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Direito Comercial Práticas

Manuais recomendados para a disciplina:


* M. Cordeiro.
* Coutinho Abreu
* Paulo Ave Cunha.

Revista do direito das sociedades. Vê isso.

SOCIEDADES

As sociedades comerciais são meras abstrações jurídicas. Nenhum de nós vai ao bar novo
e está uma sociedade na fila.
As sociedades são fruto de evolução doutrinária e só existem como explicação.

A sociedade comercial nasce de um contrato que é o contrato de sociedade. Só que o


contrato não está revelado no CSC, mas nos Art.º 980 e ss do CC.
O contrato de sociedade pode ter fases anteriores: podem existir acordos de contrato-
promessa de sociedades, p.e.
A sociedade não se completa com a mera celebração do contrato de sociedade.
O registo: Art.º 5º CSC. A sociedade comercial só adquire personalidade jurídica com o
registo do contrato. Todos os efeitos do contrato, da sua constituição só se materializam com o
registo definitivo do contrato.

Art.º 168º CSC: a questão das publicações obrigatórias. Isto também é necessário – a
divulgação do contrato.

Dica de nível prático: há um site em Portugal publicaçoes.mj.pt. – é um site onde todos os


registos da sociedade estão disponíveis.

Se eu me lançar a desenvolver alguma atividade económica eu vou ter riscos, como os


riscos de me desparecerem matérias-primas, haver uma crise pandémica, etc. se isto implicar a
minha responsabilidade e de todo o meu património pelas dividas originadas pelo património
tenho duas opções: ou não invisto ou quero um retorno elevado por ele. As duas são más.
Isto levou a um fenómeno da limitação da responsabilidade: as chamadas sociedades de
responsabilidade limitada. O próprio termo é incorreto, porque não são as sociedades que têm
responsabilidade limitada, mas os sócios. Em Portugal só existe os dois tipos de sociedades
maioritárias: as sociedades anónimas e por quotas; os sócios não respondem pelas dívidas da
sociedade.
Com o originamento da P.Coletiva, esta é uma pessoa jurídica distinta da dos seus sócios,
que têm direitos e obrigações próprios, que não se confundem com as da sociedade.

As sociedades comerciais são limitadas por uma questão que é a da tipicidade, ou seja, eu
posso escolher o tipo de sociedade que quero, posso escolher a minha parte, mas só posso
escolher no catálogo das diferentes sociedades que existem: sociedade em nome coletivo
(SNC), sociedades por quotas ou limitadas (LDA ou limitadas), as sociedades anónimas (SA) e,
por fim, as sociedades em comandita (simples ou por ações).
Caracterização breve destas sociedades:
SNC: o regime regra é o que os sócios respondem subsidiária, solidária e ilimitadamente,
pelas dívidas da sociedade. Esta responsabilidade dos sócios, todos os modelos de sociedades
têm uma caracterização própria quanto ao substrato pessoal e patrimonial. O substrato
patrimonial é mais intenso nas sociedades anonimas. Os sócios e a AG têm um papel mais
determinante quanto as decisões mais importantes. Os sócios são quem gere no dia a dia a
sociedade, podendo representá-la individualmente – o substrato pessoal tem uma
representação muito maior do que nas sociedades anónimas.
Na falta ou na insuficiência do património na sociedade, os sócios vão responder perante
os credores sociais e a responsabilidade é solidária por causa desta dimensão. Os credores só
podem atacar o património dos sócios depois de excutido (esgotar, vender, gastar) a da
propriedade. Todos eles respondem solidariamente pelas dívidas da sociedade (eu posso ir ter
a qualquer um deles). Eles respondem ilimitadamente, respondendo perante a todas e todos
os tipos de divida que a sociedade tenha.

Sociedades por quotas: respondem pela sua obrigação de entrada, respondem


solidariamente com os demais sócios pelas respetivas obrigações de entrada, e o Art.º 198º CSC
(cláusula gambozino – não escrever isto). Em geral esta cláusula não existe em lado nenhum.
Esta não se confunde com a fiança em gera (eu sócio de uma sociedade posso intervir no crédito
de outra pessoa como fiador).

SA: o sócio responde apenas pela sua obrigação de entrada. Não responde pelos outros.

Sociedades em comandita. Os sócios comanditários são os sócios que entram com o


dinheiro na sociedade. Depois temos os sócios comanditados, que vai dar corpo ao manifesto e
levar o barco até onde der. Os primeiros respondem apenas até ao valor das suas entradas.
Como se está mesmo a ver, os comanditados vão responder nos mesmos termos das sociedades
em nome coletivo, respondendo subsidiária, solidária e ilimitadamente pelas dívidas da
sociedade que não tenham sido pagas.
Todas as sociedades em regra têm 3 estruturas importantes:
*AG (corresponde à reunião de todos os sócios da sociedade e, portanto, é lá que a
coletividade dos sócios se reúne para tomar decisões da sociedade; por regra basta a maioria
simples para que as deliberações sejam tomadas; em algumas matérias pode ser de
unanimidade; pode haver maioria qualificada também em algumas sociedades). Nas sociedades
anónimas não podem decidir questões de gerência, a não ser que o concelho de administração
lhes peça.
Ficando nas sociedades por quotas (a gerência e os membros são os gerentes: não é
conselho de administração ou administradores!!!!!!!!!!!). Nestas, os sócios são chamados de
sócios ou sócios quotistas, ou apenas quotistas.
Sociedades anónimas: acionistas ou simplesmente sócios, porque o capital social está
dividido em ações.

A gerência e a administração são responsáveis pela vida da sociedade e são eles que a
vinculam a qualquer tipo de contrato ou negócio celebrados. São estes órgãos que vinculam a
sociedade com os seus atos perante terceiros.
Órgão de fiscalização (em geral o conselho fiscal): este é uma espécie de polícia interno de
sociedade, sobretudo sobre matérias financeiras, analisando se as regras fiscais e financeiras
são cumpridas.
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Há seis grandes consequências da personalidade coletiva:
• a sociedade enquanto ente jurídico autónomo da pessoa dos seus sócios é titular de
direitos e de deveres próprios distintos da pessoa dos seus sócios. A lógica no fundo é a de que
a sociedade é um centro autónomo de imutação de normas jurídicos distinto da pessoa singular.
• a questão da autonomia da imputação dos atos e negócios jurídicos praticados: sendo a
sociedade originários de obrigações e direitos próprios, quando os sócios ou gerentes da
sociedade atuam eles fazem-no por representação das sociedades. Os atos próprios
repercutem-se na pessoa coletiva e não na pessoa dos seus representantes
• pelas dívidas da sociedade responde em primeira linha o património social e não o
património dos sócios. Mesmo nas sociedades em nome coletivo, a regra é a de que, em
primeira linha as regras da sociedade são sempre suportadas por esta.
• em virtude desta separação de personalidades entre os sócios e a PC, os credores não
são credores da sociedade, ou seja, os credores dos sócios não podem atacar o património da
sociedade para efetivar a responsabilidade dos sócios perante eles, credores.
• os sócios não podem dispor de bens da sociedade, ou seja, os bens são da sociedade e
não dos sócios, não podendo fazer uso particular de bens da sociedade nem podem dispor
destes bem, não podendo onerá-los, vendê-los para satisfação de finalidades pessoais.
• os credores da sociedade preferem aos credores dos sócios. No contexto da liquidação
da sociedade, quando se vise extinguir a sociedade, eu vou pegar no património da sociedade e
vou imputá-lo nas dívidas da sociedade, ou seja, vou pagar aos credores da sociedade. Se me
restar património, o que se faz é distribuí-lo pela participação que cada sócio tinha quando
entrou na sociedade. Depois aí os credores dos sócios poderão atacar esse património
distribuído em particular.

CASO N.º 1: A FAMÍLIA ARNEIRO E SUAS SOCIEDADES


António e Bento são irmãos e únicos herdeiros dos negócios da família. Após a morte do
Conde de Arneiro, seu pai, os irmãos resolveram constituir três sociedades com a património
familiar das quais eram os únicos sócios e administradores:
(i) a sociedade Solar do Arneiro, Lda., que tinha por objeto a exploração de turismo rural,
à qual alocaram o solar da família em Ponte de Lima;
(ii) a sociedade VitArneiro – Exploração vinícola, SA., que se dedicava à produção e
comercialização de vinho alvarinho; e
(iii) a sociedade Arneiro e Arneiro, SNC., que se dedicava à prestação de serviços e à
consultadoria.
Não obstante a constituição das três sociedades, na prática, a vida manteve-se tal qual era
em vida do Conde Arneiro: António e Bento viviam no solar e sempre entenderam o património
das sociedades como património familiar... Tal entendimento manifestava-se, sobretudo, na
total ausência de disciplina no que diz respeito à distinção entre a conta bancária pessoal dos
sócios (muito avultada) e a conta bancária das sociedades. Despesas sociais eram pagas pelos
sócios e vice-versa. Na prática, utilizava-se o saldo que melhor se apresentasse para o efeito,
independentemente da natureza da despesa, operação, etc.
Tal confusão não existia apenas entre sócios e sociedade, mas também entre as próprias
sociedades... Por exemplo: as despesas da Solar do Arneiro, Lda. eram muitas vezes suportadas
pelo exercício da VitArneiro, SA.

1 – Qual a responsabilidade de A e B pelas obrigações sociais de cada uma das


sociedades?
• a sociedade Solar do Arneiro, Lda.:
– Responsabilidade dos sócios (art. 197º CSC): Cada sócio responde não apenas pela
própria obrigação de entrada (em dinheiro e/ou em espécie) mas também (nas sociedades
pluripessoais), solidariamente com os outros sócios, por todas as entradas convencionadas no
contrato social.
Ver artigo 200 sobre a sigla.
Os sócios respondem pela sua obrigação de entrada. Respondem solidariamente pelas
entradas dos demais sócios da sociedade.
198º, podem responder até determinado montante, desde que isso esteja sido
especificado por estipulação no contrato.

• a sociedade VitArneiro – Exploração vinícola, SA:


– Responsabilidade dos sócios (art. 271º): não existe responsabilidade dos sócios pelas
dívidas sociais; é limitada ao valor das ações que subscreveu. O sócio responde apenas pelo
valor correspondente à sua obrigação de entrada. Não responde pelas dívidas da sociedade
nem pelas obrigações de entrada dos seus sócios.

275º/1 – abreviatura.

• a sociedade Arneiro e Arneiro, SNC.:


– Art.º 175º: o regime regra é o que os sócios respondem subsidiária, solidária e
ilimitadamente, pelas dívidas da sociedade.
- Os sócios de sociedade em nome coletivo respondem pelas obrigações sociais
(pecuniárias) subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente entre si (art. 175º/1).
Porque a responsabilidade é subsidiária, os credores da sociedade só podem exigir
o pagamento aos sócios depois de excutido o património social (mas pode antes disso algum
sócio cumprir obrigações da sociedade e, se o fizer a fim de evitar que contra a sociedade seja
intentada execução, tem o sócio direito de regresso também contra os outros sócios – art.
175º/4) – porque a responsabilidade é solidária, têm os credores sociais o direito de exigir de
qualquer sócio o pagamento das dívidas por inteiro.

Art.º 177.

2 – A sociedade Arneiro e Arneiro, SNC presta habitualmente serviços de consultadoria


agronómica, de acordo com o seu objeto social. Os seus sócios, porém, deliberam adquirir um
lote de construção no Algarve onde pensam edificar um aldeamento turístico para revenda.
Quid juris?

• Teleológico/objeto da sociedade – o seu fim. O sujeito-sócio ou o agrupamento de


sujeitossócios utilizam, total ou parcialmente, a base ou substrato patrimonial para o exercício
de certa atividade económica (patente no art. 980º CC). Nisto consiste o objeto da sociedade.
As sociedades têm de promover o lucro (têm um escopo lucrativo – arts. 980º CC e 21º/1
a) CSC) e distribuí-lo pelos seus associados. O seu fim último é então o escopo lucrativo:
distribuir a riqueza possível. Quando os sócios celebram o contrato de sociedade, estão a dar
corpo a um projeto empresarial, delimitando os sócios os contornos do projeto e a cláusula de
objeto social (art. 11º/2).

Assim, temos como objeto imediato o objeto social (atividade económica concreta que irá
realizar), como objeto mediato a obtenção de lucro e como interesse da sociedade numa
vertente mais ampla todas as concretizações do projeto empresarial pelos órgãos da sociedade.

Assim sendo, é do nosso entender que a SNC, por via de deliberação, pode praticar o ato
em causa, tendo em conta que visa a revenda e, portanto, a obtenção de lucro.

A questão do principio da especialidade, etc.


As sociedades são plenamente capazes para a prática da generalidade dos atos, excetuadas
duas situações: • as insuscetíveis de serem dotados de direitos provenientes de personalidade
singular; • as proibições legais (495/88 DL – as sociedades com participações não podem praticar
outros atos sem ser as participações sociais

O objeto é determinado no contrato de sociedae (Art.º 9º). Esse corresponde ao conjunto


de atividades que no momento da constituição os sócios se propõem a desenvolver. Alem do
Art.º 9º/1 é importante igualmente o Art.º 11/3. Dentro do objeto de sociedade determinado
no contrato de sociedade é possível os sócios aumentarem ou reduzirem as atividades que serão
desenvolvidas em concreto.
O contrato de sociedade ´o ato constitutivo de sociedade, a par do registo. Mas ele não é
imutável, há a suscetibilidade de mutação 285º e 286º, desde que verificadas as maiorias. Há
ainda quem defenda que não tem de haver uma deliberação expressa, mas poderá dar-se como
tácitas.
Os sócios deliberando aa quisição de imoveis que não estavam á partida no contrato de
sociedade, os sócios estão a alterar materialmente o objeto de sociedade.

