e o nº 3 a velocidade média escalar, e
“t” representa o tempo gasto em percorrer o espaço. A equação horária do
movimento uniforme é dada pela expressão abaixo:

S = So ± V.t

S = espaço final do móvel;


So = espaço inicial do móvel;
V = velocidade escalar média;
Sinal ± representa a orientação e sentido do móvel. Sendo + (para a direita)
e - (para a esquerda).

1.4.2 Dedução da Lei Horária do Movimento Uniforme

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A equação dos espaços é deduzida a partir da fórmula da velocidade média:
Vm = ∆S
∆t

∆S=Vm.∆ t ⇒ ∆S=V.∆ t ⇒ ∆S= S - So⇒ S - So = V.(t – to) ⇒ S = So + V.(t –


to), como to = 0 ⇒ S = So + V. t (m)

1.4.3 Classificação do Movimento Uniforme (M.U.)

Conforme o deslocamento do móvel: para direita ou para a esquerda e de


acordo com o módulo de sua velocidade escalar média, o movimento
uniforme pode ser classificado em: Progressivo ou Regressivo. O
movimento uniforme é dito progressivo quando o corpo se desloca da
esquerda para a direita com velocidade constante e positiva, e
denominado regressivo quando se desloca da direita para a esquerda com
velocidade constante e negativa. Alguns livros costumam denominar o
movimento regressivo como retrógrado ou retardado, mas esta nomenclatura
pode tornar-se confusa quando da classificação do movimento dotado de
velocidade e aceleração. Exemplificação de lei horária do movimento: S = 3
+ 4.t (m) ; S = 8 – 5.t (m).

1.5 Gráficos do Movimento Uniforme (M.U.)

1.5.1 Gráfico (S x t)

Como visto anteriormente a lei horária do M.U. é uma equação de 1º grau.


Portanto, seu gráfico é uma reta. Esta, por sua, pode ser ascendente quando
a velocidade for positiva (V>0) e descendente quando a velocidade for
negativa (V<0). Seja a reta ascendente ou descendente, ela forma um
ângulo α com a abscissa, no caso, o eixo do tempo (s). A ordenada é
representada pelo espaço S(m). Exemplo: Sejam as equações horárias do
movimento de um móvel: S = 3 + 4.t e S = 2 – 7.t (m); os gráficos desses
movimentos uniformes são vistos nas figuras 1(g) e 1(h). Considerando t =
0,1,2,3,4,5,6; teremos, substituindo-se os valores de t em S ⇒ S =
3,7,11,15,19,23,27 para a 1ª equação e S = 2,-5,-12,-19,-26,-33,-40 (m),
para a 2ª equação.

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Observando-se as figuras acima podemos concluir que a tangente do
ângulo α é igual ao deslocamento dividido pelo intervalo de tempo, ou seja, a
velocidade média.

tg α = Vm = ∆S
∆t

1.5.2 Gráfico (V x t)

Como a velocidade escalar media no movimento uniforme é constante, logo,


o gráfico da velocidade em função do tempo é uma reta paralela ao eixo dos
tempos. Se a velocidade for positiva, a reta ficará acima da abscissa dos
tempos, e se for negativa, abaixo da abscissa. As figuras 1.(i) e 1.(j)
demonstram o que foi dito. É de se notar também que a área fornecida pelo
gráfico de V em função de t corresponde ao deslocamento do móvel (∆S).
Como evidenciado na figura 1. (l).

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Na figura 1.(l), acima, a área hachurada é igual ao deslocamento do móvel,
pois:
A = b.h ⇒ ∆ t.V, mas V = ∆S ⇒ A = ∆ t. ∆S ⇒ A = ∆S
∆t ∆t

A área obtida do gráfico (V x t) corresponde ao deslocamento do móvel não


somente para o movimento uniforme, mas para qualquer tipo de
movimento. As áreas mais comuns são o quadrado, o retângulo, o triângulo,
o trapézio e até mesmo áreas irregulares podem ocorrer no gráfico.

