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República de Angola

Ministério da Educação
Instituto Politécnico da Humpata
Coordenação de Física

Material de Apoio de Física


10ª Classe

CINEMÁTICA E DINÂMICA

“O comportamento de um físico em relação à Matemática é similar ao de um ladrão


inteligente em relação ao código penal: ele estuda apenas o suficiente para evitar
punições”.

I. M. Gelfand (1913–2009).

Humpata, 2020
Material de apoio-10ª Classe-CINEMÁTICA/DINÂMICA

Derivadas e integrais imediatas (regras básicas)

Derivadas
Regra 1: Derivada da soma:
Sejam f(x) e g(x) duas funções, tal que f(x)+g(x), então:
𝑑 𝑑 𝑑
𝑓 𝑥 ± 𝑔(𝑥) = 𝑓(𝑥) ± 𝑔(𝑥)
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
Regra 2: Derivada de uma potência:
Se f(x)=xn, então:
𝑑𝑓 𝑑
= 𝑥 𝑛 = 𝑛 ⋅ 𝑥 𝑛−1
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Regra 3: Derivada de uma função constante,
Se f tem um valor constante, tal que f(x)=c, então:
𝑑𝑓 𝑑
= 𝑐 =0
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Regra 4: Multiplicação por uma constante
Se f é uma função variável de x e c é uma constante, tal que f(x)=cx, então:
𝑑𝑓 𝑑 𝑑
= 𝑐𝑥 = 𝑐 (𝑥)
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
Exemplos
Exemplo 1: Aplicação da regra 7:
Seja f(x)=8,
𝑑 𝑑
𝑓 = 8 =0
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Exemplo2: Aplicação da regra 4:
Seja f(x)=3x2
𝑑 𝑑
𝑓= 3𝑥 2 = 2 ∙ 3𝑥 = 6𝑥
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Exemplo 3: Aplicando simultaneamente as regras 1 e 4:
4
Seja 𝑓 𝑥 = 𝑥 3 + 3 𝑥 2 − 5𝑥 + 1
𝑑 𝑑 4 𝑑 3 𝑑 4 2 𝑑 𝑑
𝑓= 𝑥 3 + 𝑥 2 − 5𝑥 + 1 = 𝑥 + 𝑥 − 5𝑥 + 1
𝑑𝑥 𝑑𝑥 3 𝑑𝑥 𝑑𝑥 3 𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑑 𝑑 4 𝑑 2 𝑑 𝑑
𝑓= 𝑥3 + 𝑥 −5 𝑥 + 1
𝑑𝑥 𝑑𝑥 3 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑑 4
𝑓 = 3𝑥 2 + ∙ 2𝑥 − 5 + 0
𝑑𝑥 3
𝑑 8
𝑓 = 3𝑥 2 + 𝑥 − 5 + 0
𝑑𝑥 3
Encontre as derivadas das seguintes funções:
y=2x2+3x-1
f(x)=8t5-4t4

Integrais

Regra 1: Multiplicação por uma constante

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Seja a f=cf(x), então:


𝑓 𝑑𝑥 = 𝑐𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝑐 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
Regra 2: Integral da soma
Sejam f(x) e g(x) duas funções, tal que y=f(x)+g(x)
𝑦 𝑑𝑥 = 𝑓 𝑥 + 𝑔(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥) + 𝑘
Regra 3: Integral de uma função constante
Seja f(x)=c, então:
𝑐𝑑𝑥 = 𝑐 𝑑𝑥 = 𝑐𝑥 + 𝑘
Regra 4: Integral de uma potência
Seja f(x)=xn, então:
𝑥 𝑛+1
𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝑥 𝑛 𝑑𝑥 = +𝑘
𝑛+1
Exemplos:
Aplicando simultaneamente as regras 1, 2, 3 e 4.
Integre a seguinte função:
3
f(x)=5x3+x4+2 𝑥-2x2-3
Resolução
3
𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = 5𝑥 3 + 𝑥 4 + 𝑥 − 2𝑥 2 − 3 𝑑𝑥
2
3
= 5𝑥 3 𝑑𝑥 + (𝑥 4 )𝑑𝑥 + ( 𝑥)𝑑𝑥 − (2𝑥 2 )𝑑𝑥 − (3)𝑑𝑥
2
3
= 5 𝑥 3 𝑑𝑥 + (𝑥 4 )𝑑𝑥 + 𝑥 𝑑𝑥 − 2 𝑥 2 𝑑𝑥 − 3 𝑑𝑥
2
5 𝑥 5 3 𝑥 2 2𝑥 3 3𝑥1 5 4 𝑥 5 3𝑥 2 2𝑥 3
= 𝑥4 + + ∙ − − = 𝑥 + + − − 3𝑥 + 𝑘
4 5 2 2 3 1 4 5 4 3
Supondo que a integração ocorre ao longo de um certo intervalo, os valores deste intervalo
deve estar presente na integração e, por se tratar de uma integral definida num intervalo,
dispensa-se a constante k. Por exemplo, no caso anterior, se a integração ocorre entre os
valores de x=1 e x=3, teríamos:
3 3 3
3
3
4 2
5 4 𝑥 5 3𝑥 2 2𝑥 3
𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = (5𝑥 + 𝑥 + 𝑥 − 2𝑥 − 3)𝑑𝑥 = 𝑥 + + − − 3𝑥
1 1 2 4 5 4 3 1
5 2 3
5 (3 − 1) 3(3 − 1) 2(3 − 1)
= (3 − 1)4 + + − −3 3−1
4 5 4 3
32 16 300 + 96 + 45 − 80 − 90 271
= 20 + +3− −6 = =
5 3 15 15

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Índice
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................... 5
1 ESTUDO DO MOVIMENTO DUMA PARTÍCULA OU PONTO MATERIAL ............................................... 5
1.1 Estudo do movimento de uma partícula material. ............................................................................... 5
1.2 VECTOR DESLOCAMENTO E DESLOCAMENTO ESCALAR. .............................................................. 7
1.2.1 DESLOCAMENTO ......................................................................................................................................... 7
1.2.2 DISTÂNCIA PERCORRIDA........................................................................................................................ 8
1.3 Movimento Rectilíneo: Velocidade ............................................................................................................... 9
1.4 Movimento Rectilineo: aceleração ............................................................................................................. 11
1.5 Exemplo de movimentos simples ............................................................................................................... 13
1.6 Ascensão e queda de um grave........................................................................................................................ 17
1.6.1 Queda de um grave .................................................................................................................................. 17
1.6.2 Ascensão de um grave ............................................................................................................................ 18
1.7 Lançamento horizontal .................................................................................................................................... 19
1.8 Lançamento oblíquo .......................................................................................................................................... 20
1.9 Movimento circular uniforme (MCU) ....................................................................................................... 22
2 UNIDADE II - INTERACÇÕES ENTRE OS CORPOS ....................................................................................... 25
2.1 Leis da Dinâmica. Conceito de Força......................................................................................................... 25
2.1.1 1ª Lei de Newton (Lei da Inércia) .................................................................................................... 25
2.1.2 2ª Lei de Newton ( Lei Fundamental da Dinâmica ) ............................................................... 25
2.1.3 3ª Lei de Newton ( Lei da Acção - Reacção ) ............................................................................... 25
2.2 Força de atrito ...................................................................................................................................................... 26
2.3 Quantidade de movimento ou Momento Linear de uma partícula ........................................... 28
2.4 Variação da quantidade de movimento de uma partícula. Impulso de uma força ............ 29
2.5 Lei da Conservação do Momento Linear ................................................................................................. 29
3 Unidade III: Trabalho, Energia e Potência........................................................................................................ 31
3.1 Trabalho ................................................................................................................................................................... 31
3.2 Energia...................................................................................................................................................................... 31
3.3 Potência.................................................................................................................................................................... 32
3.4 Unidades de trabalho e de potência .......................................................................................................... 32
3.5 Colisões entre partículas ................................................................................................................................. 33

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MATERIAL DE APOIO - FÍSICA, 10ª CLASSE

INTRODUÇÃO
A Física é um ramo do conhecimento organizado e fundamentado que, ambiciona
descrever, interpretar e prever fenómenos do universo, desde os mais simples aos mais
complexos.

No conjunto das ciências, a Física ocupa um lugar especial pela sua estreita relação com a
tecnologia e produção, pelos seus métodos e relações com outras ciências, pelo papel que joga
no desenvolvimento e estabelecimento da concepção científica do mundo e pelas suas
implicações sociais, entre outros aspectos.

O fenómeno mais óbvio e fundamental que observamos à nossa volta é o movimento.

Um dos objectivos dos físicos e dos engenheiros é descobrir a relação entre os movimentos e
as interações que os produzem e dispor as coisas de modo a produzir movimentos úteis.
O conjunto de regras ou princípios que se aplicam à análise de todos os tipos de movimento
constitui a Mecânica.
A Mecânica divide-se em: Cinemática, Dinâmica e Estática.

UNIDADEI – CINEMÁTICA
1 ESTUDO DO MOVIMENTO DUMA PARTÍCULA OU PONTO MATERIAL
1.1 Estudo do movimento de uma partícula material.
Como já sabemos, o mundo em que vivemos é um mundo em movimento; desde o
infinitamente pequeno, como as partículas sub-atómicas, ao infinitamente grande, como as
grandes galáxias. Tudo está em constante movimento e transformação.

Como o mundo em que vivemos esta em contínuo movimento, vamos começar por falar da
Física a partir de uma incursão ao estudo generalizado do movimento independentemente das
suas causas e efeitos, ao que chamamos de cinemática. Considerando a cinemática como a
ciência que estuda o movimento dos corpos sem ter em conta suas causas, é nos importante
analisar todas as grandezas Físicas que lhe vinculam. Procedemos, inicialmente, à descrição
do movimento de um ponto material (partícula material).