O Art.º 9º de uma diretiva da EU, há uma preocupação com a tutela dos credores da
sociedade, e com uma leitura com o Art.º 6º, implica que a sociedade fique vinculada por todos
os representantes da sociedade. O objeto da sociedade cede em efeitos de responsabilização,
quando os representantes pratiquem atos fora do objeto da sociedade.

O objeto da sociedade não limita a capacidade da sociedade. As que são praticadas fora do
objeto vincula a sociedade e os seus representantes. Podem defender-se outras perspetivas.
Não há invalidade, e pode ser considerado um ato de cariz lucrativo e por isso válido.

O ato pode ser invalido quando

3 – O negócio do vinho alvarinho está a correr bastante bem aos irmãos Arneiro, que
sonham agora em lançar-se na exportação. Para o efeito, a VitArneiro, SA. necessita de
contrair um financiamento bancário o que exige a constituição de uma hipoteca. Todo o
património imobiliário (incluindo os hectares de vinha) é propriedade da Solar Arneiro, Lda..
Para além disso, António necessita de um financiamento pessoal que exige igualmente a
constituição de uma garantia real.
Em Assembleia Geral, a sociedade Solar Arneiro, Lda. deliberou, nos termos do art.
246.º/2 c), constituir as hipotecas voluntárias necessárias à garantia do cumprimento das
obrigações a assumir pela VitArneiro, SA. e por António. O notário, porém recusa-se a lavrar
a escritura porque entende que se violou o disposto no art. 6.º do CSC. Quid juris?

Há separação patrimonial. Uma é proprietária de uma parte e outra é proprietária de outra


parte.
Depois da reforma de 2007, onde está o lucro?

O 6º/3 divide-se essencialmente em uma afirmação e duas exceções: regra geral as a


prestação a de garantias são proibidas, exceto se • foram emprestadas num contexto de grupo
• ou se justificar o interesse próprio da sociedade. O prof Miguel considera que isso é uma
presunção ilidível (que se cruza com a questão do ónus da prova)
Esta leitura mais pragmática da questão é a leitura do prof Miguel Teixeira de sousa sobre
esta questão.
Grupos de sociedades pressupõem relações de tipo do 488ºe ss. Tem o caso paradigmática
da sociedade unipessoal (este Art.º é uma exceção porque permite que a sociedade seja sócia
única de outra sociedade desde que tenha 100% das ações).
Só existem situações de grupo quando existem duas pessoas coletivas em relação, ou seja,
nõa há relação de grupo quando eu tenho uma situação …
Nos no nosso caso não estávamos perante um grupo em sentido jurídico. O Art.º 6º/3
quando se refere e “grupo” apenas abrange grupo em sentido técnico-jurídico, estando
excluídos o grupo de facto.

A ––––––––––> B

A ––––––––– B

Nas garantias downstream – em sentido descendente (primeira), da sociedade mãe a favor


da sociedade filha.
Nas garantias upstream – em sentido ascendente da empresa filha para a mãe a favor das
dívidas desta

Nas garantias Sidestream tenho garantias entre empresas irmãs a sobrinha e a tias e o
caralho

Só existem as duas primeiras. Osório de Castro considera que só a primeira seja válida.

Art.º 501º.

Normalmente considera-se existência de um grupo de facto quando eu tenho uma


estrutura acionista comum em diversas sociedades, quando os mesmos sócios são os mesmos
nas diversas sociedades (comum nas sociedades familiares)
Por outro lado, podem existir grupos de factos nas situações em que existe cooperação
comercial entre as sociedades, existindo ao longo do tempo ou de cadeias produtivas. No caso
que estamos a ver, temos uma que é proprietário do terreno e outra que construiu nele.
Também por aqui podem existir situações de grupos de facto.

No nosso caso: argumentamos que estamos perante um grupo de facto, temos relações
acionistas que são iguais as duas sociedades e temos uma realidade de coesão económica. Quem
defende a tese do Osório de Castro exclui os grupos de facto.

MC: tese da superação de facto


o interesse exprime-se pela utilização de determinados meios para atingir um determinado
propósito. Os fins relevantes em termos de sociedade. A doutrina que remete apenas para o
interesse lucrativo não é verdadeira ( “se a sociedade não tiver lucros durante anos, deixo de ter
sociedade?”).
a avaliação tem de ser feita ex ante e não à posteriori. A ganratia é apta a produzir lucros,
ou gerar rendimentos, ou obter proveitos para a sociedade. A sociedade tem de ter um interesse
reflexo ou direto nesta situação.

Outro argumento: utilização do Art.º 9 da diretiv da União Europeia. Revista da ordem dos
advogados. Pedro de Albuquerque e osorio de castro

O que o Art.º 9º é que as sociedades são vinculadas pelas ações dos órgãos sociais.

A questão do ónus da prova quanto à invalidade da garantia e a existência de justificado


interesse próprio.
3 posições:
• posição do MC: cabe aos interessados eu queiram atacar a garantia demonstrar a sua
invalidade, demonstrando que não existe um junstificado interessa da sociedade para essa
garantia (sufragada pela jurisprudência maioritária);
• Coutinho de Abreu: cabe aos interessados beneficiários da garantia a demonstração do
tal injustificado interesse próprio da sociedade nessa prestação.
• Miguel Teixeira de sousa: lê uma presunção de invalidade da garantia (6~/3); as garantias
são invalidas exceto quando se demonstre um interesse próprio. Existindo uma presunção, os
interessados beneficiam desta presunção de invalidade, e, portanto, cabe a sociedade ilidir esta
presunção.

4 – Uma conhecida publicação da área do turismo e lazer fez uma reportagem sobre o
Solar do Arneiro. A reportagem em causa era bastante desfavorável ao empreendimento e
divulgava dados incorretos, alguns deles completamente falsos... A sociedade Solar Arneiro,
Lda. moveu uma ação contra a referida publicação pedindo a condenação da mesma no
pagamento de indemnização por violação do direito ao bom nome e à imagem, a fixar nos
termos do art. 496.º/3 do CC. A e B, moveram igualmente uma ação contra a publicação,
pedindo uma indemnização por violação dos seus direitos de personalidade. Quid juris?
Caso não tenha havido na publicação algo que lesasse os direitos de personalidade de A e
B, não há qualquer razão para que estes sejam indemnizados.

O Artigo 6º/1, sobre a capacidade das sociedades, refere que a capacidade destas
compreende os direitos e obrigações necessários ou convenientes à prossecução dos seus fins,
exceto aqueles que lhe sejam vedados por lei ou sejam inseparáveis da personalidade singular
–é esta parte final do preceito que aqui nos interessa.
Quer-se saber se a sociedade tem direitos de personalidade e em particular o direito ao
bom nome – o Prof. Menezes Cordeiro responde que sim à primeira afirmação (ver pág. 369).
E ainda: na pág. 186 o autor enuncia uma lista de situações que corresponderiam a “direitos e
obrigações inseparáveis da personalidade singular” – da qual não figuram os direitos
de personalidade inclusive o direito ao bom nome.
E ainda nesse sentido, as limitações à capacidade de gozo das sociedades serão apenas
de quatro ordens: limitações ditadas pela natureza das coisas, limitações legais, estatutárias
e deliberativas.
Há que referir ainda o Artigo 484º CC – que diz que quem difundir facto capaz de ofender
o bom nome de qualquer pessoa, singular ou coletiva, responde pelos danos causados. No
entanto: já não terão razão os dois sócios em pedir indemnização por violação dos seus direitos
de personalidade – pois os sócios são pessoas separadas da sociedade.

Neste âmbito: as sociedades têm personalidade coletiva própria, e há a diversidade da


pessoa jurídica sociedade relativamente à pessoa do(s) seu(s) sócio(s) – isto tem que ver com
o princípio do modo coletivo de funcionamento das sociedades comerciais. Consequência
directa deste princípio é a autonomia funcional e patrimonial das sociedades comerciais (que
prosseguem fins e objetos próprios; com esquemas destinados à formação de uma vontade
própria, que lhes é imputada; e dispõem de um património próprio que responde pelas suas
dívidas).
As sociedades são verdadeiros sujeitos de direito +, centros próprios de imputação de
normas jurídicas, distintos da pessoa dos seus sócios – logo, a ofensa do bom nome da
sociedade à partida nada tem a ver com ofensas pessoais aos sócios.

Quando o nome da sociedade seja igual ao dos sócios poderá ser diferente?

Os danos são patrimoniais ou danos morais?

Não é porque chamamos a ambos pessoas que… as pessoas coletivas são titulares de
direitos de personalidade.
A generalidade dos danos causados coletivas com a ofensa dos eu bom nome são de tipo
comercial. Correspondem a danos patrimoniais da lesão do bom nome das sociedades.
Exemplo paradigmático: acórdão do tribunal de justiça de 2014 de 9 julho em que
basicamente se sufragou o entendimento de que as PC tal como as pessoas singulares podem
ser merecedoras dos danos não patrimoniais sofridos.
Mas a sua fundamentação? A consideração de que as PC não choram, não se deprimem
que as façam padecer, na realidade os entes coletivos têm um substrato pessoal. Uma ofensa à
sociedade pode afetar os sócios e o substrato pessoal.
É muito difícil em termos de processo fazer a prova do nexo de causalidade entre a ofensa
cometida e a redução da clientela.
A doutrina que estudamos em teoria da exceptio veritati: na mesma lógica aplica-se
mutatis mutandis a isto.

Questão sobre a matéria relativa à eventual compensabilidade dos danos sofridos pelos
sócios. Na realidade e em abstrato, à partida, dir-se-ia que qualquer violação dos direitos de
personalidade da sociedade é uma matéria que fica restrita à sociedade. Mas poderão existir
situações em possa haver manifestamente uma ofensa, quando a aproximação seja grande,
podendo lesar os sócios. V.g.: nos meios socioeconómicos mais pequenos, quando a pessoa dos
sócios se confunde com a sociedade. A sociedade incorpora o nome de família desse bacano. Se
houvesse um noticia que a sociedade andava a poluir o rio da zona, pode ser uma ofensa aos
sócios, se se vier a demonstrar que esta notícia seja falsa. Pode haver então factos que podem
levar à compensabilidade dos sócios.

O direito á imagem não se coloca porque é uma daquelas matérias em que envolve
retratação.

5 – Os credores da Solar Arneiro, Lda. estão com enormes dificuldades em obter a


satisfação dos seus créditos. António e Bento refugiam-se na autonomia patrimonial da
sociedade para não pagar. Poderão os credores da sociedade ter esperança em que o vasto
património dos sócios seja chamado a satisfazer as dívidas sociais?

Art.º 198
Mas o art. 198º permite estipulações contratuais distintas em que um ou mais sócios
podem responder perante os credores sociais até determinado montante.
➢ Esta possibilidade vem impedir a afirmação que a irresponsabilidade dos sócios perante
os credores sociais é uma característica essencial da sociedade por quotas. É um traço-regra de
caráter supletivo.
O elemento nuclear é a limitação da responsabilidade – sócios podem responder por
dívidas da sociedade, mas nunca podem responder ilimitadamente por essas dívidas.
• Esse determinado montante, da limitação, tem de corresponder +/- à atividade social,
não podendo ser desajustado da faturação da sociedade, uma vez que tal pode servir para
encobrir o regime das responsabilidades, passando a ser ilimitado.

Além do caso de confusão de esferas, que outras situações existem segundo o MC?
Ler as posições sobre a evolução doutrinária, a tese subjetivista, a tese objetivista, a tese
monista (de tentar reconduzir a uma base comum todos os tipos de levantamento de sociedade
que existira, tendo em conta a boa-fé e a abuso de direito).

A subcapitalização; conduz muitas das vezes não a fenómenos de levantamento da


personalidade, mas da responsabilização de gerentes e dos administradores. Isto costuma dar-
se na insolvência das sociedades. Quando isto acontece é possível o incidente de qualificação
do insolvente (Art.º 86º CIRE): o próprio atraso pode dar origem á responsabilidade dos sócios.

Abuso da personalidade coletiva: os próprios sócios não se podem aproveitar dos factos
que não estão registados. A própria PC do socio é uma pessoa só. O sócio não pode ter
comportamentos contraditórios.

Confusão de esferas: é comum muitas das vezes em que as próprias dividas dos sócios são
pagas através da sociedade. Eu tenho de proteger os credores da sociedade. Eu tenho de
compensar os credores que poderão acontecer por este facto. O próprio CSC já tem exemplos:
Art.º 270º-F nº 1 e 4º (nas sociedades por quotas unipessoais, um sócio único acaba por
confundir o seu património com o próprio património da sociedade); e Art.º 80º/4.
Atentado a terceiros: aquela história de compra e venda de pais a filhos ou a netos. Em vez
de haver uma transmissão direta para os pais, o que acontece é que os pais constituem uma
sociedade comercial que adquire um determinado imóvel, sendo que a sociedade vende depois
aos filhos ou os pais vendem a sociedade aos filhos, para estes obterem esse imóvel.
Diogo costa Gonçalves: levantamento de imputação e de responsabilização. Na situação de
confusão de esferas eu faço o levantamento e vou responsabilizar os sócios, desconsiderando a
personalidade coletiva e responsabilizo diretamente os sócios pelas dividas da sociedade. No
segundo da imputação: o negocio que era realmente pretendido pelas partes era o negocio do
pai para filho. O que eu estou a fazer é desviar o efeito. Nesta aceção, o levantamento é uma
cirsucntânica de imputação.

Questão do levantamento não poder funcionar nos moldes que ele teve a expor. Teoria
negacionista. O levantamento só pode funcionar nas situações emque existe uma norma jurídica
habilitante. O efeito de responsabilização só se pode dar quando eu tenho uma norma jurídica
que me proibia uma conduta especificamente.

25/10/2021

Classificar logo as entradas, para não nos esquecermos.