1.6 Aceleração Média

Vimos anteriormente que quando um corpo apresenta velocidade constante


ele é dotado de movimento uniforme. A partir do momento que a velocidade

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do corpo tornar-se variável, ele passa a possuir aceleração. Tomando como
exemplo um veículo que trafega por uma rua, podemos observar que o
mesmo apresenta velocidade variável, pois, em virtude dos vários obstáculos
existentes no percurso, como semáforos, pessoas etc. o seu deslocamento é
uma seqüência de freadas e acelerações. Podemos observar então que a
velocidade do veículo varia com o decorrer do tempo. A expressão que
relaciona a variação da velocidade com a variação do tempo chama-se:
Aceleração Média.

mas ∆ V = V – Vo; logo: am = V – vo


e ∆ t = t – to t – to

UNIDADES DE ACELERAÇÃO:

Sistema internacional (S.I): m/s² ; Km/h²


Sistema C.G.S: cm/s².

Como a unidade de velocidade é o m/s e a unidade de tempo é o s, logo,


a unidade de aceleração é m/s/s = m/sx1/s = m/s², em [mks].

A tabela a seguir demonstra o comportamento da aceleração de um móvel:

velocidade(m/s) 10 20 35 50
Tempo(s) 0 5 10 15

Conforme a tabela, até 5s a velocidade do móvel comporta-se de maneira


constante. Se o movimento do corpo não fosse acelerado, para
t = 10s, a velocidade deveria ser 30m/s e para t = 15s, V = 40m/s. Mas como
se trata de um movimento acelerado, no intervalo de tempo de 10 a 15s o
móvel acelerou.

1.7 Aceleração Instantânea (a) ou (γγ)

Assim como a velocidade instantânea é a derivada do espaço em relação ao


tempo, a aceleração instantânea é a derivada da velocidade média em
relação ao tempo:

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Se a aceleração é igual à derivada da velocidade em relação ao tempo.
Então a velocidade é igual à integral da aceleração vezes a derivada do
tempo: dv = a.dt ⇒ ∫dv = ∫a.dt = a.∫dt ⇒ V = ∫a.dt

Supondo que um móvel obedece à equação: a = 5t² + 3t – 2 (m/s²).


Podemos determinar a expressão de sua velocidade instantânea pela
equação já vista: V = ∫(5t² + 3t –2).dt = 5t³ + 3t² - 2t + C. Admitindo-se
3 2
para t =2s, teremos: a = 5.(2)² + 3.2 – 2 = 20 + 6 – 2 = 24.: a = 24m/s².
e V = 5.(2)³ + 3.(2)² – 2.2 + C = 40 + 6 – 4 + C = 40 + 18 – 12 + C = 46 + C
3 2 3

logo: V = 46 + C; o valor desta constante é encontrado quando o enunciado


do problema diz que, por exemplo, para t =1s, o móvel estava parado (V=0).
Portanto basta substituirmos o valor da velocidade nesta expressão, para
obtermos a constante “C”. V = 46 + C ⇒ 0 = 46 + C ⇒ C = - 46. Então a
equação da velocidade fica:

V = 5.t³ + 3.t² – 2.t – 46 (m/s)


3 2

1.8 Movimento Uniformemente Variado (M.U.V.)

Também conhecido como movimento retilíneo uniformemente variado


(M.R.U.V.), é todo aquele que apresenta o que acabamos de ver, Isto é,
aceleração. Portanto, todo movimento que possuir aceleração constante e
diferente de zero pode ser considerado um movimento uniformemente
variado.

a = Cte ; a ≠ 0

1.8.1 Equação do Movimento Uniformemente Variado

Enquanto no M.U. a equação do espaço é em função da velocidade e do


tempo, no M.U.V a equação da velocidade é em função da aceleração e do

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tempo. A equação do M.U.V é deduzida a partir da fórmula da aceleração
média.

am = ∆V ⇒ ∆V = am.∆t ⇒ V – Vo = a.(t – to); admitindo-se que para


∆t
to = 0, o móvel possua velocidade Vo, e num instante qualquer “t” a
velocidade seja V, então: V – Vo = a.(t – 0) ⇒ V – Vo = a.t ⇒
⇒ V = Vo +a.t
Neste caso a aceleração do corpo é positiva e o seu deslocamento é para a
direita (sentido da esquerda para a direita). Entretanto, a aceleração do
corpo pode ser negativa, o que deixaria a equação assim: V = Vo – a.t. Isto
nos permite concluir que a equação geral do M.U.V é:

V = Vo ± a.t

1.8.1.2 Gráfico do Movimento Uniformemente Variado

Como a equação da velocidade no movimento uniformemente variado está


em função da velocidade inicial da partícula e do tempo; V = f(t), então o
gráfico do movimento é uma reta. Onde V é a ordenada e t é a abscissa.
Tomaremos como exemplo para a construção do gráfico a tabela da página
14.

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No diagrama acima, a área delimitada pelos intervalos de tempo e pelos
intervalos de velocidade nos fornece o deslocamento do móvel. Portanto,
podemos afirmar que: A = ∆S.

1.8.1.3 Equação Horária do Movimento Uniformemente Variado ou


Equação dos Espaços no (M.U.V)

Na página 15 deduzimos a equação da velocidade no M.U.V; agora vamos


deduzir a equação dos espaços no M.U.V. Sabemos que a equação dos
espaços no M.U. é S = So + V.t e a equação da velocidade no M.U.V é V =
Vo + a.t. Com base nessas informações e observando-se o gráfico abaixo,
podemos escrever a equação dos espaços no M.U.V.

A área hachurada do gráfico corresponde à área de um trapézio, ou seja,


A = (B+b)xh . Como a base maior é V e a base menor é Vo, e sendo a
2
altura igual a t, então: A = (V + Vo)x t , mas A = ∆S, logo:
2
∆S = S – So = (V + Vo)x t = S – So = (Vo + a.t + Vo)x t =
2 2
= (2.Vot + a.t)x t = Vo.t + a.t² ; logo ⇒ S = So + Vo.t + a.t²
2 2 2

Lei Horária do M.U.V: S = So + Vo.t + a.t²


2

Podemos notar que na expressão acima todos os membros da equação são


positivos, isto quer dizer que o móvel se desloca para a direita da origem dos
espaços, com velocidade progressiva e aceleração constante. Convém
lembrar que, tanto o sinal da velocidade inicial do corpo, como o sinal da
aceleração podem assumir valor negativo. Isto será mostrado no próximo
item.

1.9 Diagrama Horário e Classificação de um M.U.V

Podemos notar que a equação horária do M.U.V é de 2º grau, pois está em


função de t², portanto, toda equação de 2º grau é uma parábola (curva). A

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parábola, em relação aos eixos do espaço e do tempo pode apresentar a
concavidade para cima ou para baixo. Quando a concavidade for para
cima e estiver cortanto ou acima do eixo do tempo (t), a aceleração do
móvel é positiva a > 0. Quando a concavidade da parábola for para baixo e
estiver cortanto o eixo do tempo ou abaixo deste, a aceleração do móvel é
negativa a < 0. As figuras a seguir representam os possíveis diagramas de
um M.U.V.

A parábola quando corta o eixo dos tempos dá origem a dois pontos


chamados “pontos de inflexão horizontal”.

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Conforme os diagramas acima podemos observar que, quando a curva é
ascendente, não importando a concavidade da parábola, a velocidade do
móvel é positiva, e quando a curva é descendente, a velocidade é
negativa. E nos vértices da parábola a velocidade é nula.

1.9.1 Classificação de um M.U.V.

O movimento uniformemente variado é classificado segundo a velocidade e


a aceleração. Vimos anteriormente que, conforme a velocidade do corpo,
um movimento uniforme pode ser progressivo ou regressivo. No m.u.v, onde
ocorre a aceleração, o movimento se classifica em acelerado ou retardado.
Vejamos:

A) Movimento progressivo acelerado: V > 0 ; a > 0;

B) Movimento progressivo retardado: V > 0 ; a < 0;

C) Movimento regressivo acelerado: V < 0 ; a < 0;

D) Movimento regressivo retardado: V < 0 ; a > 0.