Em Física tudo que existe na natureza e que tem peso e ocupa espaço chama-se Corpo Físico,
e que estão em contínuo movimento. E é comum, ao estudarmos o movimento de um corpo
qualquer, trata-lo como se ele fosse uma partícula (ou corpo material).

Dizemos que um corpo é uma partícula ou pontomaterial quando as suas dimensões podem
ser desprezíveis em comparação com a distância que percorre e reduzidas a um ponto. Por
exemplo: um avião é considerado como ponto material ao longo do seu movimento de
Lubango a Luanda. O mesmo avião já não pode ser assim considerado durante suas manobras
no aeroporto

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Material de apoio-10ª Classe-CINEMÁTICA/DINÂMICA

Tarefa 1.1: Cite mais exemplos de situações em que um corpo pode ser considerado
ponto material.

Quando um corpo pode ser tratado como uma partícula, o estudo do seu movimento
simplifica-se bastante. Por este motivo, sempre que nos referimos ao movimento de um
objecto qualquer, estaremos tratando-o como se fosse uma partícula.

Uma partícula ou corpo físico está em movimento quando a sua posição se altera ao longo do
tempo em relação a um referencial. Caso contrário, diz-se que está em repouso.

Relatividade do movimento

Os conceitos de movimento e de repouso são relativos. Depende do referencial escolhido.


Porque um corpo pode estar em repouso e em movimento ao mesmo tempo, dependendo do
referencial escolhido. Por isso, sempre que dissermos que um corpo está em movimento ou
em repouso, temos que indicar obrigatoriamente um referencial, caso contrário, esses
conceitos carecerão de um significado físico. Assim:

Referencial é o corpo adoptado como referência, a partir do qual se quer determinar as


grandezas físicas associadas ao estado de movimento ou de repouso do corpo que se pretende
estudar.

Movimento da Partícula: É a variação da sua posição no decurso do tempo em relação a um


dado referencial.

Repouso da Partícula: É quando no decurso do tempo, não há variação da sua posição


relativamente a um dado referencial.

O movimento do corpo pode ser:

De translação, quando todos os pontos do corpo deslocam distâncias iguais descrevendo


trajectórias paralelas (Ex. movimento de uma gaveta que abre.);

De Rotação: quando todos os pontos que constituem o corpo descrevem arcos de


circunferência situados num plano perpendicular ao eixo de rotação e com centro situado
nesse eixo.

A linha formada por diversos pontos do espaço ocupados pela partícula durante o seu
movimento ao longo do tempo chama-setrajectória, que pode ser rectilínea (quando a
partícula se desloca numa linha recta) e curvilínea (quando a partícula se desloca numa linha
curva). Mas independentemente da trajectória, os movimentos podem ser uniformes ou
variados.

Tarefa 1.2: dê exemplos de corpos que se movem em linha recta e em linha curva (um
exemplo para cada caso).

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1.2 VECTOR DESLOCAMENTO E DESLOCAMENTO ESCALAR.


1.2.1 DESLOCAMENTO
A posição de um Objecto (móvel) pode variar à medida que ele se afasta ou se aproxima do
referencial, e a essa variação de posição chamamos deslocamento.

Em Física, o deslocamento de um corpo é uma grandeza que pode ser definida como a
variação de posição de um corpo dentro de uma trajectória determinada. Dessa forma,
deslocamento pode ser obtido pela diferença da posição final e a posição inicial do móvel. O
deslocamento é independente da trajectória e seu módulo representa a menor distância entre o
ponto inicial e final de um corpo em movimento.

O deslocamento pode ser expresso em escalar ou na forma vectorial.

Chama-se vector deslocamento (𝑆) de um corpo, ao segmento de recta orientado que une a
posição inicial do corpo com a sua posição final. Portanto, o deslocamento de uma partícula,
num dado intervalo de tempo Δt, corresponde a variação do vector posição da partícula nesse
intervalo de tempo.

O Deslocamento escalar de uma partícula num dado intervalo de tempo é a diferença entre a
posição final, e a posição inicial. No Sistema Internacional de unidades (SI) em metros (m)

Se durante o movimento de um determinado corpo, iniciando a cronometragem desse


movimento no instante inicial 𝑡0 , a posição ocupada pelo móvel nesse instante será posição
inicial, e representa-se por 𝒙𝟎 . Qualquer outra posição em outro instante será chamada de
posição 𝑥.

O deslocamento escalar pode ser positivo, negativo ou nulo, ou seja:

Se 𝑥 > 𝑥0 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 ∆𝑥 > 0

Se𝑥 < 𝑥0 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 ∆𝑥 < 0

Se 𝑥 = 𝑥0 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 ∆𝑥 = 0

A posição de um corpo pode ser determinada de três maneiras, se o corpo se move sobre um
eixo, no plano e no espaço e assim o deslocamento também pode ser determinado na recta, no
plano e no espaço.

Sobre um eixo, o módulo do vector deslocamento será dado por:

𝑆 =𝑠= ∆𝑥 = 𝑥 − 𝑥0 Eq. 1.1

No plano, o módulo do vector deslocamento será dado por:

|𝑆| = 𝑆 = (𝛥𝑥)2 + (𝛥𝑦)2 Eq. 1.2

No espaço, o módulo do vector deslocamento será dado por:

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𝑆 =𝑠= ∆𝑥 2 + ∆𝑦 2 + ∆𝑧 2 Eq. 1.3

1.2.2 DISTÂNCIA PERCORRIDA


Um corpo ao se deslocar de uma posição para outra pode fazê-lo de vários caminhos. Desta
forma, a distância percorrida (d) ou espaço percorridoserá a medida de todo o percurso
efectuado pela partícula ao longo da trajectória. Ou seja, o espaço efectivamente percorrido
pela partícula; é uma grandeza escalar que exprime a soma dos segmentos percorridos
medidos sobre a trajectória.

Também pode-se entender Distância ou Espaço Percorrido como distância real percorrida
pelo móvel.

Se na recta abaixo o corpo mover do ponto A até D, a distância percorrida será:

𝑑 = 𝐴𝐵 + 𝐵𝐶 + 𝐶𝐷 Eq. 1.4

Figura 1 Representação da distância percorrida

Tarefa 1.5: Diferencie o deslocamento da distância percorrida.

Actividades

Actividade 1.3:Um caminhão parte do km 30 de uma rodovia, leva uma carga até o km 145
dessa mesma estrada e volta, em seguida, para o km 65. Determine:

a) O deslocamento do caminhão entre o início e o final do percurso;

b) A distância percorrida pelo caminhão nesse percurso.

Respostas: a) 35km; b) 195 km.

Actividade 1.4: O ponto material A deslocou-se no plano entre as posições de coordenadas


P1(5;3) e P2(-4;6), ao passo que o ponto material B deslocou-se entre as posições de
coordenadas P3(3;-5) e P4(-2;-3). As posições estão dadas em unidades SI.

a. Representa graficamente as posições e o deslocamento vectorial.


b. Calcula o módulo do deslocamento.

Actividade 1.5: O ponto material C deslocou-se no espaço entre as posições de coordenadas


P1(5;3;5) e P2(-4;6;3), ao passo que o ponto material D deslocou-se entre as posições de
coordenadas P3(3;-5;2) e P4(2;5;-4). As posições estão dadas em unidades SI.

c. Representa graficamente as posições e o deslocamento vectorial.


d. Calcula o módulo do deslocamento.

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1.3 Movimento Rectilíneo: Velocidade

O movimento mais fácil de analisar é o rectilíneo, cuja trajectória é uma linha recta. É este,
por exemplo, o movimento de um corpo que cai verticalmente na superfície terrestre.
Tomemos o nosso sistema de referência de modo que o eixo X (fig. 7) coincida com a
trajectória. A posição do objecto é definida pela sua coordenada x, que é a distância a partir de
um ponto arbitrário O, ou origem do sistema de coordenadas. Em principio, a coordenada x
pode relacionar-se com o tempo por meio de uma relação funcional x=f(t). Obviamente, x
pode ser negativo ou positivo, conforme a posição do corpo em relação a origem O.

O conceito de velocidade exprime, de uma forma quantitativa, a rapidez do movimento de um


corpo. Para determinar a velocidade de um corpo, divide-se a distância pelo tempo gasto para
percorrê-la. Assim, se um automóvel percorrer 150km em 3 horas, a sua velocidade média é
de 50 kmh-1. Ou com mais precisão, suponhamos que no instante t0 o objecto está na posição
P0, com OP0=x0 (fig. 7). Num tempo posterior t, está em OP=x, por conseguinte, o corpo
experimentou um deslocamento P0P=Δx=x-x0 durante o intervalo de tempo Δt=t-t0. O
deslocamento é positivo ou negativo, conforme o sentido do movimento do corpo.

A velocidade média do corpo quando se move de P 0 para P define-se pela relação:


𝑥−𝑥 0 𝛥𝑥
𝑣𝑚 = = Eq. 1.5
𝑡−𝑡 0 𝛥𝑡

Figura 2 Variação da posição de uma partícula em movimento rectilíneo

A velocidade média durante um certo intervalo de tempo é igual à razão entre o espaço
percorrido e esse intervalo de tempo.

Contudo, num intervalo de tempo, um corpo pode deslocar-se algumas vezes mais
rapidamente e outros mais lentamente.