Questões:
• se numa sociedade anonima ou por quotas, que se dedica à produção agrícola, eu posso
entrar com um jazigo de família, mausoléu, ou se eu posso entrar com uns óculos da Gucci, do
modelo vintage, para esta sociedade, que são avaliados em 15 000€.

Os túmulos são penhoráveis? 736º. O que é que isso significa. Eu não posso coercivamente
epenhorar o beme vende lo contra a titularidade do seu titular. Se o requisito do Art.º 20/a) é
um requisito universal ou se a contabilidade com a Diretiva envolve não seiq eu.
A direitiva da EU envolve uniformizar as regras relativas ao capital social e outris aspetos.
A suscetibilidade de avaliação económica está consagrado no ordenamento, pelo relatório do
Art.º 28º. Se é insuscetível de avaliação eu não poderei ter uma entrada em espécie, porque o
pressuposto é produzir-se um relatório.
O Art.º 20º/1 tem um requisito que é residual, na medida em que a maior parte dos bens
que entramos para uma sociedade, não estão abrangidos no 736. Isso implica que no caso das
dividas da sociedade se avolumarem e eu tiver de vender bens, eu não posso penhorar ou
vender no âmbito de uma ação executiva esses bens. Esse Art.º pretende defender os credores.

E a questão dos óculos? Porquê? Porquê é que eu preciso de uns óculos que se dedica a
outra merda qualquer? Há um segmento em que a doutrina se pronunciou da necessidade da
cumulação entre o objeto da entradas em espécie e o objeto da sociedade, no sentido em q eu
se poderiam contribuir com bens uteis para o exercício da sociedade. Mas essa realidade sofreu
alguma erosão: há uma admissibilidade global das entradas em espécie independentemente d
utilidade. O capital social corresponde àquela cifra numérica real. O capital social é uma rúbrica
contabilista e não tem de ser preenchido por todos os bens com que eles entram. Eu posso
preencher a rubrica do capital social com quaisquer bens.

CASO N.º 2: O CASO DO AIRES

Alberto, Bernarda, Carlos, Diana e Edmundo decidiram juntar esforços e património, para
desenvolverem uma ideia de negócio gerada à mesa do café Aires, em muitas tardes solarengas
que só o Mondego sabe proporcionar.
A ideia estava, de facto, próxima da genialidade: Alberto era um cozinheiro de mão cheia,
e propunha-se a confecionar os seus famosos carapaus à espanhola em doses industriais;
Bernarda entrava com uma patente de que era titular, relativa a um novo processo de
produção e conservação de escabeche em tomate e cebola, de valor “claramente superior a
€20.000,00”; Carlos entrava com um pavilhão industrial, avaliado em € 30.000; Diana e
Edmundo eram os amigos capitalistas: cada um entraria com € 20.000 em dinheiro. Estavam
lançados os dados para a constituição de uma sociedade anónima!

Depois de uns problemas com o notário, decidiram que Alberto, afinal, entrava com um
equipamento industrial de cozinha e embalagem, que comparara para o seu restaurante, por
€ 25.000, e que estava por estrear, mas para manterem o equilíbrio, decidiram que cada um dos
sócios ficaria com uma quota de € 20.000.

O notário parece não gostar de Alberto e levantou novamente algumas questões jurídicas.
Alberto lá aceitou entrar com € 10.000 em dinheiro.
Convencionaram os sócios que Alberto apenas entregaria € 1.000 no momento da
celebração do contrato, já que tinha que vender o equipamento de cozinha e embalagem para
obter liquidez. Os restantes € 9.000 entregá-los-ia quando pudesse.

Carlos também pretendia contribuir com o pavilhão industrial apenas no próximo ano, para
se ir habituando à ideia.

No mês seguinte ao da constituição, a sociedade adquiriu a Diana e Edmundo um camião


frigorífico em segunda mão por € 40.000. Segundo os boatos, no entanto, teria sido possível
comprar um camião comparável apenas por € 15.000.

1 – Quais terão sido os problemas suscitados pelo notário em relação à primeira ideia
destes cinco empreendedores?
Um dos outros argumentos relativamente a inaceitabilidade das entradas de indústria para
serem tidas em conta para a formação do capital social tem a ver com a questão de ser uma
prestação e facto e ela ser difícil de forçar as pessoas a trabalhar e a fazer. Mas é facto que o
processo executivo, em Portugal tem um procedimento executivo, uma forma de executar
coercivamente as prestações de facto, nomeadamente substituindo essas por prestações
pecuniárias (se alguém se obriga a prestar uma coisa infungível, não posso substituir a pessoa,
mas posso pedir uma compensação pelo valor da prestação incumprida).
Outro:
• 178º CSC, tem a ver com o facto de que na realidade, cruzando com a questão de que as
entradas em indústria não são tidas em conta para a formação do capital social – a lógica é: está
a trabalhar não está a realizar nenhuma prestação em nome da sociedade.

Mas o prof diz que a sociedade terá de lhe pagar de qualquer forma pela prestação do
serviço. Se cm isso poupa a prestação em concreto, que tenha um sucedâneo.

• as entradas em espécie por regra devem ser realizadas no momento da celebração do


contrato de sociedade. Por isso as entradas de indústria teriam aqui um problema.
Este argumento não é intransponível: eu posso diferir a realização da entrada num prazo
de 5 anos.
O argumento mais difícil de superar é este.

O Art.º 28º/1 SCS.

Os elementos que existem nos termos do nummero 3 que devem constar do próprio
relatório, e este deve ser apresentado com não mais de 90 dias, com o objetivo que o valor real
do momento da celebração do contrato e as entradas estão o mais próximo possível.

As informações do 28/5/6: o relatório acompanha o contrato de sociedade, ficando


disponível para consulta, para evitar que a avaliação.

Fazer a remissão do 28 para o 25/3. Em caso de erro o socio responde pela diferença do
valor real do bem e mais não sei que.

Questão: eu quero entrar para uma sociedade com ações do glorioso. Eu tenho um
mercado em que este valor é dado. O relatório do Art.º 28 pode ser dispensado? O relatório tem
caráter imperativo, para assegurar que os interesses do sócios e de possíveis credores possam
ser considerados, e por isso escolhe-se uma pessoa que não tenha nada a ver.
Entrada sem espécie: as entradas em espécie podem corresponder aquilo a tudo que seja
diferente de dinheiro, mas a regra é a de que eu posso realizar entradas em espécie em bens
diferentes de dinheiro. Eu posso ter realidades materiais ou imateriais. São admissíveis entradas
com carros, imóveis, patentes e outros direitos de propriedade industrial. Da mesma forma que
eu posso entrar com créditos sobre terceiros. Tudo o que seja diferente de dinheiro permite a
realização de entradas em espécie.
Imaginem que eu tenho um credito de 10m euros e quero entrar na sociedade transmitindo
o direito de crédito. É necessário passar pelo Art.º 28? Tendo em conta que já tenho o contrato
com esse credor?
• a verificação quanto à efetiva existência de direito de crédito
• perceber o estado de solvabilidade do devedor
• o Art.º 28 nunca pode ser afastado, sendo uma norma imperativa, quanto às entradas
em espécie.

Questão: eue entro apra a sociedade com o glorioso, valendo 15m euros. Há uma
ecatombo no mercado. Eu posso aplicar o 25/3 e pedir ao sócio que pague a diferença.
A partir do momento emq eu eu realizo as entradas, aplicam-se o regime normal. Não há
forma de repsonsbailizar o socio por esta situaçõao. É um risco das flutuações do mercado e do
risco. Se o carro explodir no dia a seguir, a sociedade fica com o prejuízo. Eu não posso
responsabilizar o socio por causa disso. Ver esta questão no exame.

Eu:
A sociedade anónima deve ser constituída por um mínimo de 5 sócios, segundo o Artigo
273º, o que está verificado.
Obrigação de entrada: está no Artigo 20º/1 a) – a primeira obrigação é a contribuição com
bens, para o exercício de certa atividade económica (a indústria também é um bem).
Porém: o problema é que, pelo Artigo 277º, não são permitidas entradas de indústria nas
sociedades anónimas. Desde logo a entrada de A não seria admissível.

* Coutinho de Abreu: nas SQ, SA e S. Comandita, tendo em conta a responsabilidade


limitada dos sócios, as entradas em indústria são proibidas por lei. Porquê → a garantia geral
das obrigações sociais constituída pelos respetivos patrimónios e a frágil consistência
das entradas em indústria (difícil avaliação, a duração da prestação não pode ser exatamente
determinada, e não são executáveis especificamente).

Diz o Artigo 271º que, na sociedade anónima o capital é dividido em ações e cada sócio
limita a sua responsabilidade ao valor das acções que subscreveu. Decorre ainda do Artigo
276º/4 que, todas as ações devem representar a mesma fração no capital social; e no nº5 do
mesmo artigo que o capital social deve ser, no mínimo, 50.000€

Então,

A – entrada em indústria, inadmissível. As entradas em indústria não entram no capital


social – Art.º 178º/1

B – entrada com patente, know-how – 20.000€

C – entrada em espécie – 30.000€

D – entrada em dinheiro – 20.000€

E – entrada em dinheiro, 20.000€

Aula:
Art.º 9. A relevância é que o contrato de sociedade.

2 – Quais terão sido os problemas suscitados pelo notário quanto à reinvestida dos cinco
amigos?

STUDOCU:
Na segunda tentativa, A realiza então uma entrada em espécie que devia ser avaliada –nos
termos do Artigo 28º) em 25.000€, mas fica convencionado que a sua quota seria de 20.000€,
aliás todas as quotas seriam de 20.000€.
Então a respeito deste assunto: o valor da participação social em princípio corresponde ao
valor da entrada, mas nem sempre tem de ser assim. O valor nominal da participação social não
pode ser superior ao valor de entrada. Mas o contrário já pode acontecer (é o que se verifica
aqui). O valor de entrada é o limite máximo do valor nominal de participação social. Este
princípio tem consagração no Artigo 25º/1, na proibição da emissão de ações abaixo do par –
pretende assegurar o princípio da exata formação do capital social, e um princípio desigualdade
de tratamento dos sócios. Tem consagração também no Artigo 298º.

Se o valor real das entradas for superior ao seu valor nominal, no capital social, será então
“acima do par”, e teremos nessa situação um prémio de subscrição, ou de emissão, chamado
“ágio”, que irá integrar as reservas, muito comum nas sociedades anónimas.
Ou seja, A poderia entrar com 25.000€ (pois é valor acima da sua participação social, aí já
não se levantavam problemas, à luz do Artigo 25º) mas já não com 10.000€ (valor a baixo
daquele). → esta disposição seria nula, ele teria que cobrir também a diferença.

Aula:
Não podemos presumir que num caso prático por estar a avaliação do bem, não tem de ser
avaliado pelo Art.º 28º.

Eu posso entrar para o capital social com 25.000, e ter a quota com 20.000. o resto é ágio.

O sócio entra com bens cujo valor é superior ao valor das ações que subscreve. Quando
isto acontece significa que eu vou aplicar 20mil euros à entrada, servindo para o capital social.
Os outros 5.000 são a reserva legal. Art.º 277º/2. Ver Art.º 25.

A reserva legal é uma almofada financeira que serve para os efeitos do 296º. Serve para
amortecer no conjunto dessas situações do artigo. O objetivo é eu ter capital social e criar a
reserva legal para que se houver alguma crise financeira da sociedade, vou primeiro a essa
reserva e só depois vou ao capital.

Somar o valor das entradas que os sócios realizam e ver se isso corresponde ao capital
social que está no caso. Se naõ houver nenhuma indicação do capital social ou da participação
que os sócios vão ficar na sociedade, assumir que todoas as entradas são imputadas ao capital
social.

Ver o premio de emissão e o facto de poder com o tempo valorizar mais as ações

Temos neste caso que ele entra com 10..000 o que é abaixo do par.

3 – Que questões jurídicas devem ser analisadas a propósito das entradas estipuladas
pelos cinco sócios? E em relação ao negócio celebrado entre a sociedade e Diana e Edmundo?

Para o A:
• o facto de este dizer que pagará os restantes 9.000€ quando puder, não é possível,
segundo o Art.º 277º/2. Só é possível diferir até 70% da sua entrada, – só se poderia diferir
7.000€ ( até 5 anos – Art.º 285º/1), ou seja, teria de pagar 30%, 3000€, até ao momento da
celebração do contrato de sociedade – Art.º 26º/1. Este entendimento vai de acordo com o Prof.
COUTINHO DE ABREU, BRITO CORREIA, TARSO DOMINGUES E OSÓRIO DE CASTRO. Deve
entender-se que cada sócio tem de realizar até ao momento da celebração do contrato de
sociedade parte da sua entrada (a parte ditada no estatuto e que, segundo a lei não pode ser
inferior a 30%). O autor afirma que esta solução, para além de ser a que mais concorde com a
ideia de sociedade como comunidade proveitos e riscos ou custos, torna difícil a participação
nas sociedades de sujeitos precipitados ou irrefletidos (todos têm de desembolsar algum
dinheiro) e promove mais eficazmente a realização das entradas diferidas, tendo em que conta
que os sócios sabem que, se não realizarem estas entradas, ficam sujeitas a perder as
respetivas participações e os pagamentos já realizados (Art.º 285º/4).

Para além disso, segundo o Art.º 203º o diferimento das entradas tem de ser remetido para
data certa. O A não pode dizer “quando puder”.

Para o B:
• entra com uma patente de que era titular, KNOW-HOW, que vale mais “de 20.000€”.