1.10 Equação de Torricelli

Até agora vimos duas equações de suma importância no estudo do


movimento uniformemente variado, a equação dos espaços (lei horária do

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m.u.v.) e a equação da velocidade no m.u.v. Da relação entre essas duas
equações surge uma terceira chamada equação de Torricelli.

Dedução: Se S = So + Vo.t + a.t² e V = Vo + a.t ; então:


2
S – So = Vo.t + a.t² ; V – Vo = a. t ⇒ t = V - Vo
2 a

S – So = ∆S = Vo.(V – Vo) + a. (V – Vo)² = Vo.V - Vo² +


a 2 a a

+ a.(V² - 2.V.Vo + Vo²) ⇒ ∆S = VoV - Vo² + 1.(V² - 2V.Vo + Vo²) ⇒


2 a² a 2a

⇒ 2.Vo.V – 2.Vo² + V² - 2.V.Vo + Vo² ⇒ ∆S = V² - Vo² ⇒


2a 2a

⇒ V² – Vo² = ∆S.2.a ⇒ V² = Vo² + 2.a.∆ ∆S ou V² = Vo² + 2.a.d


Na expressão da velocidade segundo Torricelli: V² = Vo² + 2.a.∆∆S, o
sinal positivo antes da aceleração significa que o movimento é acelerado.
Mas quando o movimento é retardado o sinal torna-se negativo. Portanto a
expressão fica: V² = Vo² − 2.a.∆
∆s. Logo, a equação geral de Torricelli é:

V² = Vo² ± 2.a.∆
∆S

1.11 Lançamento Vertical

Até agora estudamos os movimentos dos corpos segundo uma trajetória, em


geral, retilínea na direção horizontal. O lançamento vertical, como o próprio
nome já diz, estuda o comportamento de uma partícula na direção vertical,
ascendente ou descendente. A esse tipo de movimento dá-se o nome de
“Queda livre”.

1.11.1 Queda Livre

Observando-se o comportamento de um corpo em queda livre no vácuo,


verificamos que, quando o mesmo é abandonado de cima para baixo, ou
seja, na descendente, apresenta movimento acelerado e que, quando
arremessado de baixo para cima, na ascendente, possui movimento
retardado. Em ambos os casos podemos afirmar que o corpo realiza um
movimento uniformemente variado. Quando o movimento é retardado

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(ascendente) sua aceleração é negativa porque o corpo tem de vencer uma
força contrária ao seu deslocamento chamada força gravitacional.
Desta forma é fácil perceber que o movimento na descendente é acelerado
porque o seu sentido de queda concorda com o sentido da força da
gravidade. Convém lembrar que no vácuo, corpos de diferentes massas
possuem pesos iguais, isto é, se abandonarmos uma pedra e uma pluma ao
mesmo tempo dentro de um tubo de vidro do qual fôra retirado todo o ar,
ambas chegarão juntas à base do tubo. Fora do meio vácuo, a queda pode
ser no ar ou na água. Nesses dois meios existem forças de resistência ao
deslocamento dos corpos. No caso da água, a força de resistência é muito
maior do que a do ar, porque a água é mais densa do que o ar. Tanto no
vácuo como em outro meio, os corpos em queda livre realizam M.U.V.
Portanto, as equações do M.U.V são aplicadas aos exercícios de queda
livre.

1.11.2 Força da Gravidade

A força da gravidade é a força com que um corpo é atraído ao centro da


Terra. A aceleração da gravidade varia conforme o local da experiência.
Se dois corpos estão no mesmo local, mesmo que muito distantes um do
outro, por exemplo, um em São Paulo e o outro em Brasília, eles apresentam
a mesma aceleração da gravidade. Se um corpo em queda livre encontra-se
próximo aos pólos da Terra, sua aceleração da gravidade será em torno de
9,83 m/s². Uma vez próximo ao equador terrestre, esse valor passa para g =
9,78m/s². Universalmente é adotado o valor de 9,8 a 10m/s². Sendo que o
valor mais usado é 10m/s² para facilitar os cálculos. O valor experimental
mais preciso para a aceleração da gravidade é: 9,80665 m/s², conhecido
como “Gravidade de Paris”.

1.11.3 Representação de um corpo em queda livre

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