Para se determinar a velocidade instantânea num certo tempo, quando um corpo passa por um
dado ponto, como P, deve-se tomar o menor intervalo de tempo Δt possível. Em linguagem
matemática, isto equivale a calcular o valor limite da fracção da equação 1.5 quando o
denominador Δt tende para zero. Escreve-se na forma
𝛥𝑥
v=lim vmed= lim , que é a definição matemática da derivada temporal de x, isto é:
𝛥𝑡
Δt→0 Δt→0
𝑑𝑥
𝑣= Eq. 1.6
𝑑𝑡

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E assim,

A velocidade instantânea é igual à taxa de variação do deslocamento em relação ao tempo.

Operacionalmente, a velocidade instantânea é determinada pela observação do movimento de


um corpo entre duas posições muito próximas, separadas pela pequena distância (dx) e pelo
pequeno intervalo de tempo (dt) que o corpo demora a passar de uma posição para outra. Num
automóvel, o velocímetro efectua este cálculo por meio de um dispositivo eléctrico. Daqui em
diante, usaremos o termo “velocidade” para referir a velocidade instantânea.

No SI de unidades a velocidade é expressa em metros por segundo, ou m.s -1. Esta é a


velocidade de um corpo em movimento uniforme que percorre um metro por segundo. É
evidente que a velocidade também pode ser expressa com qualquer outra combinação de
unidades de espaço e tempo, como quilómetros por hora, metro por minuto etc.

Transformação Importante:

Para converter a velocidade de Km/h para m/s basta dividir o valor por 3,6. E de m/s para
km/h basta multiplicar o valor por 3,6.

Exemplo:

Converte 54Km/h para m/s.


54
Solução: 3.6=15

Logo, 54km/h = 15m/s

Converte 15m/s para km/h.

Solução: 15x3,6=54

Logo, 15km/s=54km/h

Tarefa 1.6: Investiga por quê é que para transformar de km/h para m/s e vice-versa basta
dividir ou multiplicar por 3.6.

É necessário recordar que o deslocamento Δx (dx) pode ser positivo ou negativo, conforme o
movimento da partícula seja para a direita ou para a esquerda. O resultado é um sinal positivo
ou negativo para a velocidade. Assim:

O sinal da velocidade no movimento rectilíneo indica o sentido do movimento

Ex: Um automóvel parte do km 73 da Via de Quipungo às 6 h 45 min e chega ao km 59 às 6 h


55 min. Calcule a velocidade escalar média do automóvel nesse percurso, em km/h.

∆x = 59 km – 73 km = – 14 km

∆t = 6 h 55 min – 6 h 45 min = 10 min = 1/6h

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Vm = – 84 km/h

1.4 Movimento Rectilineo: aceleração

Em geral, quando um corpo se move, sua velocidade não é sempre a mesma. Em alguns
momentos a velocidade do corpo é maior de que em outros. Para medir a variação da
velocidade de um corpo, introduziu-se o conceito de aceleração. Observando a figura 9,
suponhamos que no instante t 0 se encontra um objecto em P0 com velocidade v0, e que no
instante t se encontra em P com velocidade v. A aceleração média entre P e P 0 calcula-se por
maio da relação
𝑣−𝑣0 𝛥𝑣
𝑎𝑚 = = 1.7
𝑡−𝑡 0 𝛥𝑡
Onde Δv=v-v0 é a variação da velocidade e Δt=t-t0 é o tempo decorrido. Deste modo:
a aceleração media durante um certo intervalo de tempo é dada pela razão entre a variação
da velocidade e esse intervalo de tempo.
Ex: A tabela a seguir fornece a velocidade escalar instantânea de uma partícula em alguns
instantes:

V 40 60 40 20
(m/s)
t(s) 1 5 7 12
Determine a aceleração escalar média da partícula nos seguintes intervalos de tempo:
a) De t = 1 s a t = 5 s;
b) De t = 1 s a t = 7 s;
c) De t = 5 s a t = 7 s.
Respostas: a) 5 m/s2; b) Zero; c) –10 m/s2

Figura 3 Variação da posição e da velocidade de uma partícula material


A aceleração instantânea é o valor limite da aceleração média quando o intervalo de tempo
Δt→0. Isto é,
∆𝑣
𝑎 = lim∆𝑡→0 𝑎𝑚 = lim∆𝑡→0 ∆𝑡 Eq. 1.8
O que dá o resultado
∆𝑣 𝑑𝑣 𝑑2 𝑥
𝑎= = = Eq. 1.9
∆𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 2
𝑑𝑥
Posto que 𝑣 = 𝑑𝑡
Portanto,
A aceleração instantânea é igual à taxa de variação da velocidade em relação ao tempo.

Operacionalmente, a aceleração instantânea determina-se pela observação da pequena


variação da velocidade dv que ocorre durante o pequeno intervalo de tempo dt. Daqui em

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diante, o termo “aceleração” passará a significar aceleração instantânea. O sinal da aceleração


depende de dv/dt ser positivo ou negativo.

No SI a aceleração expressa-se em metros por segundo por segundo, isto é, ms -1⋅s-1=ms-2,


sendo esta a aceleração de um corpo cuja velocidade aumenta um metro por segundo em cada
segundo. Isto não dispensa a utilização de outras unidades.

Exemplo 1

Um automóvel é acelerado durante alguns segundos, de modo que a sua posição ao longo
da estrada como função do tempo é dada por:

x= 0,2t3+0,5t2+0,5 (SI);

Onde x se encontra em metros e t em segundos. Determine:

a) A velocidade e a aceleração em todo o tempo


b) A posição, a velocidade e a aceleração em t=2s e t=3s
c) O deslocamento, a velocidade e a aceleração médias entre t=2s e t=3s.

Solução

Pelas equações 2.2 e 2.5, podemos escrever


𝑑𝑥 𝑑
v= 𝑑𝑡 =𝑑 (0,2t3+0,5t2+0,5)= (0,6t2+1,0t)ms-1

𝑑𝑣 𝑑
a= 𝑑𝑡 =𝑑 (0,6t2+1,0t)=(1,2t+1,0)ms-2

Calcule as restantes alíneas

Exemplo 2

A velocidade escalar instantânea de um móvel varia com o tempo, conforme a função v = 5t 2


+ 4, válida no SI. Determine:
a) A função horária da aceleração escalar instantânea;
b) A aceleração escalar no instante 4 s.

Respostas: a)10 t; b) 40 m/s2

Actividades propostas

Seja 𝑣 = 4𝑡 2 + 8𝑡(SI) uma função que representa a variação da velocidade com o tempo.
Determine:

a) A equação do deslocamento no intervalo de tempo de t0 à t;


b) A equação que representa a variação da aceleração em função do tempo;
c) A velocidade e aceleração para em t=2s e t=4s;
d) O deslocamento, a velocidade e a aceleração média entre t=2s e t=4s.

Actividades propostas

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Um corpo percorre uma trajectória de acordo com a lei x=16t-6t2, onde x é medido em metros
e t em segundos. Determine:

a) As expressões da velocidade e aceleração como função do tempo;


b) Determine a posição no instante t=1s.
c) Em que instante o corpo passa pela origem?

Actividades propostas

A aceleração de um corpo é dada por a=4-t2, onde a é dado em m/s2 e o tempo em segundos.

a) Determine as expressões da velocidade e da posiçãocomo funções do tempo;


b) Calcule a velocidade média no intervalo de tempo 0 e 2s.
c) Calcule a velocidade no instante t=0.

1.5 Exemplo de movimentos simples

Consideremos agora dois tipos de movimentos importantes.


a) Movimento rectilineo e uniforme. Esse movimento é produzido quando a soma das
forças que actuam sobre um corpo é igual a zero. Quando um corpo se encontra em
movimento rectilineo uniforme, sua velocidade v é constante. Assim,
𝑑𝑣
a= 𝑑𝑡 =0
Isto é, a aceleração é nula. Da equação 1.5, para a velocidade constante, temos
𝑥−𝑥 𝑥−𝑥
𝑣𝑚 = 𝑡−𝑡 0 ⟹ 𝑣 = 𝑡−𝑡 0 , isolando x teremos a função horária da posição.
0 0
x= x0+v(t-t0) Eq. 1.10
A figura 12 apresenta o gráfico de v como função de t, e a figura 11 apresenta o gráfico de
x como função de t para o movimento rectilineo uniforme.

Figura 4 Gráfico da posição de uma partícula Figura 5 Gráfico da velocidade de uma


em função do tempo para um movimento partícula em função do tempo para um
rectilíneo uniforme. movimento rectilíneo uniforme.

b) Movimento rectilineo uniformemente variado (MRUV). Este movimento é


produzido quando a força que actua sobre um corpo é constante. Quando um
corpo se encontra em movimento rectilineo uniformemente variado, a aceleração
a é constante. Portanto, da equação 1.7, temos:
𝑣−𝑣0 𝑣−𝑣
𝑎𝑚 = 𝑡−𝑡 ⟹ 𝑎 = 𝑡 −𝑡 0 . Isolando v, teremos a função horária da velocidade no MRUV.
0 0

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CINEMÁTICA/DINÂMICA

v=v0+a(t-t0), ou v=v0-a(t-t0) Eq. 1.11


Se t0=0, v=v0+at, ou v=v0-at
Se a velocidade aumenta com o tempo em valor absoluto, como acontece quando se
pressiona o acelerador de um automóvel, diz-se que o movimento é “acelerado” (Eq.
1.11a); se a velocidade decresce com o tempo em valor absoluto, diz-se que o
movimento é “retardado” (Eq. 1.11b), como quando se freia um automóvel.
Se sabemos como varia a velocidade em função do tempo, podemos achar o
deslocamento S=Δx=x-x0 do corpo durante qualquer intervalo de tempo t-t0. Tal pode
ser feito com recurso ao método gráfico
Considerando que o móvel realiza um MRUV e está partindo, no instante t0 = 0, da
posição inicial x0 com velocidade inicial v0e aceleração a, como mostra o gráfico da
figura 11.