A transferência de KNOW-HOW pode constituir a entrada de um sócio para uma


sociedade. Mas discute-se se se trata de uma entrada de indústria ou de uma entrada em
espécie (in natura).
Caso se considerasse que a contribuição de um sócio que consista na transmissão de
conhecimentos técnicos configura uma entrada de indústria, isso implicaria que os sócios de
uma sociedade de capitais (SA ou SQ) nunca poderiam recorrer àquele tipo de apport para a
realização da sua entrada.
Mas consideramos esta entrada como entrada em espécie. A patente não pode ser
considerada efetivamente um serviço humano de trabalho.
Apenas deverá ser admissível a entrada com "saber-fazer", quando os conhecimentos
técnicos (das Wissen) se encontrem incorporados e materializados num qualquer suporte, que
possa ser utilizado por outra pessoa que não o sócio.
Por outro lado, tratando-se de uma entrada em espécie, tem que se verificar a sua integral
liberação no momento da formalização do contrato de constituição da sociedade (cfr. artigo 26.º
CSC). Ora, isto supõe, in casu, que a sociedade — com a realização da entrada — fique em
condições de utilizar com perfeita autonomia o know-how, o que pode implicar não só a
obrigação de transmissão dos conhecimentos técnicos, mas também todos os atos
(nomeadamente de "show-how") necessários para a sua aplicação prática.

COUTINHO DE ABREU: o know-how é uma entrada em espécie; consegue avaliar-


se economicamente, mas não se consegue assegurar que o know-how é transmitido em todos
os casos. Se se demonstrar que a entrada entrou efetivamente no património da
sociedade, consegue-se demonstrar que ela é válida, mas o know-how está na cabeça da pessoa,
por isso talvez seja uma entrada em indústria – e assim seria inadmissível.

• Para o C:
Realiza uma entrada em espécie (pavilhão industrial) avaliada em 30.000€, mas pretende
diferi-la (realizar a entrada apenas dali a um ano).
– A entrada em espécie é admissível (Artigo 20º/1 a)), e deve ser avaliada nos termos do
Artigo 28º.
– é possível a emissão de ações acima do par, haverá então “ágio”, de 10.000€ (isto aplica-
se também às entradas em espécie, ou só em dinheiro?)
– Por fim, quanto ao diferimento de entradas em espécie: não é possível.
A entrada deve ser realizada até ao momento da celebração do contrato, e sempre que a
lei o permita, estas podem ser diferidas, até ao termo do primeiro exercício económico (Artigo
26º/1 e 2). A lei apenas permite isto no Artigo 277º quanto às SA, para as entradas em dinheiro
(277º/2). Além de que o diferimento das entradas em espécie nunca é permitido.
Isto está consagrado no Artigo 28º/4 – as entradas em espécie devem ser avaliadas nos
termos do Artigo 28º, e naquele número diz-se que o relatório de que consta essa avaliação
deve reportar-se a uma data não anterior a 90 dias à celebração do contrato, ou seja, daqui
infere-se que as entradas em espécie têm de ser feitas aquando da celebração do contrato, não
depois.
COUTINHO DE ABREU: não poderá estabelecer-se no ato constituinte o diferimento da
obrigação de entrada (transferência de direitos reais sobre uma coisa, e também de mero gozo)
em espécie para lá do momento da celebração daquele ato.

• Quanto ao D e E:
Eles realizam entradas em dinheiro, no valor de 20.000€ cada um. Logo a seguir a sociedade
compra-lhes o camião por 40.000€, valor manifestamente elevado pois podiam ter comprado
um camião muito mais barato.
Poderia haver aqui uma situação de fraude – são as chamadas quase entradas ou entradas
dissimuladas.
Deste modo, para evitar que um sócio pretendendo fugir ao regime imperativo e
particularmente rigoroso das entradas em espécie realizasse, no momento da constituição, uma
entrada em dinheiro e, de seguida, vendesse à sociedade — pelo preço que então poderia
discricionariamente estabelecer — o bem com que efetivamente pretendia entrar para a
sociedade, abafando assim o dinheiro da entrada, e ficando a ganhar. A lei, no artigo 29.º CSC,
veio expressamente proibir a aquisição de bens a acionistas quando estejam reunidos certos
requisitos:
a) o contrato de aquisição deverá ser reduzido a escrito, sob pena de nulidade (artigo
29.º, n.º 4, CSC);
b) a aquisição deverá ser previamente aprovada pela AG (artigo 29.º, n.º 1, CSC), sob
pena de ser ineficaz em relação à sociedade (artigo 29.º, n.º 5, CSC); e
c) o bem a adquirir deverá ser avaliado por um revisor oficial de contas nos mesmos
termos previstos para as entradas em espécie (artigos 29.º, n.º 3, e 28.º CSC).

O Art.º 29/1 tem 2 requisitos:


• âmbito subjetivo: num negócio que estamos a apreciar tem de ter a intervenção de um
sócio ou a pessoa com ele relacionada (situação dos cônjuges, primos, filhos e merdas). É
necessário que haja uma interposição.
• b) objetivo: não é todo e qualquer contrato. Há anecessidade de se verificiar mínimos.
• requisito temporal: temos limites temporais. 2 anos e um dia depois este regime já não
se aplica.
O nº 2: norma excecional, retirando do âmbito do 29 determinadas situações: as aquisições
feitas em bolsas ou de processo executivo. Na venda em bolsa, eu tenho de ter feito uma
operação na bolsa de valores. Se a bolsa de valores é um sistema competitivo em que nenhuma
das partes pode influenciar singularmente os bens a ser transacionados então…

4 – As respostas seriam diferentes se estivéssemos perante uma sociedade por


quotas?

Art.º 21/2 há uma proibição geral de que o socio possa contribuir para a sociedade e ao
mesmo tempo remunerar o socio pela entrada, o que significa que eu estou a depauperar o
capital social.

O regime das entradas estabelece o nível máximo de 5 anos. Muita atenção à dinâmica do
Art.º 26º/1 que cruza com esta matéria.
Problema do Art.º 285º: temos uma clausula ampla.
Temos de olhar para a regra prima do Art.º 203º, para as SQ, a parte inicial onde se refere
que uns contratos de sociedade podem existir cláusulas que permitam o diferimento para um
termo certo ou data certa é aplicado para o regime das SA da mesma forma. Normalmente
aplicamos as regras da SA para as SQ, mas neste caso é ao contrário.

Duas soluções são possíveis quanto á temática da nulidade da cláusula:


1) C.A.: se eu tenho uma clausula que é nula eu transformo esta obrigação, numa
obrigação pura (Art.º 377º), sendo uma obrigação que a sociedade pode interpelar o
devedor paro a realização da sua entrada a qualquer momento.
2) Se o Art.º 285º/1 permite o diferimento até ao prazo de 5 anos isto significa que este
deve ser convertido numa cláusula até este período. O sócio defere a sua entrada até
ao prazo máximo de 5 anos. É esta a leitura que deve ser feito.

Há desvios importantes no âmbito da SC, no regime civil, no contexto das obrigações de


entrada. O 285 estabelece que o sócio só entra em mora após a interpelação para seu efeito (nº
2). Se ele se compromete a fazê-lo 3 anos depois do contrato, ele só entra em mora, quando for
interpelado para tal,

É conferido ao sócio no nº 3 um prazo para o pagamento. Só findo este prazo é que


começamos a contar juros de mora.
O nº 4 impõe uma segunda notificação para este ir realizar a sua prestação.
A questão relativa à perda de qualidade de sócio por incumprimento da obrigação de
realização das entradas: se o sócio não realizar a sua entrada no prazo concedido, depois da
segunda notificação.

A suscetibilidade de diferimento das entradas em espécie: não.


Se virmos o Art.º 26/1, e o nº 2 (que nos diz a obrigação DE ENTRADA pode ser cumprida
até ao termo do primeiro exercício económico). O nº 3 é específico para as entradas em dinheiro.

Olavo Cunha: se os bens já existem no momento em que o contrato é realizado, não existe
nenhum fundamento para que se adie a obrigação da realização de entrada.

O Art.º 28º:

Número mínimo de sócios nas SQ: 7º/2


O contrato de sociedade te de ter no mínimo 2. A exceção é o 270-A

Quanto à matéria relativa as entras em espécie (204 á contrario). Não havendo nenhuma
proibição para elas, estas podem ser realizadas estando sujeitas ao Art.º 28º.
Quando à possibilidade de deferimento das entradas em espécie vale a mesma questão do
Art.º 26º/2, da necessidade da sua correção, correspondendo a sua aplicação apenas para as
entradas em dinheiro. As espécies devem ser realizadas no momento da constituição da
sociedade.

Eu não posso deferir as entradas quanto a momentos incertos – 203, com prazo máximo
de 5 anos.

Quando estivemos a falar do cumprimento das obrigações, ao contrário do direito civil: eu


tenho um prazo certo para o momento da obrigação, se eu não o faço, temos o 805 por causa
da mora e merdas.
Para as SA e SQ o sócio só entra em mora quando é interpelado. Ele é duplamente
interpelado.
Os Art.º 207 concretiza o 197.

O Art.º 30º também é aplicável, permitindo aos credores demandarem os sócio para a sua
realização de entrada.

Deferimento das obrigações de entrada em dinheiro:


• nas SQ: eu sou obrigado a realizar pelo menos u euro, podendo deferir a integralidade
das entradas em dinheiro – 199º/ b), 219/3. A reforma de 2011 mudou o 202º.
Se eu tiver 2 sócios na SQ, eu só preciso de realizar 2 euros na celebração do contrato e
estiver estipulado o capital social de 50m euros. O restante pode ser deferido no prazo de 5
anos, e perante os credores eles até lá são os responsáveis (?).

• nas SA: 277º, 70%.


O Art.º 29º pode extrapolar-se para as SQ e não só às SA e as comandita por ações?
• posições da doutrina: Fernando Sá, defende a aplicação analógica do regime do 29 às SQ,
que se poderia aplicar o regime da fraude à lei. Se o Art.º 29 visa tutelar ou proibir as entradas
dissimuladas isto vale para SA e por SQ, porque quer-se cumprir a formação real do capital socia.
Se eu quiser contornar a proibição do Art.º 29º.
• Osório de Castro: o Art.º 19 só se aplica aquelas sociedades. Vai buscar os trabalhso
preparatórios. Em todo o caso socorre-se da desconsideração da personalidade para
responsabilizar o socio da diferença, caso exista, entre o valor efetivo da sua entrada e o valor
da entrada que ele se comprometeu a realizar.

CASO N.º 3: O FINANCIAMENTO DA CLAVE DE SOL

Emanuel e Marante, sócios da sociedade anónima Clave de Sol, S.A. (CS) – mais conhecida
como a Blue Note de Arganil -, decidiram expandir o negócio de agenciamento e edição
musical, e lançar-se no mercado de música ligeira e ligeiro-independente do sul do país. Para
o efeito, em 2016, decidiram aumentar o capital da CS, dando assim sinais de solvência e
musculatura financeira ao mercado. Cada um detém 30% do capital social.

Resposta StuDOCU:
Processo de aumento da capital social:
• Artigo 456º-Capital social (ver Artigo 9º; 50.000€, mínimo para as SA); ver também o
Artigo 85º – pois isto consubstancia uma alteração do contrato de sociedade ( ver regras
próprias de cada tipo societário – SQ, Artigo 265º; SA, Artigo 456º - a parte especial como que
“derroga” a parte geral – Artigo 85º ). As alterações dependem de uma deliberação da
assembleia geral, não de acordo dos sócios (dimensão contratual, em quecada sócio tem uma
palavra/institucional, em que se forma a “vontade” da sociedade através de órgãos próprios)!
• O Aumento de capital/incorporação de reservas: ambos podem ser “acréscimo
de meios”. Deve-se usar outra expressão: há uma créscimo de património, variação patrimonial
positiva! Já na incorporação de reservas: o que é um aumento de capital por
incorporação de reservas? Não há novas entradas, não se altera o património; este valor já lá
está, contabilisticamente sujeito a diferentes regras, e há uma operação contabilística.
• Conversão de créditos em capital: o Prof. MC refere isto como uma terceira modalidade
de (???). + ver os textos que o Prof. enviou.
Entradas em espécie com créditos (Artigos 89º, 28º). VER
• O crédito é transmitido pelo valor de mercado

Emanuel, que no passado cedera os direitos de exploração comercial da música


“Confessa o teu amor” à CS por € 15.000, mas nunca chegara a cobrar o preço, pretende agora
ficar quite com a sociedade, já que se comprometeu no aumento do capital a contribuir com
€ 15.000.

STUDOCU:
Entrada em espécie → porque é um crédito mas tem de se aplicar o Artigo 28º para não
se enganar a sociedade.

Artigo 89º/1 → ao aumento de capital aplicam-se as regras das entradas para proteger o
capital.

A tem um crédito sobre a sociedade de 15.000 – a sociedade tem uma dívida de 15.000

Se entro com um crédito → converti o meu crédito na minha entrada (perdendo a minha
posição enquanto credor da sociedade, mas a sociedade também ganha em já não dever nada),
por isso ele não se extinguiu (não há compensação – proibição da compensação: Artigo 27º –
estou simultaneamente a matar as posições ativas e passivas e fica-se com 0)
Suprimento passivo: a sociedade não tem de pagar a dívida – é uma tolerância que o sócio
dá à sociedade – Artigo 247.

Ver o Artigo 87º, sobre o aumento de capital, e modalidades (novas entradas ou


incorporação de reservas);
E obrigou-se a entrar com dinheiro e não o fez, a sociedade tem um crédito sobre ele ;mas
ele também tem um crédito sobre a sociedade, vindo de outro negocio anterior; ele quer
compensar. O que é a compensação e quais são os seus requisitos? Artigo 847º CC, que tem 3
requisitos: duas pessoas terem dois créditos; o crédito tem que ser exigível juridicamente; e
sobre coisas fungíveis (dinheiro, neste caso) – estão reunidos, mas nos termos do Artigo 27º/5
é nula a compensação.

Quóruns constituvios e quóruns deliberativos para as SQ e SA para a alteração do contrato


de sociedades.

