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TÍTULO III

DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL

CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL
(Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL

Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:


Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa
§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro
direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual,
interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do
artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os
represente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou
indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire,
oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma
reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete
ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original
ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos
titulares dos direitos ou de quem os represente.
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra
ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar
a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente
determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou
indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista
intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os
represente
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa
§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou
limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com
o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra
intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista,
sem intuito de lucro direto ou indireto.
Art. 186. Procede-se mediante
I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184
II – ação penal pública incondicionada, nos crimes previstos nos §§ 1 o e 2o do
art. 184;
III – ação penal pública incondicionada, nos crimes cometidos em desfavor de
entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público
IV – ação penal pública condicionada à representação, nos crimes previstos no
§ 3o do art. 184.

1. No Título III, capítulo I, do Código Penal estão os crimes contra a


propriedade intelectual.
2. A objetividade jurídica é a proteção à propriedade intelectual. Neste
sentido o direito de autor ou que lhe é conexo são protegidos pela lei penal.
3. De acordo com § 1ª do artigo 184, se a violação (transgressão, ofensa)
consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto,
por qualquer meio ou processo, de obra intelectual (composição de música, texto
de livro, peça teatral, desenho, pintura, trabalho científico, etc...), interpretação
(atuação em peça teatral ou filme, etc..), execução (forma particular e artística
de música ou interpretação) ou fonograma (cds e outra mídias), sem autorização
expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o
caso, ou de quem os represente a pena será de reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro)
anos, e multa.
4. Segundo o § 2o do artigo 184, na mesma pena do § 1o incorre quem,
com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga,
introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra
intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito
de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou,
ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa
autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.
5. No § 3o do artigo 184 a violação consistirá no oferecimento ao público,
mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita
ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo
e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de
lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor,
do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os
represente
6. Estipula o § 4o do artigo 184, exceções ou limitações ao disposto nos §§
1o, 2o e 3o do mesmo artigo. Estes não serão aplicados quando se tratarem de
exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em
conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a
cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado
do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto.
7. Estas exceções estão previstas nos artigos 46 a 48 da Lei nª 9.610 de
1998, no capítulo IV que trata das limitações aos direitos autorais.
8. De acordo com o art. 46, não constitui ofensa aos direitos autorais:I - a
reprodução:a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo
informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do
autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos;
b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de
qualquer natureza;
c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos sob
encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não
havendo a oposição da pessoa neles representada ou de seus herdeiros;
d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes
visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o
sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses
destinatários;
II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do
copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro;
III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação,
de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na
medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem
da obra;
IV - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem
elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização
prévia e expressa de quem as ministrou;
V - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas e
transmissão de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais,
exclusivamente para demonstração à clientela, desde que esses
estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos que permitam a
sua utilização;
VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso
familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino,
não havendo em qualquer caso intuito de lucro;
VII - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir prova
judiciária ou administrativa;
VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras
preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes
plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra
nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause
um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.
9. Segundo o art. 47 são livres as paráfrases e paródias que não forem
verdadeiras reproduções da obra originária nem lhe implicarem descrédito.
10. Finalmente, estipula o art. 48 queas obras situadas permanentemente em
logradouros públicos podem ser representadas livremente, por meio de pinturas,
desenhos, fotografias e procedimentos audiovisuais.
11. O artigo 185 deste título foi revogado pela Lei 10.695 de 2003.
12. Em relação ao artigo 186, inciso I,proceder-se-a mediante queixa, nos
crimes previstos no caput do art. 184.
13. O artigo 186, inciso II estipula que a ação penal será pública
incondicionada, nos crimes previstos nos §§ 1o e 2o do art. 184.
14. No inciso III, o artigo 186 determina que a ação penal será pública
incondicionada, nos crimes cometidos em desfavor de entidades de direito
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação
instituída pelo Poder Público
15. Por fim, o inciso IV do mesmo artigo estabelece que a ação penal será
pública condicionada à representação, nos crimes previstos no § 3 o do art.
184.
TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Atentado contra a liberdade de trabalho


Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar
ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à
violência;
II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de
parede ou paralisação de atividade econômica:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente
à violência.
Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta
Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar
contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem
matéria-prima ou produto industrial ou agrícola:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à
violência.
Atentado contra a liberdade de associação
Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a
participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação
profissional:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à
violência.
Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando
violência contra pessoa ou contra coisa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à
violência.
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é
indispensável o concurso de, pelo menos, três empregados.
Paralisação de trabalho de interesse coletivo
Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho,
provocando a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem
Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola,
com o intuito de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o
mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas
dispor:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Frustração de direito assegurado por lei trabalhista
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela
legislação do trabalho:
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente
à violência
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado
estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de
dívidaII - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza,
mediante coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou
contratuais.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito
anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.
Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho
Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à
nacionalização do trabalho:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à
violência.
Exercício de atividade com infração de decisão administrativa
Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Aliciamento para o fim de emigração
Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para
território estrangeiro.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território
nacional
Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra
localidade do território nacional:
Pena - detenção de um a três anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de
execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou
cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar
condições do seu retorno ao local de origem.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito
anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.

16. O Título IV é reservado aos crimes contra a organização do trabalho1.


Onze artigos protegem o exercício dos direitos individuais relacionados ao
trabalho em si e a organização do trabalho.
17. O primeiro crime do Título IV é o denominado “atentado contra a liberdade
do trabalho”. De acordo com o art. 197 do Código Penal, será crime apenado
comdetenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente
à violência, a conduta de constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaçaa exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a
trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias.
18. A mesma pena será imposta a quem constranger alguém, mediante
violência ou grave ameaçaabrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou
a participar de parede ou paralisação de atividade econômica.

1
A competência para o julgamento destes crimes é controvertida. Para alguns doutrinadores (entre eles
Luís Regis Prado) será da Justiça Ferderal, porém STJ e STF já decidiram ser competência da Justiça Estadual.
19. O elemento subjetivo será o dolo. Possível a tentativa e ação penal será
pública incondicionada.
20. No artigo 198 do Código Penal está tipificada a conduta de quem
constrange alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar
contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquir de outrem
matéria-prima ou produto industrial ou agrícola. Trata-se de atentado
contra a liberdade de trabalho e boicotagem violenta.
21. Trata-se de crime doloso. Possível a tentativa. O crime se consumará
com a efetiva celebração do contrato ou com a violência, ou grave ameaça
para que a vítima boicote o fornecimento, ou aquisição de matéria-prima
ou produto industrial de fornecedor ou cliente.
22. A pena será de um mês a um ano, e multa, além da pena
correspondente a violência. A ação penal será pública incondicionada.
23. O terceiro crime elencado no Título IV, de acordo com o artigo 199
do Código Penal, será contranger alguém mediante violência ou grave
ameaça, a participar ou deixar de participar de determinado de determinado
sindicato ou associação profissional.
24. Objetiva-se a proteção do direito de liberdade de associação
garantido pela Constituição Federal2 de 1988 nos artigos 5º, inciso XVII e
8º.

2
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no
órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada
em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente
da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se
cometer falta grave nos termos da lei.
25. O crime será doloso, admite-se a tentativa.
26. A pena, assim como a do artigo 198, será de um mês a um ano, e
multa, além da pena correspondente a violência.
27. A ação penal será a pública incondicionada.
28. O artigo 200 do Código Penal tipifica o crime de paralisação de
trabalho seguida de violência ou perturbarção da ordem. A conduta será a
de participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando
violência contra pessoa ou contra coisa.
29. A pena será de detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
30. O parágrafo único dispõe que para que se considere coletivo o abandono
de trabalho é indispensável o concurso de, pelo menos, três empregados.
31. Trata-se de crime doloso, sendo possível a tentativa.
32. No artigo 2013do Código Penal temos a proibição de paralisação de
trabalho de interesse coletivo.
33. Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a
interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo tipificará o delito do
artigo 201 do Código Penal e terá pena de detenção, de seis meses a dois anos,
e multa.
34. A suspensão coletiva de trabalho realizada pelos empregadores é
denomindada lockout.
35. O abandono coletivo de trabalho realizado por empregados é denominada
greve.
36. A lei nº 7.783/1989 em seu artigo 10 considera como servições essências
as seguintes atividades:I — tratamento e abastecimento de água; produção e
distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II — assistência médica e

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de
pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