Figura 6. Gráfico v-t. A área A é igual ao deslocamento de um corpo em MRUV

O deslocamento será a área do trapézio dada por :


𝑣−𝑣
∆𝑥 = 𝐴𝑡𝑟𝑎𝑝 é𝑧𝑖𝑜 = 2 0 ∙ 𝑡 Eq. 1.12
Como 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡, substituindo na equação anterior, vem:
𝑣0 +𝑎𝑡 +𝑣0 1
∆𝑥 = ∙ 𝑡 ⟹ ∆𝑥 = 𝑣0 ∙ 𝑡 + 2 𝑎𝑡 2 Eq. 1.13
2
Da equação anterior pode-se encontrar a função horária da posição no MRUV, ou
também chamada de lei das posições:
1 1
𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0 ∙ 𝑡 + 2 𝑎𝑡 2 , ou,𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0 ∙ 𝑡 − 2 𝑎𝑡 2 Eq. 1.14
Esta equação permite-nos calcular a coordenada (posição) do móvel em qualquer
instante, para o movimento rectilíneo uniformemente acelerado (Eq. 1.14 a) e retardado
(Eq. 1.14b).
Se𝑡0 ≠ 0 (𝑜𝑢 𝑚𝑒𝑙𝑕𝑜𝑟 𝑡0 > 0), teremos:
1
𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0 (𝑡 − 𝑡0 ) + 2 𝑎(𝑡 − 𝑡0 )2 Eq. 1.15

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Material de apoio-10ª Classe-
CINEMÁTICA/DINÂMICA

Figura 7 Gráfico da Velocidade em função do Figura 8 Gráfico da posição em função do


tempo para um Movimento Rectilíneo tempo para um Movimento Rectilíneo
Uniformemente Variado (para o caso do Uniformemente Variado (para o caso do
movimento acelerado). movimento acelerado).
Quando eliminamos t-t0, e combinamos as equações 1.11 e 1.15, obtemos a equação de
Torricelli:
v2=v02+2a(x-x0) Eq. 1.16
Quando, para simplificar, fazemos t 0=0 e x0=0, as equações 1.11 e 1.15 convertem-se em:
1
v=v0+at e x=v0+2at2 Eq. 1.17
No caso particular em que v0=0 as equações 1.11, 1.15 e 1.16 escrevem-se
1
v=at, x=2at2 e v2=2a(x-x0) Eq. 1.18
Estas equações são as que comumente se deduzem no estudo do MRUV.

Ficha de exercícios

1. Como deve ser a velocidade para que um corpo percorra distâncias iguais em intervalos
de tempos iguais?
2. A que é igual a aceleração no Movimento Rectilíneo Uniforme? Justifique sua resposta.
3. A posição de um corpo varia no tempo de acordo com a equação:
𝑥 = 10 + 5𝑡 SI
Determine:

a) Que tipo de movimento se trata?


b) A posição inicial e velocidade.
c) A posição do corpo passados 5 segundos.
d) Represente graficamente a posição em função do tempo de t=0 à t=5s.
4. A seguinte equação descreve a variação da posição de um corpo com o tempo.
𝑥 = 2 + 4𝑡 2 + 2𝑡 SI
Determine:

a) Que tipo de movimento se trata?


b) A posição inicial, a velocidade inicial e aceleração do movimento.

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c) A equação da velocidade em função do tempo.


d) A posição do corpo depois de 8 segundos
e) Represente graficamente a posição do corpo em função do tempo no intervalo de 0 a 5
segundos.
5. Um automóvel, partindo do repouso, atinge a velocidade de 60 km/h em 15s.
a. Calcule a aceleração média e a distância percorrida.
b. Admitindo que a aceleração é constante, determine quantos segundos mais são
necessários para o carro atingir a velocidade de 80 km/h.
6. Um automóvel em movimento rectilíneo, parte à 50 metros de um posto de
abastecimento, passados 10 minutos encontra-se a 4,85 quilómetros do posto. Determine
a velocidade média do seu movimento considerando o posto de abastecimento como
origem do movimento.
7. (ISUTIC/2015) O gráfico a seguir Alínea A B C D E
identifica os tipos de movimento que faz s
um corpo. Diga qual das seguintes
Trech
respostas é correcta. o

AB MRU MRUR Repous MRUA Outr


o o

BC MRUR Repous MRUA MRU


o

CD Repous MRUA MRU MRUR


o

DE MRUA MRU MRUR Repous


o

Exercícios resolvidos
1.Estabeleça a função horária do espaço correspondente ao movimento uniforme que ocorre
na trajetória a seguir:

X0 = 18 m ; v = ∆x / t∆=(12 – 18)/(3 – 0)
v = – 2 m/s
x = x0 + v t ⇒x = 10 – 2t (SI)

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2.Um comboio move-se ao longo de uma secção recta de via com velocidade de 180kmh -1. A
desaceleração de travagem é de -2ms-2. Supondo-se que a aceleração permanece constante, a
que distância da estação deverá o maquinista travar para que o comboio pare na estação?
Quanto tempo demorará para parar?
Solução
Temos v0=180kmh-1=50ms-1 e a=-2ms-2. Também, como o comboio para, v=0. Então, pela
equação 2.10,
0=(50ms-1)2+2(-2ms-2)(x-x0)
2500 𝑚 2 𝑠 −2
De modo que x-x0= =625m
4𝑚 𝑠 −2
O tempo necessário para parar o comboio é determinado com ajuda da equação 1.12 fazendo
v=0: 0= 50ms-1+(-2ms-1)(t-t0) ou t-t0=25s.
3.Em uma estrada de pista única, uma moto de 2,0 m de comprimento, cuja velocidade tem
módulo igual a 22,0 m/s, quer ultrapassar um caminhão longo de 30,0 m, que está com
velocidade constante de módulo igual a 10,0 m/s. Supondo-se que a moto faça a ultrapassagem
com uma aceleração de módulo igual a 4,0 m/s2, calcule o tempo que ela leva para ultrapassar o
caminhãoe a distância percorrida durante a ultrapassagem.
Tomando o caminhão como referencial, temos, para a moto:
V0 = 22,0 m/s – 10,0 m/s = 12,0 m/s; a = 4,0 m/s2 e ∆s = 32 m

∆s = v0 t +0,5 a t2
32,0 = 12,0t + 2,0t2 ⇒ t = 2,0 s
• Em relação ao solo, temos:
Δs = v0 t + 0,5 a t2
Δs = 22,0 · 2,0 + 2,0 · 2,02 ⇒ Δs
= 52,0 m

1.6 Ascensão e queda de um grave


Grave é todo o corpo de massa m, que é abandonado de uma determinada altura, relativamente
ao solo, lançado de uma determinada altura em relação ao solo, para baixo, com uma
velocidade inicial, ou lançado verticalmente para cima, com uma velocidade inicial e que esteja
apenas sujeito à acção da força gravítica, (desprezando a resistência do ar), que a Terra exerce
sobre ele.
Neste movimento, a aceleração adquirida é constante, (aceleração da gravidade), sendo vertical,
com sentido descendente e com módulo aproximadamente igual a 9,8 ms -2.

1.6.1 Queda de um grave


Podemos considerar a origem do nosso referencial coincidente com a posição de lançamento e o
sentido arbitrado como positivo o sentido descendente. Assim, o valor algébrico da aceleração da
gravidade é positivo e o vector aceleração da gravidade tem o mesmo sentido que o arbitrado
como positivo.

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Figura 9. Queda de um grave

As leis deste movimento são:


 Lei das acelerações g = constante
 Lei das velocidades𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 + 𝑔𝑡 Eq.1.19
1
 Lei das posições ou lei do movimento𝑦 = 𝑦0 + 𝑣0𝑦 𝑡 + 2 𝑔𝑡 2 Eq. 1.20
y - posição da partícula no instante t
y0 - posição da partícula no instante t0 = 0
g - valor da aceleração da partícula ( aceleração da gravidade )
Durante a queda, está animado de movimento rectilíneo uniformemente acelerado, porque a
velocidade e a aceleração são vectores com o mesmo sentido

1.6.2 Ascensão de um grave


Podemos considerar a origem do nosso referencial coincidente com o solo e o sentido arbitrado
como positivo o sentido ascendente. Assim, o valor algébrico da aceleração da gravidade é
negativo e o vector aceleração da gravidade tem sentido contrário ao sentido arbitrado como
positivo, como mostra a figura abaixo.

As leis deste movimento são:


 Lei das acelerações: g = constante
 Lei das velocidades:𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 − 𝑔𝑡 Eq. 1.21
1
 Lei das posições ou lei do movimento:𝑦 = 𝑦0 + 𝑣0𝑦 𝑡 − 2 𝑔𝑡 2 Eq. 1.22
Nota: Para que um corpo seja lançado verticalmente tem que sofrer um impulso que lhe
comunique uma velocidade inicial de módulo v0.
Durante a subida, um corpo está animado de movimento rectilíneo uniformemente retardado,
porque a velocidade e a aceleração são vectores que têm sentidos opostos.