Compensação: proibição da compensação – 27/5. A rácio desta norma seria proteção dos
credores para que os sócios não vissem satisfeitos os seus créditos antes dos credores da
sociedade.
Como é que se contorna este regime? Eu tenho um aumento de capital. Aplica se as mesmas
regras que ao regime das entradas. Logo alem da compensação que outro método de extinção
das obrigações? Confusão. O socio realiza a sua entrada com o seu próprio crédito, através do
regime das entradas em espécie. O 27/5 proíbe a compensação de créditos, proibindo o socio de
compensar a sociedade com créditos. Há quem defende como o Raúl ventura, que isto é uma
proteção dos credores. Esta posição pode ser criticável: só existem regras de prioridade nos
créditos pelo processo de insolvência. Não há nenhuma regra de prioridade quanto a esse
pagamento.
Podemos defender que este Art.º proíbe as entradas em espécie ocultas

Eu posso realizar a minha entrada como entrada em espécie como contexto de aumento de
capital. Se formos verificar o 28/6 temos que existe o requisito de confirmar o crédito. O ROC
verifica o valor do crédito e o sócio entra.

Quando existem cobranças do sócio à sociedade, no momento muito próximo ao do


aumento de capital, é necessário a aplicação do Art.º 28º.
Emos opções: aplicação analógica do 29º; ou a cobrança da divida é feita nesse momento
mt próximo.

Quóruns:
• Art.º 85º/1.
Se formos ao Art.º 9º/3. Eu posso ter num contrato de sociedade uma regulação distinta
daquela que está na lei, desde que eu não derrogue normas imperativas.

• SQ: ¾ dos votos – Art.º 265º/1. O legislador permitiu no nº2 que os sócios possam fazer
dependente o voto de um determinado sócio. É um direito especial do sócio – Art.º 24º. O
contrato de sociedade confere a determinado sócio o poder de impedir a alteração do contrato
de sociedade. O contrato de sociedade pode prever direitos especiais dos sócios em
determinadas situações (na percentagem dos lucros, p.e.).

Quando aí se refere a temática da maioria, esta calcula-se por referência ao capital social.

Quórum deliberativo: o número de sócios que tem de estar presente para se poder
deliberar.

Quórum constitutivo: qual o número mínimo de sócios presente para a assembleia poder
funcionar. d

246/h) (para o 265º): a competência par aa alteração do contrato cabe aos sócios,
imperativamente.

Art.º 383º para as sociedades anónimas. Em primeira convocação, para alteração do


contrato de sociedade é exigido 1/3 do capital presente para o quórum constitutivo.
Entre a primeira e segunda convocatória deve haver espaço de 15 dias. Na primeira pode
ser marcada a segunda data, até depois de 15 dias.

Art.º 386º - o quórum deliberativo é ficado em 2/3 dos votos emitidos, seja em primeira
convocação ou segunda. Este é sempre 2/3 em ambos os casos. Se na segunda convocação tiver
pelo menos metade do capital social, a deliberação pode ser tomada por maioria simples.

Nº 3: aqui já não está em causa o capital social, mas os votos emitidos.

Marante foi mais esperto: entregou à sociedade os € 15.000 a que se comprometera por
ocasião do aumento, e promoveu o pagamento pela CS de uma dívida antiga, de € 15.000,
resultante da venda de uma mesa de misturas em 2010.

STUDOCU:
Entradas e compensação – confusão; crédito corresponde à dívida; sinalagma..
Artigo 87º e ss. sobre o aumento de capital. Primeiro M faz uma entrada em dinheiro e a
seguir compensa; o gerente é que decide se há compensação; a compensação não é permitida,
pelo Artigo 27º/5, fora do caso previsto no nº4;
Formalmente está tudo bem, ele pagou a sua obrigação de entrada e exigiu o pagamento
de uma dívida. MAS; materialmente está a procurar o mesmo que o Emanuel, mas querendo
fazer circular o dinheiro.

Próxima aula:
1º, há um caso na jurisprudência alemã (ver artigo no email, de Fernando Oliveira
e Sá), e anotação do Prof. Paulo Tarso Domingues no CSC em comentário, isto sobre o
acórdão ITT-Lemmerz. Critério de proximidade temporal, - o crédito foi pago ao sócio
numa janela de tempo próxima do aumento de capital; e proximidade objectiva, o sócio
devia entrar com esse crédito no aumento do capital, com avaliação do ROC e não o fez.
(?)
2º, ter também em conta; o Artigo 29º. Só faz sentido invalidar negócios feitos
com a sociedade, se era previsível o aumento de capital, nesse sentido fará sentido
invalidar? Só faz sentido aplicar o Artigo 29º nos casos em que era previsível o aumento
de capital. Isto aplica-se no caso de Marante? À partida sim... se não, no Artigo 27º/5 por
analogia, fazendo uso daquela jurisprudência alemã.

Há um benefício para a sociedade porque abateu o passivo. É admissível.

A dívida é antiga, há 11 anos. O 29 al. c) não está verificado, portanto est aplicação saltava
fora.
Podíamos tentar aplicar o 27º/5.

Podemos sujeitar o Art.º 28 por causa das entradas em espécie.

Esta operação de pagamento seria válido

Aula:
Aplicação do regime 29, p.e. na conceção que o Art.º 29 visa tutelar á proibição da entrada
oculta e que fujam ao regime do 28.
O Art.º 29 diz respeito a contratso celebrados a tempo posterior.

Aplicar o Art.º 28 analogicamente.


Em 2017, perante novas necessidades de financiamento, Emanuel e Marante decidiram
ligar a Marco e Paulo, os outros dois sócios da CS, invocando uma cláusula do contrato
segundo a qual os sócios poderiam deliberar que lhes fossem exigidas contribuições
suplementares, até € 50.000, em dinheiro, que não venceriam juros. Marco e Paulo não se
recordavam desta cláusula e duvidam da sua legalidade.

Este é um meio de os sócios aumentarem o património da sociedade – modalidade de


financiamento; e os sócios podem fazê-lo por capitais próprios ou alheios (esta é o critério de
diferenciação de, se será com capitais próprios e alheios; próprios – não reembolsáveis);
A legalidade da cláusula dependerá da posição que se siga quanto à admissibilidade das
prestações suplementares, nas SOCIEDADES ANÓNIMAS.

MENEZES CORDEIRO considera que ao contrário das prestações acessórias que estão
previstas nos estatutos, estas dependem de uma deliberação adicional, o que o contraria o 271º,
que diz que o sócio só estará obrigado à sua entrada e não deve ser exigido ao mesmo pela
maioria dos sócios um novo esforço financeiro; tal desequilibraria o funcionamento da
sociedade.

Já a PROFESSORA ANA PERESTRELO, considera que tendo em conta que não há,
efetivamente uma previsão legal, deve prevalecer o princípio da autonomia privada, já que não
se encontram quaisquer razões para tal limitação.
Diz-nos a professora que, da mesma forma que as prestações acessórias são exigíveis no
contrato, também as suplementares o são, mas com o extra da deliberação, o que fará destas
apenas uma possibilidade de virem a ocorrer, que dependerá da decisão dos sócios na
deliberação. (representam um encargo menos violento para o sócio, porque poderá ou não
acontecer). O facto de haver mais essa deliberação não aumenta a sua vinculação. Aquela
vinculação que ele tem à luz da suplementar não vai ser mais exigível do que se for na
acessória.
O argumento, para autora, do Art.º 271º, que impede a obrigação de o sócio estar sujeito
a qualquer outra prestação que não a entrada, não procede, pelo facto de: se são possíveis
prestações acessórias que têm fundamento no consentimento do sócio, também as prestações
suplementares o são e, portanto, não podem ser excluídas. As entradas são aquilo que é o
obrigatório. Não se pode pedir mais nada ao sócio senão aquilo. Mas ele pode por vontade sua
realizar prestações para lá da sua entrada.

Além disso eles dizem que “não se recordam” – as obrigações têm sempre que constar do
contrato de sociedade; se aquelas obrigações existiam no contrato, Marco e Paulo deviam,
efetivamente, conhecê-las – Art.º 86º/2 e Art.º 287º/1.
• Deliberações e prestações suplementares – Artigo 210º – se o contrato o permitir, os
sócios podem deliberar que lhes sejam exigidas prestações suplementares.
• No entanto o nº3 enuncia alguns aspetos que o contrato de sociedade deve fixar
aquando da permissão de prestações suplementares. Além do mais: é verdade que as
prestações suplementares não vencem juros (ver nº 5 do Artigo 210º).
• Quanto à exigibilidade da prestação: ver o Artigo 211º.
PRESTAÇÕES ACESSÓRIAS PRESTAÇÕES SUPLEMENTARES
• Contrato de sociedade • Contrato de sociedade, com os
requisitos do art 210º, e deliberação social,
– 209º/1, nas SOCIEDADES POR que fixa o montante exigível e o prazo da
Fonte QUOTAS prestação (210º e 211º).

– 287º/1, nas SOCIEDADES ANÓNIMAS • a deliberação só pode ter lugar após


1
cumprimento da obrigação de entrada de
todos os sócios.
• A lei não limita o objeto, podendo ser
qualquer prestação, de dare, facere ou non • Dinheiro
facere, desde que com respeito pelos limites
gerais. 2
Objeto • Não há fundamento para a restrição
do objeto de forma a excluir as prestações
pecuniárias.
• Estas distinguem-se do ágio, pois são
prestações para além da entrada. Enquanto o
ágio a integra (apesar de o valor da
participação social atribuída ao sócio ser
inferior ao valor da entrada).
Remuneração • podem ser onerosas ou gratuitas.3 • sempre gratuitas (210º/5)
• só pode haver restituição se a situação
Restituição • Aplica-se o regime convencionado líquida não ficar inferior à soma do capital e
pelas partes. da reserva legal e o respetivo sócio já tiver
liberado a sua quota (aplica-se, pois, o
princípio da conservação do capital social).
• Consequências gerais do
Incumprimento incumprimento das obrigações. Só pode • Regime do incumprimento da
haver exclusão se convencionada. – 209º/4º obrigação de entrada (possibilidade de
exclusão): 212º/1.

1
É possível a introdução por alteração do contrato. Todavia, nos termos do Art.º 86º/2, a deliberação
não é eficaz em relação ao sócio que não tenha consentido na alteração.
2
Portanto, as prestações podem ficar logo determinadas. V.g.: proporcional imediatamente o gozo
do prédio x, não concorrência enquanto a sociedade durar, serviços como gerente durante quatro anos,
prestações pecuniárias sempre que se verifiquem perdas de exercício e no montante destas. Mas a
determinação exigida pelo nº 1 dos Art.º 209º e 287º bastar-se-á com a fixação de critérios que não
permitem conhecer imediatamente a medida das prestações (V.g.: prestações pecuniárias para cobrir
perdas de exercício no montante – que não pode exceder o valor das perdas – considerado adequado
pela administração, serviços de consultoria financeira do sócio Y quando o gerente os considere
necessários.
3
Especificação sobre o caráter oneroso ou gratuito pode ser implícito, podendo o mesmo retirar-se
por interpretação de outras formas de semântica. V.g.: “prestações pecuniárias para cobertura das perdas
de exercício” ou de “comodato” de certas máquinas, concluir-se-á tratar-se de prestações gratuitas;
falando-se de empréstimos ou mútuos de quantias em dinheiro presumir-se-á que o caráter é oneroso
dessas prestações (tendo também em conta a natureza normalmente mercantis das sociedades em causa,
em tutela de terceiros potenciais adquirentes de participações sociais, e a parte final do nº 1 dos Art.º
209º e 287º) – Art.º 395º CCom. e 1145º CC.
Se não houver qualquer especificação da onerosidade ou gratuitidade (V.g.: diz-se simplesmente que
um sócio proporcionará o gozo de certo imóvel ou prestará durante meio ano assistência técnica relativa
à patente com que entrou), dada a imperatividade do preceito legal, parece dever entender-se a nulidade
da cláusula estatutária.
• Exemplos de prestações acessórias: fornecimento de coisas à sociedade ou aquisição dos
produtos desta, assistência técnica por parte de sócio que entrou para a sociedade com uma
patente, prestações pecuniárias (a título de suprimento ou não), prestação (a título de
suprimentos ou não), prestação de garantias a dívidas da sociedade, prestação de serviços,
exercício de atividade enquanto (com ou sem direito especial à gerência) ou administrador,
proporcional o gozo de um prédio ou de um outro bem a favor da sociedade, não fazer
concorrência à sociedade.
• Quanto às prestações suplementares: terá de ser necessário a definição do montante
global. V.g.: poderão ser exigidas prestações suplementares até ao montante de x euros, ou até
ao dobro do capital social (reportando-se sempre o valor deste à data da cláusula permissiva das
prestações). Uma cláusula do estatuto originário que não referia qualquer montante ou refira
um montante impreciso é nula (56º/1 d).

Se a prestação suplementar não estivesse prevista no contrato de sociedade, e na sequência


de aumento de capital, tivesse sido deliberado a realização desta prestação suplementar pelos
sócios, tendo o Marco e o Paulo votado contra. Podia ser exigível a prestação suplementar?
No caso da alteração do contrato, além da maioria qualificada exigida para introduzir a
permissão (Art.º 265º/1), é necessário ter em conta que, de acordo com o Art.º 86º/2, as
prestações suplementares não poderão ser exigidas aos sócios (minoritários) que não tenham
aprovado a alteração estatutária. Portanto, não, não poderia ser exigível a prestação
suplementar.

Aula:

Caso eles votem contra a alteração do contrato e votem a favor na deliberação quanto à
exigibilidade das prestações suplementares a todos os sócios.
Venire contra factum própria: pode haver uma situação de comportamento contraditório,
o que não é protegido pelo Art.º 86º/2.