3
“A nosso ver, o presente crime se encontra em pleno vigor, ao contrário da maioria da doutrina penal, que
o tem como não recepcionado pela nova ordem constitucional, de vez que o art. 9o da Carta Magna teria
admitido amplamente o direito de greve, inclusive nos serviços e atividades essenciais. Ocorre que o
referido art. 9o da Constituição Federal, em seu § 1o, estabelece que a lei definirá os serviços ou atividades
essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, determinando no §
2o que os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. Assim, se a interrupção da obra
pública ou serviço de interesse coletivo for completa, total, estará configurado o abuso, passível de punição
conforme o disposto no art. 221 do CP ora em comento.” ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Direito penal do
trabalho, 5ª edição.
hospitalar; III — distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV
— funerários; V — transporte coletivo; VI — captação e tratamento de esgoto e
lixo; VII — telecomunicações; VIII — guarda, uso e controle de substâncias
radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX — processamento de dados
ligados a serviços essenciais; X — controle de tráfego aéreo; XI — compensação
bancária.
37. De acordo com o artigo 11 da mesma lei, nos serviços ou atividades
essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados,
de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços
indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
38. O parágrafo único do artigo 11 dispõe que são necessidades inadiáveis
da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a
sobrevivência, a saúde ou a segurança da população”.
39. Trata-se de crime doloso. Admite-se a tentativa e ação penal será a
pública incondicionada.
40. O artigo 202 do Código Penal trata do crime de sabotagem. Invandir ou
ocupar estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, com o fim de impedir
ou dificultar o curso normal do trabalho, ou danificar o estabelecimento ou as
coisas nele existentes ou delas dispor, será crime com pena de reclusão de um
a três anos, e multa.
41. O sujeito ativo será qualquer pessoa, já o passivo será o proprietário do
estabelecimento (comercial, industrial ou agrícola).
42. A finalidade do sujeito ativo será o de impedir (não deixar que aconteça)
ou embaraçar (atrapalhar) o trabalho da empresa. A finalidade também poderá
ser a de danificar (comprometer) o estabelicmento (prédio), as coisas nele
existentes (máquinas) ou delas dispor (distribuir).
43. O crime será doloso. Possível a tentativa e a ação penal será a pública
incondicionada.
44. No artigo 203 do Código Penal temos a conduta de frustar (fazer falhar)
direito assegurado por lei trabalhista.
45. A conduta se dará por meio de fraude ou violência. A pena será de um a
dois anos, e multa, além da pena correspondente a violência.
46. No parágrafo primeiro do artigo 203 estão duas espécies especificamente
consideradas do caput. No inciso I, a conduta de quem obriga ou coage alguém
a usar mercadoriasde determinado estabelecimento, para impossibilitar o
desligamento do serviço em virtude de dívida, e no inciso II, a conduta de impedir
alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou
por meio de retenção de documentos pessoais ou contratuais.
47. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de
dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou
mental.
48. O artigo 204 do Código Penal tipifica a conduta de frustar (embaraçar,
impedir), mediante fraude (engodo) ou violência, obrigação legal relativa a
nacionalização do trabalho.
49. Busca a norma proteger o interesse do trabalhador brasileiro, garantindo
maior competitividade no mercado frente aos cidadãos estrangeiros.
50. Neste sentido, a Consolidação da Legislação Trabalhista (CLT), traz
regras sobre a contratação de um numero porcentual de brasileiros. Trata-se,
portanto, de normal penal em branco a ser complementada pelas leis
trabalhistas.
51. A pena será de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente a
violência praticada.
52. No artigo 205 do Còdigo Penal está tipificada criminalmente a conduta de
exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa.
53. A pena será de detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
54. Recrutar (aliciar, angariar) trabalhadores, mediante fraude (artifício ou
ardil), com o fim de levá-los para o território estrangeiro tipificará o crime do artigo
206 do Código Penal.
55. A pena será de detenção de 1 ano a 3 anos e multa.
56. No artigo 207, com pena de detenção de 1 a 3 anos, e multa, esta o crime
de aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional.
57. O aliciamento (recrutamento) se fará de um local para outro do território
nacional.
58. Protege-se o interesse do Estado em relação a manutenção das
atividades econômicas e povoamento de determinadas áreas geográficas,
buscando evitar-se o êxodo de trabalhadores.
59. Na mesma pena incorrerá quem recrutar trabalhadores fora da localidade
de execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou
cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar
condições do seu retorno ao local de origem.
60. De acordo com o parágrafo 2º, a pena será aumentada de um sexo a um
terço se a vítima for menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou
portadora de deficiência física ou mental.

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