Actividades propostas

(UAN/2014) O Pedro lançou verticalmente para cima, a partir de uma altura de 2.0m do solo,
uma bola. Sendo a altura máxima atingida pela bola em relação ao solo de 5.2m, calcule o valor
da velocidade de lançamento da bola. Despreze a resistência do ar.
Respostas: A) 7.1m/s; B) 9.7m/s; C) 7.9m/s; D) 8.5m/s; E) 6.4m/s; E) 10.5m/s; G) 11.2m/s; H) outro
1. Um corpo é arremessado verticalmente para cima, do solo, com velocidade escalar igual a 40
m/s. Desprezando a resistência do ar e adoptando g = 10 m/s², determine: (adopte a orientação da
trajectória para cima com origem no solo)

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a) As funções horárias do espaço e da velocidade; b) o tempo de subida; c) o instante em que o


corpo chega ao solo.
d) A altura máxima atingida; e) A velocidade do corpo ao atingir o solo; f) o espaço e o sentido
do movimento do corpo para t = 5 s; g) o instante em que o corpo passa pela altura de 60 m.
R: a) s = 40t - 5t² e v = 40 – 10t b) 4s c) 8s d) 80m e) – 40m/s f) S = 75 m e descendo g) t = 2s
(na subida) e t = 6 s (na descida)
2. Para deslocar tijolos, é comum vermos em obras de construção civil um operário no solo,
lançando tijolos para outro que se encontra postado no piso superior. Considerando o lançamento
vertical, a resistência do ar nula, a aceleração da gravidade igual a 10 m/s² e a distância entre a
mão do lançador e a do receptor 3,2m, qual deve ser a velocidade com que cada tijolo deve ser
lançado para que chegue às mãos do receptor com velocidade nula? R: 8m/s
3. Um balão sobe verticalmente com movimento uniforme e, 5s depois de abandonar o solo, seu
piloto abandona uma pedra que atinge o solo 7s após a partida do balão. Pede-se: (g = 9,8 m/s²)
a) A velocidade ascensional do balão.
b) A altura que foi abandonada a pedra.
c) A altura em que se encontra o balão quando a pedra chega ao solo.
R: a) v = 2,8 m/s b) 14m c) 19,6 m

1.7 Lançamento horizontal

A partir de um ponto situado a uma altura h, acima do solo, a particula é lançada horizontalmente
e percorre uma trajetória parabólica, que pode ser construída utilizando-se a composição de dois
movimentos independentes:

a) Movimento horizontal – Nesse movimento, o corpo percorre distancias iguais em tempos


iguais: movimento uniforme (velocidade constante).

As suas equações são:


Lei das velocidades: vx  v0 x
Lei das posições:𝑥 = 𝑣0𝑥 𝑡 Eq. 1.23
b) Movimento vertical – Nessa direção, o móvel está em queda livre (MUV acelerado) a
partir do repouso.
As equações para esta direcção são:
 Lei das velocidades: vv = - g t Eq. 1.24
 Lei das posições ou lei do movimento:y = y0 - 1 g t2 Eq. 1.28
2

Figura 10. Lançamento horizontal

Neste lançamento, a velocidade inicial na direcção do YY é nula (v0y=0)


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As equações vectoriais do lançamento horizontal são:

a) Equação vectorial das velocidades


𝑣 = 𝑣𝑥 𝑒𝑥 + 𝑣𝑦 𝑒𝑦 Eq. 1.25
𝑣 = 𝑣0𝑥 𝑒𝑥 + (−𝑔𝑡)𝑒𝑦 Eq. 1.26
b) Equação vectorial das posições
𝑟 = 𝑥𝑒𝑥 + 𝑦𝑒𝑦 Eq. 1.27
1 2
𝑟 = 𝑣0𝑥 𝑡𝑒𝑥 + (𝑦0 − 2 𝑔𝑡 )𝑒𝑦 Eq. 1.28
Portanto, no lançamento horizontal o corpo realiza dois movimentos independentes. Essa
independência de dois movimentos simultâneos e perpendiculares foi enunciada por Galileu que
diz o seguinte:

Quando um corpo está animado, simultaneamente, por dois movimentos perpendiculares


entre si, o deslocamento na direção de um deles é determinado apenas pela velocidade
naquela direção.

E ainda, para corpos lançados da mesma altura, o tempo de queda é o mesmo,


independentemente das massas dos corpos e de suas velocidades horizontais de lançamento
(desprezando-se os efeitos do ar).

Exercício resolvido

1. Uma bolinha rola por toda a extensão de uma mesa horizontal de 5m de altura e a
abandona com uma velocidade horizontal de 12m/s. Calcule o tempo de queda e a
distância do pé da mesa ao ponto onde cairá a bolinha (g = 10m/s2).
Solução: Calculemos, inicialmente, o tempo de queda, considerando apenas omovimento
vertical (queda livre – MUV acelerado):
y = 1 g t2 ⇒5 = 10 t2 5=5 t2 ⇒t=1s Considerando agora o movimento horizontal (uniforme),
2 2
teremos:V= Sh/t⇒Sh = vh.t = 12 . 1 =12m (o corpo cairá a 12m do pé da mesa).
2. (UAN/2015) De uma torre de 180 metros de altura é lançado um projéctil
horizontalmente com a velocidade igual a 200m/s. Achar o módulo da velocidade com
que o projéctil chega ao solo.
Respostas: A) 360m/s; B) 190m/s; C) 175m/s; D) 208.8m/s; E) 275m/s; F) 250m/s; G) 225m/s; H) Outro

1.8 Lançamento oblíquo


Consideremos um corpo lançado com uma velocidade v 0 que forma com a horizontal um ângulo
distinto de 0o e de 90o como mostra a figura:

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Figura 11. Lançamento oblíquo

A velocidade Vo pode ser decomposta em duas componentes: Vox (componente da velocidade no


eixo dos x) e Voy (componente da velocidade no eixo dos y):

𝑣0𝑥 = 𝑣0 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 Eq. 1.28

𝑣0𝑦 = 𝑣0 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 Eq. 1.29

A semelhança do lançamento horizontal, o lançamento oblíquo resulta também da composição


de dois movimentos independentes:

a) Movimento horizontal – Esse movimento é uniforme, uma vez que Vox é constante
(desprezando-se a resistência do ar).
As suas equações são:

v0 x  v0 cos  - Equação das velocidades Eq. 1.30


x  v0 cos .t - Equação das posições Eq.1.31
b) Movimento vertical – Nesse movimento, a velocidade é variável, pois o corpo está sujeito à
aceleração da gravidade: na subida, o movimento é retardado (velocidade e aceleração têm
sentidos contrários); na descida, o movimento é acelerado (velocidade e aceleração têm sentidos
iguais).

As equações para este direcção são:


 Lei das velocidades vv= v0senθ- g t Eq. 1.32
 Lei das posições ou lei do movimento y = y0+ (v0senθ).t - 1 g t2 Eq. 1.33
2
Exercício resolvido
1.Um Objecto é lançado obliquamente com uma velocidade inicial de 100m/s, que forma com a
horizontal um ângulo de 60°. Calcule a altura máxima atingida pelo móvel e a distância do ponto
de lançamento ao ponto em que o móvel toca o solo.
Solução: As componentes da velocidade valem: v0 x  v0 cos  =100 .cos 60°=100.0,5 =50 m/s
voy = vo . senθ= 100 . sen 60°= 100 . 0,866 = 86,6m/s
Calculemos o tempo de subida, usando a expressão da velocidade vertical.
No ponto mais alto, vy = 0: vy = voy – 1 g t2↔ 0 = 86,6 – 10t ∴ t= 8,66s A altura atingida pelo
2
1
móvel (MUV retardado): h = voyt – g t2 = 86,6 . 8,66 – 1 10. (8,66)2 = 375m
2 2
Calculemos o alcance (distância horizontal percorrida em MU). O tempo é o de subida mais o de
descida (8,66s + 8,66s):
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xmax = vox . t = 50 . 17,32 = 866m

Actividades propostas:
1.Um lançador de granadas deve ser posicionado a uma distância D da linha vertical que passa
por um ponto A. Este ponto está localizado em uma montanha a 300m de altura em relação à
extremidade de saída da granada, conforme o desenho abaixo.

A velocidade da granada, ao sair do lançador, é de 100m/s e forma um ângulo α com a


horizontal; a aceleração da gravidade é igual a 10m/s2 e todos os atritos são desprezíveis. Para
que a granada atinja o ponto A, somente após a sua passagem pelo ponto de maior altura possível
de ser atingido por ela, qual deve ser a distância D ?Dados: considere o Cosα=0,6 e o Senα=0,8
R: D = 600m
2. Um superatleta de salto em distância realiza o seu salto procurando atingir o maior alcance
possível. Se ele se lança ao ar com uma velocidade cujo módulo é 10 m/s, e fazendo um ângulo
de 45° em relação a horizontal, qual o alcance atingido pelo atleta no salto? R: 10 m.
3. (UAN/2008) Uma pedra é lançada com uma velocidade de 11.2m/s, que forma um ângulo de
44.3º com horizontal, de uma margem do rio cuja altura é o dobro do alcance atingido pela
pedra. Determine o alcance da pedra.
Respostas: A) 61m; B) 45m; C) 52m; D) 57m; E) 32m; F) 39m; G) 65m; H) Outro

1.9 Movimento circular uniforme (MCU)


O movimento circular é um movimento curvilíneo em que a trajectória é um círculo. É este, por
exemplo, o movimento dos ponteiros de um relógio. É também o movimento de todos os corpos
que se encontram na superfície da Terra, em virtude da rotação da Terra.
Quando medimos distâncias num círculo, temos 𝑆 = 𝑅𝜃, em que R é o raio do círculo e 𝜃 é o
ângulo, cujo arco é S.
𝑑𝑆 𝑑𝜃
𝑣= =𝑅
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝜃
A quantidade 𝑑𝑡 denomina-se velocidade angular 𝜔 que é o ângulo varrido por unidade de
tempo.Mede-se em radianos por segundo (rad/s).
OBS : 2π radianos = 6,28 radianos = 360o
π radianos = 3,14 radianos = 180o
1 radiano = 57,3o (aproximadamente)
𝑣 = 𝜔𝑅
Se 𝜔 é constante, o movimento é circular uniforme (MCU).Neste caso o movimento é periódico.
O período T e a frequência f são dados por:
1 2𝜋
𝑇 = 𝑓 ; 𝜔 = 𝑇 = 2𝜋𝑓
A unidade SI da frequência é o hertz (Hz ou s-1). A frequência de um MCU é também muitas
vezes expressa em rotações por minuto (rpm), ou seja: 1 hertz = 60 rpm. O período mede-se em
segundos (s).