Prestações suplementares nas SA:


• MC: discordância quanto á extensão no entender que de acordo com o regime das SA não
podem ser exigidas outras prestações alem da obrigação de entrada. O estatuto do sócio não
pode ser agravado. Havia uma insusceptibilidade de aplicar analogicamente o regime.
• Olavo Cunha: é possível a extensão às SA com duas particularidades: 1) todas as
participações sejam nominativas (que não sejam ao portador); 2) não abrange as normas
excecionais. Qual é a interpretação quanto a normas excecionais? A norma que prevê no
contexto das PS (Art.º 212º) a suscetibilidade de em caso de incumprimento das mesmas poder
haver a exclusão do sócio da sociedade. Mas no Art.º 287º prevê expressamente que ele pode
ser excluído se estiver no contrato de sociedade, sendo este argumento possível de ser
reversível e combatido.

• Ana Perestrelo: defende a extensão, por várias ordens de razão:


1) princípio da autonomia privada;
2) as PS podem ser um interesse para a sociedade, porque reforçam a posição financeira da
Sociedade, aumentado a credibilidade para os credores sociais.
3) Assim como as PA, nas PS, para além da previsão no contrato de sociedade, é exigível a
deliberação. O socio tem a capacidade de influenciar a deliberação.
4) “modelagem” da figura das PA. Eu posso adaptar o regime das PA. Se os requisitos legais
do artigo é o mínimo exigível, posso criar requisitos adicionais.
V.g.: alem da mera previsibilidade do CS eu posso exigir que as prestações acessórias
sejam exigíveis mediante deliberação dos sócios nesse sentido. Se eu fizer isto já estou a
aproximar o regime de ambas as prestações. Quanto á questão do objeto, a prestação
acessória tem o objeto que as pessoas quiserem, sendo amplas quanto a elas. Assim podem
ter por objeto dinheiro. Quando comparamos isto com as PS elas têm obrigatoriamente
dinheiro por objeto e, portanto, se eu colocar as PA dessa forma aproximo os regimes.
Quanto á remuneração esta vai depender do tipo de prestação em concreto e vai depender
de elas serem remuneradas ou gratuitas. No caso da obrigação de emprestar determinado
montante e a sociedade se comprometer a ir dando de tempo a tempo o reembolso do
empréstimo. Se for uma prestação gratuita estou a aproximar os regimes novamente,
porque as PS não são remuneradas. Quanto á restituição, nas PA (209º/3 e 287º/3): eu
posso alterar o regime e criar um regime mais gravoso, ou seja, posso exigir que para o seu
reembolso exista uma deliberação para o reembolso das prestações e que isso esteja
dependente da situação patrimonial da Sociedade esteja positiva, seja superior a soma do
capital social e das reservas. Quanto à matéria do incumprimento… desta forma eu posso
criar uma prestação acessória semelhante em todos os aspetos à prestação complementar.

No final de 2018, já com a CS em declínio, Emanuel decidiu emprestar € 125.000 à


sociedade. Num esforço paralelo para a salvar, também em 2017, Marante decidiu vender os
direitos de exploração do seu recente sucesso musical “Som de Cristal”. O diretor financeiro
da CS prometeu pagar-lhe imediatamente, mas agora trata Marante com evasivas. Este, no
entanto, telefona e escreve quase semanalmente para a CS, exigindo a cobrança do seu
crédito.

Temos, no caso presente, uma situação de empréstimo por parte de Emanuel, de 125.000€,
à sociedade, o que reflete um contrato de suprimento.
• Contrato de suprimento (os suprimentos são, tecnicamente, passivo). | Art.º 243º
Tem duas modalidades:
– Empréstimo de dinheiro ou outra coisa fungível;
– Diferimento do crédito (um sócio difere o vencimento de um crédito seu sobre ela e a
favor dela, por exemplo).
A função que tem vindo a ser reconhecida aos suprimentos é a de suprir as insuficiências
do capital social, substituindo novas entradas de capital.

O credor por suprimentos tem direito a ser reembolsado. Todavia, porque eles são
substitutivos de entradas de capital, a restituição é, em certos casos, condicionada pelos
interesses da sociedade e dos credores sociais. É o que resulta do art. 245º/1.
Este art. contém também outros preceitos especialmente destinados a acautelar os
interesses dos credores sociais:
a) O nº 2 começa por dizer que os credores por suprimentos não podem requerer, por esses
créditos, a insolvência da sociedade.
b) O nº 3 estatui a prioridade ou preferência dos credores sociais por créditos que não
sejam de suprimentos relativamente aos credores por suprimentos quando a sociedade entre
em liquidação.
c) Sendo a sociedade declarada em situação de insolvência, podem ser resolvidos em
benefício da massa insolvente os reembolsos de suprimentos efetuados no ano anterior à data
do início do processo de insolvência, nos termos previstos nos arts. 120º e ss. CIRE (art. 245º/5).

NOTA: não é o sócio que qualifica o empréstimo como suprimento ou não. É o tribunal, de
acordo com os critérios legais.

NOTA: se o contrato social prever a obrigação de efetuar suprimentos tratar-se-á de uma


obrigação acessória – art. 244º/1.

No caso presente, Emanuel de facto celebrou um contrato de suprimento com a sociedade.


• O caráter de permanência dos créditos é essencial para a qualificação dos mesmos como
suprimentos. O dinheiro emprestado destinava-se a suprir insuficiências de capital da
sociedade. Não é referido, contudo, o tempo para o reembolso. Caso não tivesse o tal carácter
de permanência de, pelo menos um ano, não passaria de uma vulgar crédito, não se
identificando como uma situação jurídica de suprimento.

Diferença entre suprimentos e prestações acessórias e suplementares: há alguma


similitude entre as prestações acessórias/suplementares, e os suprimentos, mas
manifestamente, há inconfundibilidade. Suprimento é um contrato no qual o sócio empresta
à sociedade dinheiro ou outra coisa fungível, sendo esta obrigada a restituir.
• prestações suplementares vs. Suprimentos:
– As prestações suplementares, ao contrário dos suprimentos, representam um reforço
do Capital Próprio da sociedade e contribuem para a capitalização da empresa e para a
proteção dos credores. As prestações suplementares, apesar de poderem ser consideradas
um capital adicional, não implicam um aumento do capital social ou uma redução, caso
haja a restituição. Com efeito, o capital social representa um montante fixo, enquanto as
prestações suplementares, podem ser consideradas uma parte móvel do Capital Próprio.
– Os suprimentos são empréstimos dos sócios à sociedade fazendo parte e
influenciando o seu Passivo, ficando esta obrigada a restituí-los. Para além disso, podem
ser remuneradas, algo que não acontece com as prestações suplementares.

Suprimentos Prestações Suplementares

Capitalização da
Capitalização da Sociedade, de tal
Sociedade, de tal
Função modo, ajustar o capital próprio às
modo, aumenta o
necessidades sociais
passivo

Possibilidade
remuneração com Sim Não
juros?

Aumentar a
Não Sim
Credibilidade
Parte móvel do
Não Sim
capital próprio

Influência no
Sim Não
passivo

Influência no capital
Não Sim
social

De acordo com a situação líquida do


Restituição A qualquer momento capital próprio.

(Artigo 213.º CSC)

Têm de ser repartidas


Igualdade _
proporcionalmente à quota do sócio

Aula:
A qualificação como suprimento dá se com via de que artigos?
Como é que eu qualificaria, dentro dos vários suprimentos e de onde é que eu retiro o tal
índice de permanência.

Temos a situação do Emanuel: ele decide emprestar x à sociedade, numa situação em que
a sociedade está em declínio.
O Art.º 243º/3 e 244º/3 reflete possibilidade de haver contrato de suprimento entre a
sociedade e o sócio.
O índice de permanência não se esgota no Art.º 243º/3 e 4.
Eu só não tenho índice de permanência nessa situação.
Neste caso podemos utilizar vários raciocínios.

A questão da extensão dos suprimentos das SQ ás SA: não existe no âmbito das Sa esta
existência de suprimentos. Ou vamos bisca los à sociedade por quotas ou dizemos que eles não
existem.
Parece difícil defender a ideia que não podem haver suprimentos nas sociedades anónimas.
Uma das fontes para os suprimentos é o próprio contrato de sociedade (244º/1). Se é possível
existir prestações acessórias não há razão para não existir os suprimentos.

Temos a posição do MC: a fixação destes 10% é puramente aleatório, sendo esta posição
seguida pelo CA.
Vamos substituir aquilo pelo critério do acionista diligente e ordenado, que naquela posição
em concreta realizaria em favor da sociedade uma contribuição de capital, com interesse pelo
futuro da sociedade.

Paulo Olva Cunha: os suprimentos são admis´siveis, eles existem na prática. Há uma pratica
consolidada na existência de suprimentos nas SA. Eu tenho de ter ações nominativas de alguma
forma, tendo de saber a quem é que estes montantes hao de ser exigíveis no futuro.
Fontes:
Art.º 244
No numero 2 é outra fonte: podem resultar de deliberações do sócio. Ver o Art.º 86º/2.
Exigir obrigações financeiras que não estavam previstas no contrato de sociedade aplicam se da
mesma forma. Comunga do mesmo principio de proteger os sócios.
O contrato entre o socio e a própria sociedade: vale o principio da liberdade. O socio decidiu
emprestar.

Temos a situação da aquisição pelo sócio do crédito de terceiro sobre a sociedade.


243º/5.
Também aqui há um surpiemnto. O socio entre aspas vai socrrer a sociedade, que tinha
uma divida perante terceiro. O socio adquirir voltunarariamente o crédito de terceiro. Há um
credor da sociedade que transmite a favor do socio o crédito que tem sobre a sociedade (cessão
de créditos), mas também se aplica a sub-rogação (o socio cumpre em lugar da sociedade, mas
o credor subroga-o …).

Se os indicies que estão presentes no 243/2/3 são taxativos ou meramente enunciativos.


Ora, a partida o mínimo parece um ano. Mas como é que interpretamos os ICP. Tudo depende.
O socio que sabe que a sociedade está a ir para a fogueira e está a espera de receber o dinheiro
quando? No momento em que ele contribui, nunca vai receber aquilo na vida. Não se exige
concretamente que tenha de ser um ano . a exigibilidade do crédito é expectável apenas que
não se dê num prazo de um ano. Basta a mera aparência que o empréstimo não vai ser realizado
no prazo de um ano, porque a sociedade está na merda.

243/3 parte final: tem a ver com o deferimento dos direitos aos lucros. Há mais uma fonte
quanto a esta matéria.

Restituição: primeiro bloco; obrigações com prazo certo. Se existe uum prazo certo o
cumprimento deve ser realizado nessa data.
O socio que empresta à sociedade um determinado montate no prazo de 2 anos, pode
pedir a sociedade nessa altura
Obrigações sem prazo/puras: é necessário um recurso de processo de jurisdição voluntária,
de fixação de prazo, que resulta do 245º/1 CSC para o 777 CC e Art.º 1026 e 2027 CPC. A
determinação desse prazo cabe ao tribunal.

No início de 2019 Emanuel alienou o seu crédito de € 125.000 a Romana, que não é sócia
da CS. No final de 2019, Romana requereu a declaração de insolvência da CS.
Quid iuris?

O crédito transmitido mantém a mesma natureza, logo não pode R pedir a


declaração de insolvência.

O credor por suprimentos tem direito a ser reembolsado. Todavia, porque eles são
substitutivos de entradas de capital, a restituição é, em certos casos, condicionada pelos
interesses da sociedade e dos credores sociais. É o que resulta do art. 245º/1.
Este art. contém também outros preceitos especialmente destinados a acautelar os
interesses dos credores sociais:
a) O nº 2 começa por dizer que os credores por suprimentos não podem requerer, por
esses créditos, a insolvência da sociedade.
b) O nº 3 estatui a prioridade ou preferência dos credores sociais por créditos que não
sejam de suprimentos relativamente aos credores por suprimentos quando a sociedade entre
em liquidação.
c) Sendo a sociedade declarada em situação de insolvência, podem ser resolvidos em
benefício da massa insolvente os reembolsos de suprimentos efetuados no ano anterior à data
do início do processo de insolvência, nos termos previstos nos arts. 120º e ss. CIRE (art. 245º/5).

Existe ainda um conjunto de situações em que o regime do contrato de suprimento deverá


também ser estendido a terceiros. No plano da cessão de créditos de suprimentos cumpre
salientar que este crédito, como a generalidade dos créditos, goza de certa autonomia face à
fonte de que deriva, razão pela qual é destacável da própria participação social. Desta forma, o
sócio/acionista poderá ceder a terceiro o seu crédito sem que para tal careça do consentimento
da sociedade (cf. artigo 577.º do Código Civil). Todavia, esta cessão não pode implicar o
afastamento do regime do contrato de suprimento. É que, para além dos meios patrimoniais
continuarem a desempenhar a mesma função de capital próprio, de um ponto de vista prático
não só solução diversa promoveria situações de rutura financeira (com o imediato pedido de
restituição daqueles créditos), como, aliás, propiciaria também que os sócios/acionistas agissem
fraudulentamente, cedendo créditos que queriam ver restituídos mas que não conseguiriam
exigir ao abrigo do regime do contrato de suprimento. Esta solução é, em rigor, consentânea
com o regime civil consagrado para a cessão de créditos, segundo o qual o devedor pode opor
ao novo credor os meios de defesa de que gozava face ao anterior credor (cf. artigo 585.º do
Código Civil) – i.e. a qualidade de sócio/acionista
CASO N.º 4: OS LUCROS E A INFORMAÇÃO SOBRE O METRO DO VOUGA

A sociedade por quotas Princesa do Vouga, Lda. (PV), foi constituída em 2015, com uma
duração de 10 anos e capital social de € 100.000. O objeto social foi indicado pelos sócios, na
celebração do contrato, da seguinte forma: «A conceção e construção do metro de superfície do
rio Vouga, entre Pessegueiro do Vouga e Couto de Esteves, passando pela casa da avó do Aires».
Na cláusula 10.º do contrato foi estabelecido que «todos os resultados obtidos pela
sociedade serão levados a reservas, durante a duração da sociedade».
Em relação ao exercício de 2020 foram apurados € 50.000 de resultados positivos. No
entanto, transitaram do exercício anterior resultados negativos de € 30.000.
Em fevereiro de 2021, o sócio Ribeiro, titular de uma quota correspondente a 3% do capital
social da PV, requereu informações sobre as contas dos últimos 5 exercícios, com vista ao melhor
conhecimento da situação financeira da sociedade.
Durante a assembleia geral anual de março de 2021, Ribeiro voltou à carga e solicitou ao
Presidente da AG que fossem prestadas informações a todos os sócios sobre os «ordenados
escandalosos dos gerentes». Esta informação não lhe foi prestada.
Ribeiro, furioso, pediu de novo a palavra e exigiu que lhe fossem explicados, como se de um
bebé se tratasse, os detalhes técnicos do novo vagão de transporte, que segundo a
administração «iria revolucionar o tráfego no Vouga». O sócio Constantino esfregou as mãos
com aquele alarido: também é acionista e administrador da Duquesa do Lordelo, S.A., que
explora o sofisticado Trem de Grande Rapidez e Velocidade do Lordelo, e dá-lhe jeito conhecer
os avanços técnicos da PV.