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Movimento Circular Uniforme (MCU) é o movimento curvilíneo em que a partícula descreve


uma trajectória circular com o módulo da velocidade constante, variando apenas a direcção do
vector velocidade, ou seja, uma partícula está animada de movimento circular uniforme quando
a resultante das forças que sobre ela actuam é centrípeta, ou normal, perpendicular à
velocidade e de intensidade constante.
Função horária da posição “s” (também chamada de função horária linear)

𝑆 = 𝑆0 + 𝑣𝑡

Essa função fornece a posição “s” em cada instante “t” sobre a trajectória e já foi usada no
movimento uniforme estudado anteriormente. Continua sendo válida pois o movimento circular,
em questão é uniforme. Função horária angular:

𝜃 = 𝜃0 + 𝜔𝑡

Sendo

“ ” o ângulo ( ou fase ) num instante “t” qualquer


“ 0” o ângulo ( ou fase ) inicial no instante „‟t=0‟‟
“ω” a velocidade angular do movimento

Uma força diz-se centrípeta, ou normal, quando é normal (perpendicular) à trajectória do


mesmo e, aponta para o centro da trajectória, que é circular. É a força que age e modifica a
direcção da velocidade do corpo
𝑑𝜔
Se 𝜔 varia então a quantidade 𝑑𝑡 = 𝛼 em que 𝛼 é a aceleração angular. Se 𝛼 é constant, então o
movimento é Curvilíneo Uniformemente Variado (MCUV). Neste caso, são válidas as relações,
para t0=0:
𝜔 = 𝜔0 + 𝛼𝑡
1
𝜃 = 𝜃0 + 𝜔0 𝑡 − 𝑡0 + 𝛼𝑡 2
2
Um movimento circular é produzido por uma força centrípeta, isto é, força dirigida par ao centro
do círculo.Num movimento circular a velocidade pode variar em módulo e em direcção. A
variação da velocidade em módulo dá origem a aceleração tangencial e a variação da velocidade
em direcção dá origem a aceleração centrípeta ou normal, tal que,
𝑣2
𝑎𝑁 = 𝜔 2 𝑅 = ; 𝑎𝑡 = 𝑅𝛼
𝑅

Figura 12. Componentes da aceleração no movimento circular

Exercícios propostos (MCU)


1. O que é um processo periódico. Dê exemplos.
2. Por que a aceleração no movimento circular uniforme se chama centrípeta?

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3. É possível que um corpo tenha aceleração centrípeta e não tenha aceleração tangencial,
ou que tenha aceleração tangencial e não tenha centrípeta?
4. Explique porque a aceleração efectiva da gravidade aumenta com a latitude?
5. Calcule a velocidade angular de um disco que gira, com movimento uniforme, 13.2 rad
em cada 6s.
a. Calcule o período e a frequência de rotação. Quanto tempo demorará o disco para:
b. Descrever um ângulo de 780º
c. Para efectuar 12 revoluções.
6. Calcule a velocidade angular de cada um dos três ponteiros de relógio.
7. A Lua efectua uma revolução completa em cada 28 dias e a distância média à Terra é
3.84x108 m. Calcula
a. A velocidade angular;
b. A velocidade linear;
c. A aceleração centrípeta.
8. O raio da orbita da Terra é de 1.49x1011 m e o seu período de revolução em volta do Sol é
de um ano (3.16x107s). Determine:
a. O módulo da velocidade;
b. A aceleração centrípeta do seu movimento em volta do Sol.
9. O Sol gira através da Via Láctea num raio de 2.4x10 20 m, com um período de revolução
de 6.3x1015s. determina:
a. O módulo da velocidade orbital.
b. A aceleração centrípeta do seu movimento através da galáxia.
10. Para o átomo de hidrogénio admite-se uma orbita de raio 5x10 -11 m e que o período do
movimento é 1.5x10-16s. Determine:
a. A velocidade do electrão.
b. A aceleração centrípeta.
11. Um volante de 3m de diâmetro gira 120rpm. Para um ponto na periferia calcule:
a. A sua frequência;
b. O período;
c. A velocidade angular;
d. A velocidade linear.
12. A velocidade angular de um volante aumente uniformemente de 20 rad/s para 30 rad/s
em 5s. Calcule
a. A aceleração angular;
b. O angulo total descrito.
13. Um corpo inicialmente em repouso é acelerado numa trajectória circular de 1.3m de raio
de acordo com a equação 𝛼 = 120𝑡 2 − 48𝑡 + 16. Determine:
a. A posição angular;
b. A velocidade angular do corpo como função do tempo;
c. As componentes tangencial e centrípeta da aceleração.

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2 UNIDADE II - INTERACÇÕES ENTRE OS CORPOS


Interacções são as acções que uns corpos exercem sobre outros.
A interacção pode ser por contacto directo ou por acção à distância através dos campos (por
exemplo o campo electromagnético).
Os efeitos da interacção dependem das massas e das velocidades dos corpos em interacção.

2.1 Leis da Dinâmica. Conceito de Força.


A Dinâmica é a parte da mecânica que estuda os movimento dos corpos tendo em conta das
causas dos movimentos. A principal causa do movimento é a força, que é toda a acção que se
exerce sobre um corpo provocando a variação do seu estado (de repouso ou de movimento
rectilíneo uniforme).
O conteúdo da Dinâmica é resumido naquilo que se chamam leis da Dinâmica ou leis de
Newton.

2.1.1 1ª Lei de Newton (Lei da Inércia)


Se a resultante das forças que actuam sobre um corpo é nula, o corpo permanece no seu estado
de repouso ou de movimento rectilíneo uniforme (MRU), ou seja, com velocidade constante.
  
Matematicamente temos F1  F2  ...  Fn  0

2.1.2 2ª Lei de Newton ( Lei Fundamental da Dinâmica )

Se a resultante das forças que actuam sobre um corpo de massa mé diferente de zero, este adquir
uma aceleração proporcional à resultante das forças que sobre ele actuam. A constante de
proporcionalidade é a massa m.

     
Matematicamente temos: F 1  F2  ...  Fn  m a1  m a 2  ...  m a n
Para uma força que forma um ângulo com a direcção do movimento, a sua projecções serão:
  X
Fy  F Sen  m a Sen
  FyF
Fx  F Cos  m a Cos θ
Fx
Pelo teorema de Pitágoras F  FX  FY
2 2 2

2.1.3 3ª Lei de Newton ( Lei da Acção - Reacção )

Qualquer acção exercida por uma partícula sobre outra provoca sempre uma reacção desta, com
igual intensidade, mesma direcção e linha de acção, e sentido oposto.
A B
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A força exercida sobre a partícula A pela partícula B é simétrica da força exercida sobre a
partícula B pela partícula A.

Estas forças traduzem um par acção – reacção, isto é, uma acção recíproca entre os dois corpos.
Um par acção – reacção não tem resultante nula pois as forças estão aplicadas em corpos
diferentes, ou seja, têm pontos de aplicação diferentes.

2.2 Força de atrito


Sempre que dois corpos estão em contacto, por exemplo: um livro em cima de uma mesa, existe
uma resistência que se opõe ao movimento relativo dos dois corpos. Suponha, por exemplo, que
empurramos o livro ao longo da mesa, imprimindo-lhe uma certa velocidade.Quando o largamos,
o livro diminui de velocidade e acaba parando.Essa perda de momento indica que uma força se
opõe ao movimento, força designada atrito de deslizamento. Ela é devida à interacção entre as
moléculas dos dois corpos e, por vezes, denomina-se coesão, quando os dois corpos são do
mesmo material, ou adesão, quando são de materiais diferentes. De facto, o fenómeno é bastante
complexo e depende de muitos factores, como a condição e natureza das superfícies, a
velocidade relativa etc. podemos verificar experimentalmente que, na maioria dos casos práticos,
o módulo da força de atrito é proporcional â força normal N que pressiona um corpo contra o
outro.
A constante de proporcionalidade chama-se coeficiente de atrito e é representado por μ, isto é
Força de atrito de deslizamento=μN.

Exercícios
1. Um automóvel tem 1500kg de massa e velocidade inicial de 60km/h. Quando se aplicam
os freios, ele fica sujeito a um movimento uniformemente retardado e para 1,2s depois.
Determine a força aplicada ao carro.
2. Calcule durante quanto tempo deve actuar uma força constante de 80N sobre um corpo
de 12,5kg de massa para lhe imprimir uma velocidade de 72km/h a partir do repouso.
3. Um avião de massa 4,0 toneladas descreve uma curva circular de raio R = 200 m com
velocidade escalar constante igual a 216 km/h. Qual a intensidade da resultante das forças
que agem na aeronave?
4. Um bloquinho de massa m = 0,4 kg preso a um fio, gira numa mesa horizontal
perfeitamente lisa com velocidade escalar constante v = 2 m/s. O raio da trajectória é R =
20 cm. Qual é a intensidade da força de tração no fio suposto ideal?