1 – Pronuncie-se sobre a legalidade da cláusula 10.º do contrato da PV. Poderia uma


cláusula deste tipo ser introduzida nos estatutos através de alteração ao contrato?
O Artigo 217º, em sede de sociedades por quotas, diz que, “Salvo diferente cláusula
contratual ou deliberação tomada por maioria de três quartos dos votos
correspondentes ao capital social em assembleia geral para o efeito convocada, não pode deixar
de ser distribuído aos sócios metade do lucro do exercício que, nos termos desta lei, seja
distribuível”

Aula:
Fora da reserva legal, as reservas convencionais são admissíveis? De onde é que resulta a
sua admissibilidade. Art.º 33º - no contrato de sociedade.
Se for uma deliberação?
Art.º 217º.

Maioria necessária: 3/4 do capital


Para eu poder deliberar e não distribuir a regra do 217 qual e a é percentagem que eu
preciso de reunir? 3/4 do capital.
A constituição de reservas convencionais através de deliberação dos sócios equivale a uma
alteração tácita do contrato de sociedade. A maioria é a mesma.
Os sócios ao deliberarem em sede de AG, fazem uma alteração tácita ao contrato de
sociedade. Eu não o faço de forma expressa sobre que cláusula vai ser alterada. A deliberação
que eles fazem, do ponto de vista material, altera a matéria das reservas e do que se verificava
no contrato de sociedade. Assim considera-se admissível a reserva convencional.
[CASA: estas são admissíveis e em que termos nas SA’s, em especial? que outros
fundamentos existem para a constituição de reservas convencionais por deliberação dos sócios.
Ver os argumentos também nas SQ. ]

Os sócios recebem proporcionalmente à sua participação social – Art.º 22/1.

Direitos especiais: ver isso. Há requisitos específicos para o cumprimento dessa matéria.

Os direitos especiais só podem ser suprimidos com o consentimento do respetivo


beneficiário.
A deliberação é ineficaz – Art.º 55º

CASA: O QUE É QUE É ISSO DE PARTICIPAR NAS PERDAS?

Ver Art.º 980 CC.

Além dos lucros distribuíveis deve haver uma deliberação que permita a distribuição.

A constituição de direitos especiais não pode esvaziar o direito dos outros sócios. Um socio
nõa pode te 99,9% do capital da sociedade. Isto seria abusivo e proibido.

Outro ponto. À partida, as sociedades são constituídas por tempo ilimitado, não podendo
determinar quando a sociedade se irá extinguir – Art.º 15º.
O que está em causa é o seguinte: eu posso ter sociedades por tempo indeterminado ou
tempo determinado.
A regra do Art.º 15º visa fazer isso mesmo. No nosso caso temos uma sociedade de 10 anos.

Saber se quando eu tenho uma sociedade com duração limitada se eu posso ter um desvio
a regra do Art.º 217 quanto á temática de distribuição de lucros. Isto tem a ver com uma
interpretação que tem sido feita de que o Art.º 217º consagra o chamado direito mínimo ao lucro
(os sócios têm direito a que pelo menos 50% dos lucros (se distribuíveis)).
Nas sociedades de duração limitada é possível uma clausula que proíba a distribuição de
lucros durante a vida da sociedade? A generalidade da doutrina diz que sim, mas isso não pode
ser absoluto. Não posso dizer que a duração é de 500 anos. Tem de ser razoável (Paulo Olavo
Cunha).
No tempo de 15 anos/20 em que o objeto é muito genérico, parece ser abusivo. Entre o
momento da constituição da sociedade e o momento da sua extinção não poderá haver um
tempo tão dilatado que impeça os sócios e receber os lucros.

Uma clausula destas seria permitida. Não parece que os 10 anos não seriam razoáveis.

Caso não o fosse a clausula era nula, por violação de uma regra imperativa.

Chamar a atenção para o rpof antonio pereira de almeida: defende que este tp de clausulas
são violadoras da competência da AG quanto á distribuição de lucros, da sociedade, por
contrariação do Art.º 246º/1 al. e) e Art.º 376/1 al. b). este argumento é rever´sivel: a AG é a
reunião entre os sócios; a legitimidade no momento da celebração do contrato de sociedade ou
na deliberação posterior é a mesma. Não há diferença. Em tese segue-se até a regra da
unanimidade, pelo que é reforçado.

Existe em Portugal que esta reserva legal não se aplica: Engraça Antunes. Defende que a
reforma de 2011 o Art.º 218 não se aplica às SQ. Atendendo ao facto de nas SQ o capital social
poder ser de 2E o regime total da reserva legal deixa de fazer sentido.

Conceito de lucro distribuível: Art.º 33º.

Conceito de lucro de exercício: corresponde á variação patrimonial positiva verificada no


decurso de um determinado ano económico. Normalmente apura-se dos resultados
operacionais, ou seja, dos resultados gerais que a sociedade está a desenvolver.
• prejuízos transitados: pode ter havido prejuízos anteriores que não foram abatidos, por
não haver reserva ou esta ser insuficiente – Art.º 96
• constituição da reserva legal: 295º e 296º. A SQ, na sua aplicação, resulta do Art.º 218,
para se aplicar o Art.º 295º e 296º.

O que é que é a vigésima parte dos lucros? 5%.

Até que ela represente a quinta parte do capital social? 20%

Aula:
Não podem ser distribuídos lucros aos acionistas quando existam prejuízos por cobrir,
prejuízos transitados. A isenção da participação das sociedades nos prejuízos que tem levaria a
que os sócios… esta realidade é contrária ao regime do Art.º 33º. Mais do que o 22/3, este Art.º
é importante.

Reservas livres: 217 e 294º


Se é admissível a não distribuição de pelos menos 50% dos lucros de exercício, o legislador
automaticamente considerou que os lucros…
Contabilisticamente, quando eu não distribuo lucros eles integram uma de duas contas: a
conta de resultados transitados; ou uma conta de reserva convencional, chamada também de
reserva livre. Mas há um outro argumento que podemos retirar daqueles artigos: para alterar o
contrato a maioria é ¾ do capital social, se o 217 nos diz que para não distribuir lucros tenho de
ter aquela maioria, então temos a mesma maioria para as duas. Se eu tiver uma deliberação, na
qual os sócios por aquela maioria, afetem todos os resultados da sociedade para comprar algo,
eu estou tacitamente a alterar o contrato de sociedade.
Outro argumento: nós estamos no âmbito do direito privado; não havendo nenhum
proibição quando a constituição de reservas, que serão até no interesse da sociedade, todas
estas matérias devem ser incentivas, contribuindo para a ideia que as reservas podem ser criadas
por deliberação dos sócios.

No caso:
no caso de a alteração ser feita pela alteração do CS, a maioria exigida seria a mesma que
a maioria do 217º.

A solução seria a mesma quer eu estivesse perante uma sociedade definitiva ou temporária.
Nas SQ parece que esta matéria não oferece dúvidas, sendo que o 217 permite.
A mesma realidade já não se colcoa nas SA em que as mairoias são diferentes. Apr aa
constituição de reservas, impedidndo a distribuição de lucros durante a vigência do contrato,a
maioria seria a do 294 e não a conjugação com o Art.º 236º e mais não sei que.
Estas conclusões parecem valer apenas para as sociedades de duração limitada.

Nas sociedades ilimitadas, o principio capitalístico dos sócios recuperarem tudo o que
investiram, a proibição de distribuição de lucros duante a vigência da sociedade, que é incerta,
não poderia acontecer.
Aqui pode defender-se que estamos no âmbito da autonomia privada (argumento contra).

Diferença entre lucro distribuível e lucro de balanço:


Art.º 376º al. b), 31º, 246 al. e)

Olhando para o 33: nem todo o lucro gerado num determinado exercício é passível de
distribuição. Relativamente à matéria do lucro do exercício. este ultimo resulta da variação
patrimonial positiva existente entre o inciio e final do ano. No fundo o que se vai ver é a situação
da sociedade em que o ano se inciia e que acaba.

Lucro distribuível : Art.º 33º. O lucro distribuível há de ser igual ao lucro de exercício menos
os valores necessário para a formação de reserva legal e cobertura de prejuízos transitados.

Qual era o valor de reserva legal para este tipo de sociedade? 20% do capital social. O Art.º
218 está escrito de forma tricky. Nas SA o legislador não teve a necessidade de determinar a
reserva legal mínima (que é calculada em função do capital mínimo da sociedade). Eu deixie de
ter uma referência para clacualr a reserva legal com a reforma de 2011 nas SQ.
Art.º 218 foi criado a reserva legal mínima de 2500. Se eu tiver numa SQ um capital superior
a 100.000€ o valor da minha reserva será superior. Isto exige a feitura de contas. Perceber em
concreto qual é o valor mínimo.

2 – Caso todos os sócios concordassem em alterar a cláusula 10.ª, haveria lucros a


distribuir, em 2021, depois de apurados os resultados do exercício de 2020? A resposta seria
a mesma se, durante o ano de 2021, a gerência verificasse que a locomotora adquirida pela
PV, avaliada em € 500.000, se perdera definitivamente num acidente, e que este dano não
estava coberto por qualquer seguro?

3 – Analise as questões que se colocam quanto ao direito à informação. As suas respostas


seriam diferentes se estivéssemos perante uma sociedade anónima?

O pedido de ifnromações – 290


214/7

O 290 não tem nenhum regime especial sobre haver detenção mínima de capital para
requerer essa informação.
Mas tem uma limitação indirea se no contrato de sociedade tiver previsto que os soios para
ter direito de voto têm de ter x percentagem do capital social.
Tem outra particularidade: não pode ser admiidoq eu vá requerer qualquer firnomação
(tem de ser quanto ao ojeto de deliberação).
No caso estaria verificado. Eu tenho uma situação em que estou a debater a remuneração.
Isso é uma rubrica das contas da sociedade, que tem as remunerações pagas.

Nota importante: o Art.º 290 nãõ pode ser usado numa questão:

Se tivéssemos numa SOCIEDADES ANÓNIMAS: o 2 ou 388/ al. c) pode haver fundamento


para a recusa da prestçaaõ ed ifnromaçaõ no âmbito da AG porque o socio deve requerer a
ifnromação em AG.
Nas SOCIEDADES POR QUOTAS esse argumento é reforçado.

Esta informação pode ou não ser divulgada? Parece que a formulação do pedido de
informação abrange as remunerações pagas individualmente de todos os membros. O 388/ al.
c)…
Suscita se a questão da confidencialidade ou privacidade. No Art.º 290/2 temos a questão
de quem é que pode prestar essa informação, mas pode haver recusa se tiver um prejuízo grave
à sociedade ou deveres impostos por lei. Essa realidade é semelhante ao 291/4.

Erro e engano no Art.º 215: o segredo imposto por lei é indiferente ao interesse que visa
tutelar. É uma referência contraditória com aquilo que é o regime. Se existe um segredo importo
por lei é indiferente se é segredo da sociedade ou de terceiro. Se existe tem de seguir o
procedimento necessário.

Pedido de informação de detalhes técnicos: o 290 não serve para que eue tenha detalhes
sofisticados a que um socio não domine. Tudo isso não são informações que não devem ser
solicitados, numa AG. A divulgação dessa cena poderia prejudicar a scoiedade, porque daria aos
concorrentes uma possibilidade de vir a ser prejudicada por partilha desses detalhes. A alegação
do prejuízo pode ser feita independentemente se o socio está noutra sociedade ou não. Se for
uma informação sensível há fundamentação para recusar

TEORIA DAS INVALIDADES DAS DELIBERAÇÕES:


Art.º 55º

Nas nulas: não temos um regime epsecifico como temos para anulabilidade.
A regra é que se aplica o 286 subsidiariamente do CC.

Anulabilidade: 59.
O prazo para requerer é 30 dias, diferentemente o que acontece com a nulidade, que pode
ser invocada a todo o tempo.

Legitimidade passiva: 60
62: esquema de sanação, principio de possibilidade de renovocação de deliberações
invalidas. Tanto no 56/ a e b) e todas as da anulabilidade.

Atas: 63.

CASO N.º 5: AS DELIBERAÇÕES NA PARAÍSO DA CAPARICA, S.A.

1. Ermelinda está escandalizada. Como acontece em todas as sextas-feiras, na


semana passada reuniu com Alberto, Benedita, Cícero e Daniela, que são seus sócios
na Paraíso da Caparica, S.A. Esta sociedade dedica-se à comercialização de chapéus
de sol, toalhas e outros utensílios para a praia.
Ermelinda e os demais são administradores daquela sociedade e encontram-se
semanalmente para tratar de temas de gestão societária.
No final da reunião, Daniela chamou Benedita e Ermelinda à parte, e começou a
discursar sobre as vantagens de este ano a Só Pequenas, Lda. — outra sociedade em que
as três detêm a totalidade do capital social — alienar o seu bar na Praia de São João.
Benedita concordava com a argumentação de Daniela, mas Ermelinda respondeu com
evasivas, porque gostava de olhar melhor para as contas da sociedade, para confirmar
alguns dados enunciados por Daniela.

R:

A “só pequenas Lda” é uma Sociedade por quotas.

• Direito dos sócios (21.º).

• 246.º/2, c). As competências dispositivas ou supletivas – aquelas que cabem aos sócios,
a não ser que o contrato disponha diversamente (246.º/2);

• Poderíamos estar perante uma assembleia universal (Art.º 54º)4: são as que resultam
de uma reunião dos sócios não precedida de um ato de convocação, mas em que todos estão
presentes. Para se estarmos perante este caso é preciso:
- Presença de todos os sócios. O que estava verificado neste caso.
- Assentimento de todos os sócios em que a assembleia se constitua.
- Vontade também unânime de que a assembleia a constituir delibere sobre
determinado assunto.

4
A assembleia universal dispensa o esquema das convocatórias. Ela é operacional em sociedades com
um pequeno número de sócios, marcada pela confiança mútua. A assembleia universal não tem ordem
do dia: só pode deliberar (ainda que por maioria) sobre assuntos que todos os sócios tenham concordado
pôr à apreciação do coletivo societário. Depois de montada e em funcionamento, com o acordo de todos
os sócios quanto à ordem do dia, ela pode funcionar por simples maioria, nos termos gerais.
A argumentação da Ermelinda leva a que não se pudesse deliberar sobre o assunto, porque
ela não concordou, afirmou que precisava de mais informação. Isto significa que estes
pressupostos não estão todos verificados.

Assim, ter-se-ia de respeitar o processo deliberativo legal. O procedimento das AG das


sociedades por quotas é semelhante aos das S.A. pela remissão feita no art 248/1
• Uma convocatória (56º/2) – dependerá das circunstâncias, do órgão e do tipo de
sociedade em causa. Ela deverá ser dirigida a todas as pessoas que tenham o direito de participar
na assembleia, indicando o local, a hora e a ordem de trabalhos. Deverá, ainda, ser assinada pela
pessoa com competência para a convocação. Nalguns casos, a convocatória deve ser publicada
(art. 377º/2), podendo bastar-se com esse tipo de comunicação: pense-se nas sociedades com
milhares de sócios (idem, nº 3). Deve ser feita por qualquer um dos gerentes (Art.º 248º/3).
• Uma reunião da assembleia, com presidência secretariado, verificação de presenças e
ata – terá de decorrer uma reunião, em termos ordeiros.
• Uma ou mais propostas – na reunião em causa terão de surgir propostas, as quais cairão
na matéria da ordem do dia: apenas sobre propostas se poderá formar a aquiescência ou a
rejeição dos sócios.
• Um debate – havendo propostas, é normal abrir-se um debate. Aliás, é esse o momento
por vezes indicado para pedidos de informação (art. 290º). Todavia, o debate poderá ser
dispensado.
• Uma votação, com escrutínio e proclamação do resultado – normalmente, por maioria
do capital, representado. Poder-se-á, porém, exigir alguma maioria qualificada ou, até, a
unanimidade. A deliberação corresponderá à proposta aprovada. A aprovação com
modificações é, na realidade, a aprovação de uma proposta modificada em relação a uma outra,
inicialmente apresentada. Feita a votação, haverá que contar os votos, com as necessárias
ponderações: o voto é real: não pessoal; depende do capital detido ou representado por cada
votante (exceto, supletivamente, nas sociedades em nome coletivo: art. 190º/1).
• A elaboração da ata – o resultado é proclamado, constando da ata (art. 63º/1 1.ª parte).

No caso falta todo este procedimento.

Qual não foi o seu espanto quando verificou que Daniela e Benedita assinaram
durante o fim-de-semana um contrato através do qual o tal bar foi vendido, invocando
uma deliberação aprovada na passada sexta-feira!5Tipicidade das assembleias- art 53

Não estamos perante uma assembleia universal neste caso, como já foi dito.
Assim, quando não se cumpram os requisitos da assembleia universal e tendo a reunião
ocorrido com a presença de todos os sócios, mas nem todos tiverem dado o seu
assentimento para que a assembleia se constituísse e deliberasse sobre determinado assunto,
as deliberações serão meramente anuláveis. É um vicio de procedimento. Isto porque apesar
da falta de convocação ou a falta de assembleia constituída, todos os sócios estavam presentes.
A finalidade da convocação foi atingida. Como se verificou a ressalva da al. a) do nº 1 do Art.º
56º, a deliberação não é nula.
Tratando-se de uma assembleia universal e não concordando sobre os assuntos a ser
tratados (falta o voto favorável da E), requisito necessário, então a deliberação desrespeitou no
procedimento o âmbito do Art.º 54º/1/2, sendo pois anulável nos termos do art 58/1 a).

5
Ermelinda recorreu aos tribunais para fazer valer os seus direitos, mas as suas sócias
riram-se desdenhosamente quando leram a petição inicial da ação: não admitem ser tratadas
como rés, acham que Ermelinda demorou demasiado tempo a reagir judicialmente e além
disso estão convencidas de que «podem repetir tudo quando quiserem, segundo as regras, se
é isso que a picuinhas da Ermelinda quer».

Aqui apliquei o Art.º 59º.


Tendo em conta que Ermlinda votou contra a proposta aprovada pelas restantes sócias,
esta tinha 30 dias a contar da data do conhecimento do ato de deliberação. (2/c)).

2. Como as relações entre as três ficaram degradadas depois deste incidente, Ermelinda
não ficou surpreendida quando recebeu uma carta de Benedita, sugerindo que outro
estabelecimento da sociedade fosse dado em garantia, para obtenção de um financiamento
de apoio à tesouraria.
Ermelinda achou que não tinha nada que responder, mas começou a ficar enervada
quando recebeu outra carta, através da qual lhe era pedido que decidisse sobre aquele tema.
Ermelinda acha que se nada responder, nada a pode afetar. Terá razão?

A deliberação pode ser tomada por escrito, independentemente da reunião dos sócios em
assembleia. O art. 54º/1 admite este tipo de procedimento, desde que haja uma aprovação por
unanimidade. 6 –––––––––––– VER Art.º 247º.
A deliberação por escrito: os sócios prescindem da troca de opiniões e de argumentos e da
obtenção de novas informações. Vão emitindo as vontades respetivas em separado e podendo
ocorrer lapsos de tempo relevantes entre eles. A referência a escrito pode ser alargada: vontade
depositada em gravação, vídeo ou áudio, vontade por núncio ou vontade teletransmitida, mas
sem reunião.
A especialidade reside na exigência de unanimidade, justificada pelo facto de ninguém
poder ser despojado do direito de argumentar e de colocar questões aos proponentes e à
administração. Logo, todos terão de prescindir, livremente, dos inerentes direitos. No entanto,
parece possível que, por unanimidade, se delibere adotar o voto por escrito. Dado esse passo,
os votos podem não ser unânimes: prevalece, então, a maioria.

Tínhamos de averiguar numa primeira fase se poderá ou não haver dispensa da AG, por
parte de Ermelinda. Esta primeira serve para obter essa dispensa da AG sobre determinada
matéria.
A segunda fase dirá respeito ao sentido de voto, depois de se ter admitido o consentimento
quanto à dispensa da AG. Quer-se saber se os sócios estão ou não de acordo.
Isto resulta do Art.º 247.

No caso presente o envio da primeira carta não assentou sobre a dispensa da AG e a


abertura do voto por escrito.

6
MC – admitimos que os estatutos possam prever uma reunião por teleconferência: telefónica, por
vídeo ou pela Internet. Tratar-se-á de uma verdadeira assembleia: não há, entre as diversas manifestações
de vontade, um lapso de tempo juridicamente relevante. Fala-se em assembleias virtuais.
O envio da carta reconduzia imediatamente à questão substancial sobre aquilo que se ia
votar.

Há assim uma deliberação nula, nos termos do Art.º 56º/1 b).

Também está nulidade ´atípica, pelo que o vício é sanável por vontade dos sócios a quem
não foi dada oportunidade de votar. Deixa de haver nulidade nos termos do Art.º 56º/3.

3. A gota de água foi o último negócio celebrado entre a Só Pequenas, Lda. e


Daniela. Tratava-se da compra de um pavilhão industrial, pela sociedade a Daniela,
por um preço manifestamente superior ao seu valor de mercado. O tema foi levado a
deliberação dos sócios: Daniela e Benedita votaram a favor, mas Ermelinda votou
contra, achando escandaloso não só os termos do negócio, como também o facto de
Daniela votar nesta deliberação. Ermelinda acha que (i) a deliberação não pode ser
válida; (ii) o negócio não pode ser válido; e que (iii) pelo menos Daniela deve
indemnizar a sociedade pelos danos a esta causados com esta trapalhada. Terá razão?

O negócio é uma aquisição de bens a sócia e por isso deve aplicar-se a regra do art 29, cuja
letra à partida só leva à aplicação a sociedade anónimas, porque refere acionista.
Neste sentido a prof APO considera que é uma norma de proteção de credores e por isso
se deve aplicar também nas sociedades por quotas. O prof MC considera que só se deve aplicar
a sociedades por ações.
Seguindo o entendimento da prof APO, era preciso uma deliberação em assembleia geral
como refere o art 29/1.
A deliberação ocorreu no âmbito de uma Assembleia geral (caso se tenham verificado os
requisitos relativos à convocatória) e os requisitos do art 29/1.
Trata-se de um negócio celebrado entre a sociedade e uma das sócias, Daniela. Neste caso
estava verificado um conflito de interesses, porque nos termos da alínea g) do art 251 era uma
deliberação acerca de um contacto a estabelecer.
Esta deliberação seria anulável nos termos do art 58/1 b), porque o voto de Daniela era
usado para conseguir a maioria necessária para aprovação do negócio cujo preço era bastante
a cima do valor de mercado, logo ela queria obter vantagens especiais em prejuízo da sociedade
que teria de pagar esse valor superior. No entanto, não existem factos suficientes para aplicar
esta alínea, porque ela é de dfificl densificação. Assim este vicio procedimental levaria à
anulação pelo art 58/1 a).
Assim, E pode propor uma ação de anulação nos termos do art 59 para satisfazer as suas
pretensões de considerar a deliberação e consequentemente o negócio inválido.
Quanto à indemnização ela poderia ser pedida e responderia de modo solidário tanto
Daniela como benedita, podiam ter de indemnizar a sociedade e a outra sócia, E nos termos do
art 58/3
Há autores que defendem que D pode estar presente, mas não pode participar, porque
com a sua participação pode influenciar-se a votação. Mas há casos onde se permite a permite
a participação se for solicitada por um dos sócios.
NOTAS: a soft law e a corporate governance levam a que estas possam ser consideradas
como ofensivas dos bons costumes. Neste caso havia vicio procedimental, mas também podia
haver aqui problemas deontológicos e do corporate governance, porque esta impede que se
compre bens aos administradores a cima do valor de mercado- e se fosse o caso aplicava-se o
Art.º 56º/1 c).

4. A questão colocar-se-ia de forma diferente se o objeto da deliberação fosse a


distribuição aos sócios de reservas legais?
A utilização da reserva legal encontra-se limitada pelo art 296 (por remissão do art 218),
uma vez que se trata de uma forma de garantir a proteção dos credores, logo a lei estabelece
um regime mais apertado quanto ao desvalor, porque se trata de um vício material grave, por
isso, como era uma reserva legal o desvalor em causa seria a nulidade, porque o art 69/3
estabelece um regime especial de invalidade tendo em conta a imperatividade da existência
dessa reserva nos termos do art 218/1 e para a tutela dos credores

CASO N.º 6: A SAÍDA DA SÓ PEQUENAS, LDA.

Na sequência dos litígios sucessivos – analisados no caso anterior – Ermelinda está decidida
a sair da Só Pequenas Lda. Para o efeito, pretende transmitir a sua quota a Francisco, que se diz
capaz de pôr ordem na casa.
1. Imagine que o contrato de sociedade apenas permite a cessão de quotas quando os
restantes sócios exerçam efetivamente o direito de preferência sobre a totalidade das quotas a
alienar.
2. Imagine agora que:
(a) O contrato de sociedade nada dispõe sobre a transmissão de quotas, tendo Benedita e
Daniela deliberado recusar o consentimento à cessão;
(b) Benedita, que também é gerente, decide adquirir a quota de Ermelinda, para viabilizar
a recusa do consentimento da sociedade e evitar que a quota seja adquirida por estranhos.
3. Por fim, imagine que o contrato de sociedade proíbe, em absoluto, a cessão de quotas.

CASO N.º 7: A SAÍDA DA PARAÍSO DA CAPARICA, S.A.

1. Farta de aventuras, Ermelinda pretende igualmente sair da Paraíso da Caparica, S.A.,


cujo capital social está dividido em 50.000 ações tituladas, ao portador, de € 1 cada, cuja
transmissão está condicionada ao consentimento da sociedade.

2. Imagine agora que o contrato de sociedade continha uma norma nos termos da qual a
sociedade pode recusar por três vezes, em relação a cada acionista, a transmissão de
ações: à quarta vez a sociedade tem que demonstrar esforços sérios para encontrar um
comprador.

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