5. Um carro de 800 kg, deslocando-se numa estrada, passa pelo ponto mais baixo de uma
depressão com velocidade de 72 km/h, conforme indica a figura. Qual é a intensidade da
força normal que a pista exerce no carro? É dado g = 10 m/s2.

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a. Considere agora que o carro passa pelo ponto mais alto de uma lombada. Qual é a
intensidade da força normal que a pista exerce no carro? É dado g = 10 m/s2.
6. Um corpo de massa m=5 Kg está sobre a superfície horizontal plana. De quanto deve ser
a força a aplicar para que ele entre em movimento até atingir uma velocidade de 20 m/s
num intervalo de 2s?
7. Um corpo de 7 Kg de massa está em repouso sobre uma superfície horizontal e plana.
Quanto deve valer a força horizontal que actua durante 4s sobre o corpo, para que se
mova com velocidade constante de 10m/s?
8. Um corpo desloca-se ao longo de uma superfície plana horizontal em que o coeficiente
de atrito é igual a 0.33. Se o corpo tem uma massa de 3Kg e é actuado por uma força de
40N, determine a sua aceleração.
9. Um menino arrasta seu carrinho de lata de 1.5 Kg de massa aplicando uma força de 30N,
que faz um angulo de 30º com a horizontal e que produz movimento apenas na
horizontal. Calcula a aceleração do carrinho.
a. Determine a força normal.
10. Um estivador empurra um carrinho de mão com uma carga total de 70 Kg, com uma
força F segundo um ângulo de 10º com a direcção horizontal do movimento do corpo,
imprimindo uma aceleração de 1.2 m/s2. Qual é o valor da força que o homem imprime
ao carrinho de mão?
11. Um automóvel de 1.5 toneladas de massa é puxado por um pronto-socorro através da sua
rampa inclinada segundo um ângulo de 25º com a horizontal. Admitindo que a rampa é
lisa e que o automóvel sobe com uma aceleração de 2m/s2, calcule o valor da força com
que o pronto-socorro puxa o automóvel.
12. Um corpo de 500 Kg de massa desce uma rampa de 100 metros, durante 10s, partindo do
repouso, sob acção de uma força F. Sabendo que o plano é inclinado de 20º com a
horizontal, calcule o valor dessa força.
13. Um corpo com 1,0 kg de massa encontra-se num plano inclinado liso cujo ângulo com a
horizontal é de 30º. Com que aceleração e em que sentido se moverá o corpo se se aplicar
uma força de 8,0 N paralela ao plano e dirigida (a) para cima, (b) para baixo?
14. Um corpo sobe uma rampa com inclinação de 20º em relação a horizontal. O coeficiente
de atrito da rampa é de 0.4 e a massa do corpo é de 5 Kg. Se o mesmo sobe por acção de
uma força paralela a rampa e de 50N, determina a aceleração.
15. Dois corpos A e B, ligados um ao outro por meio de um fio inextensível e de massa
desprezível. Os corpos têm massas de 2Kg e 5Kg, respectivamente, e deslocam-se sobre
um plano horizontal sob acção de uma força de 70N que actua sobre o corpo B.
Considerando um coeficiente de atrito de 0.2, determine a tensão no fio e a aceleração do
sistema.

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16. Determine a aceleração do sistema conforme mostrado na figura abaixo, sabendo qua os
corpos A e B têm massa de 6Kg e 8Kg, respectivamente, e que o coeficiente de atrito no
plano inclinado é de 0.5. O fio é inextensível e de massa desprezível, bem como a
roldana.
17. No plano inclinado representado abaixo, o bloco encontra-se impedido de se movimentar
devido ao calço no qual está apoiado. Os atritos são desprezíveis, a massa do bloco vale
5,0 kg e g = 10 m/s.

a. Copie a figura esquematizando todas as forças que agem no bloco.


b. Calcule as intensidades das forças com as quais o bloco comprime o calço e o
plano de apoio.
Resolução:
Em que:
P = peso
Fn = reacção normal do plano
inclinado
FC = força aplicada pelo calço

Aplicando-se o Teorema de Pitágoras para saber o comprimento da rampa (hipotenusa):


X2 = 32 + 42 x2 = 25 (m) x=5m
FC = Pt ⇒FC = P · sen 
3
FC = 5,0 · 10 5(N)⇒FC = 30N
Fn = Pn ⇒ Fn = P cos 
4
Fn = 5,0 · 10 5 (N) ⇒FN = 40 N

2.3 Quantidade de movimento ou Momento Linear de uma partícula


O momento linear de uma partícula, define-se como o produto da sua massa pela sua velocidade.
Representando o momento linear pela letra p, escrevemos:
p=mv
O momento linear é uma grandeza vectorial que tem a direcção e o sentido da velocidade. É um
conceito muito importante na Física, pois combina dois elementos que caracterizam o estado
dinâmico de uma partícula: massa e velocidade. Daqui em diante usaremos a palavra momento
em vez de “momento linear”. No SI momento expressa-se em kg m/s (unidade que não tem uma
denominação especifica).

O momento linear paraum sistema de partículas é a soma vectorial dos momentos lineares das
partículas constituintes do sistema.

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2.4 Variação da quantidade de movimento de uma partícula. Impulso de uma


força
Consideremos uma partícula de massa m que se desloca com uma velocidade v0 no instante em
que colide com uma parede, como mostra a figura abaixo. Depois da colisão a partícula desloca-
se com velocidade v.
A quantidade de movimento antes da colisão é P0 = mv e logo após a colisão, P = mv.
A variação da quantidade de movimento será:
      
 P  P P 0  m v  m v 0  m( v  v o )

    
No movimento rectilíneo uniformemente variado, v  v o  a t logo  P  m a t
   
Pela 2ª lei de Newton, F  m a logo  P  F t (*)

O membro directo da equação (*) é o impulso da força durante o intervalo de tempo ∆t, isto é,

O impulso de uma força constante que actua numa partícula é o produto da força pelo intervalo
de tempo durante o qual actuou a força. A unidade (SI) de impulso é o N s.

A equaçao (*) toma a forma:

Esta equação representa a Lei da Variação do Momento Linear

O impulso da resultante das forças exteriores que actuam sobre uma partícula, durante um certo
intervalo de tempo, é igual à variação do momento linear da partícula, nesse intervalo de tempo.

2.5 Lei da Conservação do Momento Linear


Considere duas partículas com massas m1 e m2 que interagem entre si. Podemos escrever:

Δp1= -Δp2
Esta relação vectorial indica que, para duas partículas em interacção, a variação de momento de
uma partícula durante um intervalo de tempo é igual em módulo, mas tem sentido oposto, à
variação do momento da outra durante o mesmo intervalo. Podemos concluir que uma
interacção produz uma troca de momentos.
A variação do momento 1 no intervalo de tempo Δt=t´-t é

Δp1=p1´-p1
A variação do momento da partícula 2 durante o mesmo intervalo de tempo é
Δp2=p2´-p2
Deste modo podemos reescrever a relação 2.18
p1´-p1= -(p2´-p2)= -p2´+p2
Reordenando os termos, escrevemos
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p1´+p2´ = p1 +p2
Definimos
P= p1 +p2=m1 v1+m2 v2
Como o momento de duas partículas no instante t. De modo idêntico, P´= p 1 ´+p2 ´é o momento
total das duas partículas no instante t´. Desta forma P´=P é uma igualdade verdadeira, quaisquer
que sejam os valores de t e t, concluímos que o momento total do sistema de duas partículas é o
mesmo. Em outras palavras:
O momento total de um sistema composto por duas ou mais partículas sujeitas apenas à sua
interacção mútua permanece constante:
P= p1 +p2=const.

Ou ainda 𝑚𝐴 𝑣0𝐴 + 𝑚𝐵 𝑣0𝐵 = 𝑚𝐴 𝑣𝐴 + 𝑚𝐵 𝑣𝐵


Este resultado constitui o princípio de conservação do momento, um dos princípios
fundamentais e universais da física.
O principio da conservação do momento, na sua forma geral, enuncia-se assim:

O momento total de um sistema isolado de partículas é constante:


P=∑pi=p1+p2+p3+…=const.

Exemplo 1
Uma arma cuja massa é 0,80 kg dispara um projétil com massa de 0,016 kg com velocidade
de 700m/s. Calcule a velocidade de recuo da arma.
Solução
Inicialmente, tanto a arma como o projétil se encontram em repouso e o momento total é zero.
Apos a explosão, o projétil move-se para frente com o momento

p1=m1v1=(0,016 kg).(700m/s)=11,20kg m/s


A arma deve então recuar com um momento de igual módulo, mas de sentido contrario, de modo
que p2=-p1. Portanto, devemos ter também 11,20 kg m/s=m2 v2, como m2=0,80 kg,
11,20 𝑘𝑔 𝑚 /𝑠
V2= = 14,0 m/s, aproximadamente 50km/h.
0,80 𝑘𝑔

Podemos aplicar o mesmo método para obter a relação entre as velocidades dos fragmentos de
uma granada que se divide em duas partes ao explodir.

Actividades propostas
1. Um vagão que se move a 0,04m/s colide com outro vagão em repouso. Depois da colisão,
o vagão que estava em repouso põe-se em movimento com velocidade de 0,053m/s,
enquanto a velocidade do outro diminui para 0.015m/s. Calcule o quociente das massas
dos dois vagões.
2. O carro A é empurrado com uma velocidade de 0,5m/s contra o carro B, que inicialmente
está em repouso. Após a colisão, A recua com velocidade de 0,1m/s, enquanto B se move
para a direita com velocidade de 0,3m/s. Numa segunda experiência, A é carregado com
uma massa de 1kg e empurrado contra B com velocidade de 0,5m/s. Após a colisão, A
fica em repouso, enquanto B se move para a direita com velocidade de 0,5m/s. Determine
a massa de cada carro.

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3. Determine o momento adquirido por uma massa de 1g, 1kg e 103kg quando cada uma
percorre em queda a distância de 100m.
a. Como o momento adquirido pela Terra é igual em módulo e de sentido oposto,
determine a velocidade (para cima) adquirida pela Terra. A massa da Terra é de
5.98x1024kg. O que conclui disso?

3 Unidade III: Trabalho, Energia e Potência

3.1 Trabalho
Chama-se trabalho mecânico, o processo mediante o qual um corpo desloca-se sobre a acção de
uma força a ela aplicada. Por isso, o valor do trabalho é dado pelo produto da força pela distância
percorrida sob acção de tal força. Deve-se lembrar que deve-se considerar a componente da força
na direcção do deslocamento.
Tabalho= Força x distância

𝑊 = 𝐹𝑥 ∆𝑥
Como 𝐹𝑥 = 𝐹𝑐𝑜𝑠𝜃,

𝑊 = 𝐹∆𝑥𝑐𝑜𝑠𝜃

3.2 Energia
Considera uma partícula de massa m que se move entre dois pontos A e B de uma trajectória sob
a acção de uma força dada por:
𝑑𝑣
𝐹 = 𝑚𝑎 = 𝑚
𝑑𝑡
O trabalho realizado por esta força ao longo do deslocamento dS é dado por:
𝑑𝑣
𝑑𝑊 = 𝐹𝑑𝑆 = 𝑚 𝑑𝑆 = 𝑚𝑣𝑑𝑣
𝑑𝑡
O trabalho total realizado ao longo da trajectória entre A e B é o integral da equação anterior
𝐵
1 1
𝑊= 𝑚𝑣𝑑𝑣 = 𝑚𝑣𝐵2 − 𝑚𝑣𝐴2
𝐴 2 2
A equação anterior indica que o trabalho total realizado pela força é igual a variação de uma
1
quantidade 2 𝑚𝑣 2 . Esta quantidade chama-se energia cinética da partícula, isto é:
1
𝐸𝐶 = 𝑚𝑣 2
2
Conclui-se que o trabalho realizado é igual a variação da energia cinética da partícula. Este
resultado é conhecido como teorema do trabalho e energia cinética.
𝑊 = ∆𝐸𝑐
Para o caso de forças conservativas, por exemplo a força da gravidade, o trabalho é independente
da trajectória, ou seja, depende apenas da posição inicial e final. Neste caso:
𝑊 = 𝐸𝐴 − 𝐸𝐵
As quantidades 𝐸𝐴 𝑒 𝐸𝐵 Denominam-se energia potencial 𝐸𝑝 . A equação anterior toma a forma:
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𝑊 = −∆𝐸𝑝
Para a força da gravidade, a energia potencial gravítica é: 𝐸𝑝 = 𝑚𝑔𝑦, sendo y o deslocamento
vertical da partícula.
A soma da energia cinética e potencial de uma partícula denomina-se energia mecânica.
𝐸𝑚 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝
Para forças conservativas a energia mecânica conserva-se, isto é,
𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 , o que equivale dizer que:
0 = ∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 ⟹ ∆𝐸𝑐 = −∆𝐸𝑝
1 1
𝐸𝑐0 + 𝐸𝑝0 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 ⟺ 𝑚𝑣02 + 𝑚𝑔𝑦0 = 𝑚𝑣 2 + 𝑚𝑔𝑦
2 2
A expressão anterior é a Lei da Conservação da Energia Mecânica de um Sistema.
Enunciado da Lei da Conservação da Energia Mecânica:
Num Sistema isolado (em que actuam apenas forças conservativas)a energia mecânica total
conserva-se.
Para forças conservativas a energia cinética varia, assim como a potencial, mas o somatório das
variações é igual a zero, porque se a anergia cinética aumenta, a energia potencial diminui na
mesma proporção.

3.3 Potência
Em muitas aplicações práticas é importante conhecer a rapidez com que o trabalho é feito.
Define-se potência como o trabalho realizado por unidade de tempo. Assim, sendo dW o
trabalho realizado durante um intervalo de tempo muito pequeno dt, a potência será
𝑑𝑊
𝑃=
𝑑𝑡
Pela equação 2.32, dW=F.dx, e recordando que v=dx/dt, podemos escrever também
𝑑𝑥
P=F 𝑑𝑡 =F.v
Assim a potência pode também ser definida como o produto escalar da força pela velocidade. A
potência média é:
𝑊
P=𝛥𝑡

3.4 Unidades de trabalho e de potência


Pela equação que define o trabalho, vimos que o trabalho deve ser expresso como o produto de
uma unidade de força por uma unidade de distância. No SI, o trabalho é expresso por newton
metro, unidade chamada joule, abreviada por J. assim, um Joule é o trabalho realizado por uma
força constante de um newton que desloca, na sua direcção e no seu sentido, uma partícula num
percurso de um metro.
Como N= kg m s-2, temos
J=N m = kg m2s-2
De acordo com a definicãode potência, ela deve ser expressa como o quociente entre a unidade
de trabalho e a unidade de tempo. No SI, a potência é expressa em joules por segundo, unidade
denominada watt, abreviada por W. um watt é a potência de uma maquina que realiza o trabalho
à razão de um joule por segundo, lembrando que J=kgm2s-2, temos que
W=Js-1= kgm2s-3
Outra unidade usada para exprimir o trabalho é o quilowatt hora (kWh), que é igual ao trabalho
realizado durante uma hora por uma máquina que tem uma potência constante de um quilowatt.
Assim,
I quilowatt hora= (103W)(3,6x103s)=3,6x106J
Geralmente, pagamos a conta da electricidade de acordo com o número de kWh consumido.

Exercícios
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1. Das afirmações seguintes uma é verdadeira. Qual é?


a. Trabalho é o mesmo que energia, a diferença é que medem-se em unidades
diferentes.
b. A energia mecânica e o trabalho são grandezas físicas diferentes, mas o trabalho
realizado por um corpo mede a variação da sua energia mecânica.
c. A energia mecânica de um corpo é o somatório da energia potencial, energia
cinética e do trabalho por ele realizado.
d. Sempre que um corpo realiza trabalho suas energias cinética e potencial mantêm-
se constante, mas a energia mecânica varia.
2. No jogo de lançamento de pesos, um homem lança um objecto de 5kg que atinge uma
altura máxima de 20m do Solo. Depois de subir atinge o solo com velocidade de
19.79m/s. considerando que há conservação da energia mecânica, os seguintes são
valores da energia mecânica do corpo no momento em que atinge a altura máxima e no
momento imediatamente antes de atingir o solo (momento em que se despreza a altura),
respectivamente:
a. 980 J e 980 J.
b. 570 J e 980 J.
c. 980 J e 160 J.
d. 570 J e 160 J.
e. 160 J e 570 J.
3. Um homem puxa uma caixa ao longo de 8m aplicando uma força de 50N em trinta
segundos. Qual é a potência desenvolvida pelo homem durante este tempo?

3.5 Colisões entre partículas


Colisão é uma interacção entre partículas, durante a qual há conservação do momento linear do
sistema.

As colisões podem ser elásticas, inelásticas e perfeitamente inelásticas. Para o caso do nosso
estudo consideraremos partículas cuja massa não varia.
Numa colisão elástica há conservação do momento linear e também de energia cinética.
𝑝𝑖 = 𝑝𝑓 ; 𝐸𝑐𝑖 = 𝐸𝑐𝑓
Uma colisão inelástica ocorre com há conservação do momento, mas não há conservação da
energia cinética.
𝑝𝑖 = 𝑝𝑓 ;𝐸𝑐𝑖 ≠ 𝐸𝑐𝑓
Numa colisão perfeitamente inelástica há conservação do momento linear, mas não há
conservação da energia cinética do sistema e as partículas, após a colisão, ficam juntas.
𝑚1 𝑣1𝑖 + 𝑚2 𝑣2𝑖 + 𝑚3 𝑣3𝑖 + ⋯ + 𝑚𝑛 𝑣𝑛𝑖 = (𝑚1 + 𝑚2 + 𝑚3 + ⋯ + 𝑚𝑛 )𝑣𝑓

Exercícios:
1. Um bloco A de massa 2.0kg e com velocidade 𝑣𝐴 = 6.0𝑖 (em m/s) colide frontalmente
com um bloco B, de massa 4.0kg que se encontrava em repouso, numa superfície
horizontal, sem atrito. Considerando a colisão elástica, determine as velocidades dos dois
blocos após a colisão.
a. Considerando que depois da colisão as partículas movem-se em direcções
diferentes, formando ângulos 𝜃𝐴 = 50º 𝑒 𝜃𝐵 = 35º, determine as velocidades dos
blocos depois da colisão.
2. Uma esfera, de massa𝑚1 = 1.0𝑘𝑔 move-se sobre uma superfície plana e horizontal,
perfeitamente polida, com uma velocidade 𝑣1 = 16.0𝑖 (m/s). Num dado instante colide
com outra esfera, de massa 𝑚2 = 4.0𝑘𝑔, em repouso. Após a colisão, a sua velocidade
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passa a ser 12.0 m/s, segundo uma direcção que faz um angulo de 90º com a direcção
inicial.
a. Determine o valor da velocidade da esfera 2 após a colisão.
b. Qual a direcção da velocidade da esfera 2 após a colisão?
c. A colisão terá sido elástica? Justifica com cálculos.

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